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UNIVERSIDADE CIDADE DE SÃO PAULO – UNICID
MESTRADO EM ORTODONTIA
CAROLINA MATTAR
AVALIAÇÃO DA ALTURA DA CANALETA DE BRAQUETES DOS INCISIVOS NA PRESCRIÇÃO DE ROTH
São Paulo
2011
CAROLINA MATTAR
AVALIAÇÃO DA ALTURA DA CANALETA DE BRAQUETES DOS INCISIVOS NA PRESCRIÇÃO DE ROTH
Dissertação apresentada à Universidade
Cidade de São Paulo (UNICID) como
parte dos requisitos para obtenção do
título de Mestre em Ortodontia.
Orientador:
Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho
São Paulo
2011
FICHA CATALOGRÁFICA
Ficha elaborada pela Biblioteca Prof. Lúcio de Souza. UNICID M435a
Mattar, Carolina Avaliação da altura da caneleta de Braquetes dos incisivos na prescrição da Roth / Carolina Mattar --- São Paulo, 2011. 61 p.; anexos Bibliografia Dissertação (Mestrado) - Universidade Cidade de São Paulo. Orientador do Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho 1. Ortodontia Corretiva 2. Braquetes Ortodônticos. 3. Ortodontia I. Carvalho, Paulo Eduardo Guedes. II. Titulo.
D4
AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL
DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU
ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE
CITADA A FONTE E COMUNICADO AO AUTOR A REFERÊNCIA DA
CITAÇÃO.
São Paulo, 06/12/2012
Assinatura: ____________________ e-mail: [email protected]
FOLHA DE APROVAÇÃO
Mattar, C. Avaliação da altura da canaleta de braquetes dos incisivos na prescrição de Roth. [Dissertação].São Paulo: Universidade Cidade de São Paulo; 2011.
São Paulo, 06/12/2011.
Banca Examinadora
1) Prof. Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho Julgamento:............................................. Assinatura:.............................................
2) Prof. Dr.Rívea Inês Ferreira Julgamento:............................................. Assinatura:.............................................
3) Prof. Dr.Renata castro Julgamento:............................................. Assinatura:............................................. Resultado: Aprovada......................................................................................................
Dedicatória
Dedico esse trabalho à minha querida avó Ilayr que me acolheu novamente
e me deu o prazer de ter a sua companhia ao longo de mais esta etapa da minha
vida.
Meus Sinceros Agradecimentos
Ao meu esposo, Eudon, pela ajuda, carinho e incentivo. Sem você ao meu
lado não teria conseguido.
Aos meus pais, Antonio e Rosa Maria Mattar, pelo apoio, incentivo, por acreditarem em mim. Ensinaram-me as primeiras lições sobre viver, amar,
respeitar, em ser honesta ética e humilde. Vocês são meu exemplo de luta, força e determinação.
Ao meu irmão André e minha cunhada Priscila, pela valorização do estudo
e exemplo de vida.
Ao meu irmão Alexandre e minha cunhada Cíntia, pelo apoio, amizade e companheirismo.
A minha sobrinha e afilhada Isabela pelo carinho, alegria e descontração.
As minhas sócias Michelle e Lilian pela preocupação com o trabalho bem realizado, com a busca constante para ser sempre melhores como
profissionais e pessoas.
A minha querida amiga Andréia que me mostrou outro lado muito importante da vida, que me apoiou e me ensinou muita coisa durante esta etapa.
A todos os meus familiares e amigos.
Ao orientador deste trabalho, Dr. Paulo Eduardo Guedes Carvalho, por me
ajudar nesta etapa difícil e muito importante da minha vida. Obrigada por ter me
atendido todas as vezes que foram necessárias para que este trabalho fosse
realizado.
Às amigas e colegas, Maíra, Bruna e Michelle que me estimulam pela
constante busca de aprimoramento na vida acadêmica.
Ao Marcus Crepaldi e Adriana Crepaldi que sempre me estimularam e apoiaram na vida profissional e acadêmica.
Aos meus alunos e colegas que, com seus questionamentos, são os
meus estímulos constantes na busca de aprimoramento.
Aos meus pacientes que, mesmo sem perceberem, são minha fonte e estímulo de sempre buscar o melhor.
Aos colegas de Mestrado Viviane, Caroline, Aluana, Rodrigo,Vitor, Alessandro, Leonardo, Alaor, Daniel, Cristiano.
Ao Prof. Dr. Flávio Vellini-Ferreira, pelo exemplo de empreendedorismo e
determinação.
Ao Prof. Dr. Hélio Scavone Jr, que mesmo pelo pouco tempo e contato juntos, foi muito importante nesta trajetória.
A ProfªDrªRívea Inês Ferreira, que é um exemplo de professora e pessoa, muito
obrigada pela sua contribuição nesta trajetória.
Aos professores do Mestrado da UNICID, Prof. Dr. Acácio Fuzyi,ProfªDrª Ana Carla RaphaelliNahás, ProfªDrª Daniela Gamba Garib Carreira,Prof. Dr.
