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AVALIAÇÃO AMBIENTAL
INTEGRADA
MÉDIO RIO CHAPECÓ
CAPÍTULO 04
IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS
Dezembro de 2016
887
AAI – Médio Rio Chapecó
CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS
DESENVOLVER – Engenharia e Meio Ambiente. CNPJ/MF: 19.335.965/0001-63. Rua 7 de Abril, 3489. Bairro Parque Jardim Ouro – Ouro/SC. CEP: 89.663-000. Fone: 49 9927-2232 ou 49 3555-5940.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAI Avaliação Ambiental Integrada
ANA Agência Nacional de Águas
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
APP Área de Preservação Permanente
CASAN Companhia Catarinense de Águas e Saneamento
CGH Central Geradora Hidrelétrica
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio
FATMA Fundação do Meio Ambiente
ICMS Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços
ICMBio Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade
NA Nível de Água
PCH Pequena Central Hidrelétrica
PIB Produto Interno Bruto
TVR Trecho de Vazão Reduzida
UHE Usina Hidrelétrica
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LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 - Níveis de água atual (rio atual) e posteriormente com a instalação das PCHs em
vazão normal (QMLT)......................................................................................................... 566
Figura 2 - Gráfico dos níveis d'água e velocidade - Cenário 50% da Q98% ...................... 567
Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média–
Nitrito e Nitrato. .................................................................................................................. 568
Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média -
Fósforo. .............................................................................................................................. 569
Figura 4. Riqueza potencial de vertebrados no alto rio Uruguai, vermelho indica alto
potencial, lilás baixo potencial. ........................................................................................... 571
Figura 6 - Alteração no MQA entre a análise de não instalação e instalação das PCHs no
trecho de inventário, mostrando que com a recomposição das APPs, algumas regiões de
análise apresentam melhoria nas métricas da paisagem em relação ao Cenário atual. ..... 574
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Resumo dos aproveitamentos hidrelétricos no trecho de estudo, e suas
respectivas áreas de reservatório, APP e potência. ........................................................... 573
Tabela 3 - Proporção de área de preservação projetada por área efetiva alagada das PCHs
propostas no trecho de estudo do Rio Chapecó. ................................................................ 573
Tabela 4 - Relação entre as áreas alagadas e a potência média instalada dos
empreendimentos propostos. ............................................................................................. 575
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SUMÁRIO
10 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS ......................................................... 558
10.1 USO DOS RECURSOS HÍDRICOS ....................................................... 559
10.1.1 Aspectos quantitativos ................................................................. 559
10.1.2 Aspectos qualitativos .................................................................... 560
10.1.3 Aspectos ecológicos ..................................................................... 561
10.2 Fauna relacionada ao ecossistema aquático ......................................... 561
10.2.1 Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a
ictiofauna migradora...................................................................................... 561
10.3 FAUNA RELACIONADA AOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES .......... 570
10.4 Flora relacionada ao ecossistema terrestre ........................................... 571
10.5 Flora relacionada ao ecossistema aquático ........................................... 577
10.5.1 Flora Reofítica ................................................................................ 577
10.5.2 Macrófitas Aquáticas ..................................................................... 577
10.6 INFRAESTRUTURA............................................................................... 578
10.6.1 Atividades turísticas e Impacto em áreas de relevância cênica 578
10.6.2 Alteração na taxa de emprego ...................................................... 579
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AAI – Médio Rio Chapecó
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10 IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS
A gestão de recursos naturais no Brasil é voltada principalmente para a
garantia de padrões de qualidade ambiental. Essa visão foi solidificada na Constituição
de 1988, e baseia-se na premissa da existência de um estado ideal da natureza. Essa
visão da natureza estanque atribui à ação humana um papel de modificador da
natureza, como se o homo sapiens fosse de alguma forma dissociado dela; e não
parte integrante e fundamental da natureza (vide BOTKIN, 2012, e BOTKIN, 1990).
Segundo ANDERSON & LEAL (2001), um conflito ocorre quando há demandas
concorrentes de usos dos mesmos recursos. E é deste assunto que trata esse
capítulo: a identificação de usos concorrentes de recursos naturais na bacia do Médio
e Alto Rio Chapecó, os quais serão avaliados nos próximos capítulos.
A pesquisa e a análise de dados diagnosticadas nesta AAI, possibilitou a
equipe multidisciplinar, obter uma visão clara e objetiva dos principais conflitos
potenciais decorrentes das ações para promover os aproveitamentos hidrelétricos do
Médio Rio Chapecó (PCH Barreiros, PCH Criciúma, PCH Araçá e Aparecida). Sendo
ferramenta de análise fundamental para identificar a ocorrência de possíveis impactos
sinérgicos e cumulativos que poderão ocorrer com a instalação dos empreendimentos
hidrelétricos supracitados.
A interface firmada com os órgãos de gestão de recursos hídricos, em especial
CASAN e FATMA, também foi um fator fundamental para incorporar e aprofundar
esses aspectos conflitantes no estudo de AAI. Dentre as características sociais e
ambientais do Médio e Alto Rio Chapecó, foram identificados os seguintes aspectos
potencialmente conflitantes com os aproveitamentos hidrelétricos propostos no trecho
entre os níveis 835,00 m e 757,00 m.
Uso dos recursos hídricos
Aspectos quantitativos
Aspectos qualitativos
Aspectos ecológicos
Fauna relacionada ao ecossistema aquático
Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a ictiofauna
migradora
Espécies da ictiofauna de interesse pesqueiro
Impactos das PCHs na composição da ictiofauna e correlação com
aspectos quantitativos e qualitativos dos recursos hídricos
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Impactos das PCHs na composição da comunidade de Phrynops
williamsi do médio e alto Rio Chapecó
Fauna relacionada aos ecossistemas terrestres
Flora relacionada ao ecossistema terrestre
Flora relacionada ao ecossistema aquático
Infraestrutura
Atividades turísticas e impacto em áreas de relevância cênica
Conflitos de uso da terra
Alteração na taxa de emprego
Incremento do valor adicionado fiscal municipal
10.1 USO DOS RECURSOS HÍDRICOS
10.1.1 Aspectos quantitativos
Destaca-se que as PCHs inventariadas nas cotas 835,00 m e 757,00 m, que
são os principais objetos de análise nesta AAI, são PCHs a “fio d'água”, ou seja, não
possuem capacidade de armazenamento de água, o que, dessa forma, não afeta a
disponibilidade do recursos hídrico em aspecto quantitativo. A exceção de alguma
forma pode ser o lago da PCH Barreiros que possui 207,85 ha de área alagada
incluindo a calha do rio, sendo 76, 10 de calha natural do rio e 131,75 ha de área
efetivamente alagada, segundo informações do projeto básico (CONSTRUNÍVEL,
2015).
