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Matéria publicada na Mais Revista Homeme que mostra o atraso e a falta de investimento na reciclagem em São Paulo.
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ISSN 2178-809X
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Criado em 1990, o siste-ma de coleta seletiva de São Paulo ainda não conseguiu deslanchar. Todo mês, a ci-dade produz quase 300 mil toneladas de lixo, sendo que pouco mais de três mil são recicladas, ou seja, apenas 1%. Se analisada por habi-tante, são reciclados ape-nas 280 gramas per capita por mês. Resultado 44 vezes menor do que Estocolmo, por exemplo, país mode-lo em relação à reciclagem, onde são reciclados, no mes-mo período, 12,4Kg de lixo por pessoa.
Mais do que estagnada, a reciclagem em São Paulo
Atraso e
falta de investimento marcam reciclagem
mostra sinais de ineficiência. Segundo Sabetai Calderoni, diretor-presidente do Institu-to Brasil Ambiente, de todo lixo reciclável coletado na ci-dade, 1/3 é enviado para os li-xões devido à falta de capaci-dade das centrais de triagem.
Um estudo do Ipea (Insti-tuto de Pesquisa Econômica Aplicada) mostrou que se o Brasil utilizasse todo lixo reciclável disponível, que são despejados em lixões e aterros, seriam gerados be-nefícios na casa dos R$ 8 bilhões por ano. Com o mo-delo atual de reciclagem, os benefícios ficam entre R$ 1,4 e R$ 3,3 bilhões.
Reciclagem...
Inclusão e Sociedade
em São Paulo
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“[...] Todo mês, a cidade produz
quase 300 mil toneladas de
lixo, sendo que pouco mais
de três mil são recicladas, ou
seja, apenas 1%.
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Atraso e
falta de investimento marcam reciclagem
Investimento em reciclagem
O investimento da pre-feitura em reciclagem só vem diminuindo nos últimos anos. Atualmente, 1,14% da verba destinada ao lixo são aplicadas na coleta seletiva. Mais do que isso, dos cami-nhões contratados pela pre-feitura para a coleta na capi-tal, apenas 7% são direciona-dos à reciclagem.
De acordo com a lei muni-cipal de reciclagem, criada em 2003, deveriam ser cria-das 31 centrais de triagem. Em 2004, já existiam 14. Hoje, são 18. Ou seja, em seis anos o avanço foi de apenas quatro novas centrais.
A grande solução apre-sentada por Sabetai para este problema seria a criação das Centrais de Reciclagens de Resíduos, que ficariam responsáveis pela triagem e reciclagem dos materiais coletados. “Essas centrais surgiriam a partir das par-cerias entre poder público e privado. Com isso, seriam administradas por empresas particulares e não gerariam gastos para o Governo. Se-melhante ao que aconteceu com a nova linha 4 do me-trô”, explica o representante do Instituto Brasil Ambiente.
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Benefícios que poderiam ser gerados
O dinheiro gasto com o lixo, na cidade de São Paulo, tem deixado um grande rombo nos cofres públicos. O investimento em um modelo eficien-te de reciclagem livraria a prefeitura de gastos astronômicos com aterros e lixões que, segundo o Instituto Bra-sil Ambiente, giram em torno de R$ 1,2 bi por ano.
Do ponto de vista ambiental, os benefícios seriam maiores ainda. Um produto feito a partir de matéria-prima virgem demanda muito mais energia elétrica e água, além de li-berar uma quantidade bem maior de gases de efeito estufa (GEEs). Em outras palavras, os produtos desen-volvidos a partir de componentes reciclados apresentam um impacto bem menor ao ambiente.
O investimento na reciclagem também geraria inúmeros empre-gos, principalmente para a mão de obra não qualificada. Segundo Edu-ardo Ferreira de Paulo, represen-tante do Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR), atualmente existem 20 mil catadores só em São Paulo.
Apesar da grande quantidade de catadores, e da conquista de um sindicato próprio, eles ainda traba-lham como autônomos. “É preciso que exista uma maior participação dos catadores no processo de cole-ta seletiva”, defende Eduardo.
Eletroeletrônico Toneladas (ano) Per Capta (ano)
PCs 96,8 500g
Impressoras 17,2 60g
Celulares 2,2 7g
TVs 700g 700g
Geladeiras 115 400g
Brasil é o país que mais produz lixo eletrônico por habitante entre emergentesUm relatório da ONU apontou que o Brasil é a nação
que mais produz lixo eletrônico per capita entre os países em desenvolvimento. O estudo constatou que a crescen-te classe média dos países emergentes, atrelada à facili-dade para conseguir financiamentos de eletroeletrônicos, está resultando na geração desenfreada de lixo, (TAB. 1).
Apesar da preocupação, a ONU colocou o Brasil entre os países preparados para enfrentar o desafio do lixo ele-trônico. Mas a organização se diz insatisfeita, pois as in-formações sobre este tipo de resíduo ainda são escassas.
Recentemente, a Assembléia Legislativa de São Paulo aprovou um projeto de lei que obrigará empresas que fabricam, importam ou comercializam produtos ele-trônicos a reciclar, reutilizar ou – se não for possível o reaproveitamento – neutralizar o lixo. Agora só resta a lei ser sancionada pelo Governador do Estado de São Paulo, Alberto Goldman.
TABELA 1Produção de lixo eletrônico no Brasil
Fonte: Adaptado de UNITED NATIONS ENVIRONMENT PROGRAMME (UNEP), 2009.
Fontes: UNITED NATIONS ENVIRONMENT PRO-GRAMME. Recycling - From E-Waste To Resour-ces. Disponível em: <http://www.unep.org/PDF/PressReleases/E-Waste_publication_screen_FINAL-VERSION-sml.pdf>. Acessado em: 22 jun. 2010.
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