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    DIREITOS FUNDAMENTAIS

    (Gravao 9)

    Antes de entrarmos no regime jurdico dos direitos fundamentais temos que ver em que termos que eles esto

    consagrados, saber que formas de proteco cada um tem que lhes esto consagrados nos direitos fundamentais. Ir

    a gene dos direitos fundamentais para nos ajudar a compreender a sua fora jurdica no ordenamento. Conhecer a

    sua essncia, a sua natureza enquanto direitos que so atribudos s pessoas.

    A ideia dos direitos fundamentais de uma forma ou de outra est associada as formas de organizao da sociedade,

    surgindo o Estado, surgindo a organizao poltica do Estado a organizao constitucional do Estado.

    (Gravao 10)

    Histrico dos direitos fundamentais

    A escravaturaa dignidade humana em certos perodos histricos, no existiam direitos fundamentais. No perodo da idade mdia - numa forma muito sumaria: encontramos a afirmao das leis divinas.

    Encontramos efectivamente o reconhecimento de direitos naturais, mas verdadeiramente encontramos

    mais uma afirmao de valores que atentam contra o ser humano, vivia-se num perodo em que eram

    cometidas as maiores barbaridades contra o ser humano, nem nome da afirmao das leis divinas muitas

    vezes e outras barbaridades de desrespeito pela pessoa, onde efectivamente a culpa era do Estado. O Estado

    revia-se dessa forma afirma os seus valores, consagra valores, mas eram direitos relativos a estes valores.

    Aqui no de falava de respeito pela pessoa humana neste contexto.

    At aqui os direitos eram atribudos a um colectivo. Os direitos das pessoas eram vistos como colectivos e no

    individuais porque faziam parte de uma colectividade.

    A Igreja - ao passar pela Idade Mdia tambm teve um papel importante para o desenvolvimento dos

    direitos fundamentais. Foi muito pelas mos da doutrina social da igreja, principalmente do Cristianismo,

    que vemos a afirmao da dignidade de cada homem: que o homem enquanto filho de Deus tem um espao

    e afirmao para a pessoa e para a dignidade humana. este tambm o contributo significativo para as

    mudanas nas convenes religiosas. Este tambm um marco histrico que no podemos ignorar, pois

    marca sem duvida uma mudana que influenciou a organizao politica do Estado.

    A Magna Carta curiosamente o primeiro diploma onde encontramos consagrados direitos individuais.

    No vamos para j chamar direitos fundamentais, porque os direitos que eram consagrados as pessoas so

    direitos de afirmao do poder real, como uma troca: eu respeito o rei e em troca tenho consagrado o meu

    direito. Era assim efectivamente que se concedia os direitos: eu pago um tributo e tenho o meu espao. Os

    direitos eram uma troca, neste contexto. Havia realmente uma dimenso individual dos direitos. As

    garantias bsicas como a garantia de liberdade e a garantia de segurana estavam consagradas a este nvel.

    S que estamos numa poca de direitos estamentais: so direitos que nos so reconhecidos como forma

    de compensao eu reconheo a supremacia do rei e enquanto tal vejo reconhecidos os meus direitos.

    Era uma forma de direitos individuais, s que eles so condicionados. Eu no os tenho porque sou uma

    pessoa, mas s os tenho porque esto aqum de uma condioeu respeito um poder instalado e em troca

    vejo os meus direitos reconhecidos; com o meu comportamento estou inserido no reconhecimento de

    direitos. No entanto no esta a essncia da Magna Carta pois a Magna Carta afirma direitos como pessoahumana.

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    Estado Modernos aqui se fala de respeito pela pessoa humana. efectivamente com o Estado Moderno

    que se comea a afirmar os direitos fundamentais. Aqui conseguimos associar a forma de direitos

    fundamentais. S aqui o aspecto essencial que a afirmao da pessoa humana. aqui que comeamos a

    ver consagrados os direitos individuais. Comeou por se ver que o elemento pessoal se sobrepe a um

    elemento territorial (a pessoa comea a valer mais que a terra), e no ao contrrio como tnhamos visto at

    aqui. Comeamos a ver leis superiores ao prprio poder poltico. Que o poder politico institudo no esta

    acima da lei, mas que esta submetido tambm ele a lei que o organiza. aqui que comeamos tambm a

    distinguir o que o poder pblico e o que o poder privado. aqui que se afirma a soberania do prprioEstado, o ponto de desenvolvimento essencial para que haja um espao para a expanso dos direitos

    fundamentais. O Estado v que a sua soberania reside naqueles que serve e naqueles que serve que o

    Estado encontra a sua soberania.

    Correntes doutrinais e correntes de pensamento poltico

    O Jus Racionalismo assenta na seguinte ideia: todos os homens so livres por natureza e por serem livres por

    natureza, tambm h um conjunto de direitos que lhes so inatos. A ideia de que cada pessoa por ser pessoa temdireitos inatos.

    O Liberalismo no liberalismo que encontramos a gene dos direitos fundamentais. Foi marcado pela ideia do

    individualismo, no contexto dos direitos fundamentais: a ideia que os direitos so direitos da pessoa enquanto

    direitos subjectivos, enquanto direitos individuais da liberdade, da ideia de segurana. Esta corrente doutrinal

    aponta para haver direitos individuais e no direitos colectivos. S protegem os direitos que sejam individuais e no

    haver espao para direitos colectivos. Em matria do direito penal, esta uma discusso muito tida em saber at

    que ponto que o direito penal s deve servir os interesses individuais e no ir mais longe considerando tambm

    interesses de matria difusa (colectiva). O Liberalismo um marco fundamental. O liberalismo uma referncia

    histrica, o chamado Bero dos direitos fundamentais.

    Ao longo da histria vamos encontrar algumas manifestaes que acabam por proporcionar a expanso dos direitos

    fundamentais, mas a sua gene da direco das polticas essenciais, da ordem jurdica para o plano dos direitos

    subjectivos de facto com o liberalismo.

    Assim a evoluo dos direitos fundamentais comea com uma gene liberal, se alargando para um plano econmico e

    acabam por se estender ao plano social e cultural.

    Houve uma evoluo de direitos humanos de 1 gerao, passando para a 2 gerao e estando agora numa 3

    gerao.

    Definir os direitos fundamentais por geraes

    1.

    A primeira geraocorresponde ao modelo Liberal (a gene) se lermos a constituio de uma determinada

    altura, a historia do liberalismo, vemos que a preocupao era realmente consagrar em primeiro plano os

    direitos subjectivos individuais. A afirmao do direito de liberdade enquanto direitos individuais. Eram os

    momentos de revoluo Francesa, Revoluo Americana. Eram revolues sociais, revolues contra o

    Estado politico para afirmar os direitos individuais, dai que o primeiro passo dos direitos fundamentais passe

    por ser de acordo com esta matriz liberal.

    2.

    A segunda geraoj no incio do sculo XX, o homem no deve apenas ser visto na sua condio individual

    enquanto pessoa, mas na sua dimenso total. O homem um todo, no s aquele corpo fsico que se tem

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    que afirmar num contexto social. Para alm do direito vida, a liberdade e a integridade fsica passou a

    consagrar tambm o direito ao trabalho, a participao social, cultural e politica num Estado, ou seja,

    passamos com estes movimentos de evoluo a ter a participao destes direitos. Assim a partir da

    contemplao destes direitos do homem, este por ser pessoa participa na organizao do Estado.

    3. A terceira gerao nas ltimas dcadas do sculo XX. Pensamos agora no plano do desenvolvimento da

    pessoa humana. Passamos a ver os direitos fundamentais associados tambm aos direitos colectivos: de

    participao colectiva. Comeasse a adicionar aos direitos de cada um e sobretudo a direitos de dimenso

    individual os direitos de natureza colectiva. O homem no apenas um ser individualmente consagrado, ohomem tambm um ser de dimenso colectiva e de integrao social. Aqui encontramos a consagrao de

    direitos como por exemplo o direito ao ambiente, o direito ao urbanismo, o direito sade pblica.

    Portanto no apenas um direito de natureza individual mas um direito de participao colectiva. Os direitos

    de 3 gerao so marcados por uma dupla caracterstica: a transtemporalidade e a translocalidade

    direitos que so para alm do tempo e do espao . So factores que caracterizam os direitos humanos de 3

    gerao, ou seja: assentam numa ideia fundamental - a ideia que o desenvolvimento da pessoa humana

    assenta num critrio que o da solariedade, com uma expresso prpria uma solariedade intereracional,

    ou seja atribui para o Estado uma responsabilidade para com os cidados que o integram,mas tambm

    perante a geraes futuras. Um compromisso para com a continuidade humana. A proteco do ambiente,

    por exemplo, esta muito para alem da nossa defesa do direito a um vida sadia. Tem uma passagem de

    testemunho de uma herana que recebemos de geraes anteriores e que transmitimos para geraes

    futuras. neste contexto que falamos de solariedade internacional. Os direitos humanos da 3gerao esto

    muitos relacionados com este compromisso de preservao da espcie humana, com a exigncia de

    preservao da pessoa humana. Isto claro, que foi acompanhado pelos textos constitucionais, as

    constituies foi evoluindo historicamente de forma a determinar estes contextos.

    Os direitos humanos tm um carcter relativo, tm uma localizao no tempo e no espao. Correspondem a uma

    concepo de direitos sociais e polticos de um determinado momento.

    Depois deste histrico, hoje j no se discute sobre o que so os direitos fundamentais, discute-se sim a direcodesses direitos fundamentais. Hoje estamos num Estado social de direito, cujas as marcas so a introduo dos

    valores democrticos.

    As caractersticas de hoje em dia

    Hoje temos uma amplitude, uma diversificao de direitos consagrados.

    Esses direitos, hoje, irradiam para todos os ramos do direito : direito civil, no direito penal, no direito

    constitucional, nestes ramos e so claramente respeitados os direitos fundamentais.

    A consagrao objectiva desses direitos: os direitos j no esto s consagrados numa perspectivasubjectiva mas tambm objectiva. Isso quer dizer que mesmo que eu abdique do meu direito vida e peo a

    algum para me matar, esse algum vai ser julgado, independentemente do meu consentimento, pois violou

    um direito fundamental. Os direitos no esto s consagrados na vida subjectiva da pessoa, mas passam a

    fazer parte enquanto princpios bsicos do ordenamento. Os direitos fundamentais esto solidificados

    objectivamente no ordenamento jurdico. Quer isto dizer que no preciso algum se queixar

    (subjectivamente) para que o ordenamento jurdico passe a agir.