Danilo Furquim Siqueira, Prof. Dr. Flávio Augusto Cotrim-Ferreira, ProfªDrªKaryna Martins do Valle-Corotti.
À funcionária Arlinda por estar sempre disposta a ajudar.
Ao escritório de Arquitetura Lino.A pela contribuição nas medições para esta
pesquisa.
À empresa Abzil - 3M Unitek, pela contribuição ao conhecimento da fabricação dos braquetes.
Ao colega Rui Carlos Gomes de Azevedo por ter se dedicado e contribuído para
esta linha de pesquisa sobre braquetes.
A TODAS as pessoas que de uma maneira ou de outra me ajudaram na realização deste trabalho.
Resumo
vii
Mattar, C. Avaliação da altura da canaleta de braquetes dos incisivos na prescriçãode Roth.[Dissertação]. São Paulo: UNICID; 2011. RESUMO Esta pesquisa avaliou a precisão da altura da canaleta de 360 braquetes de incisivos da prescrição Roth com .022”, produzidos pelas marcas Abzil, GAC, Morelli, Ormco, RMO e Unitek. O objetivo foi verificar se a altura da canaleta estava de acordo com os valores prescritos pelo autor e comparar os valores da altura real da canaleta encontrado entre as seis marcas pesquisadas. As imagens dos braquetes foram obtidas através de um Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) e mensuradas pelo software AutoCAD 2011. Os resultados foram analisados pelo teste paramétrico de ANOVA, e o teste de normalidade foi realizado por Shapiro Wilk e pelo teste de Levene, que apontou todos os valores P > 0,05, portanto não significantes a 5%. Quando comparado as marcas comerciais, foi utilizado o teste de Tukey HSD. A tolerância foi de 0,56mm a 0,60mm de acordo com a norma DIN 13971 e 13971-2. Quando comparado entre as marcas comerciais, os incisivos centrais superiores formaram dois grupos principais (Morelli e Ormco), com tamanhos estatisticamente superiores da altura da canaleta e outro grupo (Abzil, GAC, Rocky e Unitek) semelhantes entre si, porém de tamanhos menores. Em relação aos braquetes dos incisivos laterais superiores, a ordem da altura da canaleta foi decrescente da marca Ormco seguida pela Morelli e após as outras marcas Unitek, Abzil, GAC e Rocky. Já os braquetes dos incisivos inferiores foram divididos em dois grupos seguindo a ordem decrescente: Morelli, Ormco e Rocky, e após Abzil, Unitek e GAC. A amostra toda apresentou a altura da canaleta menor quando comparada com a prescrição e abaixo do valor da tolerância dada pela norma DIN. Espera-se que mais pesquisas envolvendo materiais ortodônticos sejam realizadas para que a conscientização em relação à precisão das dimensões dos braquetes se acentue tanto para os ortodontistas como para os fabricantes.
Palavras-chave: Braquetes Ortodônticos; Incisivo; Ortodontia Corretiva.
Abstract
viii
Mattar, C. Assessment of the slot hight of incisors brackets in Roth prescription[Master’s Thesis] São Paulo: Dental School, Unicid, 2011. ABSTRACT This study evaluated the accuracy of slot’s height of 360incisorbrackets. Those brackets arewith.022” Roth prescription, produced by commercial brands Abzil, GAC, Morelli, Ormco, RMO and Unitek. The aim of this study was to determine whether slot’s height was in accordance with those prescribed by the author and to compare the actual slot’s height found among the six brands studied. The images of the brackets were obtained from a Scanning Electron Microscope(SEM) and measuredbyAutoCAD2011.The results were analyzed by parametric ANOVA, and tested by Shapiro Wilk and Levene test, which showed P >0.05, so it is not significant at5%. When the brackets were comparing among the brands, it was used Tukey HSD test. The tolerance of slot’s height was 0.56mmto0.60mmaccording toDIN13971and13971-2. When the brackets were comparingamong the brands, the upper incisors formed two main groups (Morelli and Ormco) with the slot sizes statistically superior height and another group (Abzil, GAC, Rocky and Unitek) similar but with smaller sizes. In relation to the brackets of the upper lateral incisors, the order of decreasing slot’s height was followed by Ormco after Morelli, and then the other brands Unitek, Abzil, GAC and Rocky.The brackets of the lower incisors were divided into two groups following descending order: Morelli, Ormco and Rocky and after Abzil, Unitek and GAC. The whole sample showed that the slot’s height was smaller when compared with the prescription and below the tolerance given by DIN. It is hoped that further research involving orthodontic materials are made so that the awareness of the accuracy of the dimensions of the brackets accentuates for the orthodontists as to manufacturers.
Key words: Orthodontic Brackets; Incisor; Corrective Orthodontics.