A demanda hídrica para uso consuntivo na região do inventário do médio
Chapecó é bastante reduzida, com vazão de retirada estimada em 0,1237 m²/s no
cenário atual, o que representa aproximadamente 1% da vazão disponível em 98% do
tempo (Q98 equivalente a 10,8 m²/s). Mesmo considerando as projeções de demanda
hídrica futura na região, para o ano de 2047, estima-se que o percentual entre
demanda e disponibilidade fique inferior a 3% da vazão de referência.
Segundo ANA (2015), o balanço hídrico entre disponibilidade e demanda
hídrica é bastante confortável em todo o Rio Chapecó é classificado como “Excelente”.
No trecho específico do inventário em análise pode-se confirmar, através dos estudos
apresentados anteriormente, que o balanço hídrico de fato não é um aspecto
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preocupante e relevante em escala regional. Não se identificou qualquer conflito de
uso dos recursos hídricos quanto ao aspecto quantitativo no cenário atual.
Com a implantação dos empreendimentos hidrelétricos inventariados no médio
Chapecó a condição entre disponibilidade e demanda não será alterada em escala
regional uma vez que empreendimentos hidrelétricos não consomem água
efetivamente. Em alguns arranjos inventariados, com trecho de vazão reduzida, há um
desvio de grande parte da água de um ponto ao outro do rio, podendo haver nesses
casos conflitos locais em termos quantitativos (somente nos TVRs). Porém, no cenário
atual, não se identificou qualquer uso relevante nesses trechos de vazão reduzida que
pudesse gerar conflitos quanto ao aspecto quantitativo. O único ponto de captação de
água para abastecimento público na região se localiza a jusante dos empreendimento,
em Abelardo Luz, onde o balanço hídrico não é alterado pelos empreendimentos.
Mesmo que haja conflitos ao longo dos trechos de vazão reduzida, esses conflitos
serão pontuais e deverão ser identificados e minimizados durante sua fase de
licenciamento (EIA-RIMA) e operação.
10.1.2 Aspectos qualitativos
A criação de reservatórios altera os aspectos hidráulicos, e consequentemente
as condições de qualidade das águas. Dadas as características ocupacionais,
atividades socioeconômicas e turísticas relacionadas com a qualidade dos recursos
hídricos da bacia e, caracterizadas nesta AAI, destacando ainda, a existência da
captação de água para abastecimento público da CASAN instalada no município de
Abelardo Luz, os impactos sobre as possíveis alterações de qualidade da água foram
tratados de maneira especial na AAI.
De forma genérica, além do aspecto quantitativo, conflitos de uso dos recursos
hídricos podem ocorrer pelos aspectos qualitativos, em que o desenvolvimento de uma
atividade pode alterar o padrão de qualidade de água a tal ponto que prejudique ou
inviabilize outro uso requerido na bacia.
O diagnóstico do padrão de qualidade de água no cenário atual indicou que a
qualidade na região dos empreendimentos inventariados possuem padrão de
qualidade “Boa”, mesmo com valores elevados de coliformes e algumas violações das
concentrações de DBO. Observou-se ainda que o nível trófico na região tenha
variações entre ultraoligotrófico a mesotrófico, com concentrações de fósforo e
clorofila a abaixo do limite da classe do rio.
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Os resultados da modelagem de qualidade de água indicam que a implantação
das PCHs não irá alterar a qualidade de água de forma significativa e negativa. Porém,
é importante ainda destacar que poderá haver impactos negativos sobre a qualidade
de água de forma localizada em algumas regiões do reservatório não identificadas
nesta escala de análise e também nos trechos de vazão reduzida que possuírem
aportes significativos de matéria orgânica e nutrientes.
Conforme mostrado no diagnóstico, que analisou dados históricos de qualidade
de água em diversas regiões do Rio Chapecó, não foram observadas qualquer
alteração da qualidade de água significativas nas regiões com empreendimentos
hidrelétricos em operação, com exceção do oxigênio dissolvido nos grandes
reservatórios que apresentou certa estratificação, como UHE Quebra-Queixo. Por se
tratar de reservatórios ainda menores, os resultados apontam que as PCHs
inventariadas no trecho médio do Rio Chapecó não trarão impactos negativos de
forma significativa em seu trecho e no trecho de captação de água de Abelardo Luz, e
nem possuem capacidade de inviabilizar outros usos quanto ao aspecto qualitativo.
10.1.3 Aspectos ecológicos
Os potenciais conflitos vinculados a qualidade ecológica da bacia foram
analisados tendo em vista as interfaces com a fauna aquática e terrestre, as quais são
abordadas nos itens a seguir.
10.2 FAUNA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA AQUÁTICO
10.2.1 Compartimentação do sistema hidrográfico e efeitos sobre a ictiofauna
migradora
Espécies migradoras de peixes necessitam de longos trechos de rio livre,
utilizando basicamente três tipos de ambiente dentro da bacia hidrográfica, para
completar seu ciclo de vida: área de desova, de crescimento e alimentação. As
chamadas áreas de desova correspondem normalmente às áreas de cabeceira dos
rios e é nessa direção que ocorre o movimento migratório no período reprodutivo. A
desova ocorre sempre no mesmo local, geralmente acima do local de alimentação dos
adultos. A corrente predominante carrega os ovos e as larvas para áreas onde se
desenvolverão. Neste local, os jovens se alimentarão e crescerão até atingirem
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determinado tamanho para se unirem ao estoque principal. A característica cíclica
desses eventos é o que assegura a manutenção das populações.
