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Assentamentos precários: Conceitos e fontes de informação.

Aula 02

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Page 1: Aula 02

Assentamentos precários:

Conceitos e fontes de informação.

Page 2: Aula 02

Nesta aula, discutiremos o conceito de

assentamentos precários desenvolvido no âmbito

nacional e trataremos das fontes de informação

nacional para dimensionamento da precariedade

habitacional.

Page 3: Aula 02

Objetivos de aprendizagem:

• Conhecer as fontes de informação para

dimensionamento da precariedade habitacional;

• Conhecer conceitos desenvolvidos no âmbito nacional

relativos à precariedade da moradia;

• Conhecer as limitações das fontes nacionais para

dimensionamento do déficit e inadequação dentro

dos assentamentos precários.

Page 4: Aula 02

Bibliografia básica

DENALDI, Rosana. Assentamentos precários

do tipo favela e loteamento: identificação,

dimensionamento e tipologias de

intervenção. IN: DENALDI, R. (Org.)

Planejamento Habitacional: notas sobre

precariedade e terra nos Planos Locais de

Habitação. São Paulo, 2013.

BRASIL. Ministério das Cidades, Secretaria

Nacional de Habitação. Guia para o

Mapeamento e Caracterização de

Assentamentos Precários. Brasília: MCidades,

2010.

Page 5: Aula 02

A Política Nacional de Habitação (PNH) adotou a

denominação ‘assentamentos precários’ para indicar

uma categoria de abrangência nacional e

representativa do conjunto de assentamentos urbanos

inadequados ocupados por moradores de baixa renda

(BRASIL, 2005; p.37).

Assentamentos precários: conceito

Page 6: Aula 02

Favelas

São espaços habitados precários, com moradias

autoconstruídas, formadas a partir da ocupação de terrenos

públicos ou particulares. Caracterizam-se pelos baixos

índices de infraestrutura, ausência de serviços públicos e

população de baixa renda.

Figura 1: Palafitas (Laranjal do Jari/Amapá).

Fonte: Brasil, 2010.

Figura 2: Favela no Rio de Janeiro.

Fonte: Brasil, 2010.

Page 7: Aula 02

Loteamento irregular de moradores de baixa renda

Lotes que não podem ser regularizados por não atender às

legislações de parcelamento e uso do solo. Apesar de o

morador ser adquirente, não tem garantida a posso do

imóvel. Soma-se a essa irregularidade a moradia

autoconstruída e os baixos níveis de renda das famílias.

Figura 3: Loteamento irregular Cantinho do Céu – São Paulo – SP.

Fonte: Habisp plus (www.habisp.inf.br/habitacao acessado em 2/2/2014)

Page 8: Aula 02

Cortiço

Moradia coletiva multifamiliar, construída por uma ou mais

edificações em um mesmo lote urbano, subdividida em

vários cômodos alugados, subalugados ou cedidos a

qualquer título.

Figura 4: Cortiço na rua do Glicério – São Paulo - SP.

Fonte: Habisp plus (www.habisp.inf.br/habitacao acessado em 2/2/2014)

Page 9: Aula 02

Conjuntos habitacionais produzidos pelo setor público,

em situação de irregularidade ou de degradação.

Figura 5: Conjunto habitacional Leporace em Franca/SP.

Fonte: Demacamp

Page 10: Aula 02

“Os assentamentos precários são, portanto, porções do território urbano com

dimensões e tipologias variadas, que têm em comum:

•o fato de serem áreas predominantemente residenciais, habitadas por

famílias de baixa renda;

•a precariedade das condições de moradia, caracterizada por inúmeras

carências e inadequações, tais como: irregularidade fundiária; ausência

de infraestrutura de saneamento ambiental; localização em áreas mal

servidas por sistema de transporte e equipamentos sociais; terrenos

alagadiços e sujeitos a riscos geotécnicos; adensamento excessivo,

insalubridade e deficiências construtivas da unidade habitacional;

•a origem histórica, relacionada às diversas estratégias utilizadas pela

população de baixa renda para viabilizar, de modo autônomo, solução

para suas necessidades habitacionais, diante da insuficiência e

inadequação das iniciativas estatais dirigidas à questão, bem como da

incompatibilidade entre o nível de renda da maioria dos trabalhadores e o

preço das unidades residenciais produzidas pelo mercado imobiliário

formal.”