    O homem passa a ser visto como elemento de uma comunidade, fazendo com que o ordenamento jurdico

    passe a ser mais complexo: o direito ao ambiente, a participao poltica etc.

    Hoje os direitos humanos tm uma dupla perspectiva:

    A relao do cidado com o Estado relao vertical

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    A relao do cidado para com o cidado relao horizontal

    Aplicabilidade directa dos direitos fundamentais: se algum (numa relao horizontal ou vertical) violar um

    direito fundamental, para reclamar a violao desse direito fundamental no necessrio que as normas em

    causa consagrem os meus direitos fundamentais, porque a constituio que os consagra tem aplicabilidade

    directa. Enquanto temos muitas normas constitucionais que so normas orientadoras, as normas

    constitucionais de direitos fundamentais so vinculativas e de aplicabilidade directa eu posso exigir

    directamente do plano jurdico o respeito pelo direito fundamental violado. Portanto a aplicabilidade directa

    dos direitos fundamentais outra caracterstica de um Estado de direito social. Eficciapara a completa afirmao dos direitos humanos preciso garantir a sua eficcia. Exige meios de

    garantia dos direitos humanos, preciso assegurar instrumentos eficazes para reagir violao dos direitos

    humanos. Pressupem uma dupla perspectiva:

    Um sistema de fiscalizao da legalidade da constituio

    Um sistema de aplicabilidade da eficcia

    Hoje encontramos num sistema jurdico-constitucional em que temos instrumentos enquanto um conjunto de

    relaes jurdicas, independentemente de serem relaes entre particulares ou particulares e o Estado. Se os meus

    direitos fundamentais forem violados eu tenho a possibilidade de reclamar um processo de fiscalizao e

    interveno recorrer ao contencioso constitucional para ver assegurados esses mesmos directos.

    Um direito fundamental s adquire fora jurdica se estiver vinculado numa norma jurdica no plano constitucional

    Artigos da constituio com fora jurdica acrescida

    art. 66Direito ao Ambiente

    art. 58Direito ao Trabalho

    art. 18 s se admite a violao deu um direito fundamental para proteger outro. Aqui teramos que ver

    hierarquicamente qual era o direito fundamental que prevaleceria.

    (Gravao 18)

    Os direitos fundamentais esto associados a prpria pessoa, nascem com a prpria pessoa. Tm, uma dimenso de

    direito Natural. Direitos Naturais na perspectiva de direitos inatos. Direitos que integram o estatuto da pessoa

    humana em qualquer dimenso e em qualquer natureza. A fora dos directos fundamentais s se consegue aferir

    pela sua positivao ao nvel do texto constitucional.

    A fora dos direitos constitucionais advm por um lado da sua natureza e por outro tambm sua relevncia jurdico-

    constitucional que lhe aferida. Portanto os direitos naturais para terem fora jurdica tm que estar consagrados

    na ordem jurdica.

    Um direito s fundamental com eficcia jurdica se estiver consagrado num texto mximo de um Estado, que a

    constituio. Se assim no fosse perderia toda a sua eficcia jurdica. Assim os direitos fundamentais adquirem a

    sua fora no plano jurdico-constitucional.

    A consagrao dos direitos fundamentais esta naturalmente associada ao advento da relevncia da pessoa humana,

    da dignidade da pessoa humana. O prprio crescimento do Estado feito em funo e em torno da dignidade da

    pessoa humana, na medida em que o Estado se afirma como um espao de consagrao dos direitos da pessoa

    humana. aqui que o Estado adquire a sua soberania. ai que o Estado assume efectivamente a sua propria

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    afirmao na medida em que o prprio Estado que consagra afirmao dos valores do homem, os valores

    associados ao homem.

    Quando falamos em direitos fundamentais na perspectiva de direitos subjectivos, podemos afirmar que para cada

    um os direitos fundamentais so contemplados como um direito que os indivduos tm perante o Estado. Ter um

    direito fundamental perante o Estado. A ordem jurdica estadual!

    O sistema dos Direitos Fundamentais

    Como que os direitos fundamentais esto organizados e consagrados no direito constitucional? E que fora lhes

    conferida?

    Temos que confrontar o conceito de direitos fundamentais com outros conceitos, que tendo afins muito idnticos

    no podemos confundir o conceito de direitos fundamentais com outras designaes que podem ser idnticas, ou de

    natureza idntica, mas que claramente so distintas.

    Direitos fundamentais e direitos do homem

    Temos a tendncia de confundir direitos fundamentais com direitos do homem. Verdade que os direitos

    fundamentais no so mais que os direitos atribudos pessoa humana, mas no devemos aqui falar de uma

    absoluta e total identidade entre uns e outros, temos que procurar ver em que ponto podemos distinguir direitos

    fundamentais e direitos do homem embora no seja fcil de estabelecer.

    Direitos do homem

    So entendidos como homem, ser humano tendo uma expresso universal tem uma perspectiva nica, uma

    perspectiva transtemporal e transespacial. Quando falamos dos direitos do homem falamos, dos direitos do

    homem de todos os tempos.Quando se consagrou a Declarao Universal dos Direitos do Homem, consagrou-se ohomem de todos os tempos, em todas as circunstncias ver reconhecido obrigatoriamente este conjunto de direitos.

    Direitos Fundamentais

    So aqueles que tm consagrao constitucional e institucionalacabando por assumir um carcter relativo. No

    podemos dizer que os direitos fundamentais sejam direitos de todos os tempos. Porque estes direitos fundamentais

    esto adstritos a um determinado circunstancialismo (a determinadas circunstancias) cultural, social, histrico e

    geogrfico. A perspectiva dos direitos fundamentais no tem uma perspectiva para o indivduo individualizado, mas

    de pessoa enquanto membro de uma comunidade. Hoje integramos os direitos fundamentais num quadro mais

    abrangente de direitos comunitrios, de direitos difusos, de direitos colectivos.

    Comparao entre direitos fundamentais e direitos do homem

    Enquanto os direitos do homem tm uma expresso universal, os direitos fundamentais tm a relevncia que advm

    do enquadramento constitucional. Os direitos fundamentais tm uma matriz necessariamente constitucionalista, os

    direitos do homem pedem uma dimenso mais civilista. Quando pensamos nos direitos propriedade, estamos a

    falar de uma dimenso, numa perspectiva estritamente personalista. claro que muitos destes direitos se

    confundem e se sobrepem. Por exemplo o direito vida um direito do homem, mas tambm um direito

    fundamentalportanto direitos numa dupla dimenso.

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    Direitos de personalidade

    Quando falamos de direitos fundamentais falamos tambm de direitos de personalidade. Os direitos de

    personalidades esto associados seguinte ideia: Todo o individuo quando nasce adquire personalidade jurdica. A

    aquisio automtica de um conjunto de direitos de deveres de personalidade de cada pessoa, a partir do momento

    que nasce e adquire personalidade tem um conjunto de direitos e deveres que lhes esto atribudos. So direitos

    relacionados pessoa como o direito a vida, como o direito a integridade fsica, direitos relacionados com a sua

    identidade, direito ao nome etc. Um conjunto de direitos que a lei consagra como irrenunciveis, inalienveis e

    inegociveis. Cada um por ter personalidade jurdica lhe ver atribudo estes direitos de personalidade. O nosso

    ordenamento jurdico atribui personalidade no apenas as pessoas cvicas, mas tambm as pessoas colectiva.

    Tambm estes vm reconhecidos na consagrao da sua personalidade, tendo assim um conjunto de direitos e

    deveres. Os direitos de personalidade permitem ainda ter uma dimenso para alm da prpria vida (art. 71 do

    cdigo civil), na medida em que por exemplo se consagra obrigatoriamente o direito de proteco de memria da

    pessoa. O direito de personalidade tem uma ideia ampla. Assim os direitos de personalidade so bem mais

    abrangentes que os direitos fundamentais, na medida em que os direitos fundamentais esto relacionados

    estritamente com a pessoa humana, fsica assim preciso assegurar que enquanto pessoa viva os seus direitos

    fundamentais estejam assegurados. Existe tambm um espao de suposio dos direitos de personalidade e dosdireitos fundamentais, mas no h uma total correspondncia no significado.

    A eficcia das normas advm do Estado garantir que h a concretizao e a realizao dos direitos e portanto que se

    sancionam comportamentos contrrios.

    Os direitos fundamentais tm uma dimenso hierrquica na medida em que se desdobram em vrias classes de

    direitos fundamentais. Como Direitos de Liberdades e Garantiase Direitos Econmicos, Sociais e culturais.

    O que precisamos efectivamente que o Estado os codifique e depois um dupla lgica de dimenso:

    Negativa:na medida em que temos que exigir do Estado que no desrespeite a consagrao desses direitos Positiva: na medida em que temos que ver assegurados os nossos direitos

    A Carta Das Naes Unidas fala no Direito dos Povos no art.1. Fala-se da expresso jurdica internacional do direito

    dos povos. Quando se fala do direito dos povos na perspectiva das naes. Falamos do direito das naes como um

    direito sua auto-determinao, como seja o direito a sua autonomia, como seja o direito a paz que so

    efectivamente direitos das colectividades = povos enquanto conjunto de colectividade, enquanto autonomia das

    naes. nesta perspectiva que se fala em direito dos povos = Naes. nesta ptica! No confundir com direitos

    fundamentais!

    Quando pensamos em direitos fundamentais, pensamos num conjunto de direitos que tm que ser assegurados e

    garantidos. Tambm temos uma distino a fazer entre direitos fundamentais e garantias institucionais.

    Garantias institucionais

    So garantias no sentido de estarem asseguradas pelo ordenamento jurdico. A ideia que determinadas

    instituies, como por exemplo a famlia que no dotada de personalidade jurdica (a nossa lei no confere

    personalidade jurdica famlia), mas confere uma autonomia prpria. Uma autonomia onde possvel distinguir o

    que a proteco da famlia e o que espao de afirmao individual dos membros da famlia. Por exemplo pode

    acontecer que nome da famlia um membro possa ficar restringido dos seus poderes de actuao do ponto de vista

    patrimonial. Na relao conjugal h limitaes dos bens que so prprios. Algumas instituies adquirem uma

    autonomia prpria, afirmam-se enquanto portadores de direitos. A constituio a partir do art. 36 consagra a

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    proteco da famlia. A prpria famlia tem autonomia e visibilidade constitucional. Como as pessoas fazem parte da

    famlia, a consagrao dos direitos da famlia tambm uma forma de direitos familiares pessoa, mas na ptica

    como so apresentadas. Estas chamadas Garantias institucionais Tm uma dimenso diferente: indirectamente

    esto ligadas a pessoa humana porque a pessoa humana faz parte dessas instituies, ou seja so direitos para a

    pessoa mas por esta estar integrada num grupo, com a composio dessa mesma instituio. As Garantias

    institucionais tm uma expresso colectiva, so conferidas numa expresso colectiva: cada um beneficia dos

    direitos enquanto membro dessa instituio.

