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Pós-graduação em Gestão de Bibliotecas Escolares | Indexação Documental Grupo C || Maria José Gonçalves | Marília Batalha | Luís Pinto Salema | Simão Elias Lomba ____________________________________________________________________________________________ 1 RESOLUÇÃO DAS ATIVIDADES FORMATIVAS 1 Parte I - As linguagens documentais Parte II Os tesauros I As linguagens documentais a) Defina linguagem documental. Descreva, por palavras suas, as características que a distinguem da linguagem natural. Definição: Linguagem documental é todo o conjunto de termos convencionados e controlados, utilizados para representar o conteúdo de documentos, para fins de classificação ou de pesquisa e recuperação da informação. Linguagem documental e linguagem natural As linguagens documentais são usadas para descrever os documentos que estão arquivados, sendo convencionais, controladas e artificiais, porque obedecem a normas pré- estabelecidas, para tornar a informação mais facilmente recuperável pelo utilizador. Designam- se convencionais porque utilizam signos alfabéticos, numéricos ou alfanuméricos, socorrendo- se de normas e regras subjacentes, a fim de possibilitar a cooperação e a partilha de dados bibliográficos entre bibliotecas. São também controladas porque foram pensadas para utilizar termos que reduzam ou anulem a ambiguidade, permitindo a representação de um conceito de forma unívoca. São, ainda, artificiais porque utilizam signos alfabéticos ou numéricos para representar conceitos. Tendo em conta os aspetos explicitados, podemos considerar também que a linguagem documental é formal, à luz do preconizado na NP 4285-4 (2000:4).

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Trabalho realizado para a unidade curricular de Indexação documental. Grupo C

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RESOLUÇÃO DAS

ATIVIDADES FORMATIVAS 1

Parte I - As linguagens documentais

Parte II – Os tesauros

I – As linguagens documentais

a) Defina linguagem documental. Descreva, por palavras suas, as características que a

distinguem da linguagem natural.

Definição: Linguagem documental é todo o conjunto de termos convencionados e

controlados, utilizados para representar o conteúdo de documentos, para fins de

classificação ou de pesquisa e recuperação da informação.

Linguagem documental e linguagem natural

As linguagens documentais são usadas para descrever os documentos que estão arquivados,

sendo convencionais, controladas e artificiais, porque obedecem a normas pré-

estabelecidas, para tornar a informação mais facilmente recuperável pelo utilizador. Designam-

se convencionais porque utilizam signos alfabéticos, numéricos ou alfanuméricos, socorrendo-

se de normas e regras subjacentes, a fim de possibilitar a cooperação e a partilha de dados

bibliográficos entre bibliotecas. São também controladas porque foram pensadas para utilizar

termos que reduzam ou anulem a ambiguidade, permitindo a representação de um conceito de

forma unívoca. São, ainda, artificiais porque utilizam signos alfabéticos ou numéricos para

representar conceitos. Tendo em conta os aspetos explicitados, podemos considerar também

que a linguagem documental é formal, à luz do preconizado na NP 4285-4 (2000:4).

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Ao contrário da linguagem natural, que surge espontaneamente e ocorre em infindáveis

contextos de comunicação, na nossa vida diária, as linguagens documentais obedecem a

regras e a convenções de termos unívocos, reportando-se a um contexto específico. A

linguagem documental, embora subsidiária da linguagem natural, é todavia construída com

base num conjunto de regras fixadas antes da consagração do uso de qualquer dos seus

signos. Concetualmente é uma linguagem convencionada, desde logo, por regras que

restringem o vocabulário a ser utilizado, quer do ponto de vista morfológico quer do ponto de

vista sintático. Assim, se quisermos estudar as diferenças entre uma linguagem documental

(LD) e uma linguagem natural (LN), temos de considerar aspetos como os que a seguir se

enunciam:

