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Ciência, Tecnologia e Sociedade Aula 11 Políticas públicas de C,T&I no Brasil Adalberto Mantovani Martiniano de Azevedo Santo André, 04/12/2012

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Ciência, Tecnologia e SociedadeAula 11

Políticas públicas de C,T&I no Brasil 

Adalberto Mantovani Martiniano de AzevedoSanto André, 04/12/2012

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Conteúdo da aula1. Trabalhos/próxima aula (ou aulas)

2. Políticas Públicas e de C,T e I

3. Colônia até o início dos 50s

4. Início dos 50s até o início dos 60s: institucionalização

5. Regime Militar

6. Redemocratização e os anos 80

7. Estado mínimo: os anos 90

8. Estabilização econômica e novos instrumentos

9. Foco na inovação: os anos 2000

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Trabalhos/próxima aula

1. Trabalhos/próxima aulaApresentações e trabalhos escritos

2. Balanço do cursoResumo e conexão dos assuntos tratados na aula com a

ementa do curso de CTS da UFABC

Ficha de avaliação (opcional, para entrega na próxima aula)

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Políticas Públicas e de C,T e I

Políticas Públicas: não são neutras e envolvem lutas em diversos campos sociais (políticos, científicos/tecnológicos, etc.)

Objetivos declarados e não declarados: (pol. explícita e implícita)

Integração da Política de C,T e I a uma política global?

Relação com as mudanças nacionais mais abrangentes

Jogo de forças/interesses nem sempre explícitos nem resultantes de ações conscientes

Atores se adequam às condições políticas, econômicas e ideológicas, modificando-as

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Inserção nacional no capitalismo internacionalizado, que exporta padrões culturais (incluindo as práticas e instituições científicas)- expansão colonial européia

Atraso relativo de Portugal: Jesuítas na Universidade de Coimbra (séc. XVI)

Primeiras escolas brasileiras: escolas jesuítas em 1570, em Recife e depois outros Estados (para a elite)

Imprensa proibida e acesso difícil ao conhecimento Diferente de colônias espanholas, não foram criadas universidades no Brasil colonial

Pátio do Colégio, São Paulo, 1556

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Universidade Nacional Maior de São Marcos, Peru, 1551

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Ciência no Brasil nesse período se referia a...

Missões de naturalistas: coletores/classificadores de recursos naturais (exóticos)

Observações dos primeiros viajantes (Carta de Pero Vaz de Caminha)

Charles Darwin

Ocupação Holandesa (1637-1644): Historia Naturale Brasiliensi

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Expulsão dos Jesuítas (1759): situação piora

36 missões, 17 colégios e seminários

Continuidade por outras ordens católicas (Franciscanos, Carmelitas)

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

1768: reformas na Universidade de Coimbra orientando seus conteúdos para fins práticos

spillovers para a Colônia

Tentativas locais: Bahia (séc. XVI) e RJ (XVIII)

Sociedade Literária do Rio de Janeiro: membros perseguidos e alguns presos

Estagnação: alinhamento com o papel de colônia de exploração

Universidade de Coimbra

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

1808: Corte Portuguesa no Brasil

Abertura dos Portos (avanços em História Natural)

Escola de Anatomia e Cirurgia na Bahia e RJ(1808), Jardim Botânico (RJ), bibliotecas, academias militares, museus

Permissão para abertura de fábricas

Imprensa e jornais-Gazeta do Rio de Janeiro (1808)

Objetivo: formar burocratas e técnicos (não pesquisadores), algumas instituições culturais. Manufatura inglesa.

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

1822: Independência, poucos avanços no reinado de Pedro I

D. Pedro II: Mecenas, não um administrador

Final do século: mudanças sociais, expansão de manufaturas locais

Ascensão da burguesia urbana e da ideologia positivista

Visconde de Rio Branco: Bacharelado em Ciências (1874), Escola de Minas de Ouro Preto (1876)

República: Ministério da Instrução, Correios e Telégrafos (1890, dura dois anos)- Ministro Benjamim Constant

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Projeto modernizador e expansão da economia cafeeira: não sistemático

Pesquisa: final do século XIX-XX- Museu Paraense (1885), Museu Paulista (1893), Instituto Agronômico de Campinas (1887)

Instituto Bacteriológico de São Paulo, 1893 (Adolfo Lutz, bacteriologia)Instituto Butantã (1899, Vital Brasil, soros)Manguinhos (1900, Oswaldo Cruz, medicina tropical)Universidade do Rio de Janeiro (1920), MG (1927)

Vacinação contra a febre amarela gerou recursos para OC: sanitarismo

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

Revolução de 30: mudança da arquitetura de poder

Crise de 29, urbanização

Ministério da Educação e Saúde

Reforma Francisco de Campos (1930s): universidades organizadas (até então centros de ensino técnico europeu)

1934: USP (Economia, Educação e Filosofia, Ciência e Letras), ideologias anticentralistas1935: Universidade do DF (RJ)

Professores estrangeiros que criavam escolas de pensamento

Missão de Professores franceses, na USP, 1934

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Colônia até o início dos anos1950s: Não existência de política?