Esses movimentos migratórios ocorrem sazonalmente e são, normalmente,
modulados por fatores ambientais, dentre eles, a qualidade da água, temperatura e o
regime de chuvas, definindo dessa forma a reprodução em espécies migradoras
tropicais e subtropicais em períodos que variam entre setembro e março, época que
coincide com temperaturas mais elevadas e regime hídrico mais intenso (HILSDORF &
MOREIRA, 2008). Existem ainda diferenças pronunciadas em relação à distância de
migração e podemos considerar que o trecho mínimo necessário para uma espécie
migrar e completar o seu ciclo reprodutivo varia entre espécies e a bacia considerada.
A migração é necessária para o desenvolvimento das gônadas (ovários e testículos),
maturação dos gametas e posterior desova. Além disso, sabe-se que a migração
reprodutiva, rio acima, ocorre para permitir a dispersão dos ovos e larvas dos peixes
(Hilsdorf & Moreira, 2008).
Neste aspecto, a jusante do trecho da bacia em análise encontra-se como
ponto inicial utilizado neste estudo a UHE Quebra-Queixo que com sua instalação
criou uma grande barreira para a ictiofauna migradora no Rio Chapecó e a jusante
desta o Salto Saudades, que já age como uma barreira natural para o processo de
migração de diversas espécies de peixes. Desta forma, não esperados impactos sobre
espécies migradoras de longa distância no trecho em análise do Rio Chapecó, tendo
em vista que este já se encontra compartimentado a jusante do trecho analisado.
Deve-se atentar para os processos de isolamento populacional gerados por
esta compartimentação, pois mesmo sem processo migratórios de longa distância, os
processos de deslocamentos populacionais contribuem para a manutenção gênica das
populações. Desta forma, aumentando sua variabilidade e tornando-as menos
suscetíveis á doenças e defeitos genéticos, ou processos de extinção local de
espécies (GOUSKOV, 2016). Ressalta-se que processos de solturas de peixes,
podem não ser benéficos para resolver o problema de variabilidade genética, podendo
até mesmo prejudicar as populações locais (HSU et al., 2015).
Dentre as espécies de peixes migradoras de longa distância e/ou ameaçadas
de extinção presentes no baixo Rio Chapecó e ausentes no médio Rio Chapecó,
destaca-se o dourado (Salminus brasiliensis) registrado apenas a jusante do
barramento da UHE Quebra-Queixo e Salto Saudades, na foz do rio Chapecozinho,
tendo ocorrido a captura de apenas um exemplar por Meurer et al. (2008). Local onde
também foram capturados os exemplares de suruvi (Steindachneridion scriptum;
Meurer et al., 2008). Assim, as espécies ameaçadas e migradoras de longa distância
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registradas no trecho de bacia em análise encontram-se impedidas de deslocar-se
para áreas do alto Rio Uruguai.
10.2.1.1 Espécies da ictiofauna de interesse pesqueiro
Dentre as espécies registradas no trecho da bacia em análise há oito espécies
consideradas como de interesse pesqueiro: Acestrorhynchos pantaneiro, Oligosarcus
jenynsii, Salminus brasiliensis, Rhamdia quelen, Steindachneridion scriptum,
Pimelodus maculatus, Prochilodus lineatus e Pseudopimelodus mangurus (ZANIBONI-
FILHO et al., 2004). Quase todos registrados entre os municípios de Ipuaçu e São
Domingos nas áreas de influência da UHE Quebra-Queixo (MEURER et al., 2008),
onde cabe destacar que as espécies migradoras de longa distância foram levantadas
somente no ponto de coleta e monitoramento da UHE Quebra Queixo a jusante do
Salto Saudades (baixo Rio Chapecó).
Destas espécies 87,5% (s=7) tiveram uma constância de 33,33%, sendo
consideradas espécies acessórias. Apenas uma espécie é considerada constante,
com uma constância de 66,67%, sendo Rhamdia quelen. Desta forma, não são
esperados grandes conflitos devido aos impactos de empreendimentos hidrelétricos
sobre estoque pesqueiros usados para fins comerciais no médio e alto Rio Chapecó.
10.2.1.2 Impactos das PCHs na composição da ictiofauna e Correlação com aspectos quantitativos e qualitativos do recursos hídricos
A natureza e a intensidade dos impactos decorrentes das modificações
hidrológicas impostas pelos represamentos dependem das peculiaridades da fauna
local, tais como padrões de migração e pré-adaptações a ambientes lacustres, e das
características do reservatório, tais como localização, morfologia, hidrologia, desenho
da barragem, vazão e tipo de barramento. Nesse sentido, cada lago, depois de
formado afeta a comunidade íctica de uma forma particular, e em geral, de uma forma
imprevisível, embora algumas características do empreendimento possam ajudar a
dimensionar de alguma forma a magnitude dos impactos.
Em decorrência do represamento, ocorrem alterações na dinâmica do corpo
hídrico, como: tempo de residência, profundidade, nível de água, ocasionando assim
maior retenção de nutrientes e como consequência alterações nas comunidades.
Rodrigues & Bicudo (2001) citam que distúrbios de intensidade baixa a moderada
promovem o aparecimento de novas espécies, bem como a substituição de outras. A
formação de barragens fragmenta habitats, isolando populações, interferindo no fluxo
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gênico. Em ambiente represado, um efeito inevitável é a alteração na abundância de
espécies com a eventual eliminação de alguns componentes ictiofaunísticos e
favorecimento de outros (Novakowski et al., 2007).
De acordo com os projetos de engenharia do conjunto das PCHs estudadas
neste trecho do rio, verifica-se que os barramentos são projetados com vertedouro que
serão do tipo soleira livre localizado no trecho de concreto do Barramento, não
permitindo, portanto conexão montante-jusante.
Muitos empreendimentos a fim de auxiliar no deslocamento reprodutivo contam
com escada de peixe, para manter o contato jusante-montante. Na ausência de
barragens, essas espécies nadam rio acima em busca de áreas adequadas para a
desova, normalmente situadas em afluentes nas cabeceiras dos rios: é a chamada
piracema. Os ovos e larvas fazem a viagem em sentido contrário, levados pela
correnteza, amadurecendo ao longo do caminho de água turbulenta. Entretanto
estudos indicam que tais escadas são uma armadilha para espécies tropicais,
aumentando o risco de extinção das populações que vivem rio abaixo nas barragens.
