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PORTUGUÊS - CURSO REGULAR TEÓRICO PROFESSORA: CLÁUDIA KOZLOWSKI Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 5 - 1 - AULA 5 - SINTAXE DE CONCORDÂNCIA – PARTE 2 Hoje, daremos continuidade ao estudo da sintaxe de concordância, desta vez analisando os casos de concordância verbal. Segundo a regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa. Em uma linguagem mais simples, o núcleo do sujeito manda no verbo, mas é a partir do verbo que conseguimos identificar o sujeito. O técnico escalou o time. Os técnicos escalaram os times. Para isso, perguntamos ao verbo quem/o que é o seu sujeito: quem escalou o time? O técnico / os técnicos. As construções dos exemplos acima apresentam sujeito simples (um único núcleo) e dispõem os elementos da oração na ordem direta, ou seja, SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS. Em frases como essas, fica bem fácil identificar o sujeito e seu núcleo e perceber qualquer erro de concordância. Veja como isso caiu em uma das mais recentes provas da ESAF: (ESAF/AFT/2006) Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro. a) A Primeira Revolução Industrial pode ser entendida como uma guinada de todos os indicadores econômicos ingleses, sobretudo nas duas últimas décadas do século XVIII. b) Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões: a intensificação do Comércio Internacional desde o século XVI, a Revolução Agrícola (e a expulsão de vastos contingentes de campesinos para as cidades), o surgimento de uma indústria têxtil inglesa etc. c) Esses acontecimentos propiciaram o que o historiador Eric Hobsbawm chama de a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Por “crescimento auto-sustentável” entende-se: o poder produtivo das sociedades humanas, até então sujeito a variáveis climáticas ou demográficas, tornou-se crescente e constante – livre de epidemias, fomes, pestes ou intempéries, que regularmente ceifavam grandes contingentes de mão-de-obra em quase toda a Europa. d) Contraposto à Idade Média, em que o problema crônico da produção era a falta de homens e mulheres nos campos (e não de terras), o período que se segue à Revolução Industrial é aquele em que o homem começa a tornar-se um pouco mais supérfluo. e) Como explicita Hobsbawm, trata-se de período em que, às grandes massas de desempregados e campesinos desapossados, juntou-se um sistema fabril mecanizado que produzia “em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado”. (Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo.http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico) Será que você acertou??? O gabarito deu como incorreta a construção da opção B. Note que o núcleo do sujeito é avanço (“Tal avanço dos indicadores econômicos...”). Com este elemento, o verbo TER deve concordar. Os demais elementos (“tal”, “dos indicadores econômicos”) só vêm complementar o sentido do núcleo. Normalmente, devido à

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Hoje, daremos continuidade ao estudo da sintaxe de concordância, desta vez analisando os casos de concordância verbal.

Segundo a regra geral, o verbo concorda com o núcleo do sujeito em número e pessoa. Em uma linguagem mais simples, o núcleo do sujeito manda no verbo, mas é a partir do verbo que conseguimos identificar o sujeito.

O técnico escalou o time.

Os técnicos escalaram os times.

Para isso, perguntamos ao verbo quem/o que é o seu sujeito: quem escalou o time? O técnico / os técnicos.

As construções dos exemplos acima apresentam sujeito simples (um único núcleo) e dispõem os elementos da oração na ordem direta, ou seja, SUJEITO + VERBO + COMPLEMENTOS.

Em frases como essas, fica bem fácil identificar o sujeito e seu núcleo e perceber qualquer erro de concordância. Veja como isso caiu em uma das mais recentes provas da ESAF:

(ESAF/AFT/2006) Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro.

a) A Primeira Revolução Industrial pode ser entendida como uma guinada de todos os indicadores econômicos ingleses, sobretudo nas duas últimas décadas do século XVIII.

b) Tal avanço dos indicadores econômicos tiveram várias razões: a intensificação do Comércio Internacional desde o século XVI, a Revolução Agrícola (e a expulsão de vastos contingentes de campesinos para as cidades), o surgimento de uma indústria têxtil inglesa etc.

c) Esses acontecimentos propiciaram o que o historiador Eric Hobsbawm chama de a “partida para o crescimento auto-sustentável”. Por “crescimento auto-sustentável” entende-se: o poder produtivo das sociedades humanas, até então sujeito a variáveis climáticas ou demográficas, tornou-se crescente e constante – livre de epidemias, fomes, pestes ou intempéries, que regularmente ceifavam grandes contingentes de mão-de-obra em quase toda a Europa.

d) Contraposto à Idade Média, em que o problema crônico da produção era a falta de homens e mulheres nos campos (e não de terras), o período que se segue à Revolução Industrial é aquele em que o homem começa a tornar-se um pouco mais supérfluo.

e) Como explicita Hobsbawm, trata-se de período em que, às grandes massas de desempregados e campesinos desapossados, juntou-se um sistema fabril mecanizado que produzia “em quantidades tão grandes e a um custo tão rapidamente decrescente a ponto de não mais depender da demanda existente, mas de criar o seu próprio mercado”.

(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo.http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/Historico)

Será que você acertou???

O gabarito deu como incorreta a construção da opção B. Note que o núcleo do sujeito é avanço (“Tal avanço dos indicadores econômicos...”). Com este elemento, o verbo TER deve concordar. Os demais elementos (“tal”, “dos indicadores econômicos”) só vêm complementar o sentido do núcleo. Normalmente, devido à

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proximidade do verbo com vários elementos no plural, não notamos que ele deve permanecer no singular. Para evitar erros como esses (muito comuns nas provas da ESAF), uma boa dica é assinalar o núcleo de alguma forma (sublinhando, envolvendo com um círculo etc).

A construção correta seria: “Tal avanço dos indicadores econômicos teve várias razões...”. Esse é um caso de construção na ordem direta (sujeito + verbo + complemento) com apenas um núcleo do sujeito (sujeito simples).

Se você achou essa questão complicada, prepare-se, pois pode piorar! Vida de concursando não é essa maravilha aí, não... Normalmente, as construções vêm em ordem invertida e/ou com o sujeito bem distante do verbo, o que dificulta a constatação de um equívoco na concordância. Esse, aliás, é o estilo da ESAF. Entre o núcleo do sujeito e o verbo são dispostos vários elementos em número diverso do apresentado pelo sujeito. Resultado: sem que percebamos, acabamos “contaminados” e aceitamos uma concordância incorreta.

ACORDO ORTOGRÁFICO: Uma observação acerca das novas regras de ortografia: agora, devemos registrar “autossuntentável” (tudo junto, dobrando o “s”) e “mão de obra” (sem hífen).

Daquela mesma prova, tiramos este outro exemplo de erro de concordância, um pouco mais complicadinho. Resolva a questão e leia o comentário.

(ESAF/AFT/2006) Os trechos a seguir constituem um texto. Assinale a opção que apresenta erro de concordância.

a) As riquezas geradas eram, de fato, imensas e as condições de vida nas cidades costumavam ser horríveis. Para se ter idéia, alguns recenseamentos ingleses, da década de 1840, relatam que o homem do campo vivia, em média, 50 anos e o da cidade, 30 anos.

b) Talvez esses números sejam indicadores da dramaticidade das modificações ocasionadas, na vida de milhões de seres humanos, pela Revolução Industrial.

c) Essa dramaticidade que, muitas vezes, nos escapa, mas que podemos entrever, como nos informa Hobsbawm, se levarmos em conta que era comum, nas primeiras décadas dos oitocentos, encontrar trabalhadores citadinos vivendo de forma que seria absolutamente irreconhecível para seus avós ou mesmo para seus pais.

d) A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas nas cidades, fazem com que, nas palavras de Hobsbawm, “nada se tornasse mais inevitável” do que o aparecimento dos movimentos operários.

e) Aqueles trabalhadores, que viviam em condições insuportáveis, não tinham quaisquer recursos legais, somente alguns rudimentos de proteção pública.

(Raquel Veras Franco, Breve Histórico da Justiça e do Direito do Trabalho no Mundo - http://www.tst.gov.br/Srcar/Documentos/ Historico)

ACORDO ORTOGRÁFICO: Agora, a palavra é “ideia” (a), sem acento agudo.

O gabarito é a letra d. Desta vez, o núcleo do sujeito (fragmentação – núcleo do sujeito na construção “A fragmentação das sociedades campesinas tradicionais”) está bem distante do verbo (fazer) e, entre eles, elementos no plural – e não são poucos: “das sociedades campesinas tradicionais, que originou as grandes massas

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nas cidades”. Nada disso interessa! O núcleo do sujeito continua sendo o mesmo – fragmentação – no singular, e com ele deve o verbo concordar: “a fragmentação (...) faz com que...”.

LEMBRE-SE DA DICA: em questões como essa, MARQUE o núcleo do sujeito, para não perdê-lo de vista nem da memória.

A seguir, apresentamos alguns casos especiais de concordância verbal que devem ser observados.

Caso 1 - Sujeito composto – No sujeito composto, há mais de um núcleo do sujeito.

Quando o sujeito composto estiver:

1.a) anteposto ao verbo (SUJEITO + VERBO), o verbo vai para o plural, ou seja, obedece à concordância gramatical – o verbo concorda com os núcleos do sujeito. Como o sujeito (com todos os seus núcleos) já foi apresentado, não resta outra saída a não ser concordar com todos os elementos.

O técnico e os jogadores chegaram ontem a São Paulo.

DICA: O verbo não tem saída, porque os núcleos já foram apresentados a ele (apareceram antes). Então, só lhe resta a concordância gramatical, ao contrário do que acontece quando o sujeito composto vem DEPOIS do verbo, veja só.

1.b) posposto ao verbo (VERBO + SUJEITO), o verbo pode concordar com o sujeito mais próximo (concordância atrativa) ou ir para o plural, concordando com todos eles (concordância gramatical).

DICA: Como o sujeito ainda não apareceu “completamente”, o verbo PODE (facultativamente) “garantir” a concordância logo com o primeiro núcleo (concordância atrativa) ou “aguardar” a apresentação de todos e com todos eles concordar (concordância gramatical).

Chegou(aram) ontem o técnico e os jogadores.

Se houver ideia de reciprocidade, obrigatoriamente o verbo vai para o plural; afinal, por ser recíproca, a ação necessita de mais de um agente.

Agrediam-se mãe e filha.

1.c) Havendo pronomes pessoais, formado com pessoas diferentes: verbo fica no plural da pessoa predominante (1ª, 2ª ou 3ª), obedecendo à seguinte ordem de preferência:

PREVALECE A 1ª PESSOA – VERBO NA 1ª PESSOA DO PLURAL

Eu, você e os alunos iremos ao museu.(NÓS)

NA AUSÊNCIA DA 1ª PESSOA, PREVALECE A 2ª PESSOA – VERBO NA 2ª PESSOA DO PLURAL:

Tu, ela e os peregrinos visitareis o santuário.(VÓS)

Nesse segundo caso, modernamente vários autores (Rocha Lima, Sacconi, dentre outros) já aceitam a conjugação na 3ª pessoa do plural, haja vista o desuso das segundas pessoas na linguagem coloquial brasileira.

Tu, ela e os peregrinos visitarão o santuário (VOCÊS).

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Se a oração estiver em ordem inversa (VERBO + SUJEITO COMPOSTO), pode haver a concordância atrativa, ou seja, o verbo pode também concordar com o primeiro elemento:

Irá ao museu ela e eu (3ª p.sing.) / Irei ao museu eu e ela (1ª p.singular)

OU

Iremos ao museu ela e eu/eu e ela (1ª p.plural)

1.d) Com núcleos em correlação (tanto...como; como; não só ... bem como)

POLÊMICA À VISTA! Vários autores registram o emprego do verbo concordando com o primeiro.

O cientista assim como o médico pesquisa a causa do mal.

Esse é o posicionamento do mestre LUIZ ANTÔNIO SACCONI (em Gramática Básica) – Os exemplos dados pelo professor apresentam o segundo elemento isolado por vírgulas, com a flexão somente com o primeiro elemento:

Meus amigos, assim como eu, gostam de estudar Português.

Eu, bem como meus amigos, gosto de estudar Português.

No entanto, também há registros de concordância com todos os elementos.

- CELSO CUNHA & LINDLEY CINTRA (em Nova Gramática do Português Contemporâneo) - O posicionamento dos professores Celso Cunha e Lindley Cintra é que, se não houver pausa entre os sujeitos (ou seja, não houver vírgula), o verbo irá para o plural:

“Qualquer se persuadirá de que não só a nação mas também o príncipe estariam pobres.”

Os gramáticos ainda destacam o caso de sujeitos ligados por conjunção comparativa. Segundo eles, quando dois sujeitos estão unidos por uma das conjunções comparativas como, assim como, bem como e equivalentes, a concordância depende do valor que atribuímos ao conjunto. O verbo concordará com o primeiro elemento se quisermos destacá-lo:

A íris, como a impressão digital, é única em cada pessoa.

Nesse caso, a conjunção conserva seu valor comparativo, e o segundo termo vem enunciado entre pausas, indicadas na escrita pelas vírgulas.

Se os elementos se adicionam, se complementam, o verbo vai para o plural, seguindo o modelo apresentado nas estruturas correlativas não só... mas também, tanto...como, visto acima.

- ROCHA LIMA (em Gramática Normativa da Língua Portuguesa)- O mestre registra a dupla possibilidade de flexão, destacando como preferível a flexão no plural:

“Se o sujeito é construído com a presença de uma fórmula correlativa, deve preferir-se o verbo no plural.

‘Assim Saul como Davi, debaixo do seu saial, eram homens de tão grandes espíritos, como logo mostraram suas obras’ (ANTÔNIO VIEIRA)”

Segundo o autor, é raro aparecer o verbo no singular:

‘(...) tanto uma, como a outra, suplicava-lhe que esperasse até passar a maior correnteza’.”

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- EVANILDO BECHARA (em Moderna Gramática Portuguesa)- Também merecem registro as palavras do emérito professor Evanildo Bechara, que apresenta a possibilidade de construir no singular ou no plural, indistintamente:

“Se o sujeito composto tem os seus núcleos ligados por série aditiva enfática (não só... mas, tanto...quanto, não só...como, etc.), o verbo concorda com o mais próximo ou vai ao plural (o que é mais comum quando o verbo vem antes do sujeito).

Vamos eliminar esse monstro que apareceu aí: série aditiva enfática. “Série” porque estamos diante, não de uma, mas de várias palavras (não só...mas também, tanto...como, por exemplo). “Aditiva” por apresentar ideia de adição, equivalente à conjunção “e”. Finalmente, “enfática” por enfatizar cada um dos elementos da construção, ou até mais um do que outro, ao contrário do que faria uma mera conjunção “e”, que coloca os dois elementos no mesmo patamar. Compare: “Eu e meu irmão vimos o acidente.” / “Não só eu como também meu irmão vimos o acidente.”. Percebeu a diferença?

Parece que ouvi alguém gritar: “Claudia, o que eu faço na hora da prova???”.

Resposta: vai depender da banca examinadora. Primeiramente, há as que indicam bibliografia. Se isso acontecer, siga o que diz o gramático indicado. Em outros casos (a maioria, infelizmente), devemos tomar todo cuidado. Vejamos como se comportou a ESAF:

(ESAF/Assistente de Chancelaria/2002)

As viagens ao exterior e os encontros com figurões estrangeiros constituem, desde o reinado de Dom Pedro II, um trunfo na estratégia das lideranças brasileiras. De fato, as críticas às viagens internacionais do Presidente da República ou de outros dirigentes parecem despropositadas. Tanto o governo como a oposição devem reposicionar os interesses brasileiros num mundo em plena mutação. O problema que se coloca é de outra natureza e se resume numa interrogação pouco formulada na campanha presidencial: quais devem ser os rumos de nossa diplomacia?

(Luiz Felipe de Alencastro, Veja, 10/04/2002, com adaptações)

d) o conectivo “Tanto...como”(l.4-5) for substituído por Não só ... mas também, o verbo seguinte pode ser empregado no plural, “devem”(l.5), ou no singular, deve.

A banca considerou CORRETO este item, ou seja, a partir dessa questão, podemos afirmar que o entendimento da ESAF é que, em séries aditivas enfáticas, o sujeito poderá facultativamente se flexionar no singular ou no plural, com ou sem pausa (vírgula).

Precisaríamos analisar como se comportam as demais bancas, mas algumas passam ao largo da discussão e não exploram questões como essa.

1.e) Ligado por COM : verbo concorda com o antecedente do COM ou vai para o plural, entendendo que formam um sujeito composto.

O professor, com os alunos, resolveu o problema.

O maestro com a orquestra executaram a peça clássica.

A opção por uma ou outra flexão é livre, mas não indiferente. Vai depender da ênfase que se queira dar. O plural destaca o conjunto dos elementos, com ideia de “cooperação”, enquanto que o singular enfatiza somente um deles.

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Se a intenção for realçar apenas um dos núcleos, o verbo concorda com ele. Neste caso, como nos ensina Rocha Lima, o segundo sujeito (ligado pela preposição com) “é posto em plano tão inferior que se degrada à simples condição de um complemento adverbial de companhia”. A vírgula, neste caso, é facultativa.

A carta com o documento foi extraviada.

1.f) Ligado por OU: verbo no singular ou plural, dependendo do valor do OU. Se for alternativo, com ideia de exclusão dos demais, o verbo fica no singular.

Valdir ou Leão será o goleiro titular.

Também permanece no singular se a conjunção “ou” exprimir equivalência, de tal forma que o verbo possa se dirigir a qualquer dos elementos.

Um cardeal, ou um papa, enquanto homem, não é mais do que uma pessoa”. (MANUEL BERNARDES)

Se o valor da conjunção for aditiva, de modo que a ação possa abranger todos os sujeitos, indistintamente, o verbo vai para o plural.

Alegrias ou tristezas fazem parte da vida.(tanto umas como outras)

O mesmo acontece quando um dos elementos já se apresenta no plural.

