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. CURSO ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – TRIBUNAIS DO PODER JUDICIÁRIO PROFESSOR: ROBERTO TRONCOSO Prof. Roberto Troncoso www.pontodosconcursos.com.br 1 Aula 03 4 Dos direitos e garantias fundamentais: garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos I. DIFERENÇA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMÉDIOS CONSTITUCIONAIS -----3 II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA -------------------------------------------------------------------------5 III. HABEAS CORPUS (HC) -------------------------------------------------------------------------------------------------------6 IV. HABEAS DATA (HD)---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16 V. MANDADO DE SEGURANÇA (MS) ----------------------------------------------------------------------------------- 20 VI. MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (MSC)------------------------------------------------------------- 31 VII. MANDADO DE INJUNÇÃO (MI) -------------------------------------------------------------------------------------- 35 VIII. AÇÃO POPULAR (AP) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 46 IX. EXERCÍCIOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53 X. QUESTÕES DA AULA --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 82 XI. GABARITO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 94 XII. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ---------------------------------------------------------------------------------------- 95 Olá futuros Analistas da Área Jurídica do Poder Judiciário! Prontos para o SEU salário de R$ 6.611,39 e para ocupar um cargo no Poder Judiciário? Estão estudando como eu ensinei na aula inaugural? E os resultados? Tenho certeza de que estão melhorando! E também estou certo de que eles serão cada vez melhores! Ultimamente, temos tido excelentes notícias! Ainda mais com a publicação do edital do TST! Assim, não vão faltar concursos para nós! Fiquem firmes! Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 4 Dos direitos e garantias fundamentais: garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e políticos. Como sempre, faremos muitos exercícios do CESPE e da FCC para que você treine muito e tenha uma visão de todos os ângulos da matéria: serão muitas questões comentadas!

Aula 03 - Direito Constitucional

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    Aula 034 Dos direitos e garantias fundamentais: garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e polticos

    I. DIFERENA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMDIOS CONSTITUCIONAIS -----3II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA -------------------------------------------------------------------------5III. HABEAS CORPUS (HC) -------------------------------------------------------------------------------------------------------6IV. HABEAS DATA (HD)---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16V. MANDADO DE SEGURANA (MS)----------------------------------------------------------------------------------- 20VI. MANDADO DE SEGURANA COLETIVO (MSC)------------------------------------------------------------- 31VII. MANDADO DE INJUNO (MI) -------------------------------------------------------------------------------------- 35VIII. AO POPULAR (AP) ------------------------------------------------------------------------------------------------------- 46IX. EXERCCIOS ----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 53X. QUESTES DA AULA --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 82XI. GABARITO -------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 94XII. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ---------------------------------------------------------------------------------------- 95

    Ol futuros Analistas da rea Jurdica do Poder Judicirio!

    Prontos para o SEU salrio de R$ 6.611,39 e para ocupar um cargo no Poder Judicirio?

    Esto estudando como eu ensinei na aula inaugural? E os resultados? Tenho certeza de que esto melhorando! E tambm estou certo de que eles sero cada vez melhores!

    Ultimamente, temos tido excelentes notcias! Ainda mais com a publicao do edital do TST! Assim, no vo faltar concursos para ns! Fiquem firmes!

    Na aula de hoje, estudaremos a seguinte parte do seu edital: 4 Dos direitos e garantias fundamentais: garantias constitucionais individuais; garantias dos direitos coletivos, sociais e polticos.

    Como sempre, faremos muitos exerccios do CESPE e da FCC para que voc treine muito e tenha uma viso de todos os ngulos da matria: sero muitasquestes comentadas!

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    Comearemos com a parte terica e os exerccios estaro ao final. Ao responder as questes, leia todos os comentrios, pois foram feitas vrias observaes alm da mera resoluo da questo.

    Na aula de hoje, teremos APENAS 39 pginas de contedo (teoria). O restante das pginas dividido entre exerccios comentados, MUITOS esquemas e uma lista com as questes da aula. Dessa forma, apesar de o nmero de pginas ser elevado, a leitura do material bastante rpida e agradvel!

    Voc notar que alguns esquemas e respostas foram exaustivamente repetidos nos comentrios das questes. Isso no por acaso! Sugiro que voc os revise vrias vezes, para internalizar o conhecimento.

    Caso tenham alguma dvida, mandem-na para o frum ou para o email [email protected].

    Vamos ento nossa aula!

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    I. DIFERENA ENTRE DIREITOS, GARANTIAS E REMDIOS CONSTITUCIONAIS

    Caro aluno, ns j estudamos vrios direitos at aqui: os direitos individuais ecoletivos, os socais, os polticos, os de nacionalidade etc. Pois bem, os direitosso justamente esses bens e vantagens prescritos na Constituio.

    Mas o que acontece se algum tem o direito, mas por algum motivo no consegue exerc-lo? Para isso servem as garantias: elas so os instrumentos que asseguram o exerccio dos direitos.

    OBSERVAO: Muitas vezes, as bancas, os autores e os professores utilizam essas expresses (direitos e garantias) como sinnimas. At porque essa linha, s vezes, bem tnue. Assim, muito dificilmente, as bancas vo considerar incorreta uma questo somente por conta dessa divergncia (chamar direito de garantia e vice-versa).

    J os remdios so espcies de garantias e podem ser divididos em remdios administrativos e remdios judiciais.

    Os remdios administrativos so instrumentos assegurados pessoa para que ela consiga exercer seus direitos sem precisar recorrer ao Poder Judicirio.Assim, o dono do direito consegue exerc-lo utilizando-se simplesmente da via administrativa. Dois remdios administrativos previstos na Constituio so: odireito de petio e o direito de certido. Somente para relembrar:

    Art. 5, XXXIV - so a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas:

    a) o direito de petio aos Poderes Pblicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder;

    b) a obteno de certides em reparties pblicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situaes de interesse pessoal;

    J os remdios judiciais so os instrumentos que possibilitam que algum exera seu direito, mas deve-se recorrer ao Poder Judicirio. Assim, eles so aes especficas para que algum alcance ou exera algum direito que possui e que est sendo violado. Os remdios judiciais previstos na CF so os seguintes:

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    x Habeas Corpus (HC),

    x Habeas Data (HD),

    x Mandado de Segurana (MS),

    x Mandado de Segurana Coletivo (MSC),

    x Ao Popular (AP) e o

    x Mandado de Injuno (MI).

    Vamos estudar agora cada um deles. Mas somente para que fique mais claro, quando falamos de esfera judicial e esfera administrativa, bastante interessante que voc entenda perfeitamente o que isso significa:

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    II. ESFERA JUDICIAL E ADMINISTRATIVA

    Quando falamos em esfera administrativa, estamos falando em ADMINISTRAO PBLICA, ou seja, os rgos pblicos em geral, como a Receita Federal, INSS, CGU, DETRAN, Ministrios etc.

    J quando falamos em esfera judicial, estamos nos referindo especificamente ao Poder Judicirio exercendo sua funo tpica. Duas consideraes:

    1- Um Tribunal, se estiver exercendo a atividade tpica do Poder Judicirio, ou seja, provendo a prestao jurisdicional, ser considerado esfera judicial. No entanto, se o mesmo Tribunal estiver exercendo atividade tipicamente administrativa (ex. realizando uma licitao), ser considerado esfera administrativa.

    2- Para facilitar a diviso dos trabalhos, o Poder Judicirio (enquanto funo tpica) dividido em duas grandes reas: civil e penal. Tanto a esfera civil quanto a penal so parte do Poder Judicirio (na esfera judicial).Guarde essas informaes, pois sero importantes para daqui a pouco.

    Esquematizando:

    x Diferenas entre Direitos, Garantias e Remdios Constitucionaiso Direitos: bens e vantagens prescritos na CFo Garantias: Instrumentos que asseguram o exerccio dos direitos.o Remdios: Espcie de garantia

    Remdios Administrativos - Direito de certido- Direito de petio

    Judiciais - Habeas Corpus (HC)- Habeas Data (HD) - Mandado de Segurana (MS)- Mandado de Segurana Coletivo (MSC)- Ao Popular (AP)- Mandado de Injuno (MI)

    o Esfera - Judicial - Civil- Penal

    - Administrativa

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    III.HABEAS CORPUS (HC)

    A Constituio dispe em seu art. 5, LXVIII: conceder-se- "habeas-corpus" sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder.

    Assim, o habeas corpus uma ao usada para proteger o direito de ir e vir, o direito de liberdade. Os dois marcos histricos dessa ao so datados de 1215 com o Rei Joo Sem Terra e de 1679 com o Habeas Corpus Act.

    O HC uma ao penal (lembre-se: dentro da esfera judicial e, dentro dessa, da rea penal) e de procedimento especial. Justamente por proteger um dos direitos mais crticos do ser humano, a liberdade, o HC uma ao de procedimento mais rpido do que as aes comuns (rito sumrio).

    Essa ao possui algumas figuras importantes:

    i. Quem entra com a ao.

    ii. Contra quem se entra com a ao.

    iii. Em favor de quem se entra com a ao, ou seja, quero proteger a liberdade de quem?.

    Cada uma dessas figuras possui um nome diferente e algumas caractersticas e so importantes para a sua prova. Vamos a elas.

    1. IMPETRANTE

    O impetrante o nome de quem entra com a ao, o legitimado ativo para entrar com o habeas corpus.

    Assim, pode-se entrar com habeas corpus para proteger o direito de liberdade prprio ou de terceiros. Alm disso, qualquer pessoa ( qualquer pessoa mesmo!) pode entrar com essa ao: pessoa fsica, jurdica, nacional, estrangeira, capaz ou no, Ministrio Pblico... Assim, um menor de idade ou um deficiente mental podem impetrar um habeas corpus.

    Dica:

    Em direito, quem pode entrar com a ao se chama legitimado ativoe contra quem se entra com a ao se chama legitimado passivo.

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    Na ao do habeas corpus, como o direito protegido um direito altamente sensvel, existem excees a algumas regras adotadas pelo Poder Judicirio. Observe:

    a) Uma regra em direito que o Poder Judicirio no pode dar o que a pessoa no pede (vinculao ao pedido). Observe o art. 2 do Cdigo de Processo Civil: Nenhum juiz prestar a tutela jurisdicional seno quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e forma legais.