    Deveres fundamentais

    Os deveres fundamentais so deveres, obrigaes (situaes jurdicas) que cada um esta vinculado. Deveres de

    carcter poltico, deveres de carcter econmico. A ideia existir um conjunto de deveres globais, que cada um ao

    pertencer a um todo deve cumprir. Os deveres fundamentais no so os deveres correspondentes aos direitos dos

    outros. A ptica aqui no a mesma que a do direito privado, onde existe um relao jurdica no sentido em dizer

    que o direito de um corresponde ao dever do outro.

    Classificar alguns direitos na ptica da sua distino

    Direitos naturais a perspectiva associada aquela de haver direitos que so inerentes ao individuo,

    quando pensamos no individuo como pessoa. So direitos que esto incito pessoa independentemente de

    ter ou no uma consagrao legal, mas que a lei no lhe consagre que efectivamente esses direitos existem.

    A sua consagrao na lei no indispensvel (no tem que estar consagrado na lei) para a afirmao do

    direito enquanto tal. A ideia que esses direitos no precisam de estar consagrados legalmente para se

    afirmarem, porque so direitos naturais, fazem parte da pessoa.

    Direitos civisSo aqueles que a lei concretiza, no na ptica de direito positivo ou direito positivado, mas a

    ideia que as pessoas e todas as pessoas vo encontrar na lei a contemplao, a atribuio de um conjunto de

    direitos Direitos civis. Claro que muitos deles coincidem com os direitos naturais, contempla situaes

    jurdicas a consagrao, a materializao das situaes jurdicas previstas na lei conferem um determinado

    direito na dimenso civilista.

    Direitos polticosj no numa perspectiva de direitos que so atribudos a todos, mas numa perspectiva

    de direitos que so atribudos a quem rena um determinado nmero de caractersticas, no de

    diferenciao entre pessoas, mas mais no sentido de certas pessoas preencherem certos requisitos, o direito

    de participao politica nesta perspectiva pensamos por exemplo no direito de voto, que s atribudo a

    todos que tenham efectivamente a nacionalidade portuguesa e atribudo a todos que sejam maiores de 18

    anos. Portanto a todos, mas todos que preenchem uma determinada caracterstica essencial nesta

    perspectiva.

    A distino entre direitos e garantias

    A ideia das garantias na perspectiva que cada cidado ver assegurada a possibilidade de poder exigir do poder

    publico a proteco dos seus direitos. Portanto ns temos um conjunto de direitos que so nossos e a ideia da

    garantia a ideia da eficcia. A garantia a certeza que tem que ser atribuda a cada um a possibilidade de ver

    assegurado o seu direito. Na perspectiva de poder exigir dos poderes pblicos a proteco dos seus direitos, porque

    se o sistema se limita apenas, como acontea na ordem jurdica internacional, a consagrar um conjunto de direitos e

    depois as normas que consagram esses direitos no tm eficcia, no temos um direito assegurado. Temos apenas

    um direito previsto no tendo assim a eficcia desse direito. Assim a norma precisa de eficcia para que essa norma

    possa afirmar um direito. Estes conceitos acabam por estar entroncados uns nos outros (interligados)

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    A forma dos Direitos Fundamentais na Constituio

    A forma como os direitos fundamentais surgem na nossa constituio, no texto constitucional. A organizao e a

    classificao dos direitos fundamentais:

    Os Direitos Fundamentais vm previstos na parte I da constituio. na constituio que se determina quais os

    princpios que organizam e orientam o nosso Estado constitucional. Nos direitos fundamentais feito uma distino

    entre Direitos Liberdades e Garantiase entre Direitos Econmicos Sociais e Culturais.O facto da nossa constituioconcentrar os direitos fundamentais neste capitulo, no significa que esses direitos fundamentais se esgotem neste

    capitulo da constituio. Pelo contrrio vamos encontrar de forma algo dispersa, algo desconcentrada, outras

    normas que no se encontram nesse captulo que tambm consagram, contemplam direitos fundamentais. A prpria

    constituio no art. 16 vem acabar por reconhecer a sua amplitude na perspectiva da contemplao dos direitos

    fundamentais no impede que haja outros direitos fundamentais que entrem na esfera de cada um com a vinda do

    Direito Internacional, quase sempre numa perspectiva de ampliao dos direitos fundamentais. O que no se pode

    obviamente encontrar numa ordem supranacional a limitao desses direitos fundamentais, mas sim a sua

    ampliao. Por vezes acontece que certos direitos fundamentais esto consagrados na ordem jurdica

    internacional e no esto contemplados na ordem jurdica nacional . Aqui resta saber se podemos invocar esses

    direitos directamente.

    Os Direitos de Liberdades e Garantias

    Apresentados numa perspectiva individual, so direitos ligados a pessoa, ao homem individualmente consagrado.

    Constituem os direitos de uma dimenso superior, tem uma fora jurdica especial, pois desde logo aqui

    concretizada o artigo 18 da constituio quando diz que os preceitos constitucionais respeitantes ao direitos de

    liberdade e garantias, so directamente aplicveis e vinculam as entidade pblicas e privadas. O art. 18 mostra

    bem a fora jurdica que atribuda aos direitos fundamentais dizendo que os direitos so directamente aplicveis

    pela sua fora jurdica. Os direitos de liberdade e garantias situam-se assim num plano superior dos direitos

    fundamentais. Os direitos de liberdade e garantias tm uma fora excepcional e um dimenso excepcional.

    Os direitos fundamentais no tm todos a mesma dimenso ou a mesma natureza e portanto no tm todos a

    mesma fora jurdica. A fora jurdica dos direitos de liberdades e garantias, pela sua fora excepcional, pela sua

    dimenso excepcional tm duas fontes: A sua prpria natureza e o seu contedo. So direitos que esto

    relacionados com as pessoas e depois a sua dimenso da sua codificao, nomeadamente no art. 18 da constituio.

    Esta imposio de fora esta dirigida a todas as entidades: publicas e privadas e cabea o Estado. O Estado assume

    o dever de proteco desses direitos.

    Os Direitos Econmicos Sociais e Culturais

    o 2 nvel dos direitos fundamentais. Muito associado a uma matriz socialista (social). Procura a afirmao da

    pessoa humana em outras dimenses. Esto para alm da afirmao individual. J na perspectiva cultural, social, na

    perspectiva das relaes humanas, ou seja o homem vale enquanto ser biolgico, mas vale tambm enquanto ser

    social. A afirmao do eu enquanto um ser biolgico tendo um conjunto de direitos que esto associados a minha

    individualidade. Depois a nossa dimenso social faz com que evolumos para outra dimenso de direitos: os direitos

    econmicos, social e culturais. Portanto direitos comunitrios. Depois a nossa afirmao num todo colectivo.

    Associado a ideia dos interesses difusos,. Difusos porque so direitos com uma titularidade no individual, mas uma

    titularidade comunitria. Interesses colectivos. Cada um de ns comunga enquanto parte de um todo. So direitos

    difusos na sua titularidade. Estes direitos econmicos, sociais e culturais, so sem dvida essenciais, mas no tem amesma dimenso enquanto direitos fundamentais no plano hierrquico.

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    Tem que haver um duplo critrio para saber se um direito direito fundamental de liberdades e garantias ou

    anlogo:

    A sua importncia, a sua relevncia (essncia), a sua dimenso;

    O tratamento jurdico constitucional que lhes atribudo.

    Exemplo: fora do captulo dos direitos fundamentais, a nossa constituio consagra no art. 76 que todos tm o

    direito a um ambiente de vida humano, sadio e ecologicamente equilibrado. Este direito ao ambiente esta

    consagrado fora dos direitos liberdade e garantias, nomeadamente no mbito dos direito e deveres econmicos e

    sociais e culturais. A questo que se discute que quando se consagra o direito ao ambiente no estaremos ns,

    hoje em dia na sua perspectiva moderna, a pensamos que ao consagrar direito ao ambiente de cada um considerar

    um elemento indispensvel para a prpria subsistncia da espcie humana? No estaremos ns a dizer que a

    dimenso humana hoje, a afirmao da pessoa, a realizao da pessoa, a concretizao de todos os direitos, o direito

    a sade, a integridade fsica e a vida no dependem estes direitos de um vida humana sadia e ecologicamente

    equilibrada como confere o art. 76? Esta expresso leva muitos a dizer que de facto o direito ao ambiente na sua

    expresso, na sua preponderncia deveria ser considerado com um direito equiparado aos direitos de liberdade e

    garantias.

    A prpria constituio no art. 76, pela fora que lhe confere ao dizer que todos tem esse direito e o dever de o

    cumprir e depois em outras partes da constituio nomeadamente no art. 9, onde se estabelece as tarefas

    fundamentais do Estado, vamos ver a determinada altura nessas tarefas a proteco do ambiente. Leva-nos a

    considerar que estamos na presena de um direito de natureza anlogo.

    A constituio Portuguesa foi a primeira da Europa a consagrar o direito ao ambiente.

    Direito Penal e a Constituio

    Em determinadas perspectivas desta dupla dimenso enquanto directo de liberdades e garantias e enquanto direitos

    econmicos, sociais e culturais tem duas consequncias frgeis. Um exemplo pela negativa:

    Assim com a constituio nos confere direitos fundamentais, a ordem jurdica tem tambm a necessidade de um

    espao de afirmao de controlo social, a proteco da sociedade, o Estado tem que criar condies para que

    aqueles que vivam em sociedade possam ser punidos quando comprometem o bem-estar social e a forma de os

    punir priva-los daquilo que lhes deu: os direitos fundamentais atravs do instrumento que o Direito Penal. O

    direito Penal permite-nos privar as pessoas de alguns direitos fundamentais. O direito Penal s pode punir condutas

    que violem e atentem contra os direitos fundamentais. O direito Penal s pode proteger direitos que a constituio

    consagra. A direito penal esta ligado a uma ordem hierrquica consagrada na constituio. A constituio fala de

    dois tipos de direito penal: o Direito Penal de Justia e o Direito Penal Secundrio.