> O vocabulário de uma LN não é completamente conhecido por nenhum dos seus

falantes, dada a quantidade e a diversidade de termos que a constituem (dos

especializados aos usados por diferentes grupos sociolinguísticos, por exemplo);

> O conjunto de construções semânticas, numa LN não é totalmente determinado, ou

seja, o número de combinatórias dos elementos é ilimitado, resultando num número de

mensagens também ilimitado, havendo, assim, um amplo lugar para a criatividade, ao

contrário do que acontece numa LD;

> Os sentidos atribuídos a cada palavra, na LN, não estão pré-determinados,

especialmente porque uma palavra, muitas vezes, não tem um significado preciso fora

de um contexto particular;

> As regras de uma LD têm de estar previamente definidas.

Apesar das diferenças existentes, uma linguagem, seja ela documental ou natural, é sempre

uma forma de comunicação porque é constituída por um conjunto de elementos/símbolos e um

conjunto de regras. Assim, e utilizando uma formulação que é cara às bibliotecas escolares, o

objetivo último de uma linguagem documental será tratar o conhecimento, dispondo-o como

informação e tornando-o acessível aos seus utilizadores.

b) As linguagens documentais são tipificadas de acordo com três critérios, segundo Gil

Urdician. Quais são esses critérios? Que tipo de linguagens documentais conhece?

Como professor bibliotecário com qual/quais as linguagens documentais que trabalha?

Gil Urdician destaca três critérios de tipificação das linguagens documentais. O quadro I

apresenta esses três critérios, acompanhados de uma explicitação das suas características e

de alguns exemplos.

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QUADRO I

Critérios de tipificação das linguagens documentais

CRITÉRIOS DE

TIPIFICAÇÃO DAS LINGUAGENS

DOCUMENTAIS

CARACTERÍSTICAS E EXEMPLOS

Controlo exercido sobre o vocabulário

De acordo com este critério, as linguagens podem ser livres ou controladas, a partir do controlo exercido sobre o vocabulário. No caso das listas de termos, estamos perante um exemplo de linguagem livre; as classificações e os tesauros são exemplos de linguagens controladas, já que apresentam um vocabulário previamente definido,

com orientações para a sua utilização, admitindo um número limitado de alterações.

Coordenação dos termos

Este critério relaciona-se com o momento em que se estabelece a interceção dos vários elementos da linguagem documental. Distinguem-se, assim, linguagens pré-coordenadas e pós-coordenadas:

> Linguagem pré-coordenada: concretiza-se quando a interceção se verifica no momento da indexação, antes da pesquisa, como é o caso das classificações e das listas de cabeçalhos de assuntos. Para além desses, o SIPORbase, por exemplo, tem uma linguagem em atualização

constante, de acordo com as necessidades do indexador e de acordo com determinadas regras previamente definidas no Manual SIPORbase.

De facto, os termos de indexação podem já existir na base ou não. No caso de ainda não existir um cabeçalho de assunto adequado, o indexador terá de o estabelecer pela primeira vez, cumprindo todas as regras definidas no manual a que já se fez referência. Este sistema pré-coordenado combina os termos de indexação, a partir de regras sintáticas criadas pelo próprio sistema, no momento da indexação.

> Linguagem pós-coordenada, quando a combinação se faz no momento da pesquisa, como é o caso dos tesauros. Os sistemas pós-coordenados utilizam a sintaxe booleana, estabelecendo-se a ligação entre os termos simples, no momento da pesquisa. Apesar de serem linguagens atualizadas ciclicamente, podem não conseguir dar resposta às necessidades imediatas do indexador.

Estrutural Este critério permite identificar as linguagens de estrutura hierárquica (ou categorial) e as de estrutura combinatória.

> Linguagens de estrutura hierárquica: a hierarquia concetual reflete a hierarquia numérica, ou seja, quanto mais genérico for um conceito ou categoria de assunto, menor será o número de dígitos do seu código numérico, pelo contrário, quanto mais específico for, maior será o número de dígitos do seu código numérico.