O principal problema relacionado às escadas é que depois de subir os peixes não
voltam mais, não completam seu ciclo reprodutivo, eles acabam confinados no trecho
acima do reservatório, onde é o ambiente mais pobre para reprodução. O
deslocamento de ovos e larvas rio abaixo também é complicado, haja vista que muitos
morrem no lago, ou acabam nas turbinas. A área a jusante também se torna refeitório
para predadores como aves aquáticas e peixes carnívoros (AGOSTINHO et al., 2007).
No ecossistema do rio, os diferentes habitats contidos neste, desempenham
importante papel na integridade ecológica, sendo que os peixes utilizam as dimensões
espacial e temporal do nicho de várias maneiras (TEIXEIRA et al., 2005). Como a
diversidade de peixes nos riachos é função da diversidade de habitats, habitats
aquáticos com alta heterogeneidade espacial favorecem a estrutura das comunidades
com alta diversidade já que permite a presença de diferentes organismos, em termos
morfológicos e estruturais, para explorar com sucesso os nichos disponíveis (FREITAS
et al., 2005). Como a regulação do fluxo pode provocar o decréscimo da velocidade e
profundidade de um rio, a perda imediata de habitats (BRASHER, 2003) e
consequentemente de diversidade são esperadas. O ambiente lêntico formado pelo
represamento propicia o predomínio de espécies generalistas de pequeno e médio
porte, especialmente das ordens Characiformes, com hábitos sedentários e elevado
potencial reprodutivo, as quais encontram no ambiente represado elevada
disponibilidade de recursos alimentares.
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Dentre as espécies ressalta-se um possível incremento nas populações das
“piranhas” Serrasalmus maculatus (a qual não foi capturada na área, mas encontra-se
presente na bacia), uma vez que a história de colonização destas em reservatórios da
região é descrita, em especial, para a UHE Itá, onde houve um rápido aumento de
suas populações (ZANIBONI-FILHO & NUÑER, 2008). Também poderá haver um
incremento na população de Acestrorhynchus pantaneiro (nativa). No reservatório de
Itá, está espécie apresentou um crescimento de 130 vezes na sua participação na
estrutura da comunidade de peixes (ZANIBONI-FILHO & NUÑER, 2008). Espécies
como Oligosarcus brevioris e Oligosarcus jenynsii também tendem a ter um aumento
populacional. Estas espécies de peixe-cachorro obtêm vantagens em ambientes de
águas lênticas, devido seu habito alimentar piscívoro, pois espécies utilizadas para
sua alimentação como os lambaris: Astyanax fasciatus, Astyanax scabrippinis e
Astyanax bimaculatas também apresentarão aumento de sua população. Ademais, a
alteração do ambiente provoca o inverso a outras espécies, as quais dependem de
condições específicas para sua sobrevivência e conclusão de seu ciclo de vida. Dentre
estas, pode-se citar os “cascudos”, os quais são dependentes de locais com fundo
pedregoso para o forrageamento, abrigo e deposição de ovos.
As alterações na hidrologia proporcionadas pelos processos de
operação das usinas em efeito cascata causam instabilidade na comunidade de peixes
de montante e jusante, especialmente durante os primeiros anos após o barramento,
resultando, geralmente na diminuição de sua diversidade (AGOSTINHO et al., 2007;
ARAÚJO & SANTOS, 2001). Os reservatórios são caracteristicamente muito
produtivos nos primeiros anos após o represamento, especialmente se as áreas
inundadas forem de pastagem ou de agricultura. A fase de enchimento é um período
que requer observação constante visto que os fenômenos físico-químicos são muito
rápidos e as consequências sobre as comunidades biológicas podem ser dramáticas.
De maneira geral, é esperado que a comunidade ictiofaunística a montante
(futuros lagos) seja alterada, em especial com a diminuição de algumas populações
com menor pré-adaptação a ambientes lênticos como cascudos e um aumento
populacional de lambaris, peixe-cachorro e talvez piranhas. Também deve ser levado
em consideração que este trecho de rio avaliado apresenta várias corredeiras as quais
serão afogadas com a formação do reservatórios, salienta-se que os efeitos
supracitados serão diminutos na PCH Aparecida a qual não possui área alagada e de
maiores magnitudes nos demais lagos das propostas PCHs, conforme ilustrado na
imagem abaixo onde o mesmo ilustra os níveis de água atual (rio atual) e
posteriormente com a instalação das PCHs em vazão normal (QMLT).
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Figura 1 - Níveis de água atual (rio atual) e posteriormente com a instalação das PCHs em vazão normal (QMLT).
720
740
760
780
800
820
840
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Co
ta (
m)
Distância (km)
Nivel d'água (NA) - QMLT
NA sem PCHs
NA com PCHs
Fundo do canal sem PCHs
Fundo do canal com PCHs
Eixo da PCH Barreiros
Eixo da PCH Criciúma
Eixo da PCH Araçá
Eixo da PCH Aparecida
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.
Do conjunto de PCHs avaliadas neste estudo, todas possuem trechos de vazão
reduzida. O fluxo da correnteza dos ecossistemas lóticos é o maior determinante de
habitats e, consequentemente, o principal determinante da composição biótica nestes
ambientes. Em rios pode ser encontrada uma intima associação entre habitat físico,
algas, plantas aquáticas, invertebrados e peixes.
Dentre os efeitos negativos reportados no trecho de vazão reduzida, destacam-
se alterações na composição taxonômica, declínio da riqueza e densidade, aumento
da competição por espaço físico e alimento, favorecimento da predação, diminuição de
habitats (DEWSON et al., 2007). Nos trechos a jusante dos reservatórios as vazões
residuais de baixa magnitude alteram a qualidade da água e a disponibilidade de
habitats para crescimento e forrageamento da biota sendo responsáveis pela redução
ou mesmo eliminação de algumas comunidades aquáticas. O fluxo de água lento e
constante interfere nos fatores abióticos mais importantes para a estrutura das
comunidades destacando-se a textura do sedimento, a temperatura e os teores de
oxigênio dissolvido na água, conforme simulações de nível e qualidade da água
realizados neste estudo e ilustrados abaixo.
