Aula 2 - Eca - Direitos Fundamentais

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  • 7/25/2019 Aula 2 - Eca - Direitos Fundamentais

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    DIREITO DA CRIANA E

    DO ADOLESCENTE

    AULA 2

    Professor Eduardo Galante

    BRASILIA

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    N0ES PRELIMINARES

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    Leitura obrigatria:

    Estatuto da Criana e do Adolescente - ECA

    Constituio Federal de 1988;

    Doutrina: livros de qualidade. Valter Kendi Ishida

    Jurisprudncia: informativos jurisprudenciais dos tribunais

    superiores.

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    PRINCPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

    INTRODUO E BREVE ESCORO HISTRICO

    O Brasil j era signatrio de diversos documentos internacionais,aprovados com amplo consenso pela comunidade das naes, quando olegislador constituinte de 1988 editou a Constituio Federal,incorporando a doutrina da proteo integral ao ordenamento jurdico

    nacional, para abordar a criana e o adolescente.

    Pela primeira vez, como prioridade absoluta, foi proclamado que so elessujeitos e titulares de direitos fundamentais e especiais pela suacondio peculiar de desenvolvimento, aos quais se subordinam a

    famlia, a sociedade e o Estado.

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    PRINCPIOS E DIREITOS FUNDAMENTAIS

    Fruto de intensa mobilizao de toda a sociedade e de especialistas darea, secundado pela realizao de inmeros debates e conclaves, oCongresso Nacional aprova o Estatuto da Criana e do Adolescente LeiFederal n 8069/90 que entra em vigor dois anos depois daConstituio da Repblica, suprindo uma lacuna infraconstitucional, poiso antigo Cdigo de Menores, editado em 1979 e inspirado pela doutrina

    da situao irregular, havia sido praticamente sepultado pela nova ordemjurdica vigente, sendo que inmeros dispositivos sequer foramrecepcionados pela nova Carta.

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    NORMATIZAO DO DIREITO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    O Direito da Criana e do Adolescente nasce com a nova ordem

    constitucional em 1988, insculpido de modo especial nos artigos227 a 229 e vem a ser regulamentado pela Lei 8069/90 Estatutoda Criana e do Adolescente, que se harmoniza no planoinfraconstitucional com outras normas gerais ou especficas(Cdigo Civil, CLT, Lei de Diretrizes da Educao) que,

    recepcionadas pela Constituio Federal, completam o arcabouojurdico que forma o novo ramo do Direito.

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    NORMATIZAO DO DIREITO DA CRIANA E DO ADOLESCENTE

    Importantes diplomas legais se harmonizam com o ECA Estatuto daCriana e do Adolescente na composio do Direito da Criana e doAdolescente.

    No direito educao, a lei de diretrizes e bases de 1996, regula amatria em harmonia com as regras correspondentes contidas no ECA.

    Em relao aos procedimentos, so aplicveis subsidiariamente asnormas gerais de processo, sendo que o procedimento recursal aquelesistematizado do Cdigo de Processo Civil, com algumas alteraes.

    O direito trabalhista cuida da proteo ao trabalho do adolescentee da proibio do trabalho infantil.

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    DO DIREITO VIDA E SADE

    Nos artigos 7 at 14, o Estatuto da Criana e do Adolescente disciplina odireito da criana e do adolescente vida e sade.

    Alguns pontos merecem nossa preocupao de modo especial.

    De incio, curioso notar que, no nosso pas, ainda no sculo 21, preciso a leiexpressar que a criana tem direito de viver.

    Mais grave que, inobstante a norma securitria da vida, h registros dealtssimos nveis de mortalidade infantil no Brasil por causas ligadas anutrio, saneamento bsico e excluso socioeconmica.

    O atendimento assegurado gestante e parturiente ser efetivado atravsdo Sistema nico de Sade, nos termos dos arts. 201, II; 203, I; 208, VII e227, pargrafo 1, I, todos da Constituio Federal, mas ainda demonstra-seprecrio e insuficiente para colocar o Brasil dentre as naes melhorposicionadas no ranking mundial da qualidade de vida.