(BRASIL, 2010; p. 9)

Page 11: Aula 02

Assentamentos precários:

•Favelas e seus assemelhados (vilas, palafitas, ‘invasão’,

‘comunidade’, ‘baixada’, áreas pobres);

•Loteamento irregular de moradores de baixa renda;

•Cortiços;

•Conjunto habitacional degradado.

Page 12: Aula 02

Na mesma linha, Cardoso et al (2009, p.93) registram

que a denominação ‘assentamentos precários’ foi

adotada para fazer referência, principalmente, às

situações das áreas ocupadas irregularmente e que

apresentam deficiências de infraestrutura e de

acessibilidade.

O autor propõe entender os assentamentos precários

“como aglomerações com delimitação mais ou menos

precisa no tecido urbano, em geral, distintas do entorno

quanto às suas características físicas e sociais; e com

ocupação inequívoca e majoritária por população de

baixa renda”.

Page 13: Aula 02

Vale ressaltar que essa definição não se mostra adequada

para todas as situações e regiões. Pode não ser

suficiente, por exemplo, no caso de muitas cidades

pequenas, com carência generalizada de infraestrutura e

saneamento ambiental, dos setores com baixa densidade,

ou, ainda, de assentamentos precários localizados em

áreas periféricas de grandes centros urbanos.

Page 14: Aula 02

Para saber mais sobre a caracterização das principais

tipologias de assentamentos precários veja:

‘Guia para o Mapeamento e Caracterização de

Assentamentos Precários’ (BRASIL, 2010) disponível em:

http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNH/Ar

quivosPDF/Publicacoes/Mapeamento_Ass_Precarios.pdf

Page 15: Aula 02

A denominação ‘assentamentos precários’ também foi

utilizada no estudo ‘Assentamentos Precários no Brasil

Urbano’, elaborado pelo Centro de Estudos da Metrópole

(CEM)/Centro Brasileiro de Análise e Planejamento

(Cebrap) para a Secretaria Nacional de Habitação do

Ministério das Cidades.

O estudo definiu a categoria de ‘setor precário’ para

identificar setores do tipo favela (e seus assemelhados) e

loteamento irregular (BRASIL/CEM/CEBRAP, 2007); e

utilizou-se de um método que envolve técnicas estatísticas

e de geoprocessamento para identificar, a partir da

informação sobre os setores de aglomerados subnormais

da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

(IBGE), outras áreas ocupadas por assentamentos

precários, como favelas ou loteamentos irregulares,

similares a esses setores.

Page 16: Aula 02

As definições de favela traduzem duas de suas

principais características: as ilegalidades fundiária e a

precariedade urbanística. Essa tipologia é definida pelo

IBGE como ‘aglomerado subnormal’; e no estudo

realizado pelo CEM/Cebrap, como ‘assentamentos

precários’.

1. Assentamentos precários do tipo favela

e loteamento: fontes de informação

Page 17: Aula 02

O IBGE (2010) conceitua aglomerado subnormal, como:

“Um conjunto constituído de, no mínimo, 51 unidades

habitacionais (barracos, casas etc.) carentes, em sua maioria,

de serviços públicos essenciais, ocupando ou tendo ocupado,

até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou

particular) e estando dispostas, em geral, de forma

desordenada e densa.”

Page 18: Aula 02

Para o United Nations Center for Human Settlements

(UNCHS, 1996), favelas são:

(...) assentamentos que carecem de direitos de propriedade, e

constituem aglomerações de moradias de uma qualidade

abaixo da média. Sofrem carências de infraestrutura, serviços

urbanos e equipamentos sociais e/ou estão situadas em áreas

geologicamente inadequadas ou ambientalmente sensíveis.

Page 19: Aula 02

Os loteamentos precários clandestinos ou irregulares,

em geral, são ocupados por moradores de baixa renda,

sem a aprovação do poder público ou que não atendem

as condições exigidas no processo de aprovação, e

costumam se caracterizar pela autoconstrução das

unidades habitacionais e ausência ou precariedade de

infraestruturas urbanas.

As favelas podem apresentar características muito

distintas. A denominação abarca diferentes tipos de tecido

urbano, padrões de ocupação e habitação e condição de

urbanização.

Page 20: Aula 02

As imagens abaixo ilustram esta diversidade.