O policial ou os populares poderiam ter prendido o perigoso assassino.

1.g) Ligado por NEM: segue o mesmo raciocínio que o caso 1.f (sujeito composto ligado por OU) – verbo pode ficar no plural ou no singular.

Nem Paulo nem Maria conquistaram a simpatia de Joana.(valor aditivo)

Nem Ciro nem Enéas será eleito presidente.(valor alternativo ou excludente)

Nesses dois últimos casos (1.f e 1.g - sujeito composto ligado por OU / NEM), havendo, entre os sujeitos, algum expresso por um pronome reto, devemos seguir a regra 1.c (primazia das pessoas – 1ª. e 2ª):

Nem meu primo, nem eu frequentamos tal sociedade.(1ª p.plural)

1.h) Resumido com pronome indefinido: o verbo concorda com o pronome, que exerce a função de aposto resumitivo. Esse é um caso de concordância especial, em que o verbo concorda, não com o sujeito (todos os elementos), mas com o aposto (pronome indefinido).

Jovens, adultos, crianças, ninguém podia acreditar no que acontecia.

1.i) Modificado pelo pronome CADA: quando o pronome indefinido cada é seguido por substantivo ou pronome substantivo, o verbo fica na 3ª pessoa do singular.

Cada homem, cada mulher, cada criança ajudava os flagelados.

Caso 2 - Sujeito constituído por:

2.a) Um e outro. O verbo no singular ou plural, indiferentemente.

Um e outro médico descobriu(ram) a cura do mal.

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Estude este ponto juntamente com o caso 1.6 da Aula 4 (concordância nominal com um e outro)

2.b) Um ou outro. Em função da presença da conjunção ou, há nessa construção um valor excludente, que leva o verbo para o singular.

Um ou outro candidato será aprovado.

2.c) Nem um nem outro – POLÊMICA À VISTA.

A posição majoritária é no sentido de manter o verbo no SINGULAR, como ocorre com “um ou outro”:

- EVANILDO BECHARA (em Lições de Português pela Análise Sintática): “Com nem um nem outro continua de rigor o singular para o substantivo e o verbo se porá no singular: Nem uma coisa nem outra é necessária”.

- CELSO CUNHA E LINDLEY CINTRA: “As expressões um ou outro e nem um nem outro, empregadas como pronome substantivo ou como pronome adjetivo, exigem normalmente o verbo no singular: Nem um nem outro havia idealizado previamente este encontro.”

- ROCHA LIMA: “Também a expressão nem um, nem outro, seguida ou não de substantivo, exige o verbo no singular (só excepcionalmente se encontrará o verbo no plural): Nem um nem outro havia idealizado previamente esse encontro” (pode parecer incrível, mas o mesmo exemplo de TASSO DE OLIVEIRA é apresentado nas duas obras citadas com divergência no emprego do pronome demonstrativo – este / esse).

Precisamos, contudo, registrar o posicionamento divergente de DOMINGOS PASCHOAL CEGALLA em Novíssima Gramática da Língua Portuguesa: “Um e outro / Nem um nem outro – o sujeito sendo representado por uma dessas expressões, o verbo concorda, de preferência, no plural. Exemplos: Depois nem um nem outro acharam novo motivo para diálogo (Fernando Namora)/ Nem uma nem outra foto prestavam (ou prestava).”

Você pode estar se perguntando por que eu citei todas essas posições doutrinárias. A resposta é simples: como nosso curso é amplo, voltado para as diversas bancas examinadoras do país, caberá ao candidato seguir o gramático mencionado na bibliografia. Em provas realizadas por bancas como a FCC, ESAF, que não oferecem indicação bibliográfica, deve seguir a posição majoritária, tomando sempre o cuidado de analisar todas as opções.

2.d) Expressões partitivas ou quantitativas (a maioria de, grande parte de, grande número de), seguidas de nome plural:

(Esse é o ponto de concordância verbal que mais cai em prova, acredite!)

Em expressões que indicam uma parte de um todo (por isso chamadas de termos ou expressões partitivas), o verbo pode concordar com o núcleo do sujeito (maioria, parte, metade), ficando no singular, ou com o especificador (substantivo que se segue). Assim, pode-se destacar o conjunto (singular) ou os elementos desse conjunto (plural). Neste último caso, realiza-se a concordância ideológica (com a ideia).

A maioria dos candidatos conseguiu/conseguiram aprovação.

2.e) Coletivo geral: A ideia é que o substantivo coletivo já exerce a função agregativa, ou seja, contém o valor de conjunto, deixando o verbo no singular.

O povo escolherá seu governante em 15 de novembro.

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2.f) Expressões que indicam quantidade aproximada (cerca de, perto de, mais de) seguida de numeral: Nesses casos, o verbo concorda com o numeral que acompanha o substantivo.

Mais de um jogador foi criticado pela crônica esportiva.

Cerca de dez jogadores participaram da briga.

Esse é um dos casos em que o português se afasta completamente da lógica (matemática). Quer ver?

Enquanto a expressão “mais de um jogador” (que indica, no mínimo, dois) mantém o verbo no singular (“mais de um jogador foi criticado”), a expressão “menos de dois” levaria o verbo para o plural (“menos de dois jogadores foram criticados”), mesmo que indique ser UM JOGADOR!

Se houver ideia de reciprocidade ou a expressão for repetida, o verbo fica obrigatoriamente no plural.

Mais de um torcedor agrediram-se.

Mais de um candidato, mais de um fiscal se queixaram da extensão da prova (exemplo de BECHARA em Lições de Português pela Análise Sintática)

Veja uma questão de prova que “brincou” com esse conceito.

(NCE UFRJ / BNDES/ 2005)

A língua portuguesa e os conhecimentos matemáticos nem sempre estão de acordo. A frase abaixo em que a concordância verbal contraria a lógica matemática é:

(A) 50% da torcida brasileira gostaram da seleção;

(B) mais de três jornalistas participaram da entrevista;

(C) menos de dois turistas deixaram de participar do passeio;

(D) são 16 de outubro;

(E) participaram do congresso um e outro professor.

O gabarito foi letra C. Mesmo que o sujeito apresente a ideia de UM TURISTA (menos de dois só pode ser um!), por concordar com o numeral que acompanha a expressão (“menos de dois turistas”), o verbo deve ser flexionado no plural – “deixaram de participar”.

Note que, na opção B, foi respeitada a ideia de plural (mais de três), caso em que o verbo foi para o plural para concordar com o numeral (“três”).

Em relação à opção E, vimos que, com a expressão “um e outro”, o verbo tanto pode ir para o plural como ficar no singular (“participou/ participaram um e outro professor”).

Os demais casos de concordância serão vistos mais adiante (número percentual e verbo ser).

2.g) Pronomes (indefinidos ou interrogativos)

- no singular, seguidos de pronome: verbo no singular, concordando com o pronome.

Qual de nós será escolhido?

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- no plural, seguidos de pronome: o verbo concorda com o pronome pessoal ou vai para a 3ª pessoa do plural.

Poucos dentre eles serão chamados pelo Exército.

Alguns de nós seremos / serão eleitos.

O que está em jogo é a intenção do autor em incluir, na ação, a figura representada pelo pronome. Compare:

Alguns de nós sabem o resultado do jogo.

Alguns de nós sabemos o resultado do jogo.

Pergunta-se: em qual dos dois casos está clara a inclusão do autor da frase no grupo de pessoas que sabe o resultado do jogo? Resposta: no segundo caso, indicada essa circunstância pela desinência verbal (sabemos).

2.h) Pronome QUEM: A concordância vai depender da classificação da palavra QUEM.

Se o verbo ficar na 3ª pessoa do singular, indica-se que a palavra é um pronome indefinido.

Sou eu quem paga o seu salário.

Nas orações interrogativas iniciadas pelos pronomes QUEM, QUE, O QUE, o verbo SER concorda com o nome ou pronome que vier depois (BECHARA, op.cit.).

Quem são os culpados?

Que são os sonhos?

O que seremos nós sem fé?

2.i) Pronome relativo QUE na função de sujeito: verbo concorda com o antecedente.

Não fui a aluna que chegou primeiro.

Dos sonhos que me atordoam, esse é o mais recorrente.

Pronome relativo é assim chamado por fazer referência a algum outro termo (substantivo, pronome substantivo, oração substantiva) já mencionado anteriormente (ANTECEDENTE).

Nas duas passagens, o que é um pronome relativo.

O pronome relativo dá início a uma oração que atribui a esse antecedente uma característica, estado ou condição. Por esse motivo, a oração iniciada pelo pronome relativo é uma oração subordinada adjetiva. Assim, concluímos que SEMPRE UM PRONOME RELATIVO DÁ INÍCIO A UMA ORAÇÃO ADJETIVA.

Quando esse pronome relativo exerce a função sintática de sujeito da oração adjetiva, para respeitar as regras de concordância, deve-se observar a qual termo o pronome relativo está se referindo, e com ele será feita a concordância verbal.

Em outras palavras, é como se o pronome relativo fosse o “CHEFE SUBSTITUTO”. Na oração adjetiva, é o pronome que exerce a função de sujeito, mas a concordância é feita com o elemento que ele substitui na oração (o “CHEFE” de verdade é o antecedente).

Assim, funciona como se o pronome relativo dissesse ao verbo: “Olha aqui, você me respeita, pois aqui eu sou o sujeito. No entanto, só estou aqui substituindo

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aquele lá. Então, se você quiser saber o que fazer, se vai para o plural ou para o singular, vai perguntar para ele...”.

Veja como esse assunto foi tratado em uma questão de prova.

(FCC/TRT 24ª Região/2006)

Julgue a correção gramatical da seguinte passagem.

- As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central representa um paraíso que não foram feitas para o turismo de massas de visitantes.

Este item foi considerado INCORRETO.

Há, nessa passagem, dois erros de sintaxe de concordância.

Primeiro erro: em “As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central” o núcleo do sujeito é maravilhas. O verbo deve, pois, concordar com ele e ir para o plural – representam (caso clássico).

Em seguida, o segundo erro: o pronome exerce a função de sujeito. Como seu antecedente é o substantivo “paraíso”, com ele devem o verbo e o adjetivo da oração adjetiva (foram feitas) ficar em harmonia. Nota-se, aí, o deslize de concordância: a forma correta seria no singular e, no caso do adjetivo, masculino: “As maravilhas da geologia, da fauna e da flora do Brasil Central representam um paraíso que não foi feito para o turismo de massa de visitantes”.

E, já que estamos falando em pronome relativo, vamos tratar de mais dois casos que envolvem esse termo.

2.j) Um dos (...) que: O verbo pode concordar com “um”, permanecendo no singular, ou com o complemento, flexionando-se no plural. Essa faculdade permite que se dê ênfase ao elemento individual (singular) ou aos elementos que compõem o grupo (plural).

Ele foi um dos alunos desta classe que resolveu / resolveram o problema.

Seu filho foi um dos que chegou / chegaram tarde.

2.l) Com a expressão “o que” – a concordância se faz com o pronome relativo que.

O que falta são recursos.

O sujeito, nesse caso, não é “recursos”, mas o pronome relativo “que” (a coisa que falta). Já o verbo “ser” respeita as regras mais adiante expostas (caso 5).

Vejamos como foi abordado o assunto em prova:

(FCC/TCE SP/2005)

O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social são as manifestações violentas dos maiores prejudicados.

A concordância do verbo da lacuna deve ser feita com “que” (pronome relativo). Assim, o verbo é conjugado na 3ª pessoa do singular, independentemente do número (singular ou plural) do elemento que vem após o verbo “ser” – “O que se segue (...) são as manifestações violentas...”. O verbo que preenche a lacuna fica no singular, pois.

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Além da concordância com a expressão “o que”, um dos casos de concordância mais especiais, e que merece o nosso comentário, é com o verbo ser (“... são as manifestações...”).

Mais adiante, trataremos da concordância com o verbo SER (caso 5).

2.m) Palavras sinônimas: O verbo concorda com o mais próximo (preferência) ou fica no plural.

A Ética ou a Moral preocupa-se com o comportamento humano.

A música e a sonoridade sempre nos diz / dizem algo.

Observação: Expressando uma gradação, mantém-se o verbo no singular:

Um gesto, um olhar, um aperto de mão bastaria.

Deste modo, a ênfase recai no último elemento, que representa a série.

2.n) Verbos no infinitivo substantivado: verbo no singular.

Estudar e trabalhar engradece o homem. (O fato de...)

- Se vierem determinados ou forem antônimos - verbo no plural.

O falar e o escrever caracterizam um sábio.

Rir e chorar fazem parte da vida.

2.o) Número percentual - pode concordar com o numeral ou com o termo posposto.

80% da população acreditam (oitenta) / acredita (população) na moeda.

Dez por cento das pessoas declaram Imposto de Renda. (A única forma é plural – dez e pessoas)

Se vier determinado, vai para o plural.

Os 10% mais ricos do Brasil possuem a maior parte da renda.

Voltando ao exemplo do caso 2.f: “50% da torcida brasileira gostaram da seleção”, o verbo poderia ir para o plural (como foi apresentado na opção, concordando com o numeral) ou ficar no singular, concordando com o complemento (torcida).

Caso 3 - Verbo acompanhado da palavra SE

Agora, iremos ver um dos casos mais recorrentes em questões de provas, especialmente da Fundação Carlos Chagas e ESAF – construção de voz passiva pronominal.

3.a) SE = pronome apassivador: verbo concorda com o sujeito paciente.

Na aula sobre VERBOS (Aula 3), vimos que, na voz passiva pronominal (ou sintética), o verbo TRANSITIVO DIRETO ou DIRETO E INDIRETO, quando acompanhado do pronome SE, deve concordar com o sujeito paciente (que está sublinhado nos exemplos abaixo).

Viam-se ao longe as primeiras casas.

Ofereceu-se um grande prêmio ao vencedor da corrida.

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Assim, para confirmação dessa passividade, temos de fazer duas perguntas:

1 – O verbo é transitivo direto (TD) ou transitivo direto e indireto (TDI)?

2 – Existe uma ideia passiva na construção?

Se ambas as respostas forem SIM, estamos diante de uma construção de voz passiva e, então, o verbo deverá se flexionar de acordo com o sujeito paciente (mais precisamente com o seu núcleo).

Veja uma questão de prova que abordou o assunto.

(FCC / TCE SP / Dezembro 2005)

Analise a afirmação:

- Ainda que se vejam as fogueiras e se ouçam os gritos dos manifestantes, não há sinais de medidas que levem à solução da crise social que a tantos vitima.

Este item está CORRETO.

Logo no primeiro período, junto ao verbo ver (que é TRANSITIVO DIRETO), há o pronome “se”.

Quando um verbo de transitividade direta ou direta e indireta estiver acompanhado do pronome se, podemos estar diante de uma construção de voz passiva.

Para confirmarmos essa passividade, teremos de fazer aquelas duas perguntinhas:

1 – Os verbos apresentam transitividade direta (TD) ou direta e indireta (TDI)? SIM (alguém vê / ouve alguma coisa).

2 – Existe uma ideia passiva na construção? SIM, existe ideia passiva (as fogueiras são vistas e os gritos são ouvidos).

Como ambas as respostas foram SIM, estamos diante de construções de voz passiva e, então, os verbos deverão se flexionar de acordo com os sujeitos pacientes (mais precisamente com seus núcleos).

No primeiro caso, o sujeito está representado por “as fogueiras”, cujo núcleo está no plural (fogueiras).

Desse modo, o verbo deverá ficar no plural, como, aliás, se apresentou.

Em seguida, o núcleo é gritos, também no plural, tendo sido apresentada a correta flexão verbal.

Portanto, essa assertiva apresenta correção gramatical.

Temos nessa questão alguns outros exemplos de concordância: com o verbo HAVER (impessoal), a ser estudado a seguir, e, em duas passagens, com o pronome relativo que, recentemente estudado.

O pronome relativo exerce a função de sujeito nas duas orações adjetivas (“que levem à solução da crise social” e “que a tantos vitima”). Na primeira, tem por antecedente o substantivo medidas (medidas que levem à solução), o que justifica a flexão verbal no plural. Na segunda, o referente é a palavra crise, deixando o verbo vitimar no singular (crise social que a tantos vitima). Perfeita está a construção.

Você precisa treinar bastante este tipo de questão (concordância com verbos em voz passiva pronominal), pois, especialmente nas provas da FCC e da ESAF, esse tópico é reiteradamente explorado.

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Vamos, então, analisar um item de questão elaborada pela ESAF.

(TCE ES/2001 - adaptada)

Na rede esperam-se serviço nota 1000 - ou nada aquém disso.

Houve um erro de sintaxe de concordância.

O verbo esperar está acompanhado do pronome se. Devemos, então, analisar se forma voz passiva e se a concordância do verbo em relação ao sujeito foi respeitada.

Vamos “passo a passo”:

1 – o verbo esperar, na construção, é transitivo direto ou direto e indireto? SIM - o verbo esperar é transitivo direto (Alguém espera alguma coisa)

2 – Há ideia passiva na construção? SIM – O serviço nota 1000 é esperado pelo consumidor.

Podemos, então, concluir que se trata de uma construção de voz passiva pronominal, devendo o verbo estar de acordo com o sujeito paciente (núcleo = serviço).

A construção correta, portanto, seria “Na rede, espera-se serviço nota 1000”).

3.b) SE = índice de indeterminação do sujeito: verbo sempre na 3ª pessoa do singular.

Usa-se construção de sujeito indeterminado quando não se sabe - ou não se quer dizer – quem é o agente da ação verbal. Também é usado em orações de sentido genérico, vago.