As PCHs Barreiros, Criciúma e Araçá possuem um trecho de vazão reduzida
significativo, com 5070 metros, 2760 metros e 3500 metros, respectivamente. Já na
PCH Aparecida a distância é curta, de pouco mais de 500 metros.
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Com a análise de modelagem hidráulica, constatou-se que as maiores
influências com relação a diminuição dos níveis de água nos TVRs, será com a vazão
de QMLT, onde boa parte das vazões é desviada do rio para a geração de energia nas
PCHs. Com a implantação dos barramentos e consequente formação dos trechos de
vazão reduzida, observam-se reduções do nível d’água nas PCHs. Dentre estas, a
redução mais acentuada encontra-se no trecho de vazão reduzida da PCH Araçá, com
uma diminuição de 97 centímetros no nível d’água
Já em épocas de estiagem, em que a vazão do Rio Chapecó é igual a 50% da
Q98%, não há vazão sendo turbinada pelas PCHs, logo não há desvio de vazão,
sendo geralmente as vazões de estiagens com reservatórios de PCHs, maiores do
que atualmente quando situação natural de rio.
Figura 2 - Gráfico dos níveis d'água e velocidade - Cenário 50% da Q98%
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
1.4
1.6
710
730
750
770
790
810
830
850
0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 55 60 65
Ve
loci
dad
e (
m/s
)
Co
ta (
m)
Distância (km)
Nivel d'água (NA) x Velocidade - 50% da Q98%
Fundo do canal NA sem PCHs NA com PCHs Velocidade no canal sem PCHs Velocidade no canal com PCHs
Eixo da PCH Aparecida
Eixo da PCH Araçá
Eixo da PCH Criciúma
Eixo da PCH Barreiros
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.
Em geral, os resultados da modelagem indicaram que a implantação das PCHs
inventariada não irá alterar de maneira negativa as concentrações de oxigênio
dissolvido, DBO, nitrogênio orgânico, amônia, nitrito e fósforo.
É importante, ainda, destacar que poderá haver impactos negativos sobre a
qualidade de água de forma localizada em algumas regiões do reservatório não
identificadas nesta escala de análise e, também, nos trechos de vazão reduzida que
possuírem aportes significativos de matéria orgânica e nutrientes. Com a criação de
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trechos de vazões reduzidas, a qualidade de água nesses trechos fica condicionada
às concentrações dos tributários presentes neles.
Figura 3 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média– Nitrito e Nitrato.
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.
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Figura 4 - Resultado do modelo de qualidade de água – Cenário Futuro de vazão média - Fósforo.
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente e Engera, 2016.
A jusante da casa de máquinas com a vazão turbinada os impactos com a
fauna aquática tendem a ser menores, entretanto toda a distribuição de nutrientes é
afetada no sentido longitudinal do rio, interferindo no equilíbrio da biota aquática.
Para minimizar os efeitos supracitados, sugere-se que trechos livres eleitos no
inventário hidrelétrico em questão, sejam mantidos e consequentemente a diversidade
e riqueza de espécies que dependam destes ambientes para manter seu ciclo de vida.
Também se percebe que atualmente a jusante da proposta PCH Aparecida
existe trecho livre de rio com aproximadamente 15.000,00 metros até o remanso do
lago da PCH São Domingos e a montante da PCH Barreiros também de 15.000,00
metros até a casa de força da PCH Rondinha em operação. Entre as PCHs
inventariadas e em estudo o maior trecho livre de rio esta entre o final da PCH
Aparecida e a casa de força da PCH Araçá com 11.035,00 metros.
10.2.1.3 Impactos das PCHs na composição da comunidade de Phrynops williamsi do Médio e Alto Rio Chapecó
Na bacia do Rio Chapecó há o registro de duas espécies de cágados,
Phrynops hilarii e Phrynops williamsii, a primeira espécie foi registrada durante o
enchimento do lago na UHE Quebra-Queixo (HARTMANN E GIASSON, 2008) e a
segunda foi registrada entre os municípios de Quilombo e Marema, abaixo da
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confluência do rio Chapecozinho (SPIER et al., 2011). Assim é possível que parte do
deslocamento destas espécies para áreas a montante do UHE Quebra-Queixo estão
agora dificultadas devido à implantação deste empreendimento, além de
provavelmente as temperaturas mais baixas nas áreas do alto Rio Chapecó
dificultarem a sobrevivência de répteis aquáticos.
Desta forma, não são esperados conflitos dos empreendimentos com répteis
deste gênero. No entanto, para instalação de novos empreendimentos na bacia estes
devem atentar-se para a possível presença de Phrynops williamsi, devido à esta
espécie ser Vulnerável de extinção em Santa Catarina e também por ser espécie alvo
do Plano de Ação Nacional para Conservação de Anfíbios e Répteis do Sul do Brasil
(PORTARIA ICMBio nº 25/2012).
10.3 FAUNA RELACIONADA AOS ECOSSISTEMAS TERRESTRES
A instalação de empreendimentos hidrelétricos também pode gerar conflitos no
âmbito da conservação ambiental. Especialmente devido ao trecho da bacia abranger
remanescentes de áreas florestais e campos naturais, abrigando diversas espécies
ameaçadas ou em declínio populacional conforme o diagnóstico apresentado no
capítulo sobre ecossistemas terrestres.
Porém conforme observado na análise de ecologia da paisagem que os
impactos relacionados a implantação das quatro PCHs inventariadas e aqui
analisadas, são irrelevantes com relação a fragmentação florestal da bacia como um
todo.
A instalação de empreendimentos pode resultar na supressão de áreas usadas
por diversas dessas espécies. Porém, deve-se atentar também que muitos locais da
bacia são usados para fins agropecuários, muitas vezes em áreas que seriam APPs.
Desta forma, um controle adequado e planejado do uso do solo, poderia resultar em
uma melhor sustentabilidade entre empreendimentos hidrelétricos, APPs e áreas
agrícolas.
Ainda conforme o projeto FRAG-RIO o trecho de bacia hidrográfica abordado
no presente estudo está localizado em área intermediária entre as consideradas de
alto e baixo potencial de riqueza de espécies conforme demonstra a figura abaixo.
