59
UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS PRIMEIRA AULA DE FRUTICULTURA - I CULTURA DA BANANEIRA Professor: Adriano de Almeida Franzão

Aula de Fruticultura 1102

Embed Size (px)

DESCRIPTION

AGRONOMIA

Citation preview

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTNIO CARLOS

UNIVERSIDADE PRESIDENTE ANTNIO CARLOSPRIMEIRA AULA DE FRUTICULTURA - ICULTURA DA BANANEIRAProfessor: Adriano de Almeida FranzoIntroduo A banana (Musa spp.) uma fruta de consumo universal, sendo umas das mais consumidas no mundo, e, comercializada por dzia, por quilo e at mesmo por unidade. rica em carboidratos e potssio, mdio teor em acares e vitamina A, e baixo em protenas e vitaminas B e C. A banana apreciada por pessoas de todas as classes e de qualquer idade, que a consomem in natura, frita, assada, cozida, em calda, em doces caseiros ou em produtos industrializados.

A fruta verde usada in natura com grande sucesso na desidratao infantil, depois de bem homogeneizada no liquidificador; seu tanino, revestindo as paredes intestinais e do tubo digestivo, evita, por ao mecnica, que as clulas do rgo continuem se desidratando. No meio rural utilizada, ainda verde, como alimento de animais, depois de cozida, para eliminar o efeito do tanino nos intestinos. A importncia da bananicultura varia de local para local, assim como de pas para pas. Por vezes, ela plantada para servir de complemento da alimentao da famlia (fonte de amido), como receita principal ou complementria da propriedade ou como fonte de divisas para o pas. Com freqncia, seu cultivo feito em condies ecolgicas adversas, mas, em vista da proximidade de um bom mercado consumidor, esta atividade se torna economicamente vivel. H uma grande diversidade de cultivares, cujos frutos tm vrios sabores e utilizaes. O porte das plantas varia de 1,50 m a 8,0 m e seus cachos podem ser compostos por algumas bananas ou centenas delas. Merece realar que seu tronco no um tronco e, sim, um imbricamento de bainhas de folhas. Seu perodo de vida definido pelo aparecimento do filhote na superfcie do solo e a sua colheita ou a seca do seu cacho. Entretanto, sua lavoura considerada de carter permanente na rea.

As bananas cultivadas podem ser divididas em duas classes: as consumidas frescas ou industrializadas e as consumidas fritas ou assadas, que chamamos de bananas de fritar ou da terra. Na lngua espanhola, apenas as bananas do subgrupo Cavendish (Nanica, Nanico, Dgua, etc.) so chamadas de bananas; as demais so conhecidas por pltanos. Origem da banana O gnero Musa, ao qual pertence as bananeiras, foi criado por Lineu em homenagem a Antonio Musa, mdico de Otvio Augusto, o primeiro imperador de Roma (63 14 A.C.). A palavra banana originria das lnguas serra-leonesa e liberiana (costa ocidental da frica), a qual foi simplesmente incorporada pelos portugueses sua lngua. No se pode indicar com exatido a origem da bananeira, pois ela se perde na mitologia grega e indiana. Atualmente admite-se que seja oriunda do Oriente, do sul da China ou da Indochina. H referncias da sua presena na ndia, na Malsia e nas Filipinas, onde tem sido cultivada h mais de 4.000 anos. A histria registra a antigidade da cultura.