São duas as formas de construção do sujeito indeterminado:

Forma 1 - o verbo (exceto transitivo direto ou direto e indireto) permanece na 3ª pessoa do singular acompanhado do pronome se (índice / partícula de indeterminação):

Necessitava-se, naqueles dias, de novas esperanças. (verbo transitivo indireto)

Estava-se muito feliz com o resultado das provas. (verbo de ligação)

Morria-se de tédio nas noites de inverno.(verbo intransitivo)

Forma 2 – o verbo (qualquer que seja sua transitividade na construção), sem o pronome, fica na 3ª pessoa do plural:

Desviaram dinheiro dos cofres públicos.

Bateram na porta.

Falaram mal de você.

No primeiro caso, a exemplo do que ocorre na voz passiva, o verbo está acompanhado do pronome SE. Você deverá saber se este pronome tem função apassivadora ou indeterminadora do sujeito. A chave desse mistério está na transitividade do verbo.

Analise, agora, uma opção de prova, apresentada pela Fundação Carlos Chagas:

(TRE AP – Analista Judiciário / Janeiro 2006)

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As "operações" a que se aludem nessa crônica referem-se à redução de uma cabeça humana a proporções mínimas.

Um verbo acompanhado do pronome SE pode formar voz passiva (verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito indeterminado.

Já em primeira análise, podemos constatar que o verbo “aludir” não poderia se submeter a uma construção passiva, pois é transitivo indireto: Alguém alude a alguma coisa.

Diante dessa impossibilidade, concluímos que se trata de uma construção com sujeito indeterminado, devendo o verbo ficar na 3ª pessoa do singular (Forma 1): “As "operações" a que se alude nessa crônica ...”.

Este item estava, pois, INCORRETO.

As bancas adoram um verbo transitivo indireto para esse tipo de questão: tratar-se de. Veja como já caiu em uma prova da ESAF:

(AFRF/ 2005) Assinale a opção que constituiria, de maneira coerente com a argumentação e gramaticalmente correta, uma possível resposta para a pergunta final do texto.

- Segundo alguns pensadores modernos, não se tratam de projeções utópicas os empreendimentos culturais e sociais que renovam valores modernistas, enriquecendo saberes especializados.

Observe que o verbo tratar foi indevidamente flexionado. Ele é um verbo transitivo indireto, regendo a preposição DE. Por fazer parte de uma construção com sujeito indeterminado, o verbo deve ficar na 3ª pessoa do singular. A forma correta, portanto, seria “não se trata de projeções utópicas”.

Caso 4 - Verbos impessoais

São IMPESSOAIS, ou seja, não possuem SUJEITO, os verbos que indicam fenômenos da natureza (Chove lá fora.); verbo HAVER indicando existência (Há muitas pessoas na sala.) ou tempo (Há muito tempo não o vejo.); os verbos FAZER, IR, indicando tempo (Faz muito tempo que não o vejo./ Vai pra dez anos que não o vejo.).

Como não possuem sujeito (casos de oração sem sujeito), os verbos ficam “neutros”, na 3ª pessoa do singular.

Durante o inverno, nevava muito.

Ainda havia muitos candidatos para a Universidade.

Ontem fez dez anos que ela se foi.

Vai para dez meses que tudo terminou.

Como vimos na aula sobre verbos, deve ser respeitada a correlação entre o verbo impessoal que denota tempo decorrido e o verbo principal da oração correspondente.

Há muito tempo ele está sem dormir. (Ele ainda permanece nesse estado)

Havia muito ele não via seu pai. (Tal situação não persiste pertence ao passado. Por isso, ambas construções verbais são conjugadas no pretérito).

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São inúmeras as questões de prova, especialmente de bancas como FCC, CESGRANRIO, UFRJ, que abordam a concordância com verbos impessoais.

Agora, veremos uma dessas questões.

(NCE UFRJ / ADMINISTRADOR PIAUÍ / 2006)

“Haverá milhões de pessoas com Aids”; a alternativa abaixo em que a substituição da forma do verbo haver está gramaticalmente INCORRETA é:

(A) deverá haver;

(B) poderá haver;

(C) poderá existir;

(D) existirão;

(E) deverão existir.

Dessa vez, a banca explorou a diferença entre os verbos HAVER e EXISTIR, em locuções verbais (quem adora fazer isso é a Fundação Carlos Chagas!).

Enquanto o verbo EXISTIR possui sujeito, o verbo HAVER é impessoal, e o que se lhe segue exerce a função de complemento verbal. Assim, na oração “Haverá milhões de pessoas com Aids”, a expressão “milhões de pessoas com Aids” é o objeto direto, devendo o verbo, por ser IMPESSOAL, permanecer inalterado na 3ª.pessoa do singular (“Haverá”).

As formas das opções (A) e (B) apresentam locuções verbais, em que o verbo HAVER funciona como verbo principal. Essa lição fez parte de nossa aula 3. Nesses casos, o verbo auxiliar (respectivamente DEVER e PODER) devem “seguir” as ordens do principal, mantendo-se inalterados na 3ª.pessoa do singular (deverá haver / poderá haver).

As opções (C), (D) e (E) trocam o verbo HAVER pelo verbo EXISTIR.

Apesar de semanticamente idênticos, o tratamento a ser dispensados aos verbos é totalmente diferente. O que exercia a função de complemento do verbo HAVER passa a ser o sujeito do verbo EXISTIR. Como a expressão está no plural (“milhões de pessoas”), o verbo EXISTIR irá também para o plural, conforme foi apresentado na opção (D): existirão. O mesmo ocorre em locuções verbais, em que o verbo auxiliar deverá se flexionar: (C) poderão existir e (E) deverão existir. Nota-se, assim, a incorreção do item (C), apontado como gabarito da prova.

Caso 5 - Verbo SER

Esse é um verbo bastante especial. Para começar, admite a concordância, não só com o sujeito (regra geral), mas também com seu complemento (predicativo do sujeito).

Vejamos caso a caso.

5.a) Expressões que indicam tempo, distância, datas, horas: concorda com o predicativo.

Hoje é dia três de outubro, pois ontem foram dois e o amanhã serão quatro.

Daqui até o centro são dez quilômetros.

É uma hora e quinze minutos.

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5.b) Com expressões é muito , é pouco , é bastante , é mais de - quando denotarem ideia de preço, quantidade, medida, o verbo fica no singular. Se vier determinado, irá se flexionar.

Dez feijoadas era muito para ela.

Vinte milhões era muito por aquela casa.

As dezenas de famílias que pediam socorro eram poucas diante do universo de miseráveis.

5.c) Em predicados nominais - Por estabelecer uma relação entre o sujeito e o seu predicativo, a concordância pode se dar tanto com o primeiro quanto com o segundo elemento. Há, contudo, algumas regras que prevalecem sobre essa faculdade. Algumas dessas regras já foram apresentadas no caso 1.c (pronomes pessoais).

Qualquer que seja a sua função sintática (sujeito ou predicativo), prevalece a concordância com o elemento que estiver representado por:

1ª – PRONOME PESSOAL RETO:

Todo eu era olhos e coração. (Machado de Assis)

2ª – PESSOA, em detrimento de outro que seja “COISA” (substantivo, pronome substantivo, oração substantiva):

Ovídio é muitos poetas ao mesmo tempo, e todos excelentes. (A.F.Castilho).

Havendo elementos personativos em ambas as funções (PESSOA x PESSOA), a concordância é facultativa com o sujeito ou com o predicado, a não ser que em um deles haja um pronome pessoal, caso em que prevalece a concordância com este elemento (recai na 1ª regra de prevalência).

O homem sempre foi suas ideias. (pessoa x coisa = PESSOA)

Santo Antônio era as esperanças da solteirona. (pessoa x coisa = PESSOA)

Ele era os meus sonhos. (pronome reto x coisa = PRONOME RETO)

O professor sou eu. (pessoa x pronome reto = PRONOME RETO)

Quando os dois elementos (do sujeito e do predicativo) forem “COISAS” (substantivos, orações substantivas ou pronomes substantivos, como TUDO, NADA, ISSO, AQUILO), a concordância é facultativa, dando-se preferência à concordância com o elemento no plural, por questão de eufonia:

A casa era / eram ruínas.

O mundo é / são ilusões.

O problema era / eram os móveis.

Hoje, tudo é / são alegrias eternas.

Em resumo, na concordância verbal com o verbo ser, em predicados nominais:

• entre PRONOME RETO x COISA/PESSOA – prevalece PRONOME RETO;

• entre PESSOA x COISA – prevalece PESSOA;

• entre COISA x COISA – concordância facultativa, PREFERÊNCIA para o termo no plural.

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Voltemos, agora, ao exemplo apresentado no item 2.l:

(FCC/TCE SP/2005)

O que se ...... (SEGUIR) à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social são as manifestações violentas dos maiores prejudicados.

De um lado, temos uma oração (COISA): “O que se segue à concentração de renda, do desemprego e da exclusão social”.

De outro, também COISA: “as manifestações violentas dos maiores prejudicados”.

Nesse caso, a concordância é facultativa, dando-se PREFERÊNCIA ao elemento no plural. Essa é a justificativa para a flexão no plural do verbo “ser” na questão. Ele concorda com o predicativo do sujeito por estar no plural – concordância preferencial.

5.d) Com a expressão “é que” – A expressão de realce “é que”, em que os dois elementos se apresentam juntos, é invariável, devendo o verbo concordar com o substantivo ou pronome que a precede, pois são eles efetivamente o seu sujeito.

Vamos transcrever a lição e o exemplo apresentados por Celso Cunha e Lindley Cintra, em Nova Gramática do Português Contemporâneo:

“A locução é que é invariável e vem sempre colocada entre o sujeito da oração e o verbo a que ele se refere. Assim: ‘José é que trabalhou, mas os irmãos é que se aproveitaram do seu esforço.’.”

Por ter mera função de realce, pode ser retirada sem que acarrete prejuízo ao período: “José trabalhou, mas os irmãos se aproveitaram do seu esforço.”.

E continuam os professores:

“É uma construção fixa, que não deve ser confundida com outra semelhante, mas móvel, em que o verbo ser antecede o sujeito e passa, naturalmente, a concordar com ele e a harmonizar-se com o tempo dos outros verbos.

Compare-se, por exemplo, ao anterior o seguinte exemplo:

‘José é que trabalhou, mas foram os irmãos que se aproveitaram do seu esforço.’

Ou este:

‘Foi José que trabalhou, mas os irmãos é que se aproveitaram do seu esforço.’

Assim, quando o “é que” estiver juntinho, não se modifica – é uma expressão denotativa e, portanto, invariável (você ainda se lembra daquele quadro das classes de palavras? Pois estão lá do lado das INVARIÁVEIS as palavras denotativas).

Se a expressão se separar, ficando um dos elementos – o verbo, normalmente - antes do sujeito diretamente (ou seja, sem uma preposição, por exemplo), com ele deve o verbo SER concordar (Foi José que trabalhou).

Caso essa separação ocorra, mas entre o verbo e o nome haja uma preposição, prevalece a não flexão verbal (FOI por atitudes assim QUE ele se separou da mulher. Por atitudes assim, ele se separou da mulher.)

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5.e) com pronomes interrogativos QUE/QUEM/O QUE - o verbo SER concorda com o nome/pronome que vem após.

Sei que este ponto já foi mencionado no caso 2.i, mas por que não repeti-lo?

Quem são os culpados?

Quem és tu?

Caso 6 - Verbo DAR

Verbo dar (bater e soar) + hora(s): segue a regra geral, concordando com o sujeito.

Deram duas horas no relógio do campanário. (sujeito = duas horas; neste caso, o verbo é intransitivo)

Deu duas horas o relógio da igreja. (sujeito = o relógio da igreja; o verbo é transitivo direto, com “duas horas” como

complemento verbal)

Caso 7 - Sujeito com nome próprio plural

7.a) Topônimos

Caso clássico de concordância verbal é com topônimos - nomes próprios que indicam lugares.

- com artigo singular ou sem artigo

Caso o topônimo não exija o artigo, mesmo sendo representado por um nome no plural, ou esteja acompanhado de artigo no singular, indicando a omissão de um substantivo (rio, município), o verbo ficará na 3ª pessoa do singular.

Bruxelas é a capital da Bélgica.

Minas Gerais é o estado mais elevado do país, com 57% das terras acima dos 600 metros de altitude (você sabia???).

O Amazonas deságua no Atlântico.

Minas Gerais exporta minérios.

- com artigo plural

Os topônimos que estiverem acompanhados de artigos flexionam os verbos e pronomes a ele correspondentes no plural.

“Estados Unidos (da América)” é um exemplo de topônimo que SEMPRE vem precedido de artigo definido masculino plural (Eu vou para os Estados Unidos. / Eu morei nos Estados Unidos.).

Por consequência, quando exerce a função de sujeito, obriga a flexão do verbo no plural. Isso acontece mesmo que esteja representado por sua sigla (EUA), motivo que levou à anulação de uma questão de prova da ESAF (a próxima a ser comentada).

O mesmo acontece com qualquer outro nome precedido de artigo definido (“Os Emirados Árabes Unidos consistem de uma federação de sete emirados localizados no Golfo Pérsico.”).

Os Estados Unidos enviaram tropas à zona de conflito.

(“Estados Unidos” é o topônimo que mais caiu em prova até hoje!)

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7.b) Obras

O mesmo acontece com qualquer outro nome próprio precedido de artigo definido

Os Lusíadas narram as conquistas portuguesas.

Se o título da obra estiver entre aspas, o verbo fica no singular.

“Grandes Sertões Veredas” é um clássico nacional.

(ESAF/AFC STN/2000) Assinale a opção que apresenta erro de morfologia ou de concordância verbal.

a) A diferença entre as taxas de crescimento dos Estados Unidos, do Japão e da Europa, no longo prazo, é um indício do descompasso da economia global. Apesar das alegações européias de que os mercados estão subestimando o euro, a moeda continua flutuando pouco acima de sua mais baixa cotação, 93 centavos de dólar.

b) O iene está pouco abaixo de seu pico diante do dólar e permanece próximo de seu teto histórico ante o euro. Com resultados aquém dos desejados, Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados Unidos como uma ameaça - o que não é errado.

c) Em 98 e 99, a economia dos Estados Unidos cresceu cerca de 4% ao ano, enquanto as três principais economias da zona do euro - Alemanha, França e Itália - atingiram 2%, 3% e 2% ao ano, respectivamente, no período. O Fundo Monetário Internacional prevê que os três países cresçam cerca de 3% este ano.

d) Com esse resultado, a Europa não é mais vista como causa de debilidade. Agora o ritmo do crescimento europeu é tão rápido que uma intervenção do Banco Central Europeu - elevando as taxas de juros - é apenas uma questão de tempo.

e) Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento (hoje perto de 6% ao ano). A diferença entre os ciclos econômicos na Europa, Estados Unidos e Japão traz o fantasma da crise mundial.

ACORDO ORTOGRÁFICO: Agora, registra-se “europeias” (sem acento agudo).

Inicialmente, a banca apresentou como gabarito a opção B.

Em “Japão e Europa vêm a exuberância econômica dos Estados Unidos como uma ameaça”, o que se registrou foi a 3ª pessoa do plural do verbo vir: vêm. Contudo o contexto indica ser, na verdade, o verbo ver (a exuberância é vista pelo Japão e Europa...), cuja flexão apresenta a forma veem (agora, sem o acento circunflexo).

O que levou à anulação da questão foi o erro no emprego do artigo definido masculino singular antes da sigla EUA (Estados Unidos da América), na passagem da opção e: “Isso deixa o principal fardo da remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA,...”.

Mesmo sob a forma de sigla, o artigo que deveria acompanhá-lo seria o masculino plural (os EUA), já que, como vimos, esse topônimo não só exige a flexão dos seus adjuntos adnominais, como também da forma verbal que o tenha como núcleo do sujeito.

Havia, portanto, duas respostas válidas: B e E.

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Na sequência, observe que foi respeitada a concordância verbal. O pronome relativo que em : “... remoção dos desequilíbrios econômicos aos cuidados do EUA, que precisam reduzir o ritmo de seu crescimento ...” tem por antecedente EUA (Estados Unidos da América), levando a locução verbal (“precisam reduzir”) para o plural.

Caso 8 – Sujeito oracional

Todo cuidado é pouco em construções com sujeito oracional. Primeiramente, é saber diferenciar SUJEITO ORACIONAL de LOCUÇÃO VERBAL.

Em locuções verbais, os dois verbos formam um conjunto, em que um deles é o principal (chefe) e o outro é auxilliar (pode até haver mais de um auxiliar, como vimos na aula 3 - Verbos). O verbo auxiliar irá se flexionar, para concordar com o sujeito, na forma que o verbo principal o faria.

Quando for o caso de um sujeito oracional, o verbo correspondente deverá permanecer “neutro”, na 3ª pessoa do singular. Os verbos, nesse caso, pertencem a estruturas sintáticas distintas – um é o sujeito (oracional) enquanto que o outro faz parte do predicado.

A você compete estudar.

Nesse exemplo, o sujeito do verbo COMPETIR (o que compete a você?) é ESTUDAR.

Esse sujeito oracional pode se apresentar na forma reduzida (infinitivo) ou desenvolvida (acompanhado de uma conjunção integrante).

Parece que ele decidiu a data do casamento.

E agora: qual é o sujeito do verbo PARECER (o que parece?)? Resposta: “que ele decidiu a data do casamento”. Neste caso, o sujeito oracional vem precedido de uma conjunção, designando-se uma oração desenvolvida.

Vejamos alguns casos em que este ponto foi abordado. Essa questão é longa, mas vale a pena comentá-la por apresentar diversas formas de sujeito oracional.

(FCC /TRT 13ª Região / Dezembro 2005)

O verbo entre parênteses deverá ser flexionado, obrigatoriamente, numa forma do plural para preencher corretamente a lacuna da frase:

(A) Mesmo que não ...... (caber) a vocês tomar a decisão final, gostaria que discutissem bem esse assunto.

(B) Eles sabiam que ...... (urgir) chegarem à pousada, mas não conseguiram evitar o atraso.

(C) A nenhum de vocês ...... (competir) decidir quem será o novo líder do grupo.