    Assim, se algum tem direito a 10, mas, ao entrar no judicirio, s pede 2, essa pessoa s poder ganhar 2 (aquilo que pediu). No entanto, no habeas corpus, o juiz pode agir de ofcio (por conta prpria) econceder o HC mesmo sem ningum ter pedido.

    b) Outra regra em direito que as partes devem ser sempre representadas por advogado, pois este o nico que tem a capacidade postulatria(capacidade de agir em juzo). No entanto, para amplificar a proteo liberdade, no HC, no se precisa de advogado.

    c) Mais uma importante regra em direito que devem ser cumpridas vrias formalidades processuais e instrumentais. Como exemplo, observe o art. 282 do Cdigo de Processo Civil (no precisa saber esse artigo para a sua prova de Direito Constitucional, ok? s para exemplificar):

    Art. 282. A petio inicial indicar:I - o juiz ou tribunal, a que dirigida;II - os nomes, prenomes, estado civil, profisso, domiclio e residncia do autor e do ru;III - o fato e os fundamentos jurdicos do pedido;IV - o pedido, com as suas especificaes;V - o valor da causa;VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;VII - o requerimento para a citao do ru.

    No habeas corpus, no existe qualquer formalidade processual ou instrumental. Pode-se entrar com a petio inicial escrita em um papel de po, que ela dever ser analisada pelo Poder Judicirio.

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    2. PACIENTE

    O paciente a pessoa em favor de quem se entra com o habeas corpus. Como paciente, s se admite que sejam pessoas fsicas (pessoas de carne e osso).Assim, no cabe o HC para proteger pessoa jurdica, pois o direito de liberdade no se aplica a elas.

    x Exemplificando: pessoa jurdica Coca-Cola.

    o Quem tem direito liberdade o diretor da empresa (pessoa fsica) e no a Coca-Cola (pessoa jurdica).

    o Quem pode ir e vir um funcionrio da fbrica (pessoa fsica) eno a Coca-Cola (pessoa jurdica).

    Entenderam porque o direito de liberdade / ir e vir no se aplica s pessoas jurdicas?

    Cabe ressaltar que as pessoas jurdicas podem cometer crimes (ambientais, por exemplo), mas no podem ser apenadas com o cerceio da liberdade (HC 92.921/BA).

    3. IMPETRADO

    O impetrado o legitimado passivo da ao, ou seja, contra quem se entra com a ao. O legitimado passivo pode ser autoridade pblica que cometa ilegalidade ou abuso de poder ou o particular que cometa ilegalidade.

    Assim, observe que o HC pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coao ilegal!

    Exemplo 1: reteno ilegal de paciente em hospital particular em que se encontra internado at que seja paga a conta. Cabe o HC, pois a reteno ilegal e lesa o direito de ir e vir.

    Exemplo 2: reteno, pelo empregador, de trabalhador em imvel rural para pagamento de eventuais dvidas. Tambm cabe o HC, pois a reteno ilegal e lesa o direito de ir e vir.

    No confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurana contra particular no exerccio de funo pblica (a ser estudado mais frente).

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    Esquematizando:HABEAS CORPUS (HC)

    x art. 50, LXVIII - conceder-se- "habeas-corpus" sempre que algum sofrer ou se achar ameaado de sofrer violncia ou coao em sua liberdade de locomoo, por ilegalidade ou abuso de poder;

    x Direito protegido: Ir e vir direito de 1a gerao

    x Origem - 1215 Rei Joo-Sem-Terra- 1679 habeas corpus act

    x Natureza: Penal e procedimento especial (Alexandre de Moraes)

    x Impetrante - Quem entra com a ao(Legitimado - Para si ou 3

    ativo) - Qualquer um - Pessoa fsica ou jurdica- Nacional ou estrangeiro- MP- Capaz ou no

    - Juiz concede de ofcio- No precisa de advogado- No tem qualquer formalidade processual ou instrumental

    x Paciente - Pessoa em favor da qual se entra com HC- Somente pessoa fsica - No cabe HC para proteger pessoa jurdica

    - Pessoa jurdica comete crime (ambiental), mas no pode ser apenada com cerceio da liberdade (HC 92.921/BA)

    x Impetrado - Autoridade coatora(Legitimado - Pode ser - Pblica ilegalidade ou abuso de poder

    Passivo) - Particular - ilegalidade

    Pode ser impetrado contra PARTICULAR para cessar uma coao ilegal!!!Ex: hospital psiquitricoEx: reteno de paciente em hospital particular em que se encontra internado at que seja paga a contaEx: a reteno, pelo empregador, de trabalhador em imvel rural para pagamento de eventuais dvidas.

    No confundir o HC impetrado contra particular com Mandado de Segurana contra particular no exerccio de funo pblica

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    4. OUTRAS CARACTERSTICAS DO HABEAS CORPUS

    O habeas corpus pode ser usado para proteger a liberdade de algum antes ou depois desse direito ser indevidamente violado. Assim, se algum j teve sua liberdade indevidamente restrita, o HC se chama repressivo ou liberatrio. Por outro lado, quando algum est prestes a ter sua liberdade indevidamente violada, o HC ser chamado de preventivo ou salvo conduto. Alm disso, cabvel desistncia do HC.

    Para garantir uma maior proteo a esse direito sensvel, o HC sempre gratuito e cabvel contra ato omissivo ou comissivo. Um ato omissivo uma omisso, um no fazer, um ato negativo. J o ato comissivo um agir, um fazer, um ato positivo.

    x Exemplo de ato comissivo: uma ordem de priso ilegal expedida por um juiz;

    x Exemplo de ato omissivo: um juiz que deveria mandar soltar algum e no o faz, mantendo algum preso ilegalmente.

    Outra informao importante que o habeas corpus cabvel contra ofensa direta ou indireta ao direito de liberdade (lembre-se: a ideia que esse direito seja protegido da forma mais ampla possvel).

    x Ofensa direta: quando um ato atenta diretamente contra a liberdade de algum. Ex: uma ordem de priso irregular.

    x Ofensa indireta: quando um ato no restringe diretamente a liberdade, mas pode levar, futuramente, violao indevida. Ex: um inqurito policial ou uma ao penal que possuem algum vcio. Eles no atingem diretamente a liberdade, mas se forem levadas adiante com o vcio podem, futuramente, atingi-la de forma indevida.

    Dessa forma, cabe HC para trancar ao penal ou inqurito policial; no se depor em CPI; impugnar quebra de sigilo telefnico e de dados ou quebra de sigilo bancrio, desde que se esteja em mbito criminal e se possareflexamente culminar na restrio da liberdade. Por outro lado, se a quebra do sigilo bancrio estiver em mbito administrativo, no cabe HC uma vez que esse procedimento no poder atingir a liberdade de algum.

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    Esquematizando:

    x Espcies de HC - Repressivo ou liberatrio- Preventivo ou salvo conduto

    x Gratuito

    x Cabe contra ato comissivo ou omissivo

    x Cabe desistncia

    xDIRETA

    x INDIRETA, - Trancar ao penal ou inqurito policialREFLEXA OU - No depor em CPIPOTENCIAL - Impugnar quebra do sigilo telefnico/dados

    - Impugnar quebra de sigilo bancrio mbito criminal e puder reflexamente culminar na

    restrio da liberdade: Cabe HC mbito administrativo: No cabe HC

    5. LIMINAR/CAUTELAR EM HABEAS CORPUS

    Meu amigo e futuro Analista da rea Jurdica do Poder Judicirio, voc concorda que, em regra, julgar uma ao nem sempre uma coisa rpida? Veja bem: o juiz tem que ouvir as partes, produzir as provas necessrias, ouvir as testemunhas etc. Uma ao no judicirio geralmente bastante trabalhosa e demorada.

    No entanto, existem situaes em que a prestao jurisdicional deve ser feita imediatamente e, se no o for, o direito vai se perder. Para esses casos, existeo instituto da liminar ou cautelar.

    Imagine a seguinte situao: um aluno que acabou de passar no vestibularest sendo indevidamente impedido de realizar a matrcula em umauniversidade pblica. Ora, se ele no realizar a matrcula imediatamente, o semestre comear e o aluno ficar prejudicado. De nada adiantaria que o juiz desse ganho de causa a esse aluno daqui a um ano. Mesmo tendo ganhado a ao, ele j teria perdido um ou dois semestres de qualquer forma.

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    Por outro lado, o Poder Judicirio no pode julgar uma causa s pressas, sem o devido cuidado. Nesses casos, o juiz concede a liminar (ou cautelar). como se o juiz falasse assim: v exercendo o direito enquanto eu julgo melhor a ao.

    Importante ressaltar que a concesso da liminar no significa que a pessoa j ganhou a ao. O julgamento pode ser contrrio ou a favor de quem ganhou a liminar.

    Importante ressaltar tambm que, para que seja concedida a cautelar, em qualquer ao do judicirio, so necessrios dois requisitos:

    x Periculum in mora ou perigo na demora: para que seja concedida a liminar, fundamental que haja o perigo na demora, em outras palavras, se o judicirio no decidir agora, no adianta mais (o direito ter perecido).

    x Fumus boni juris ou fumaa do bom direito: para que seja concedida a cautelar, necessrio tambm que a pessoa parea estar certa. Assim, no necessrio que a causa seja julgada nos mnimos detalhes, mas preciso que, o ganhador da liminar aparentemente tenha razo.

    Explicado o que uma cautelar, voc deve saber que possvel a concesso de liminar na ao do habeas corpus, desde que estejam presentes os dois requisitos: periculum in mora e o fumus boni juris.

    6. HIPTESES ONDE NO CABE HABEAS CORPUS

    Muitas questes de prova podem ser resolvidas com duas simples regrinhas eque j no so mais novidade para ns:

    1- Somente cabe HC para proteger o direito de liberdade e, se no h violao ao direito de liberdade, no caber o habeas corpus.

    2- Somente cabe HC se a restrio de liberdade for irregular. Se a priso ou o procedimento forem legais, obviamente no caber HC.