As bananeiras existem no Brasil desde antes do seu descobrimento. Quando Cabral aqui chegou, encontrou os indgenas comendo in natura bananas de um cultivar muito digestivo que se supe tratar-se do Branca e outro, rico em amido, que precisava ser cozido antes do consumo, chamado de Pacoba que deve ser o cultivar Pacova. interessante lembrar que a palavra pacoba, em guarani, significa banana. Com o decorrer do tempo, verificou-se que o Branca predominava a regio litornea e o Pacova, a Amaznica. Classificao botnica As bananeiras produtoras de frutos comestveis foram classificadas, pela primeira vez, por Linneu, que as agrupou no gnero Musa com as espcies: Musa cavendishii, Musa sapientum, Musa paradisiaca e Musa corniculata. Essa classificao foi abandonada porque, dado seu empirismo, no seria possvel incluir todos os cultivares hoje conhecidos, sem provocar grandes conflitos dentro da mesma espcie. Sendo assim, atualmente, segundo a sistemtica botnica de classificao hierrquica, as bananeiras produtoras de frutos comestveis so plantas da classe das Monocotiledneas, ordem Scitaminales, famlia Musaceae, da qual fazem parte as subfamlias Heliconioidease, Strelitzioidease e Musoidaea. Esta ltima inclui, alm do gnero Ensete, o gnero Musa. O gnero Musa ainda pode ser dividido em quatro subgneros: Australimusa, Callimusa, Rhodochlamys e Eumusa. Os subgneros Callimusa e Rhodochlamys no produzem frutos comestveis; o subgneros Australimusa contm apenas uma espcie (Musa textilis), conhecida como abac e utilizada principalmente nas Filipinas para extrao de fibras das bainhas vasculares. No subgnero Eumusa ou simplesmente Musa que esto localizadas as espcies de interesse comercial, essas espcies de interesse comercial so: Musa acuminata Colla e Musa balbisiana Colla. Os cultivares tradicionais de bananeiras apresentam nveis cromossmicos di, tri ou tetraplides, respectivamente com 22, 33 e 44 cromossomos, em combinaes variadas de genomas das espcies Musa acuminata (genoma AA) e Musa balbisiana (genoma BB). Estes cultivares diferem das espcies silvestres devido a presena de genes responsveis pela partenocarpia. Segundo os grupos cromossmicos, os principais cultivares de bananas cultivados no Brasil so classificados da seguinte maneira: - Grupo diplide acuminata AA: Ouro. - Grupo triplide acuminata AAA: Robusta, Mestia, Gros-Michel, Caru roxa, Caru verde, Caipira, Leite, Ouro Mel, So Mateus, So Tom. Dentro deste grupo o subgrupo Cavendish apresenta importncia, representado principalmente pelos cultivares Nanica e Nanico. - Grupo triplide AAB: Pacovan, Ma, Mysore, So Domingos. Dentro deste grupo os subgrupos de maior importncia so Prata, representado pelos cultivares Prata An e Prata Zulu, e Plantain, representado pelos cultivares Maranho, Terra e Terrinha. - Grupo triplide ABB: Marmelo, Figo, Po. - Grupo tetraplide AAAA: IC-2. - Grupo tetraplide AAAB: Pioneira, Ouro da Mata, Platina. Os cultivares mais comuns no Brasil e em outras partes do mundo so os triplides, devido ao seu vigor, maior tamanho dos frutos e consistncia mais agradvel destes em relao aos diplides. Classificao quanto utilizao Segundo o destino que a banana vai ter, pode-se classificar as bananeiras mais cultivadas em cinco grupos: a - Banana destinada exportao e mercado interno: Ba, Bout-round, Caturro, Grande Naine, Gros Michel, Jangada, Johnson, Lacatan, Monte Cristo, Nanica, Nanico, Pseudocaule roxo, Piru, Robusta, Valery e Williams. b - Banana de mesa para consumo interno: Ba, Bout-round, Branca, Canela, Caru roxa, Caru verde, Caturro, Colatina ouro, Congo, Enxerto, Figo cinza, Figo cinza escura, Figo vermelha, Figo vermelha rachada, Giant Fig, Grande Naine, Jangada, Johnson, Lacatan, Leite, Ma, Miomba, Monte Cristo, Mysore, Nanica, Nbrega, Ouro, Ouro da mata, Ouro mel, Pach naadan, Pacovan, Padath, Po, Piru, Platina, Prata, Prata ponta aparada, Prata Santa Maria, Prata Zul, Pseudocaule roxo, Robusta, Salta do cacho, So Domingos, So Mateus, So Tom, Valery, Viropaxy e Williams. c - Banana para fritar, conhecidas como banana da terra e na lngua espanhola como "pltano": Angola, Carnaval, DAngola, Figo cinza, Figo cinza-escura, Figo vermelha rachada, Maranho branca, Maranho caturra, Maranho vermelha, Mongol, Mucoc, Ouro (quando verde), Po, Pacova, Pacov, Pacovau, Sambur, Terra, Terra caturra e Terrinha. d - Banana para compota: Nanica e todos os cultivares do subgrupo Cavendish, Ouro, Pacovan, Prata Zul, So Domingos, Terra e todos os cultivares do subgrupo Plantain. e - Banana para doce em massa: Branca, Enxerto, Nanica e todos os cultivares do subgrupo Cavendish. Classificao quanto ao porte a - Porte baixo, at 2,0 metros: Nanica e Salta-do-cacho. b - Porte mdio, de 2,0 a 3,5 metros: Angola, Ba, Bout-round, Congo, Enxerto, todo o subgrupo Figo, Grande Naine, Jangada, Java, Johnson, Leite, Ma, Maranho Caturra, Monte Cristo, Nanico, Ouro, Pacova, Pacovau, Padath, Piru, Platina, Pseudocaule roxo, Robusta, So Mateus, So Tom, Terrinha, Valery e Williams. c - Porte alto, de 3,5 a 6 metros: Canela, Carnaval, Caru roxa, Caru verde, Colatina ouro, Giant fig, IC-2, Lacatan, Nbrega, Miomba, Mongol, Mysore, Ouro mel, Pach naadan, Pacov, Prata ponta aparada, Prata Santa Maria, Prata Zul, Sambur e Viropaxy. d - Porte muito alto, mais de 6 metros: Branca, Caturro, Gros Michel, Imperial, Maranho branca, Maranho vermelha, Ouro da mata, Pacovan, Prata e Terra. Morfologia A Bananeira uma planta herbcea, caracterizada pela exuberncia de suas formas e dimenses das folhas. Possui tronco curto e subterrneo, representado pelo rizoma e o conjunto de bainhas das folhas de pseudocaule. O rizoma constitui um rgo de reserva, onde se insere as razes adventcias e fibrosas. Entretanto, no linguajar popular este chamado de tronco da bananeira. A multiplicao da bananeira se processa, naturalmente no campo, por via vegetativa, pela emisso de novos rebentos. Entretanto, o seu plantio tambm pode ser feito por meio de sementes, processo este usado mais freqentemente quando se pretende fazer a criao de novas variedades ou hbridos.