    Direito penal de justia aquele de maior relevncia. Aquele que consagra os bens mais relevantes, os

    que correspondem aos direito de liberdades e garantias

    Direito penal secundrio aqueles que esto relacionados com os direitos econmicos, sociais e culturais,

    de menor importncia numa ptica relativa.

    Fala-se assim de uma vinculao da ordem juridico-penal ordem juridico-constitucional

    O art.17 da constituio diz: o regime dos direitos liberdadee garantias aplica-se aos enunciados no ttulo 2 e

    aos direitos fundamentais de natureza anloga.

    Atribuio de funes aos direitos fundamentais

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    As funes no nosso ordenamento jurdico que so conferias aos direitos fundamentais, funes no sentido da

    perspectiva da pessoa, que direitos so atribudos as pessoas, que funo que tm atribumos a cada um direitos

    desta natureza.

    Uma funo de defesaNa ptica individual a consagrao deste direito fundamentais, desempenha para

    cada um, uma funo de defesa. A ideia que a consagrao dos direitos fundamentais apresentam um dupla

    perspectiva:

    Numa dimenso negativa: que ao consagrar um direito fundamentar probe interveno (ingerncia) deterceiros desses direito, isto impede que haja qualquer tipo de actuao que possa colidir, que possa

    afectar ou diminuir esses direitos, tem a dimenso de poder exigir dos outros qus se abstenham de praticar

    actos que o limitem.

    Numa dimenso positiva: o poder de os podemos exercer afirmativamente, porque no podemos ter um

    direito que s serve para exigir dos outros que no o limitem, mas tambm na ptica de os afirmar

    positivamente.

    Exemplos de dimenses negativas e positivas dos direitos no sentido da defesa:

    art. 13 diz: todos os cidados tm a mesma dignidade social e so igual perante a lei.Afirmao positiva

    (dimenso positiva) ningum pode ser privilegiado, beneficiado, privado de qualquer direito ou dever

    dimenso negativa

    A vida humana inviolvel . A dimenso positiva em caso algum haver pena de morte dimenso

    negativa.

    Sempre no sentido da defesa. Na dimenso positiva e negativa do direito. Portanto que todos terem que se

    abstrair de actos que possam colidir com a consagrao destes direitos.

    Uma funo de protecoesta atribuda essencialmente ao Estado. O Estado tem os dever de assegurar e

    de proteger esses direitos. A tutela destes direitos (proteger), com mecanismos, impulsos para garantir aafirmao dos nossos direitos. Tem que partir da iniciativa do Estado e no as ideias que temos que

    reclamar para que o Estado os proteja mas sim que tenha logo essa iniciativa. Podemos sim reclamar do

    Estado a fora jurdica para adquirir um direito mas no na ptica dos direitos fundamentais.

    Uma funo de consagrao de igualdade todos! as normas que consagram direitos fundamentais

    comeam da mesma forma: todos, portanto numa perspectiva igualitria.

    Funo de prestao social j no ligado aos direitos de liberdades e garantias mas aos direitos social,

    econmicos e sociais, ter direito educao, sade. O Estado tem que criar sistemas pblicos para a

    concretizao destes direitos e garantir o acesso a esses servios. O Cidado ver assegurado o direitos que

    tem de exigir do Estado que realize a favor dele uma seriei de prestaes.

    (Gravao 24)

    Direitos institucionais

    Quando falamos de direitos institucionais, o exerccio desses direitos j s faz sentido quando uma pessoa

    considerada num universo mais amplo, como por exemplo alguns direitos fundamentais consagrados na nossa

    constituio, como o direito livre aco de associao, que permite as pessoas associar entre si. Este direito tem

    que ser visto numa perspectiva da pessoa em si estar integrada num grupo mais abrangente, com um carcter

    institucional. So direitos atribudos as pessoas enquanto membros integrantes de uma determinada categoria ounum conjunto de pessoas. Estes direitos institucionais so sempre atribudos a pessoa, mas nesta segunda dimenso

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    a pessoa acaba por beneficiar do direito mas no como um direito que lhe seja conferido directo e autonomamente

    mas porque um direito que acaba por se reflectir em si. nesta ptica que vemos a diferena entre direitos

    fundamentais individuais e institucionais, embora acabem todos por se reflectir na pessoa, uma de forma directa,

    outros de forma indirecta, os direitos so consagrados a todos, Agora a perspectiva que alguns destes direitos tm

    um carcter institucional porque a pessoa comunga desses direitos.

    Uma outra diviso entre direitos fundamentais que queremos estabelecer os direitos fundamentais comuns

    (universais) e direitos fundamentais particulares

    Direitos fundamentais comuns ou universais e direitos fundamentais particulares

    Quando falamos de direitos fundamentais comuns tambm os podemos designar como universais, estamos a pensar

    nos direitos que so conferidos a todos os membros de uma comunidade, de uma determinada comunidade poltica.

    Falamos de uma comunidade poltica porque obviamente todos os cidados participam de uma comunidade politica

    e portanto h direitos conferidos a todos as pessoas, todas sem excepo. Apenas pelo facto da pessoa integrar a

    comunidade tem acesso a um determinado direito porque todo os membros da comunidade tm esse direito.

    Como sabemos no mbito territorial da nossa constituio abrange todos aqueles que vivem em Portugal, portantopelo facto de pertencermos a esta comunidade territrio Portugus naturalmente comungamos destes direitos

    comuns, como universais na perspectiva de estarem atribudos a todos. Embora respeitando o princpio da

    igualdade, nem todos os direitos so universais, pois encontramos em alguns direitos particulares, e

    nomeadamente direitos que s so atribudos a certas pessoas. Esto relacionados com qualidades, qualidades

    numa perspectiva de categoria social, como por exemplo o direito de sufrgio (direito de voto) . S tm direito de

    voto os maiores de 18 anos. Portanto uma determinada categoria desassociada, no um direito universal que

    esteja atribudo a todos os cidados s porque comungam da mesma sociedade, mas apenas aqueles que tm mais

    de 18 anos. No por caractersticas pessoais que a pessoa apossvel ou desapossvel do direito. So titulares do

    direito todosque tenham a mesma categoria social, a lei define aqui concretamente a questo efectiva da idade

    como uma referncia neste mbito. Mas vamos ainda pelo facto de para alm deste aspecto pode at haver arepresso de certas categorias sociais que ela tem nessa categoria social ou no tenha acesso a esse direito. A nossa

    constituio nas normas que fala de famlia, a determinada altura fala dos direitos dos conjugues (art. 36 nr.3). Ora

    um direito atribudo a tosa a pessoa que seja casada, mas aqui s para as pessoas que tenha essa categoria.

    Portanto estes direitos no esto no sentido de toda a gente de uma comunidade precisar de ter aquela categoria.

    Portanto estes direitos particulares esto particularmente identificados relativamente categoria social que a

    pessoa se integra. Mais adiante a lei fala do ncleo dos direitos dos trabalhadores, mas s em estes direitos quem

    for trabalhador, isto todos os trabalhadores gozam efectivamente destes direitos. A lei fala tambm das liberdades

    de natureza social, fala da proteco da paternidade. Mais uma vez s quem tem essa categoria social que

    beneficia deste direito. Nota importante: o facto de atribuirmos o direito a certas categorias sociais no

    compromete o princpio da igualdade. As pessoas continuam a beneficiar do direito, desde que tenham aquela

    categoria social. A universalidade no fica comprometida pelo facto da lei identificar certos grupos sociais para

    conferir direitos particulares. Agora quando falamos de direitos como a vida e a integridade fsica s pelo facto de

    pertencer a comunidade tem esse direito. Certos direitos a prpria constituio identifica, autonomiza as pessoas

    que verdadeiramente comungam desses mesmos direitos. Esta uma ideia patente quando falamos de direitos

    particulares.

    Normalmente quando nos referimos a direitos fundamentais falamos dos direitos do Homem, no entanto temos que

    identificar alguns aspectos que permitem identificar outras categorias, sem deixar de considerar a pessoa como um

    homem, mas tambm que lhe pode ser conferido um determinado estatuto especfico. Os direitos fundamentais so

    consagrados como direitos do homem. a sua essncia, na sua base, a partir do homem quem ns conferimos

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    esses direitos. Quando nos pensmos, j no no homem em abstracto, mas no homem em concreto, isto no homem

    em pessoa individualmente, transporta consigo um conjunto de interesses que so interesses pessoais, interesses

    prprios, seus. importante que esses interesses individuais tambm possam conhecer a sua contemplao e

    proteco ao nvel dos direitos fundamentais. Como a pessoa vista enquanto cidado. O estatuto cidadania, a ideia

    do cidado universalmente considerado permite-nos tambm contemplar efectivamente esta matria de uma forma

    global. No entanto por vezes a nossa compreenso surge no como cidado, mas como pessoa que integra uma

    determinada categoria scio-conmica. Sobretudo nos direitos scio-economicos e culturais a lei tende distinguir as

    pessoas de forma scio-economica e conforme a categoria scio-econmica em que esta inserido so lhe atribudosdireitos prprios da mesma. Portanto dentro dos direitos do homem distinguir direitos de cidado, e enquanto

    cidado universalmente consagrado para todos e direitos consoante a sua categoria scio-econmica. Os direitos

    dos trabalhadores por exemplo so uma categoria scio-econmica.

    Em direitos fundamentais podemos distinguir 3 categorias relevantes:

    Direitos pessoais

    Direitos sociais

    Direitos polticos

    Direitos pessoais

    Certos direitos, a maior parte, procuram promover a proteco directa da pessoa, singularmente considerada.

    Esses direitos so atribudos e relacionados com o indivduo, com a sua personalidade, com a sua identidade. Esto

    ligados autonomia da pessoa enquanto tal. Esto ligados liberdade da pessoa. Direitos que tenha haver com o

    eu: a nossa personalidade, a nossa identidade, a nossa segurana, so consideradas como direitos pessoais.

