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Comercio Internacional

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  • 1. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAOi, pessoal.Na aula de hoje, fechamos o tpico 2 do edital e comeamos o tpico4.2. ... O Acordo Geral sobre o Comrcio de Servios (GATS). OAcordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionados aoComrcio (TRIPS). O Acordo sobre Medidas de InvestimentoRelacionadas ao Comrcio (TRIMS). O Acordo sobre MedidasSanitrias e Fitossanitrias (SPS). O Acordo sobre Barreiras Tcnicasao Comrcio (TBT). O sistema de soluo de controvrsias da OMC.As negociaes na OMC.No temos como nos aprofundar muito em cada um destes acordospedidos no tpico 2 do edital de AFRFB/2005, pois eles somonstruosamente grandes.Quando a ESAF coloca estes acordos no edital, ela no pode estarpedindo o conhecimento em detalhes de cada um deles, pois a AtaFinal que os consolidou possui 160 pginas tamanho maior queA4, fonte tamanho 8.O que veremos nesta aula ento?Vamos olhar o prembulo de cada um deles, onde constam osprincpios e a motivao de criao. Veremos tambm os artigosprincipais.Acordo Geral sobre o Comrcio de Servios (GATS)Nas negociaes travadas de 1986 a 1994 dentro da Rodada Uruguai,os pases concluram que faltava um acordo para o comrcio deservios, j que o GATT era um acordo que buscava o livre comrciopara as mercadorias.O comrcio de servios havia crescido de forma substancial edecidiram criar um GATT para servios. Deram ao acordo o nomede GATS General Agreement on Trade in Services Acordo Geralsobre o Comrcio de Servios.Esta motivao aparece no prembulo do Acordo:Os Membros,Reconhecendo a importncia crescente do comrcio de serviospara o crescimento e desenvolvimento da economia mundial;... www.pontodosconcursos.com.br 1

2. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAAinda no prembulo, aparecem os principais objetivos do Acordo: ... Desejando estabelecer um quadro de princpios e regras para o comrcio de servios com vistas expanso do mesmo sob condies de transparncia e liberalizao progressiva e como forma de promover o crescimento de todos os parceiros comerciais e o desenvolvimento dos pases em desenvolvimento; ... Desejando facilitar a participao crescente dos pases em desenvolvimento no comrcio de servios e a expanso de suas exportaes de servios, inclusive, inter alia, mediante o fortalecimento da capacidade nacional de seus servios e sua eficincia e competitividade; ... (inter alia significa entre outras coisas)Dentre os objetivos, podemos ento destacar: 1) o estabelecimento de princpios e regras para o comrcio deservios; 2) expanso docomrciomundial de servios de formatransparente; 3) liberalizao progressiva do comrcio de servios; 4) promoo do crescimento dos pases-membros no comrciode servios; e 5) promoo do desenvolvimento para os pases emdesenvolvimento, aumentando sua participao no comrciomundial e aumentando suas exportaes de servios.Algumas informaes relevantes sobre o GATS, encontrveis no textodo acordo:1) Para se aplicar o acordo, necessrio que o prestador e o consumidor do servio sejam residentes em pases diferentes;2) O local de prestao do servio irrelevante para a abrangncia do GATS: o acordo se aplica aos servios internacionais onde quer que eles sejam prestados, seja no pas onde reside o importador, seja onde reside o exportador;3) O GATS no se aplica aos servios prestados no exerccio prprio da autoridade governamental (servios pblicos) nem aos direitos de trfego areo e os servios a ele diretamentewww.pontodosconcursos.com.br 2 3. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA relacionados. Por exemplo, o servio pblico de emisso de passaportes no tem que ser liberalizado. um servio estratgico para qualquer pas;4) No GATS, h os seguintes princpios: a. Clusula da Nao Mais Favorecida, ou seja, todobenefcio dado aos servios de um pas deve serestendido incondicionalmente aos servios dos demaispases-membros da OMC. Por exemplo, caso o Brasildesonere de IOF os seguros prestados por companhiasnorte-americanas, ele deve fazer o mesmo em relao scompanhias seguradoras do mundo inteiro; b. Princpio da Transparncia, pelo qual um Membro deveinformar aosdemais Membros,comrazovelantecedncia, a criao de qualquer norma relativa aocomrcio de servios. As normas no podem ser ocultasnem deveriam ser criadas da noite para o dia; c. Clusulas de Salvaguarda, previstas no artigo X,simbolizando o direito de uma concesso em matria deservio ser revista caso traga problemas para o mercadointerno; d. Tratamento Nacional, que, como vimos na aulaanterior, significa que o servio importado deve receberum tratamento no-discriminatrio em relao aosservios nacionais. Se o IOF cobrado sobre os seguroscontratados junto a seguradoras nacionais for de y%,ento a mesma alquota deve incidir sobre os seguroscontratados no exterior; e e. Acesso a Mercados, que a definio de um conjuntode vantagens dentro de um setor econmico. O pasrelaciona as vantagens em uma lista (similar do artigoII do GATT, visto na aula anterior) relativa a um setoreconmico e se compromete em outorgar aos demaispases um tratamento no menos favorvel que aquelecolocado na lista.5) O artigo IV do GATS prev que deve ser facilitada a participao crescente dos pases em desenvolvimento no comrcio mundial de servios.Acordo sobre Direitos de Propriedade Intelectual Relacionadosao Comrcio (TRIPS)Os Membroswww.pontodosconcursos.com.br 3 4. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA...Desejando reduzir distores e obstculos ao comrciointernacional e levando em considerao a necessidade de promoveruma proteo eficaz e adequada dos direitos de propriedadeintelectual e assegurar que as medidas e procedimentos destinadosa faz-los respeitar no se tornem, por sua vez, obstculos aocomrcio legtimo;Reconhecendo, para tanto, a necessidade de novas regras edisciplinas relativas:...b) ao estabelecimento de padres e princpios adequadosrelativos existncia, abrangncia e exerccio de direitos depropriedade intelectual relacionados ao comrcio;c) ao estabelecimento de meios eficazes e apropriados para aaplicao de normas de proteo de direitos de propriedadeintelectual relacionados ao comrcio, levando emconsiderao as diferenas existentes entre os sistemasjurdicos nacionais;...No prembulo, podemos ver os principais objetivos do TRIPS:1) Proteo dos direitos de propriedade intelectual;2) Que a proteo no seja obstculo ao comrcio internacional; e3) Definio de padres e princpios a serem adotados pelos pases na defesa da propriedade intelectual.No TRIPS, encontramos os seguintes princpios, j conhecidos:1) Clusula da Nao Mais Favorecida Por exemplo, o Brasil deve dar aos direitos autorais alemes (ou patentes ou marcas ou ...) a mesma proteo dada aos direitos norte-americanos, franceses e dos demais pases signatrios do TRIPS.2) Princpio do Tratamento Nacional (Paridade) Por exemplo, o Brasil deve dar aos direitos autorais alemes a mesma proteo dada aos direitos autorais brasileiros.3) Princpio da TransparnciaO conceito de propriedade intelectual aparece no artigo 1o do acordo:ARTIGO 1 Natureza e Abrangncia das Obrigaes... www.pontodosconcursos.com.br4 5. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA2 - Para os fins deste Acordo, o termo "propriedade intelectual"refere-se a todas as categorias de propriedade intelectual que soobjeto das Sees 1 a 7 da Parte II.3 - Os Membros concedero aos nacionais de outros Membros otratamento previsto neste Acordo.Podemos ver que o TRIPS considera sete categorias de propriedadeintelectual:I Direito do Autor e Direitos Conexos (artigo 9o): A proteo dodireito do autor abranger expresses e no idias, procedimentos,mtodos de operao ou conceitos matemticos como tais.No acordo de TRIPS, impuseram que os pases signatrios iriamgarantir, no mnimo, 50 anos de proteo aos direitos autorais,exceto se a proteo for definida em termos da durao da vida doautor.No Brasil, a proteo dada a durao da vida do autor e mais 70anos aps sua morte (Lei 9.610/1998).II Marcas (artigo 15): Qualquer sinal, ou combinao de sinais,capaz de distinguir bens e servios de um empreendimento daquelesde outro empreendimento, poder constituir uma marca...No acordo de TRIPS, impuseram uma proteo mnima de 7 anos.No Brasil, a proteo at maior que o mnimo exigido: de 10 anos(Lei 9.279/1996).III Indicaes Geogrficas (artigo 22): Indicaes Geogrficasso, para os efeitos deste Acordo, indicaes que identifiquem umproduto como originrio do territrio de um Membro, ou regio oulocalidade deste territrio, quando determinada qualidade, reputaoou outra caracterstica do produto seja essencialmente atribuda sua origem geogrfica.Por exemplo, s se pode usar a denominao Vinho do Porto para ovinho que for efetivamente produzido naquela regio de Portugal.Outros exemplos:Queijo Roquefort (Frana)Queijo parmeso (de Parma, Itlia)Bebida Cognac (ou conhaque) (de Cognac, Frana)Cachaa (por fora do Decreto brasileiro no 4.062/2001)IV Desenhos Industriais (art. 25): Os Membros estabeleceroproteo para desenhos industriais criados independentemente, quesejam novos ou originais... www.pontodosconcursos.com.br5 6. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIASimplificadamente, desenho industrial conhecido como design.Os pases signatrios do TRIPS devem dar aos desenhos industriaisdos demais pases a proteo contra cpias por, no mnimo, 10 anos,prazo idntico ao previsto na legislao brasileira (Lei 9.279/1996).V Patentes (art. 27): Qualquer inveno, de produto ou deprocesso, em todos os setores tecnolgicos, ser patentevel, desdeque seja nova, envolva um passo inventivo e seja passvel deaplicao industrial...Perceba que uma inveno (inveno nova que envolva um passoinventivo? quanta redundncia...) somente pode ser patenteada sepossuir aplicao industrial, ou seja, se for utilizada em um processoprodutivo. Por exemplo, se eu criar um produto artstico, como umquadro ou uma escultura, isto no patentevel.VI Topografias de Circuitos Integrados (art. 35) Pela lei11.484/2007, os circuitos integrados no podem ter sua arquiteturaou desenho copiados.No Brasil, a proteo garantida por 10 anos, prazo idntico aomnimo exigido no acordo de TRIPS.VII Proteo de Informao Confidencial (art. 39): H o direitode se guardar segredo sobre informao confidencial.Ao assinarem o TRIPS, os pases assumiram o compromisso deproteger, em seus territrios, os direitos de propriedade intelectualdos demais pases. Por exemplo, o Brasil proteger:a) O direito do autor alemo,b) As patentes norte-americanas,c) As topografias de circuitos integrados criados nos EUA,evitando que sejam copiadas, ed) a expresso Champagne, permitindo que apenasprodutos daquela regio francesa recebam e usem aindicao geogrfica. Por conta disso, o guaran Antarctica,que, no passado, era conhecido como guaran Champagne,teve que deixar de usar tal nome.Os pases protegero os direitos estrangeiros de propriedadeintelectual como se fossem direitos nacionais (Princpio da Paridade).Se o Brasil conceder s patentes norte-americanas um benefciomaior do que o acordado no acordo de TRIPS, deve estender omesmo benefcio s patentes de todos os demais pases membros daOMC (Clusula da Nao Mais Favorecida). www.pontodosconcursos.com.br6 7. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAAcordo sobre Medidasde InvestimentoRelacionadas aoComrcio (TRIMS)Perceba no prembulo do acordo as motivaes para a criao doTRIMS: 1) Facilitar o investimento estrangeiro e 2) eliminar asbarreirasprotecionistasao investimentoestrangeiro....Desejando promover a expanso e a liberalizao progressiva docomrcio mundial e facilitar o investimento atravs das fronteirasinternacionais, a fim de aumentar o crescimento econmico de todososparceiros comerciais,emparticulardospases emdesenvolvimento, garantindo ao mesmo tempo a livre competio;Reconhecendo que certas medidas de investimento podemcausar efeitos restritivos e distorcivos ao comrcio;...Artigo 1 - Alcance O presente acordo se aplica somente amedidas de investimento relacionadas ao comrcio de bens(referidas como TRIMs trade related investment measures).Artigo 2 - Tratamento Nacional e Restries Quantitativas Semprejuzo de outros direitos e obrigaes sob o GATT 1994, nenhumMembro aplicar qualquer medida de investimento relacionada aocomrcio incompatvel com as disposies do artigo III ou do artigoXI do GATT 1994...Uma lista ilustrativa de TRIMs incompatveis com a obrigao detratamento nacional prevista no pargrafo 4o do Artigo III do GATT1994 e com a obrigao de eliminao geral de restriesquantitativas prevista no pargrafo 1o do Artigo XI do GATT 1994 seencontra no Anexo ao presente Acordo.O acordo de TRIMS o menor dos acordos a serem estudados aqui.Ele tem um nico objetivo, o qual definido no artigo 2o, transcritoanteriormente.O acordo de TRIMS foi criado na Rodada Uruguai com o objetivo dedar um basta s medidas protecionistas que vinham sendo aplicadaspor meio de restrio aos investimentos. www.pontodosconcursos.com.br 7 8. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAOs pases estavam dificultando os investimentos descumprindo osartigos III e XI do GATT, como se pode constatar da leitura do artigo2o.O que dizem os artigos III e XI do GATT, j vistos na aula passada?O artigo III traz o princpio do Tratamento Nacional que, em sntese,determina que no haja discriminao, em matria de normas etributos internos, das mercadorias originrias dos demais parceirossignatrios do GATT. Este princpio tambm chamado de Princpioda Paridade ou Princpio da No-discriminao.O artigo XI tem o ttulo Eliminao das Restries Quantitativas: Pargrafo 1o Nenhuma parte contratante impor nem manter alm dos direitos aduaneiros, impostos e outras taxas proibies nem restries importao de um produto do territrio de outra parte contratante ou exportao ou venda para exportao de um produto destinado ao territrio de outra parte contratante que sejam aplicadas mediante contingentes, licenas de importao ou de exportao ou por meio de outras medidas. primeira vista, parece que o acordo de TRIMS veio para dizer queos investimentos em dinheiro no devem ser discriminados nemrestringidos.No entanto, o acordo de TRIMS um dos acordos inseridos no Anexo1A do Acordo Constitutivo da OMC. Logo, um acordo para liberalizaro comrcio de BENS.U, mas os investimento so bens? Sim, basta que lembremos que,em Economia, Investimento = Formao Bruta de Capital Fixo +Variao de Estoques. neste sentido de investimento (= aquisio de bens voltados para aproduo) que o acordo deve ser lido.Portanto, a criao do TRIMS serviu para definir que: 1) no pode haver discriminao de BENS voltados a investimento em funo de sua origem. O investimento (bem de capital ou estoque) estrangeiro em um pas deve receber o mesmo tratamento interno que o investimento nacional; e 2) no pode haver restries aos BENS voltados a investimentos. No se podem impor limites ou termos para os bens de capital ou estoques estrangeiros.www.pontodosconcursos.com.br8 9. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAQuando pegamos a lista ilustrativa do acordo de TRIMS (citada noartigo 2o), temos a certeza de que a no-discriminao e a no-restrio so voltadas para BENS.(Note que a lista ilustrativa traz, no pargrafo 1o, alguns exemplos decomo se descumpre o artigo III do GATT. E, no pargrafo 2o, algunsexemplos de como se descumpre o artigo XI do GATT.)ANEXO do Acordo de TRIMSLista Ilustrativa 1. As TRIMS incompatveis com a obrigao de tratamentonacional prevista no pargrafo 4o do artigo III do GATT 1994incluem as mandatrias ou aquelas aplicveis sob a lei nacionalou decises administrativas, ou cujo cumprimento necessriopara se obter uma vantagem, e que determinam:a. Que uma empresa adquira ou utilize produtos de origem animal ou de qualquer fonte nacional, especificadas em termos de produtos individuais, em termos de volume ou valor de produtos ou em termos de uma proporo do volume ou valor de sua produo local; [Explicao: Digamos que o Brasil crie uma lei nos seguintes termos: Ter direito iseno de IRPJ a empresa que utilizar, pelo menos, 80% de insumos nacionais em seu processo produtivo. Esta lei vai contra o artigo III do GATT, tendo em vista que est discriminando, impondo uma regra que fora o uso de insumos nacionais em prejuzo dos insumos estrangeiros. A regra deve ser observada para que a empresa obtenha a iseno de IRPJ. Perceba que no h proibio para se usarem insumos estrangeiros, mas uma discriminao que far com que a empresa no obtenha iseno do IRPJ se descumprir a condio.]b. Que a aquisio ou utilizao de produtos importados por uma empresa limite-se a um montante relacionado ao volume ou valor de sua produo local.www.pontodosconcursos.com.br9 10. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA [Explicao: A lei hipottica, criada no exemplo para a alnea anterior, poderia ter sido escrita de outra forma, gerando o mesmo efeito: Ter direito iseno de IRPJ a empresa que utilizar, no mximo, 20% de insumos estrangeiros em seu processo produtivo. Tambm a lei estar indo contra o acordo de TRIMS, especificamente condenada nesta alnea b.]2. As TRIMS incompatveis com a obrigao de eliminao geral das restries quantitativas prevista no pargrafo 1o do artigo XI do GATT 1994 incluem as mandatrias, aquelas aplicveis sob a lei nacional ou mediante decises administrativas ou aquelas cujo cumprimento necessrio para se obter uma vantagem, e que restringem: a. A importao por uma empresa de produtos utilizados ourelacionados com sua produo local em geral ou a ummontante relacionado ao volume ou valor de sua produolocal destinada exportao; [Explicao: Usando a mesma linha de exemplos... Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: Ter direito iseno de IRPJ a empresa que, anualmente, IMPORTAR, no mximo, 20% de insumos utilizados em seu processo produtivo anual. Perceba a diferena entre a alnea a deste pargrafo 2o e a alnea b do pargrafo 1o: O pargrafo 1o se refere ao artigo III, ou seja, o pas no pode discriminar internamente o produto estrangeiro, que pode at ter sido importado por outrem. Veja que o verbo utilizado no pargrafo utilizar. A redao da alnea no muito boa. Devemos l-la assim: Um pas no pode determinar que a aquisio INTERNA ou a utilizao POR UMA EMPRESA de produtos importados POR OUTRA EMPRESA limite-se a um volume ou valor. O pargrafo 2o se refere ao artigo XI, ou seja, o pas no pode restringir IMPORTAES. Podemos ler o pargrafo assim: Um pas no pode determinar que a importao por uma empresa limite-se a um volume ou valor.]www.pontodosconcursos.com.br10 11. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA b. A importao por uma empresa de produtos utilizados emsua produo local ou relacionados com a mesma,mediante a restrio de seu acesso a divisas estrangeirasem um montante equivalente entrada de divisasestrangeiras atribuveis a essa empresa; [Explicao: Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: Somente podero importar mercadorias as empresas que exportarem em montante equivalente. esta lei seria condenada pela OMC, pois estaria havendo restrio importao de bens.] c. A exportao ou venda para exportao de produtos poruma empresa, restrio especificada em termos deprodutos individuais, em termos de volume ou valor deprodutos ou em termos de uma proporo do volume ouvalor de sua produo local. [Explicao: Se o Brasil criasse uma lei nos seguintes termos: As empresas somente podero exportar bensem montante equivalente a 20% de sua produo. esta lei seria condenada pela OMC, pois estaria havendo restrio exportao de bens.]Sobre o Acordo de TRIMS, caiu a seguinte questo na prova deACE/2008:(ACE/2008)Osistemamultilateralde comrcio,fundamentado nos princpios do GATT e subseqentemente daOMC, rege o comrcio entre pases. Acerca desse sistema,julgue os itens a seguir.171 A adoo de incentivos fiscais que beneficiem unicamenteempresas que utilizem um percentual mnimo de componentesdomsticos como insumos representa um exemplo tpico dewww.pontodosconcursos.com.br 11 12. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIArestrio comercial tratada no mbito do Acordo sobreMedidas de Investimentos Relacionadas ao Comrcio (TRIMS).Resp.: item CORRETO. o caso citado na alnea a do pargrafo 1oda lista ilustrativa transcrita anteriormente.Acordo sobre Medidas Sanitrias e Fitossanitrias (SPS)O SPS surgiu como resposta criao de vrias medidas arbitrriassobre a importao de bens, as quais no possuam nenhumembasamento cientfico. Barreiras sanitrias e fitossanitrias eramcriadas alegando-se dano sade de pessoas, animais e vegetais,mas, muitas vezes, eram medidas com o objetivo nico de restringirimportaes que concorriam com bens similares nacionais.O SPS permite que os pases continuem criando barreiras sanitrias efitossanitrias (fito = que se refere a vegetais), mas desde que sejambarreiras baseadas na cincia. E somente podem ser aplicadas namedida necessria para a proteo da sade humana, animal ouvegetal.Podemos encontrar estas motivaes (proteo sade eafastamento de medidas arbitrrias no-baseadas na cincia) noprembulo do acordo e no artigo 2o: Reafirmando que nenhum Membro deve ser impedido de adotar ou aplicar medidas necessrias proteo da vida ou da sade humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas no sejam aplicadas de modo a constituir discriminao arbitrria ou injustificvel entre Membros em situaes em que prevaleam as mesmas condies, ou uma restrio velada ao comrcio internacional; Desejando melhorar a sade humana, a sade animal e a situao sanitria no territrio de todos os Membros; Desejando o estabelecimento de um arcabouo multilateral de regras e disciplinas para orientar a elaborao, adoo e aplicao de medidas sanitrias e fitossanitrias com vistas a reduzir ao mnimo seus efeitos negativos sobre o comrcio; Desejando estimular o uso de medidas sanitrias e fitossanitrias entre os Membros, com base em normas, guias e recomendaes internacionais elaboradas pelas organizaes internacionais competentes, ..., sem que com isso se exija dos Membros que modifiquem seu nvel adequado de proteo da vida e sade humana, animal ou vegetal; ... www.pontodosconcursos.com.br 12 13. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAO artigo 2o dispe ainda: 1o Os Membros tm o direito de adotar medidas sanitrias e fitossanitrias para a proteo da vida ou sade humana, animal ou vegetal, desde que tais medidas no sejam incompatveis com as disposies do presente Acordo. 2o Os Membros asseguraro que qualquer medida sanitria e fitossanitria seja aplicada apenas na medida do necessrio para proteger a vida ou a sade humana, animal ou vegetal; seja baseada em princpios cientficos e no seja mantida sem evidncia cientfica suficiente, exceo do determinado pelo pargrafo 7 do Artigo 5.Portanto, os pases ficaram com o direito de criar as medidassanitrias e fitossanitrias, mas somente o podero fazer seprovarem cientificamente sua necessidade.No SPS, aparecem os seguintes princpios:1) Princpio da Transparncia, pelo qual um Membro deve informar aos demais Membros, com razovel antecedncia, a criao de qualquer medida sanitria ou fitossanitria;2) Princpio da Harmonizao, pelo qual se busca atingir a harmonizao das normas sanitrias por parte de todos os Membros partindo-se de normas, guias e recomendaes internacionais elaboradas pelas organizaes internacionais competentes, como consta no prembulo do acordo; e3) Princpio da Equivalncia, que consta no artigo 4o. Por este princpio, os pases aceitaro as medidas sanitrias e fitossanitrias dos demais pases como sendo equivalentes.Um exemplo de efeito imediato disto que, se o Brasil estiverimportando uma mercadoria da Frana e se o Ministrio daAgricultura francs tiver emitido um atestado com base nassuas normas sanitrias, o Ministrio da Agricultura brasileiroir aceitar este atestado sem necessidade de nova anlise dobem. Artigo 4 - Equivalncia 1o Os Membros aceitaro as medidas sanitrias e fitossanitrias de outros Membroscomo equivalentes, mesmo se tais medidas diferirem de suas prprias medidas ou de medidas usadas por outros Membros que comercializem o mesmo www.pontodosconcursos.com.br 13 14. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA produto, se o Membro exportador demonstrar objetivamente ao Membro importador que suas medidas alcanam o nvel adequado de proteo sanitria e fitossanitria do Membro importador. Para tal fim, acesso razovel deve ser concedido, quando se solicite, ao Membro importador, com vistas a inspeo, teste e outros procedimentos relevantes...Tanto este acordo (SPS) quanto o prximo (TBT) definem umadiretriz que :a) as normas sanitrias, fitossanitrias e tcnicas usadas pelos pases devem ser, na medida do possvel, as normas criadas por organismos internacionais, tais como a Organizao Mundial de Sade (OMS) e a Organizao das Naes Unidas para Agricultura e Alimentao (FAO); eb) os pases podem criar normas nacionais para complementar as internacionais, mas desde que sejam justificveis cientificamente, excluindo a arbitrariedade.Sobre o Acordo sobre Medidas Sanitrias e Fitossanitrias (SPS), caiua seguinte questo na prova de ACE/2008:(ACE/2008)Osistemamultilateralde comrcio,fundamentado nos princpios do GATT e subseqentemente daOMC, rege o comrcio entre pases. Acerca desse sistema,julgue os itens a seguir.172 Desde que no se configurem como restries aocomrcio agrcola, polticas de proteo ambiental, comoaquelas destinadas a proteger a vida humana contra doenasprovocadas por animais e plantas e a preservar a fauna e aflora, so contempladas pelo Acordo sobre a Aplicao deMedidas Sanitrias e Fitossanitrias.Resp.: item FALSO. As polticas de proteo ambiental podem sercriadas e so contempladas pelo SPS. O erro consiste em dizer que asbarreiras sanitrias no se configuram como restries ao comrcioagrcola. Ora, claro que as restries sanitrias so restries aocomrcio.Acordo sobre Barreiras Tcnicas ao Comrcio (TBT) www.pontodosconcursos.com.br14 15. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAEnquanto o Acordo sobre Medidas Sanitrias e Fitossanitrias aplicvel importao de bens sujeitos vigilncia sanitria, o TBT um acordo que permite a imposio de barreiras tcnicas aocomrcio.As regras dos dois acordos so muito semelhantes. Por isso, asexplicaes dadas ao acordo anterior so aproveitadas aqui, fazendo-se as adaptaes necessrias.A grosso modo, o Acordo sobre Medidas Sanitrias e Fitossanitriasdeve ser observado pelos Ministrios da Agricultura e da Sade, aocriarem as normas nacionais. J o Acordo sobre Barreiras Tcnicas aoComrcio deve ser observado pela ABNT Associao Brasileira deNormas Tcnicas, que define normas que devem ser observadas paraos mais diversos produtos.O TBT admite, por exemplo, que sejam criadas normas que spermitam a importao de:1) carros que tenham cinto de segurana;2) botijes de gs que no tenham atingido um prazo mximo definido;3) lmpadas com bocal no muito comprido, o que poderia gerar choques eltricos no ato de colocao ou retirada; e4) brinquedos, com a indicao da idade mnima permitida para a criana.Perceba no prembulo os objetivos do acordo:1) Assegurar a qualidade das exportaes2) Proteger a vida ou a sade humana, animal ou vegetal3) Proteger o meio ambiente4) Prevenir prticas enganosas"Os Membros...Desejando encorajar o desenvolvimento de normas internacionaise sistemas de avaliao de conformidade;Desejando, entretanto, assegurar que os regulamentos tcnicos e asnormas, inclusive requisitos para embalagem, marcao e rotulagem,e procedimentos para avaliao de conformidade com regulamentostcnicos e normas no criem obstculos desnecessrios aocomrcio internacional;www.pontodosconcursos.com.br 15 16. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAReconhecendo que no se deve impedir nenhum pas de tomarmedidas necessrias a assegurar a qualidade de suasexportaes, ou para a proteo da vida ou sade humana,animal ou vegetal, do meio ambiente ou para a preveno deprticas enganosas, nos nveis que considere apropriados, condio que no sejam aplicadas de maneira que constituadiscriminao arbitrria ou injustificvel entre pases ondeprevaleam as mesmas condies ou uma restrio disfarada aocomrcio internacional, e que estejam no mais de acordo com asdisposies deste Acordo;Reconhecendo que no se deve impedir nenhum pas de tomarmedidas necessrias para a proteo de seus interesses essenciaisem matria de segurana;Reconhecendo a contribuio que a normalizao internacional podedar transferncia de tecnologia dos pases desenvolvidos aos pasesem desenvolvimento;...As barreiras no podem ser usadas como forma arbitrria, massempre como medida justificvel de segurana.So princpios presentes no TBT:1) Transparncia (artigo 2.9)2) Equivalncia (artigo 2.7)3) Harmonizao (artigo 2.6)4) Tratamento Nacional (artigo 2.1)5) No-criao de barreiras desnecessrias (prembulo)Os quatro primeiros princpios j foram explicados nos outrosacordos. O quinto auto-explicativo: barreiras s podem ser criadasse forem, de fato, necessrias.Sistema de soluo de controvrsias da OMCAo estudarmos a estrutura da OMC, na aula 5, vimos no artigo IV doAcordo Constitutivo da OMC, que o rgo responsvel pela soluo decontrovrsias o Conselho Geral. Art. IV, 3o O Conselho Geral se reunir quandocouber para desempenhar as funesdo rgo de Soluo de www.pontodosconcursos.com.br16 17. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA Controvrsias (OSC) estabelecido no Entendimento sobre Soluo de Controvrsias.O sistema de soluo de controvrsias est previsto no Anexo 2 doAcordo Constitutivo da OMC.No seu artigo 4o, est definido que a primeira etapa do sistema desoluo de controvrsias a realizao de consultas entre os pases: Art. 4o Cada Membro se compromete a examinar com compreenso a argumentao apresentada por outro Membro e a conceder oportunidade adequada para consulta com relao a medidas adotadas dentro de seu territrio que afetem o funcionamento de qualquer acordo abrangido.Dentro dessas negociaes diretas, o Diretor-Geral da OMC ...poderoferecer seus bons ofcios, conciliao ou mediao com o objetivo deauxiliar os Membros a resolver uma controvrsia. (artigo 5o, 6o)Se as consultas no produzirem a soluo de uma controvrsia noprazo de 60 dias contados a partir da data de recebimento dasolicitao, a parte reclamante poder requerer o estabelecimentode um grupo especial. (artigo 4o, 7o)O artigo 6o dispe sobre o estabelecimento do grupo especial:Se a parte reclamante assim o solicitar, um grupo especial serestabelecido, no mais tardar, na reunio do OSC seguinte quelaem que a solicitao aparece pela primeira vez como item da agendado OSC, a menos que nessa reunio o OSC decida por consenso noestabelecer o grupo especial.Em outras palavras, o pas reclamado pode obstruir a constituio dogrupo especial uma vez, mas no pode voltar a faz-lo quando orgo de soluo de controvrsias se reunir pela segunda vez (a noser que haja consenso contra a constituio do grupo especial).O grupo especial um rgo composto por pessoas qualificadas(artigo 8o), estabelecido pelo OSC.Portanto:1) A primeira etapa so as negociaes diretas entre as partes na controvrsia (podendo haver a interveno do Diretor-Geral da OMC); e2) A segunda etapa do sistema de soluo de controvrsias o estabelecimento do grupo especial. www.pontodosconcursos.com.br17 18. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAO grupo especial ajuda o rgo de soluo de controvrsias a ditarresolues ou fazer recomendaes, mas, como seu relatrio podeser rejeitado somente por consenso no rgo de soluo decontrovrsias, difcil revogar suas concluses. Tais conclusesdevem basear-se nos acordos invocados.Caso o relatrio no seja derrubado, ele se converte numa resoluo.E ambas as partes na controvrsia podem apelar.Se houver apelao, esta deve se basear em questes de direito,como, por exemplo, interpretao jurdica. No possvel examinarde novo as questes de fato nem examinar novas questes. Os fatosj foram suficientemente descritos e no h mais o que discutir sobreeles. Cabe apenas ver a questo jurdica. A apelao examinadapelo rgo Permanente de Apelao estabelecido pelo rgo deSoluo de Controvrsias.A apelao pode gerar a confirmao, modificao ou revogao dasconstataes e concluses jurdicas do grupo especial.O rgo de soluo de controvrsias tem que aceitar ou rejeitar orelatrio da apelao em um prazo determinado. Este somente podeser rejeitado por consenso.Medidas aps o trnsito em julgado da soluo da controvrsiaDepois de decidida a questo, quais as medidas a serem tomadas?Caso o demandado tenha perdido a questo, a primeira coisa a serfeita ajustar sua poltica em conformidade com a resoluo ourecomendao. Consta no acordo sobre soluo de controvrsias: "Para assegurar a eficaz soluo das controvrsias em benefcio de todos membros, essencial o pronto cumprimento das recomendaes ou resolues do rgo de soluo de controvrsias.O pas perdedor deve manifestar sua inteno de ajuste na prximareunio do rgo de soluo de controvrsias. Caso no seja possvelcumprir imediatamente as recomendaes de resolues, ser dadoao pas um prazo razovel para faz-lo. Se as medidas no foremadotadas neste prazo, ter que abrir negociaes com o pasreclamante para estabelecer uma compensao mutuamenteaceitvel: por exemplo, redues alfandegrias em reas de interessepara a parte reclamante.Se, passado um determinado tempo, no se tenha chegado a umacompensao satisfatria, a parte reclamante poder pedir aautorizao do rgo de soluo de controvrsias para impor www.pontodosconcursos.com.br18 19. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAsanes comerciais limitadas relativamente outra parte. O rgode soluo de controvrsias dever outorgar essa autorizao, amenos que se decida, por consenso, indeferir a petio.Portanto: - em primeiro lugar, o perdedor deve ajustar sua poltica; - no o fez em prazo razovel? Ento tem que oferecer uma compensao ao pas vencedor; - no ofereceu a compensao? Ento o vencedor pode pedir para a OMC autorizao para que ele imponha sanes contra o pas perdedor.Em princpio, as sanes devem ser impostas no mesmo setor emque tiver surgido a controvrsia, ou seja, se a controvrsia surgiu emvirtude do desrespeito s patentes, ento as sanes devem seraplicadas tambm sobre as patentes do perdedor: olho por olho,dente por dente.Se isto impossvel ou ineficaz, podero ser impostas em um setordiferente amparado pelo mesmo acordo. Considerando que aspatentes esto dentro do acordo de propriedade intelectual (TRIPS),ento podero ser aplicadas sanes contra as marcas, desenhosindustriais ou direitos autorais, por exemplo.Se isto tambm impossvel ou ineficaz, e as circunstncias foremsuficientemente graves, podero ser adotadas medidas relativas aoutro acordo comercial. Pode ser descumprido o acordo do GATT,ou do GATS, ou qualquer acordo sobre o comrcio de bens.O objetivo reduzir ao mnimo a possibilidade de que se adotemmedidas que gerem efeitos em setores no relacionados com acontrovrsia e procurar, ao mesmo tempo, que as medidas sejameficazes.Na prova de Analista de Comrcio Exterior, aplicada pelo CESPE em2008, caram as seguintes questes:(ACE/2008)Osistemamultilateralde comrcio,fundamentado nos princpios do GATT e subseqentemente daOMC, rege o comrcio entre pases. Acerca desse sistema,julgue os itens a seguir.168 Aes retaliatrias dos pases-membros em resposta abarreiras comerciais consideradas injustas so permitidas pelaOMC desde que por ela sancionadas.Resp.: item CORRETO. Uma sano, para ser aplicada pelo pasvencedor, precisa da anuncia da OMC. www.pontodosconcursos.com.br 19 20. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA169 A exemplo da OMC, as normas e os acordos no mbito doGATT aplicam-se ao comrcio de mercadorias, de servios e dedireitos de propriedade intelectual referentes ao intercmbioexterno, sendo, pois, subscritos por todos os pases.Resp.: item INCORRETO, pois o GATT um acordo que se aplicaAPENAS ao comrcio de BENS. Para o comrcio de servios, o acordo o GATS. Para os direitos de propriedade intelectual, o TRIPS.170 As atribuies do rgo de soluo de controvrsias, nombito da OMC, incluem a criao de painis, a adoo dorelatrio do painel, o acompanhamento da implementao dasrecomendaes sugeridas pelo relatrio do painel, bem comoa autorizao da imposio de sanes aos Estados que no seadequarem ao relatrio.Resp.: item CORRETO. So tarefas para o rgo que solucionacontrovrsias.Caiu tambm a seguinte questo na prova de TRF/2005:(TRF/2005) 21- Atribua a letra (V) para as afirmativasverdadeiras e (F) para as falsas. Em seguida, marque a opoque contenha a seqncia correta.( ) No mbito do sistema de soluo de controvrsias da OrganizaoMundial do Comrcio (OMC), caso o pas que perca um litgio nocumpra a deciso do rgo de Soluo de Controvrsias, o pasvencedor pode ser autorizado a aplicar-lhe sanes comerciais.( ) possvel que dois pases que faam parte do Mercosul levem umlitgio apreciao do sistema de soluo de controvrsias da OMC aoinvs de apresent-lo ao mecanismo do Mercosul.( ) Tal como o sistema de soluo de controvrsias da OMC, omecanismo do Mercosul conta com uma instncia capaz de analisarrecursos contra as decises proferidas em primeiro grau por seusrbitros.( ) As regras da OMC prevem que um pas possa ser expulso daOrganizao caso no cumpra uma deciso do seu rgo de Soluode Controvrsias.( ) possvel que uma deciso do Tribunal Permanente de Reviso doMercosul seja tomada mesmo no havendo consenso entre seusmembros.a) V, V, V, F, Vb) F, F, V, F, F www.pontodosconcursos.com.br20 21. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAc) V, F, V, V, Fd) V, V, F, F, Ve) V, F, V, F, FSoluo:Primeiro item: Verdadeiro. O Sistema de Soluo de Controvrsias daOMC est apenso ao Decreto 1.455/95. Nele se encontra a permissopara a imposio de sanes comerciais para o pas que sair perdedorna hiptese de descumprimento da deciso do rgo de Soluo deControvrsias.Segundo item: Verdadeiro. Mas ainda estudaremos o Mercosul.Terceiro item: Verdadeiro. Mas ainda estudaremos o Mercosul.Quarto item: Falso. A previso para o descumprimento a imposiode sanes e no a expulso, o que colocaria o pas margem dosistema multilateral de comrcio e poderia provocar a inobservnciageneralizada dos acordos multilaterais de comrcio. O sistemamultilateral de comrcio objetiva a incluso e no a excluso.Quinto item: Verdadeiro. Mas ainda estudaremos o Mercosul.Gabarito: Letra A.As negociaes na OMCPor negociaes na OMC, devemos entender as rodadas denegociao. O edital no est perfeito ao se referir a negociaes naOMC, j que as negociaes multilaterais surgiram mesmo antes daexistncia da OMC, como podemos ver pelas datas abaixo.Aconteceram as seguintes Rodadas:1a) Genebra/1947 A primeira a que constituiu o GATT.2a) Annecy/1949 Reduo das barreiras tarifrias3a) Torquay/1951 Reduo das barreiras tarifrias4a) Genebra/1956 - Reduo das barreiras tarifrias5a) Genebra (Rodada Dillon)/1960-1961 Reduo das barreirastarifrias6a) Genebra (Rodada Kennedy)/1964/1967 Reduo dasbarreiras tarifrias e aprovao do Acordo Antidumping www.pontodosconcursos.com.br 21 22. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAAs primeiras rodadas foram basicamente para reduo de barreirastarifrias cumprindo o que fora acordado nos artigos II e XXVIIIb,estudados na aula passada. Haviam combinado a tarificao e areduo das tarifas nas rodadas de negociao. E assim ocorreu.Criaram tambm o Acordo Antidumping, j analisado na aula 3.7a) Genebra (Rodada Tquio)/1973-1979 O corao destarodada foi a deciso de se tomarem medidas para combater asbarreiras no-tarifrias que estavam proliferando por causa dosproblemas mundiais. Como assim?Quando chegou a dcada de 1970, barreiras no-tarifrias foraminventadas e levantadas, como vimos na aula anterior. Isto ocorreupor causa das duas crises do petrleo e pelo fim do Sistema BrettonWoods. Estas barreiras no-tarifrias comearam ento a seratacadas na Rodada Tquio.Nela surgiu, por exemplo, o Acordo sobre Licenciamento dasImportaes e o Acordo sobre Barreiras Tcnicas.Estes acordos foram revistos, alterados e atualizados na Rodadaseguinte: a Rodada Uruguai.A Rodada Tquio tambm se destaca porque foi nela que sesancionou o uso do Sistema Geral de Preferncias, criado em 1970pela UNCTAD e administrado at hoje por ela, como voc ver com oMissagia.8a) Genebra (Rodada Uruguai)/1986-1994 A Rodada Uruguai considerada a mais importante rodada pois foi nela que se criou aOrganizao Mundial do Comrcio e foram criados novos acordoscomerciais multilaterais.Na Rodada Uruguai foram criados:a) o Acordo sobre Servios (GATS),b) o Acordosobre Direitos de Propriedade Intelectual (TRIPS)c) Acordo sobre Agriculturad) Acordo sobreAplicaode Medidas Sanitrias e Fitossanitriase) Acordo sobre Txteis e Vesturiof) Acordo sobre Medidas de Investimento Relacionadas com o Comrcio (TRIMS)g) Acordo sobre Inspeo Pr-Embarque www.pontodosconcursos.com.br 22 23. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA h) Acordo sobre Regras de Origem i) Acordo sobre Salvaguarda j) Entendimento Relativo s Normas e Procedimentos sobreSoluo de Controvrsias k) Mecanismo de Exame de Polticas Comerciais l) Acordos de Comrcio Plurilaterais9a) A Atual: Rodada de Doha/2001-... conhecida por Rodada do Desenvolvimento, pois o objetivo principaldela criar formas de gerar desenvolvimento para os pases emdesenvolvimento, aumentando sua insero na economia mundial.Busca-se um desenvolvimento que seja integrado com os pasesdesenvolvidos e no uma compensao por longos anos desubdesenvolvimento.Em Comrcio Internacional, toda vez que se fala a palavradesenvolvimento, tem que se fazer a ligao com polticas quegerem desenvolvimento para os pases em desenvolvimento.A Rodada de Doha, que deveria ter sido encerrada em 2005, serreaberta neste ano de 2009 para concluso em 2010, conforme ditono dia 09/06/2009 pelo Diretor-Geral da OMC, Pascal Lamy, enoticiado pelos rgos de imprensa.Vejamos algumas questes:(AFRF 2003) Com o surgimento do Acordo Geral de Comrcio eTarifas (GATT), iniciou-se um movimento de progressivaliberalizao das trocas comerciais em escala global; ainda,aps mais de cinco dcadas, o protecionismo subsiste eapresenta-se sob novas roupagens. So exemplos de formascontemporneas de protecionismo observadas no mbito daOrganizao Mundial do Comrcio (OMC):a) restries ao investimento e clusulas sociais nos acordos deintegrao.b) o recurso abusivo a medidas anti-dumping e concesso desubsdios produo e exportao.c) a adoo de quotas e outras restries de natureza quantitativa.d) arranjos preferenciais bilaterais e acordos regionais de integrao.e) direitos compensatrios e regras sobre direitos de propriedadeintelectual.www.pontodosconcursos.com.br23 24. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAResp.: Letra B.Esta questo tem uma pegadinha.Vamos interpretar a pergunta: aps mais de cinco dcadas do GATT,ou seja, aps 1997, o protecionismo subsiste e apresenta-se sobnovas roupagens.Esta questo por eliminao.Letra A: Restrio ao investimento coisa nova, ou seja, a partir de1997? No, j que existe um acordo (TRIMS) negociado e firmado nofinal da Rodada Uruguai que ocorreu entre 1986 e 1994.Letra C: Adoo de quotas coisa nova? No. O artigo XI do GATT de1947 j atacava as quotas porque na dcada de 1930 elas jexistiam.Letra D: Arranjos preferenciais: Isto forma de protecionismo?Lgico que no. Isto liberalizao do comrcio.Letra E: Direitos compensatrios so coisas novas? No, j eramprevistos no artigo XVI do GATT de 1947.Letra B: Recurso a medidas antidumping coisa nova? No, mas orecurso abusivo . E a concesso abusiva de subsdios tambm. Oabuso novo consiste, por exemplo, em se criar uma medidaantidumping mesmo sem a prtica de dumping ou de dano a elevinculado.Vemos agora a primeira parte do tpico 4 do edital (Processo deintegrao econmica. Estgios de integrao econmica ...)Processo de Integrao EconmicaQue negcio esse de integrao econmica? Por que dois ou maispases integram suas economias?Pelo mesmo motivo de duas pessoas que tm profisses diferentes.Por que voc engenheiro e o seu vizinho mdico? Porque cada um bom numa coisa, ora.Se eu sou mdico, eu no vou ficar levantando casas. Se eu souengenheiro, eu no vou ficar lendo livros de medicina para tentar mecurar.Na vida, cada um faz uma coisa. Uns produzem camisas, outrosproduzem bolos. Alguns prestam servios mdicos, outros prestamservios de arquitetura. Cada um tem mais facilidade em produzir umwww.pontodosconcursos.com.br 24 25. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAbem ou um servio. Ningum produz tudo de que necessita. Eu usocamisa, sapato, culos, carro, enfim trocentas coisas que eucomprei usando o dinheiro que ganhei ensinando ComrcioInternacional para o mdico, para o engenheiro, arquiteto,administrador, empresrio, sapateiro, alfaiate, taxista, ...Assim tambm acontece com os pases. Se o Brasil tem terra emabundncia, ele tem um dom natural para produzir bens agrcolas. Sea Argentina tem um clima propcio produo de trigo, isso queeles vo produzir.A integrao econmica, na verdade, s passou a ser levada a srioaps Adam Smith em 1760, aproximadamente. Ele criou uma teoriachamada Teoria das Vantagens Absolutas que, em ltima anlise,dizia exatamente o que est escrito acima. Por esta teoria, AdamSmith definia que haveria vantagem para os pases que seintegrassem economicamente. Ele dizia mais ou menos o seguinte:Se a Inglaterra gasta menos tempo na produo de um sapato doque a Frana, e se a Frana gasta menos tempo na produo de umacamisa do que a Inglaterra, surge uma oportunidade para aintegrao econmica.Pelo exemplo acima, digamos que a Inglaterra gaste 1 hora naproduo do sapato e 2 horas na produo da camisa. E a Frana, 2horas na produo do sapato e 1 hora na produo da camisa.Se cada pas produzir uma unidade de cada bem, ambos vo gastar 3horas.Mas, se cada pas produzir apenas aquilo onde bom e comprar oproduto do outro, eles vo se dar bem.Por exemplo, se a Inglaterra se especializar em sapatos e a Frana,em camisas, eles podem gastar apenas 2 horas e produziro duasunidades. A Inglaterra, em 2 horas, produz 2 sapatos. A Frana, emduas horas, produz 2 camisas. Agora basta trocar 1 camisa por 1sapato. Cada pas vai ter os dois tipos de bens, tendo gastado apenas2 horas em vez das 3 que gastariam se fossem produzir sem comprarnada do outro.Assim comeou a ser pregada a vantagem da integrao econmica.Depois desta Teoria das Vantagens Absolutas, outras vieram paraaperfeioar, mas elas no foram pedidas no edital de AFRFB/2005.Somente o foram at 2003.David Ricardo, John Stuart Mill, Paul Krugman, Paul Samuelson,Jacob Viner, entre outros, deixaram de ser estudados a partir de2005.Recapitulando: a integrao econmica comeou a ser vista com bonsolhos a partir de Adam Smith.Mas ainda faltava vontade poltica. A populao e o governoignorantes no podiam aceitar que ficssemos comprando www.pontodosconcursos.com.br25 26. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAmercadorias do outro pas, se havia produo interna. Olhando para oexemplo acima de Frana e Inglaterra, a populao francesa nopodia aceitar que as empresas francesas de sapato fossem fechadas(esta a conseqncia bvia da especializao). Havia rejeionaquele tempo s idias liberais (qualquer semelhana com o tempoatual no mera coincidncia...).A vontade poltica para a integrao econmica somente veio com asduas grandes guerras. Depois de vivenciarem os horrores das duasguerras e com povos mais esclarecidos, os pases tiveram vontadepoltica para comear a promover a integrao econmica paradificultar o surgimento de novas guerras ao estreitarem os laosentre os vrios pases.O primeiro bloco a surgir foi em 1948, o BENELUX, que o embriodo que conhecemos hoje como Unio Europia e que estudaremos napenltima aula do curso.Concluindo, a integrao econmica surgiu empurrada pela vontadepoltica, mas obviamente havia vantagem econmica nisso.Estgios de integrao econmicaJ que, no nosso exemplo, Inglaterra e Frana decidiram se integrareconomicamente (esquece a Guerra dos Cem Anos...), qual a formapara isso? Vo liberar a importao das mercadorias e servios dooutro pas e vo fazer mais alguma coisa? Em relao moeda, serque vo unificar? E a mo-de-obra, vai ganhar livre trnsito entre ospases? Ou ser que esta integrao vai se limitar s importaes debens e servios?H cinco estgios de integrao econmica. No se quer dizer queuma integrao vai comear pelo primeiro estgio e depois vai para osegundo... Absolutamente. Existem blocos de integrao quecomearam j no segundo ou terceiro estgio, sem escalas.As formas (ou estgios) de integrao so:1) rea (ou Zona) de Livre Comrcio2) Unio Aduaneira3) Mercado Comum4) Unio Econmica5) Integrao Econmica TotalVamos ver na seqncia.A rea de Livre Comrcio a forma mais simples de integrao. aquela na qual dois ou mais pases reduzem as barreiras para o www.pontodosconcursos.com.br26 27. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAsubstancial do comrcio de bens e servios de/para os demais pasesdo bloco. Veja bem: Importaes e Exportaes. De Bens e servios.Esta a definio dada pelo artigo XXIV do GATT, que o AcordoGeral sobre Tarifas Aduaneiras e Comrcio (General Agreement onTariffs and Trade). Segue o artigo XXIV:Entender-se- por rea de livre comrcio um grupo de 2 (dois) oumais territrios aduaneiros entre os quais se eliminem os direitos(impostos) aduaneiros e as demais normas restritivas de comrcio(exceto, na medida em que forem necessrias, as restriesautorizadas em virtude dos artigos XI, XII, XIII, XIV, XV e XX)relativamente a praticamente todas as transaes efetuadas entre ospases-membros.Alguns livros inadvertidamente falam apenas das importaes.Quando se diz que no h barreiras, estamos falando que no hbarreira tarifria nem no-tarifria. Barreira tarifria a cobrana deimpostos. No-tarifria , por exemplo, a criao de quotas comlimitao no volume de importaes, a imposio de barreirastcnicas e outras formas de dificultar a importao, mas semenvolver imposto de importao.Em regra, a rea de livre comrcio no possui barreiras. No entanto,h algumas barreiras que so impostas numa rea de livre comrcio,que no a desvirtuam. Por exemplo, se for imposta uma proibio deentrada de boi com febre aftosa, isto no quer dizer que no hajalivre comrcio entre os dois pases. A importao de drogas ilcitasobviamente tambm proibida. A proibio de importao deaparelho de ar-condicionado que contenha CFC (clorofluorcarboneto),danoso camada de oznio, no descaracteriza o livre comrcio.Portanto, para ser considerado rea de livre comrcio no precisahaver um comrcio 100% livre. Basta que no haja barreirasrelativamente a praticamente todas as transaes. O que significa aexpresso praticamente todas? No est escrito no GATT, mas ocostume atual considerar mais de 85% do comrcio medido emtermos de valor.A Unio Aduaneira, que o segundo estgio da integraoeconmica, temacaractersticatambmdecomrciosubstancialmente livre, mas no s isso. Se for criado um bloco nestaespcie de integrao, os pases tero uma poltica comercial comumem relao a terceiros pases. Note bem: o comrcio, ou seja, tanto apoltica de exportaes quanto a de importaes, em relao aterceiros ser comum. Assim est escrito no artigo XXIV do GATT:haver ...normas de comrcio essencialmente iguais no comrciocom pases no-membros da unio.www.pontodosconcursos.com.br27 28. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIANa prtica, existe uma tarifa externa comum (TEC), onde estolistadas as tarifas de importao que so cobradas dos pasesexternos ao bloco. E estas tarifas so cobradas igualmente pelospases do bloco. Isto no acontece nas reas de livre comrcio, poisnestas os pases definem polticas comerciais independentesrelativamente aos pases extra-bloco.Atualmente, o Mercosul e o Pacto Andino esto no formato de unioaduaneira. Ainda veremos estes blocos. O Mercosul at chamado deunio aduaneira imperfeita, porque h excees em relao polticacomum em relao a terceiros pases e em relao ao comrciointrabloco. Por exemplo, cada pas do Mercosul pode separar umnmero definido de produtos para tributar como quiser, podendo serdescartada a tarifa comum do bloco.O Mercado Comum aquele bloco comercial em que os pasesacordam que, alm de o comrcio recproco ser livre e as tarifascobradas de terceiros serem iguais, haver a livre movimentao dosfatores de produo, ou seja, da mo-de-obra e do capital. Ostrabalhadores e os capitais circularo livremente entre os pases dobloco. No haver discriminao em relao nacionalidade dotrabalhador ou do investidor.O nome Mercosul significa Mercado Comum do Sul e tem porobjetivo atingir este estgio de integrao. Mas, como j disse, estapenas na forma de unio aduaneira.O Pacto Andino tambm tem este objetivo.Olha bem, se a mo-de-obra vai circular livremente entre os pasesdo bloco, bvio que as legislaes trabalhistas dos pases tm queser harmonizadas, ou seja, os pases tm que obedecer aos mesmosprincpios. Imagine se o trabalhador, apesar de ter liberdade detrabalhar em qualquer pas do bloco, estiver sujeito a legislaesdiferentes. Vai ser uma baguna.Do mesmo jeito, as legislaes de capitais tm que ser harmonizadas.A lgica do mercado comum propiciar facilidades aos trabalhadorese investidores. No h nenhuma lgica em existirem legislaesconflitantes. A idia no s permitir a livre movimentao, masfacilitar a vida dos trabalhadores e investidores.Uma ltima observao acerca da livre movimentao dos fatoresde produo. Quando se diz que haver esta livre movimentao, ainteno, na verdade, de dizer que haver a livre circulao demo-de-obra e de capital, apesar de sabermos que os fatores deproduo so 4, como estudamos em Economia: mo-de-obra,capital, recursos naturais e tecnologia.Por que ento a diferena?Em relao ao capital, aprendemos em Economia, que este se refereao capital fixo, ou seja, s mquinas, aparelhos, instrumentos, infra- www.pontodosconcursos.com.br 28 29. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAestrutura, ... No entanto, quando se fala em livre movimentao decapital no mercado comum, no se est falando do capital fixo, vistoque este composto de bens, e estes j circulam livremente desde oprimeiro estgio de integrao (rea de livre comrcio). Est-sefalando do capital dinheiro, o qual vai poder circular livremente entreos pases.Ora, os recursos naturais podem ser mveis ou imveis. No caso derecursos mveis, como, por exemplo, as matrias-primas, a livrecirculao j existe desde o primeiro estgio de integrao, visto queso bens, como quaisquer outros.Em relao aos recursos imveis, como, por exemplo, o clima e osolo, bvio que no h nem pode haver livre movimentao.Em relao tecnologia, ela considerada um fator de produoque serve para interligar os demais fatores. Assim define Rossetti(Introduo Economia, p.131): [A tecnologia] como conjunto deconhecimentos e habilidades, o elo de ligao entre o capital, afora de trabalho e o fator terra. Isto significa que as novashabilidades ou novosconhecimentosacumuladosestosimultaneamente incorporados aos bens de capital e ao conjunto dascapacitaes da fora de trabalho.Assim, a tecnologia, como sinnimo de saber fazer, um fator deproduo incorporado ao capital e mo-de-obra. Desta forma, seriaredundante dizer que a tecnologia est com o comrcio liberado nomercado comum. A tecnologia tem livre movimentao a partir domomento em que a tm a mo-de-obra e o capital, nos quais ela estincorporada.Pela Unio Econmica, os pases concordam e estabelecem polticaseconmicas harmonizadas. Note bem: quando falamos do mercadocomum, vimos que h harmonizao de poltica trabalhista e decapitais. Agora, na unio econmica, estamos falando deharmonizao de polticas econmicas. O que isso? Harmonizaodas polticas cambial, monetria e fiscal. Os pases vo combinar umapoltica cambial parecida. Tambm a poltica fiscal e a monetriasero parecidas, similares.Os pases tero polticas econmicas harmonizadas, mas nounificadas.A harmonizao pressupe que haver diretrizes a serem seguidaspelos pases. E tais diretrizes so definidas pelo bloco.Na integrao econmica total no ocorre simples harmonizao,mas a unificao das polticas. Os pases vo usar uma polticamonetria comum. Por conta disso, surge a moeda nica. A polticafiscal tambm ser nica. Todos passam a contabilizar receitas edespesas pblicas da mesma forma. Passam tambm a usar umapoltica cambial nica. Ora, isso bvio. Se h uma moeda nica, awww.pontodosconcursos.com.br29 30. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIApoltica cambial, que a relao desta moeda com as demais nomundo, nica.Neste estgio de integrao, alm de as polticas econmicas seremequalizadas, tambm o so as polticas sociais. Frisando: polticaseconmicas E sociais equalizadas.Como exemplo de bloco neste estgio, h a Unio Europia, em que oBanco Central Europeu emite a moeda, aumenta ou reduz a taxa dejuros e o gestor da poltica monetria e cambial.Se a moeda nica, bvio que deve haver algum rgo, que nopertena a um dos pases, que detenha parcela de soberania de cadapas. Na Unio Europia, este rgo o Banco Central Europeu. muito comum nas aulas os alunos perguntarem: E a ConstituioEuropia que eles esto querendo impor? Vai mudar alguma coisa emrelao integrao econmica? No. A Constituio Europia instrumento para a integrao poltica e no para a integraoeconmica. Em matria econmica, no h mais o que avanar naUnio Europia. A Constituio Europia assunto para o VicentePaulo responder, porque integrao poltica. Perguntaram para apessoa errada.Antes de resolvermos alguns exerccios, vamos ver a zona depreferncia tarifria ou zona preferencial. Preferncia sinnimode reduo. Logo, zona de preferncia tarifria um bloco onde asmercadorias no circulam livremente, mas tambm no so cobradasas tarifas cheias. Existe alguma forma de reduo de tarifas. Vejabem: se houver eliminao de tarifas sobre pelo menos 85% dosbens e servios, como escrevi antes, estaremos num bloco comercialsob o estgio de zona de livre comrcio. Mas, se houver reduotarifria sem atingir tal magnitude, seja em relao ao percentual dereduo das tarifas, seja em relao ao percentual dos bensatingidos, estaremos diante de uma zona de preferncia tarifria.Atualmente, a ALADI, bloco que ainda estudaremos, est nesteformato. O bloco tem objetivos maiores, mas atualmente no heliminao de tarifas em pelo menos 85% dos bens.Na ALADI, por exemplo, h uma reduo de tarifas que varia de 8% a48% sobre os produtos do universo tarifrio. Universo tarifrio oconjunto de bens tributveis.Margem de preferncia o percentual de reduo aplicado sobre atarifa cheia. A tarifa cheia cobrada quando a importao demercadoria de pas que no pertence zona. A tarifa reduzida aplicada s importaes de bens provenientes de um pas da zona.Vamos ver como a ESAF pede isso tudo a em prova? Perceba que emtoda prova, vem uma questozinha sobre isso: www.pontodosconcursos.com.br30 31. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIA(AFTN/96) Unio aduaneira e mercado comum so duasformas de integrao econmica regional. O que diferenciaessas duas formas a(o):a) Incluso dos fatores de produo no tratamento das relaeseconmicas entre os pases-membros.b) Nmero de pases participantes.c) Nvel de diversificao dos produtos que fazem parte do acordoregional.d) Fato de que, na unio aduaneira, somente os pases-membros sobeneficiados pela retirada das tarifas, enquanto que, no mercadocomum, mesmo pases no-membros podem gozar de benefciossemelhantes.e) Existncia ou no de barreiras no-tarifrias.Resp.: Essa mole. O que diferencia uma e outra que o mercadocomum prev a livre circulao da mo-de-obra e do capital. Letra A.(AFTN/98) So fases da integrao econmica, em ordem decomplexidade e profundidade:a) Unio Aduaneira, Mercado Comum, Unio Econmica, IntegraoTotal.b) Unio Econmica, Zona de Livre Comrcio, Unio Aduaneira,Mercado Comum, Integrao Total.c) Zona de Livre Comrcio, Unio Aduaneira, Regio Preferencial,Mercado Comum, Unio Econmica, Integrao Total.d) Zona de Livre Comrcio, Mercado Comum, Unio Aduaneira, UnioEconmica.e) Zona de Livre Comrcio, Mercado Comum, Integrao Total, UnioEconmica.Resp.: Basta ver a seqncia apresentada rea de Livre Comrcio,Unio Aduaneira, Mercado Comum, Unio Econmica e IntegraoEconmica Total. Letra A.(ACE/97) So Fases do Processo de Integrao, em ordemcrescente de complexidade:a) Zona de Livre Comrcio, Mercado Comum, Unio Aduaneira, UnioEconmica.b) rea de Livre Comrcio, Unio Econmica, Mercado Comum, UnioAduaneira.c) Zona de Livre Comrcio, Unio Aduaneira, Unio Econmica,Mercado Comum. www.pontodosconcursos.com.br 31 32. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIAP/ RECEITA FEDERAL PROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAd) Unio Aduaneira, Zona de Livre Comrcio, Mercado Comum, UnioEconmica.e) Zona de Preferncia Tarifria, rea de Livre Comrcio, UnioAduaneira, Mercado Comum.Resp.: Letra E. Perceba que a questo pede fases do processo deintegrao. Est querendo dizer o seguinte: Quando dois pasesresolvem abrir um processo de integrao, eles podem passar porquais fases? ou Dois pases que resolvam se integrar podem fazerisso passando por quais fases?. Fase meio e no um fim.Por conta disso, podemos considerar a zona de preferncia tarifriacomo uma fase em um processo, mas sem ser considerada umestgio final de integrao.Se estivesse perguntando: Quais os estgios de integrao emordem crescente de complexidade? teramos um problema, pois azona de preferncia tarifria no considerada um estgio deintegrao, mas uma etapa pela qual um bloco pode passar parachegar a uma integrao.(AFRF/2000) Dois pases, ao reduzirem suas tarifas deimportao entre si ao nvel mais baixo possvel com vistas auma liberalizao integral do comrcio recproco dentro dedez anos, sem, entretanto, estabelecerem uma tarifa externacomum para as importaes de terceiros pases, pretenderamcriar:a) Uma unio monetria.b) Uma zona de livre comrcio.c) Uma unio aduaneira.d) Uma ZPE (Zona de Processamento de Exportaes).e) Uma zona franca.Resp.: Questo tranqila. Falou que haver liberalizao integral docomrcio recproco? Sim. Haver TEC? No. Ento, estamos tratandoda zona de livre comrcio. Letra B.(AFRF/2002-1) O que define, essencialmente, uma unioaduaneira a:a) Livre circulao de bens e servios atravs das fronteiras.b) Adoo de uma tarifa externa comum e a harmonizao daspolticas comerciais dos pases-membros.c) Concesso mtua, pelos pases-membros, de prefernciascomerciais. www.pontodosconcursos.com.br 32 33. CURSOS ONLINE COMRCIO INTERNACIONAL - TEORIA P/ RECEITA FEDERALPROFESSORES: RODRIGO LUZ E MISSAGIAd) Livre circulao do capital e da mo-de-obra entre os pases.e) Coordenao das polticas macroeconmicas.Resp.: O que que ela tem que eu no tenho? Brincadeirinha... O quea unio aduaneira tem que a zona de livre comrcio no tem? A tarifaexterna comum (TEC). Ah! Olha que a letra B fala tambm daharmonizao das polticas comerciais. Isto est correto? Sim. Aspolticas comerciais sero comuns em relao a terceiros pases e emrelao aos pases membros. Ningum vai tributar os produtos dequem pertencer ao bloco. Todos tributaro igualmente os terceirosque no pertenam ao bloco.Pelo amor de Deus, no confunda harmonizao de poltica comercialcom harmonizao de poltica econmica. Se houvesse harmonizaode poltica econmica, estaramos falando de unio econmica e node unio aduaneira.(AFRF/2003) Uma unio aduaneira pressupe:a) A livre movimentao de bens, capital e mo-de-obra e a adoode uma tarifa externa comum entre dois ou mais pases.b) A uniformizao, por dois ou mais pases, do tratamento aduaneiroa ser dispensado s importaes de terceiros pases, mesmo sem aadoo de um regime de livre comrcio internamente.c) A existncia de uma rea de preferncias tarifrias entre um grupode pases e a harmonizao das disciplinas comerciais aplicveis aocomrcio mtuo.d) A liberalizao do comrcio entre os pases que a integram e aadoo de uma tarifa comum a ser aplicada s importaesprovenientes de terceiros pases.e) A completa liberalizao dos fluxos de comrcio entre um grupo depases e a coordenao de polticas macroeconmicas.Resp.: Esta s para voc ver como a ESAF repetitiva. Letra D.Relembrando: a partir da prxima aula, o Missagia assume o curso eeu s volto para escrever as duas ltimas aulas, tentando j pegar asalteraes do Mercosul e dos blocos comerciais que se renemsemestralmente. A gente se v, ou melhor, a gente se escreve.Bons estudos e um grande abrao a todos.Rodrigo Luzwww.pontodosconcursos.com.br33