> Linguagens de estrutura combinatória: os tesauros e os cabeçalhos de assunto constituem exemplos deste tipo de linguagens.

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A experiência dos elementos do grupo, em termos de utilização de linguagens documentais,

centra-se na Classificação Decimal Universal (CDU) e no recurso a listas de cabeçalhos de

assuntos.

Tendo em conta a sua organização e estrutura, a primeira linguagem mencionada (a CDU) é

uma classificação de tipo hierárquico, que tem subjacente uma organização sistemática do

conhecimento, segundo Luísa Santos. Tendo em conta o Caderno de apoio - atividade 2 - As

linguagens documentais, a CDU é uma classificação que evoluiu para uma classificação

sintética, o que apresenta enormes vantagens, a nível da cobertura de assuntos e da sua

combinação e, consequentemente, ao nível das ferramentas de gestão documental. Na

verdade, quando, enquanto professores bibliotecários, recorremos às tabelas principais, para

as classes e as subclasses, ou às tabelas de auxiliares comuns, a cadeia notacional daí

resultante corresponde a um termo de indexação pré-coordenado. Relativamente ao sistema

de classificação em apreço, quanto à sua abrangência temática, trata-se de uma classificação

universal, como, de resto, a sua designação deixa antever. A Classificação Decimal Universal

surgiu no final do século XIX e ainda hoje é amplamente utilizada, devido às vantagens já

enunciadas.

No que diz respeito às listas de cabeçalhos de assunto, cuja origem também remonta ao século

XIX, importa salientar que assentam, igualmente, nos princípios da pré-coordenação, aos quais

se acrescentam a especificidade e a entrada direta. De acordo com a bibliografia

disponibilizada, a utilização deste tipo de linguagem terminológica apresenta uma grande

desvantagem: exige muito tempo ao indexador, o que se pode revelar dispendioso. No entanto,

são claras as vantagens deste tipo de linguagem: garante a integridade e a especificidade da

informação, possibilita uma maior precisão na descrição dos assuntos complexos e permite

uma perceção mais imediata, por parte do utilizador, do conteúdo temático dos itens. Uma vez

que os termos são combinados entre si, por meio de uma estrutura sintática complexa, há um

conjunto de exigências colocado por este tipo de linguagem documental: requer uma maior

intervenção do indexador, um maior domínio de um sistema complexo e o recurso a sistemas

informáticos mais dinâmicos.

c) Qual a fase do processo de indexação em que as linguagens documentais intervêm?

Justifique a sua afirmação.

De acordo com a abordagem realizada no primeiro tópico desta unidade curricular, a primeira

fase do processo de indexação refere-se ao momento em que se procede à análise e

compreensão do texto e do seu conteúdo informativo. O segundo momento diz respeito à

representação verbal do conteúdo informativo, à identificação e à seleção dos conceitos. Por

último, num terceiro momento, é necessário proceder à representação desses conceitos,

lançando a mão a uma linguagem documental. Conclui-se, assim, que as linguagens

documentais intervêm na terceira fase do processo de indexação, conforme se esquematiza na

figura I:

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Figura I

Fases do processo de indexação

d) As linguagens documentais ou de indexação caracterizam-se pelo seu vocabulário

controlado que pretende obviar um conjunto de situações que geram ambiguidade na

comunicação. Identifique essas situações e dê alguns exemplos.

A existência de ambiguidades numa linguagem natural é a principal causa de uma série de

problemas complexos. Apesar desses problemas, os seres humanos conseguem, muitas

vezes, através de outros mecanismos, resolver as ambiguidades de uma maneira natural. Tal

mecanismo de resolução de ambiguidades é de impossível de implementar numa linguagem

documental. Como surgem as situações de ambiguidade? Estas ocorrem quando uma palavra

pode designar objetos ou realidades distintas. Normalmente essas situações prendem-se com

as relações estabelecidas entre as palavras, como a seguir se explicita:

> Sinonímia - relação de carácter semântico, entre duas ou mais palavras. Estas

podem ser usadas no mesmo contexto, sem que se produza alteração de significado do

enunciado em que ocorrem. Há, assim, uma equivalência de palavras cujo significado é

o mesmo ou semelhante (quasi-sinónimos): e.g. belo / bonito.