    Direitos Sociais

    Mas na nossa constituio conferimos esses direitos tambm de outras formas, nomeadamente os chamados

    direitos sociais. Os direitos sociais so atribudos pessoa j no numa ptica individualista, na no no eu, mas

    sim numa circunstncia de considerar que aquela pessoa esta integrada na sociedade. Portanto a pessoa na

    sociedade civil, ou seja cada pessoa dentro do seu ncleo de relaes. Situa-se num determinado contexto social,

    num ncleo social, esse ncleo social em que a pessoa integra um todo. Movendo-se por determinadas relaes e

    importante que essa relaes sociais se vinculem, se organizem por direitos fundamentais tambm. Portanto

    normas que regulam o relacionamento da pessoa com os elementos do grupo em que este inserido portanto

    estamos a falar de sociabilidade do homem se relacionar com os restantes membros do grupo. nessa relao

    com os outros que os direitos adquirem esta dimenso de direitos sociais.

    Direitos polticos

    Encontramos ainda uma terceira categoria de direitos nesta ptica. So aqueles direitos que so atribudos pessoa

    para que ele os use frente ao Estadoos direitos polticos. Os direitos polticos so consagrados nesta perspectiva

    que a pessoa ver atribuda aqui a possibilidade de participar na vida poltica. um direito que ela usa no contra

    o Estado, mas frente ao Estado. Enquanto membro do Estado. Participante do poder. Como a constituio diz que a

    soberania reside no povo, ento cada um tem a possibilidade de participar dessa soberania. Portanto so direitos

    que esto relacionados com a participao de cada um na vida poltica, seja directa ou indirectamente. Seja de

    forma activa ou passiva.

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    Assim encontramos nos direitos fundamentais numa perspectiva individualista, na perspectiva da pessoa com a

    sociedadeou na perspectiva da relao da pessoa com o Estado. Na relao poltica com o Estado.

    Falamos ainda nas matrias referentes as categorias dos direitos fundamentais das diferenas entre os direitos

    fundamentais materiaise os direitos fundamentais procedimentais.

    Direitos fundamentais procedimentais

    Quando falamos de direitos nesta dimenso, estamos a centrar na ideia da dinmica dos direitos, ou seja preciso

    que o titular dos direitos fundamentais tenha o direito de defender os seus direitos por um instrumento jurdico. Se

    no houver um instrumento jurdico que permita pessoa agir concretamente na defesa dos seus direitos a sua

    declarao de direitos no passar de meras declaraes de inteno. A defesa dos nossos direitos pode-se situar

    num duplo plano:

    Num plano horizontalnas relaes entre cidados

    Num plano verticalnas relaes da pessoa com o Estado

    preciso que nos dois conjuntos de relaes os direitos estejam assegurados, que os direitos sejam respeitados. O

    que no podemos ficar rfos do nosso direito ou do nosso direito ficar pendente da boa vontade do outro, ou

    ainda ficar pendente do outro respeitar os nossos direitos. Precisamos de instrumentos activos para assegurar o

    exerccio dos meus direitos. nesta perspectiva que falamos da dinmica dos direitos procedimentais por

    natureza um direito fundamental podemos agir para defendermos os nossos direitos fundamentais. Poder agir em

    duplo sentido: exigir dos outros o cumprimento desse direito e reagir quando os outros o violam, via instrumentos

    eficazes. Esta uma ideia importante que tem que estar consagrada nesta dimenso

    Direitos fundamentais materiais

    Quando falamos da dimenso material do direito como tal. Ter meios para accionar a garantia da defesa dos

    direitos. Falamos assim de direitos na dimenso material ou procedimental. Esta no uma ideia exclusiva dos

    direitos fundamentais.

    O nosso direito s verdadeiramente enquanto tal se pudermos exigir dos outros o cumprimento dele ou podemos

    reagir ao incumprimento dele, seja ele o violador que for. Sobretudo no mbito dos direitos fundamentais que se

    sobrepem aos demais.

    H em cada pessoa uma dupla dimenso de direitos: a pessoa individualmente considerada e a dimenso da pessoa

    enquanto membro da sociedade. Enquanto eu individual, a minha autonomia, a minha afirmao pessoal

    tenho conferido um conjunto de direitos mas paralelamente a lei confere tambm direitos de natureza social em

    que a pessoa integrada, j no individualmente mas enquanto inserida num conjunto de um contexto social maisamplo. Assim falamos do conjunto de direitos de liberdade e garantias e do conjunto de direitos sociais.

    Dentro do nosso ordenamento jurdico podemos afirmar que os direitos que sobressaem so os direitos de

    liberdades e garantiasquando nos analisamos os regimes jurdicos dos direitos fundamentais temos um regime

    geralde direitos fundamentais e um regime especialregime geral que todos os direitos tm essa caractersticas

    e o regime especial so os direitos de liberdade e garantias que aqui esto inseridos.

    Portanto todos os direitos fundamentais se inserem no mesmo regime jurdico, so regulados por um conjunto de

    princpios, todos! O que temos oportunidade de ver que dentro dos direitos fundamentais a lei confere uma fora

    jurdica especial aos direitos de liberdades e garantias. D-lhe uma forma especial. Significa que para alm dosprincpios gerais, temos princpios que s encontramos conferidos aos direitos de liberdades e garantias, sendo uma

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    espcie de estatuto especial. Tem uma fora jurdica especfica que lhe atribuda. Tem um regime muito prprio.

    No que se desvie do regime geral dos direitos fundamentais mas que para alm deste regime geral tm um regime

    prprio.

    O regime geral dos direitos fundamentais, independentemente do seu enquadramento (portanto todos os direitos

    fundamentais em geral), independentemente da sua fora jurdica e independentemente do seu enquadramento ou

    natureza atenta em 3 princpios essenciais:

    O princpio da universalidade

    O princpio da igualdade

    O principio do acesso e garantia tutela efectiva

    O princpio da universalidade e os cidados de vrias nacionalidades

    O art. 12 da constituio consagra o princpio da universalidade e o nr.1 deste artigo diz que todos os cidados

    gozam do direito e esto sujeitos aos deveres consignados na constituio. Os direitos fundamentais so direitos

    de todos. Todos, pessoas. Temos duas categorias de pessoas em termos de estatuto jurdico com algumas diferenas

    entre elas: Pessoas colectivas e Pessoas singulares. O que quer dizer todos? Sabemos que a cada constituiocorresponde um territrio e os cidados que integram essa comunidade. Todos significa todos os cidados

    portugueses ou no que se encontram em territrio portugus. Os portugueses que vivem noutros pases no tm

    necessariamente todos os direitos fundamentais de um portugus que viva em Portugal. No pode invocar os seus

    direitos fundamentais de Portugal na sua plenitude nesse pais. Por exemplo o direito educao, direito de sufrgio

    etc. Tambm no faria sentido algum que no portugus invocar o seu direito de eleio Presidncia da

    Republica. Portanto este princpio da universalidade para todos, embora a nossa constituio estabelea algumas

    diferenciaes entre as pessoas, em obedincia a matriz do princpio da universalidade conseguir estabelecer

    algumas diferenas consoante a nacionalidade das pessoas. o que vem estabelecido no art.15 da constituio,

    onde se procura estabelecer alguns limites ao princpio da universalidade. O princpio da universalidade tem

    tendencialmente de estender a todos, mas havendo um distino, um leque de direitos conferidos, mas existe umleque de direitos que so exclusivamente conferidos aos cidados Portugueses. Olhando para o art. 15 temos que

    distinguir 4 categorias de cidados. A cidadania portuguesa confere as pessoas um leque de direitos com carcter de

    exclusividade. No entanto h um leque de direitos que so conferidos exclusivamente aos cidados portugueses,

    como diz o art. 15 nr.2 , 3. O artigo especifica em concreto essa exclusividade. Ressalva o acesso a cargos. Assim quer

    na constituio quer na lei ordinria h limites para o princpio da universalidade, pois existem direitos que

    pertencem exclusivamente aos portugueses. Certas funes polticas s so atribudas a cidados portugueses.

    Cidados da UE

    Mas h outra categoria de cidados que temos que tomar em conta, devido ao tratado da EU, da integrao de

    Portugal. Os cidados europeusAqui os cidado europeus tm uma referncia autnoma. O tratado da EU confere

    a todos os cidado europeus o Estatuto de Cidadania Europeiauma cidadania que acresce a cidadania do pais de

    origem. Mas pelo facto do cidado integrar a EU beneficia de direitos prprios que o tratado da EU lhe confere.

    Assim o que esta estabelecido na nossa constituio. Por virtude, pelo compromisso dos tratados europeus,

    estabelece que em matria dos direitos conferidos o principio de reciprocidade, ou seja os cidado membros de

    outros Estados da EU que residem em Portugal tenham os mesmos direitos que os cidado portugueses a residirem

    tambm noutros pases membros. sendo certo que tm autonomamente o direitos de elegerem e serem eleitos de

    total e do parlamento Europeu. Faz parte da cidadania europeia e houve a necessidade da nossa constituio

    acolher para a ordem interna as regras prprias de EU.

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    Cidados dos pases de lngua oficial portuguesa

    Entre os no portugueses temos ainda que distinguir os cidado dos pases de lngua oficial portuguesa. Estes

    cidados com residncia em Portugal so reconhecidos nos termos da lei e em condies de reciprocidadedireitos

    no conferidos a estrangeiros. Puderam concorrer a vrios cargos excepto ao cargo de Presidncia da Republica

    (art. 15). Em condies de reciprocidade a lei pode atribuir capacidade eleitoral activa e passiva para eleio dos

    rgo das autarquias locais (art.15 nr.4) estes direitos de reciprocidade esto sempre garantidos pelos

    compromisso de Portugal com esses mesmos pases.

    Cidados estrangeiros que no integrados na EU, nem de pases de lngua oficial portuguesa e

    aptridas

    Estes tm acesso aos direitos de liberdades e garantias como esta contemplado no art. 15 nr.1

    O acima explicado ajuda-nos a perceber o principio da universalidade, e qual o verdadeiro significado da expresso

    utilizada no art. 12 quando se refere a todos.

    Esta concepo de consagrar e respeitar o princpio da universalidade advm da ideia que os direitos fundamentaisso em grande parte os direitos do homem. Tm na sua essncia base os direitos do homem e assim consagrados na

    constituio teremos que atribuir a todos, sejam eles cidados portugueses ou de outros pases. O art. 16 quando

    fala no mbito dos direitos fundamentais e o nr.2 nos remete para a ideia que os preceitos legais e constitucionais

    relativos aos direitos fundamentais devem ser interpretados e integrados em harmonia com a declarao universal

    dos direitos do homem. A ideia da comunidade constitucional basicamente esta: todos os cidados que residam no

    territrio nacional comungam deste ncleo de direitos que integra a comunidade constitucional. De fora ficam os

    cidados portugueses que residam no estrangeiro. O facto de o cidado residir no estrangeiro no lhe retira um

    ncleo fundamental mas alguns direitos que so incompatveis com o facto de estar ausente do pais. O art. 14 diz

    que os portugueses que residam noutro pas gozam de proteco do Estado para o exerccio dos direitos que no

    sejam incompatveis com a ausncia do pais. Quando o art.12 fala em todos temos que considerar no apenaspessoa (cidados) mas de uma forma mais ampla.