A bananeira, como todas as plantas, tem um ciclo de vida definido. Sua fase de gestao comea com a gerao de um broto-rebento em outra bananeira, mas como nos animais, o incio da contagem de sua vida somente se faz com seu aparecimento ao nvel do solo. Com seu crescimento, h a formao de uma bananeira que ir produzir um cacho, cujas frutas se desenvolvem, amadurecem e caem, verificando-se em seguida o secamento de todas as suas folhas, quando se diz que a planta morreu. A morte encerra o ciclo de vida, o qual tambm pode ser abreviado com a colheita do cacho, que corresponde ao assassinato da bananeira.

Corte horizontal esquemtico de uma touceira de bananeiras, com a me com cacho, mostrando a formao inicial de trs famlias.

Sistema radicular As razes tm sua origem na parte central do rizoma, na unio entre o cilindro central e o crtex. Geralmente, surgem em grupo de trs ou quatro, distribuindo-se por toda a superfcie do rizoma, em processo de diferenciao contnua, segundo o crescimento do meristema. As razes so fasciculadas e crescem em maior porcentagem horizontalmente, nas camadas mais superficiais do solo, ocupando seus primeiros 20 a 30 cm; apenas um reduzido nmero delas (cerca de 20%) se desenvolve no sentido vertical, atingindo em geral, cerca de 50 a 70 cm.

Rizoma O rizoma definido morfologicamente como um caule que desenvolveu folhas na parte superior e razes adventcias na poro inferior. Ou mais simplificadamente, o rizoma pode ser definido como a parte da bananeira onde todos os seus rgos, direta, ou indiretamente se apiam.Erroneamente, o rizoma da bananeira tem sido chamado de bulbo, que, botanicamente, um rgo de reserva de certas plantas, como da cebola e do alho. O bulbo no d formao a brotos. Gema apical e gema lateral Conforme descrito no item rizoma, a gema apical de crescimento se encontra sempre no centro dos semi-arcos de crculos esculpidos pela fixao das bainhas das folhas. Tais semi-arcos no se completam pelo fato de terem um ponto de interrupo, no qual h outro conjunto de clulas meristemticas, que so em tudo e por tudo iguais gema apical de crescimento. Apenas sua fisiologia diferente. Ela a gema lateral de brotao.A gema apical est sempre em processo de multiplicao, no qual so produzidos uma folha (bainha, pecolo e lbulos foliares) e sua respectiva gema lateral de brotao. Isso ocorre durante um prazo definido pelas condies ecolgicas, nutricionais e genticas. Vencido esse tempo, a gema apical cessa essas atividades vegetativas e passa a ter funes de produo. a fase da diferenciao floral, quando ento as clulas do cmbio se modificam e criam a inflorescncia da planta (futuro cacho).