Fato também reforçado pelos dados obtidos no diagnóstico apresentado no capítulo
do meio biótico, em que quase todos os grupos taxonômicos estudados tiveram
registros de elevadas riquezas de espécies. Com a avifauna possuindo 351 espécies,
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das quais 4,27% apresentam algum grau de ameaça; herpetofauna com 76 espécies e
uma vulnerável de extinção; e mastofauna com 71 espécies, das quais 19,71%
possuem algum grau de ameaça.
Esses dados refletem a importância da região do médio e alto Rio Chapecó
para fins de conservação destes grupos, o fato de nenhuma destas espécies
ameaçadas serem considerada como constantes, ou seja, registradas em mais de
50% dos municípios do trecho em análise, reflete que estas já possuem uma elevada
raridade na bacia. Desta forma, a inserção de empreendimentos em áreas que
possam já ter o registro de ocorrência de espécies ameaçadas na bacia pode
potencializar seus impactos ambientais, devendo tais instalações incidir
preferencialmente em áreas sem a proximidade de tais espécies.
Figura 5. Riqueza potencial de vertebrados no alto rio Uruguai, vermelho indica alto potencial, lilás baixo potencial.
Fonte: Projeto Frag-Rio.
10.4 FLORA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA TERRESTRE
A partir das considerações da flora arbórea, apontadas no capítulo de
ecossistemas terrestres, onde se afirma que os fragmentos presentes nas áreas
estudadas sob influência dos empreendimentos projetados configuram-se de
ambientes perturbados florísticamente e com visíveis sinais de degradação das
florestas.
O cenário atual é produto do desenvolvimento humano, o qual seja pela
abertura das florestas para exploração dos recursos naturais, seja pelo avanço das
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fronteiras agrícolas, acarreta na diminuição das áreas de preservação e fragmentos de
matas e consequentemente na perda da biodiversidade regional. Em contexto geral,
este panorama da paisagem repercute diretamente em uma visão de áreas
fragmentadas, configurando um mosaico de múltiplos uso do solo pela economia
agrossilvipastoril predominante na região.
Neste sentido, visando a manutenção e conservação biológica, a atual
legislação em vigor, exige a delimitação das Áreas de Preservação Permanente ao
longo dos cursos hídricos em território nacional. Esta exigência, além de promover a
proteção da biodiversidade, dirige também a preservação da qualidade das águas dos
rios, em função do papel ecológico da vegetação ciliar. As áreas de preservação
permanente promovem também a interação e migração da fauna ao longo dos rios,
uma vez que, é desenvolvida uma faixa de vegetação que acompanha os gradientes
do curso hídrico.
De acordo com o novo Código Florestal, lei nº: 12.651 e lei n°:12.727 (BRASIL,
2012):
Art. 4o: Considera-se Área de Preservação Permanente, em zonas rurais ou
urbanas, para os efeitos desta Lei:
(...) II - as áreas no entorno dos lagos e lagoas naturais, em faixa com largura mínima de: a) 100 (cem) metros, em zonas rurais, exceto para o corpo d’água com até 20 (vinte) hectares de superfície, cuja faixa marginal será de 50 (cinquenta) metros; b) 30 (trinta) metros, em zonas urbanas; III - as áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais, na faixa definida na licença ambiental do empreendimento;
Pelo exposto, os empreendimentos projetados ao longo do trecho do médio Rio
Chapecó, estão submetidos à legislação citada, sendo portanto necessária a criação
de uma faixa de 30 metros de APP em cada margem, a partir do limite normal do nível
dos reservatórios.
A partir dos projetos básicos de cada empreendimento, as áreas de
reservatório, APP’s das margens e potências seguem resumidas na tabela abaixo.
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Tabela 1 - Resumo dos aproveitamentos hidrelétricos no trecho de estudo, e suas respectivas áreas de reservatório, APP e potência.
Aproveitamento Área do
Reservatório (ha)
Calha do rio
Área alagada
(ha)
Área da APP30m
(ha)
Potência Instalada
(MW)
Potência Média
Gerada (MW)
PCH Barreiros 207,85 76,10 131,75 98,82 22,14 12,48
PCH Criciúma 77,23 37,36 39,84 42,5 6,70 3,74
PCH Araçá 54,71 41,25 13,46 50,66 3,30 1,79
PCH Aparecida 1,16 0,28 0 0,38 7,60 4,19
TOTAL 340,04 153,46 186,58 192,36 39,74 22,20
* incluso área da calha do rio Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.
Observa-se que em conjunto, os empreendimentos promoverão uma área
alagada de 340,04 hectares, a qual corresponderá uma área de preservação de
192,36 hectares. De forma individualizada, as PCHS Araçá, Criciúma e Aparecida,
configuram as menores áreas de preservação (93,54), distinto caso da PCH Barreiros,
cuja influência do proposto reservatório proporcionará uma área de preservação de
98,82 hectares.
A tabela abaixo ilustra a proporção de APP criada por área efetiva alagada, a
qual inclui as áreas dos reservatórios com as áreas das calhas do rio. Pode ser
registrado que as PCHs Aparecida e Araçá configuram valores mais elevados de área
preservada por área efetiva alagada. Já as PCHs Criciúma e Barreiros envolvem
menores proporções, isso se deve ao fato do elevado tamanho dos reservatórios
propostos influenciarem maiores áreas de preservação, o que afeta a média calculada.
Tabela 2 - Proporção de área de preservação projetada por área efetiva alagada das PCHs propostas no trecho de estudo do Rio Chapecó.
Aproveitamento
Potência
Média Gerada
(MW)
Área
alagada
(ha)
Área efetiva
alagada
Área da
APP30m
(ha)
APP criada
/Área
Efetiva
Alagada
PCH Barreiros 12,48 207,85 131,75 98,82 0,75
PCH Criciúma 3,74 77,23 39,84 42,5 1,07
PCH Araçá 1,79 54,71 13,46 50,66 3,76
PCH Aparecida 4,19 1,16 0 0,38 0,00
Total 22,20 340,04 185,05 192,36 1,03
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.
