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Kant e o fim da metafísica clássica  Quando falamos de metafísica clássica, estamos falando do tipo de pensar que surgiu desde os  primeiros filósofos da Antigü idade e chegou até o período moderno. Ela afirmava que a realidade ou o er e!iste em si mesmo e que ele se oferece tal como é ao pensamento. A metafísica "aseava#se na afirma$%o de que o intelecto humano &ou o pensamento' possui o poder para conhecer a realidade tal como é em si mesma. Em resumo, a metafísica sustentava que( a' e!i ste a re ali dad e em si e el a pod e ser co nhe cida  "' nossas idéias ou conceitos tomam um conhecimento verdadeiro da realidade, uma ve) que a verdade é a correspond*ncia entre o intelecto e a realidade.  – +s dois pressupostos metafísicos tinham um nico fundamento( a e!ist*ncia de um ser infinito que nos garantiria a realidade e a inteligi"ilidade de todas as coisas.  – -asso definitivo que levou crise da metafísica foi dado por /ume, que postulou que idéias como su"st0ncia e ess*ncia s%o, em ltima inst0ncia, resultados do há"ito que temos de associar as coisas. /ume denunciou que a repeti$%o de determinados fen1menos nossa vista nos fa) crer que há uma realidade causal e!terna e própria e independente de nós, o que n%o é verdade.  – Ao ler /ume, 2ant declara ter sido desperto do 3sono dogmático4. &+ dogmatismo está no ponto de  partida da metafísica, que afirma a e!ist*ncia de uma realidade em si'.  Acordado do sono dogmático, ent%o, 2ant prop5e uma crítica da ra)%o teórica. Ele ela"ora um cui dad oso e!ame so" re a estr utu ra e o pod er de nos sa ra)%o, para det ermina r o que ela pod e e  principalmente o que ela n%o pode. Esta ltima tarefa é de su"stancial import0ncia, pois atingia diretamente a dis cus s%o so" re a metafísica, coloc and o, de uma ve) por todas , limites s suas afirma$5es que redundavam numa cren$a em poderes irreais por parte da ra)%o.  2ant distingue dois tipos de conhecimento( o empírico e o apriorístico. 6o primeiro caso, o conhecimento "aseia#se na e!peri*ncia psicológica de cada um de nós, enquanto no segundo caso  "aseia#se na estrutura interna da própria ra)%o.  – A 3realidade4 possui tam"ém 7 modalidades( e!iste a realidade que se oferece a nós pela e!peri*ncia &o mundo dos fen1menos', e a realidade que n%o está na e!peri*ncia &o mundo dos n1umenos'. Este ltimo n%o é dado nossa sensi"ilidade &isto é, nós n%o podemos perce"*#lo através de nossos sentidos' nem ao nos so ent end ime nto , mas curiosame nte é afi rma do pel a ra) %o sem "as e na e!peri*ncia ou no entendimento.  – 8alve) n%o f osse correto di)er que 2ant solucionou o em"ate entre racionalismo e empirismo, pois os pro"lemas filosóficos, em sua maioria, n%o s%o resolvidos, mas recolocados de uma outra forma. 2ant recolocou o de "ate entr e os rac ionali stas e empi ri sta s, di )endo que e!istem coisas imprescindíveis tanto em uma quanto em outra corrente. 9o lado do racionalismo, 2ant destacou que nós possuímos uma estrutura, uma capacidade de conhecimento inata, universal e necessária, que realmente n%o depende da e!peri*ncia, mas – e aqui nós vemos a premissa empirista anunciada  por 2ant – em"ora nossa ra)%o funcione independentemente da e!peri*ncia, os contedos que a ra)%o rece"e v*m todo s da e!peri*nci a. Atrav és das formas a priori da sensi"ilidade &o espa$o e o tempo ', nós possuímos intui $5es, organi )amo s o contedo da e!peri*nci a, constr uímo s concei tos etc.  – 6outras palavras, o e!ame :antiano avalia a nature)a e a estrutura da ra)%o, mas reconhece que ela de nada valeria se nós n%o tivéssemos a e!peri*ncia para preench*#la.  Está aí o criticismo :antiano( ao analisar com rigor as potencialidades e os limites da ra)%o, ele de i! a cl aro que de te rmin adas idéi as por s conc e" idas n% o po de m do po nt o de vi st a epistemológico – ser afirmadas com certe)a. %o as idéias de 9eus, de imortalidade da alma e de li"erdade. 6ovamente, vale ressaltar( esta discuss%o n%o envolve quest5es de fé, mas um e!ame do que nós podemos conhecer através unicamente de nossa ra)%o.