Figura 6: Favela no município de Altamira-PA.

Fonte: Agencia Brasil, 2012.

Figura 8: Loteamento irregular no município de

São Bernardo do Campo-SP.

Fonte: Prefeitura Municipal de São Bernardo do

Campo, 2013.

Figura 7: Favela Jardim Salgueiro,

município de Mauá-SP

Figura 9: Loteamento irregular no município

de Cuiabá-MT.

Page 21: Aula 02

Censo – IBGE

Inicialmente, deve-se buscar conhecer as informações

do estudo ‘Aglomerados Subnormais: Primeiros

Resultados’ do Censo 2010 (IBGE, 2010), caso existam

para o município. Esse estudo traz a delimitação dos

aglomerados subnormais caracterizados pelo IBGE,

inclusive com informações sobre a população

residente, domicílios e condições de saneamento e

energia.

2.1 Fontes nacionais de informação

para assentamentos precários

Page 22: Aula 02

Figura 10: Aglomerado subnormal do município de Atibaia-SP.

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010).

Page 23: Aula 02

Estas informações podem ser acessadas na página web do

IBGE – Censo 2010, Aglomerados Subnormais:

http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/censo2010/

aglomerados_subnormais/default_aglomerados_subnormais.s

htm

Os limites desses aglomerados subnormais estão disponíveis

também em formato shape (SHP) e compatível com o

software Google Earth (KMZ).

Page 24: Aula 02

Outra importante fonte de informação sobre o déficit e

inadequação habitacional dentro dos assentamentos

precários reside no estudo ‘Déficit Habitacional no

Brasil’, da Fundação João Pinheiro (FJP) (BRASIL/FJP,

2011).

Estudo ‘Déficit Habitacional no Brasil’

da Fundação João Pinheiro (FJP)

Page 25: Aula 02

O cálculo do déficit habitacional do país elaborado pela

Fundação João Pinheiro (FJP), em 1995, inaugurou

uma nova abordagem metodológica para a questão,

introduzindo os conceitos de necessidades

habitacionais e de inadequação da moradia.

A partir dessas definições, as necessidades

habitacionais passaram a incluir o déficit quantitativo,

relacionado com a produção de novas moradias, e o

déficit qualitativo, relacionado com a demanda por

recuperação das moradias precárias existentes.

(BRASIL, 2008, p. 29).

Page 26: Aula 02

Apesar dos avanços representados por esse estudo,

sua metodologia não resolveu totalmente a questão da

mensuração dos assentamentos precários no país,

uma vez que um mesmo domicílio pode ser

considerado inadequado em por não atender a

diferentes variáveis habitacionais e urbanas,

inviabilizando, dessa forma, a totalização desses

domicílios na categoria do déficit qualitativo, intitulada

‘inadequação habitacional’ segundo a FJP (CARDOSO,

2009).

Page 27: Aula 02

Fonte: Brasil (2011).

Page 28: Aula 02

A publicação “Déficit Habitacional no Brasil”, de 2006,

apresenta o cálculo do déficit habitacional e inadequação dos

domicílios urbanos, assim como os dados dos setores

censitários de aglomerados subnormais, para os 308

municípios inseridos em regiões metropolitanas e mais 673

municípios selecionados (com mais de 20 mil habitantes).

Essas informações encontram-se disponíveis no site do

MCidades/SNH. As variáveis utilizadas pela FJP para a

quantificação da inadequação dos domicílios são:

inadequação fundiária; adensamento excessivo; domicílio sem

banheiro e carência de infraestrutura.

(BRASIL, 2010, p. 30)

Page 29: Aula 02

O Ministério das Cidades em parceria com o Centro de

Estudos da Metrópole do Centro Brasileiro de Análise e

Planejamento (CEM/Cebrap) elaborou o estudo

‘Assentamentos Precários no Brasil Urbano’, que busca

identificar setores precários a partir da informação dos

setores subnormais disponíveis do IBGE.

Trata-se de fornecer uma primeira aproximação da

delimitação espacial dos assentamentos precários nas

cidades brasileiras ao estimar, estatisticamente, a

localização desses assentamentos.