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Para melhor explicar a tabela acima, obtemos em paralelo resultados de
métricas da paisagem, onde foi calculada a alteração nas métricas da paisagem após
a devida recomposição das APPs no entorno dos aproveitamentos (PCHs do
inventário em questão). Para os fins da análise, se considerou a recomposição mais
conservadora possível, com APPs de 30m. Os resultados são apresentados abaixo:
Figura 6 - Alteração no MQA entre a análise de não instalação e instalação das PCHs no trecho de inventário, mostrando que com a recomposição das APPs, algumas regiões de análise apresentam melhoria nas métricas da paisagem em relação ao Cenário atual.
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.
Analisando os resultados, das alterações imediatas após a implantação dos
aproveitamentos, 70 regiões de análise na bacia tem resultados negativos; após a
recomposição das APPs 46 regiões de análise continuam com resultados negativos,
ao passo que 24 regiões de análise apresentam melhorias dos indicadores da
paisagem. Contudo, ainda que os resultados apresentem mais regiões com pior dos
indicadores da paisagem que regiões com efetiva melhoria, alguns pontos merecem
atenção:
Mesmo considerando-se o as alterações ocorridas entre o Cenário atual e logo
após a implantação dos aproveitamentos, somente 70 (2,01%) das 3.470 regiões de
análise são impactadas, demonstrando que os impactos são localizados.
A recomposição das APPs afeta positivamente 24 regiões de análise (0,7% do
total). Porém, esse porcentual considera a recomposição de apenas 30m de APP,
indiscriminadamente. Estudos mais aprofundados no licenciamento ambiental de cada
empreendimento, realizados em escalas maiores, podem apontar oportunidades de
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melhoria de conectividade, diminuição da fragmentação, e efetiva compensação da
perda de cobertura existente.
Com base nos dados apresentados, algumas conclusões podem ser tomadas
nesse presente momento:
Os impactos sobre a paisagem são localizados, e afetam parte reduzida da
bacia.
Parte desses impactos são compensados mesmo se tomando como base uma
recomposição mínima das APPs, sem otimização das mesmas.
Estudos subsequentes podem apontar otimizações nas APPs, melhorando os
indicadores de conectividade, cobertura florestal e fragmentação. Esses estudos
devem ser realizados em escalas maiores para cada aproveitamento.
A próxima tabela exibe a relação entre área alagada e a potência média do
aproveitamento instalado, onde se observa um melhor aproveitamento de área
alagada em termos energéticos da PCH Barreiros, em relação às demais.
Tabela 3 - Relação entre as áreas alagadas e a potência média instalada dos empreendimentos propostos.
Aproveitamento
Potência
Média
Gerada
(MW)
Área
reservatório
Área efetiva
alagada
Relação Área Alagada/
Potência Média
PCH Barreiros 12,48 207,85 131,75 10,55
PCH Criciúma 3,74 77,23 39,84 10,65
PCH Araçá 1,79 54,71 13,46 7,51
PCH Aparecida 4,19 1,16 0,00 0,00
Total 22,20 340,04 185,05 8,33
Fonte: Desenvolver Engenharia e Meio Ambiente, 2016.
Cabe ainda, aos empreendimentos propostos de acordo com os projetos
básicos a definição das áreas de supressão de vegetação, para instalação dos
reservatórios e estruturas, as quais afetam as comunidades vegetais e ecossistemas
associados. De acordo com a lei nº 11.428 de 22 de dezembro de 2006 em seu Artigo
14:
Art. 14. A supressão de vegetação primária e secundária no estágio avançado de regeneração somente poderá ser autorizada em caso de utilidade pública, sendo que a vegetação secundária em estágio médio de regeneração poderá ser suprimida nos casos de utilidade pública e interesse social, em todos os casos devidamente caracterizados e motivados em procedimento administrativo próprio, quando inexistir alternativa técnica e locacional ao empreendimento proposto, ressalvado o disposto no inciso I
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do art. 30 e nos §§ 1o e 2o do art. 31 desta Lei (BRASIL, 2006).
Neste aspecto o artigo 17 define a compensação ambiental:
Art. 14. O corte ou a supressão de vegetação primária ou secundária nos estágios médio ou avançado de regeneração do Bioma Mata Atlântica, autorizados por esta Lei, ficam condicionados à compensação ambiental, na forma da destinação de área equivalente à extensão da área desmatada, com as mesmas características ecológicas, na mesma bacia hidrográfica, sempre que possível na mesma microbacia hidrográfica, e, nos casos previstos nos arts. 30 e 31, ambos desta Lei, em áreas localizadas no mesmo Município ou região metropolitana. (BRASIL, 2006).
Para efeitos, a legislação é complementada pela Resolução CONAMA nº 388,
de 23 de fevereiro de 2007 a qual “convalida as resoluções estaduais sobre as
definições de estágio sucessional do bioma Mata Atlântica” (CONAMA, 2007), sendo
no estado de Santa Catarina a definição na resolução nº 04 de 4 de maio de 1994
(CONAMA, 1994).
Neste aspecto com a instalação dos empreendimentos propostos, projeta-se a
criação de uma grande área de compensação ambiental, relativa às suas áreas de
supressão, e destinada à proteção dos ecossistemas regionais e manutenção da
biodiversidade. Caso a aplicabilidade incida sobre a bacia do Rio Chapecó, que se
caracteriza de forma mais adequada em virtude dos empreendimentos influenciarem o
corpo hídrico, pode-se prever a possibilidade de ampliação de fragmentos protegidos e
complementarem o Corredor do Rio Chapecó, estabelecido de acordo com o decreto
estadual nº 2.957/2010 (SANTA CATARINA, 2010).
Ressalta-se que a supressão e a compensação ambiental são melhores
esclarecidas nas etapas de licenciamento cabíveis, sendo de escopo dos
empreendedores o protocolo dos respectivos estudos e do órgão ambiental a análise e
fiscalização.
