Aula 1-Curso de Radiografia

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  • 8/8/2019 Aula 1-Curso de Radiografia

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    Curso PneumoAtual de Radiologia aula 1 1

    Radiografia simples do trax:

    incidncias, aspectos tcnicos e sistematizao da anlise

    Gustavo de Souza Portes Meirelles1

    1 Doutor em Radiologia pela Escola Paulista de Medicina UNIFESP

    1 Introduo

    A radiografia simples do trax um dos exames radiolgicos mais utilizados na prtica mdica. Seu baixo

    custo, aliado facilidade de realizao e grande disponibilidade, fazem com que este mtodo seja muito

    freqente em servios ambulatoriais, enfermarias hospitalares e centros de terapia intensiva.

    Apesar de ser um exame comum, no raro nos depararmos com radiografias de trax realizadas com

    tcnica inadequada ou com incidncias insuficientes. O objetivo desta reviso abordar as incidncias

    empregadas, alm dos aspectos tcnicos e da sistematizao da anlise da radiografia simples do trax.

    2 Incidncias utilizadas na radiografia do trax

    2.1 Pstero-anterior (PA)

    Esta a incidncia mais utilizada na radiografia simples do trax. Como os raios X so divergentes, para

    que as estruturas no sofram uma magnificao excessiva, necessria uma distncia mnima para a sua

    realizao, da ordem de 1,50 m. A distncia ideal de 1,80 m (figura 1).

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    Figura 1. Como os raios X so divergentes, sempre necessrio colocar o objeto a ser

    estudado (crculo branco) o mais prximo possvel do filme (linha vermelha direita).

    A imagem radiogrfica (crculo verde) ser mais fidedigna com o objeto prximo ao filme,

    Como demonstrado no esquema superior, e ser magnificada (esquema inferior) caso o

    objeto esteja distante do filme e prximo do foco de emisso de raios X (em amarelo).

    Os feixes de raios X entram posteriormente, pelas costas do paciente, e a poro anterior do trax encontra-

    se em contato com o filme radiolgico. Esta posio, demonstrada na figura 2, realizada por dois motivos:

    evita a magnificao do corao, que, por ser anterior, fica perto do filme; possibilita o posicionamento dos

    ombros de tal forma que a escpula fique fora do filme.

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    A figura 3 demonstra uma radiografia em PA realizada com tcnica adequada.

    Figura 3. Radiografia do trax em PA com tcnica adequada.

    2.2 ntero-posterior (AP)

    Esta incidncia realizada com a poro posterior do trax em contato com o filme; o feixe de raios X entra

    anteriormente. Contudo, como o corao encontra-se longe do filme, ele magnificado, dificultando a

    anlise do seu tamanho e tambm dos segmentos pulmonares adjacentes (medial do lobo mdio e lngula).

    Realiza-se esta incidncia, portanto, apenas em casos especiais, quando o paciente no consegue ficar na

    Figura 2. Posicionamento adequado do

    paciente para a radiografia de trax em PA. Asescpulas ficam fora do campo, o feixe de raios

    X entra posteriormente e a poro anterior do

    trax fica em contato com o filme radiolgico.

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    posio ortosttica: crianas pequenas e pacientes debilitados ou acamados. A figura 4 demonstra uma

    radiografia de trax em AP.

    Figura 4. Radiografia do trax em AP.

    2.3 Perfil

    A incidncia em perfil deve ser sempre solicitada e realizada, juntamente com a PA. Auxilia bastante na

    localizao e caracterizao de leses. Rotineiramente realiza-se o perfil esquerdo, ou seja, com o lado

    esquerdo em contato com o filme e com entrada do feixe pela direita (figura 5), para no magnificar o

    corao. O perfil direito realizado em casos excepcionais, para avaliao de leses direita.

    Figura 5. Radiografia do trax em perfil esquerdo.