    Pessoas colectivas

    O art. 12 faz uma referncia as pessoas colectivas. So pessoas colectivas, desde que tenham personalidade jurdica

    (direitos e deveres) esto equiparadas s pessoas singulares que quer dizer nas relaes jurdica tm os mesmos

    deveres e os mesmos direitos e obrigaes. Claro que existem direitos que as pessoas singulares tm que no faria

    sentido atribuir as pessoas colectivas (o direito de casar, o direito de constituir famlia ou o direito de adoptar).

    Podemos ter dois tipos de pessoas colectivas: as pessoas colectivas de direito privadoe as pessoas colectivas de

    direito publico.A diferena esta relacionada com as pessoas que integram, ou seja as pessoas colectivas so por

    natureza um universalidade de bens ou de pessoa, consoante as pessoas que integram essa pessoa colectiva. Se for

    pessoas particulares estaremos aqui a falar de pessoas colectivas de direito privado. Quando as pessoas colectivas

    integram o Estado ou pessoas de natureza publica, como autarquias locais, ou instituies publicas ento falamos de

    pessoas colectivas de direito publico. Temos que estabelecer a diferena em matrias de direitos fundamentais

    entre estas duas pessoas colectivas.

    Pessoas colectivas de direito privados

    As pessoas colectivas de direito privado so pessoas que adquirem autonomia prpria, identidade prpria umasociedade por exemplo: 3 pessoas constituem uma sociedade. A sociedade adquire autonomia referente s 3

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    pessoas. Passa a ser um a nova identidade com personalidade jurdica distinta das 3 pessoas, ou seja, pode at ser

    que essa pessoa colectiva tenha direitos sobre as pessoas singulares que a integram e tambm tenha deveres

    perante as pessoas singulares que a integram. Assim ela adquire personalidade jurdica autnomatem deveres e

    direitos. H determinados direitos que pela forma que esto conferidos que se pressupe que h uma associao de

    pessoas.

    Pessoas colectiva de direito pblico

    As pessoas de direito pblico so basicamente o Estado, ou pelo menos aquelas que o Estado participa. A nossa

    dvida a seguinte: se relativamente as pessoas do direito privado que faz sentido falar dos direitos fundamentais, o

    direito de exigir do Estado e da comunidade esses mesmos direitos, a pergunta que fazemos quando falamos do

    Estado tambm faz sentido falar de direitos fundamentais do Estado? Porque tendo em ateno que os direitos so

    conferidos a pessoa para a realizao da pessoa, por natureza estes direitos tm uma dimenso privatstica. Ser que

    as pessoas colectivas de natureza pblica tambm tm direitos fundamentais? H direitos fundamentais que no

    fazem sentido conferir ao Estado ou seja o que temos que perceber que h certos direitos fundamentais que pela

    sua natureza esto atribudos a todas as pessoa, sejam elas de direitos publico ou de direito privado,como pr

    exemplo os direitos processuais o Estado pede por exemplo surgir como sujeito processual por um aco que

    algum move contra o Estado. Assim o Estado enquanto tal (como pessoa colectiva de natureza publica) no pode

    deixar de ter acesso aos direitos processuais com o direito de defesa, o direito de ser julgado neste contexto .

    Portanto resumindo: na maioria dos direitos fundamentais ano faz sentido falar em direitos atribudos a pessoa

    colectivas de natureza pblica, mas no ficam excludos na totalidade.

    Existem alguns direitos que so exclusivamente de natureza colectiva que so atribudos comunidade cada

    pessoa enquanto membro da comunidade tambm goza desses direitos, mas esses direitos no lhes so atribudos

    directamente, no tm acesso directamente a ele, tm, sim, acesso a eles enquanto membro da comunidade. Por

    exemplo: o direito ao ambiente, um direito de todos, mas no sentido de ser um direito comunitrio. um direito

    de titularidade comum, ao contrrio do direito vida um direito de todos, mas aqui cada um individualmente, tem

    direito a sua vida. No cada um tem direito ao seu ambiente! O ambiente um interesse comunitrio cada um tem

    acesso porque faz parte da comunidade, portanto neste sentido.

    Os titulares dos direitos fundamentais tm personalidade jurdica e capacidade jurdica na sua plenitude, pois se

    assim no fosse os direitos estariam limitados. No faz sentido em matria de direitos fundamentais dizer que a

    pessoa titular do direito se no os pudesse exercer, no sentido de actuar na defesa dos sues direitos.

    Mais uma vez: o que esta consagrado no art.12 o principio da universalidade significa todos havendo alguma

    diferenciaes.

    O princpio da igualdade nos direitos fundamentais

    Vem consagrado na nossa constituio no art.13 todos os cidados tm a mesma dignidade social e so iguais

    perante a lei.

    A forma de ter acesso aos direitos, a forma de ser titular dos direitos, a forma de se exercer os direitos igual para

    todos. Quando falamos de igualdade neste captulo podemos estar a falar de vrias dimenses: podemos estar a

    falar de igualdade no exerccio do direito, igualdade no acesso ao direito, podemos estar a falar de aplicao dou na

    titularidade do direito, a forma de se exercer o direito. Desde que sejamos titulares do direito temos a mesma

    posio sejamos ns quem formos. Esta a perspectiva que falamos em igualdade. A lei procura dar os mesmos

    instrumentos jurdico, procura dar a mesma capacidade de acesso aos direitos aos cidados, esta a ideia, a leiconfere a todos o mesmo estatuto, seja no exerccio activo do direito ou enquanto sujeito dos direito e tambm

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    no plano dos deveres,ou seja a ordem jurdica constitucional assenta no princpio da igualdade, expressando-se em

    diversas dimenses, manifesta-se em inmeros Institutos.

    O principio de acesso e garantia tutela efectiva

    A ideia esta relacionada com a questo de efectividade do direito. associada a questo de efectividade do direito e

    associada a questo da eficcia do direito. Termos instrumentos de acesso ao direito e depois de forma eficaz

    garantirmos o respeito por esses direitos. Termos instrumento jurdicos que nos permitam exigir directamente orespeito por estes directos. Na nossa ordem jurdica so atribudos vrios direitos as pessoas, vrios direitos se no

    tivermos instrumentos para os proteger. Os direitos fundamentais tm uma fora jurdica que lhes atribuda no art.

    18. A ideia que os direitos fundamentais no precisam estar materializados na lei ordinria pois podemos

    invocar directamente a constituio para assegurar os nossos direitos. Podemos at exigir a no aplicao de uma

    lei se ele atentar contra os direitos fundamentais. Os direitos fundamentais so superiores a sua dimenso e tem

    que se reflectir no sue regime jurdico e por isso a todos tem que ser garantida a tutela efectiva dos direitos

    fundamentais.

    (Gravao 28)

    J conhecemos o regime geral dos direitos fundamentais e tambm j sabemos que os direitos fundamentais

    subdividem-se em direitos de liberdade e garantiase direitos sociais, culturais e econmicos.Mas existe o regime

    especial que distingue estas duas categorias de direitos fundamentais consagrados no texto constitucional

    Portugus.

    O principio de acesso e garantia tutela efectiva (continuao)

    Toda a norma (isto no exclusivo dos direitos fundamentais, portanto todas as normas!) s exerce a sua funo se

    for eficaz. A eficcia da norma advm da sua aplicabilidade. A sua aplicabilidade tem que ser garantida por dois

    aspectos:

    Todos possam ter acesso a norma, isto todos possam reclamar a aplicao da norma.

    Todos tenham instrumentos jurdicos para que possam reagir ao incumprimento que a norma contm.

    Se assim no for a norma no eficaz e portanto o sistema jurdico para funcionar enquanto tal, tem que dotar as

    normas de eficcia.No basta enunciar princpios, no basta fazer uma declarao enunciadora de regras gerais

    como por exemplo a fora que tem, em termos internacionais diplomas como a Declarao Universal Dos Direitos

    Do Homemque no so princpios do Estado, que no so mais que enunciar linhas programticas orientadoras. O

    que precisamos no plano de direito constitucional positivado como esta consagrado no art. 20. Os tribunais so por

    excelncia os rgos para assegurar efectivamente os direitos de cada um. O art. 20 procura assegurar que ningum

    fique privado do acesso aos seus direitos por no dispor dos meios judiciais necessrios para o efeito como o acesso

    ao tribunal, o acesso justia para todos. preciso assegurar a todas as pessoas a defesa dos direitos fundamentais.

    preciso assegurar que as pessoas tenham conhecimento dos seus direitos. O art.20 fala do direito informao. A

    lei consagra mesmo que em muitas situaes, obrigatoriamente o sujeito processual tem que ter acesso directo ao

    conhecimento dos seus direitos. Isto utiliza-se mais no processo criminal, O primeiro pressuposto principal para a

    iniciao de um processo crime que a pessoa seja constituda arguido. A lei impe que a pessoa na constituio

    de arguido seja informado que efectivamente arguido e em segundo lugar ser informado dos seus direitos

    processuais enquanto tal. De todos os processo este aquel que maior necessidade tem de um certo cuidado.

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    Ao longo de todo o texto constitucional, vamos encontrar alguns princpios que visam assegurar a tutela jurisdicional

    de cada um, ou seja, no basta apenas garantir que a pessoa tem acesso justia , mas preciso tambm assegurar

    que esse acesso justia se faz segundo principio que so importantes na defesa dos direitos.

    Os princpios necessrios para concretizar a eficaz tutela efectiva

    O princpio do contraditrioo princpio da tutela efectiva tem que assegurar desde logo esteprincpio. Os processos envolvem necessariamente interesses privados, interesses pblicos, quer no direito

    processual civil, quer no direito processual penal, sempre indispensvel que seja assegurado o princpio do

    contraditrio, isto se imputado a algum um determinado facto tem que ser assegurado que a pessoa possa

    manifestar-se sobre esse mesmo facto. Isto esta consagrado no art.32. a propsito de garantias de processo

    criminal. Um exemplo: imaginemos que algum acusado num processo crime de furto. Todo o processo

    orientado no sentido de apurar se pessoa cometeu o furto ou no. Imaginemos que ao longo do processo se prova

    que a pessoa efectivamente subtraiu uma coisa de outra e o fez com violncia. Assim verificou-se uma alterao

    substancial dos factos, pois em vez de ter cometido um furto cometeu um roubo (pena maior). O tribunal tem que

    dar a hiptese a pessoa de se defender (exercendo o principio do contraditrio) pelo furto antes de o condenar pelo

    roubo.