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    DO DIREITO VIDA E SADE

    Art. 8 assegurado gestante, atravs do Sistema nico de Sade, o atendimento pr eperinatal.

    l A gestante ser encaminhada aos diferentes nveis de atendimento, segundo critriosmdicos especficos, obedecendo-se aos princpios de regionalizao e hierarquizao doSistema.

    2 A parturiente ser atendida preferencialmente pelo mesmo mdico que a

    acompanhou na fase pr-natal.

    3 Incumbe ao poder pblico propiciar apoio alimentar gestante e nutriz que delenecessitem.

    4 Incumbe ao poder pblico proporcionar assistncia psicolgica gestante e me,no perodo pr e ps-natal, inclusive como forma de prevenir ou minorar asconsequncias do estado puerperal.

    5 A assistncia referida no 4 deste artigo dever ser tambm prestada a gestantesou mes que manifestem interesse em entregar seus filhos para adoo.

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    DO DIREITO VIDA E SADE

    O meio para garantir o direito vida e sade daquele que ainda vem aomundo perpassa, necessariamente, por cuidados com a gestante, que o

    veculo da vida.

    Por isso, o captulo do Estatuto que trata do direito vida e sade de crianase adolescentes traz previses relativas gestante e ao seu atendimentohospitalar.

    O artigo 8 garante o atendimento pr e perinatal gestante, atravs doSistema nico de Sade (CR, art. i98), bem como o apoio alimentar pelo PoderPblico nutriz (art. 8, 3 ).

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    Aps dispor sobre aspectos pertinentes ao nascimento com vida, o Estatutoimpe ao Poder Pblico e aos empregadores da iniciativa privada o dever de

    proporcionar condies adequadas para o aleitamento materno:

    "Art. 9 O poder pblico, as instituies e os empregadores propiciarocondies adequadas ao aleitamento materno, inclusive aos filhos de messubmetidas a medida privativa de liberdade".

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    DO DIREITO VIDA E SADE

    O aleitamento materno dever ser assegurando pelo Poder Pblico e propiciadopelas instituies e empregadores, em condies adequadas, inclusive s mes

    submetidas a medida privativa de liberdade.

    Assim sendo, a me submetida a pena criminal ou a priso processual, ou aqualquer espcie de priso civil ou administrativa, bem como a medidasocioeducativa de internao, ter garantido o direito de amamentar sua prole,

    sendo de responsabilidade do diretor do estabelecimento carcerrio zelar pelooferecimento das condies adequadas.

    A criana e o adolescente, atravs do Sistema nico de Sade, tero garantido oacesso universal e igualitrio s aes e servios para promoo, proteo e

    recuperao da sade.

    Nos termos do art.11 do Estatuto da Criana e do Adolescente, as crianas e osadolescentes portadores de necessidades especiais (deficincia) tero direito aatendimento especializado, medicamentos, prteses e outros recursos relativosao tratamento, habilitao e reabilitao, sendo assegurado o acesso gratuitoaos necessitados. 12

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    No mbito do direito do trabalho, a Consolidao das Leis do Trabalho (CLT)tambm prev o direito de aleitamento empregada, em seu art. 396:

    "Para amamentar oprprio filho, at que este complete 6 (seis) meses de idade,a mulher ter direito, durante a jornada de trabalho, a 2 (dois) descansosespeciais, de meia hora cada um.

    Pargrafo nico. Quando o exigir a sade do filho, o perodo de 6 (seis) mesespoder ser dilatado, a critrio da autoridade competente.

    A Lei do Sinase, Lei n 12.594/2012, reforou tal garantia ao prever que devemser proporcionadas condies adequadas me-adolescente para amamentar

    seu filho. o que estabelece o 2 do artigo 63:

    "Sero asseguradas as condies necessriaspara que a adolescente submetida execuo de medida socioeducativa de privao de liberdade permanea como seufilho durante operodo de amamentao."