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    2.4 pico-lordtica

    O feixe de raios X entra anteriormente e as costas esto em contato com o filme. O paciente assume uma

    posio em hiperlordose, retirando as clavculas dos campos. Esta incidncia tem grande valor para a

    avaliao dos pices pulmonares, lobo mdio e lngula (figura 6).

    Figura 6. A incidncia em PA (A) demonstra tnue opacidade no pice

    direito, encoberta pela clavcula. A incidncia em pico-lordtica (B)

    demonstra que a opacidade corresponde a um ndulo espiculado,

    compatvel com neoplasia pulmonar primria.

    A

    B

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    2.5 Decbito lateral com raios horizontais

    Esta incidncia se presta basicamente para diferenciao entre derrame e espessamento pleural. O

    paciente colocado em decbito lateral, deitado sobre o hemitrax a ser examinado, e o feixe entra em

    sentido horizontal (figura 7).

    Figura 7. A radiografia simples em PA (A) demonstra obliterao do seio costofrnico lateral

    direito, que poderia ser decorrente de derrame ou espessamento pleural. A incidncia em

    decbito lateral (B) mostra claramente o derrame pleural direito, formando nvel.

    A B

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    2.6 Oblquas

    As incidncias oblquas podem ser realizadas para melhor localizao ou caracterizao de leses

    parcialmente encobertas por outras estruturas. A figura 8 demonstra a utilizao destas incidncias.

    Figura 8. A radiografia simples em PA (A) demonstra ndulo na

    base esquerda, parcialmente sobreposto ao corao. As

    incidncias oblquas (B) caracterizam melhor a leso.

    3 Parmetros tcnicos

    Na avaliao da radiografia de trax, devemos sempre levar em considerao se o exame est:

    com dose de radiao adequada;

    bem inspirado;

    adequadamente centrado.

    A

    B

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    Dose de radiao

    No raro encontrarmos exames muito ou pouco penetrados (figura 9). Idealmente, devemos ser capazes

    de visualizar a sombra da coluna vertebral apenas nas suas pores mais superiores (figura 10). Exames

    onde a coluna visualizada na sua totalidade esto muito penetrados, a no ser que tenham sido

    realizados em filmes especiais, ditos assimtricos, ou com sistema digital, onde possvel a visualizao de

    toda a coluna e das linhas mediastinais (figura 11).

    Figura 9. Radiografias pouco (A) e muito (B) penetradas.

    Figura 10. Radiografia em PA com dose adequada de radiao.

    A B

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    Figura 11. Radiografias realizadas em filme assimtrico (A) e digital (B).

    Inspirao correta

    O ideal que o exame seja realizado em apnia inspiratria mxima. Para sabermos se o exame est bem

    inspirado, devemos ter de 9 a 11 costelas posteriores projetando-se sobre os campos pulmonares (figura

    12).

    Figura 12. Radiografia em PA em inspirao correta.

    BA

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    Alinhamento

    Para que o exame esteja bem centrado, as bordas mediais das clavculas devem estar eqidistantes do

    centro da coluna. Alm disto, as escpulas devem estar fora do campo. As figuras 13 e 14 mostram exames

    bem e mal alinhados.

    Figura 13. Exame bem alinhado.

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    8. Pleura: espessamentos, pneumotrax, derrame pleural.

    9. Diafragma: altura, morfologia, estudo comparativo.

    10. Seios costofrnicos: verificar se esto livres; em casos duvidosos realizar decbito lateral.

    Leitura recomendada

    Dahnert W. Radiologia: Manual de reviso. Revinter, Rio de Janeiro, 2001, 858p.

    Felson B. Chest roentgenology. WB Saunders, Philadelphia, PA, 1973: 574p.

    Juhl JH, Crummy AB, Kuhlman JE. Paul and Juhl's Essentials of Radiologic Imaging. Lippincott Williams &

    Wilkins, 1998, 1408p.

    McLoud TC. Thoracic Radiology: The Requisites. Mosby, 1998, 512p.