    O princpio do Juiz Natural outro principio associado a tutela jurdica. A competncia dotribunal e a competncia do juiz no processo e sta definida por lei e por lei anterior. a lei que define por exemplo

    qual o tribunal competente. A lei tem regras sobre a competncia dos tribunais e regras sobre a distribuio do

    processo pelos tribunais. Isto impede assim que por exemplo depois de um processo dar entrada se venha a escolher

    o tribunal. O art.32 nr. 9 Consagra este princpio

    O princpio da independncia dos tribunais e dos juzes tambm

    essencial a tutela efectiva. As normas constitucionais que consagram o poder judicial asseguram precisamente esteprincpio. Se alugam ver, no decorrer de um processo esta independncia estiver em causa, o juiz ou tribunal devem

    ser afastados desse processo. A independncia dos tribunais um princpio fundamental para o acesso a garantia

    dos direitos fundamentais.

    O principio do respeito pelo caso julgadoquando uma deciso esta definitivamentedecidida por um tribunal, significa que aquela deciso no admite mais recursos. Estas decises so absolutamente

    intocveis. No queremos saber se foi lei mal tomada. A ordem jurdica garante que o caso julgado no pode ser

    alterado. No confundir com o direito ao recuso! Pois s poderemos recorrer quando ainda no h caso julgado.

    O art. 20assegura a todos o acesso aos tribunais em defesa dos seus direitos. O nr.2confere o direito ao patrocniojudicirio= Em matria civil para quem no tenha meios econmicos, o tribunal nomeia um advogado para defender

    essa pessoa e assim tambm em todo o processo-crime. Ningum poder ser julgado sem a presena de um

    advogado. No nr.4 do art.20 assegura o direito a um processo equitativo e prev ainda o direito as decises

    caracterizadas pela celeridade e prioridade (embora no corresponda bem a realidade pois muitas vezes os

    processo so morosos) principalmente para aqueles casos em que os direitos fundamentais esto postos em causa,

    processos de carcter urgente com por exemplo situaes de perigo para as crianas, quando algum tenha sido

    detido e como a sua liberdade esta a ser posta em causa a constituio exige que em curto espao de tempo seja

    apreciada a legalidade dessa situao para assegurar os direitos fundamentas das pessoas so realmente

    respeitados.

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    Tutela no contenciosa

    H que ter em ateno que o acesso tutela jurisdicional no significa que envolva obrigatoriamente a interveno

    do tribunal. Nem sempre a tutela dos nossos direitos requer que seja o tribunal a intervir. Por excelncia so os

    rgo que exercem essa competncia, mas pode essa tutela jurisdicional estar perfeitamente assegurar nos direitos

    de liberdade e garantias e nos direitos fundamentais em geral por outros meios que asseguram essa defesa de

    tutela.

    Acresce a toda essa tutela jurisdicional alguns meios particulares de assegurar o respeito pelos direitos fundamentais

    como as situaes de tutela no contenciosa. Isto quer dizer que em determinas circunstncias a pessoa pode

    recorrer a meios no contenciosos, a meios no jurisdicionais para assegurar a tutela dos seus direitos

    fundamentais. A destacar dois instrumentos que asseguram a defesa desses direitos.

    1. Direito de petio e o direito de aco popular(art.52)a nossa constituio assegura enquanto direito

    fundamental a possibilidade de se apresentar peties aos rgos de soberania nacional como a

    Assembleia da Repblica ou ao Governo no sentido atravs dessas peties se reclamar a interveno

    destes rgos dentro das suas competncias para assegurar o respeito pelos direitos fundamentais

    assegurados na constituio, isto , a lei permite por exemplo que se faa uma petio a Assembleia daRepublica no sentido de se revogar uma lei, que alter uma lei que intervenha sobre um determinada matria

    em que os direito fundamentais das pessoa estejam comprometidos. Este art. 52consagra at o direito de

    aco popular, quando as pessoas em nome de um interesse colectivo, um interesse difuso se unem no

    sentido de exercer aco popular. Assim o direito de petio uma forma de accionar meios para a

    garantia dos direitos fundamentais.

    2. A interveno do provedor de justiaA nossa constituio consagra a figura de um provedor de justia

    que tem como funo representar o cidado. A sua interveno faz-se precisamente quando solicitada

    pelos cidados. As pessoas podem apresentar uma determinada queixa a esta figura Estado para que ela

    intervenha junto dos rgos de soberania ou os rgos responsveis para assegurar a garantia dos direitos

    fundamentais. As funes do provedor de justia so o poder de interveno. No toma decises mas

    formula recomendaes.

    Se houver uma interveno de um rgo do Estado que viole os direitos fundamentais da pessoa, no basta

    fazer cessar esta situao. preciso assegurar depois que a pessoa vai ser compensada por esse acto contra os

    seus direitos fundamentais, ou seja, preciso assegurar as responsabilidades do Estado pelos actos que os seus

    agentes, seus representantes praticam no exerccio das suas funes. assim que determina o art. 22, quando

    consagra a responsabilidade do Estado e de todas as entidades pblicas nesta matria. Isto uma garantia

    essncia! Portanto se algum no exerccio das sua s funes, causar esses danos, oEstado que responsvel. A

    lei considerra responsbilidade exclusiva do estasdo. O Estado responde por todos os actos de natureza publica

    que venham a causar danos aos direitos fundamentais das pessoas.

    Em suma: s h eficaia na aplicao dos direitos fundamentiss se o nosso ordenamento jurdico assegura que

    todos em stuao de plena igualdade tm acesso aos tribguanis e outros rgo juridicionais para garantir a

    tutela dos seus diereitos.

    J vimos os regime geral dos direitos fundamentais, passamos agora a analisar o regime especial.

    O regime especfico (especial) dos direitos fundamentais

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    Falemos agora do regime especfico(das formas) dos direitos fundamentais, e desde logo, direitos de liberdades e

    garantias.

    No plano dos direitos fundamentais os direitos de liberdades e garantias assumem uma posio de releve, de maior

    importncia. So hierarquicamente superiores no plano dos direitos fundamentais. Vamos ver as regras que fazem

    com que os direitos de liberdade e garantias sejam to particularmente relevantes. O art. 18 consagra a fora

    jurdica dos direitos de liberdade e garantias e direitos de natureza anloga. Menciona as caractersticas que

    podemos apontar dos directos de liberdades e garantias:

    Caractersticas enunciadoras dos direitos liberdades e garantias

    1. Caracterstica - Aplicabilidade directa a primeira grande caracterstica consagrada no art.18 nr.1.Isto significa que no preciso haver uma lei intermdia par que cada um tenha acesso a esse direito. A

    pessoa pode reinvocar directamente a norma constitucional, o seja podemos dizer em matria de direito

    liberdades e garantia o seu contedo tem aplicabilidade de constituio. No se tratam de meros princpios

    enunciados! Podemos invocar directamente nas relaes jurdicas no plano horizontal ou no plano vertical. A

    aplicabilidade directa significa que em caso de haver outras normas que atentem eventualmente contra os

    direitos liberdade e garantias haver sempre a supremacia desta a supremacia destas regras perante as

    demais.

    2. CaractersticaVinculao das entidades pblicas e privadasA parte final do art. 18 enunciaeste princpio fundamental da vinculao das entidades pblicas e privadas. Portanto a fora jurdica envolve

    todos, at as prprias entidades pblicas. O legislador no pode criar normas que violem os direitos

    liberdades e garantias. Pelo contrrio, est obrigado tambm a criar condies, normas para assegurar o

    devido respeito pelos direitos fundamentais. Todo o acto de emanao de normas esta vinculado pelo

    respeito dos direitos de liberdades e garantias. Tambm a administrao se rege por estes princpios. Os

    tribunais esto vinculados pelo princpio da legalidade exige aplicar a lei, apenas isso! Se um juiz se deparar

    com uma norma inconstitucional tem que rejeitar a norma. uma obrigao do juiz. Num litgio entreparticulares podemos tambm invocar a norma com aplicao directa, independentemente de ser numa

    fase contenciosa ou no.

    3. Caracterstica Restrio aos direitos liberdades e garantias S alguns ramos do direito sepode restringir direitos liberdades e garantias. art. 18 nr.2. Deste art. Extramos 3 princpios orientadores

    para a restrio dos direitos liberdades e garantias (portanto em que condies o poderemos fazer)

    O princpio da necessidade s se recorre a normas de restrio de liberdades quando isso se revele

    absolutamente necessrio. Que os interesses que estamos a proteger justificam essa aco. Assegurar

    normas com fora dissuasoras

    O princpio da sociabilidade

    O princpio da proporcionalidades podemos intervir para restringir direitos de liberdades e garantias se

    for para repor outros direitos de liberdades e garantias mas de forma proporcional.

    Os direitos liberdades e garantias, tm uma fora jurdica extraordinria pois so directamente aplicveis e vinculam

    entidades pblicas como privadas (CRP 18)de tal forma que se algum num determinado contexto se deparar com

    uma situao jurdica, quer nas relaes com o Estado, quer nas relaes entre particulares no encontrar na lei

    ordinria a regra para aplicao aquela situao jurdica pode invocar directamente a constituio. Portanto a fora

    jurdica referente aos direitos liberdades e garantias concebe essa possibilidade.

    Suspenso do exerccio de direitos liberdades e garantias

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    Previsto no CRP 19. Aqui esta excepcionalmente contemplada situaes em que o Estado portugus pode permitir,

    num determinado contexto, que este regime seja suspenso. So situaes de conflito, de crise, ou seja so situao

    que se justificam uma deciso de suspenso dos direitos liberdade e garantias. So apenas nestes casos que se

    justifica. Neste artigo no h espao para uma interpretao extensiva, ou analogia, ou seja s e apenas nestes casos

    previstos neste artigo. No entanto a suspenso no integral de todos os direitos liberdades e garantias pois como o

    nr 6 deste artigo refere o direito vida, integridade pessoal, identidade pessoal, capacidade civil e cidadania,

    no retroactividade da lei criminal, o direito de defesa dos arguidos e a liberdade de conscincia e de religio no

    pode afectar estes direitos.