Lista de Quadro e Tabelas
ix
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 01 – Relação das marcas comerciais dos braquetes e seus respectivos modelos e empresas fabricantes...............................................................................56
Tabela 5.1 – Parâmetros Estatísticos e Estatística Descritiva dos dados experimentais. (unidade = mm).................................................................................70
Tabela 5.2 - Parâmetros estatísticos e teste T pareado entre a Primeira e a Segunda Medição .....................................................................................................71
Tabela 5.3 – Coeficiente de repetibilidade** de 95% do método de medição...........71
Tabela 5.4 – Teste de normalidade de Shapiro-Wilk (SW), para a variável dependente (Dc)........................................................................................................73
Tabela 5.5 – Teste de homogeneidade de Levene, para a variável dependente (Dc) ...........................................................................................................................73
Tabela 5.6 – Análise de variância de fator único, para a variável dependente “Ac” para todos os grupos de braquetes ICS, ILS e IncINF. .............................................74
Tabela 5.6– Testede Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo ICS. ....................................................................................................................75
Tabela 5.7 – Testede Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo ILS ......................................................................................................................77
Tabela 5.8 – Testede Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo IncINF.................................................................................................................78
Tabela 5.9 – Testes de normalidade de Shapiro Wilk (SW), para a variável “Ac”,para todas as marcas comerciais em função do tipo de braquete.....................81
Tabela 5.10 – Testes ‘”t” para uma amostra, para cada merca comercial, contra os valores de referência [0,56 (+ 0,04)].....................................................................82
Lista de Quadro e Tabelas
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1:Dimensão do braquete, de acordo com as normas pré estabelecidas pelo ISO ........................................................................................................................52
Figura 2: Entrada do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de Materiais da Universidade de São Paulo. .................................................................................57
Figura 3: Laboratório de Microscopia Eletrônica e de Força Atômica ......................58
Figura 4: Base de prova em alumínio.......................................................................59
Figura 5: Base de prova com braquetes na posição de captação da imagem – Modelo Piloto.............................................................................................................59
Figura 6: Estrutura de madeira com canaleta guia...................................................60
Figura 7: Estrutura de madeira com papel milimetrado colado em sua superfície, com linhas paralelas e perpendiculares às bases de prova posicionadas para colagem.....................................................................................................................61
Figura 8: Estrutura de madeira com os segmentos de fio guia para colagem..........61
Figura 9: Posicionamento dos braquetes sobre a base de prova, padronizado pela estrutura de madeira. ........................................................................................62
Figura 10: Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV, modelo Philips XL- 30, com sistema EDS (EDAX).........................................................................................63
Figura 11: Obtenção dos pontos C1 e I1..................................................................64
Figura 12: Obtenção dos pontos C2 e I2..................................................................65
Figura 13: Obtenção das linhas LC e LI. ..................................................................66
Figura 14: Todos os pontos de referências. .............................................................66
Figura 15: Medida da altura da canaleta, após duas medições, determinar a distância entre os pontos C1 e I1 e os pontos C2 e I2. .............................................67
Lista de Figuras
Lista de Quadro e Tabelas
xi
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
MEV Microscópio eletrônico de varredura
ICS Incisivo central superior
ILS Incisivo lateral superior
IncINF Incisivos inferiores
t Grandeza calculada pela aplicação do teste t Student
dp Desvio padrão
etal E colaboradores
% Percentagem
“ De polegada
+ Sinal de positivo
° Graus
x Por ...
mm Milímetros
RMO Rocky Mountain Orthodontics
cm Centímetros
USP Universidade de São Paulo
DIN Deutsches Institut für Normung
Lista de Abreviaturas e Símbolos
Lista de Gráficos
xii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 5.1– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ICS) ...........................................................................................76
Gráfico 5.2– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ILS)............................................................................................78
Gráfico 5.3– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (IncINF).......................................................................................79
Gráfico 5.4 – Ilustração dos intervalos de confiança de 95% para todas as condições experimentais deste trabalho, plotados contra a faixa de referência de 0,56mm (+ 0,04mm). .................................................................................................83
Sumário
SUMÁRIO
RESUMO...................................................................................................................vii ABSTRACT..............................................................................................................viii LISTA DE QUADROS E TABELAS .......................................................................... ix
LISTA DE FIGURAS...................................................................................................x
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS ..............................................................xi LISTA DE GRÁFICOS ..............................................................................................xii 1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................16
2. REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................20
3. PROPOSIÇÃO ......................................................................................................53
4. MATERIAL E MÉTODOS .....................................................................................55
4.1 Material................................................................................................................55
4.1.1 Material de Pesquisa........................................................................................56
4.2 Métodos...............................................................................................................57
4.2.1 Confecção das bases de prova ........................................................................59
4.2.2 Posicionamento dos braquetes ........................................................................60
4.2.3 Obtenção das imagens dos braquetes.............................................................62
4.2.4 Demarcação dos pontos de referência.............................................................63
4.2.5 Mensuração da dimensão da canaleta do braquete.........................................66
4.3 Análise Estatística ...............................................................................................67
4.4 Estimativa de Erro de Método .............................................................................68
5. RESULTADOS......................................................................................................70
5.1 Avaliação comparativa da altura da canaleta dos braquetes dos incisivos
superiores e inferiores na técnica de Roth ................................................................70
5.2 Análise da Repetibilidade....................................................................................71
5.3 Modelo Experimental para Comparação entre as Marcas Comerciais................72
5.3.1 Teste de normalidade.......................................................................................72
5.3.2 Teste de homogeneidade de variâncias...........................................................73
5.4 Análise de Variância (ANOVA)............................................................................74
5.4.1 Teste de múltipla comparação de Tukey HSD. ................................................75
5.4.2 Comparações com os valores de referência ....................................................80
Sumário
5.4.3 Testes de normalidade dos resíduos de Shapiro Wilk .....................................81
5.4.4 Testes “t” para uma amostra ............................................................................82
6. DISCUSSÃO.........................................................................................................85
7. CONCLUSÕES .....................................................................................................98
8. REFERÊNCIAS...................................................................................................100
ANEXO ...................................................................................................................105
Introdução 16
1. INTRODUÇÃO
A Ortodontia vem através do tempo em busca de conhecimento e
aprimoramento dos procedimentos mecânicos, através de uma ciência meticulosa e
bem fundamentada, objetivando a correção do mau posicionamento dentário, com
base no princípio científico da oclusão dentária normal (VILELLA, 2007).