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    O artigo 10 do Estatuto possui a seguinte redao:

    Art. 10. Os hospitais e demais estabelecimentos de ateno sade de gestantes,pblicos e particulares, so obrigados a:

    I - manter registro das atividades desenvolvidas, atravs de pronturios individuais, peloprazo de dezoito anos;

    lI - identificar o recm-nascido mediante o registro de sua impresso plantar e digital e daimpresso digital da me,sem prejuzo de outras formas normatizadas pela autoridade administrativa competente;

    III - proceder a exames visando ao diagnstico e teraputica de anormalidades nometabolismo do recm-nascido, bem como prestar orientao aos pais;

    IV - fornecer declarao de nascimento onde constem necessariamente asintercorrncias do parto e do desenvolvimento do neonato;

    V - manter alojamento conjunto, possibilitando ao neonato a permanncia junto me.

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    Esse dispositivo regula a adequada identificao dos recm-nascidos ede suas genitoras, a fim de evitar a troca de identidades.

    Inclusive, os artigos 228 e 229 do Estatuto preveem como crime ascondutas omissivas daqueles deixam de cumprir esse dispositivo.

    Os pronturios das atividades desenvolvidas devem ser individuais emantidos pelo prazo de 18 anos (art. 10, 1).

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    DO DIREITO VIDA E SADE

    Casos de maus tratos devero ser obrigatoriamente comunicados ao ConselhoTutelar da respectiva localidade, sem prejuzo de outras providncias legais.

    Desta forma, os profissionais da sade que, no atendimento de uma criana ouadolescente, tomarem conhecimento de vitimizao por maus tratos, deveronotificar ao Conselho Tutelar, que atender aos pais, aplicando-lhes, conformeos casos, as medidas do art.129 do Estatuto.

    Deixando o mdico ou responsvel por estabelecimento de sade de proceder notificao de maus tratos, incorrer em infrao administrativa prevista noart.245 do ECA, com sano agravada no caso de reincidncia.

    Por fim, visando a concretude do direito vida e sade, mister exigir do gestorda coisa pblica,ainda que atravs da tutela jurisdicional, a implementao depolticas pblicas que priorizem a manuteno da vida e dignidade humana,fugindo do paternalismo vicioso e autoritrio, cuja prtica comum j criou nomeio poltico um deletrio caldo de cultura.

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    DIREITO LIBERDADE, AO RESPEITO E DIGNIDADE

    Dispe o artigo 15 do ECA que a criana e o adolescente tm direito liberdade,ao respeito e dignidade como pessoas humanas em processo de

    desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais garantidosna Constituio e nas leis.

    O direito liberdade compreende o amplo acesso a logradouros e espaoscomunitrios, a livre opinio e expresso, crena e culto religioso, bem como ao

    direito de participar sem discriminao da vida familiar, comunitria e da vidapoltica, na forma da lei.

    H, ainda, o especialssimo direito de brincar, praticar esportes e divertir-se,absolutamente condizente com a condio infanto-juvenil, alis, to agradvel

    tambm ao adulto que busca uma vida feliz e plena.

    Importante, contudo, lembrar que crianas e adolescente esto submetidos aopoder familiar dos pais ou tutela ou guarda dos responsveis, aos quais devemrespeito e subordinao para efeito de criao e educao, cabendo-lhesobedincia e reverncia.

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    DIREITO LIBERDADE, AO RESPEITO E DIGNIDADE

    Assim sendo, o direito liberdade no absoluto e encontra seu limitenos ditames fixados pelos pais ou responsveis, que com o beneplcitodo poder familiar devero estabelecer as regras de convivncia familiar ecomunitria, para boa educao e criao dos pequenos.

    O direito liberdade do adolescente ainda pode ser restringido diante de

    apreenso em flagrante pela prtica de ato infracional ou por ordemescrita e fundamentada da autoridade judiciria competente.

    A criana no pode ser privada de liberdade e, no caso de flagrante deato infracional, to somente, ser encaminhada ao Conselho Tutelar, na

    companhia dos pais ou responsvel.