    O artigo 21 CPRcontempla um direito de auto-tutela ou seja temos aqui verdadeiramente consagrado um direito de

    aco directa, a prpria pessoa resistir a uma ordem que viole os seus direitos liberdades e garantias. Situao como

    a legtima defesa, Estado de necessidade. Portanto considerar licita uma atitude para se auto-defender.

    Encontramos tambm estruturas no direito internacional as quais possvel o cidado recorrer para ver os seus

    direitos fundamentais assegurados.

    O legislador constitucional quis logo a partida assegurar o ncleo dos direitos fundamentais que foram consagrados

    na constituio de 1976, que esse ncleo no seria comprometido nas revises constitucionais, como est

    consagrado no artigo 288 CRP alnea d) ou seja os direitos liberdades e garantias tm como caracterstica uma

    transtemporalidade. Qualquer alterao que seja feita na reviso nunca poder afectar o ncleo destes direitos.

    O Estado tem uma obrigao negativa perante os cidados, ou seja no intervir de forma a violar os direitos

    fundamentais destes. A competncia legislativa em qualquer mbito possa estar relacionado com direitos liberdades

    e garantias este sempre reservado a competncia da AR. Isto tem uma razo de ser, pois o princpio da ordem

    democrtica, a AR o rgo que verdadeiramente representativo do povo.

    A fora jurdica do artigo 18CRP pensada para os direitos liberdades e garantias tambm pode-se alargar para os

    direitos sociais, econmicos e culturais. A aplicabilidade directa pode justificar-se por extenso deste artigo por se

    entender que os direitos sociais econmicos e culturais tambm se reflectem nos direitos liberdades e garantias,pois a dignidade humana esta subjacente a toda esta matria, ou seja a partir do momento em que se considere que

    o ncleo essencial dos direitos sociais esteja comprometido a dignidade humana tambm est, assim poderemos

    considerar o artigo 18 extensvel.

    Um cidado no tem legitimidade por si prprio ir ao tribunal constitucional invocar que uma norma

    inconstitucional. Existem meios prprios para o fazer, mas tem legitimidade para invocar a inconstitucionalidade de

    uma norma de um processo que ele prprio parte, mas se o tribunal no reconhecer a inconstitucionalidade pode

    ele em sede de recurso pedir a apreciao ao tribunal constitucional.

    A proteco (tutela) dos direitos fundamentais

    Ou seja que instrumentos esto ao dispor de cada um para garantir a proteco dos seus direitos fundamentais no

    plano interno e no plano internacional. Os tribunais internacionais funcionam como tribunais de recurso em relao

    aos tribunais nacionais que procuram actuar quando um determinado estado violou os direitos fundamentais de um

    cidado.

    No plano interno: existem dois tipos de sujeitos relativamente aos quais necessitamos ver protegidos os nossos

    direitos fundamentaisas pessoas de direito privado e as pessoas de direito pblico que na sua actuao podem

    violar esses direitos. Portando necessitamos de instrumentos que nos protejam da violao desses direitos. Temos 3

    meios de tutela:

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    Meios jurisdicionais (tutela jurisdicional) A garantia do acesso aos tribunais est consagrado no CPR 20.

    Um sistema judicial que esteja por um lado organizado de forma a dar resposta a essas questes e por outro

    que se consagrem um conjunto de direitos e princpios que garantem eficazmente ter acesso a essa tutela.

    Os tribunais so os rgos de aplicao da justia por excelncia, consagrando os direitos fundamentais. Os

    tribunais tero que consagrar os seguintes princpios:

    1. Um processo justoum juiz no s a boca da lei, espera-se que aplique a justia. Portanto se um juiz

    num determinado caso concreto notar que uma lei violadora de um direito fundamental, no deve aplicar

    a lei. Portanto a obrigao do juiz de no aplicar leis que ultrapassem os limites constitucionais;

    2. Direito de defesa o cidado poder participar no processo que parte na defesa dos seus direitos. E no

    mbito de processo penal o princpio do contraditrio ter que ser observado (CRP 32/5);

    3. O princpio do juiz naturalsignifica que a determinao do juiz no processo est consagrada na lei, ou seja,

    sero inaceitveis quaisquer formas de ultrapassar a referncia que a lei faz (CRP 32/9). No se pode dispor

    de qualquer tribunal;

    4. O princpio da independncia dos tribunais (e juzes) est expressamente consagrado no artigo CRP 216

    5.

    O princpio da fundamentao das decises os tribunais tm que fundamentar as suas decises tendo apreocupao de controlar a legalidade das leis. Portanto as decises so adequadas quando fundadas nas

    leis;

    6. Eficcia das decises dos tribunais preciso assegurar por um lado a fora do poder judicial e por outro

    garantir a cada um que aquela deciso que o tribunal proferir pode ser garantida na medida a ser executada.

    As decises s so eficazes se forem executadas;

    7. A fora do caso julgado o caso julgado ocorre logo que tenham decorrido prazos para recurso da

    sentena;

    8. O processo legal um conjunto de regras processuais que tem que ser respeitadas num determinado

    contexto;

    9.

    O direito proteco eficaz temporalmente adequada (CRP 20/4)que haja a garantia de uma deciso emtempo til, principalmente em causas em que esteja em causa direitos fundamentais como nos casos em

    que algum est privado da sua liberdade por priso. A nossa constituio consagra no artigo CRP 31 Habeas

    corpus;

    10.O direito de intentar uma aco pelos actos ilcitos da administrao - (CRP 22) responsabilizar as

    entidades pblicas.

    Meios no jurisdicionais

    Meios administrativos

    Na integrao de lacunas, num determinado caso judicial, se tiver que encontrar uma soluo para o caso, essa

    soluo ter sempre que respeitar os direitos fundamentais.

    Na justia jurisdicional o juiz deve observar se a norma a aplicar ao caso concreto constitucional, se no for ter

    que decidir o litgio se afastando do contedo da norma mas observando os direitos fundamentais. J na justia

    administrativa os rgos esto sujeitos a critrios de legalidade, ou seja tm que aplicar a lei mesmo que a norma

    para o caso concreto seja inconstitucional. A administrao esta desconstituida de fiscalizao das normas excepto

    quando a inconstitucionalidade evidente, manifesta e viola gravemente direitos.

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    Quando temos uma coliso, confronto, entre direitos fundamentais teremos que analisar qual deles manifestamente

    o mais importante a proteger. Por exemplo uma indstria poluente que o Estado quer instalar numa determinada

    zona do pas abrindo assim postos de trabalho (o direito a proteger aqui o direito ao trabalho) e a poluio dessa

    indstria (o direito a proteger aqui o direito ao ambiente).

    O regime dos direitos sociais econmicos e culturais

    No tm o mesmo regime especifico que os direitos liberdades e garantias. Estes direitos sociais situam-se num

    contexto de sociabilidade ao contrrio dos direitos liberdades e garantias que so individuais. Mas no obstante a

    dimenso de estes direitos estarem inseridos numa sociedade no deixam de ser direitos subjectivos como por

    exemplo o direito ao trabalho CRP 58, direito ao ensino CRP 74.

    Estes direitos tm uma dupla dimenso:

    Uma dimenso subjectiva ou seja o direito materializado de cada um habitao, sade, ao ambiente e

    qualidade de vida etc.

    Uma dimenso objectivaa obrigao do Estado legislar, tomar medidas, no sentido da efectivao concreta destes

    direitos.

    No catlogo destes direitos primeiro vemos o que assegurado ao cidado (direito subjectivo) e depois as medidas

    do estado na concretizao destes direitos (direito objectivo) como podemos ver por exemplo no artigo CRP 64 no

    direito a Sade. Primeiro diz que temos todos direito a sade e depois fala das medidas que o estado tem que tomar

    para a concretizao desse direito.

    Os direitos sociais, econmicos e culturais so caracterizados por normas programticas e por normas de

    organizao, ou seja, definem tarefas a atribuir ao estado e definem princpios orientadores do Estado (CRP 9/d)

    Para que os direitos sociais se tornem efectivos no basta o texto constitucional, preciso que o legislador ordinrio

    venha a legislar esses direitos para determinar o seu contedo. Estes direitos ficam dependentes de legislao

    efectiva e so direitos poltico-sociais, pois dependem do oramento do Estado, no entanto o Estado ter sempre

    que garantir o mnimo social. Se o Estado no legislar, no actuar e no tomar medidas concretizadores dos direitos

    sociais impostos pela constituio pode incorrer uma aco por omisso constitucional.

    Direitos Fundamentais. (A correlatividade ou no de um direito a um dever)

    A ideia que a nossa constituio quer transmitir no a ideia que a todos os direitos fundamentais que nos so

    atribudos corresponde obrigatoriamente uma obrigao. No a mesma ideia que um contracto onde existeobrigaes e deveres para as partes que dele fazem parte. No entanto para a efectivao de certos direitos

    fundamentais constituem deveres cvicos. No caso do direito de sufrgio, por exemplo, (CRP 49/2).Outro exemplo

    o artigo CRP 36/5Famlia casamento e filiao. Ainda outro exemplo o artigo CRP 66/1Ambiente e qualidade de

    vida. Portanto exemplos onde um direito apresentado correlativo a um dever.

    A ideia que se pretende transmitir que eventualmente poder existir um dever correlativo a um direito, mas que o

    cidado no deixa de ter esse direito independentemente do dever. Esta ideia dos deveres est associada aos direito

    sociais e polticos e relacionada com o artigo CRP 9 das tarefas do Estado, ou seja para que o estado possa efectivas

    estes direitos ter que repartir estas tarefas pelos deveres dos cidados.

    Podemos destacar dois tipos de deveres que a nossa constituio consagra:

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    1.

    Deveres cvico-politicosdeveres de participao poltica. Um estado de direito democrtico pressupe a

    participao poltica dos cidados.

    2. Deveres de carcter econmicos, cultural e social

    Estes deveres no so apresentados na nossa constituio como um dever se esteja reforado por uma sano de

    no cumprimento. A nossa constituio tem uma certa tendncia para que o incumprimento de deveres no tenha

    reflexo na perca de direitos.

    Nas relaes jurdicasprivadas os deveres tero que estar materializadas na lei ordinria. Pois no se pode invocar

    um dever de outro directamente