(D) Tais decisões não ....... (valer) a pena tomar assim, de afogadilho.

(E) A apenas um dos candidatos ...... (restar) ainda alguns minutos para rever a prova.

O gabarito é a letra E. Esse é um tipo muito comum de questão da Fundação Carlos Chagas. A flexão exigida ora é no plural, ora é no singular.

Relembremos que o sujeito apresentado sob a forma oracional leva o verbo correspondente para a 3ª pessoa do singular.

Então, vamos às opções:

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(A) Alguma coisa cabe a alguém. Vamos perguntar, então: o que cabe a vocês? Resposta: “Tomar a decisão final” cabe a vocês. Como o sujeito do verbo caber está sob a forma de oração reduzida de infinitivo (“tomar”), o verbo se conjuga na 3ª pessoa do singular: “Mesmo que não caiba a vocês tomar a decisão final, ...”. (B) Algo urge (é urgente). O que urge? “Chegarem à pousada”. O verbo chegar foi flexionado por estar em correspondência com o pronome pessoal reto já apresentado na oração principal “Eles sabiam”. Se esta oração reduzida do infinitivo (“Chegarem...”) fosse desenvolvida, ou seja, apresentada com uma conjunção, teríamos: “... urge que chegassem à pousada”, o que comprova a flexão do verbo chegar no plural (eles). Assim, também, fica mais evidente a relação do verbo urgir com a oração que exerce a função de sujeito (“chegarem à pousada / que chegassem à pousada”). Novamente, por apresentar sujeito oracional, o verbo da lacuna deve ficar no singular: “Eles sabiam que urge chegarem à pousada...”, equivalente a “Eles sabiam que isso – chegarem à pousada – urge (era urgente)”.

(C) O que não compete a nenhum de vocês? “Decidir quem será o novo líder do grupo”. O sujeito oracional exige o verbo competir na 3ª pessoa do singular:“A nenhum de vocês compete decidir...”.

(D) Note que, muitas vezes, devemos “ajeitar” a oração, colocando-a na ordem direta, para realizar a análise. Para isso, devemos partir do verbo. Há dois: valer e tomar. A princípio, isso poderia causar confusão e levar a pensar que se trata de uma locução verbal. Mas, veja bem. Quem é o sujeito do primeiro verbo (valer): o que não vale a pena? Tomar tais decisões. Opa! O segundo verbo faz parte do sujeito do primeiro e, portanto, não forma com ele uma locução (cada macaco no seu galho...).

Assim, essa oração reduzida de infinitivo (“tomar tais decisões”) é o sujeito do verbo valer: “Tomar tais decisões não vale a pena.”. O verbo, portanto, fica no singular (3ª. pessoa) por ter um sujeito oracional.

(E) Esse é o gabarito da questão. O que resta? Alguns minutos. Mais uma vez, o sujeito vem posposto ao verbo, o que poderia levar o candidato a pensar que, em vez de sujeito, seria esse elemento um objeto direto. Não!!! Partindo do verbo “restar”, colocamos a oração na ordem direta: “Alguns minutos ... restam a apenas um dos candidatos.”. Todo cuidado é pouco em construções invertidas como essa.

Caso 9 - Verbo PARECER + Verbo no infinitivo

Quando possui o significado de “dar a impressão”, seguido de infinitivo, permite duas construções:

1ª – PARECER no plural e INFINITIVO no singular – Nesse caso, estamos diante de um simples caso de LOCUÇÃO VERBAL, em que o verbo auxiliar se flexiona e o principal se mantém em uma forma nominal (infinitivo).

Os cientistas pareciam procurar grandes segredos. (locução verbal)

2ª – PARECER no singular e INFINITIVO no plural – Agora, é o caso de sujeito oracional. Como vimos no tópico anterior, o verbo que possui um sujeito oracional (esteja desenvolvido ou reduzido de infinitivo) se mantém na 3ª pessoa do singular.

Os cientistas parecia procurarem grandes segredos. (sujeito oracional)

Fica estranho, não é? Mas nem sempre o que é esquisito está errado. Não confie no seu “bom senso”.

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O que se afirma nessa construção é que “ALGO (os cientistas procurarem grandes segredos) PARECIA”. Desenvolvida, essa construção seria: Parecia que os cientistas procuravam grandes segredos.

Para complicar a sua vida (que já não é nem um pouco fácil...rs...), a banca pode deslocar o sujeito da oração subordinada para antes do verbo PARECER:

Os meninos parecia que queriam sair.

Ai,... que coisa feia!!! Mas está CORRETO! Na verdade, o que está registrado aí é “Parecia que os meninos queriam sair”. A construção está certinha. Agora, sinceramente, atire a primeira pedra quem não teve vontade de colocar o verbo PARECER no plural...

DICA: Em qualquer dos casos, somente um dos verbos se flexiona – nunca flexione os dois ao mesmo tempo.

Caso 10 - Flexão do infinitivo

O infinitivo é uma das três formas nominais do verbo, junto com o gerúndio e o particípio. Isso vimos na aula 3 – Verbos.

O infinitivo pode ser IMPESSOAL (não se flexiona em número ou pessoa) ou PESSOAL (possui sujeito e com ele pode concordar, havendo, nesse caso, flexão de número e pessoa).

O infinitivo PESSOAL pode se flexionar ou não, a depender da construção.

Flexionar quer dizer conjugar em todas as pessoas, por exemplo: vender, venderes, vender, vendermos, venderem.

10.a) casos em que o infinitivo se flexiona obrigatoriamente – SUJEITOS DIFERENTES

1. Quando o sujeito da forma nominal estiver claramente expresso, ou seja, o infinitivo estiver acompanhado de um pronome pessoal ou de um substantivo – é o único caso de flexão obrigatória.

A eleição de 2010 será o momento de os eleitores decidirem por uma renovação do Congresso Nacional.

O sujeito do verbo SER é “A eleição de 2010”. Já o sujeito de DECIDIR é “os eleitores”. Como são sujeitos diferentes, a flexão do infinitivo é obrigatória.

2. Quando se deseja indicar o sujeito não expresso a partir da desinência verbal:

Está na hora de irmos embora.

Observe que, se não houvesse a indicação pela desinência, não ficaria claro quem deveria ir embora (Está na hora de ir embora... quem vai embora???? Eu, você ou todos nós?). Nesse caso, a flexão passa a ser obrigatória para definir o sujeito da forma nominal.

10.b) casos de flexão facultativa do infinitivo – SUJEITO DO INFINITIVO É O MESMO DA ORAÇÃO ANTERIOR, OU SEJA, JÁ APARECEU.

Quando o sujeito do infinitivo já estiver expresso em outra oração, geralmente na oração principal, a flexão torna-se facultativa.

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Recomenda-se, inclusive, omitir a flexão para o texto mais enxuto e objetivo, a não ser que exista o risco de ambiguidade, caso em que a flexão será necessária para dissipar qualquer dúvida (como vimos no item 2 acima).

De qualquer forma, a flexão do infinitivo, nesses casos, é opcional – pode-se flexionar ou não, a critério do autor.

As mulheres se reuniram para decidir/decidirem a melhor forma de conduta.

As trabalhadoras discutiram uma forma de se proteger/protegerem dos abusos no ambiente de trabalho.

O ministro convidou os índios para participar/participarem do debate.

Tomando o primeiro exemplo, quem se reuniu e quem iria decidir eram as mesmas pessoas: “as mulheres”. Assim, como o sujeito já se encontrava expresso na oração anterior, a flexão do infinitivo tornou-se facultativa.

10.c) casos de flexão do infinitivo em voz passiva

Com relação à flexão do infinitivo passivo, no esquema PREPOSIÇÃO + SER (INFINITIVO) + PARTICÍPIO, há duas possibilidades:

1 - Quando os sujeitos das orações são distintos e o do infinitivo vem logo após a preposição, a flexão do infinitivo é FACULTATIVA, ou seja, as duas formas – flexionada ou não - estão certas, dando-se preferência à flexão verbal.

Essa preferência se dá em virtude da proximidade do particípio.

O objetivo é coletar informações mais precisas para ser / serem cruzadas com outros bancos de dados.

Indique as providências a ser / serem tomadas.

Envio os documentos para ser / serem analisados.

2 - Prefere-se a não-flexão:

a) quando o sujeito (plural) das duas orações for o mesmo:

Doenças desse tipo levam até cinco anos para ser / serem tratadas.

Eles estão para ser / serem expulsos.

Saíram sem ser / serem percebidos.

Os pedidos levaram dez dias para ser / serem analisados.

b) quando se tem um adjetivo antes da preposição:

São obras dignas de ser / serem imitadas.

Os alimentos estavam prontos para ser / serem comercializados.

As presas pareciam fáceis de ser / serem apanhadas.

Apresentamos exercícios simples de ser / serem feitos.

Observe que se trata de PREFERÊNCIA, a depender da ênfase que o autor queira dar. Não podemos tachar de certo ou errado. Ao não flexionar, valoriza-se a ação; com a flexão, dá-se ênfase ao sujeito que a pratica. Muitas vezes, a escolha é feita por questão de eufonia ou de clareza textual.

Encerramos com as palavras de Pasquale Cipro Neto e Ulisses Infante (Gramática da Língua Portuguesa, Editora Scipione) de que "o infinitivo constitui um dos casos

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mais discutidos da língua portuguesa", e "estabelecer regras para o uso de sua forma flexionada, por exemplo, é tarefa difícil", e, "em muitos casos, a opção é meramente estilística".

Vamos ver, agora, uma questão de prova da ESAF que tratou desse ponto do estudo.

(Auditor RN/2005) Marque a opção que não substitui corretamente o item sublinhado no texto, respeitando-se a ordem em que ocorrem.

Na medida em que a dinâmica da acumulação privada e a mobilidade dos capitais já não são controladas pelo Estado através da tributação, os direitos humanos, numa visão jurídico-positiva, encontram-se em fase regressiva. Eles podem até continuar existindo no plano legal, sobrevivendo, em termos formais, aos processos de tributação. Mas não têm mais condições de ser efetivamente implementados no plano real (se é que o foram, integralmente, um dia).

a) Considerando que b) por meio c) continuarem d) já não têm e) serem

O erro está na opção C, pois, em uma locução verbal (“podem continuar existindo”), não se admite a flexão do verbo “continuar”, o segundo verbo auxiliar. O único verbo que se flexiona é o primeiro auxiliar (poder).

Os demais (segundo auxiliar – CONTINUAR - e verbo principal - EXISTIR) permanecem em uma das formas nominais – infinitivo, gerúndio ou particípio.

O que nos interessa nessa questão é sugestão de troca do item e, que está correta.

“Mas [os direitos humanos] não têm mais condições de ser efetivamente implementados no plano real.”

A troca pelo infinitivo flexionado (serem) é válida, pelos motivos expostos no caso 11.c / 2 / b acima. Como vimos, prefere-se a forma não flexionada, para não tornar o texto repetitivo, mas isso não causaria erro de concordância. Estão corretas, portanto, as duas formas: não têm mais condições de ser implementadosou não têm mais condições de serem implementados.

10.d) Verbos Causativos/ Sensitivos + Pronomes Oblíquos + Infinitivo

Para começar, vamos entender o que são os verbos causativos e sensitivos.

CAUSATIVOS indicam causa/consequência (fazer, permitir, deixar, mandar) e SENSITIVOS expressam sensações (ouvir, sentir, ver).

Quando estes verbos (causativos e sensitivos) estiverem acompanhados de PRONOME PESSOAL OBLÍQUO ÁTONO (que exercem a função de sujeito do verbo no infinitivo que lhe segue – entendimento majoritário na doutrina), o infinitivo, mesmo pessoal (ou seja, possuindo um sujeito) não deve ser flexionado.

Estou falando grego? Então, vamos a um exemplo para compreender.

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Ouvi os meninos sair/saírem.

Mandei os meninos sair/saírem.

Quem vai sair? Resposta: os meninos.

Nesse tipo de construção, quando, no objeto direto do verbo causativo (mandei) ou sensitivo (ouvi), houver um substantivo (nome) não há consenso entre os gramáticos: há autores que exigem a flexão obrigatória (saírem), outros que indicam uma faculdade (sair/saírem – tanto faz) e, por fim, os que se recusam a flexionar o infinitivo (sair).

Contudo, todos os gramáticos concordam em um aspecto: quando esse substantivo (nome) é representado por um pronome pessoal oblíquo átono (o/ os/ a/ as). Nesse caso, o infinitivo NÃO PODE se flexionar!

Ouvi-os sair.

Mandei-os sair.

Para memorizar a lição, lembre-se de uma música de Candeia, imortalizada na voz de Cartola (se não conhece ainda, trate de conhecer esta bela obra: Preciso me Encontrar!)

“Deixe-me ir / Preciso andar / Vou por aí a procurar / Rir pra não chorar (...) Quero assistir ao sol nascer / Ver as águas dos rios correr / Ouvir os pássaros cantar...”

Estando o sujeito do infinitivo expresso na forma de substantivo, poderia ser “Ver as águas dos rios CORRER/CORREREM” e “Ouvir os pássaros CANTAR/CANTAREM”, é polêmico. Contudo, se fosse expresso em pronome oblíquo, a única forma possível seria a do infinitivo não flexionado: “Vê-las correr / Ouvi-los CANTAR”.

Caso 11 - PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO NO PLURAL

Na voz passiva, quando os verbos PODER/DEVER estiverem acompanhados do pronome apassivador SE, de um verbo no infinitivo e, por fim, de um substantivo no plural, há duas formas de análise e, consequentemente, de construção.

Pod...-se identificar duas formas de contágio.

1ª. POSSIBILIDADE: o verbo PODER forma com o verbo IDENTIFICAR uma locução verbal, em que aquele atua como verbo auxiliar e este, principal. Como acontece em qualquer locução verbal, quem se flexiona é o verbo auxiliar. Observamos, também, que existe um pronome SE acompanhando o verbo auxiliar. Como o verbo principal é TRANSITIVO DIRETO (Alguém identifica alguma coisa), a locução faz parte de uma construção de voz passiva sintética. Quem, então, é o sujeito dessa oração (o que se pode identificar?)? Resposta: duas formas de contágio. O sujeito paciente (voz passiva) está no plural, levando o verbo auxiliar à mesma flexão. A construção correta seria: Podem-se identificar duas formas de contágio.

2ª. POSSIBILIDADE: Agora, o verbo PODER tem como sujeito uma oração reduzida de infinitivo “identificar duas formas de contágio”. Equivale dizer: “É possível identificar duas formas de contágio = ISSO é possível”. Assim, mesmo em construção de voz passiva (o verbo PODER é transitivo direto e a construção apresenta ideia passiva), o verbo PODER permanece na 3ª pessoa do singular por apresentar um SUJEITO ORACIONAL (caso 8). A forma correta seria: Pode-se identificar duas formas de contágio.

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Note que ambas as formas verbais (flexionada ou não) estão corretas, mas a análise que se faz de uma é diferente da da outra.

Treine a análise com mais um exemplo:

1 - Devem-se manter os animais nas jaulas. – Os animais devem ser mantidos nas jaulas. – construção de voz passiva = verbo auxiliar concorda com o núcleo do sujeito: animais.

2 – Deve-se manter os animais nas jaulas. – Deve-se [manter os animais nas jaulas] - sujeito oracional = verbo na 3ª pessoa do singular.

A ESAF adora questões como essa. Vejamos como o examinador abordou em uma de suas provas.

(TCE RN/2000) Marque o item em que um dos dois períodos está gramaticalmente incorreto:

c) No gênero das leis federativas, é possível discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas. / No gênero das leis federativas, podem-se discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas.

Os dois períodos apresentados na opção C estavam CORRETOS.

O verbo PODER, no segundo período, está acompanhado do pronome se (“podem-se discernir duas espécies bem visíveis”). Vamos analisar a passividade dessa construção. Então, devemos fazer aquelas perguntas (como é, ainda se lembra???):

1- É verbo TD ou TDI?

Sim. Se considerarmos que os verbos formam uma locução verbal (“poder discernir”), a transitividade de discernir (verbo principal) é DIRETA, pois significa diferenciar, distinguir, discriminar.

2 – Há ideia passiva?

Sim, duas espécies de leis federativas poderão ser discernidas, ou seja, diferenciadas.

Então, trata-se de voz passiva pronominal (sintética) e o verbo auxiliar deverá se flexionar de acordo com o núcleo do sujeito paciente – espécies – e ir para o plural – podem-se discernir.

A outra possibilidade de análise e construção seria: “pode-se discernir duas espécies bem visíveis: leis federais intransitivas e transitivas.”

Neste caso, o sujeito da forma verbal “pode-se” é a oração reduzida de infinitivo “discernir duas espécies...”.

São formas igualmente válidas, cada uma com uma análise sintática diferente.

CUIDADO COM CERTAS CONJUGAÇÕES

Você precisa tomar cuidado especial quando a questão de prova envolver concordância com os verbos derivados dos verbos pôr, ter e vir. Suas formas plurais não apresentam nenhuma distinção fonética em relação às formas singulares.

Vamos lá: para perceber essa coincidência, fale alto, não ligue se a sua vizinha pensar que você enlouqueceu – depois que você passar no concurso, ela vem puxar o seu saco...: DISPÕE/DISPÕEM, MANTÉM/MANTÊM, CONVÉM/CONVÊM...

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Viu só? Isso pode enganar o seu ouvido direitinho.

Por isso, sempre que surgir um verbo com esse tipo de “casca de banana”, sublinhe, circule, desenhe uma caveira, faça qualquer coisa para perceber se a forma verbal está de acordo com o sujeito correspondente.

Para encerrarmos nossa aula de hoje, veja só como pode ser maldosa uma questão assim:

(ESAF/TRF/2000) Assinale a opção em que há erro gramatical.