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    Assim, com essas duas regrinhas, voc ser capaz de resolver praticamente todas as questes de prova sobre o cabimento ou no de habeas corpus. Oesquema abaixo traz as questes mais comuns de prova:

    - Impeachment por crime de responsabilidade deciso poltica e no pe em risco o direito de ir e vir

    - Determinao de suspenso de direitos polticos no afeta o direito de liberdade

    - Deciso ADMINISTRATIVA de carter disciplinar (advertncia, suspenso...) ou paratrancar o processo administrativo (HC 100.664/DF) no afeta o direito de liberdade

    - Deciso condenatria pena de MULTA no afeta o direito de liberdade

    - Deciso em processo criminal onde a pena de multa a nica cominada no afeta o direito de liberdade

    - (Smula 693)

    - Quebra de sigilo telefnico, bancrio ou fiscal se NO puder resultar em pena privativa de liberdade

    - Condenao criminal quando j extinta a pena privativa de liberdade (Smula 695) no afeta o direito de liberdade

    - Questionar - Afastamento ou perda de cargo pblico- Excluso de militar- Perda de patente ou funo pblica

    - Sequestro de bens imveis

    - Dirimir controvrsia de guarda de filhos menores

    - Inqurito policial, desde que presentes os requisitos legais (indcios de autoria e materialidade)

    - Para tutelar direito de reunio no afeta o direito de liberdade

    - Discutir o mrito de punies disciplinares militares - Cabe o HC para discutir a legalidade (HC 70.648/RJ)

    - Como sucedneo da reviso criminal (no pode ser usado para desfazer sentena transitada em julgado)

    - Decises do STF (turmas ou plenrio) eles representam o prprio STF

    Regra 1- Se no ameaa a LIBERDADE: NO CABE HC2 - Se a priso ou o procedimento que possa levar priso forem legais / regulares: NO CABE HC

    No

    cab

    e HC

    con

    tra

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    7. PRINCIPAIS COMPETNCIAS PARA JULGAMENTO DE HC

    Via de regra, as competncias para julgamento da ao do habeas corpus so em razo da autoridade coatora, ou seja, quem julga a ao depende do legitimado passivo (do impetrado).

    As competncias para julgamento do habeas corpus esto previstas nos artigos. 102, 105, 108, 109 e 121 da Constituio e, infelizmente, no conheo uma maneira diferente de estud-las a no ser o bom e glorioso decoreba. Vamos aos esquemas para facilitar a nossa vida:

    x Principais competncias para julgamento de HCo Regra: de acordo com a autoridade coatora, mas h exceeso Arts. 102 + 105 + 108 + 109 +121

    - Quando o - Presidente da Repblica PACIENTE for - Vice-Presidente da Repblica

    - Membros do CN (deputados e senadores)- Ministros do STF- Pocurador-Geral da Repblica- Ministro de Estado ou Comandantes das Foras Armadas

    - (aqui paciente. Se for coator ser o STJ)- Membros dos - Tribunais Superiores

    - TCU- Chefes misso diplomtica de carter permanente

    - Quando o - COATOR for Tribunal Superior

    - COATOR ou PACIENTE for autoridade ou funcionrio cujos atos estejam sujeitos diretamente jurisdio do STF ou se trate de crime sujeito mesma jurisdio em uma nica instncia;

    HC decidido em nica instncia por Tribunal Superior e a deciso for DENEGATRIA

    Originria

    STF

    Em recurso ordinrio

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    - quando o COATOR - Governadorou PACIENTE for - Desembargador de TJ Estadual

    - Membros de - TCE- TRF- TRE - TRT- TC dos M- MPU que oficiem perante os tribunais

    - quando o COATOR - Tribunal sujeito jurisdio do STJ- MinE, Comandante das foras armadas

    - (aqui coator. Se for paciente ser o STF)- Ressalvada a Justia Eleitoral

    - HC decidido em nica ou ltima instncia pelos TRFsou TJ Estaduais, quando a deciso for DENEGATRIA

    quando o COATOR for Juiz Federal

    deciso de Juiz Federal ou Juiz Estadual no exerccio da competncia federal

    Julgar HC em matria criminal de sua competncia ou quando constrangimento vier de autoridade cujos atos no estejam diretamente sujeitos a outra jurisdio

    9 Entre outros (art. 121, 3 e 4, V + 105, I, c: justia eleitoral)

    Originria

    STJ

    Em recurso ordinrio

    TRFOriginria

    Em recurso ordinrio

    Juiz Federal

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    IV.HABEAS DATA (HD)

    Meus futuros Analistas da rea Jurdica do Poder Judicirio, a Constituio dispe em seu art. 5, LXXII - conceder-se- "habeas-data":

    a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico;

    b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

    O Habeas data foi adotado pela Constituio de 1988, principalmente, para solucionar um problema bastante comum na poca da ditadura militar: as pessoas no tinham acesso s informaes que os bancos de dados pblicos possuam sobre elas e, quando tinham o acesso, muitas vezes no conseguiam retificar a informao, caso ela estivesse errada. O HD um remdio eminentemente democrtico e veio para que o indivduo pudesse ter conhecimento e/ou consertar as informaes que o poder pblico possui sobre ele.

    Combinando a letra da Constituio com a lei sobre o habeas data (lei n 9.507/97), o HD se presta para:

    1- ACESSAR informaes relativas pessoa do impetrante constante de banco de dados pblico ou de carter pblico.

    Assim, a primeira funo do habeas data que o indivduo tenha acesso s informaes que um banco de dados possui sobre ele. O referido banco de dados pode ser pblico, ou seja, do governo, ou ter carter pblico. Assim, cabe habeas data para que se tenha acesso a um banco de dados particular, mas que possui carter pblico (Ex: SPC/SERASA).

    Por outro lado, se o banco de dados for privado e no possuir carter pblico, no caber HD para que se tenha acesso a ele.

    2- RETIFICAR dados quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

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    Caso a pessoa tenha acesso ao banco de dados, mas no consiga corrigir as informaes que porventura estejam equivocadas, tambm caber o habeas data.

    3- COMPLEMENTAR anotao nos assentamentos do interessado, de contestao ou explicao sobre dado verdadeiro, mas justificvel eque esteja sob pendncia judicial ou amigvel (art. 7, III da Lei no 9.507/97).

    1. INFORMAES GERAIS SOBRE O HABEAS DATA

    Assim como o habeas corpus, o habeas data tambm gratuito. Alm disso, o HD ter sempre natureza individual e civil (enquanto o HC penal), ou seja, no cabe HD coletivo.

    Devemos ter em mente que o habeas data ainda diferente dos direitos de certido e de petio. Dessa feita, ele no serve para se obter uma declarao ou mesmo para pedir algum direito, como o direito de certido e petio. O HD se presta para acessar, retificar ou complementarinformaes relativas pessoa do impetrante, que estejam em um banco de dados pblicos ou de carter pblico.

    Precisa-se de advogado para se entrar com a referida ao e o Estado pode negar as informaes por razes de segurana da sociedade e do Estado. Alm disso, o HD no pode ser usado com o simples intuito de se ter acesso a autos de processos administrativos e o impetrante no precisa demonstrar interesse nenhum ou para que as informaes serviro.

    2. LEGITIMIDADE ATIVA

    Pode entrar com o habeas data qualquer pessoa fsica ou jurdica, nacional ou estrangeira que pretenda acessar, retificar ou complementar informaes relativas sua pessoa constantes de banco de dados pblico ou de carter pblico.

    Em regra, esta ao personalssima, ou seja, somente pode entrar com o HD no Poder Judicirio o titular do direito (o dono do direito). No entanto, excepcionalmente, o cnjuge e os herdeiros do falecido podem impetr-lo quando se pretende acessar, retificar ou complementar informaes relativas a pessoas j falecidas.

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    Ao contrrio do Habeas Corpus, para se impetrar um Habeas Data, necessrio um advogado.

    3. LEGITIMIDADE PASSIVA

    O legitimado passivo do habeas data (contra quem se entra com a ao) a pessoa jurdica de direito pblico ou privado que controla o banco de dados.

    4. NECESSIDADE DE RECUSA NA VIA ADMINISTRATIVA

    O princpio do livre acesso ao Judicirio garante que, em regra, no necessrio que se entre na via administrativa para que se possa entrar no Poder Judicirio. Dessa forma, a regra que, independentemente do pedido administrativo, pode-se entrar direto no Judicirio para a defesa de direitos.

    No entanto, o habeas data uma exceo a essa regra: necessrio que, antes de se entrar com HD, haja a recusa na via administrativa. Isso ocorre porque no existe a menor lgica em se provocar o Poder Judicirio antes mesmo de se ter a negativa na via administrativa (antes de haver a violao ao direito).

    Esquematizando:

    HABEAS DATA (HD)

    x Art. 50 LXXII - conceder-se- "habeas-data":

    a) para assegurar o conhecimento de informaes relativas pessoa do impetrante, constantes de registros ou bancos de dados de entidades governamentais ou de carter pblico;

    b) para a retificao de dados, quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo.

    x HD serve para:

    I ACESSAR informaes relativas pessoa do impetrante constante de banco de dados pblicoou de carter pblico

    o O banco de dados tem que ter CARTER PBLICO (SPC/SERASA) se for para uso prprio da empresa e no transmitida para terceiros NO CABE HD

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    II RETIFICAR dados quando no se prefira faz-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo

    o Retificao - Processo sigiloso - Judicial- Administrativo

    - HD

    III COMPLEMENTAR anotao nos assentamentos do interessado, de contestao ou explicao sobre dado verdadeiro, mas justificvel e que esteja sob pendncia judicial ou amigvel (art. 70, III da Lei no 9.507/97)

    o Gratuito

    o Natureza - Individual No existe HD coletivo- Civil (enquanto HC penal)

    o HD diferente de obter certides ou direito de petio

    o No serve para pleitear acesso a autos de processo adm

    o Precisa de advogado (enquanto o HC no precisa)

    o No absoluto: segurana da sociedade e do Estado

    x Legitimidade - QUALQUER pessoa - Nacional ou estrangeiraAtiva - Fsica ou jurdica

    - Regra: Personalssima (s pode ser impetrada pelo titular)- Exceo: Cnjuge e herdeiros do falecido podem entrar com HD

    - Precisa de Advogado (HC no precisa)

    x Legitimidade passiva: Pessoa jurdica de direito pblico ou privado que controla o banco de dados

    x Necessrio 1o haver recusa na via adm ao - Acesso dos dados- Retificao das informaes- Complementao de informaes (Anotao nos assentamentos...)