Sistema foliar As folhas da bananeira so formadas por bainha foliar, pseudopecolos ou pecolo, nervura e limbo foliar. A folha mais interna do pseudocaule, logo aps seu nascimento, apresenta-se como um pequeno cone foliar, tendo sua base apoiada sobre a regio do cilindro central do rizoma, em cujo interior se encontra a gema apical. Com o desenvolvimento do cone, suas microscpicas dimenses aumentam e a gema apical de crescimento que ficou no seu interior reinicia o processo de multiplicao. a partir das paredes do cone que se originam todas as partes componentes da folha, ou seja, bainha foliar, pecolo, nervura principal, limbo (ou lbulos) foliares com suas nervuras secundrias e de bordo e o aguilho (ou pavio).

As folhas so numeradas de cima para baixo em algarismos romanos. A folha vela (ou o cartucho) sempre a folha de nmero 0 (zero). As primeiras folhas do jovem rebento so praticamente pequenas escamas deltides; quando mais velho, o filhote emite folhas constitudas apenas pela nervura principal. As primeiras folhas so bastante estreitas devido ao no desenvolvimento dos lbulos foliares e, por ter uma forma lanceolada, so chamadas de espada. medida que a planta cresce, as novas folhas apresentam dimenses maiores at que seja atingido o estgio de adulta.

A ltima folha emitida pela bananeira tem sua conformao mais coricea, cujo formato em geral, anormal, tendo suas nervuras secundrias muito pronunciadas e irregularmente onduladas, sendo conhecida pelos bananicultores como folha pitoca. Esta folha, que geralmente envolve mais intimamente a inflorescncia quando ainda dentro do pseudocaule, muitas vezes seca durante o desenvolvimento do cacho. nas folhas que se processa a fotossntese, quando ento a seiva bruta transformada em seiva elaborada, que na bananeira muito adstringente e conhecida como cica. Pseudocaule ou falso tronco O pseudocaule da bananeira um estipe. Ele formado pelas bainhas das folhas superpostas. As bainhas se fixam sobre o rizoma descrevendo arcos de crculos concntricos, em torno da gema apical de crescimento. Eles formam fortes cicatrizes no rizoma, por onde as fibras do rizoma invadem as bainhas e chegam at as folhas. Essa regio de transio entre ambos os rgos denomina-se colo do rizoma ou da bananeira. Nas plantas mais jovens, o pseudocaule tem o formato de um cone alongado; nas adultas seu formato quase que cilndrico. Seu comprimento, que representa a altura da planta, igual distncia do solo at ao topo da roseta foliar. O pseudocaule pode ter de 1,2 at 8 m de altura e o seu dimetro na base varia de 10 a 50 cm, a 30 cm do solo.

Diferenciao floral Terminado o processo de diferenciaofoliar e gemas laterais de brotao da planta, a gema apical cessa essa atividade, devido a uma srie de fatores hormonais. H, ento, uma modificao do seu aspecto e ela se transforma no rgo de frutificao da bananeira: a inflorescncia. A essa fase da vida da planta d-se o nome de diferenciao floral, quando ento cessa sua vida vegetativa e comea a de frutificao ou de produo. O perodo compreendido entre a diferenciao floral e do lanamento da inflorescncia corresponde ao de gestao do cacho. O processo de diferenciao floral ocorre quando cerca de 60% de todas as folhas geradas (jovens e adultas) j se abriram para o exterior da planta. Os restantes 40% de folhas j esto formados, porm ainda permanecem se desenvolvendo dentro da planta e envolvendo toda a inflorescncia. Dada a modificao da gema apical em inflorescncia, conclui-se que, aps a diferenciao floral, a bananeira no gera mais folhas, porm continua ainda lanando aqueles 40% de folhas j geradas. Por conseguinte, aps o lanamento da inflorescncia, ela tambm no emite mais nenhuma folha. Inflorescncia A inflorescncia da bananeira uma espcie de espiga simples, terminal, que emerge do centro das bainhas foliares, protegida por uma grande brctea, muitas vezes chamada de placenta. Quando o florescimento, o pice se avoluma e origina as brcteas da inflorescncia, produzidas em srie e distribuda pela rquis em espiral. Cada brctea possui uma massa axilar de forma cncava que constitui os primrdios da penca, onde se diferenciam as flores, dispostas alternadamente em duas fileiras paralelas, com desenvolvimento simultneo. O nmero de pencas varia com a cultivar e as condies de vegetao da planta, podendo chegar a 13-14.