No Primeiro Reinado, as idéias de justiça fiscal e capacidade de contribuição, que pressupõe(A) que a cada cidadão deva ser cobrado o imposto de acordo com suas possibilidades, simplesmente não existiam, já que(B) não havia legislação coerente que garantisse a defesa desses princípios. Como o clero e os senhores rurais eram livres das obrigações fiscais, os privilégios subsis-tiam(C). Em face do(D) baixo grau de informação, da falta de instituições independentes e da ausência de liderança, era impossível qualquer manifestação que fosse contrária ao(E) sistema em vigor.

a) A

b) B

c) C

d) D

e) E

ACORDO ORTOGRÁFICO: A palavra “ideia” perdeu o acento agudo.

Mais uma vez, temos de observar a qual palavra o pronome relativo que se refere (caso 2.i). Na passagem “que pressupõe”, o relativo que tem como antecedente o substantivo plural ideias (“as idéias(*) de justiça fiscal e capacidade de contribuição, que pressupõe...”). Por isso, o verbo PRESSUPOR deve com esse substantivo no plural concordar – pressupõem.

Olhe aí um desses verbos perigosos. Foneticamente, não há diferença entre a forma singular e a plural da conjugação verbal nas terceiras pessoas (pressupõe / pressupõem – notou alguma diferença?).

Por isso, todo cuidado é pouco na prova. Dificuldade maior reside quando a questão transcreve um texto e apresenta em somente uma das opções a incorreção gramatical (sem sublinhar, como nessa). Em meio a tantas possibilidades de incorreção, ainda mais com grande distância entre o verbo e o sujeito correspondente, um erro como esse (de concordância) pode passar despercebido aos ouvidos e à retina.

Felizmente, chegamos ao fim de nosso encontro de hoje (ufa!!!), mas não sem antes treinarmos os conhecimentos aqui adquiridos.

Então, mãos à obra. Resolva as questões extraídas de diversos concursos para, só depois, ver o gabarito e ler os comentários.

Grande abraço.

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QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1 - (NCE UFRJ / INCRA / 2005)

Texto 4 - PERIGO REAL E IMEDIATO

Vilma Gryzinski – Veja, 12/10/2005

Desde que a era das fotografias espaciais começou, há quarenta anos, uma nova e prodigiosa imagem se formou no arquivo mental da humanidade sobre o que é o planeta no qual vivemos. Do nosso ponto de vista no universo, provavelmente não existe nada que se compare à beleza desta vívida esfera azul, brilhando na imensidão do espaço, água e terra entrelaçadas num abraço eterno, envoltas num cambiante véu de nuvens.

(...)

As regras de concordância nominal dizem que o adjetivo posposto a dois substantivos concorda com o mais próximo ou com o plural dos dois; no caso de “água e terra entrelaçadas”, a afirmativa correta, entre as que estão abaixo, é:

(A) o adjetivo também poderia aparecer na forma “entrelaçada”;

(B) a forma “entrelaçados” do adjetivo também estaria correta;

(C) se anteposto, a única forma possível do adjetivo seria “entrelaçada”;

(D) por coerência lógica, a única forma possível do adjetivo é “entrelaçadas”;

(E) o adjetivo refere-se exclusivamente ao substantivo “água”.

2 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006)

Assinale a alternativa em que a concordância nominal NÃO é adequada:

(A) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatória;

(B) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção obrigatórios;

(C) A temperatura do Sol obrigava a cuidado e proteção forçadas;

(D) A temperatura do Sol obrigava a obrigatório cuidado e proteção;

(E) A temperatura do Sol obrigava a obrigatória proteção e cuidado.

3 - (NCE UFRJ / ANALISTA FINEP / 2006)

“A elevação da temperatura no terceiro planeta do sistema solar tornará inviável a sobrevivência de qualquer criatura”; sobre os aspectos da concordância nominal e verbal dessa frase, podemos dizer que:

(A) o adjetivo inviável concorda com criatura;

(B) a forma verbal tornará concorda com o sujeito posposto;

(C) o pronome qualquer é invariável;

(D) o numeral terceiro não concorda com o substantivo planeta;

(E) no plural, quaisquer criaturas não modificaria a forma do adjetivo inviável.

4 - (FUNDAÇÃO JOÃO GOULART/PGM RJ/2004)

Há má construção gramatical quanto à concordância em:

A) Os médicos consideravam inevitável nos pacientes pequenas alterações psicológicas.

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B) As internações por si sós já causam certos distúrbios psicológicos aos pacientes.

C) Uma e outra alteração psicológica podem afetar os pacientes hospitalizados.

D) Distúrbios e alterações psicológicos são normais em pacientes hospitalares.

5 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001)

A alternativa correta quanto à concordância nominal é

A. A empregada mesmo viu tudo.

B. Já fiz isso bastante vezes.

C. Passado a crise, voltaram.

D. As frutas chegaram meio estragadas.

6 – (ESAF / AFC STN / 2000)

Marque o segmento do texto que contém erro de estruturação sintática.

a) Se alguém tinha alguma dúvida quanto à retomada do crescimento econômico, os últimos dados divulgados pelo IBGE e pela Confederação Nacional da Indústria se encarregaram de sepultá-las.

b) Todos os indicadores disponíveis confirmam uma forte reação na produção industrial brasileira, que começou ainda no ano passado, mas ganhou maior força nos primeiros meses do ano 2000.

c) A produção em fevereiro cresceu 16% em comparação com o mesmo mês do ano passado, enquanto as vendas cresceram 18%.

d) Em uma perspectiva mais longa, que analisa a produção nos últimos 12 meses, houve um crescimento de 1,4%, invertendo uma seqüência de resultados negativos que se arrastavam desde agosto de 1998.

e) Em fevereiro, foram criados 18.000 novos postos no mercado formal, segundo dados do Ministério do Trabalho.

(André Lahóz, com adaptações)

7 - (NCE UFRJ / Guarda Municipal /2002)

Assinale o item que está de acordo com as normas gramaticais.

a) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido a cerca de 10 dias;

b) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias;

c) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido há cerca de 10 dias;

d) O fato nada teve a haver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias;

e) O fato nada teve a ver com o assalto ocorrido acerca de 10 dias.

8 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001)

Assinale a alternativa errada quanto ao emprego de "acerca de", "há cerca de" e "a cerca de".

A. Ficou há cerca de dez passos da esquina.

B. Fez uma exposição acerca do impasse.

C. Viajou há cerca de uma semana.

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D. Dirigiu-se a cerca de cem pessoas.

9 - (FCC / ICMS SP / 2006)

Considere a seguinte frase:

A busca de distinção entre o que é “do bem” e o que é “do mal” traz consigo um dilema (...).

O verbo trazer deverá flexionar-se numa forma do plural caso se substitua o elemento sublinhado por

(A) O fato de quase todas as pessoas oscilarem entre o bem e o mal (...).

(B) A dificuldade de eles distinguirem entre as boas e as más ações (...).

(C) Muitas pessoas sabem que tal alternativa, nas diferentes situações, (...).

(D) Essa divisão entre o bem e o mal, à medida que se acentua nos indivíduos, (...).

(E) As oscilações que todo indivíduo experimenta entre o bem e o mal (...).

10 - (FGV / MPE AM / 2002)

Assinale a alternativa em que ocorre uma concordância verbal INACEITÁVEL em relação à norma culta da língua. (A) Pouco importavam ao cronista a crítica e o elogio. (B) Chegou à editora o texto e uma carta do cronista. (C) Agradava-lhe o ritmo e o estilo do cronista. (D) Obrigavam-me a amizade e o dever de criticar aquele seu texto. (E) Faltava-lhe, naquele dia, fatos para escrever sua crônica.

11 - (CESGRANRIO / BNDES – ADVOGADO / 2004)

Indique a opção em que a concordância NÃO está de acordo com as regras da norma culta.

(A) Gosto de viajar para lugares o mais exóticos possível.

(B) Compramos um sofá, uma poltrona e uma mesa antigos.

(C) A maioria das pessoas espera conseguir bons empregos.

(D) Um dos cientistas que estudam a memória chegou ao Brasil.

(E) Mais de um funcionário vão pedir promoção no mês que vem.

12 - (FGV / Agente Tributário Estadual / 2006)

No trecho o primeiro namorado ou o primeiro marido não sabem (L.69-70), o verbo foi flexionado corretamente no plural, observando o caso de sujeito composto com núcleos ligados por OU.

Assinale a alternativa em que, no mesmo caso, a flexão do verbo não seria possível.

(A) Esperávamos que ele ou o irmão viessem nos apanhar.

(B) Umidade intensa ou ressecamento excessivo não nos fazem bem.

(C) João Carlos ou Pedro se casariam com Marta.

(D) O jornal ou a revista podem apresentar detalhadamente a notícia.

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(E) Podem ser entregues o original do documento ou sua cópia.

13 - (CESGRANRIO / SEAD AM / 2005)

Aponte a opção em que se encontra um uso INACEITÁVEL de concordância.

(A) Uma e outra coisa merece nossa atenção.

(B) Nem um nem outro candidato conseguiram se destacar.

(C) O médico, com sua enfermeira, foi ao Congresso.

(D) No relatório da OMS, tinham vários erros de tabela.

(E) Os cientistas haviam tido muito cuidado nos experimentos.

14 - (FGV / Ministério da Cultura /2006)

Lá, alunos ajudaram a criar um centro cultural...

Assinale a alternativa em que, substituindo-se alunos no trecho acima por outra expressão, foi mantida a correção gramatical.

(A) Lá, 1,85% ajudaram a criar um centro cultural...

(B) Lá, 0,98% ajudou a criar um centro cultural...

(C) Lá, a maior parte ajudaram a criar um centro cultural...

(D) Lá, tu e teus amigos ajudaram a criar um centro cultural...

(E) Lá, dois terços ajudou a criar um centro cultural...

15 - (NCE UFRJ / PCRJ / 2002)

Assinale o item que atende aos preceitos da norma culta da língua.

a) A maioria dos trabalhadores participaram da sessão de treinamento;

b) A maioria dos trabalhadores participou da seção de treinamento;

c) A maioria dos trabalhadores participou da cessão de treinamento;

d) A maioria dos trabalhadores participaram da secção de treinamento;

e) A maioria dos trabalhadores participaram da seção de treinamento.

16 - (FCC / MPE PE/ 2006)

Está clara e correta a redação do seguinte comentário sobre o texto:

(A) Nem mesmo o mais rigoroso dos dicionários são capazes de definir com precisão o sentido que os homens desejam discernir entre os conceitos fundamentais.

(B) Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um espaço de hesitação para os conceitos, que seriam tão desejáveis estabelecer para a ação humana.

(C)) Tanta dificuldade enfrentada na definição dos nossos valores essenciais demonstra que não dispomos de convicções absolutas, de princípios realmente duradouros.

(D) Tanto a felicidade como a justiça devem de ser discutidos sobre os parâmetros instáveis da nossa consciência, o que torna problemáticos tanto um quanto outro.

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(E) Não se esperem que nossos valores essenciais possam ser definidos sem controvérsias, pois as mesmas fazem parte da dinâmica que se rege o nosso pensamento.

17 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)

Os trechos abaixo constituem um texto. Assinale a opção gramaticalmente incorreta.

a) A desigualdade na repartição da renda, riqueza e poder é uma marca inalienável do Brasil.

b) De acordo com o “Atlas de exclusão social — Os ricos no Brasil” (Cortez, 2004), somente 5 mil famílias chegam a se apropriar de mais de 40% de toda a riqueza nacional, embora o país registre mais de 51 milhões de famílias.

c) Se considerarmos somente a parcela da população que se concentram no décimo mais rico, verificam-se que 75% de toda a riqueza contabilizada termina sendo por ela absorvida.

d) Em outras palavras, restam 25% da riqueza nacional a ser apropriada por 90% da população brasileira. Esse descalabro em relação à concentração sem limites da riqueza no País não é algo recente.

e) Pelo contrário, isso parece ser algo consolidado desde sempre no País, embora desde 1980, com o abandono do projeto de industrialização nacional, tenha avançado no país o ciclo da financeirização da riqueza, com retorno ao modelo primário-exportador de matérias-primas e produtos agropecuários.

(Marcio Pochmann)

18 - (ESAF / ATE MS / 2001)

Marque o item em que uma das sentenças está gramaticalmente mal formada:

É vedado à Administração Tributária:

a) exigir tributo não previsto neste Código / exigir tributo que não esteja previsto neste Código.

b) aumentar tributo sem que a lei o estabeleça / aumentar tributos sem que a lei os estabeleçam.

c) cobrar tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes do início deste Código ou de outra lei que os instituir ou aumentar / cobrar tributos relativos a fatos geradores ocorridos antes do início deste Código ou de outra lei que os institua ou aumente.

d) cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou / cobrar tributos no mesmo exercício financeiro em que tenha sido publicada a lei que os instituiu ou aumentou.

e) Estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de qualquer natureza, em razão de sua procedência ou destino / estabelecer diferença tributária entre bens e serviços de quaisquer naturezas, em razão de sua procedência ou destino.

19 – (ESAF/Fiscal de Fortaleza/1998)

Indique entre os itens sublinhados o que contém erro gramatical ou impropriedade vocabular.

Tudo parece indicar, a essa altura, que(A) as repercussões da crise dos países asiáticos sobre a América Latina serão bem menos acentuadas do que(B) se

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imaginava faz(C) poucos meses. Pouco a pouco, foram-se percebendo(D) que os problemas daquela região são devidos à(E) desorganização de seus sistemas financeiros e a uma especulação imobiliária desenfreada.

(Gazeta Mercantil, 21 e 22/2/1998, adaptado)

a) A

b) B

c) C

d) D

e) E

20 - (FGV/PREF.ARAÇATUBA/2001)

A concordância verbal está correta em

A. Precisam-se de muitos técnicos.

B. Os Estados Unidos é contrário a essas medidas.

C. Neste mês, deve haver muitos feriados.

D. Tratavam-se de profissionais competentes.

21 - (NCE UFRJ INCRA/2005)

Texto 1 - Internet, telefone e mais de 39 mil terminais de autoatendimento.

São muitas as opções para você movimentar a sua conta, efetuar pagamentos, obter crédito, receber benefícios, adquirir produtos e o que mais você precisar. É para isso que o Banco do Brasil investe tanto em tecnologia: para estar o tempo todo com você.

(O Globo, 06/10/2005)

Se transformarmos as cinco primeiras orações reduzidas de infinitivo em orações desenvolvidas na forma passiva pronominal (com o pronome SE), as formas verbais adequadas serão, respectivamente:

(A) movimente – efetue – obtenha – receba – adquira;

(B) movimentem – efetuem – obtenham – recebam – adquiram;

(C) movimente – efetuem – obtenha – recebam – adquiram;

(D) movimentem – efetue – obtenham – receba – adquira;

(E) movimente – efetue – obtenha – receba – adquiram.

22 - (FCC/BANCO DO BRASIL/2006)

É preciso corrigir a seguinte frase, na qual há um equívoco quanto à concordância verbal:

(A) As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou primitiva não parecem ter em nada animado o cronista.

(B) Não consta, entre as fobias declaradas pelo cronista, a de se sentir distante de alguém a quem o prendam laços afetivos.

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(C) Não se ouvem apenas os cantos do mar, mas também os sons de insetos e animais que podem representar uma séria ameaça.

(D) Uma das convicções do bem-humorado cronista é a de que usar bermudas longas constituem a maior de suas concessões à vida natural.

(E) Fica sugerido que livros, jornais e revistas são, para o cronista, artigos de primeira necessidade, como o são fósforos ou aspirina.

23 - (FCC / BANCO DO BRASIL / 2006)

Está plenamente atendida a concordância verbal em:

(A) Para o amanuense, não teriam havido outras compensações, além das alegrias que lhe proporcionavam a elaboração da linguagem do diário.

(B) Entre um computador e um fax ainda existem, nas palavras do autor, muito estímulo para as nossas paixões se manifestarem.

(C) As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um diário, pode suscitar o interesse de um grande número de leitores.

(D) Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário pessoal as questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar.

(E))É nas palavras de um diário que se formaliza a nossa subjetividade, é nelas que se espelham as faces profundas dos nossos desejos.

24 - (FGV / ICMS PB / 2006)

De acordo com a norma culta, a concordância verbal está correta APENAS na frase:

(A) O autor disse que existe comissões parlamentares válidas e competentes.

(B) Haviam perguntas que não foram respondidas durante o interrogatório.

(C) Em toda a parte do mundo podem haver políticos corruptos.

(D) É necessário reconhecer que algumas atitudes que fere os princípios éticos precisam serem punidas.

(E) )Já faz cinco sessões que os deputados não votam nenhuma proposta do governo.

25 - (CESGRANRIO / INSPETOR DE POLÍCIA / 2001)

“...não se pode culpar os publicitários por isso – eles, assim como todo mundo, não sabem o que fazem.”

Analise o comentário sobre os componentes desse segmento do texto é:

- igualmente correta seria a forma podem culpar .

26 - (TRT 15ª Região – Analista Judiciário / Setembro 2004)

_________ as aparências enganosas de exatidão.

Preenche-se corretamente a lacuna por:

(A) Deve ser evitado

(B) Deve serem evitadas

(C) Deve ser evitadas

(D) Devem ser evitado

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(E))Devem ser evitadas

27 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)

De fato, os jovens têm motivos para se sentirem inseguros. Começam a vida profissional assombrados pelos altos índices de desemprego. Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem. Além da falta de experiência, há o despreparo mesmo. Grande parte tem baixa escolaridade. O mercado de trabalho ajuda a perpetuar a desigualdade. Muitos jovens deixam de estudar para trabalhar. Mas a disputa é acirrada também entre os mais bem-preparados. A grande oferta de mão-de-obra resulta em um processo cruel de avaliação, com testes de conhecimentos e de raciocínio lógico, redação, dinâmicas de grupo, entrevistas. E não é só. O jovem deve demonstrar habilidades que muitas vezes nem teve tempo de saber se possui ou de descobrir como adquiri-las. Como o conhecimento hoje fica obsoleto muito rápido, a qualificação e o potencial comportamental é que definem um bom candidato, e não só o preparo técnico.