O tratamento ortodôntico é composto por braquetes que transmitem força
através de fios ligados ao mesmo promovendo a movimentação da coroa e da raiz
dos dentes. Ao longo dos anos foram desenvolvidos vários aparelhos ortodônticos
com várias filosofias, mas foi Angle (1925) o primeiro a organizar sistematicamente,
ações que possibilitassem um tratamento ortodôntico com respostas mais
significativas, onde seus estudos originaram a Técnica de Edgewise (arco de canto).
Em 1972 Andrews desenvolveu a técnica Straight-Wire a partir da compreensão da
oclusão dentária ideal que incluía sua pesquisa das seis chaves de oclusão. Arcos
retangulares eram usados nos braquetes pré-ajustados provocando o movimento do
torque, revolucionando assim, as técnicas de movimentação ortodôntica. Os
braquetes pré-ajustados foram projetados com o objetivo de usar arcos sem dobras,
contudo, apesar da incorporação das características ideais de angulações e torque
na estrutura de tais braquetes, em alguns casos existiria ainda a necessidade de
realização de dobras e torques adicionais.
Com a evolução dos braquetes, vários autores propuseram diversas
prescrições baseadas daquela sugerida por Andrews, porém com angulações e
torques diferentes. Ronald Roth, discípulo de Lawrence Andrews, após a sua
graduação na Universidade de Loyola, em Chicago, começou a interessar-se por
oclusão funcional, pois tinha certeza de que a dinâmica da oclusão estava envolvida
Introdução 17
em obter resultados ortodônticos saudáveis e estáveis. Após um período de cinco
anos de tentativas e erros, e de algumas modificações nos valores normais de
Andrews, Roth conseguiu reunir elementos clínicos checando os resultados através
de fotografias de seus pacientes durante o tratamento e durante a contenção. Os
resultados destas análises são os valores da prescrição original de Roth
(URSI,2006).
A fabricação dos braquetes metálicos é tradicionalmente através de técnicas
de usinagem e fundição, originando braquetes angulados e afiados, porém mais
rugosos e volumosos. É um processo caro, pois 50 a 75% do metal utilizado é
desperdiçado. Nos últimos anos, a confecção de braquetes ortodônticos é realizada
por moldagem por injeção do metal, por este processo, o pó de metal é misturado a
aglutinantes, lubrificantes e dispersantes, obtendo-se uma mistura homogênea que é
injetada em formas de geometria desejada, mas resultam de 17 a 22% maiores em
suas dimensões, uma vez que ainda sofrerão a contração após o processo de
sinterização, onde o calor, o solvente, ou ambos, serão responsáveis pela
eliminação e remoção do aglutinante da mistura e por fim o originarão as peças
finais. (ASSAD-LOS et al., 2010).
Vellini-Ferreira (2008) conceitua precisão como sendo o funcionamento sem
falhas, regularidade na execução e exatidão. Para tanto, precisão está ligada com a
confiabilidade de uma determinada medida. Um material preciso é perfeitamente fiel
às regras.
A parte central e mais importante do braquete é sua canaleta, onde ocorre o
encontro do fio e se tem o efeito da força com consequente movimentação do dente.
Uma característica importante da canaleta do braquete é a sua dimensão, que,
quando alterada, pode afetar em fatores como a eficiência da mecânica ortodôntica
Introdução 18
de deslizamento por afetar a resistência friccional e a aplicação de momentos de
torque, podendo comprometer os movimentos de primeira, segunda e terceira
ordens (MELING, 1998; JONES, TAN E DAVIES, 2002).
Outro fator de relevância é o fato de as paredes cervicais dos braquetes
serem mais irregulares, ou seja, não são paralelas entre si, como deveriam ser
(GOMES FILHO, 2007). Desta forma, também pelo fato de as paredes não
apresentaram o paralelismo desejado, a divergência ou convergência das mesmas
aumenta ainda mais o grau de imprecisão dos braquetes(KAPUR, SINHÁ e NANDA,
1999; SEBANC, 1984).
Os fabricantes não declaram o método que usam para a mensuração da
canaleta dos braquetes e nem a tolerância da dimensão dos mesmos em seus
catálogos ou embalagens.