1930-1949: 160 escolas criadas no Brasil

Institutos de Pesquisa: IPT (1934), CBPF (1949)

Objetivos da SBPC (1948): idéias do modelo ofertista-linear

Esforços isolados , centrados em indivíduos

Grandes laboratórios de P&D, corrida tecnológica da II Guerra: indicadores da necessidade de direção centralizada

1941: Diretoria de Tecnologia do Ministério da Aeronáutica (origem do CTA, ITA e Embraer) 1942: Fundos Universitários de Pesquisa para a Defesa Nacional

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Início dos 50s até os 60s: institucionalização

Crescimento industrial e da intervenção estatal

Capital estrangeiro: automobilística, bens duráveis e de capital.

Governo: infraestrutura e setores estratégicos. Criação do BNDE (1952).

CNPq e Capes (1951): desenvolvimento de conhecimento sobre matérias primas nucleares (pós guerra)

Elevação do nível do ensino superior

Criação do Fundo Nacional para C&T: 65,5% para Física (1951)

1956: Conselho Nacional de Energia Nuclear (CNEN)

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Início dos 50s até o início dos 60s: institucionalização

1956-60: plano de metas, incentivo ao Investimento Direto Estrangeiro (IDE)

Multinacionais, tecnologia desenvolvida nas matrizes)

Déficit na balança de pagamentos

Ampliação do Ensino Técnico

Período 50-60: criação de agências de fomento nos moldes das agências pós II Guerra

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Início dos 50s até o início dos 60s: institucionalização

Início dos anos 60: crise econômica, instabilidade política

Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO, 1961)

UNB (1961): inovações, como integração do ensino à pesquisa

Golpe de 64: novas configurações de poder- UNB: 90% de professores demitidos (1965)

Ampliação de recursos, expansão do desenvolvimentismo e despolitização da comunidade científica/tecnológica

Reforma nos sistemas fiscal/financeiro: retomada do crescimento

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Regime militar

Vinculação ao crescimento econômico (ensino e pesquisa): legitimação do regime

Intensificação da entrada de IDE

Reforma Universitária (maior controle)

1965: regulamentação dos cursos de pós graduação

AI5 (1969): entre1964-73, 257 professores/cientistas demitidos

Brain Drain: Operação retorno (pesquisa e incentivos)

Objetivos de catching up tecnológico

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Regime militarFNDCT: criado em 1969. FINEP (1967): Secretaria executiva

Planos Nacionais de Desenvolvimento (72-74, 75-79) e Planos Básico de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

Responsável: Secretaria de Planejamento

Planejamento e burocracia treinada: nova linguagem política fundada na eficiência técnica

“Eficiência” administrativa X Despolitização

Legitimação tecnocrática (diferente do populismo anterior)

Exemplo da C,T&I a serviço de um regime repressivo: promessas de crescimento sustentado e eficiência técnica

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Regime militar

SEBRAE (1972)

Secretaria Especial de Informática (SEI, 1979)

1970

1971

1972

19731974

1980

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Regime militarCrises do petróleo: desaceleração do crescimento mundial com reflexos no desenvolvimento brasileiro e em sua política de C,T&I

Descompasso crescimento da capacidade produtiva X mercado interno (concentração de renda)

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Redemocratização: os anos 80

Forte instabilidade econômica (mudanças de moeda)

1984-90: cruzeiro, cruzado e cruzado novo. Contenção da inflação: Plano Cruzado II; Plano Bresser, Plano Verão

Dificuldade para o setor privado inovar: aumento da distância em relação aos países desenvolvidos (ex: indústria eletrônica)

Diminuição de recursos públicos para C,T&I

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Redemocratização: os anos 80

1983: acordo com o Banco Mundial e estruturação do Programa de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (PADCT)

Criação do MCT (1985): demanda da comunidade científica (redemocratização)

Coordenação de políticas (incluindo alguns setores estratégicos, como nuclear, de informática e de biossegurança), coordenação dos Institutos Federais de Pesquisa (não inclui universidades)

Subordinação do CNPq, antes órgão que comandava o sistema

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Estado mínimo: os anos 90

Privatização e novos modelos regulatórios (Agências como a ANP, ANATEL, ANEEEL, etc.)