(Adaptado de ISTOÉ 5/10/2005)

Julgue a assertiva abaixo.

c) Como a expressão “a metade” (l.2) pode ser considerada um sinônimo textual para 50%, a substituição daquela por esta preservaria a coerência textual e a correção gramatical.

28 – (ESAF/ TFC/ 1997)

Assinale o item que apresenta concordância incorreta.

a) As pessoas se agrupam em função de objetivos comuns em associações, federações, confederações, sindicatos, ONGs, colégios, empresas, sociedades, clubes, conselhos, fundações, institutos, etc.

b) Em qualquer uma dessas situações pressupõem-se que os grupos trabalham unidos na defesa de um ideário consubstanciado em estatutos, normas e procedimentos que determinam formas de atuação na sociedade.

c) Entre os dez setores que mais geraram empregos no Brasil, em 1996, as entidades sem fins lucrativos despontaram em primeiro lugar.(...)

d) Além disso, possuem alto índice de trabalhadores voluntários que disponibilizam seu tempo livre em benefício de toda a sociedade, algo nada desprezível enquanto força mobilizadora.

e) A questão é como usar esse poder. Talvez nunca como neste momento a conscientização da necessidade do envolvimento do empresariado na vida da comunidade tenha sido tão importante.

(Maria Christina Andrade Vieira, Gazeta Mercantil -14 de agosto de 1997, com adaptações)

29 - (FCC / ANEEL ANALISTA/ 2006)

A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. São mais do que rabiscos. São uma forma de estabelecer uma relação de pertencimento com a comunidade – mesmo que por meio da agressão – e, ao mesmo tempo, de dar ao autor um sentido de auto-identidade.

(Gilberto Dimenstein, Folha de S. Paulo, 21/01/2006)

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Sobre esse trecho, analise a assertiva abaixo.

- Nos dois períodos iniciados pela forma verbal “São”, a concordância verbal se faz com o predicativo do sujeito.

30 - (FCC / ANEEL TÉCNICO / 2006)

Apesar das dificuldades, o Programa de Metas foi executado e seus resultados manifestam-se na transformação da estrutura produtiva nacional. O governo JK, que soube mobilizar com maestria a herança de Vargas e elevar a auto-estima do povo brasileiro, realizou-se em condições democráticas, com liberdade de imprensa e tolerância política. A taxa de inflação, que em 1956 foi de 12,5%, no final do governo JK, elevou-se para o patamar de 30,5%. A Nação, por sua vez, obteve um crescimento econômico médio de 8,1% ao ano. Apesar das pressões do Fundo Monetário Internacional (FMI), que já advogava o “equilíbrio fiscal” e o Estado mínimo para o Brasil, e de setores conservadores da vida brasileira, JK conseguiu elevar o PIB nacional em cerca de 143%. E tudo isto ocorreu em um contexto marcado por um déficit de transações correntes que atingiu 20% das exportações em 1957 e 37% em 1960, o que ampliava a fragilidade externa e fazia declinar a condição de solvência da economia brasileira. No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.

(Rodrigo L. Medeiros, com adaptações)

- Por se tratar de verbo expletivo, “foi” (l.13) pode ser retirado da oração sem prejuízo do sentido e da sintaxe. CONCORDÂNCIA “É QUE”

31 - (FUNRIO/AGENTE PENITENCIÁRIO FEDERAL/2009)

Rio, podem dizer o que quiser,

Mas o xodó do povo é o Rio.

Casa do samba e do amor, do Redentor,

Louvado seja o Rio.

Sobre os versos iniciais da canção “Delírio dos Mortais”, de Djavan, é correto afirmar que a concordância verbal do trecho “podem dizer o que quiser” é

A) facultativa: pode-se considerar que o sujeito desses verbos está oculto.

B) ideológica: prevalece a idéia genérica e não identificada do sujeito.

C) rígida: admite-se que o sujeito indeterminado leve o verbo à 3a pessoa.

D) estilística: integra o individual no coletivo com a mistura de tratamento.

E) viciosa: deveria ser corrigida para “podem dizer o que quiserem”.

32 - (FUNRIO/CIA.DOCAS/2006)

“... a ciência investiga há muito pouco tempo."

Com o mesmo sentido do período acima o vocábulo em destaque completa a opção:

a) ___ muitas propostas entregues.

b) ___ momentos de incerteza.

c) ___ dois meses foi entregue a pesquisa.

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d) ___ um campo de pesquisa na Universidade.

e) Daqui ___ dois meses teremos o resultado da pesquisa.

33 - (FUNRIO/FUNAI/2009)

As frases abaixo reúnem algumas das considerações que o texto apresenta sobre o papel da imprensa na sociedade de hoje, mas, em uma delas, a construção sintática está em desacordo com os padrões formais da língua. Assinale-a.

A) Não deveria haver tantas mentiras e manipulações em nome da grande pátria.

B) Há corporações cujas pressões econômicas levam muitos veículos a omitir informações.

C) Fazem séculos que a liberdade de expressão busca compensar as pressões do Estado.

D) A maioria dos jornalistas pode ser acusada de não contar a verdade para seus leitores.

E) Os Estados Unidos votaram contra a Declaração Universal dos Direitos dos Povos Indígenas.

34 – (FUNRIO/FURP SP/2009)

Marque a alternativa que apresenta um enunciado dotado de sentido de passividade sem, no entanto, estar formalizado, expressamente, na voz passiva, tal como prescreve a teoria gramatical.

A) Assistia ao jogo naquele domingo de chuva fina e insistente.

B) Não se podem pescar peixes miúdos nesse lago.

C) A menina recebeu o prêmio como reconhecimento do seu esforço.

D) O artista foi aplaudido pela platéia entusiasmada.

E) Vendem-se flores artificiais e naturais pelo mesmo preço.

35 - (ESAF/RFB – Auditor Fiscal/2009)

Os trechos abaixo constituem um texto adaptado de O Globo. Assinale a opção que apresenta erro de concordância.

a) Para sustentar um crescimento duradouro nos moldes do registrado no ano passado, a economia brasileira precisa se preparar, multiplicando seus investimentos, que, aliás, parecem deslanchar. Mas leva algum tempo até que atinjam a fase de maturação.

b) Nesse período, seria preferível que a economia crescesse em ritmo moderado, na faixa de 4% a 5% ao ano, para evitar pressões indesejáveis sobre os preços ou uma demanda explosiva por importações, o que poderia comprometer em futuro próximo as contas externas do país.

c) O Brasil felizmente tem uma economia de mercado, na qual controles artificiais não funcionam ou causam enormes distorções. As iniciativas de política econômica para se buscar um equilíbrio conjuntural deve, então, se basear nos conhecidos mecanismos de mercado.

d) No caso do Banco Central, o instrumento que tem mais impacto sobre as expectativas de curto prazo, sem dúvida, é a taxa básica de juros, que estabelece

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um piso para a remuneração dos títulos públicos e, em consequência, para as demais aplicações financeiras e operações de crédito não-subsidiado.

e) Se a taxa de juros precisa agir sozinha na busca desse equilíbrio conjuntural, o aperto monetário pode levar os agentes econômicos a reverem seus planos de investimento, e com isso o ajuste se torna mais moroso, sacrificando emprego e renda.

36 - (ESAF/RFB – Auditor Fiscal/2009)

Os trechos a seguir constituem um texto adaptado do Editorial de O Estado de S. Paulo, de 30/8/2009. Assinale a opção em que o segmento apresenta erro gramatical.

a) A Pesquisa Anual de Serviços, do IBGE, é um retrato confiável do emprego, do salário e da renda no setor que mais contribui para o PIB (65,8%). Na pesquisa que saiu agora, de 2007, o IBGE se valeu de dados de 1 milhão de empresas, que empregavam 8,7 milhões de pessoas e obtiveram receita operacional de R$ 580,6 bilhões.

b) O rendimento médio dos trabalhadores do setor declinou de 3,2 salários mínimos para 2,5 salários mínimos no período. Sabe-se que o salário mínimo foi corrigido bem acima da inflação, mas o salário real nos serviços cresceu apenas 6,3% entre 2003 e 2007, ou seja, abaixo do PIB.

c) A participação da folha de salários no valor adicionado caiu de 51,8%, em 2003, para 47,4%, em 2007. É um indício de que mais recursos foram destinados para pagamento de tributos ou para aumentar os lucros das companhias.

d) Nela, o IBGE comparou os dados de 2003 com os de 2007, período em que a massa salarial paga pelas empresas pesquisadas evoluíram de R$ 61 bilhões para R$ 106,8 bilhões.

e) Quando se somam salários, retiradas e outras remunerações, alguns setores apresentaram recuperação expressiva entre 2006 e 2007 — caso dos serviços financeiros de corretoras e distribuidoras de valores (+28,6%), atividades imobiliárias e aluguel de bens (+18,6%), serviços de informação (+10,3%) e serviços prestados às famílias (+9,8%).

37 - (ESAF/RFB – Auditor Fiscal/2009)

Analise a correção gramatical dos segmentos abaixo, extraídos de um texto adaptado do Editorial do jornal Folha de S. Paulo, de 20/8/2009.

- Se já parece ser possível comemorar a recuperação embrionária, o mesmo não se pode afirmar da prometida reforma nas finanças globais. Até pouco tempo, a modificação radical das regras sobre a atuação dos bancos nos sistemas financeiros eram alardeadas como condição fundamental para a retomada do crescimento em bases sólidas.

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GABARITOS COMENTADOS DAS QUESTÕES DE FIXAÇÃO

1 – D

A questão já começa com a apresentação de um conceito de concordância nominal. Contudo, por se tratar de caso de reciprocidade (a água e a terra estão laçadas entre si = entrelaçadas), o verbo, necessariamente, irá para o plural. Essa informação é apresentada na opção D.

Em relação às demais opções:

a) por haver essa ideia de reciprocidade, o adjetivo não poderia ficar no singular;

b) os dois substantivos são femininos (água e terra), não havendo a possibilidade de flexionar o adjetivo no masculino;

c) por ser recíproco, mesmo anteposto, o adjetivo deverá se flexionar no plural;

e) o adjetivo se refere aos dois substantivos.

2 – C

Vimos que, quando na função de adjunto adnominal posposto aos nomes, existe a faculdade de concordância do adjetivo com o nome mais próximo (concordância atrativa – opção A) ou com o conjunto de substantivos a que se refere (concordância gramatical – opção B) – caso 1.2 da Aula 4.

A única forma incorreta é a da letra C. Se for realizada a concordância atrativa, o adjetivo fica no feminino singular para se harmonizar com o substantivo proteção.

Se a opção for pela concordância gramatical, por haver um elemento masculino (cuidado), o adjetivo fica no masculino plural (forçados). Não há, pois, possibilidade de o adjetivo ser empregado no feminino plural (opção C).

Note que as opções D e E apresentam o adjetivo anteposto na função de adjunto adnominal (caso 1.1 da Aula 4). Neste caso, a única concordância possível é a atrativa (lembre-se da dica: tudo com a letra “a” – adjetivo anteposto na função de adjunto adnominal – concordância atrativa).

Na opção D, o adjetivo concorda com o substantivo cuidado, enquanto que na opção E, o faz com o substantivo proteção.

3 – E

Agora, o adjetivo está na função de PREDICATIVO DO OBJETO (caso 3 da Aula 4).

O verbo tornar é transobjetivo, ou seja, além do objeto direto, ele precisa da informação trazida pelo predicativo do objeto.

Vamos analisar cada uma das opções:

(A) o adjetivo inviável se refere ao substantivo sobrevivência (a sobrevivência se tornará inviável, e não a criatura).

(B) o sujeito de tornará é “a elevação da temperatura”. Essa elevação tornará a sobrevivência inviável. Por isso, está incorreta a informação de que o sujeito está posposto. Na verdade, o sujeito está anteposto ao verbo, na ordem direta.

(C) O pronome qualquer é o único caso em que a flexão se realiza no meio do vocábulo, em virtude do processo de sua formação (pronome QUAL + verbo QUER pronome QUAIS + QUER = quaisquer). Assim, está incorreta tal afirmação.

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(D) O numeral terceiro exerce a função sintática de adjunto adnominal ao substantivo planeta, devendo com ele concordar em gênero e número. Lembre-se de que numeral é classe de palavra variável (nunca se esqueça da tabelinha, hem?).

(E) O objeto direto, que complementa o verbo tornar, é sobrevivência. É com este substantivo que o adjetivo inviável deve concordar em número. A expressão de qualquer criatura exerce a função de complemento do substantivo sobrevivência. Por isso, sua flexão não influencia a alteração do adjetivo – “A elevação da temperatura (...) tornará inviável a sobrevivência de quaisquer criaturas”. Está correta a assertiva.

4 – A

Citamos essa questão na Aula 4, mas não chegamos a avançar na análise. Esse momento chegou.

Mais uma vez, veremos a concordância do adjetivo na função de predicativo do objeto (caso 3).

O verbo considerar também é transobjetivo. Seu objeto direto, na construção, é pequenas alterações psicológicas (Os médicos consideravam pequenas alterações psicológicas...).

O adjetivo inevitável, por se referir a alterações, deve concordar com esse vocábulo, flexionando-se em número.

Assim, a forma correta seria: Os médicos consideravam inevitáveis nos pacientes pequenas alterações psicológicas.

Na opção B, foi empregado corretamente o adjetivo “sós”, no plural por se harmonizar com o substantivo internações.

Na opção C, temos um exemplo da concordância incorreta com a expressão “uma e outra”. Como vimos, essa construção possibilita a flexão verbal tanto no singular quanto no plural (caso 2.a da Aula 5). O verbo está corretamente flexionado. Contudo, o adjetivo, segundo a norma culta, deveria se flexionar obrigatoriamente no plural, enquanto que o substantivo ficaria no singular (item 1.6 da Aula 4). Assim, estaria correta a forma: “Uma e outra alteração psicológicas pode/podem afetar os pacientes hospitalizados”. Por esse motivo, a questão seria passível de anulação.

5 – D

A palavra meio, quando advérbio, se mantém invariável (olha a tabelinha aí, gente!!!). Exercerá a função sintática de adjunto adverbial, ou seja, vem junto de um adjetivo alterando ou delimitando o seu alcance.

Na opção A, o pronome demonstrativo mesmo se refere ao substantivo empregada, devendo com ele concordar em gênero e número – A empregada mesma (Ela mesma) viu tudo.

Na opção B, o vocábulo bastante é um pronome indefinido adjetivo, devendo se flexionar de acordo com o vocábulo que acompanha, no caso, o substantivo vezes. Na dúvida, troque bastante por muito - Já fiz isso muitas vezes = Já fiz isso bastantes vezes. O pronome modifica um substantivo. Cuidado para não confundir com o advérbio bastante, que é invariável e modifica verbo, adjetivo ou outro advérbio (Corremos bastante./ Eles são bastante altos./ Preciso que você fale bastante alto.)

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Em relação à opção C, eu lhe pergunto: o que passou? Resposta: a crise. Por isso, o particípio deve concordar com esse substantivo = Passada a crise, voltaram.

6 - A

ACORDO ORTOGRÁFICO: Grafa-se, agora, a palavra “sequência” (d).

Eu pergunto: o que os últimos dados trataram de sepultar? Resposta: alguma dúvida em relação à retomada do crescimento. Note que o pronome átono “as”, presente em “sepultá-las”, se refere à palavra “dúvida”, mencionada na primeira oração. Assim, para que haja concordância entre os termos, o pronome deve estar no singular – “sepultá-la”.

Você percebeu que o estilo de prova da ESAF é diferente do das demais bancas já analisadas? Normalmente, as questões dessa banca que envolvem concordância pedem que se assinale o item com erro de natureza gramatical, não indicando o tipo de erro cometido. Assim, você deverá ler com cuidado e analisar todas as relações sintáticas, ou seja, se os pronomes, adjetivos, verbos estão concordando uns com os outros.

7 – B

Primeiramente, vamos eliminar as opções que apresentam erro na expressão “ter a ver”. Assim como na outra expressão “não ter nada a ver com”, a preposição “a” pode ser substituída pela conjunção “que” – ter que ver / não ter nada que ver. Essas expressões indicam responsabilidade ou envolvimento em relação a um fato. Restam somente duas opções: b e e.

Em seguida, temos um mote para estabelecer a diferença entre três expressões muito parecidas: há cerca de / a cerca de / acerca de.

Para isso, vamos partir do seguinte exemplo:

“Eles saíram de casa há cerca de uma hora em direção à fazenda que fica a cerca de 30 km de São Paulo. Tenho minhas dúvidas acerca do tempo que levarão para chegar lá, já que a estrada está em péssimas condições.”

“CERCA DE” significa “aproximadamente”. Ela consta das duas primeiras expressões (há cerca de uma hora / fica a cerca de 30 km), sendo que, na primeira, percebe-se o emprego do verbo impessoal “haver” na indicação de tempo decorrido (há cerca de). Com relação à segunda (a cerca de), a preposição “a” precede a expressão por indicar distância (“A fazenda fica a 30 km de São Paulo.”). Já a expressão “acerca de” equivale a “sobre” (Tenho dúvidas sobre/ acerca do tempo). Não se pode confundi-las.

8 – A

Essa questão serve para fixar o conceito apresentado na anterior. Perceba que a construção da opção A se assemelha à do exemplo acima: Ficou a cerca de dez passos da esquina equivale a dizer Ficou a dez passos da esquina. O “cerca de” indica aproximação. Neste caso, antes da expressão, é necessário colocar a preposição a, indicativa de local/distância.

Nas demais passagens, houve correção.

Na opção B, usou-se adequadamente a locução prepositiva acerca de, que corresponde a sobre.