    Info

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    V. MANDADO DE SEGURANA (MS)

    Meu caro aluno e futuro Analista da rea Jurdica do Poder Judicirio, aConstituio dispe em seu art. 5, LXIX: conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico;

    Para melhor entendermos o MS, devemos seguir quatro passos:

    PASSO 1: O mandado de segurana se presta a proteger o direito lquido e certo ( aquele direito demonstrado de plano, de pronto).

    Alm disso, como regra no direito, dentro do processo pode-se produzir provas, tais como realizao de percias, audincias, ouvir testemunhas, acareaes e etc. O nome que se d a essa produo de provas no decorrer do processo dilao probatria.

    No entanto, no mandado de segurana o rito um pouco diferente: no existe a dilao probatria. Isso quer dizer que, via de regra, no se produz provas no processo do mandado de segurana e, por isso, as provas devem ser levadas aos autos no momento da impetrao do MS (as provas devem ser pr constitudas).

    Outra observao importante que o direito tem que ser lquido e certo em relao matria de fato. J a matria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada em mandado de segurana. Assim, a expresso "direito lquido e certo" pressupe a incidncia da regra jurdica sobre fatos incontroversos e a complexidade da questo jurdica envolvida no pode constituir empecilho admisso do MS.

    Exemplo: imagine s que um juiz receba uma causa bastante complicada, que envolve a aplicao de vrias leis, vrias normas e vrios princpios. Ou seja, acausa juridicamente muito complexa. Nesse caso, caso o direito seja lquido e certo, o juiz deve sim julgar o Mandado de Segurana e no pode alegar que a complexidade jurdica impede o julgamento do MS.

    PASSO 2: o direito (que lquido e certo) no pode ser amparado por habeas corpus ou habeas data. Dessa forma, caso se queira entrar com

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    uma ao para proteger o direito de liberdade de algum, no caber o MS, pois o remdio correto o habeas corpus. Igualmente, caso se deseje ter acesso, retificar ou complementar informaes relativas pessoa do impetrante em bancos de dados pblicos ou de carter pblico tambm no caber o mandado de segurana, pois o remdio correto o habeas data.Assim, diz-se que o mandado de segurana residual ou subsidirio.

    PASSO 3: O coator deve ser autoridade pblica ou particular no exerccio de atribuies do poder pblico. Dessa feita, no cabe MS contra atos de particulares (salvo se estiverem exercendo atividade pblica).

    PASSO 4: o poder pblico ou o particular no exerccio de atividade pblica devem ter cometido ilegalidade ou abuso de poder. Obviamente, se os atos dos referidos agentes estiverem de acordo com o ordenamento jurdico, no caber o mandado de segurana.

    Cabe ainda o MS contra ato comissivo (uma ao / um ato positivo) ou omissivo (uma no ao / um ato negativo) e contra atos vinculados ou discricionrios.

    1. INFORMAES GERAIS

    Assim como o habeas corpus, cabe mandado de segurana contra LESO a um direito liquido e certo ou contra uma AMEAA de leso. Assim, o MS poder ser repressivo ou preventivo.

    A natureza do mandado de segurana ser sempre civil, independente de qual seja o ato impugnado (civil, penal ou administrativo). Assim, caso seja impugnado um ato administrativo, a natureza do MS ser civil. Caso seja contestado um ato judicial civil, a natureza do MS tambm ser civil e caso seja impugnado um ato judicial penal, a natureza do MS tambm ser civil(siga a regra).

    Alm disso sempre necessrio o advogado, o mandado de segurana admite desistncia, no gratuito, e a parte vencida no condenada a pagar honorrios advocatcios (STF smula 512).

    O MS possui ainda um prazo decadencial de 120 dias da cincia da leso ou ameaa para que seja impetrado. Decorrido este tempo, a ao no mais poder ser proposta, devendo o autor buscar seu direito por outros meios.

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    Esquematizando:

    MANDADO DE SEGURANA (MS)

    x LXIX - conceder-se- mandado de segurana para proteger direito lquido e certo, no amparado por "habeas-corpus" ou "habeas-data", quando o responsvel pela ilegalidade ou abuso de poder for autoridade pblica ou agente de pessoa jurdica no exerccio de atribuies do Poder Pblico;

    x MS serve para:1. Proteger direito lquido e certo (demonstrado de plano)

    No precisa dilao probatria As provas devem ser pr-constitudas levadas aos autos no momento da

    impetrao

    O direito tem que ser lquido e certo sobre matria de FATOx A matria de direito, por mais complexa que seja, pode ser analisada

    em MS

    2. O direito (lquido e certo) no pode ser amparado por HC ou HD MS residual subsidirio

    3. Quando o responsvel (coator) for - Autoridade pblica- Particular no exerccio de atribuies do poder

    pblico No cabe MS contra particular salvo se

    estiver exercendo atividade pblica

    4. E que cometa ilegalidade ou abuso de poder Cabe MS contra ato - Comissivo ou omissivo

    - Vinculado ou discricionrio Informaes Gerais

    x MS pode ser - Repressivo- Preventivo

    x Natureza - Civil qualquer que seja o ato impugnado (civil, penal, adm...)- Residual / Subsidirio o que no for de HC ou de HD.

    x No gratuitox Precisa de advogadox Cabe desistnciax A parte vencida no condenada a pagar honorrios advocatcios (STF smula 512)

    x Prazo - 120d da cincia da leso ou ameaa

    - Decadencial

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    2. LEGITIMADO ATIVO

    O legitimado ativo (quem pode entrar com a ao) do mandado de segurana o detentor do direito lquido e certo. De tal modo, esto englobados os seguintes: pessoas fsicas e jurdicas, rgos pblicos despersonalizados com capacidade processual (como as Mesas da Cmara dos Deputados e do Senado Federal e chefias do Executivo), universalidades de bens e direitos que no possuem personalidade, mas possuem capacidade processual (esplio, massa falida, condomnio), agentes polticos, Ministrio Pblico e rgos pblicos de grau superior na defesa de suas atribuies.

    3. LEGITIMADO PASSIVO

    O legitimado passivo do mandado de segurana (contra quem se entra com o MS) a autoridade coatora, ou seja, quem praticou o ato ilegal. Melhor falando, no o executor do ato em sentido estrito, mas sim quem detm o poder para corrigi-lo.

    Caso tenha havido delegao para a execuo de algum ato, o sujeito passivo ser sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante (quem delegou). De igual modo, o foro tambm ser o da autoridade delegada.Por exemplo: caso o Presidente da Repblica tenha delegado algum ato para um Ministro de Estado e este o execute cometendo ilegalidade ou abuso de poder, ser cabvel mandado de segurana contra o Ministro de Estado e no contra o Presidente da Repblica, bem como o foro de julgamento ser o do Ministro de Estado e no o do Presidente da Repblica.

    4. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANA

    Agora que j estudamos o que , para que serve, como funciona e quais so os legitimados do mandado de segurana, vamos estudar o seu objeto, ou seja, contra o que cabe e contra o que no cabe o mandado de segurana.

    x Deciso judicial

    Antes de adentrarmos nesse assunto, devemos saber quais so os efeitos dos recursos nas decises judiciais. O recurso de uma deciso judicial tem efeito suspensivo quando a sua interposio implicar a suspenso ou paralisao da execuo da sentena, at que o recurso interposto seja julgado.

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    Por outro lado, o recurso ter efeito devolutivo quando o autor devolve a matria para ser reanalisada por tribunal de instncia superior. Contudo, o efeito devolutivo no obsta o prosseguimento da execuo, assim, a ao continua correndo enquanto o recurso no julgado.

    Assim, caber mandado de segurana contra deciso judicial que no possua outro meio eficaz de sanar a leso, ou seja: cabe MS contra deciso judicial da qual no cabe recurso ou se o recurso tiver efeito devolutivo.

    Por outro lado, no cabe mandado de segurana para atacar deciso judicial se existe outro meio eficaz de sanar a leso, ou seja, no cabe MS contra deciso judicial da qual caiba recurso com efeito suspensivo.

    De igual modo, tambm no cabe MS contra deciso judicial transitada em julgado, em respeito segurana jurdica. Caso se queira desfazer a coisa julgada, o meio correto a ao rescisria (em mbito civil) ou a reviso criminal (em mbito penal).

    x MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS, pois este agente de Pessoa Jurdica exercendo atividade pblica.

    x MS contra lei: em regra, no cabe MS contra lei em tese (para isso serve a ao direta de inconstitucionalidade). No entanto, excepcionalmente, cabe MS contra lei de efeitos concretos.

    Uma lei em tese um ato normativo (que regula a vida das pessoas) que possui generalidade, abstrao e no possui um destinatrio certo e determinado. Quando analisamos uma lei em tese, quer dizer que olhamos diretamente para o texto da lei. No existe um caso concreto.

    Por exemplo: "matar algum crime". Estamos aqui olhando diretamente para o texto da lei. Ningum matou ningum ainda. No preciso que algum mate outra pessoa para que o ato seja considerado crime, ou seja: NO PRECISO CASO CONCRETO. No entanto, quando algum matar algum (quando o sair do mundo das ideias e for para o mundo real), isso ser considerado um crime e o caso concreto vai se encaixar no texto da lei.

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    J a lei de efeitos concretos uma lei que possui destinatrio certo e determinado. Ela considerada por muitos autores um ato administrativo. Veja alguns exemplos de leis de efeitos concretos:

    - Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heris da Ptria, depositado no Panteo da Ptria e da Liberdade, em Braslia, os nomes dos heris da "Revolta dos Bzios" Joo de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Lus Gonzaga das Virgens e Veiga.

    - Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ouautoriza a criao de empresa pblica, sociedade de economia mista ou fundao pblica.