Flores As flores femininas, masculinas ou hermafroditas esto reunidas em pencas isoladas e protegidas cada uma delas por uma brctea, que sempre caduca para as femininas, o que pode ou no acontecer para as demais. Em cada penca encontram-se flores de um s sexo, porm na regio de transio entre elas, podem aparecer numa mesma penca, flores femininas e masculinas. A flor da banana comestvel zigomrfica, sempre completa com os rgos femininos e masculinos, verificando-se em algumas a atrofia das anteras (flores femininas) e, em outras, dos ovrios (flores masculinas). Devido a essas diferenas no tamanho do ovrio, possvel basear-se neste fato para se identificar o sexo das flores.

As flores femininas tm o ovrio bem desenvolvido e so as primeiras a aparecer e as responsveis pela formao das bananas. Nas masculinas, o ovrio cerca de 30 a 50% menor e, geralmente, elas abortam ou se desenvolvem formando rudimentares frutinhos como no cultivar Nanica. As flores masculinas e femininas das bananeiras produtoras de frutos comestveis apresentam cinco tpalas (spala + ptala), dispostas em dois vertculos, que se fundem para formar um clice tubular denominado de perignio. Sua extremidade se apresenta fendilhada, formando cinco pequenos dentes ou lbulos, de forma varivel, segundo o cultivar.

Tanto as flores masculinas como as femininas apresentam cinco estames (antera + filamentos) bastante semelhantes, assim como o pistilo (ovrio + estilo + estigma). Os estames das flores masculinas possuem anteras normais e os sacos polnicos esto dispostos ao longo do filamento em duas linhas paralelas. Os gros de plen so geralmente de cor branco-amarelada. Nas flores femininas, as anteras so atrofiadas, o filamento mais curto e o plen, degenerado. As flores masculinas e femininas apresentam um ovrio nfero e trilocular, estilo filiforme e estigma grosso (dilatado). Nas flores femininas, os ovrios se dispem em cada loja (lculo) em duas linhas regulares ou em quatro irregulares. As flores masculinas tm o ovrio bastante atrofiado, mas o estilo e o estigma se apresentam apenas com as dimenses um pouco reduzidas. Fecundao das flores A fecundao das flores nas bananeiras selvagens feita normalmente por insetos. Retirando o plen de flores masculinas de uma inflorescncia, ele fecunda as flores femininas de outra inflorescncia (polinizao cruzada). A polinizao somente pode se processar dessa forma, pois na mesma planta as flores femininas nascem sempre primeiro na inflorescncia e, com isso, quando os gros de plen das flores masculinas estiverem viveis para a polinizao, os ovrios das femininas j no estaro mais receptveis, por estarem velhos. As bananeiras de frutos comestveis, em geral, no produzem gros de plen frteis e os ovrios das flores femininas dificilmente podem ser fecundados, devido a um atrofiamento do estigma que impede a passagem do plen. Porm, h casos de no acontecer o atrofiamento e a fecundao poder se processar normalmente, surgindo com isso sementes frteis. O cultivar Gros Michel, por ter o estigma apenas parcialmente atrofiado pode, com relativa facilidade, vir a produzir sementes pelo que tem sido usado como me nos trabalhos de melhoramento. Em bananeiras, a polinizao realizada apenas nos trabalhos de pesquisa, uma vez que as bananas se formam naturalmente por partenocarpia. A polinizao feita retirando-se o gro de plen frtil de uma flor masculina (quase sempre selvagem) e depositando-o em uma feminina, que ainda esteja protegida pela brctea, o que indica que ela ainda deve estar virgem. Essa brctea levantada para realizar a polinizao e, imediatamente, reconduzida sua antiga posio e amarrada para evitar a entrada de insetos que possam trazer outros gros de plen. No h necessidade de reabrir a brctea depois; com o tempo, ela cair naturalmente. Obter-se- certeza do sucesso da polinizao observando o aspecto do fruto que, neste caso, dever ser mais cilndrico e mais curto. A confirmao de que houve a polinizao somente se ter com a presena das sementes, nos frutos maduros. As bananeiras selvagens apresentam em mdia, de 80 a 100 sementes frteis por fruto. Nos trabalhos de melhoramento, esse nmero geralmente bastante reduzido, dificilmente ultrapassando 5 sementes por fruto.