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Na assertiva C, como é indicado tempo decorrido, usa-se o verbo HAVER, associado a “cerca de”, apresentando uma ideia aproximada de tempo: há cerca de uma semana.

Finalmente, na opção D, novamente a preposição a, exigida pelo verbo DIRIGIR-SE, se associa à expressão cerca de (aproximação).

9 – E

Esse é um caso clássico de concordância verbal. O verbo concorda com o núcleo do sujeito. Em “A busca de distinção entre o que é ‘do bem’ e o que é ‘do mal’ (...)”, o núcleo é o substantivo busca. Em torno dele, estão outros elementos que exercem a função de adjunto adnominal (junto ao nome). Pelo fato de o núcleo ser representado por um substantivo no singular, o verbo trazer permaneceu no mesmo número.

A banca sugere uma série de trocas e pede que se identifique em qual delas o verbo teria de ir para o plural.

Vamos analisar qual é o núcleo do sujeito em cada uma das opções. A resposta deverá apresentar um substantivo flexionado no plural.

(A) O núcleo é fato (singular);

(B) O núcleo é dificuldade (singular);

(C) Dessa vez a banca procurou confundir, apresentando um outro elemento no plural, mas não é “pessoas” o núcleo do sujeito do verbo trazer – ele é o núcleo do verbo saber (Muitas pessoas sabem...). O núcleo do sujeito é alternativa (...sabem que tal alternativa ...) – também singular;

(D) O núcleo é divisão (singular);

(E) Agora, sim! O núcleo é oscilações. Não foi à toa que a resposta estava na opção E – provavelmente, a banca esperava que o candidato assinalasse a opção C por engano.

10 – E

Agora, iremos ver casos de concordância verbal com sujeito posposto ao verbo (caso 1.b da Aula 5).

Analisaremos cada uma das opções.

(A) O sujeito do verbo importar é composto – a crítica e o elogio. Como o sujeito veio após o verbo, haveria a possibilidade de se flexionar o verbo no plural, concordando com todos os elementos do sujeito (concordância gramatical) ou no singular, em harmonia apenas com o mais próximo (concordância atrativa). O autor escolheu a primeira opção.

(B) Dessa vez, o autor escolheu a segunda opção – a concordância atrativa – e manteve o verbo no singular, concordando com texto.

(C) Novamente, a opção foi pela concordância com o termo mais próximo – ritmo – mantendo o verbo no singular.

(D) A flexão do verbo indica a opção pela concordância gramatical, ou seja, com todos os núcleos do sujeito (amizade e dever), enfatizando-se, assim, o conjunto.

(E) O erro dessa opção foi que há apenas um núcleo (sujeito simples), que se apresenta no plural (fatos). Assim, não há para o autor a opção de

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manter o verbo no singular. Obrigatoriamente, o verbo deve concordar com fatos e ir para o plural – Faltavam-lhe, naquele dia, fatos para escrever sua crônica.

11 – E

Vimos que a concordância com a expressão “mais de um” deve ser feita com o numeral (caso 2.f da Aula 5). Assim, está incorreta a forma apresentada na opção E. O verbo deveria estar no singular: Mais de um funcionário vai pedir promoção no mês que vem, ainda que semanticamente isso indique ser dois ou mais funcionários. Como vimos, nesse caso, a norma da Língua Portuguesa contraria a Lógica.

Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários.

(A) Na expressão “o mais ... possível” (caso 1.7 da Aula 4), o adjetivo deve se flexionar de acordo com o que fizer o artigo. Como se manteve no singular, também assim deverá ficar o adjetivo. A outra construção possível seria: Gosto de viajar para lugares os mais exóticos possíveis.

(B) O adjetivo posposto a mais de um substantivo, na função de adjunto adnominal, pode realizar a concordância gramatical (com todos os elementos) ou a concordância atrativa (com o mais próximo). Assim, a forma apresentada está correta, pois há um elemento masculino, o que leva o adjetivo para o masculino plural na concordância com todos os elementos. Também estaria correta a forma: Compramos um sofá, uma poltrona e uma mesa antiga. Contudo, poderia haver um prejuízo de sentido, levando a entender que somente a mesa seria antiga e os demais, novos.

(C) A concordância com termos partitivos (a maioria de, grande parte de – caso 2.d da Aula 5) aceita duas formas de construção – com o núcleo, mantendo-se no singular, ou com o complemento. Nesse caso, optou-se pela primeira forma. A segunda seria “A maioria das pessoas esperam conseguir bons empregos”.

(D) Todo cuidado com essa opção. Há duas análises a serem feitas. A primeira envolve a concordância com a expressão “um dos (...) que” (caso 2.j da Aula 5). O verbo tanto pode ficar no singular (concordando com “um”) ou no plural (concordando com “cientistas”). Nesse caso, o verbo que aceita essa faculdade é o verbo ESTUDAR. O verbo CHEGAR envolve a segunda análise. Ele tem como sujeito “um”, devendo o verbo ficar no singular. Para melhor compreensão, essa construção equivale a: Dos cientistas que estudam a memória, um (dos cientistas) chegou ao Brasil.

12 – C

Ótima questão que envolve a concordância com sujeito composto ligado por OU (caso 1.f da Aula 5). Não se pode flexionar o verbo no plural quando os elementos forem mutuamente excludentes, ou seja, a aceitação de um elimina o outro. Nos demais casos, em que os dois elementos podem exercer concomitantemente a ação, aceita-se a flexão verbal no plural.

Vamos às opções:

(A) Tanto ele quanto o irmão poderiam nos apanhar, não é? Então, essa conjunção pode ter valor aditivo, admitindo-se a flexão verbal no plural.

(B) Os dois elementos (umidade intensa e ressecamento excessivo) podem fazer mal, aceitando-se, assim, a forma plural do verbo.

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(C) Quantas pessoas poderiam se casar com Marta? Ao que me conste, no Brasil, somente uma. Por isso, o verbo só poderia ficar no singular, ou então Marta seria presa por bigamia (rs...).

(D) Quantos meios de comunicação poderiam apresentar a notícia em detalhes? Tantos quantos existirem: jornal, revista, telejornal... Por isso, o verbo pode ir para o plural.

(E) E se quisermos entregar o original e a cópia: isso é possível? Sim. Então o verbo também pode ir para o plural.

13 – D

Outra ótima questão para fixarmos os conceitos de concordância.

O erro está no emprego do verbo TER no sentido de existir. No uso coloquial, há vários registros desse uso, inclusive literários (Drummond: “No meio do caminho tinha uma pedra”).

Contudo, apesar de não haver menção a norma culta no enunciado, em virtude da correção das demais opções, só nos resta indicar esta como a incorreta.

(A) A flexão verbal com a expressão “uma e outra” (caso 2.a da Aula 5)permite que o verbo fique no singular ou no plural.

(B) Apesar de polêmico, esse emprego do verbo no plural com a expressão “nem um nem outro” encontra respaldo na lição do mestre Domingos Paschoal Cegalla (caso 2.c).

(C) Optou-se por manter o verbo no singular, a exemplo do que vimos no caso 1.e.

(E) O verbo haver é um verbo auxiliar na locução “haviam tido”. O verbo principal, que determina a flexão verbal a ser executada pelo auxiliar, é TER. Se estivesse sozinho na construção, esse verbo teria de se flexionar, para concordar com o sujeito “cientistas” (“Os cientistas tinham muito cuidado...”). Por isso, o verbo haver, na locução verbal, deverá se flexionar no plural – haviam tido.

14 – B

A única forma correta é a apresentada na opção B. Como não há um número inteiro percentual (0,98%), associado ao fato de não haver complemento, o verbo só poderá ficar no singular.

O que está errado nas demais opções?

(A) O número percentual inteiro é 1 (1,85%), e não há complemento. Assim, a única forma de concordância do verbo é no singular (Lá, 1,85% ajudou a criar...).

(C) Cuidado com a casca de banana. A expressão “a maior parte” está desacompanhada de complemento. Assim, mais uma vez, o verbo só poderia ficar no singular, concordando com o núcleo “parte”.

(D) Apesar de modernamente alguns autores aceitarem que o verbo se flexione na 3ª pessoa do plural (vocês), em função do desuso das segundas pessoas (tu e vós), em função do erro gritante apresentado na opção B, vemos que a banca da Fundação Getúlio Vargas segue as normas do padrão culto formal da língua, exigindo que, nesse caso, o verbo se flexione na 2ª pessoa do plural – Lá, tu e teus amigos (vós) ajudastes a criar...

(E) Em números fracionários, a concordância se realiza com o numerador (o raciocínio é parecido com o apresentado para números percentuais). Por isso,

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como no numerador temos “dois” (dois terços), o verbo deveria ir para o plural: Lá, dois terços ajudaram a criar...

15 – A

Com a expressão partitiva “a maioria de”, acompanhada de complemento no plural, o verbo pode ficar no singular ou no plural. Por isso, todas as opções seriam válidas. Por isso, já poderíamos eliminar as opções b, d e e, pois todas apresentam a forma seção (ou sua variante secção) e, se uma delas estivesse certa, as demais também estariam, ocasionando a anulação por múltiplas possibilidades de resposta (é assim que se faz prova, viu? Eliminando as opções inválidas e aumentando, assim, a possibilidade de acerto).

O erro, nessa questão, é mais de natureza ortográfica: a diferença entre cessão, sessão e seção.

Cessão é o ato de ceder (A cessão dos direitos autorais foi feita espontaneamente).

Seção (antigamente indicada com o “c” mudo – secção – letra ainda mantida em algumas formas, como “seccional”, que também apresenta a forma variante “secional”) – é o ato de cortar. Por isso, indica a parte de um todo, uma divisão, um segmento. Assim, em um departamento (conjunto), há diversas seções (divisões).

Sessão é o tempo de duração de algum espetáculo, trabalho, reunião ou assemelhados. No Brasil, usa-se também para indicar cada um dos espetáculos de teatro ou cinema.

De volta à questão, se o treinamento se realizou, houve uma sessão (tempo de duração) de treinamento.

16 – C

Como se busca o item correto, vamos analisar os erros das demais opções.

(A) Tanto o verbo ser quanto o adjetivo capaz deverão permanecer no singular, para concordar com o núcleo do sujeito, representado pelo substantivo oculto dicionário, indicado pela flexão do adjetivo rigoroso (no singular): “Nem mesmo o mais rigoroso dos dicionários é capaz de (...)”.

(B) Há problemas graves de estruturação sintática. Isso acaba causando um prejuízo na compreensão da oração. O que seria “desejável”? Acredito que “estabelecer (conceitos) para a ação humana”. Assim, a construção deveria ser, por exemplo: “Quando se divergem, a filosofia e o direito acabam por criar um espaço de hesitação para os conceitos, cujo estabelecimento para a ação humana seria tão desejável”.

(D) Essa foi bastante capciosa. Os núcleos do sujeito estão ligados pela expressão “Tanto...como” (caso 1.d). Mesmo que passássemos ao largo da polêmica apresentada em relação à flexão verbal, note que ambos os núcleos estão representados por substantivos femininos (felicidade e justiça). Assim, o adjetivo a eles correspondente só poderia ficar nesse gênero: Tanto a felicidade como a justiça devem ser discutidas...

Em relação ao emprego da preposição DE na locução verbal (deve + ser), vejamos o que nos ensina Domingos Paschoal Cegalla, em seu Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa:

“Para indicar probabilidade, pode-se inserir a preposição DE na locução formada por DEVER + INFINITIVO, conforme faziam escritores clássicos: O Congresso

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deve de aprovar o projeto do governo. (...) Não cabe a preposição, quando a idéia(*) é de obrigação, necessidade: Motorista deve dirigir com cuidado. (...) A língua de hoje raramente faz esta distinção. Em geral se diz: O guarda devia estar dormindo. / O cano deve estar entupido.”

Assim, como se trata de uma obrigação (e não possibilidade), a preposição deve ser retirada.

(E) Este é um caso de sujeito oracional. O verbo esperar está acompanhado do pronome SE (Não se esperem...). Como este é um verbo transitivo direto, estamos diante de uma construção de voz passiva. Ocorre que o sujeito paciente está representado por uma oração desenvolvida (“... que nossos valores essenciais possam ser definidos sem controvérsias...”). Por isso, o verbo esperar deve ficar na 3ª pessoa do singular: “Não se espere que...”.

17 – C

Para começar, o pronome relativo que exerce a função de sujeito do verbo CONCENTRAR tem como antecedente um termo no singular, seja ela entendida como “parcela” ou como “população” ( “a parcela da população”), não justificando, assim, a flexão verbal no plural.

Além disso, o verbo verificar está acompanhado de um pronome SE. Como esse verbo é transitivo direto (Alguém verifica alguma coisa) e apresenta ideia passiva, trata-se de um pronome apassivador. O verbo, portanto, deve concordar com o sujeito paciente. Contudo, esse sujeito é representado por uma oração: “que 75% de toda a riqueza...”. Assim, o verbo deverá ficar na 3ª pessoa do singular: “(...) verifica-se que (...)”. Já na sequência, o verbo terminar admite dupla flexão – no plural, concordando com o número percentual (75%) ou no singular, concordando com o complemento (de toda a riqueza).

Em relação às demais opções, cabem os seguintes comentários.

a) O núcleo do sujeito é desigualdade, o que leva o verbo para o singular – “A desigualdade (...) é uma marca...”.

b) O verbo chegar está corretamente flexionado no plural, em harmonia com famílias. O infinitivo apropriar, por apresentar o mesmo sujeito do verbo da oração anterior, optou por ficar no singular.

d) O que resta? Resposta: 25% da riqueza nacional. O verbo se flexionou no plural para concordar com o número percentual (25%).

e) O que avançou no país foi o ciclo de financeirização da riqueza. O verbo auxiliar da locução ter + avançado está corretamente no singular.

18 - B

O sujeito do verbo estabelecer na segunda passagem do item B é “lei”. Afinal, é a lei que estabelece o aumento de tributos (aproveite para estudar Direito Tributário! Conheço um ótimo professor: Eduardo Corrêa).

Na ordem direta, a construção seria: sem que a lei estabeleça.

Aliás, o que a lei estabelece: o tributo ou o aumento do tributo? A partir do contexto, entende-se que o aumento do tributo. Por isso, o correto seria empregar o pronome “o”, no masculino singular, pois esse pronome tem valor demonstrativo (sem que a lei estabeleça isso – e o que é isso? Aumentar tributo). Assim, há dois erros de concordância na passagem: um nominal (relação do pronome com o nome) e outro verbal.

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19 – D

Primeiramente, uma locução verbal (IR + PERCEBER) acompanhada de pronome ‘se’ requer análise:

1- o verbo principal (perceber) é TD ou TDI? Sim.

2- Há ideia passiva? Sim – Algo foi sendo percebido.

Conclusão: a construção está na voz passiva.

Note, porém, que o sujeito não está expresso na forma de um nome (substantivo), mas de uma oração (subordinada) substantiva. Pergunta-se: o que foi sendo percebido?

Resposta: “que os problemas daquela região são...” – o sujeito da forma verbal está representada por uma oração.

No caso de sujeito oracional, o verbo DEVE FICAR na 3ª pessoa do singular (“foi-se percebendo que os problemas daquela região são...”).

Veja a correção da flexão verbal de um verbo impessoal no item C – o verbo fazer, ao indicar tempo decorrido, age da mesma forma que o verbo haver – é impessoal (não possui sujeito) e, por isso, fica na 3ª pessoa do singular: faz poucos meses. Está igualmente correta a correlação do verbo fazer com o restante da estrutura, situada no presente (Tudo parece indicar...).

Finalmente, cabe comentar a flexão do adjetivo devido em relação ao substantivo a que se refere: problemas – “Os problemas são devidos...”.

Não confunda esse adjetivo (que rege a preposição a) com a locução prepositiva devido a, empregada em estruturas como ‘Devido às fortes chuvas, a festa não se realizou.’. Como é uma locução prepositiva, permanece invariável.

Aliás, essa locução teve origem justamente no adjetivo que apresenta base participial (particípio do verbo dever). Como é interessante a ligação que os vocábulos têm uns com os outros, não é?

20 – C

Agora, vamos tratar de sujeito indeterminado.

Os verbos acompanhados do pronome SE podem formar voz passiva (verbos transitivos diretos ou diretos e indiretos) ou construção de sujeito indeterminado (verbos intransitivos, transitivos indiretos e verbos de ligação).

a) O verbo precisar é transitivo indireto e rege a preposição DE (Alguém precisa de alguma coisa). Acompanhado do pronome, é caso de sujeito indeterminado, devendo o verbo permanecer na 3ª pessoa do singular: Precisa-se de muitos técnicos.

b) Vimos que Estados Unidos é um topônimo que leva artigo, pronome, adjetivo e verbo para o plural. Assim, a forma correta seria: Os Estados Unidos são contrários a essas medidas.

c) O verbo haver, no sentido de existência, é impessoal (sem sujeito), devendo ficar na 3ª pessoa do singular. Assim, está correta a construção.

d) Como as bancas A-DO-RAM esse verbo. O verbo tratar é transitivo indireto e rege a preposição DE. Está acompanhado do índice de indeterminação do sujeito, devendo ficar na 3ª pessoa do singular: Tratava-se de profissionais competentes.

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21 – C

Essa questão é quase um exame psicotécnico. Vamos aos poucos.

O que o examinador quer saber é se, acompanhados do pronome SE, em voz passiva, os verbos devem ou não se flexionar.

Para começar, todos os verbos são transitivos diretos, o que possibilita a transposição para a voz passiva.

Veja, agora, como a questão era mais simples do que parecia inicialmente:

1ª oração

Voz ativa: movimentar a sua conta Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: conta

Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular.

Voz passiva analítica: a conta é movimentada

Voz passiva sintética (pronominal) = movimente-se a conta

Já podemos eliminar as opções B e D.

2ª oração

Voz ativa: efetuar pagamentos Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: pagamentos

Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.