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    DIREITO LIBERDADE, AO RESPEITO E DIGNIDADE

    Nem mesmo o abrigo pode se revestir de privao de liberdade, pois acriana ou adolescente abrigado no esto em absoluto despidos dodireito de ir e vir aos logradouros e espaos pblicos.

    que, ex vi do disposto no pargrafo nico do artigo 92 do ECA, odirigente da entidade ou de abrigose equipara ao guardio para todos os

    efeitos de direito e, no cumprimento de seu mister como responsvelpela criana, mormente aquelas de tenra idade, pode restringir semabusos ou discriminaes sua liberdade.

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    Dentre os direitos fundamentais da criana e do adolescente, o querecebe tratamento mais minucioso o do direito convivncia familiar ecomunitria, disciplinado nos artigos 19 a 52-D.

    Esse tema abrange direitos e deveres relacionados famlia natural e famlia substituta, em suas trs modalidades - guarda, tutela e adoo.

    CONVIVNCIA FAMILIAR

    A criana e o adolescente tm direito a ser criado por uma famlia.

    O direito famlia , pois, um direito natural, inato prpria existnciahumana.

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    Nesse contexto, o Estatuto estabelece, em seu artigo 19, que "todacriana ou adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da suafamlia e, excepcionalmente, em famlia substituta, assegurada aconvivncia familiar e comunitria, em ambiente livre da presena depessoas dependentes de substncias entorpecentes.

    DIREITO CONVIVNCIA FAMILIAR

    - Preferncia: Famlia natural- Exceo : Famlia substituta- Programa de acolhimento: Excepcional e pelo mnimo tempo

    necessrio

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    A prioridade da famlia natural no cessa nem nas hipteses em que ospais estejam privados de sua liberdade em razo de crime.

    4 do artigo 19 pela Lei n. 12.962/2014: com o objetivo de deixar claraa prevalncia da famlia, esse dispositivo de lei prev que a criana ou oadolescente cujo genitor esteja privado de liberdade tem o direito de

    visit-lo, independentemente de autorizao judicial.

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    PERMANNCIA FORA DO CONVVIO FAMILIAR - LIMITES

    Os pargrafos do artigo 19 tratam especificamente da permanncia dacriana e do adolescente fora do convvio de sua famlia, em programa deacolhimento institucional ou familiar.

    O objetivo dessa nova normativa no prolongar indefinidamente oafastamento da criana ou do adolescente de sua famlia.

    A situao da criana ou adolescente afastada do convvio familiar deveser reavaliada, no mximo, a cada seis meses ( 1), sendo de dois anos

    o prazo limite para permanncia de criana ou adolescente em programade acolhimento - somente dilatvel em carter excepcional, no interesseexclusivo daquele que foi afastado ( 2).

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    IGUALDADE DE DIREITOS ENTRE OS FILHOS

    O artigo 20 prev que "os filhos, havidos ou no da relao docasamento, ou por adoo, tero os mesmos direitos e qualificaes,proibidas quaisquer designaes discriminatrias relativas filiao.

    A atual Constituio da Repblica, em seu art. 227, 6, probequalquer tipo de distino ou tratamento discriminatrio entrefilhos.

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    PTRIO PODER -PODER FAMILIAR

    A expresso "poder familiar" deixa mais claro que a criao e a educaodos filhos competem ao pai e me em igualdade de condies - assimdetermina a Constituio (art. 226, 5, e art. 229, primeira parte);

    Dentro do contedo de poder familiar, encontram-se diversos deveres,alguns deles elencados no artigo 22, como sustento, guarda e educao.o Cdigo Civil apresenta rol mais extenso - e igualmente exemplificativo -de deveres dos pais no exerccio do poder familiar, conforme art. 1.634:

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    Art. 1634. Compete aos pais, quanto pessoa dos filhos menores:

    I - dirigir-lhes a criao e educao;

    II - t-los em sua companhia e guarda;

    III - conceder-lhes ou negar-lhes consentimento para casarem;

    IV - nomear-lhes tutor por testamento ou documento autntico, se o outro dospais no lhe sobreviver, ou o sobrevivo no puder exercer o poder familiar;

    V - represent-los, at aos dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-los,

    aps essa idade, nos atos em que forem partes, suprindo-lhes o consentimento;

    VI - reclam-los de quem ilegalmente os detenha;

    VII - exigir que lhes prestem obedincia, respeito e os servios prprios de suaidade e condio.