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7/17/2019 Aula

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Kant e o fim da metafísica clássica

 – Quando falamos de metafísica clássica, estamos falando do tipo de pensar que surgiu desde os

 primeiros filósofos da Antigüidade e chegou até o período moderno. Ela afirmava que a realidade ou

o er e!iste em si mesmo e que ele se oferece tal como é ao pensamento. A metafísica "aseava#se na

afirma$%o de que o intelecto humano &ou o pensamento' possui o poder para conhecer a realidade tal

como é em si mesma. Em resumo, a metafísica sustentava que(

a' e!iste a realidade em si e ela pode ser conhecida

 "' nossas idéias ou conceitos tomam um conhecimento verdadeiro da realidade, uma ve) que a

verdade é a correspond*ncia entre o intelecto e a realidade.

 – +s dois pressupostos metafísicos tinham um nico fundamento( a e!ist*ncia de um ser infinito que

nos garantiria a realidade e a inteligi"ilidade de todas as coisas.

 – -asso definitivo que levou crise da metafísica foi dado por /ume, que postulou que idéias como

su"st0ncia e ess*ncia s%o, em ltima inst0ncia, resultados do há"ito que temos de associar as coisas.

/ume denunciou que a repeti$%o de determinados fen1menos nossa vista nos fa) crer que há uma

realidade causal e!terna e própria e independente de nós, o que n%o é verdade.

 – Ao ler /ume, 2ant declara ter sido desperto do 3sono dogmático4. &+ dogmatismo está no ponto de

 partida da metafísica, que afirma a e!ist*ncia de uma realidade em si'.

 – Acordado do sono dogmático, ent%o, 2ant prop5e uma crítica da ra)%o teórica. Ele ela"ora um

cuidadoso e!ame so"re a estrutura e o poder de nossa ra)%o, para determinar o que ela pode e

 principalmente o que ela n%o pode. Esta ltima tarefa é de su"stancial import0ncia, pois atingia

diretamente a discuss%o so"re a metafísica, colocando, de uma ve) por todas, limites s suas

afirma$5es que redundavam numa cren$a em poderes irreais por parte da ra)%o.

 – 2ant distingue dois tipos de conhecimento( o empírico e o apriorístico. 6o primeiro caso, o

conhecimento "aseia#se na e!peri*ncia psicológica de cada um de nós, enquanto no segundo caso

 "aseia#se na estrutura interna da própria ra)%o. – A 3realidade4 possui tam"ém 7 modalidades( e!iste a realidade que se oferece a nós pela e!peri*ncia

&o mundo dos fen1menos', e a realidade que n%o está na e!peri*ncia &o mundo dos n1umenos'. Este

ltimo n%o é dado nossa sensi"ilidade &isto é, nós n%o podemos perce"*#lo através de nossos

sentidos' nem ao nosso entendimento, mas curiosamente é afirmado pela ra)%o sem "ase na

e!peri*ncia ou no entendimento.

 – 8alve) n%o fosse correto di)er que 2ant solucionou o em"ate entre racionalismo e empirismo, pois

os pro"lemas filosóficos, em sua maioria, n%o s%o resolvidos, mas recolocados de uma outra forma.

2ant recolocou o de"ate entre os racionalistas e empiristas, di)endo que e!istem coisas

imprescindíveis tanto em uma quanto em outra corrente. 9o lado do racionalismo, 2ant destacou

que nós possuímos uma estrutura, uma capacidade de conhecimento inata, universal e necessária,que realmente n%o depende da e!peri*ncia, mas – e aqui nós vemos a premissa empirista anunciada

 por 2ant – em"ora nossa ra)%o funcione independentemente da e!peri*ncia, os contedos que a

ra)%o rece"e v*m todos da e!peri*ncia. Através das formas a priori da sensi"ilidade &o espa$o e o

tempo', nós possuímos intui$5es, organi)amos o contedo da e!peri*ncia, construímos conceitos

etc.

 – 6outras palavras, o e!ame :antiano avalia a nature)a e a estrutura da ra)%o, mas reconhece que ela

de nada valeria se nós n%o tivéssemos a e!peri*ncia para preench*#la.

 – Está aí o criticismo :antiano( ao analisar com rigor as potencialidades e os limites da ra)%o, ele

dei!a claro que determinadas idéias por nós conce"idas n%o podem – do ponto de vista

epistemológico – ser afirmadas com certe)a. %o as idéias de 9eus, de imortalidade da alma e deli"erdade. 6ovamente, vale ressaltar( esta discuss%o n%o envolve quest5es de fé, mas um e!ame do

que nós podemos conhecer através unicamente de nossa ra)%o.