Análise e compreensão do texto e do seu

conteúdo informativo

Representação verbal do conteúdo informativo,

identificação e seleção de conceitos

Representação dos conceitos, recorrendo a

uma linguagem documental

1.ª fase 2.ª fase 3.ª fase

Qual é o assunto deste documento?

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> Polissemia – trata-se de uma relação entre vocábulos que assenta numa propriedade

semântica inerente a palavras que têm vários sentidos: e.g. passar a ferro; passar de

ano; passar-se; passar a ponte; passar a bola.

> Homonímia - consiste numa relação entre palavras que partilham a mesma grafia e

são pronunciadas da mesma forma, mas que têm significados distintos: e.g. a Serra da

Estrela / a serra do carpinteiro.

> Homografia - Relação entre palavras que têm a mesma escrita, apesar de serem

pronunciadas de forma distinta: e.g. O padre pregava na igreja. / O pedreiro pregava a

janela.

> Homofonia - Relação entre palavras que são pronunciadas de forma idêntica, apesar

de terem, normalmente, grafias distintas: e.g. concelho de Peniche / conselho de mãe.

e) O controlo do vocabulário deve ser estabelecido a dois níveis. Identifique-os e

justifique essa necessidade.

A necessidade de estabelecimento do controlo do vocabulário advêm de vários fatores,

nomeadamente do rápido e eficaz acesso à informação, por parte do utilizador, da partilha

entre bibliotecas e do uso de termos que evitem ambiguidades. O controlo do vocabulário das

linguagens documentais deve ser estabelecido a dois níveis, conforme no-lo mostra o quadro II:

Controlo formal

Este tipo de controlo deve considerar o nível morfológico (normalização das unidades lexicais relativamente à escolha da língua, ao género e ao número em que se devem expressar) e sintático (normalização da forma dos termos compostos que se usam no tesauro, quando não for possível usar o termo simples, como é definido pela Norma ISO 2788).

Controlo semântico

Nível de controlo que abrange as relações semânticas das palavras; as notas explicativas e as definições. Este controlo pode ser exercido da via significante (polissemia, homonímia, qualificadores e definições) e via significado (aspetos como sinónimos e quasi-sinónimos e às relações de equivalência). Na elaboração dos thesauri ou tesauros, por exemplo, o controlo semântico

reveste-se de grande importância. É este procedimento que permite restringir o significado das palavras da linguagem natural a que se lança mão. Com efeito, as múltiplas estratégias utilizadas neste procedimento de controlo, como a utilização de qualificadores, o uso de notas explicativas e a atenção dada às relações semânticas permitem evitar a ambiguidade semântica, aquando da pesquisa de documentos.

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f) Defina relação semântica. Identifique e defina as que conhece.

As palavras do léxico estabelecem entre elas relações de sentido lógico, ontológico ou

psicológico que podem ser de diferentes tipos.

1. Relações de hierarquia:

> hiperonímia (sentido mais genérico) e hiponímia (sentido mais específico), como por

exemplo, flor / rosa; árvore / laranjeira. Estas relações são recíprocas e assimétricas, na

medida em que a um descritor de nível superior (classe) corresponderá um de nível

inferior (parte) e vice-versa.

> relações partitivas ou de todo-parte: holonímia (refere a unidade, o todo) e

meronímia (refere uma parte), como por exemplo, corpo / braço; laranjeira / tronco,

ramos.

> relação de instância: traduz a relação existente entre uma categoria geral de coisas

ou de acontecimentos, referidas por um nome comum e um espécime individual dessa

categoria, que forma uma classe de um só elemento e é representado por um nome

próprio, como por exemplo, TG regiões montanhosas, TE Alpes; Alpes, TG Regiões

montanhosas.