O Estudo ‘Assentamentos Precários no

Brasil Urbano’ do CEM/Cebrap

Page 30: Aula 02

A metodologia do estudo utilizou as informações do Censo

2000 relativas aos setores subnormais. Partiu-se do princípio

que os setores classificados pelo IBGE como subnormais

apresentavam certas características.

O procedimento foi, então, buscar identificar, dentre os setores

classificados como comuns, pelo IBGE, outros que possuíam

características semelhantes àqueles, em função de variáveis

socioeconômicas, demográficas e urbanísticas. Dessa forma

foi possível identificar outros setores censitários que não

tinham sido classificados como subnormais pelo Censo, mas

que apresentavam as mesmas características daqueles.

Page 31: Aula 02

O estudo analisou 561 municípios, considerando todas as

cidades das regiões metropolitanas e os municípios com mais

de 150 mil habitantes.

As cartografias de 371 municípios podem ser acessadas via

internet, no site do Ministério das Cidades, e incluem todos os

setores censitários urbanos e rurais consolidados num

mapeamento único, bem como a identificação dos setores

subnormais e dos setores designados como “precários”.

(BRASIL, 2008).

Page 32: Aula 02

Se o seu município possui população superior a 150 mil

habitantes ou se localiza em regiões metropolitanas consulte

o estudo produzido pelo CEM/Cebrap e verifique a existência

de assentamentos precários assim como seu perímetro.

http://www.cidades.gov.br/index.php/biblioteca/409-

assentamento-precarios-no-brasil-urbano

Page 33: Aula 02

Utilizou-se um método que envolve técnicas estatísticas e

de geoprocessamento para identificar, a partir da

informação dos setores de aglomerados subnormais do

IBGE outras áreas ocupadas por assentamentos precários,

como favelas ou loteamentos irregulares similares a estes

setores.

Contudo, essas informações são produzidas apenas para

municípios localizados em regiões metropolitanas, ou

equivalentes, independente do tamanho, ou para

municípios com população superior a 150 mil habitantes.

Page 34: Aula 02
Page 35: Aula 02

A caracterização e mensuração da população residente

em assentamentos precários no país é de grande

relevância para a elaboração de programas habitacionais.

No entanto, existem limitações e incompatibilidades, em

nível nacional, para a quantificação dos assentamentos

precários.

Os dados do Censo Demográfico do IBGE relativos aos

setores subnormais tendem à subestimação (TASCHNER,

2008; AZEVEDO & ARAUJO, 2008; CARDOSO et al,

2009; FERREIRA et al, 2008).

Page 36: Aula 02

Cardoso et al (2009) apontam as limitações metodológicas que podem

levar a distorções da realidade e à subestimação da população que

reside em assentamentos precários:

•O estabelecimento dos setores subnormais é administrativo: para

estabelecer setores considerados subnormais, o IBGE se baseia em

informações municipais que, muitas vezes, não estão atualizadas;

ademais, muitos municípios não fornecem os perímetros dos

assentamentos (favelas e seus assemelhados);

• IBGE não considera como setores subnormais aqueles que tenham

menos do que 50 domicílios; e

•Os setores censitários, às vezes, são muito grandes e podem abranger

favelas inteiras, as quais são consideradas como assentamentos

normais porque representam uma pequena parcela no setor censitário

como um todo.

Page 37: Aula 02

O estudo do CEM/Cebrap buscou uma maior aproximação

com a realidade e para realização do Censo 2010, o IBGE

adotou novas metodológicas e procedimentos com o

objetivo de atualizar e aprimorar a identificação dos

aglomerados subnormais.

Entretanto, vários estudos indicam que permanece a

tendência de subestimação.

Page 38: Aula 02

A tabela abaixo ilustra a dimensão da precariedade

habitacional na Região Metropolitana de São Paulo,

segundo diferentes fontes de informações.

Não obstante tratar-se de metodologias diferentes, que

dificultam ou impossibilitam a comparação, os dados

apontam para subestimação da informação nacional e

confirmam a importância da produção de informações

municipais.

Page 39: Aula 02

Domicílios em assentamentos precários na Região Metropolitana de São Paulo.