Para um melhor resultado do tratamento ortodôntico e melhor aproveitamento
dos aparelhos pré-ajustados, seria necessário que os fabricantes produzissem
acessórios precisos, com qualidade de acabamento e com o menor desvio possível
de alteração nas dimensões dos braquetes, principalmente na canaleta, para que
clinicamente os ortodontistas minimizassem ou eliminassem as dobras realizadas
nos fios conferindo assim um posicionamento satisfatório aos dentes de seus
pacientes.
Assim, esse trabalho integra uma linha de pesquisa que visa aferir a altura da
canaleta presente nos braquetes Roth, de diversas marcas comerciais, contribuindo
para o controle de qualidade dos materiais ortodônticos e, consequentemente, para
o sucesso dos tratamentos ortodônticos.
Revisão de Literatura 20
2. REVISÃO DE LITERATURA
Angle (1925) foi o primeiro a organizar um sistema de ações que
possibilitassem um tratamento ortodôntico com respostas mais significativas. Seus
estudos originaram a Técnica de Edgewise (arco de canto). A denominação de Arco
de Canto foi devido à utilização de fios retangulares, inseridos no interior dos
braquetes, com sua maior dimensão na horizontal. O torque (inclinação vestíbulo-
lingual), nesta técnica, é obtido por meio de adaptação de um arco retangular
ativado na canaleta do braquete (ANDREWS, 1972).
Andrews (1972) em seu artigo “As seis chaves para a oclusão normal” relatou
que fez um estudo de quatro anos (1960 a 1964) em 120 modelos de oclusão
normal. Através desse estudo observou características que contribuiriam para a
harmonia oclusal dos dentes, como a angulação (sentido mésio-distal) e a inclinação
ou torque (vestíbulo-lingual) dos dentes previsíveis para cada tipo dentário
individual. E assim desenvolveu um sistema de braquetes ortodônticos incorporando
angulações e torques nos mesmos, chamada de técnica “Straight-Wire”. Com o
intuito de alcançar a inclinação desejada, fez o uso de arcos retangulares nesses
braquetes pré-ajustados provocando o movimento do torque, revolucionando assim,
as técnicas de movimentação ortodôntica.
Em 1976, o controle de qualidade já era uma preocupação. Roth descreveu
sua experiência clínica de cinco anos de uso do aparelho Straight-Wire de Andrews
e declarou que esse aparelho, quando bem posicionado, controlaria melhor o
posicionamento dos dentes e minimizaria as dobras realizadas nos fios pelos
ortodontistas. Entretanto, se algum erro inerente ao processo de fabricação dos
Revisão de Literatura 21
braquetes poderia acontecer e assim, os ortodontistas precisariam fazer algumas
dobras de compensação. Acreditou que isso seria desprezível diante do produto-
final clínico que se teria com o uso de braquetes Straight-Wire. Roth enumerou
vantagens do aparelho Straight-Wire: facilidade de construção e inserção do arco,
melhor controle das posições dentárias, maior conforto ao paciente, completo
fechamento de espaços em casos de extração, facilidade de ligação braquete-fio,
fácil identificação dos braquetes e maior precisão no posicionamento dos mesmos,
melhor coordenação da largura correta do arco e principalmente a correção das
inclinações axiais vestíbulo-linguais dos premolares e molares. O controle dessas
inclinações axiais seria mais fácil com um aparelho Straight-Wire do que com um
aparelho Edgewise, porque o controle do torque dos dentes posteriores seria
construído nos braquetes ao invés de ser realizado no arco.
Dellinger (1978) questionou as bases científicas dos braquetes pré-ajustados
(Straight-Wire de Andrews). Ao comparar essa teoria com as suas observações
clínicas, percebeu que havia um conflito. O autor comentou que Andrews, na teoria
dos aparelhos pré-ajustados, analisou a inclinação das superfícies vestibulares de
todos os dentes e projetou os braquetes com uma inclinação fixa e constante. Em
condições ideais, que clinicamente seria impossível, os braquetes se ajustariam
perfeitamente à superfície vestibular dos dentes. O braquete representaria uma
interface de compensação para um arco retangular sem torque e assim, haveria a
correção da inclinação axial do dente. Utilizando uma amostra de 50 modelos, sendo
25 casos de extração e 25 casos de não extração, o autor estabeleceu uma linha
oclusal horizontal que uniu os pontos médios da coroa dos Molares aos Incisivos dos
lados direito e esquerdo. As bases de todos os dentes ficaram paralelas a essa
linha. Em seguida, tangentes para intersecção da linha oclusal horizontal às
Revisão de Literatura 22
superfícies vestibulares dos dentes foram traçadas e medidas. Além disso, os perfis
dos dentes foram analisados em um aparelho comparador óptico. Os dados médios
obtidos ofereceriam uma noção aos ortodontistas, contudo, uma grande variação
clínica foi observada e isto deveria ser considerado. O autor notou que a natureza
convexa da superfície dos dentes refletiria em diferenças nos valores de torque, se o
braquete fosse posicionado mais para cervical ou mais para oclusal. Além disso,
como os fios utilizados durante a maioria dos tratamentos ortodônticos não
apresentavam espessura suficiente para o preenchimento total das canaletas dos
braquetes, haveria uma falta de controle rígido. Este ângulo de divergência ou “jogo”
(folga entre a canaleta e o fio) tornaria os aparelhos Straight-Wire menos eficientes.