2. Relações de semelhança e de oposição: sinonímia (equivalência de significado entre

duas ou mais palavras que podem ser usadas num mesmo contexto, sem que se produza a

alteração de significado) e antonímia (relação semântica entre duas ou mais palavras com

significados opostos), como acontece no par quente / frio. Há a sinonímia total quando as

unidades lexicais são substituíveis umas pelas outras em todos os contextos, porque

comportam traços semânticos equivalentes. É o caso de encarnado e vermelho. Há os

quasi-sinónimos, quando duas palavras ou mais só são intersubstituíveis em alguns

contextos, como casa e domicílio. Estas relações são assimétricas e irreversíveis, em

virtude de um termo preferencial estar ligado a um termo não preferencial.

3. Relações associativas: integram termos que não fazem parte do mesmo conjunto de

equivalências, mas estão mentalmente associados, existindo entre eles uma analogia

semântica. Estas relações são recíprocas e simétricas, porque, quando se associa um

termo a outro, devemos obrigatoriamente fazer o inverso, por exemplo, lares / TR idosos;

idosos / TR lares.

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II – OS TESAUROS

a) Defina tesauro.

Tendo surgido apenas em meados do século XX, os tesauros, enquanto linguagens

documentais vocabulares, conheceram uma expansão muito rápida. A que se deveu essa

expansão? Por um lado, contribuíram, de um modo muito eficaz, para o controlo das

terminologias em áreas disciplinares específicas; por outro, possibilitaram um processamento

mais rápido da informação, o que acarreta maiores vantagens no que diz respeito à

cooperação e à partilha de entre serviços. Os tesauros são, pois, instrumentos muito úteis para

a indexação porque permitem o acesso a uma visão estruturada do vocabulário de uma

determinada disciplina. Assim, quando se pretende estabelecer um novo tesauro, há um

conjunto de procedimentos que importa considerar:

> recolher vocabulário relativo ao assunto em causa, reunindo uma lista de termos,

passíveis de serem entendidos como descritores;

> partindo dessa lista, selecionam-se os descritores e os não descritores. Nesta ação de

filtragem, os termos são examinados um a um, num procedimento em que se aplica

uma sucessão de «filtros», sempre à luz do princípio de que os tesauros só devem

incluir os descritores necessários e suficientes para cobrir um determinado domínio do

conhecimento. Estes procedimentos garantem a normalização e o controlo do

vocabulário que é compilado.

Á luz dos preceitos atrás enunciados, é possível esboçar uma definição de tesauro, partindo da

consulta à bibliografia disponibilizada. O termo, tal como todos os termos mais recentes, nas

várias áreas do conhecimento, tem conhecido várias definições, de acordo com os normativos

que se consultam. Assim, A NP 4285-4 (2000:5) define tesauro ou thesaurus como o

“vocabulário controlado de termos com relações semânticas, abrangendo um ou vários

domínios particulares do conhecimento”. Se consultarmos a NP 4036 (1992:5) podemos ler que

o tesauro é um “vocabulário de uma linguagem de indexação controlada, organizado

formalmente de maneira a explicitar as relações estabelecidas a priori entre os conceitos (por

exemplo, relação genérica e específica).” Os tesauros são construídos segundo um princípio

combinatório, baseado na combinação de termos, utilizando os operadores booleanos (AND;

OR; NOT), aquando do momento de realização da pesquisa.

O documento orientador para a abordagem dos conteúdos desta temática preconiza que «O

tesauro é uma lista normalizada e estruturada de termos aceites para a indexação de

documentos de uma ou várias áreas do conhecimento. Os termos são combinados entre si, de

modo a descreverem os assuntos dos documentos e a responderem às questões colocadas

junto dos diferentes serviços de informação».