    Como vimos, o mandado de segurana serve para proteger um direito subjetivo. Se analisamos uma lei em tese, no existe um caso concreto no havendo, portanto, um direito subjetivo a ser protegido. por isso que no cabe MS contra lei em tese e cabe MS contra lei de efeitos concretos.

    x Pagamento a servidor: Cabe mandado de segurana, mas somente para as parcelas aps a sua impetrao. Dessa forma, as parcelas anteriores devem ser pedidas pela ao prpria (ao de cobrana), uma vez que o mandado de segurana no substitui a ao de cobrana.

    x Atos interna corporis: Para efeitos de prova, considere os atos interna corporis como sendo os atos internos das Casas Legislativas, como os Regimentos Internos da Cmara dos Deputados, do Senado Federal ou do Congresso Nacional.

    Assim, no cabe MS contra atos interna corporis, sob pena de violao separao dos poderes. Essa uma exceo ao princpio da inafastabilidade da jurisdio.

    Mas ateno: se o ato ferir, ao mesmo tempo, a Constituio Federal, caber interveno do Judicirio.

    x Atos de gesto comercial praticados pelos administradores de Empresas pblicas, Sociedades de Economia Mista e Concessionrias de servios pblicos: No cabe MS uma vez que

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    esses atos, apesar de terem sido praticados por agentes pblicos, so atos de carter eminentemente privado.

    x Ato disciplinar: no cabe MS, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vcio no processo.

    Esquematizando:

    - Detentor do direito lquido e certo

    - Pessoas fsicas e jurdicas

    - rgos pblicos despersonalizados com capacidade processual(Mesas CD e SF, chefias do Executivo)

    x Legitimado ativo - Universalidades de bens e direitos (esplio, massa falida, do MS condomnio)

    No possuem personalidade, mas possuem capacidade processual

    - Agentes polticos

    - MP

    - rgos pblicos de grau superior na defesa de suas atribuies

    x Legitimidade passiva: autoridade coatora (quem praticou o ato)

    o No o executor (strictu sensu) e sim quem tem o poder para corrigir o atoo O sujeito passivo ser sempre a autoridade DELEGADA e nunca o delegante

    Smula 510 STF O foro ser o da autoridade DELEGADA

    x Objeto do Mandado de Segurana 1. MS contra - Cabe MS - Se no couber recurso

    deciso judicial - Se o recurso for apenas devolutivo

    - No cabe MS - Quando cabe recurso com efeito suspensivo- Contra deciso judicial transitada em julgado

    Esta deve ser atacada por ao rescisria (civil) ou reviso criminal (penal)

    Efeito devolutivo: o autor devolve a matria para ser reanalisada por tribunal de instncia superior. Contudo, o efeito devolutivo no obsta o prosseguimento da execuo, assim, a ao continua correndo enquanto o recurso no julgado.

    Efeito suspensivo - Para o Direito Processual, a suspenso ou paralisao da execuo da sentena, at que o recurso interposto seja julgado.

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    2. MS em face de diretor de estabelecimento de ensino: Cabe MS Agente de Pessoa Jurdica exercendo atividade pblica

    3. MS contra lei - Regra: No cabe MS contra lei em tese (para isso serve Adin)- Exceo: Cabe MS contra lei de efeitos concretos

    x Ex: lei 12.391 art. 10 - Inscrevam-se no Livro dos Heris da Ptria, depositado no Panteo da Ptria e da Liberdade, em Braslia, os nomes dos heris da "Revolta dos Bzios" Joo de Deus do Nascimento, Lucas Dantas de Amorim Torres, Manuel Faustino Santos Lira e Lus Gonzaga das Virgens e Veiga.x Ex: leis de tombamento; lei que institui uma autarquia ou autoriza a criao de empresa

    pblica, sociedade de economia mista ou fundao pblica.

    4. Pagamento a servidor Cabe MS Mas s para as parcelas aps a impetrao (STF smula 271) As anteriores devem ser pela ao prpria (ao de cobrana)

    x MS no serve - No substitui a ao de cobrana (STF smula 269)para cobrar - No pode ser sucedneo da ao de cobrana

    1. Atos interna corporis atos internos das casas legislativas (regimentos internos)o Sob pena de violao separao dos podereso Exceo ao princpio da inafastabilidade da jurisdioo OBS: se o ato ferir junto a CF caber interveno do Judicirio

    2. Lei em tese o STF Smula 266o Salvo se a lei tiver efeitos concretos Cabe MS

    3. Atos de gesto comercial - Empresas pblicaspraticados pelos administradores de - Sociedades de Economia Mista

    - Concessionrias de servios pblicos

    4. Ato disciplinar, salvo se feito por autoridade incompetente ou com vcio no processo

    5. Ato Judicial - Passvel de recurso com efeito suspensivo- Transitado em julgado (este deve ser atacado por ao rescisria ou reviso criminal)

    No

    cab

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    5. MINISTRIO PBLICO E O MANDADO DE SEGURANA

    Nas aes do mandado de segurana, o Ministrio Pblico deve sempre ser intimado. Alm disso, ele deve agir como o fiscal da lei (e no defendendo a autoridade coatora), participando efetivamente e manifestando sua opinio nos autos.

    6. LIMINAR EM MANDADO DE SEGURANA

    Assim como no habeas corpus, cabvel a liminar em mandado de segurana, desde que haja os requisitos: fumus boni juris e o periculum in mora.

    Alm disso, o juiz pode deferir cauo, fiana ou depsito para a concesso da liminar. Essa exigncia serve para ressarcir o poder pblico se o MS for julgado improcedente e houver danos ao patrimnio pblico.

    7. DUPLO GRAU DE JURISDIO OBRIGATRIO PARA SENTENAS CONCESSIVAS DE SEGURANA

    Meus caros Analistas da rea Jurdica do Poder Judicirio, em regra, as aes so julgadas em primeira instncia pelo Poder Judicirio nos juzos singulares. Isso significa que, normalmente, quando se entra com uma ao no Judicirio, essa ao ser julgada por um juiz monocrtico (que julga sozinho).

    Depois de ser julgada pelo juiz singular, caso alguma das partes recorra, a ao ser julgada em segunda instncia pelo Tribunal, que um rgo composto por mais de um julgador (rgo colegiado). Dessa forma, garante-se que a sentena proferida pelo juiz singular esteja correta, livre de vcios,pois a causa estar sendo reanalisada por um grupo de pessoas (e mais fcil que uma pessoa sozinha erre do que um grupo de pessoas o faa).

    A essa possibilidade de se ter a sentena revista por um Tribunal colegiado para garantir que a mesma esteja livre de vcios, d-se o nome de DUPLO GRAU DE JURISDIO.

    Pois bem. Acompanhe agora o raciocnio:

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    1) O mandado de segurana impetrado sempre contra a autoridade pblica (ou contra o particular no exerccio de atribuies do poder pblico).

    2) Quando o autor ganha a ao (consequentemente, o Estado perde), a sentena chamada de concessiva de segurana.

    3) Quando o autor perde a ao (consequentemente o Estado ganha), a sentena chamada de denegatria de segurana.

    Como o MS impetrado contra autoridade pblica, a Constituio prev um mecanismo de proteo ao Estado. Esse mecanismo tem como objetivogarantir que as sentenas proferidas contra o Estado estejam livres de vcios/erros. Assim, caso a sentena do MS seja concessiva de segurana(onde o autor ganha e o Estado perde), haver o duplo grau de jurisdio obrigatrio, ou seja, obrigatoriamente, a sentena proferida pelo juiz singular deve ser reanalisada por um Tribunal (colegiado). Isso ocorrer ainda que o rgo pblico vencido no apele ou perca o prazo do recurso.

    Perceberam? Com esse mecanismo, garante-se que todas as decises em MS onde o Estado perde devem ser reanalisadas pelo Tribunal de segunda instncia para garantir que essas sentenas estejam livres de vcios.

    No entanto, existe uma exceo: caso a sentena tenha sido proferida por TRIBUNAL em sua competncia ORIGINRIA, o duplo grau de jurisdio no ser obrigatrio. Voc consegue imaginar por qu?

    Ora, se a sentena foi proferida por um Tribunal, isso significa que ela j foi proferida por um rgo colegiado, onde existe mais de uma pessoa julgando e isso j d a segurana que o Estado precisa: que a sentena esteja correta. O duplo grau de jurisdio obrigatrio no serve para que o Estado fique enrolando o cidado que ganhou a ao, mas sim para garantir a correo das sentenas onde o Estado perdeu.

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    8. COMPETNCIA PARA JULGAR O MANDADO DE SEGURANA

    Em regra, o foro competente para julgar o mandado de segurana ser o foro da autoridade coatora, independentemente da matria que est sendo julgada.

    Alm disso, caso haja mandado de segurana contra atos de tribunais, ojulgador ser o prprio Tribunal. Assim, uma questo bastante comum em provas de concursos a Smula 624 do STF, que diz que o Supremo no tem competncia originria para julgar MS contra atos praticados por outros tribunais.

    Seguindo essa regra, caso haja um MS contra um ato do STJ, por exemplo, o responsvel pelo julgamento desse MS ser o prprio STJ e no o STF.

    Ateno: isso no significa que o Supremo no tem competncia originria para julgar mandado de segurana. Ele tem sim. Um exemplo o MS impetrado por parlamentar da Casa onde tramita a Proposta de Emenda Constituio que tenda a abolir clusulas ptreas. Assim, o STF tem competncia originria para julgar mandado de segurana. O que ele no tem competncia originria em MS contra atos praticados por OUTROStribunais.

    Esquematizando:

    o Regra - OBRIGATRIO para sentenas concessivas de segurana- Ainda que o rgo pblico vencido no apele ou perca o prazo

    o Exceo: No h duplo grau de jurisdio obrigatrio se a sentena foi proferida por TRIBUNAL em sua competncia ORIGINRIA

    o Regra - O foro da autoridade coatora (no depende da matria)- MS contra atos de tribunais quem julga o prprio Tribunal

    o O STF no tem competncia originria em MS contra atos praticados por OUTROS tribunais (STF Smula 624)

    o Ex: MS contra ato do Presidente/rgos internos do STJ julgado pelo STJ

    o O STF tem competncia originria para julgar MS. Ex: MS de parlamentar para trancar PEC que tenda a abolir clusulas ptreas

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    VI.MANDADO DE SEGURANA COLETIVO (MSC)

    O mandado de segurana coletivo est previsto na Constituio no art. 5, LXX: o mandado de segurana coletivo pode ser impetrado por:

    a) partido poltico com representao no Congresso Nacional;

    b) organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

    O mandado de segurana coletivo funciona como o mandado de segurananormal e as nicas diferenas so o objeto e a legitimao ativa.