Município IBGE 2000 CEM/Cebrap 2007 IBGE 2010 Dado municipal:

precariedade/

irregularidade

Dado municipal:

precariedade

Caieiras 0 1.045 670 3.146 3.146

Carapicuíba 9.169 11.828 7.724 22.128 20.184

Diadema 22.035 22.175 24.616 25.271 25.271

Embu 5.231 9.231 8.967 13.347 9.358

Embu-Guaçu 0 598 0 1.374 1.374

Guarulhos 40.956 46.973 57.653 73.257 50.914

Itapecerica da Serra 751 7.108 388 16.110 12.720

Itapevi 851 5.585 851 7.324 7.324

Mauá 16.929 18.649 22.884 56.835 33.478

Osasco 28.714 30.266 21.505 47.518 44.098

Ribeirão Pires 356 746 892 3.717 877

Santana de Parnaíba 93 2.314 1.100 1.970 1.970

Santo André 16.869 20.165 23.806 22.134 22.134

São Bernardo do Campo 37.097 39.423 43.072 90.437 74.145

São Paulo 225.131 370.956 355.515 889.808 596.666

Taboão da Serra 4.346 5.715 7.351 20.861 16.333

Vargem Grande Paulista 0 511 0 1.033 1.033

TOTAL 408.528 593.288 576.994 1.296.270 921.025

Fonte: Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, Censos Demográficos de 2000 e 2010; Ministério das Cidades e

Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (BRASIL/CEM/CEBRAP, 2007); Denaldi et al, 2013.

Page 40: Aula 02

Os Planos Estaduais de Habitação de Interesse Social

(PEHIS) também podem ser consultados. Muitos governos

estaduais produziram informação para elaboração do plano,

embora estas nem sempre possam ser desagregadas por

municípios.

No caso do Plano Estadual de Habitação de São Paulo,

para estimar as necessidades habitacionais no Estado de

São Paulo foi realizada a Pesquisa Municipal Unificada,

PMU-Habitação, realizada pela Fundação SEADE em maio

de 2010, cujos dados estão disponíveis a todos os

municípios e podem ser monitorados nos PLHIS.

1.2 Informações do Plano Estadual de Habitação

Page 41: Aula 02

A referida pesquisa permitiu a construção de componentes

das necessidades habitacionais que melhor espelham a

heterogeneidade dessas carências e o grau de gravidade

de que se revestem. Também produziu-se informações

sobre áreas de risco e favelas para todo o Estado de São

Paulo.

O Plano Estadual de Habitação prevê ainda a

implementação e a elaboração dos Planos Metropolitanos

de Desenvolvimento Habitacional, Sistema Integrado de

Demanda e Atendimento Habitacional e do Sistema de

Informações Habitacionais integrado com os municípios

(SIHab-Município) e as regiões (SIHab-Metrópole), criando

plataformas com dados georreferenciados, estabelecendo

módulos integrados para compatibilização de cadastros de

demandas e de beneficiários dos atendimentos

habitacionais.

Page 42: Aula 02

Sobre o Plano Estadual de Habitação de São Paulo veja

também:

TRANI, E; SOUZA, M. C. P. Plano Estadual de Habitação:

instrumentos para o desenvolvimento habitacional

sustentável dos municípios paulistas. IN: DENALDI, R.

(Org) Planejamento Habitacional: notas sobre precariedade e

terra nos Planos Locais de Habitação. São Paulo, 2013.

Page 43: Aula 02

A informação nacional deve ser verificada e complementada

com a produção de informações municipais.

Os municípios podem utilizar várias alternativas para

identificar e mapear os assentamentos, tais como:

• levantamento topográfico cadastral;

• aerofotogrametria;

• imagem de satélite;

• levantamento de campo (vistoria) e

• sobreposição de cartografias.

Na próxima aula trataremos destas alternativas.

1.3 Informações municipais

Page 44: Aula 02

Outra dificuldade encontra-se na qualificação do déficit

dentro dos assentamentos, ou seja, na identificação do

déficit quantitativo e na inadequação (déficit qualitativo)

dentro dos assentamentos.

Não é possível, a partir dos dados coletados pelo IBGE

ou do mapeamento do estudo do CEM/Cebrap, obter

as informações necessárias sobre a possibilidade de

consolidar ou não um assentamento ou setor desse.

2. Déficit e inadequação dentro

dos assentamentos precários

Page 45: Aula 02

Não se pode estimar, a partir desse dado, o percentual de

remoção necessário para eliminar situações de risco,

viabilizar a abertura de sistema viário e a construção de

equipamentos públicos ou a adequação da densidade,

assim como a desocupação integral ou parcial de áreas

ambientalmente protegidas - Áreas de Preservação

Permanente (APP), Áreas de Preservação Ambiental (APA)

e Áreas de Proteção dos Mananciais (APM).