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Em síntese, e procurando realizar uma apropriação das ideias insertas em cada uma das

definições consultadas, é lícito afirmar que:

Tesauro ou thesaurus é um instrumento de controlo da terminologia, para traduzir em

linguagem documental a linguagem natural empregue num determinado documento.

Trata-se de um vocabulário de termos, controlado e dinâmico, que têm entre si relações

semânticas e hierárquicas. O tesauro é, assim, uma lista normativa, com uma estrutura

hierarquizada com o objetivo de tornar a pesquisa mais pertinente e eficaz.

b) Quais são as funções de um tesauro?

A partir da sistematização de Gil Urdician acerca dos tesauros, destacam-se três funções:

1. A normalização do vocabulário, que tem por objetivo a uniformização de todo o

léxico do tesauro, permitindo um melhor controlo das possíveis entradas. Esta

normalização parte do princípio de que é fundamental prever-se o controlo formal e

semântico dos termos.

2. A indução permite que o tesauro mostre sistematicamente todas as entradas

possíveis que ajudem a recuperar informação importante para uma determinada

pesquisa.

3. A representação é a função que resulta de qualquer linguagem documental, ao

fazer a ligação entre os descritores e os conceitos que existem nos documentos.

c) Qual é a composição de um tesauro?

Um tesauro é composto por unidades lexicais e relações semânticas.

As unidades lexicais correspondem aos descritores e não-descritores (ou termos

equivalentes). Os descritores são utilizados, na indexação, para designar sem ambiguidade o

nome do conceito. Os não-descritores são utilizados no tesauro como pontos de acesso,

guiando o utilizador até ao termo adequado, mediante uma indicação.

As relações semânticas podem ser de três tipos: de equivalência, hierárquicas ou

associativas, como já foi anteriormente explicitado.

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d) O que entende por descritor?

O descritor é o termo de um tesauro que pode ser utilizado para representar um conceito de um

documento ou de uma pesquisa bibliográfica. Pode também ser designado por termo

preferencial, segundo a NP 4036, de 1992.

e) Tipifique os descritores.

Os descritores podem ser tipificados quanto:

- à sua carga informativa, podendo ser primários (quando utilizam um único termo

referente a um conceito unívoco), ou secundários (quando se recorre a termos

compostos).

- ao seu conteúdo, podendo ser onomásticos (referente a um nome de uma pessoa ou

coletividade); geográficos (representam conceitos do foro geográfico); materiais ou

temáticos (abarcam entidades concretas e abstratas, por isso são os mais difíceis de

controlar); cronológicos (reportam-se a um espaço temporal, quer sejam datas, períodos

etc.).

- à composição podem ser descritores simples (é usada uma única palavra para

representar os conceitos) e descritores compostos que representam o conceito

recorrendo a um sintagma nominal (nome + adjetivo) ou preposicional ( conjunto de

termos unidos por nexos gramaticais).

A NP 4036 (1992) estabelece normas de apresentação dos descritores, que devem ser

impressos em minúsculas e os não descritores em minúsculas. Devem-se usar, também,

formas nominais (incluem-se na categoria dos termos compostos), expressões adjetivais (nome

+ adjetivo) e expressões prepositivas (nome + preposição + nome) e muitas outras regras de

caráter morfológico, como os adjetivos, os verbos, os advérbios, entre outras.

f) Num tesauro os descritores podem ser apresentados de diferentes formas. Identifique

cada uma delas e exemplifique.

De acordo com as orientações da NP 4036 (1992), as formas de apresentação dos termos são

três: alfabética; sistemática e gráfica.

A apresentação alfabética contém notas explicativas e indicação das relações entre os

termos. Neste tipo de apresentação, todos os termos (descritores e não descritores) estão

organizados numa mesma sequência alfabética. Os não descritores, normalmente, surgem

com a indicação USE que guia o utilizador para o termo preferencial. É provavelmente o tipo de

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tesauro mais fácil de construir e de reproduzir. A figura II ilustra um exemplo de apresentação

alfabética:

Figura II

Exemplo de apresentação alfabética (NP 4036, 1992: 33)

Na apresentação sistemática, o tesauro deve conter duas partes: categorias ou hierarquia

de termos, organizados de acordo com o seu significado e as relações lógicas, e um índice

alfabético que orienta o utilizador para o local correto da apresentação sistemática.