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    Os pais que descumprem suas obrigaes para com seus filhos podem sofrersanes de natureza civil e penal.

    Pelo ngulo civil, a negligncia no exerccio do poder familiar traz diversasconsequncias.

    Uma delas o afastamento liminar do agressor do ambiente familiar, inclusive

    com a fixao de alimentos, conforme prev o artigo 130:

    "Verificada a hiptese de maus-tratos, opresso ou abuso sexual impostos pelospais ou responsvel, a autoridade judiciria poder determinar, como medidacautelar, o afastamento do agressor da moradia comum. Pargrafo nico. Da

    medida cautelarconstar, ainda, a fixao provisria dos alimentos de que necessitem a crianaou o adolescente dependentes do agressor."

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    Outra consequncia de natureza civil o acolhimento institucional ou familiar,consistente na retirada da criana ou do adolescente daquele ambiente familiar

    nocivo ao seu desenvolvimento sadio (art.101).

    Em decorrncia de negligncia no trato do poder familiar, tem-se ainda acolocao em famlia substituta.

    Nos casos extremos, o descaso dos pais pode levar destituio do poderfamiliarcom a colocao da criana ou adolescente para adoo.

    Do ponto de vista penal, o descumprimento do poder familiar pode caracterizardiferentes crimes, tais como abandono de incapaz, exposio ou abandono de

    recm-nascido, omisso de socorro e maus-tratos (arts. 133 a 136, do CdigoPenal), o de submeter criana ou adolescente a vexame ou constrangimento(art. 232) e sua submisso prostituio e explorao sexual (art. 244-A).

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    CARNCIA DE RECURSOS MATERIAIS

    A situao de carncia de recursos no motivo idneo para perda oususpenso do poder familiar.

    o legislador determina a manuteno da criana ou adolescente em sua famlianatural, sendo excepcional a hiptese de sua colocao em famlia substituta.

    Se o problema meramente econmico, compete ao Poder Pblico tutelar todaa famlia, e no simplesmente retirar a criana de sua famlia natural.

    Diversa a situao em que, alm de falta de recursos materiais, os pais

    demonstram um comportamento que viola deveres inerentes a seu poderfamiliar, como o abandono, o uso de drogas e a explorao da criana ou doadolescente.

    Diante desse quadro ttico, somado situao financeira de penria, possvela colocao em famlia substituta.

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    CONDENAO CRIMINAL

    A perda do poder familiar no decorrncia automtica da condenaocriminal.

    Isso s ocorre se o agente praticar o crime contra o prprio filho e se se

    tratar de conduta dolosa sujeita pena de recluso.

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    O O O

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    PROCESSO JUDICIAL CONTRADITRIO PARA PERDA OU SUSPENSO DOPODER FAMILIAR

    O artigo 24 exige que a perda ou suspenso do poder familiar somente decorrade um processo judicial em contraditrio, com as devidas garantiasconstitucionais do processo, como a ampla defesa e o contraditrio.

    Em geral, a demanda de perda ou suspenso do poder familiar proposta peloMinistrio Pblico.

    Como muitas das famlias envolvidas so extremamente pobres, cabe Defensoria Pblica a defesa dos pais hipossuficientes.

    Decretada a perda do poder familiar, a criana ou adolescente colocada paraadoo.

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    FAMLIA NATURAL

    O conceito de famlia natural est previsto no artigo 25 do Estatuto:

    "Entende-se por famlia natural a comunidade formada pelos pais ou qualquerdeles e seus descendentes".

    Deve-se reparar que o dispositivo no faz qualquer meno expressa aocasamento, mas apenas existncia de uma comunidade formada por pais,ambos ou um s, e filhos.

    Com isso, a previso do Estatuto abarca tambm a famlia monoparental,

    formada por apenas um dos pais e seus descendentes.