As condições de irregularidade e clandestinidade tampouco

são passíveis de avaliação por dados censitários, sendo

mensuráveis apenas a partir de informações levantadas

pelos setores de Habitação das prefeituras e governos de

Estado.

Page 46: Aula 02

As informações da Fundação João Pinheiro sobre déficit e

inadequação não são suficientes para produzir essa

estimativa. Cabe ressaltar que grande parte dos domicílios

classificados pela Fundação João Pinheiro como de déficit

qualitativo, ou seja, de inadequação, correspondem, na

verdade, a situações de déficit quantitativo: sua demanda é

pela produção de novas moradias, o que inclui as situações

que requerem procedimentos de remoção.

No âmbito do PLHIS, é importante estimar o percentual de

domicílios em assentamentos precários consolidáveis

(inadequação) e o percentual de domicílios que precisam

ser substituídos (déficit), ou seja, que demandam

realocação ou reassentamento. Essa informação é

essencial para estimar os recursos necessários para

aquisição de terra, produção habitacional e urbanização.

Page 47: Aula 02

Os núcleos ou domicílios que necessitam ser realocados

(ou reassentados) devem ser excluídos da condição de

inadequação e computados no cálculo do déficit

quantitativo. Recomenda-se que o município acrescente a

remoção como um componente do déficit quantitativo.

Tabela 2 – Assentamentos precários: Déficit segundo

diferentes fontes de informação

Assentamentos

precários Fontes

Santo

André São Vicente Peruíbe

Itapecerica

da Serra

Taboão

da Serra

São

Bernardo

do Campo

Déficit

quantitativo

FJP/IBGE

(a) 2.769 1.294 0 88 4.686 14.591

Prefeitura

(b) 8.022 9.769 1.345 4.624 10.031 38.017

Fonte: Fundação João Pinheiro (BRASIL/FJP, 2005); prefeituras municipais de Santo André (2006), São Vicente (2009), Peruíbe

(2010), Itapecerica da Serra (2009), Taboão da Serra (2010) e São Bernardo do Campo (2012).

Page 48: Aula 02

Muitas vezes, a precariedade habitacional está associada à

vulnerabilidade socioambiental, sendo que, em muitos

municípios brasileiros, um expressivo número de moradias

está sujeito a riscos ambientais associados a deslizamento de

solo em encostas, erosão de margem de córregos, inundações

e alagamentos, situação que decorre, muitas vezes, devido à

(NOGUEIRA et. al., 2013):

• forma de implantação;

• fragilidade construtiva ou localização inadequada da

edificação;

• ausência de infraestrutura urbana (drenagem, pavimentação,

saneamento) e de serviços básicos (coleta de lixo, redes de

drenagem e de abastecimento);

• degradação do ambiente associada a esses fatores.

3. Precariedade e vulnerabilidade socioambiental

Page 49: Aula 02

Em razão disso, as intervenções estruturais necessárias

para eliminar, reduzir e/ou controlar as situações de risco

geológico/geotécnico podem implicar em remoção das

moradias existentes e construção de novas (no mesmo

assentamento ou em outras áreas) e, portanto, devem ser

consideradas como déficit habitacional, ou requerer obras

de redução ou eliminação de risco que incide sobre o

cálculo de inadequação habitacional (as irregularidades e

inadequações habitacionais a corrigir).

A partir de 2004, diversos municípios desenvolveram, com

apoio financeiro do Ministério das Cidades, planos

municipais de redução de risco, que definiram estratégias e

prioridades para implantação das intervenções de

segurança nas localidades mais vulneráveis.

Page 50: Aula 02

Para saber mais sobre prevenção de riscos veja:

Brasil. Ministério das Cidades/Instituto de Pesquisas

Tecnológicas – IPT. Mapeamento de Riscos em Encostas e

Margem de Rios / Celso Santos Carvalho, Eduardo Soares

de Macedo e Agostinho Tadashi Ogura, organizadores –

Brasília: Ministério das Cidades; Instituto de Pesquisas

Tecnológicas – IPT, 2007, disponível em:

http://www.cidades.gov.br/images/stories/ArquivosSNPU/Biblio

teca/PrevencaoErradicacao/Livro_Mapeamento_Enconstas_M

argens.pdf

Page 51: Aula 02

Sobre como tratar o tema do risco no Plano de Habitação ver:

NOGUEIRA, R. F. REGINO, T. AKAISHI, A. FUKUMOTO, M.