Estas duas partes estão interligadas através de um sistema de endereços, ou seja, cada um

dos descritores da parte sistemática tem um código, que corresponde a uma referência no

índice alfabético. Esses códigos devem ter valores de classificação evidentes. Podem ser

apenas uma sequência de números ou apresentar-se sob a forma de notação hierárquica. Na

figura III, apresenta-se um exemplo de apresentação sistemática, na parte referente à

hierarquia de termos. A figura IV ilustra o índice alfabético de uma apresentação sistemática:

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Figura III

Exemplo de apresentação sistemática (NP 4036, 1992: 36)

Figura IV

Exemplo do índice alfabético da apresentação sistemática (NP 4036, 1992:37)

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Uma outra forma de apresentação dos descritores, num tesauro, designa-se apresentação

gráfica. Nesta modalidade, os termos de indexação e as suas relações estão organizados

numa figura a duas dimensões, facilitando o acesso a todo um conjunto de termos e suas

relações, quer pelo indexador, quer pelo utilizador. Embora haja várias formas de apresentação

gráfica, nos tesauros publicados, destacam-se dois principais: a estrutura arborescente e o

esquema em flecha.

Um tesauro que tenha uma apresentação gráfica deve ser constituído por duas partes: a

apresentação gráfica e o índice alfabético, conforme ilustram as figuras V, VI e VII, VIII e

VIIIA:

Figura V

Exemplo de apresentação gráfica - estrutura arborescente (NP 4036, 1992:43)

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Figura VI

Índice alfabético da estrutura em árvore (4036, 1992:44)

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Figura VII

Um exemplo de apresentação gráfica - esquema em flecha (NP 4036, 1992:45)

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Figura VIII

Índice alfabético do esquema de flechas (4036, 1992:46)

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Figura VIIIA

Índice alfabético do esquema de flechas (continuação) (4036, 1992:47)

g) Realize uma pesquisa na Internet e identifique alguns tesauros disponíveis. Selecione

e copie três endereços de páginas Web que contenham tesauros. Escolha um desses

tesauros, explore-o, realize pesquisas e justifique a preferência.

Três endereços de páginas web que contém tesauros:

● Getty Thesaurus of Geographic Names - Tesauro na área da geografia.

http://www.getty.edu/research/tools/vocabularies/tgn/

● LC Thesaurus for Graphic Materials - Tesauro na área dos materiais gráficos

http://www.loc.gov/rr/print/tgm1/

● Thesaurus de acervos científicos em Língua Portuguesa - Tesauro de acervos

científicos em língua portuguesa

http://thesaurusonline.museus.ul.pt/

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O interesse pelas áreas ligadas à museologia e à ciência pelos diferentes elementos do grupo

determinou a escolha pelo Thesaurus de acervos científicos em Língua Portuguesa. Conforme

se lê na página de entrada, trata-se de um instrumento, em constante atualização, de

normalização e controlo terminológico. Pode ser utilizado gratuitamente por museus,

instituições detentoras de património científico, historiadores da ciência e tecnologia,

conservadores-restauradores e pelo público menos especializado. Outro elemento que

contribuiu para a nossa escolha foi o facto de este tesauro ter recebido, em 2014, o Prémio da

Associação Portuguesa de Museologia, na categoria de «Aplicação de Gestão e Multimédia».

Eta distinção fez-nos crer que estamos perante um recurso de qualidade e fiável, do ponto de

vista da informação que veicula. À data da consulta, o tesauro continha 1153 termos.