Abertura comercial: rodada Uruguai do GATT em 1994 (General Agreement on Tariffs and Trade) (Organização Mundial do Comércio)

Enfraquecimento da indústria nacional: desverticalização (terceirização/importação de insumos); produção enxuta; desemprego

Cortes no orçamento do MCT (tornou-se uma secretaria da Presidência)

Desestruturação do sistema

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Estabilização econômica e novos instrumentos

1994: estabilidade econômica, retomada do crescimento

Tentativas de articular Políticas de C,T&I e Políticas Industriais

Incentivos à P&D no setor privado

Novas fontes de recursos financeiros

Fundos Setoriais: vinculação a setores estratégicos e tomadas de decisão compartilhadas

1º: Fundo Setorial do Petróleo e Gás (1997), mais 12 posteriormente

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Estabilização econômica e novos instrumentos Fundos setoriais: parcela de receitas de diversas fontes, como “Contribuições de Intervenção no Domínio Econômico” (CIDE), obrigações de concessionárias com as agências reguladoras e outras contribuições fiscais e para-fiscais.

Gestão compartilhada: definição das diretrizes, prioridades, seleção e aprovação dos projetos, acompanhamento e avaliação por comitês formados por representantes de vários segmentos (MCT, Ministérios setoriais envolvidos, Agências reguladoras, comunidade científica e setor empresarial): modelo mais transparente de gestão.

2004: Criação das Ações Transversais com recursos dos Fundos, decididas pelo MCT de forma centralizada

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Obs: em 2007 foi regulamentado o Fundo Audiovisual, receitas da Agência Nacional de Cinema

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Estabilização econômica e novos instrumentos

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Estabilização econômica e novos instrumentos

Criação de Organizações Sociais (Contratos de Gestão com o MCT): maior autonomia de execução orçamentária, possibilidade de obter recursos adicionais

Associação Brasileira de Tecnologia Luz Síncrotron (ABTLuS)

Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE)

Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá (IDSM)

Associação Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (IMPA)

Associação Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP)

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Estabilização econômica e novos instrumentos

Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE, 2003): bens de capital; software, semicondutores e fármacos e medicamentos

Novidade: definição do foco setorial- política “vertical” (setores exportadores/substituidores de importações

Coordenação entre os Ministérios

Criação do Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial (CNDI) e da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) em 2004

Inconsistência com as políticas econômicas de austeridade fiscal adotadas desde a metade dos anos 90

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Foco na inovação: os anos 2000

Lei de Inovação (2004)

1. Regulação da titularidade da propriedade intelectual e da participação dos pesquisadores nos ganhos econômicos (incluindo rendas extras dos pesquisadores)2. Obrigatoriedade de Núcleos de Inovação Tecnológica em Instituições de Pesquisa3. Dispensa de licitação para licenciamento de propriedade intelectual4. Novos arranjos público-privados, encomendas pelo setor público, autorização para sociedade de propósito específico para desenvolver projetos científicos ou tecnológicos

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Foco na inovação: os anos 2000

Redução nos custos e nas exigências de garantia de crédito para a Inovação: Finep

Programa Juro Zero: voltado a pequenas empresas que podem organizar um fundo coletivo para fornecer garantias

Dificuldades de pequenas/médias empresas, baixa utilização

2004: Fundo Tecnológico (FUNTEC) do BNDES

Posteriormente: Inovação PDI, Inovação Produção, PROSOFT (Programa para o Desenvolvimento da Indústria Nacional de Software e Serviços Correlatos), PROFARMA (fármacos)

Insuficiência de Capital de Risco (medidas vêm sendo tomadas desde 2001, com o Programa Inovar da Finep)

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Foco na inovação: os anos 2000Subvenção Econômica: apoio direto às empresas (utilizado nos anos 60/70- militar e aeronáutica, reduzido nos anos 80/90)

Lei n. 10.332 de 2001: entre outras ações, subvenções diretas a empresas para P&D e participação no capital de empresas

Lei de informática (1991): redução de IPI de produtos de informática e automação, desde que a empresa invista 5% de seu faturamento bruto em P&D;

Lei do Bem: Isenção de imposto sobre a renda de pessoas físicas e jurídicas

Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Semicondutores – PADIS e o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Tecnológico da Indústria de Equipamentos para a TV Digital (2007)- isenção fiscal

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Foco na inovação: os anos 2000

Subvenção Econômica: apoio direto às empresas (utilizado nos anos 60/70- militar e aeronáutica, reduzido nos anos 80/90)

Lei n. 10.332 de 2001: entre outras ações, subvenções diretas a empresas para P&D e participação no capital de empresas

Crescimento de sistemas estaduais: Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs, como a Fapesp) e Secretarias Estaduais

Programa de Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas (PIPE) da Fapesp: desde 1997

Universidades (federais e estaduais): Metade do gasto público em P&D (concentram 85% dos pesquisadores)

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Foco na inovação: os anos 2000