M. São Bernardo do Campo: conhecimento da

precariedade e risco como subsídios para o planejamento

e gestão ambiental. In: DENALDI, R. (Org) Planejamento

Habitacional: notas sobre precariedade e terra nos Planos

Locais de Habitação. Annablume: São Paulo, 2013.

No site do MCidades estão disponíveis, também, diversos

Planos Municipais de Redução de Riscos, que podem ser

acessados em:

http://www.cidades.gov.br/index.php/prevencao-e-erradicacao-

de-riscos/823-planos-municipais-de-reducao-de-riscos.html

Page 52: Aula 02

Referências Bibliográficas BRASIL. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.

Política Nacional de Habitação. Cadernos M.Cidades nº 4, Brasília,

2005.

______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de

Habitação/Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise

e Planejamento. Assentamentos precários no Brasil urbano.

Brasília: Ministério das Cidades, 2007.

______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de

Habitação/Centro de Estudos da Metrópole/Centro Brasileiro de Análise

e Planejamento. Déficit Habitacional no Brasil 2008. Brasília:

Ministério das Cidades, 2011.

______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.

DENALDI R, SANTA ROSA J. (orgs.). Curso a Distância: Planos

Locais de Habitação de Interesse Social. Brasília: Ministério das

Cidades, 2009.

______. Plano Nacional de Habitação – 2008-2023. Brasília:

Ministério das Cidades. Secretaria Nacional de Habitação e Consórcio

PlanHab, 2009.

______. Ministério das Cidades, Secretaria Nacional de Habitação.

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Precários. Brasília: MCidades, 2010.

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Ministério das Cidades. SANTA RJ (org.). Política Habitacional e a

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CARDOSO AL, ARAUJO RL, GHILARDI FH. Necessidades Habitacionais.

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Habitacional: notas sobre precariedade e terra nos Planos Locais

de Habitação. São Paulo, 2013

Page 55: Aula 02

Coordenação Geral

Maria de Lourdes Pereira Fonseca

Coordenação de Conteúdo

Rosana Denaldi

Equipe Conteúdo

Rosana Denaldi

Maria de Lourdes Pereira Fonseca

Ana Gabriela Akaishi

Eleusina Layôr Holanda de Freitas

Robson Freire de Carvalho Basílio Alves

Lilian Farias Gonçalves

Page 56: Aula 02

EQUIPE DE PROFESSORES E

TUTORES (EaD) Professores

Rosana Denaldi

Maria de Lourdes Pereira Fonseca

Ana Gabriela Akaishi

Camila Nastari Fernandes

Tutores

Camila Caroline Zeni Silva

Henrique Gonçalves da Silva

Jéssica Priscila da Silva

Joyce Louise da Silva Costa

Leandro Sorrenti

Leonardo Santos Salles Varallo

Pollyanna Helena da SIlva

Tatiana Peixoto Gonçalves

Page 57: Aula 02

Apoio Administrativo

Andreia Prando da Cunha

PROEX - UFABC

Page 58: Aula 02

COORDENAÇÃO TECNOLÓGICA

E EQUIPE MULTIDISCIPLINAR

DE EAD

Designer Instrucional

Dilma Bustamante Braga

Revisora de AVA

Fernanda Paiva Furtado da Silveira

Tutora

Audréa Prado

Web Design e Suporte Técnico:

Ricardo Guiotti

Fernando Costa

www.keeplay.com

Page 59: Aula 02

Revisão de Texto

Dilma Bustamante Braga

Fernanda Paiva Furtado da Silveira

Colaboradora: Audréa Prado

Page 60: Aula 02

Parceiros

DEMACAMP Planejamento, Projeto e Consultoria SS Ltda.

OSCIP Direito à Justiça

Fundação AVSI

Financiamento

Ministério da Educação

Secretaria de Educação Superior (PROEXT 2013)

Apoio

Ministério das Cidades - Diretoria de Desenvolvimento Institucional

Caixa Econômica Federal