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SISTEMA ANGLO DE ENSINO 1 ANGLO VESTIBULARES TIL (1872) José de Alencar, principal nome da ficção romântica brasileira Traços gerais * romance regionalista * registro de costumes * maniqueísmo (Bem X Mal) * técnica folhetinesca: mistério, suspense Narrador * narrador: 3 a pessoa, onisciente * linguagem culta, registro elevado Temática amorosa * casais de namorados * exacerbação sentimental * figura feminina: idealização, sensualidade “Caipira picando fumo” (Almeida Júnior, 1893) “Moça lendo” (Almeida Júnior, 1879) Aulas ESTUDO DO ROMANCE TIL, DE JOSÉ DE ALENCAR 850055112 850045112 Autor: Fernando Marcílio Lopes Couto

Aul as Literat Til 12 Professor

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SISTEMA ANGLO DE ENSINO 1 ANGLO VESTIBULARES

Til (1872)

José de Alencar, principal nome da ficção romântica brasileira

Traços gerais

* romance regionalista* registro de costumes* maniqueísmo (Bem X Mal)* técnica folhetinesca: mistério, suspense

Narrador

* narrador: 3a pessoa, onisciente* linguagem culta, registro elevado

Temática amorosa

* casais de namorados* exacerbação sentimental* figura feminina: idealização, sensualidade

“Caipira picando fumo”(Almeida Júnior, 1893)

“Moça lendo”

(Almeida Júnior, 1879)

AulasESTUDO DO ROMANCE TIL, DE JOSÉ DE ALENCAR

850055112

850045112

Autor: Fernando Marcílio Lopes Couto

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Personagens

* Berta: modelo feminino dinâmica, ativa nobreza de caráter* Miguel: herói romântico convencional* Luís Galvão: fazendeiro empreendedor* D. Ermelinda: matriarca* Afonso e Linda: gêmeos* Jão Fera: facínora código de honra* Brás: deficiente, protegido de Berta* Zana: ex-escrava, vítima de trauma* inimigos: Ribeiro, Gonçalo

“Semeadeira e arado, São Paulo”

(Autor desconhecido — Arquivo Público do Estado de São Paulo)

Ambiente

* sociedade rural, escravocrata* interior de São Paulo (Santa Bárbara)* festas populares: São João, Congada* riqueza: fazenda* pobreza: casa em ruínas, gruta

Aspectos formais

* digressões* falas de personagens: regionalismos* figuras: comparações, personificações

Exercícios1. A personagem Berta recebe diferentes formas de trata-

mento, ao longo do romance. Entre elas, destacam-se:

a) Til e Senhorinha.b) Inhá e Mãezinha.

c) Inhá e Til.d) Senhora e Rainha.e) Mecê e Nhanica.

Texto para a questão 2

Tinha a beleza de Linda um doce alumbre de melancolia [...]. Irmã das flores que vivem nos recessos da floresta, onde se coalham em sombra luminosa os raios filtrados pelo crivo das folhas, respira essa beleza o perfume casto da violeta e da baunilha.

Não se admira a mulher que a possui, porque não exerce a fascinação esplêndida das formosuras que cintilam; mas adora-se de joelhos, porque ela tem a santidade do amor. [Primeiro Volume, cap. 10, “Os gêmeos”]

2. Qual é o traço tipicamente romântico do trecho? Transcre-va do texto duas expressões que justifiquem sua resposta.

A descrição da figura feminina (Linda) é feita de acordo com os padrões idealizadores convencionais do Romantis-mo: “Irmã das flores”, “santidade”.

Textos para as questões 3 a 5

Texto I

Sem embargo, repetiu-se ele ao outro dia, e em todos que se lhe seguiram. Em apresentando-se a carta ao marmanjo, era a mesma indiferença para tudo, e a mesma festa grotesca ao til.

Com as mãos doídas das palmatórias e a cabeça empolada dos coques de régua, fugia o pobre do Brás para o mato, onde ia descobri-lo o pajem, que diariamente o acompanhava pela manhã da fazenda à escola e vinha buscá-lo por volta de uma hora da tarde. [José de Alencar, Til, Primeiro Volume, capítulo 25, “O idiota”]

Texto II

Na segunda-feira voltou o menino armado com a sua com-petente pasta a tiracolo, a sua lousa de escrever e o seu tinteiro de chifre; o padrinho o acompanhou até a porta. Logo nesse dia portou-se de tal maneira que o mestre não se pode dispensar de lhe dar quatro bolos, o que lhe fez perder toda a folia com que entrara: declarou desde esse instante guerra viva à escola. [Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de mi-lícias, Tomo I, capítulo 12, “Entrada para a escola”]

3. Embora pertençam a obras diferentes, os dois trechos suge-rem comportamentos semelhantes dos mestres-escola. Qual é essa semelhança? Como ela pode ser percebida nos textos?