    1. OBJETO DO MANDADO DE SEGURANA COLETIVO

    O art. 21 da Lei 12.016/2009 estabelece que o mandado de segurana coletivo tem como objeto os interesses coletivos, assim entendidos, os transindividuais (que ultrapassam a pessoa do indivduo), de natureza indivisvel, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica bsica. Alm desses, tambm podem ser objeto do MSC os interesses individuais homogneos,assim entendidos, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situao especfica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.

    2. LEGITIMAO ATIVA DO MANDADO DE SEGURANA COLETIVO

    Podem propor o mandado de segurana coletivo:

    1- Partido poltico com representao no Congresso Nacional.

    Para o cumprimento desse requisito, basta que o Partido Poltico possua um parlamentar em qualquer das Casas do Congresso Nacional: Cmara dos Deputados ou Senado Federal.

    Assim, este legitimado ativo pode propor o mandado de segurana coletivo na defesa de seus interesses legtimos relativos a seus integrantes ou finalidade partidria.

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    Para provas de concursos, mais uma informao importante: vedado mandado de segurana de partido poltico com vistas a impugnar (contestar) direito individual disponvel. Ex: imposto (RE 196.184).

    2- Organizao sindical, entidade de classe ou associaolegalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano.

    Esses trs legitimados podem propor o mandado de segurana coletivo em defesa de seus membros ou associados e deve sempre haver pertinncia temtica entre o objeto do MSC e os objetivos institucionais.

    Alm disso, a ASSOCIAO (e somente esta), para que possa impetrar o mandado de segurana coletivo, deve estar legalmente constitudae em funcionamento h pelo menos um ano. Consequentemente, osindicato e a entidade de classe no precisam estar em funcionamento h pelo menos um ano (RE 198.919).

    Outra observao pertinente que estes legitimados podem atuar na defesa de PARTE dos membros ou associados (STF Smula 630). Assim, caso haja um interesse que seja apenas de parte dos associados (somente dos Analistas da rea Jurdica do Poder Judicirio aposentados, por exemplo), esses trs legitimados podem propor o mandado de segurana coletivo, sem problemas.

    Outra observao: como dito, as associaes legalmente constitudas h pelo menos 1 ano e em defesa de seus membros e associados podem impetrar o mandado de segurana coletivo. Nesse caso (e somente nesse), a associao ser substituta processual, no precisando de autorizao dos associados, bastando uma autorizao genrica no estatuto.

    Esquematizando:

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    MANDADO DE SEGURANA COLETIVO (MSC)

    x LXX - o mandado de segurana coletivo pode ser impetrado por:

    a) partido poltico com representao no Congresso Nacional;

    b) organizao sindical, entidade de classe ou associao legalmente constituda e em funcionamento h pelo menos um ano, em defesa dos interesses de seus membros ou associados;

    x A grande diferena o objeto e a legitimao ativa o resto igual

    x Objeto: interesses I - coletivos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os transindividuais, de natureza indivisvel, de que seja titular grupo ou categoria de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrria por uma relao jurdica bsica

    II - individuais homogneos, assim entendidos, para efeito desta Lei, os decorrentes de origem comum e da atividade ou situao especfica da totalidade ou de parte dos associados ou membros do impetrante.(art. 21 da Lei 12.016/2009)

    x Partido poltico com representao no Congresso Nacionalo Basta 1 parlamentar em QUALQUER casa (Cmara dos

    Deputados ou Senado Federal)o Na defesa de seus interesses legtimos relativos a seus

    integrantes ou finalidade partidria (art. 21 da Lei 12.016/2009)

    o VEDADO Mandado de Segurana de partido poltico com vistas a impugnar direito individual disponvel. Ex: imposto (RE 196.184)

    x Organizao sindical (confederao, federao ou sindicato) Em defesa de seus membros ou associados

    x Entidade de classe - Em defesa de seus membros ou associados

    x Associao - Legalmente constituda - Em funcionamento h pelo menos 1 ano- Em defesa de seus membros ou associados

    o Somente a associao precisa estar constituda h pelo menos 1 ano Sindicato e entidade de classe no precisam

    (RE 198.919)

    x OBS para organizao sindical, entidade de classe e associao:o Podem atuar na defesa de seus membros ou associados pode

    ser de PARTE dos membros (STF Smula 630)o Deve haver pertinncia temtica entre o objeto do MSC e os

    objetivos institucionais

    Legitimidade Ativado Mandado de

    Segurana Coletivo

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    - MSCOLETIVO - caso de substituio processual- No precisa da autorizao expressa dos titulares dos direitos- STF Smula 629- No confundir com a representao processual do art. 5 inc. XXI

    - Qualquer outra ao representao processual - (precisa de autorizao expressa)

    Se a

    Ass

    ocia

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    VII. MANDADO DE INJUNO (MI)

    1. CONCEITO

    O mandado de injuno est expressamente previsto pela Constituio Federal no art. 5, LXXI conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania.

    Injuno significa imposio, exigncia ou ordem. Assim, o mandado de injuno serve para suprir/remediar/preencher a falta de norma regulamentadora (infraconstitucional) que torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania (NaSoCi).

    Lembre-se de que as normas constitucionais, apesar de terem a mesma hierarquia, possuem efeitos diferentes. Assim, de acordo com os seus efeitos, as normas da Constituio podem ser classificadas em normas de eficcia plena, contida e limitada. Vamos revisar: as normas de eficcia plena so as que produzem todos os efeitos assim que a Constituio promulgada. As normas de eficcia contida so as que produzem todos os seus efeitos assim a Constituio entra em vigor, mas podem ter seus efeitos restringidos por lei posterior. Por ltimo, esto as normas de eficcia limitada, que no produzem efeitos completos com a simples promulgao da Constituio, e necessitam de norma infraconstitucional para que isso ocorra.

    Pois bem, no caso das normas constitucionais de eficcia limitada, caso no seja editada essa norma infraconstitucional que a regulamente, a norma da Constituio no produzir seus efeitos completos e as pessoas, apesar de terem o direito previsto pela Constituio, no conseguiro exerc-lo porque no existe a norma infraconstitucional (que est abaixo da Constituio) que deveria regulament-la.

    Entendeu? As pessoas tm o direito previsto na Constituio, mas no conseguem exerc-lo porque no existe a norma infraconstitucional para regulamentar esse direito. Nesse caso, ser cabvel o mandado de injuno.

    Exemplo: est previsto no art. 5 da Constituio: VII - assegurada, nos termos da lei, a prestao de assistncia religiosa nas entidades civis e

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    militares de internao coletiva. As pessoas, apesar de terem o direito de assistncia religiosa, no conseguem exerc-lo enquanto a lei no for elaborada. Assim, caso a lei no tivesse sido editada pelo Poder Legislativo, caberia o mandado de injuno para que o interessado pudesse exercer o direito.

    Uma observao bastante importante que cabe o mandado de injuno para que seja elaborada qualquer norma regulamentadora e no apenas a lei em sentido estrito. Assim, ser cabvel o mandado de injuno para que sejam elaboradas leis, portarias, resolues etc, no importando quem deve elabor-las.

    Esquematizando:

    MANDADO DE INJUNO (MI)

    x LXXI - conceder-se- mandado de injuno sempre que a falta de norma regulamentadora torne invivel o exerccio dos direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas inerentes nacionalidade, soberania e cidadania;

    x MI serve para:

    x Suprir / remediar / preencher a falta de norma regulamentadora (infraconstitucional) quetorne invivel o exerccio - Dos direitos e liberdades constitucionais

    - Das prerrogativas inerentes - Nacionalidade- Soberania- Cidadania

    o Exs: art. 50, VI, VII e VIII, caso no houvesse a lei regulamentadora

    o Serve para elaborar qualquer norma (lei, portaria, resoluo etc)o No importa quem deve elaborar a norma

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    2. CABIMENTO DO MANDADO DE INJUNO

    Somente cabvel o mandado de injuno para que sejam exercidos direitos constitucionais. Assim, se um direito est previsto na lei e necessitar ser regulamentado, no ser cabvel o mandado de injuno.

    Outra observao importante que somente cabvel o MI na falta de normas de eficcia limitada e que sejam OBRIGATRIAS, no sendo cabvel essa ao quando a legislao for facultativa ou quando o direito for autoaplicvel (que j pode ser exercido de pronto).

    Alm disso, somente cabvel o MI para direitos razoavelmente delineados,somente quando h o dever de legislar e no se legisla em prazo razovel. Uma observao sobre esse ltimo requisito: elaborar uma lei bastante complicado. Deve-se realizar um estudo detalhado dos impactos da lei, seu alcance, seus efeitos etc. Alm disso, o procedimento para essaelaborao bastante trabalhoso. Assim, somente ser cabvel o mandado de injuno quando o Legislativo deixar esgotar o prazo razovel e no elaborara norma (no h uma definio exata de qual esse prazo razovel).

    Esquematizando:

    o Cabe Mandado - Direitos CONSTITUCIONAIS (NO CABE para direitos previstos de Injuno para apenas por lei)

    - Direitos razoavelmente delineados- Para a edio de qualquer norma regulamentadora (portaria,

    decretos etc) e no apenas lei formal- Quando h o dever de legislar (Ex. art 50,XIII)- Quando no se legisla em prazo razovel- Para normas de eficcia LIMITADA - Programticas

    e que sejam obrigatrias - Organizativas

    3. LEGITIMIDADE ATIVA

    Pode entrar com o mandado de injuno qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora. Assim, qualquer um que tenha um direito constitucional e que no esteja conseguindo exerc-lo pela ausncia de norma regulamentadora pode entrar com o MI.

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    Um ponto bastante polmico na doutrina sobre a possibilidade de pessoas estatais impetrarem o mandado de injuno. Exemplo: caso um municpio tenha um direito previsto na Constituio, mas no consiga exerc-lo porque a Unio no editou alguma regulamentao, esse municpio poder entrar com mandado de injuno para exercer seu direito?