Cacho e fruto O cacho da bananeira constitudo de engao (pednculo), rquis, pencas de bananas (mos), sementes e boto floral (corao). O cacho de banana comestvel pode apresentar, ocasionalmente, at 600 bananas reunidas em 20 ou mais pencas, com peso ao redor de 100 kg. O tamanho do cacho varia segundo o cultivar, o clima, a fertilidade do solo, os tratos culturais e fitossanitrios. Seu formato quase sempre tronco-cnico, mas h tambm o quase cilndrico. Medindo-se seu comprimento, apenas na parte em que as pencas de bananas se inserem, pode-se encontrar alguns com 20 a 30 cm ou at com 200 a 250 cm. Da mesma forma, o dimetro do cacho varia de 20 cm a at 60 a 70 cm. As pencas podem estar mais ou menos imbricadas uma sobre as outras, dando-lhe a aparncia de maior ou menor compactao. Essa uma caracterstica do cultivar, mas pode ser influenciada pelos fatores ecolgicos e nutricionais. O engao o pednculo da inflorescncia, sendo conhecido como o cabo do cacho. Ele a continuao do palmito que, por sua vez, o alongamento do cilindro central do rizoma. Ele tem incio no ponto de fixao da ltima folha e termina na insero da primeira penca. Botanicamente, conhecido por pednculo da inflorescncia. Ele revestido por plos rudimentares, com comprimento varivel, segundo o cultivar. A forma do engao sendo de uma bengala, facilita o transporte do cacho aps a colheita. Devido a isso, esse rgo tambm conhecido como bengala do cacho. Dependendo do cultivar, das condies ecolgicas reinantes antes do lanamento da inflorescncia, da situao fitossanitria e das fertilizaes, a distncia do pice da ala do engao at a base da primeira penca, pode variar de quase 0 a mais de 100 cm. Seu dimetro igualmente influenciado pelos mesmos fatores, podendo oscilar entre os limites de 5 e 15 cm.

A rquis, continuao do engao, definida botanicamente como eixo da inflorescncia, que onde se inserem as flores. Inicia-se a partir do ponto de insero da primeira penca e termina no boto floral. Ela pode ser dividida em rquis feminina, rquis masculina e rquis hermafrodita, conforme o sexo das pencas das flores que nela se inserem. medida que a rquis se alonga, sua extremidade final fica mais fina, podendo terminar com apenas 2 cm ou menos de dimetro. Entre os bananicultores, a expresso rquis refere-se apenas parte masculina deste rgo. Esta parte, tambm chamada como rabo-do-cacho, pode se apresentar despida ou no de restos florais e suas respectivas brcteas. O comprimento total e a sua forma (curvatura) variam segundo o cultivar. Dicotomia o fenmeno pelo qual a bananeira pode produzir dois ou mais cachos. Pode ocorrer na gema apical de crescimento, antes ou depois da diferenciao floral. A dicotomia consiste no fato da gema apical de crescimento, durante o seu processo vegetativo de multiplicao, dividir-se em duas ou mais partes, mantendo em cada uma delas a estrutura inicial. Cada uma delas passa a constituir por si, de uma nova gema apical que se desenvolver normalmente. Havendo dois ou mais pontos de crescimento, cada um deles ir formar um novo pseudocaule, que produzir seu cacho. Distribuio geogrfica Por se tratar de uma planta tipicamente tropical, a bananeira, para bom desenvolvimento, exige calor constante e elevada umidade. Essas condies so, geralmente, registradas na faixa entre os paralelos de 30 norte e sul, nas regies onde as temperaturas permanecem acima de 10C e abaixo de 40C. Entretanto, h possibilidade de seu cultivo em latitudes maiores de 30, contanto que a temperatura o permita. A expanso de um cultivar, em determinados pases e reas, funo da sua aclimatao, interesse do mercado local ou do importador. Disso resulta que h relativa diversificao de cultivares entre as regies produtoras. Os principais pases que produzem banana podem ser assim agrupados por regio: A - Amrica do Sul: Argentina, Brasil, Colmbia, Equador, Guianas, Paraguai, Venezuela B Amrica Central: Costa Rica, Guatemala, Honduras, Mxico, Nicargua, Panam. C frica: Angola, Republica dos Camares, Zaire, Costa do Marfim, Guin, Ilhas canrias, Ilhas da Madeira, Mandagascar, Moambique, Somlia. E Oriente Mdio: Israel, Jordnia, Lbano. F sia: Sri Lanka, China, Filipinas, ndia, Java, Sumatra. G Oceania: Austrlia, Ilhas Fidji, Samoa Ocidental.