Nos dois textos, os professores se comportam de maneira agressiva. Brás, do Texto I, traz “as mãos doídas as palmató-rias”, enquanto Texto II nos informa que Leonardo levara na-quele dia “quatro bolos”, isto é, quatro golpes com a pal-matória.

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4. O que há de comum no comportamento escolar das perso-nagens focalizadas? Como esse comportamento é indicado em cada texto?

Nos dois casos, temos meninos que se comportam de forma avessa ao aprendizado. Brás demonstra sempre “a mesma indiferença para tudo”, enquanto Leonardo compor-ta-se “de tal maneira” a merecer os castigos que recebe.

5. Levando em conta o contexto de cada romance, qual é a principal diferença entre essas duas personagens?

Leonardo, de Memórias de um sargento de milícias, é caracterizado como um malandro, que recusa o apren-dizado por causa de sua tendência ao ócio. Já o me-nino Brás, de Til, apresenta retardamento mental.

Texto para a questão 6

No vão de uma janela conversava Luís Galvão com alguns de seus convidados, entre os quais havia mais de um antigo camarada, rapaz de seu tempo.

[...]— O Afonso é endiabrado!— Tem a quem sair.— Oh! se tem! Cá o Luís foi de truz!— Um maganão chapado!— Como se enganaram! retorquiu Luís a rir. Sempre fui

da pacata!— Da sonsa, talvez!— O que sei é que no nosso tempo ninguém punha pé em

ramo verde!— Mas não pescava senão peixões!— Que história estão vocês aí a inventar? tornou o fazen-

deiro com disfarce.— E a filha do Guedes, lembra-se?— A que o marido abandonou?— A Besita, sim!— Essa não! exclamou involuntariamente Galvão contra-

riado.— Ora negue! Antes e depois.— Do parto?— Do casamento!— Que tal o cujo? exclamaram diversos. [Segundo volume,

cap. 19, “A lágrima”]

6. Qual é o registro linguístico predominante nas falas das personagens nesta passagem? Cite expressões que confir-mem sua resposta.

Trata-se do registro linguístico informal. Algumas gírias usadas pelos falantes comprovam a resposta: “endia-brado”, “de truz”, “maganão chapado”, “da pacata”, “son-sa”, “ninguém punha pé em ramo verde”, “peixões” e “cujo”.

Texto para a questão 7

Luís Galvão tinha um segredo em sua vida, talvez uma fal-ta; e o ocultava de todos, mas especialmente da mulher. Ver-se humilhado perante aqueles a quem se ama, e cuja estima se alcançou, não pode haver maior suplício para o homem de brios. [Primeiro volume, cap. 9, “As amostras”]

7. O fragmento revela o seguinte aspecto do romance:

a) Concepção de personagens moralmente perfeitas e sem máculas.

b) Exploração da ironia e do humor. c) Tendência a apontar mistérios só esclarecidos posterior-

mente.d) Composição de enigmas não solucionados, o que torna a

narrativa incompleta.e) Recusa de transmissão de qualquer ensinamento moral.

ORIENTAÇÃO DE ESTUDO

Tarefa Mínima

1. Várias personagens do romance Til recebem mais de um nome ou forma de tratamento. Entre elas, não se pode indicar:

a) O assassino de Besita, Ribeiro, que diz chamar-se Barroso ao retornar ao local do crime, anos depois.

b) O temível capanga Jão Fera, também chamado por muitos de Jão Bugre, o que remete à sua origem e ao seu comportamen-to arredio.

c) A protagonista, Berta, que recebe várias formas de tratamento, entre elas a de Til, dada pelo menino Brás, seu protegido.

d) O bandido Gonçalo, cuja pele manchada serve de mote para dois apelidos, Suçuarana e Pinta.

e) O proprietário da Fazenda das Palmas, Nhô Luís, que adota o so-brenome Galvão quando se dispõe a realizar negócios escusos.