A figura IX ilustra a página de entrada do tesauro escolhido pelo grupo:

Figura IX

Página de entrada do Thesaurus de acervos científicos em língua portuguesa

Se pretendermos efetuar uma pesquisa sobre um instrumento, selecionamos Pesquisa

alfabética e, se, por exemplo, escolhermos a letra E, podemos encontrar o termo «Eliminador

de Baterias»: Através dessa consulta, é possível obter a informação seguinte: «instrumento

científico de preparação e montagem», seguido da nota explicativa «utilizado para converter

uma tensão elétrica alternada em uma tensão contínua». Surge, ainda, como sinónimo a

palavra «anódico». As figuras que se seguem (X, XII e XII) ilustram os procedimentos de

pesquisa adotados:

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Figura X

Página destinada à realização de uma pesquisa alfabética

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Figura XI

Pesquisa do termo «Eliminador de baterias»

Figura XII

Definição do termo «Eliminador de baterias» e indicação do respetivo sinónimo

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Se, eventualmente, pretendermos pesquisar algo mais abrangente, então é possível selecionar

a «Pesquisa por área de conhecimento» e optamos por uma área integrada na lista, como por

exemplo «Física», surgindo-nos uma panóplia de entradas possíveis, como comprova a figura

XIII

Figura XIII

Pesquisa por área do conhecimento

O tesauro que selecionámos permite, ainda, fazer uma pesquisa hierárquica, onde se torna

evidente a presença de uma relação de hiperonímia/hiponímia, conforme foi anteriormente

referido. Se optarmos pelo termo mais abrangente, como «INSTRUMENTO CIENTÍFICO»,

podemos aceder a termos tão diversos como «INSTRUMENTO CIENTÍFICO DE CÁLCULO E

PROCESSAMENTO». Entre eles, como termo mais específico, é possível encontrar as

palavras «Ábaco» e «Calculadora» e aceder, depois, às respetivas informações. É possível

aceder à informação através de dois modos, o «modo ficha» e o «modo técnico». O recurso

disponibiliza, ainda, imagens dos objetos em apreço.

O quadro II apresenta uma transcrição da informação relativa ao termo «Ábaco», apresentada

em «Modo ficha». Nesse quadro, é possível ver a possibilidade de pesquisar informação na

web, em vários endereços, sobre o termo selecionado. Esta possibilidade constituiu um fator

que também determinou a nossa escolha por este tesauro.

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QUADRO II

Informação relativa ao termo «Ábaco», disponibilizada em «Modo ficha».

Termo Ábaco

Estrutura/Hierarquia INSTRUMENTO CIENTÍFICO\INSTRUMENTO CIENTÍFICO DE CÁLCULO E

PROCESSAMENTO\Ábaco

Nota Explicativa Utilizado para realizar operações aritméticas.p>

Fontes BUD, Robert; WARNER, D. J. (Ed.). Instruments of Scienceem>: a historical

encyclopedia. London: The Science Museum, 1998. p.3.p>

Sinónimos - Ábaco de cálculo

Termos Relacionados - INSTRUMENTO CIENTÍFICO DE CÁLCULO E PROCESSAMENTO

Área do

Conhecimento

- MATEMÁTICA

- MATEMÁTICA\Cálculo

Instituições - Museu Nacional de História Natural e da Ciência, Universidade de Lisboa (MUHNAC)

Pesquisar na web

Exportar | Imprimi

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Referências bibliográficas:

Moreira, Ana Cristina (2014-2015). Caderno de Apoio da Atividade 2: “As linguagens

documentais”. Disponível em http://eleiria.unisla.pt/1112/mod/folder/view.php?id=12449

NP 4036 (1992). Documentação: Tesauros monolingues: directrizes para a sua construção e

desenvolvimento. Lisboa: IPQ.

Disponível em http://eleiria.unisla.pt/1112/mod/folder/view.php?id=12448

NP 4285-4 (2000). Vocabulário: Linguagens documentais. Lisboa: IPQ.

Disponível em http://eleiria.unisla.pt/1112/mod/folder/view.php?id=12448

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