Voz passiva analítica: pagamentos são efetuados

Voz passiva sintética (pronominal) = efetuem-se pagamentos

A partir dessa resposta, você já poderia marcar o cartão-resposta. Mesmo assim, vamos analisar as demais orações.

3ª oração

Voz ativa: obter crédito Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: crédito

Como o sujeito está no singular, o verbo também deve ficar no singular.

Voz passiva analítica: crédito é obtido

Voz passiva sintética (pronominal) = obtenha-se crédito

4ª oração

Voz ativa: receber benefícios Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: benefícios

Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.

Voz passiva analítica: benefícios são recebidos

Voz passiva sintética (pronominal) = recebam-se benefícios

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5ª oração

Voz ativa: adquirir produtos Voz passiva: sujeito é o elemento que, antes, exercia a função de objeto direto: produtos

Como o sujeito está no plural, o verbo também deve ficar no plural.

Voz passiva analítica: produtos são adquiridos

Voz passiva sintética (pronominal) = adquiram-se produtos

22 - D

O que constitui “a maior de suas concessões à vida natural”? Resposta: usar bermudas longas. Como o sujeito é oracional (reduzido de infinitivo impessoal), o verbo fica na 3ª pessoa do singular: “Uma das convicções do bem-humorado cronista é a de que usar bermudas longas constitui a maior de suas concessões à vida natural”.

Estão corretas as demais opções. Comentaremos algumas das passagens que podem ter sido objeto de dúvidas.

(A) O pronome relativo “que” refere-se a “maravilhas”. O verbo dizer é transitivo direto (Alguém diz alguma coisa). Acompanhado do pronome “se”, constrói voz passiva, cujo sujeito é “maravilhas” (“maravilhas são ditas”). Assim, está correta a flexão verbal em “As maravilhas que se dizem a respeito de uma vida bucólica ou primitiva”. Em seguida, retomando o sujeito “as maravilhas”, a locução verbal se flexiona no plural: “não parecem ter em nada animado o cronista”.

(B) A passagem “a quem o prendam laços afetivos” equivale a “laços afetivos prendem-no [o cronista] a quem [alguém]”. Como o sujeito do verbo prender é laços afetivos, está correta a concordância verbal.

(C) Mais uma vez, temos ótimos exemplos de construção de voz passiva pronominal. O verbo ouvir é transitivo direto. Acompanhado do pronome “se” (apassivador), deve concordar com o sujeito paciente, quais sejam: “os cantos do mar” e “os sons de insetos e animais”, justificando, assim, a flexão verbal (“Não se ouvem”). Em seguida, o pronome relativo “que” substitui o substantivo “sons” e leva o verbo “poder”, auxiliar da locução “podem representar”, para o plural.

(E) Como o sujeito de “Fica sugerido” é uma oração, o verbo está corretamente conjugado na 3ª pessoa do singular (concordância com sujeito oracional – verbo no singular).

23 - E

Temos, na construção da opção E, duas ocorrências da expressão de realce "é ... que":

“É nas palavras de um diário QUE se formaliza a nossa subjetividade, É nelas QUE se espelham as faces profundas dos nossos desejos.”

Como vimos, a concordância está PERFEITA, uma vez que a expressão, em regra, não se altera nem interfere na sintaxe da oração.

(A) Em uma locução verbal, o verbo auxiliar realiza a flexão que o verbo principal faria se estivesse sozinho. Na locução verbal “teriam havido”, o verbo “haver” (principal) é impessoal, pois apresenta o sentido de “existência”. Por isso, mantém-se na 3ª pessoa do singular.

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Assim, essa flexão deve ser realizada pelo verbo auxiliar “ter”, mantendo no singular – “... não teria havido outras compensações...”.

Vimos em nossas aulas que “outras compensações” exerce a função de objeto direto da construção oracional, não interferindo na concordância verbal.

(B) Tanto o verbo haver quanto o verbo existir podem indicar existência. A despeito de apresentarem o mesmo significado, possuem estruturas sintáticas distintas. Enquanto que o verbo haver é impessoal (não tem sujeito) e, por isso mesmo, se mantém na 3ª pessoa do singular (o que lhe segue é o complemento verbal), o verbo existir possui sujeito e com este deve realizar a concordância.

A partir dessa observação, note que o sujeito de “existir” na construção “Entre um computador e um fax ainda existem (...) muito estímulo” é um elemento que está no singular – “estímulo”. Por isso, o verbo deveria ser conjugado na 3ª pessoa do singular – existe.

(C) Nessa questão, verificamos uma técnica muito comuns em bancas examinadoras para “enganar” o candidato em questões de concordância (a ESAF é mestra nisso). Consiste em separar o sujeito do verbo por uma série de elementos, de preferência em um número diferente do que deverá figurar o verbo. Assim, o candidato corre o risco de se esquecer qual era o núcleo do sujeito e não perceber o deslize de correspondência entre o verbo e o sujeito.

Vamos sublinhar o que interessa para a análise:

“As preocupações íntimas, que se costuma traduzir na linguagem pessoal de um diário, pode suscitar o interesse...”

Opa! A locução verbal está no singular enquanto que o sujeito é plural. Questão clássica. Na hora da prova, faça o que eu fiz – sublinhe o sujeito e compare com o verbo. Não tem como errar fazendo isso.

(D) Em “Ninguém duvide de que possa estar na forma modesta de um diário pessoal as questões subjetivas que a cada um de nós é capaz de afetar?”, notam-se DOIS erros de concordância. Para uma melhor análise, vamos mudar a estrutura oracional.

“Ninguém duvide de que...” – até aí, tudo bem...

O sujeito de “possa estar na forma modesta de um diário pessoal” é “as questões subjetivas”. Por isso, o verbo auxiliar da locução deveria ser flexionado no plural – “possam estar (...) as questões subjetivas...”.

Por fim, o pronome relativo que inicia a oração adjetiva tem por referente “as questões subjetivas”, levando todos os elementos do predicado para o plural: “as questões subjetivas que são capazes de afetar a cada um de nós”. O complemento do verbo afetar (transitivo direto) recebeu uma preposição (“afetar a cada um de nós”) para evitar a ambiguidade em relação ao elemento que seria o sujeito dessa oração, o pronome relativo.

24 – E

O verbo fazer indica um lapso temporal de cinco sessões. Como estamos diante de um caso de verbo impessoal, este deve se manter na 3ª pessoa do singular. O mesmo iria ocorrer com o verbo haver: “Já há cinco sessões que os deputados não votam...”. Está correta, portanto, a estrutura apresentada.

Nas opções (A), (B) e (C), o examinador explora os verbos haver e existir.

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(A) O que existe? Resposta: “comissões parlamentares válidas e competentes”. Como o verbo existir possui sujeito (cujo núcleo é comissões), deve se flexionar no plural: “O autor disse que existem comissões parlamentares...”.

(B) Já o verbo haver, no sentido de existência, não possui sujeito – é impessoal e deve se manter na 3ª pessoa do singular: “Havia perguntas que não foram respondidas durante o interrogatório.”.

(C) Agora, o verbo haver é o principal de uma locução verbal. A ordem para não se flexionar (o que faria se estivesse sozinho) ele dá ao seu auxiliar (seu “pau-mandado”): o verbo poder. Assim, a forma correta seria: “Em toda a parte do mundo pode haver políticos corruptos”.

(D) “É necessário reconhecer que...” – até aqui estava tudo certo. O verbo ser possui sujeito oracional: reconhecer. O problema surgiu mais adiante: “... reconhecer que algumas atitudes que...” – este pronome relativo, que é o sujeito da oração adjetiva que inicia, possui como referente o substantivo atitudes. Assim o verbo ferir deve com este substantivo concordar: “...algumas atitudes que ferem os princípios éticos”. Por fim, um outro erro: essa atitudes (que ferem os princípios éticos) precisam ser punidas. O verbo ser é o segundo auxiliar de uma locução verbal com três verbos – somente o primeiro verbo auxiliar (precisar) deve se flexionar. Os demais (segundo auxiliar e verbo principal) devem se manter em formas nominais (respectivamente infinitivo impessoal e particípio).

25 – Item CORRETO

Como vimos no caso 11, o verbo PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO PLURAL, possibilita duas formas de construção:

1 – não se pode culpar os publicitários – é um caso de sujeito oracional (culpar os publicitários não é possível)

2 – não se podem culpar os publicitários - é um caso de locução verbal de voz passiva: os publicitários não podem ser culpados.

Ambas as construções estão corretas.

26 - E

Mencionamos anteriormente que uma das possibilidades de análise da construção “PODER/DEVER + SE + INFINITIVO” seria como locução verbal de voz passiva pronominal (sintética). Se o sujeito paciente estiver no plural, o verbo auxiliar deverá ser flexionado: Devem-se evitar as aparências enganosas de exatidão.

Nessa questão, o que a banca propõe é a forma de voz passiva analítica em uma construção idêntica.

O sujeito, no caso, é “as aparência enganosas de exatidão”.

O primeiro verbo auxiliar é “dever”. O segundo auxiliar, por ser voz passiva, seria o verbo ser, no infinitivo impessoal.

Assim, na voz passiva analítica, a construção adequada seria: “Devem ser evitadas as aparências enganosas de exatidão.”.

27 – Item INCORRETO

ACORDO ORTOGRÁFICO: Agora, registra-se sem hífen a palavra “mão de obra”.

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Essa questão pegou quem teve preguiça de voltar ao texto para analisar a proposta do examinador.

Realmente, tanto a expressão “a metade” quanto “50%” são termos partitivos (indicam a parte de um todo). Contudo, a concordância verbal vai depender também do complemento que foi apresentado em relação à primeira.

Vamos deixar a preguiça de lado e ler o segmento em análise:

Quase a metade dos desempregados nos grandes centros no Brasil é jovem.

No fragmento, o verbo ser poderia concordar com metade (singular) ou com desempregados (plural).

A partir do momento em que trocamos “metade” por “50%”, tanto o termo partitivo (50%) quanto o complemento (dos desempregados) levaria o verbo para o plural. Assim, não restaria ao verbo outra opção a não ser se flexionar: “Quase 50% dos desempregados (...) são jovens”.

Dessa forma, como foi sugerida, a troca acarretaria incorreção gramatical, com erro de concordância verbal.

28 - B

Essa opção envolveu dois aspectos estudados: sujeito oracional e flexão de verbos perigosos.

Sujeito oracional mantém o verbo na 3ª pessoa do singular – “pressupõe-se que os grupos trabalham...”.

Com os verbos derivados de pôr, ter e vir, o cuidado deve mesmo ser redobrado, para não confiar no ouvido, pois não há diferença fonética entre a forma singular e a plural.

Essa questão explorou o mesmo verbo da questão comentada no fim da aula, mas de modo inverso.

29 – Item INCORRETO

Para constatar a incorreção dessa assertiva, devemos analisar os três primeiros períodos do texto.

A pichação é uma das expressões mais visíveis da invisibilidade humana. – o sujeito é pichação.

São mais do que rabiscos. – o sujeito foi retomado – continua sendo pichação. E não poderia ser “expressões”, pois, de acordo com o sentido, o que são rabiscos é a pichação, e não a expressão. Já no predicativo do sujeito, temos um substantivo no plural: rabiscos. Por isso, a flexão se deu, corretamente, no plural: são mais do que rabiscos.

São uma forma de estabelecer uma relação de pertencimento com a comunidade (...) – agora, tanto no sujeito (presente na primeira oração e oculto nas demais – pichação), quanto no predicativo do sujeito (forma), os núcleos são substantivos no singular! Devido à aproximação com a oração anterior, houve o deslize de concordância, mantendo o verbo no plural, sem que houvesse justificativa para tal flexão: (a pichação) é uma forma de estabelecer...

Por isso, está incorreta a afirmação de que, nos dois períodos iniciados por ‘são’, a concordância se dá com o predicativo. Na terceira oração, o predicativo é singular.

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30 – Item INCORRETO

A passagem que nos interessa é “No entanto, foi graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados que as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.”.

Estamos diante de um dos casos da expressão de realce “é que”, que vimos no caso 5.d.

O examinador sugere a retirada do verbo foi, sob a alegação de que é meramente expletivo (ou seja, de realce). Contudo, se houver a retirada do verbo ser, deve haver também a retirada da conjunção que: “No entanto, (foi) graças ao controle do câmbio e ao regime de incentivos criados (que) as importações de bens de consumo duráveis foram contidas.”.

A retirada apenas de uma parte da expressão “é que” prejudicaria a coesão e coerência textuais.

31 - E

O verbo auxiliar da locução está na 3ª pessoa do plural indicando se tratar de um sujeito indeterminado, ou seja, a ação verbal não pode ser atribuída a uma certa pessoa, mas a qualquer uma (indicação vaga, genérica). Por se referirem ao mesmo sujeito, deve haver correlação entre os verbos PODER,da locução verbal PODEM DIZER, e o verbo QUERER. Assim, o verbo QUERER também não se refere a um ser específico, devendo se apresentar também na 3ª pessoa do plural: Podem dizer o que QUISEREM (dizer).

32 – C

Por indicar tempo passado e decorrido, o verbo HAVER é impessoal e não se flexiona. Construção que se assemelha à do enunciado é indicada no item C: “Há dois meses foi entregue a pesquisa.”

As opções A, B e D apresentam o verbo HAVER também impessoal, mas no sentido de existência.

Já na opção E, a lacuna deveria ser preenchida com a preposição “a”, por indicar tempo futuro (“Daqui A dois meses teremos o resultado da pesquisa.”).

33 – C

Os verbos HAVER e FAZER, quando indicam tempo decorrido, são impessoais e não se flexionam.

Se se apresentarem como verbos principais de uma locução verbal, exigem que o verbo auxiliar também não se flexione, como na opção A: “Não deveria haver tantas mentiras...”.

Por isso, o erro está na opção C: “FAZ SÉCULOS que a liberdade de expressão busca...”.

Na opção D, vemos um caso de concordância com termos partitivos: o verbo auxiliar PODE (da locução “pode ser acusada”), bem como o particípio, poderiam concordar com o núcleo “maioria” ou com o complemento “jornalistas”, sempre observando a flexão também em gênero do particípio: “A maioria dos jornalistas PODE SER ACUSADA (concorda com MAIORIA) / PODEM SER ACUSADOS (concorda com JORNALISTAS)...”.

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Na opção E, temos um topônimo – Estados Unidos – que sempre vem acompanhado de artigo definido (Os Estados Unidos) e leva o verbo e pronomes correspondentes para o plural.

34 – C

Seria necessário ao candidato ter um pouco de sensibilidade para compreender o que buscava o examinador nessa questão.

Como muito bem mencionou no enunciado, há ideias passivas que se transmitem por força do sentido do verbo. É o caso do verbo RECEBER. A passividade não se faz pela construção (que, aliás, é de voz ativa), mas pelo verbo, que dá a ideia de que a menina “sofreu” a ação de receber o prêmio.

A construção de voz passiva, a rigor, somente se admite a partir de verbos que possuem objetos diretos (transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos), pois este objeto direto da voz ativa exercerá, na passividade, a função sintática de sujeito (paciente). Por isso, essa ótima questão nos dá a chance de comentar algumas formas passivas que, na linguagem coloquial, são muito comuns, a despeito da recomendação da norma culta. Uma delas é em relação ao verbo ASSISTIR, que, na opção A, se apresenta em construção de voz ativa.

Quantos já não ouviram: “O jogo foi assistido por milhares de pessoas.”? No entanto, sabemos que, no sentido de ver/presenciar, o verbo ASSISTIR é transitivo indireto (ponto a ser estudado na aula de Regência). Assim, segundo o rigor gramatical, aquela construção de voz passiva estaria incorreta.

A opção B apresenta um caso sujeito a duas análises (caso 11 – PODER/DEVER + SE + INFINITIVO + SUBSTANTIVO NO PLURAL).

Primeira análise: existe um sujeito oracional em forma verbal reduzida de infinitivo: “Pescar peixes miúdos não se pode = não é possível.”.

Segunda análise: o verbo PODER também poderia ser analisado como auxiliar de uma locução verbal que figura o verbo PESCAR como principal. Esse verbo auxiliar flexionou-se para concordar com o sujeito paciente (voz passiva sintética) na forma de substantivo plural: peixes miúdos = “Peixes miúdos não podem ser pescados.”.

Nos dois casos, no entanto, há clara construção passiva, não sendo a resposta da questão.

Na opção D, nota-se uma construção de voz passiva analítica (foi aplaudido) e, na opção E, uma construção de voz passiva sintética (Vendem-se flores).

35 - C

Na passagem “As iniciativas de política econômica para se buscar um equilíbrio conjuntural deve, então, se basear nos conhecidos mecanismos de mercado”, o núcleo do sujeito é INICIATIVAS. Por isso, o verbo DEVER deveria ter sido flexionado no plural: “As iniciativas... devem, então, se basear...”.

36 – D

Ocorre erro de concordância verbal do mesmo tipo na passagem “... período em que a massa salarial paga pelas empresas pesquisadas evoluíram...”. Como o verbo EVOLUIR deve concordar com o núcleo do sujeito (massa), deveria se apresentar no singular: “... a massa salarial ... EVOLUIU...”.

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PORTUGUÊS - CURSO REGULAR TEÓRICO PROFESSORA: CLÁUDIA KOZLOWSKI

Português para concursos – Profª Claudia Kozlowski – AULA 5 - 55 -

37 – ITEM ERRADO

Na passagem “Até pouco tempo, a modificação radical das regras sobre a atuação dos bancos nos sistemas financeiros eram alardeadas...”, o núcleo do sujeito é MODIFICAÇÃO, por isso deve o verbo e o adjetivo correspondente concordar com ele em número e gênero: “... a modificação... eram alardeadas...”. Notou como as questão foram parecidas? Por isso, a melhor forma de aprender é treinar, e muito!

Grande abraço e até a próxima semana.