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10.5 FLORA RELACIONADA AO ECOSSISTEMA AQUÁTICO
10.5.1 Flora Reofítica
Conforme os resultados observados no Capítulo 3.1, referente aos
ecossistemas terrestres e componente florístico, o Rio Chapecó abriga uma distinta
composição florística de espécies reófitas. Ao longo do trecho de estudo, dos
empreendimentos inventariados, foram registradas espécies das duas classes de
reófitas, algumas as quais são citadas como endêmicas e com poucos registros de
ocorrência para o estado (Colliguaja brasiliensis, Mourera cf weddelliana, Marathrum
azarensis, Echinodorus cf reptiles).
Neste aspecto, são necessários estudos mais detalhados para o
reconhecimento das interferências dos empreendimentos sobre as espécies reófitas
citadas, visando salvaguardar a biodiversidade deste componente biótico e
manutenção do ecossistema reofítico. Ações como levantamento das espécies, coleta
de propágulos e realocação para ambientes que favoreçam o desenvolvimento destas
espécies são alternativas; contudo, devem ser avaliadas por profissional com
experiência na área sobre sua eficácia. Existem alternativas que envolvem a
necessidade da criação de trechos livres do rio, com ambientes de corredeiras e
lajeados que favoreçam a colonização do componente reofítico, funcionando como
refúgio das populações de flora afetadas.
10.5.2 Macrófitas Aquáticas
Citado no capítulo 3.1, o levantamento de macrófitas aquáticas identificou uma
riqueza de espécies com potencialidade invasora ao longo do trecho de interesse do
Rio Chapecó. Como é conhecida, a problemática das populações de macrófitas
aquáticas afeta diretamente a qualidade da água e ecologia dos ecossistemas
aquáticos, podendo levar em casos graves de eutrofização.
Neste aspecto, as PCHs previstas para instalação ao longo do Rio Chapecó
devem apresentar plano de monitoramento de macrófitas aquáticas trimestral, ao
longo das fases de instalação e operação, sendo estendido durante a operação
conforme o comportamento das populações. Essa necessidade se dá ao fato, do Rio
Chapecó apresentar ocorrência de espécies potenciais invasoras de macrófitas, e
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empreendimentos locados a montante e jusante do trecho já terem apresentado
problemáticas com a questão de explosões populacionais destas espécies.
10.6 INFRAESTRUTURA
Analisando as características histórias de ocupação, diversos núcleos urbanos
foram se desenvolvendo ao longo dos rios devido as necessidades de sobrevivência,
como no caso do Rio Chapecó.
Convém destacar que os empreendimentos não afetam aglomerados
populacionais ao trecho do inventario. Pode-se afirmar que os impactos decorrentes
da implantação dos aproveitamentos hidrelétricos é baixo, podendo ocorrer a primeira
vista em estradas vicinais e estruturas de algumas propriedades, que conforme
analisado, são de baixa magnitude, não havendo necessidade de deslocamento
populacional.
Outro possível impacto está relacionado à chegada de trabalhadores e da
população associada, provocando uma pressão adicional sobre a infraestrutura urbana
e de serviços.
O aumento de pressão sobre a infraestrutura de saúde é outro impacto
decorrente do aumento da população com a implantação das obras, impondo risco de
alteração no quadro de saúde pública.
10.6.1 Atividades turísticas e Impacto em áreas de relevância cênica
A Bacia do Rio Chapecó é um importante polo turístico em decorrência das
belezas naturais. No trecho de inventário um dos principais polos turísticos da região é
o município de Abelardo Luz.
Os aspectos de possíveis conflitos estão relacionados aos impactos em áreas
de relevância cênica e perturbação durante as obras, nesse sentido se destaca
principalmente o conflito com a futura PCH Aparecida e Parque Aquático Prainha
Camping. Apesar de não atingir diretamente o parque-camping, e seu projeto de
engenharia propor maior vazão sanitária do que a exigida, diminuição significativa de
supressão vegetacional, mesmo assim, a implantação desta PCH, poderá influenciar
alterando a beleza cênica original, por mais diminuta que esta alteração seja.
Entretanto, a implantação da PCH Aparecida, poderá ser mais um atrativo turístico no
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AAI – Médio Rio Chapecó
CAPÍTULO 04 - IDENTIFICAÇÃO DE CONFLITOS
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DESENVOLVER – Engenharia e Meio Ambiente. CNPJ/MF: 19.335.965/0001-63. Rua 7 de Abril, 3489. Bairro Parque Jardim Ouro – Ouro/SC. CEP: 89.663-000. Fone: 49 9927-2232 ou 49 3555-5940.
local, onde já ocorre turismo, atraindo mais turistas e potencializando a visitação deste
ambiente do município e região.
Conflitos de uso da terra
O conflito de uso da terra está relacionado a alteração de relações econômico-
sociais das quais os grupos sociais dependem e dispõem para garantir sua
sobrevivência.
Nesse sentido, o conflito está relacionado com as áreas agricultáveis,
observando que conforme Nota Técnica n° 080/2011-SGH/ANEEL de solicitação da
revisão de inventário hidrelétrico determinava que evitasse a inundação de áreas
utilizadas para lavoura, que no trecho chegam a R$ 25.000,00 por hectare, optando
em caso de possibilidade de escolha, pela inundação de áreas de terreno pedregoso
normalmente usadas para atividades de reflorestamento e valor bem inferior.
Outro conflito observado está relacionado com as áreas pertencentes ao
INCRA, situadas no trecho em análise, que segundo a Nota Técnica da ANEEL
supracitada, que propõe evitar ao máximo a inundação de áreas de assentamentos do
Programa Nacional de Reforma Agrária, alguns instalados há mais de 15 anos.
10.6.2 Alteração na taxa de emprego
A construção da usina, abrange um imenso de conjunto materiais,
equipamentos, que serão adquiridos, fortalecendo vários segmentos econômicos,
além de bens e serviços regionalmente e localmente providos.
Prevê também um aumento da oferta de emprego durante a construção e
operação do projeto, acarretando no aquecimento das economias municipais.
Incremento do valor adicionado fiscal municipal e estadual.
As hidrelétricas, na qualidade de empreendimentos produtores de energia
elétrica, aumentam o PIB municipal e incrementam as receitas públicas municipais.
Esse impacto é considerado de natureza positiva, considerando que ocorre o aumento
expressivo na arrecadação de ISS e ICMS (retorno do ICMS estadual aos municípios),
no município que sedia a casa de máquinas.
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