Ainda assim, Dellinger considerou que resultados ortodônticos aceitáveis seriam
possíveis com os aparelhos pré-ajustados, mesmo com a falta de controle de torque
e com o posicionamento variável dos braquetes.
Magness (1978) relatou em seus estudos que, os dentes apresentam mais de
uma característica morfológica, e consequentemente, o contorno da superfície
vestibular nem sempre será o mesmo, portanto cada dente deveria ser
minuciosamente avaliado pelo ortodontista, pois estes fatores fazem com que não
seja pertinente padronizar os braquetes. Contudo, com o uso de aparelhos pré-
ajustados, torna-se necessário a confecção de algumas dobras nos fios para
compensar alguma variação de características de cada dente, pois pode influenciar
no resultado final do tratamento. Magness relata ainda que Lee, encorajado por
Tweed e Ricketts, acreditando que o torque de outros dentes era muito variável para
serem colocados nos braquetes, desenvolveu uma série de braquetes pré-ajustados
para serem utilizados nos incisivos.
Revisão de Literatura 23
Creeckmore (1979) entendendo que a redução no tempo de tratamento era
uma vantagem economicamente importante constatou que o aparelho pré-ajustado
era uma tendência à modernidade. Contudo, por ser sofisticado, exigiria do
ortodontista cuidados maiores, uma vez que se houvesse posicionamento incorreto
dos braquetes, todos os efeitos benéficos seriam perdidos. O autor relatou que a
influência direta no controle de torque, sofreria influência da “folga” existente entre o
fio e a canaleta do braquete. Isto leva a necessidade de dobras de terceira ordem no
fio retangular ao final do tratamento. Verificou que quando se insere um fio
retangular 0.018”x 0.025” em uma canaleta de braquete 0.018”, ocorre uma pequena
folga de 2 graus (tolerância industrial), e quando inserido um fio retangular 0.018” x
0.025” em uma canaleta de braquete 0.022”, a folga aumenta para 15 graus. Caso
fosse usada a prescrição com 7 graus para incisivos centrais superiores, e 3 graus
para incisivos laterais superiores, por ser a folga maior que o torque embutido nos
braquetes, não ocorreria nenhum movimento de torque. Portanto, para o devido
sucesso do tratamento, o mesmo deveria ser realizado com um fio que preenchesse
totalmente a canaleta.
Com o objetivo de avaliar a variação de torque efetivo em função das arestas
arredondadas dos fios retangulares, Sebranc et al. (1984) analisaram a folga do fio
na canaleta em 80 braquetes edgewise (40 com canaleta 0.018" x 0.025" e 40 com
canaleta 0.022" x 0.028") de duas marcas comerciais, com relação a fios retangulares de
três dimensões diferentes. Para cada canaleta foram testados 60 fios de aço (10 para
cada tamanho), 30 de níquel-cobalto (10 para cada tamanho), e 20 de beta-titânio (10
para cada tamanho). Para a canaleta 0.018", foram utilizados fios de 0.016" x 0.016";
0.016" x 0.022" e 0.017" x 0.025". Para a canaleta 0.022", foram utilizados fios de
0.018" x 0.025"; 0.019" x 0.025 e 0.021" x 0.025". As dimensões das canaletas foram
Revisão de Literatura 24
mensuradas com um microscópio e as secções transversais dos fios retangulares com
um micrômetro. Os autores observaram que os valores de largura e profundidade da
canaleta foram maiores que aqueles prescritos pelos fabricantes, porém as
alterações foram mínimas e não influenciariam significativamente nos valores de
torque. Isso não aconteceria com os fios, já que o arredondamento das arestas
poderia variar o torque de 0,2° até 12,9° para os diversos tipos de fios. Isso fez
com que a porcentagem de contribuição desta relação no estabelecimento do
torque variasse de 3% a 63%. Os autores encontraram que a "folga” do fio na
canaleta sempre foi maior que o calculado teoricamente. Esse jogo poderia ser tanto
uma vantagem como uma desvantagem, sobretudo nos casos de compensações
dentárias. Segundo os autores, o torque seria influenciado pelo jogo entre o fio e a
canaleta e também pela tolerância da fabricação dos braquetes e fios. Assim,
recomendaram aos ortodontistas estarem prevenidos quanto às conseqüências
produzidas por esses dois fatores.