2. Na cena a seguir, as personagens Berta e Pai Quicé tentam esca-par da perseguição de um bando de queixadas (porcos do mato)

O impulso de Berta foi precipitar-se para aquele refúgio e lutar de velocidade com os queixadas. Tinha confiança em suas forças e contava alcançar a árvore antes das feras. Mas ao desferir a corri-da, acudiu-lhe à mente o preto, que havia esquecido nas angústias daquele momento.

Abandonar o velho decrépito à fúria dos animais, não lhe so-fria o coração [...]. [II, 9, “Transe”]

A cena revela um traço do caráter de Berta. Que traço é este?

a) Egocentrismo.b) Desejo de vingança.c) Tendência ao sacrifício.d) Poder de reflexão e planejamento.e) Medo e falta de iniciativa.

3. A presença da moça produzia-lhe na alma certo refrangimen-to, embora de grata deferência; era como a palma do jeribá que fecha com os relentos da noite, e somente se engrinalda e brilha aos raios do sol.

Para Miguel os momentos de expansão e doce contenta-mento não eram tanto esses passados aí no Tanquinho, como os outros mais festivos e mais lembrados em que só, Inhá e ele, atra-vessavam a várzea na ida e na volta. [I, 12, “Idílios”]

Assinale a alternativa correta sobre o texto acima

a) A comparação com a natureza, presente no primeiro parágrafo transcrito, sugere que Miguel se sentia infeliz ao lado de Berta, por não poder tê-la só para si.

b) A linguagem do narrador, no trecho, evidencia sua perfeita in-serção no ambiente rural interiorano.

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c) A existência de dois ambientes distintos, referida no fragmento, serve de moldura aos sentimentos contradi-tórios de Miguel.

d) O tratamento que Miguel dedica a Berta (“Inhá”) mostra a submissão em que ele se coloca em relação a ela.

e) A presença marcante da paisagem natural, no texto, in-dica o distanciamento da narrativa em relação aos prin-cípios românticos.

Tarefa ComplementarTexto para as questões 1 a 3

Quando o sol escondeu-se além, na cúpula da floresta, Berta er-gueu-se ao doce lume do crepúsculo, e com os olhos engolfados na primeira, estrela, rezou a ave-maria, que repetiam, ajoelhados a seus pés, o idiota, a louca e o facínora remido.

Como as flores que nascem nos despenhadeiros e algares1, onde não penetram os esplendores da natureza, a alma de Berta fora criada para perfumar os abismos da miséria, que se cavam nas almas, subver-tidas pela desgraça.

Era a flor da caridade, alma sóror. [II, 31, “Alma sóror”]

Nota: (1) Cavernas, grutas.

1. Quem são as personagens “idiota”, “louca” e “facínora” referidas no primeiro parágrafo transcrito? Explique essa forma de trata-mento, à luz da narrativa.

2. Por que o “facínora” é tratado como “remido”?

3. O segundo parágrafo traz uma comparação. Quais são os termos comparados? Explique a comparação.

4. Eis como ignorava D. Ermelinda os idílios, que estavam com-pondo seus filhos, naquele sítio pitoresco, onde bebia-se o amor como um doce eflúvio da natureza. Tudo ali penetrava o coração de emoções deliciosas. Pelo aveludado daquela relva cintilante

espreguiçava-se a imaginação, a sonhar o dossel de um divã. Os sussurros da brisa nos palmares segredavam os ruge-ruge das se-das; e o borborinho do arroio imitava o trilo de um riso fresco e argentino. [Primeiro volume, cap.12, “Idílios”]

O trecho é constituído por uma série de associações. Entre elas, não se pode citar:

a) Amor = perfume.b) Relva = divã.c) Brisa = seda.d) Imaginação = música.e) Arroio = riso.

Respostas da Tarefa Mínima1. E.

2. C.

3. D.

Respostas da Tarefa Complementar1. O “idiota” é o menino Brás, deficiente físico e mental; a “louca”

é Zana, que perdera a razão depois de ter presenciado a morte de Besita; o “facínora” é Jão Fera, que ganhava a vida como assassi-no de aluguel.

2. A expressão “remido” significa “perdoado”. Abandonando a vida que levava, e arrependido de seus crimes, Jão Fera passa a se dedicar ao trabalho na lavoura.

3. No símile construído no texto, compara-se a “alma de Berta” com “flores” que crescem em “despenhadeiros e algares”, isto é, lon-ge dos olhos do mundo. Com isso, sugere-se que ela preferia a discrição da dedicação a pessoas que realmente necessitavam dela, ao brilho mundano da vida social.

4. D.