    Apesar de posicionamentos doutrinrios divergentes, para a prova, leve a informao de que pessoas estatais podem impetrar o mandado de injuno (MI 725 e inf. 466/STF).

    4. LEGITIMIDADE PASSIVA

    O legitimado passivo do mandado de injuno (contra quem se entra com a ao) ser sempre o Estado, pois somente ele pode elaborar leis e atosregulamentares. Assim, no cabe MI contra particulares, uma vez que eles no elaboram leis.

    Se o mandado de injuno for contra a falta de lei de iniciativa privativa, este dever ser impetrado contra quem detm a iniciativa e no contra quem deveria elabor-la. Acompanhe o raciocnio:

    1. O processo legislativo o procedimento de fabricao de uma lei. o passo a passo que deve ser seguido para que uma lei seja corretamente elaborada.

    2. Esse processo de formao/produo de uma lei se inicia com uma fase chamada de fase de iniciativa.

    3. Normalmente, mais de uma pessoa pode propor leis sobre o mesmo tema. Assim, existem vrias pessoas que podem iniciar o processo legislativo de uma determinada lei.

    4. No entanto, existem algumas leis onde somente uma pessoa pode iniciar seu procedimento de fabricao. Dessa forma, s existe umlegitimado para iniciar aquela lei. Quando isso ocorre, ela chamada de lei de iniciativa privativa ou reservada.

    Exemplo: somente o Presidente da Repblica pode iniciar o procedimento de formao de uma lei que disponha sobre criao e extino de Ministrios e rgos da administrao pblica. Assim,

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    mesmo que o Congresso Nacional queira editar uma lei sobre esse tema, ele s pode faz-lo caso o Presidente da Repblica inicie a lei.

    Pronto! Chegamos onde eu queria: imagine agora que algum tenha um direito previsto na Constituio, mas no consiga exercer esse direito por falta de norma regulamentadora infraconstitucional. Em regra, caber o MI contra quem deveria editar essa norma (Congresso Nacional, por exemplo). No entanto, se a norma for de iniciativa privativa, o MI deve ser impetrado contra quem detm a iniciativa privativa. Ex: o mandado de injuno ser impetrado contra o Presidente da Repblica e no contra o Congresso Nacional. Isso ocorre porque no foi o Congresso Nacional que ficou inerte e sim o Presidente da Repblica, que deveria ter iniciado a elaborao da norma e no o fez.

    5. OBSERVAES GERAIS

    O mandado de injuno no gratuito e, para impetr-lo, necessrio advogado. Alm disso, o MI auto-aplicvel, sendo adotado, no que couber, o procedimento/rito do mandado de segurana.

    Esquematizando:

    x Legitimidade Ativa - Qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos pela falta de norma regulamentadora- Pessoas estatais (MI 725 + informativo 466/STF) h divergncias.

    Ex: Mun pode entrar com MI contra a Unio

    x Legitimidade Passiva - Sempre o ESTADO- Nunca o particular (pois no elabora leis)- S o ente estatal responsvel por elaborar as leis- Se for contra falta de Lei de iniciativa privativa MI contra quem detm a

    iniciativa (Ex: iniciativa privativa do PR MI contra o PR (art. 61 10)

    x OBS - No gratuito- Precisa de advogado- O MI auto-aplicvel, sendo adotado, no que couber, o rito do MS

    LEI N 8.038 Art. 24 Pargrafo nico - No mandado de injuno e no habeas data, sero observadas, no que couber, as normas do mandado de segurana, enquanto no editada legislao especfica.

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    6. EFEITOS DO MANDADO DE INJUNO

    Os efeitos do mandado de injuno ainda so bastante discutidos pela doutrina e pela jurisprudncia, alm disso, o STF mudou recentemente de posio acerca de seus efeitos.

    Vamos estudar as possveis teorias sobre os efeitos do mandado de injuno:

    x Efeito no concretista: o Judicirio apenas declara a mora(impontualidade no cumprimento de uma obrigao) do poder omisso.Se for adotada essa teoria, o autor ganha, mas no leva, uma vez que o Poder Judicirio se limita a declarar que o legislador est em mora e no proporciona ao dono do direito os meios para o seu exerccio.

    Esse ERA o posicionamento adotado pelo STF at 2007. Dessa data em diante, o Supremo adotou a teoria concretista, estudada adiante.

    x Efeito concretista: o Poder Judicirio, alm de declarar a mora do poder omisso, torna o direito exercitvel, ou seja, concretiza o direito. No entanto, existem diferentes maneiras de se concretizar o direito subjetivo: pode-se concretiz-lo somente para as partes do processo (inter partes) ou para todos, independente de terem ou no participado do processo (erga omnes). Baseada nessas diferenas, ateoria dos efeitos concretistas ainda se divide em duas:

    o Efeito concretista coletivo/geral: a deciso proferida vale erga omnes (para todos) at que legislao futura regule a matria. Nesse caso, estende-se para todos os efeitos da deciso que, em regra, valem somente entre as partes.

    o Efeito concretista individual: a deciso proferida vale inter partes, ou seja, somente entre as partes do processo. Por sua vez, a teoria concretista individual pode ser dividida ainda em direta e intermediria.

    Direta: o Judicirio prov o direito imediatamente.

    Intermediria: o Judicirio d um prazo para o legislador agir. Caso este permanea inerte, a sim o direito concretizado pelo Poder Judicirio.

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    Perceba que, ao adotar a posio concretista, o Poder Judicirio profere sentenas com carter aditivo. Em outras palavras, o Judicirio est praticamente legislando (funo que no do Poder Judicirio e sim do Legislativo). Por isso, o Supremo tem bastante cautela ao proferir esse tipo de sentena. Tanta cautela que no sequer admitida a liminar em mandado de injuno. No entanto, o Judicirio somente expede essas sentenas de carter aditivo porque o Legislativo est em mora, no tendo cumprido sua obrigao.

    Esquematizando:

    x Efeitos do MI - Decreta a mora do poder omisso, reconhece formalmente sua inrcia- viabilizado o exerccio do direito (teoria concretista)

    - No Concretista: o Judicirio apenas declara a mora do poder omisso

    - Concretista - O Judicirio torna o direito exercitvel + declara mora

    - Coletiva/Geral: vale erga omnes at legislao vir

    - Individual - vale inter partes- Direta: o Judicirio prov o direito imediatamente

    - Intermediria: o Judicirio d um prazo para o legislador agir. Caso permanea inerte, o direito concretizado.

    Por muito tempo, adotou-se a teoria NO concretista. No entanto, o STF mudou o posicionamento para a CONCRETISTA! A partir de 2007 MI 670, 708 e 712,

    Liminar em MI: No cabe

    impontualidade no cumprimento de uma obrigao

    Efeito

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    7. MANDADO DE INJUNO COLETIVO

    Assim como o mandado de segurana, tambm cabvel o Mandado de Injuno Coletivo, sendo que seus legitimados so os mesmos do Mandado de Segurana Coletivo.

    8. COMPETNCIA PARA JULGAMENTO DO MANDADO DE INJUNO

    Em regra, a competncia de julgamento do mandado de injuno se d em funo da autoridade coatora. Assim como no mandado de segurana, por se tratar de simples decoreba, passarei apenas o esquema para vocs, sem maiores comentrios.

    Importante: as competncias para julgamento de MI no so muito cobradas em prova, sendo mais importantes, as competncias para julgamento doHabeas Corpus e do Mandado de Segurana. Essas sim caem com maior frequncia.

    Esquematizando:

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    x MI coletivo: Cabe

    o Legitimidade ativa: Os mesmos do - Partido poltico com representao no CNMS coletivo - Organizao sindical

    - Entidade de classe- Associao - Legalmente constituda

    - Em funcionamento h pelo menos 1 ano- Em defesa de seus membros ou associados

    x Competncia do MI: em funo da autoridade coatora

    - Originria - quando a elaborao - Presidente da Repblica da norma - Congresso Nacional

    regulamentadora for - Cmara dos Deputados o STF (102, I, q) atribuio do - Senado Federal

    - Mesas CD/SF/CN- TCU - Tribunais Superiores- STF

    - Em recurso ordinrio - o MI decidido em nica instncia pelos Tribunais Superiores, se denegatria a deciso

    o STJ (105, I, h) - quando a elaborao da norma regulamentadora for atribuio de rgo, entidade ou autoridade federal, da administrao direta ou indireta, salvo competncia do STF, justia Militar, Eleitoral, Trabalho e Federal.

    o TSE (121, 40, V)o Estadual (125, 10) As Constituies Estaduais organizaro

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    9. DIFERENAS DO MANDADO DE INJUNO PARA A AO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE POR OMISSO.

    Meu caro Analista da rea Jurdica do Poder Judicirio, quando o poder pblico deve editar uma lei ou ato normativo e no o faz, ocorre um prejuzo tremendo para toda a populao (ou, pelo menos, para um nmero bastante significativo de pessoas). Assim, com a finalidade de combater as omisses normativas, aConstituio trouxe duas aes: o mandado de injuno e a ao direta de inconstitucionalidade por omisso (ADO). Apesar de ambas combaterem a inrcia do legislador, so aes bastante diferentes.

    Enquanto o mandado de injuno pode ser proposto por qualquer pessoa que tenha seus direitos tolhidos por falta de norma regulamentadora, a ADOsomente pode ser proposta pelos legitimados da ao direta de inconstitucionalidade, quais sejam: o Presidente da Repblica; a Mesa do Senado Federal; a Mesa da Cmara dos Deputados; a Mesa de Assemblia Legislativa ou da Cmara Legislativa do Distrito Federal; o Governador de Estado ou do Distrito Federal; o Procurador-Geral da Repblica; o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; partido poltico com representao no Congresso Nacional; confederao sindical ou entidade de classe de mbito nacional.

    Uma outra diferena importante entre essas duas aes que o mandado de injuno se destina soluo de um caso concreto e possui interesse jurdico especfico, enquanto a ADO faz controle de constitucionalidade pela via abstrata e no tem caso concreto ou interesse jurdico especfico. Alm disso, cabe liminar na ADO enquanto no cabe a cautelar no MI.