A Técnica do Arco Contínuo com as indicações de Roth (1987), em suas
características plenas de utilização, apresenta possibilidades de resultados
otimizados e mais rápidos. Conforme diz o autor, em relação aos recursos e aos
materiais utilizados para a sua operacionalização, tempo de tratamento, tempo que o
ortodontista leva para atender o paciente, e também em relação à seleção de fios, o
sistema pré-ajustado da prescrição de Roth proporciona condições vantajosas em
relação às técnicas convencionais. Porém, a grande variedade de braquetes
utilizadas por Andrews estava se tornando um problema. Então desenvolveu
braquetes que seriam aplicados na maioria dos casos, o que se caracterizou como a
segunda geração de braquetes pré-ajustados. Diante desta análise de seus estudos,
propôs braquetes com os seguintes valores de torque:
Revisão de Literatura 25
Andrews (1989) afirmou que a evolução caminhava para a individualização
dos braquetes de acordo com a especificação de cada paciente, e que já havia a
intenção de reduzir as dobras dos fios desde 1970. Entretanto, para finalização dos
casos em pacientes cujas coroas clínicas tivessem a anatomia fora do padrão, e
com os braquetes pré-ajustados colados, seria necessária a confecção de algumas
dobras de compensação. Portanto, não seria mais necessário fabricar braquetes
para cada paciente, o que torna o tratamento muito dispendioso, sendo assim a
individualização dos braquetes solucionaria a maioria dos casos. Diante destas
considerações, o autor enfatiza que o posicionamento dos braquetes, é um fator
decisivo para o tratamento. Afirmando então, que o aparelho por ele desenvolvido,
considerava a morfologia dos dentes, e a posição dos mesmos em uma oclusão
normal, usando fios sem dobras, mas era necessário organizar um aparelho
totalmente programado, utilizando braquetes padrão, ou seja, um braquete para
cada dente, exceto para os incisivos e molares superiores. Enfatiza ainda que, para
os caninos, seriam necessários braquetes diferenciados, para casos com e sem
extração, alterando a angulação e acrescentando a anti-rotação, porém com o
mesmo torque.
IC IL C 1o PM 2o PM 1o M 2o M
SUPERIOR +12º +8º -2º -7º -7º - 14º -14º
INFERIOR -1º -1º -11º -17º -22º -30º -30º
Revisão de Literatura 26
McLaughlin, Bennett e Trevisi (1989) também desenvolveram estudos a partir
do aparelho Straight-Wire desenvolvido por Andrews, e introduziram diversas
alterações na angulação, torque, rotação e desenho dos braquetes. Dando assim,
origem à Técnica MBT. Os autores sugeriram que esta técnica tivesse algumas
características de versatilidade, que a diferenciaria das demais, o que gerou a
terceira geração de braquetes pré-ajustados. Isto porque a técnica, desenvolvida
com base em experiências clínicas, procurava expressar, neste novo aparelho, as
modificações que se faziam necessárias para facilitar a mecânica ortodôntica,
diminuindo a necessidade de dobras no fio, e proporcionando boa oclusão funcional
na finalização dos tratamentos.
Andrews (1989) relatou que o estudo do Eixo Vestibular da Coroa Clínica
seria mais importante que o estudo das Seis Chaves. Esse eixo seria uma linha
vertical ocluso-cervical passando pela porção mais proeminente da face vestibular
da coroa. Somente nos Molares, essa linha passaria no sulco vestibular. O Eixo
Vestibular da Coroa Clínica foi chamado anteriormente de Longo Eixo da Coroa
Clínica, porém o eixo seria da face vestibular da coroa e não da coroa clínica, sendo
assim, a terminologia foi substituída: o Ponto do Eixo Vestibular seria o local no Eixo
Vestibular da Coroa Clínica que seria equidistante às bordas oclusal/incisal e
cervical. Tal ponto estabeleceria o plano médio transverso de cada coroa. Quando o
dente estivesse corretamente posicionado, esse ponto e o eixo estabeleceriam o
Plano de Andrews. Esse seria o local onde o ponto médio da base do braquete
deveria ser posicionado. Quanto a utilizar uma distância específica da borda incisal
ou oclusal para posicionar o braquete, Andrews acreditou que a falta de
padronização dos pontos de referência poderia orientar a posição das canaletas de
forma diferente para cada paciente. Excluindo o Eixo Vestibular, todas as outras
Revisão de Literatura 27
referências tradicionais como o longo eixo da coroa, o longo eixo do dente, as cristas
marginais e os pontos de contato seriam de pouca precisão.
Ferguson (1990) questionou a importância prática do desenho dos braquetes
Straight-Wire em relação à incorporação do torque. Seria possível incorporar torque
na base do braquete ou na canaleta. Porém de acordo com os critérios da Técnica
Straight-Wire, somente o torque na base seria aceito para minimizar chances de erro
durante o posicionamento do mesmo. Quando o torque estivesse incorporado na
base do braquete, o corpo do mesmo ficaria paralelo à superfície do dente incidindo
sobre o ponto do longo eixo da coroa clínica e pelo centro da canaleta do braquete.
Quando o torque fosse incorporado na canaleta do braquete, o corpo do mesmo
ficaria perpendicular à superfície do dente e inclinado em relação ao Plano de
Andrews. Entretanto o autor acreditou que se o torque fosse incorporado na base ou
na canaleta, não teria muita importância clinicamente, porque quando os
ortodontistas se deparassem com a falta da expressão do torque, os mesmos fariam
dobras adicionais no fio retangular.