    O conceito de famlia extensa ou famlia ampliada, que aquela formada porparentes prximos que compem o crculo de convivncia da criana ouadolescente, cuja afinidade e afetividade so marcantes (ex.: crianas eadolescentes criados por irmos mais velhos, tios, avs ou primos).

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    O crculo de afinidade e afetividade da famlia extensa permite que acriana seja adotada por membro de sua famlia(logicamente, excludosos legalmente impedidos.

    Famlia recomposta: Comunidade formada por pessoas que se unem e jpossuem filhos de relacionamentos anteriores.

    Famlias formadas por unies homoafetivas: A relao de afeto entre aspessoas, seja de cunho amoroso ou parental, o que basta para buscar atutela constitucional de receber um tratamento isonmico e digno.

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    RECONHECIMENTO DE FILHO E DE ESTADO DE FILIAO

    De acordo com o artigo 26 do Estatuto, "os filhos havidos fora docasamento podero ser reconhecidos pelos pais, conjunta ouseparadamente, no prprio termo de nascimento, por testamento,mediante escritura ou outro documento pblico, qualquer que seja a

    origem da filiao.

    Quanto ao momento em que se d o reconhecimento, o pargrafo nicoestabelece que este pode ser anterior ao nascimento do filho ou mesmoposterior sua morte, se houver descendentes.

    A natureza jurdica do reconhecimento de ato jurdico em sentidoestrito, ou seja, quem efetua o reconhecimento no pode modular seusefeitos, como, por exemplo, reconhecer o filho, mas sem lhe outorgar odireito ao sobrenome ou direitos sucessrios (CC, art. 1.613).

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    O ato jurdico de reconhecimento irrevogvel, ainda que feito emtestamento (art. i.610), cabendo ao filho reconhecido os mesmos direitosdos demais.

    Ao lado do direito do pai de reconhecer seu filho, h tambm o direito dofilho de conhecer sua filiao e de ver reconhecido seu vnculo familiar.

    O artigo 27 estabelece que o reconhecimento do estado de filiao personalssimo, indisponvel e imprescritvel.

    Smula 149 do STF:

    imprescritvel ao de investigao de paternidade, mas no o a dapetio de herana.

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    DIREITO A CONVIVNCIA FAMILIAR E COMUNITRIA

    Recentemente, o Superior Tribunal de Justia entendeu tambm serimprescritvel o direito do homem de discutir sua condio de pai,atravs de ao negatria de paternidade. Nesse sentido:

    1. Firmou-se no Superior Tribunal de Justia o entendimento de que, por secuidar de ao de estado, imprescritvel a demanda negatria depaternidade, consoante a extenso, por simetria, do princpio contido no

    art. 27 da Lei n. 8.069/1990, no mais prevalecendo o lapso previsto no art.178, pargrafo 20, do antigo Cdigo Civil, tambm agora superado pelo art.1.061 na novel lei substantiva civil.

    2. Recurso especial no conhecido.

    3. (REsp 576185/SP, Rei. Min. Aldir Passarinho Junior, 4 Turma, julgado em07/05/2009, DJe 08/06/2009)

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    QUESTES

    MP-PR - 2008) (mximo de 25 linhas).

    Discorra sobre a doutrina da proteo integral.

    (MP-PR - 2008) (mximo de 25 linhas).

    Discorra sobre o princpio da prioridade absoluta a favor da infncia e juventude.

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    QUESTES

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    QUESTES

    01 - Em relao criana e ao adolescente e de acordo com o artigo 4 e pargrafonico da Lei 8.069/1990, a garantia de prioridade compreende:

    a) Primazia de receber proteo e socorro em quaisquer circunstncias, desde queno esteja a criana ou adolescente sob poder familiar, guarda ou tutela dequalquer dos pais ou de seu representante legal.

    b) Precedncia de atendimento nos servios pblicos ou de relevncia pblica.

    c) Preferncia ao adolescente portador de deficincia, assegurando-lhe trabalhoprotegido e estabilidade.

    d) Destinao privilegiada de recursos pblicos exclusivamente nas reas urbanascarentes relacionadas com a proteo infncia e juventude.

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    GABARITO

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    01B02D

    03

    E04D05D

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