    Outra grande diferena entre as aes em relao competncia para julgamento. A ADO somente julgada pelo STF (ou pelo TJ Estadual, caso o parmetro seja a Constituio Estadual), enquanto o mandado de injunopode ser julgado por uma srie de rgos do judicirio, conforme visto anteriormente.

    Esquematizando:

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    Mandado de Injuno Adin por OmissoLegitimado: qualquer pessoa que tenha seus direitostolhidos por falta de norma regulamentadora

    Legitimado: os mesmos da Adin

    Soluo para caso concreto / Controle CONCRETO Via abstrata / Controle ABSTRATO

    Tem caso concreto e interesse jurdico especficoNo tem caso concreto ou interesse jurdico especfico

    No cabe liminar Cabe liminar

    Efeitos: D o direito constitucional, ainda no regulamentado, no caso concreto

    Efeitos: Declara a mora do rgo competente e exige a elaborao da norma regulamentadora da Constituio

    Competncia: STF (CF, art.102, I, q e II, a), STJ (CF, art.105, I, h), TSE (CF, 121, 4, V) e TJ ( art.125, 1)

    Competncia: STF

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    VIII. AO POPULAR (AP)

    1. CONCEITO

    A ao popular est prevista na Constituio no art. 5, LXXIII qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivoao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia.

    Dessa forma, a ao popular tem como objetivo a proteo ao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural.

    A AP usada para anular ato ou contrato administrativo lesivo queles bens protegidos. Uma observao importante que o ato ou contrato no precisa ser ilegal, bastando ser lesivo. Assim, um ato perfeitamente dentro dos limites da lei, mas que seja lesivo ao patrimnio pblico, pode ser contestado por meio da ao popular.

    Ademais, a ao popular no pode atacar deciso judicial. Para tal, devem ser usadas as vias prprias, tais como os recursos, ao rescisria, reviso criminal etc.

    Esta ao um meio para que o povo exera seu poder, fiscalizando os atos pblicos. Por isso, diz-se que ela um meio de se exercer a soberania popular. Alm disso, possui natureza civil e pode ser usada para impugnar (contestar) um ato que j violou o patrimnio pblico ou que ainda no o violou, mas est prestes a faz-lo. No primeiro caso, a ao popular ser chamada de repressiva e, no segundo, ser chamada de preventiva.

    Caros Analistas da rea Jurdica do Poder Judicirio, percebam que mover uma ao no Poder Judicirio uma coisa bastante trabalhosa e dispendiosa. Existem vrios custos, como: custas judiciais, advogado, percias, gastos para se produzir as provas, sem contar os custos emocionais. Alm disso, em regra, quem perde deve pagar o nus da sucumbncia, ou seja, o custo por ter perdido a ao. Dessa forma, quem perde a ao, geralmente paga caro por isso.

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    Pergunta: qual o incentivo para que algum entre com uma ao popular para proteger o patrimnio dos outros (pblico)? E ainda mais se tiver que pagar caso perca a ao?!?! Se fosse assim, ningum entraria com uma ao popular!

    Dessa forma, para incentivar que o cidado realmente exera seu poder de fiscalizao dos atos do Estado, a Constituio deu uma colher de ch eestabeleceu que o cidado, caso entre com a ao popular e perca, no pagar as custas e nem o nus da sucumbncia, salvo comprovada m-f.

    Esquematizando:

    AO POPULAR

    x LXXIII - qualquer cidado parte legtima para propor ao popular que vise a anular ato lesivoao patrimnio pblico ou de entidade de que o Estado participe, moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao patrimnio histrico e cultural, ficando o autor, salvo comprovada m-f, isento de custas judiciais e do nus da sucumbncia;

    x Objetoo Anular ato/contrato/outros (ADMINISTRATIVO) lesivo ao patrimnio pblico ou entidade de

    que o Estado participe, moralidade, ao meio ambiente... O ato no precisa ser ilegal, basta ser lesivo

    o No pode atacar deciso judicial devem ser atacadas por via prpria (recursos, ao rescisria...)

    x Consideraes Geraiso meio de exercer a soberania popularo Ao Popular pode ser - Preventiva

    - Repressiva

    o Natureza: Civil

    o Custas: Para o autor - Isento de custas judiciais e nus da sucumbncia - Salvo m-f comprovada

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    2. LEGITIMIDADE ATIVA

    Quem possui a legitimidade ativa (capacidade de entrar com a ao) para propor ao popular o cidado, definido pela Constituio como o possuidor de capacidade eleitoral ativa.

    Assim, no podem propor a ao popular o aptrida, estrangeiro, conscrito ou Pessoa Jurdica, pois esses no possuem direitos polticos, no possuindo, portanto, a capacidade eleitoral ativa (capacidade de votar).

    Nem mesmo o Ministrio Pblico pode propor uma ao popular, sendo exclusiva do cidado. Vale observar que a pessoa do promotor de justia, enquanto cidado, pode prop-la, mas, nesse caso, ele estar atuando como um cidado comum e no enquanto membro do Ministrio Pblico.

    Por ltimo, e tendo em vista que a AP visa proteger o patrimnio pblico, caso o autor da ao desista, o Ministrio Pblico pode assumi-la se entender que os pressupostos da ao permanecem. Assim, o MP no pode entrar com a ao popular, mas pode assumi-la, caso o autor desista.

    3. LEGITIMIDADE PASSIVA

    O legitimado passivo da ao popular poder ser o agente que praticou o ato, a entidade lesada ou os beneficirios dos atos ou contratos lesivos, enfim, todos aqueles que foram responsveis pelo dano ou que obtiveram algum benefcio com a leso ao patrimnio pblico. Assim, perceba que cabe AP contra particular.

    Aqui temos um fato curioso: no necessariamente o autor do ato lesivo causou o dano de maneira intencional. perfeitamente possvel que um ato administrativo seja praticado sem que a Administrao perceba que est lesando o patrimnio pblico, o meio ambiente etc. Por exemplo: a Administrao pblica autoriza a construo de uma rea residencial em um local onde haja nascentes de rios, mas este fato no era conhecido pela mesma.

    Em casos como este, quando a Administrao percebe que o ato realmente era lesivo, a pessoa jurdica de direito pblico pode, ao invs de contestar o autor, atuar ao lado deste, para proteger o interesse pblico.

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    Todos aqueles que foram responsveis pelo dano ou que obtiveram algum benefcio com

    a leso ao patrimnio pblico.

    Por ltimo, perfeitamente possvel a concesso de liminar em sede de ao popular.

    Esquematizando:x Legitimidade Ativa - Qualquer CIDADO (capacidade eleitoral ativa)

    - No pode ser aptrida, estrangeiro, conscrito ou Pessoa Jurdica- MP no pode ajuizar ao popular (o promotor, enquanto cidado pode,

    mas como MP no)x Se o autor desistir: MP pode assumir

    o MP no pode propor a ao popular, mas pode assumir

    x Legitimado passivo - Agente que praticou o ato- Entidade lesada- Beneficirios dos atos ou contratos lesivos

    (cabe ao popular contra particular)

    o A Pessoa Jurdica de Direito Pblico ou Privado, cujo ato seja objeto da impugnao, pode abster-se de contestar ou atuar ao lado do autor.

    Desde que seja de interesse pblico

    o Liminar: Cabe

    4. REEXAME NECESSRIO SE A AO FOR JULGADA IMPROCEDENTE

    Caro aluno, voc se lembra, quando estudamos o mandado de segurana, do duplo grau de jurisdio obrigatrio no caso das sentenas concessivas de segurana? Na ao popular, ocorre algo bem parecido, e que tem o mesmo objetivo: garantir que as sentenas proferidas em primeira instncia estejam livres de erros. E isso feito atravs do reexame, pelo Tribunal, um rgo colegiado (lembre-se que mais fcil uma pessoa errar do que um grupo de pessoas juntas).

    Antes de explicar melhor, vamos a alguns nomes importantes:

    1. Se o Estado ganhar a ao e o cidado perder, diz-se que a ao popular foi julgada improcedente

    2. Se o cidado ganhar a ao e o Estado perder, diz-se que a ao popular foi julgada procedente.

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    Continuando: na ao popular, ocorre o oposto do mandado de segurana:quando o Estado ganha, ocorrer o reexame necessrio. Vou repetir: haver o reexame necessrio quando a ao popular for julgada improcedente.

    Mas Roberto, no faz sentido! Se o Estado ganha a ao, por que deve haver o reexame necessrio?

    Resposta: para garantir que o ato realmente no era lesivo ao patrimnio pblico! Esto vendo? A lgica sempre a mesma: proteo do patrimnio pblico, mas na ao popular ele ser mais protegido se a ao for reapreciada: para garantir que o ato realmente no era lesivo.

    5. JULGAMENTO DA AO POPULAR

    Em regra, quando o Poder Judicirio prolata (expede) uma sentena, a mesma questo no pode ser novamente apreciada em juzo. Isso ocorre para garantir a segurana jurdica. Assim, evitam-se conflitos eternos no Judicirio em aes que no acabam nunca.

    A ao popular tambm segue essa regra: a princpio, se a improcedncia ou procedncia da AP foram amplamente fundamentadas, faz-se coisa julgada erga omnes (para todos) e no se pode entrar com nova ao para contestar o mesmo ato.

    No entanto, na ao popular, foi previsto um mecanismo que foge um pouco aessa regra, sempre com o mesmo objetivo: proteo do patrimnio pblico:

    Imagine que um ato realmente seja lesivo, mas o cidado autor da ao no conseguiu juntar provas suficientes para demonstrar isso e ele acaba perdendo a ao. Caso o autor (ou outra pessoa) consiga, futuramente, reunir mais provas, ele pode entrar novamente com uma ao popular contra o mesmo ato. Assim, se a improcedncia se der por FALTA DE PROVAS: a sentena da AP no faz coisa julgada material e pode-se entrar com nova ao CONTRA O MESMO ATO (desde que se tenha mais provas).

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    6. CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE EM AO POPULAR

    Existe um tipo de controle de constitucionalidade chamado de controle difuso. Este tipo de controle pode ser realizado por qualquer juiz ou Tribunal eem qualquer ao que corra no Poder Judicirio.

    Assim, em regra, o controle difuso possui efeitos somente entre as partes do processo (efeitos