Owen (1991) utilizou aparelhos pré-ajustados Straight-Wire e Vari-Simplex por
cinco anos em pacientes da sua clínica particular. Durante esse período, verificou
que executava dobras de terceira ordem no arco em 20% dos casos, para propiciar
torque aos Incisivos Superiores. Portanto, acreditou que um aumento no valor do
torque dos braquetes poderia eliminar quase totalmente o torque adicional aplicado
ao arco. Afirmou que alguns clínicos acreditavam que jamais um aparelho pré-
ajustado poderia alcançar completamente as variações individuais de morfologia
dentária.
Revisão de Literatura 28
Balut et al. (1992) pesquisaram as variações no posicionamento de braquetes
pré-ajustados, por meio de colagem direta. Partiram do pressuposto que o aparelho
pré-ajustado, não elimina totalmente a necessidade de dobras nos fios, pelas
variações na estrutura dentária. Para o desenvolvimento dos estudos, utilizaram
cinco modelos no pré-tratamento, de cinco pacientes com maloclusões diferentes.
Os segundos premolares superiores, por possuírem uma coroa clínica curta, foram
os que levaram os braquetes a apresentarem maiores diferenças verticais, sendo os
braquetes dos dentes anteriores inferiores, os que ficaram mais bem posicionados. A
diferença encontrada nos braquetes dos segundos pré-molares superiores
apresentou discrepância vertical com uma média em altura de 0,34mm e com 5,54º
de angulação entre braquetes adjacentes. Os autores concluíram que as variações
anatômicas dos dentes, e as irregularidades de sua superfície, são os fatores que
dificultam o posicionamento adequado dos braquetes no momento da colagem.
Creekmore e Kunik (1993) verificaram que os objetivos de um tratamento
ortodôntico, utilizando braquetes pré-ajustados da prescrição de Andrews não eram
sempre alcançados, havendo a necessidade de dobras nos arcos. Isso foi
comprovado pela posterior proliferação de aparelhos pré-ajustados de vários autores
que, predominantemente, diferiram em valores de torque para os dentes anteriores.
Os autores também enumeraram as razões pelas quais os aparelhos pré-ajustados
não alcançavam a posição ideal dos dentes; e estas seriam: posicionamento
inexato; variações da estrutura dentária como irregularidades de superfície,
angulações coroa/raiz e forma incomum das coroas; relações maxila/mandíbula
desproporcionais; resposta tecidual e tendência de recidiva. Além disso, como a
aplicação da força seria fora do centro de resistência do dente poderia haver
giroversão e inclinação mesial ou distal dos dentes no fechamento de um espaço de
Revisão de Literatura 29
extração, torque vestibular nas protrusões e intrusões de Incisivos e torque lingual
nas retrações ou extrusões. Outro fator seria a folga entre o fio e o braquete, em
virtude das tolerâncias de fabricação. As canaletas de 0.018” variavam de 0.0182” a
0.0192” e canaletas de 0.022” variavam de 0.022” a 0.023”. Um arco 0.018” seria de
fato 0,0178”. O jogo de torque numa canaleta 0.018” X 0.025” em um arco 0.018” X
0.025” seria de 3º em cada direção de paridade, ou seja, 6º de jogo total. Assim, a
maioria das prescrições possuía excessivo torque vestibular nos braquetes
anteriores superiores para compensar os movimentos de retração, pelo fato dos
arcos não preencherem totalmente as canaletas. Relataram ainda que os torques
poderiam ser individualizados, misturando prescrições de autores diferentes para
alcançar os torques desejados.
Flores et al.(1994) estudaram a deformação que ocorreria em diferentes tipos
de braquetes metálicos. Questionaram a influência do desenho das aletas, dos
materiais brutos que compõem os braquetes, da quantidade de torque presente nas
canaletas e da quantidade de força de tensão necessária para ocorrer uma
deformação permanente nos braquetes. Para esta avaliação, 140 braquetes
metálicos de canaleta 0.018” de diversas marcas comerciais foram divididos de
acordo com a composição, quantidade de torque e desenho das aletas. Os
braquetes foram testados usando um aparelho de teste de torque. Um arco
retangular 0.018”X 0.025” foi amarrado com ligaduras elásticas e torcido com uma
chave de torque. Essa chave foi ativada por uma máquina de teste de tração com
uma velocidade de 10mm/min até que o braquete fosse permanentemente
deformado. A análise de variância (ANOVA) e o teste “t” de Student mostraram que
as três categorias tiveram efeito significante na força e tensão, levando à
deformação permanente dos braquetes metálicos. Os braquetes menos resistentes
Revisão de Literatura 30
foram os menores e com duas aletas. Quanto à presença de torque na canaleta,
concluiu-se que quanto maior a quantidade de graus de torque presente, a
deformação dos braquetes ocorreria com menor força empregada.
Mc Laughlin e Bennett (1995) relataram que braquetes Edgewise padrão
eram posicionados verticalmente com um medidor. As medidas utilizadas para essa
técnica eram as mesmas para todos os pacientes e isso não exercia influência
significativa porque o ortodontista somaria dobras de primeira, segunda e terceira
ordem no arco para compensar as diferenças individuais. Já com o uso dos
aparelhos pré-ajustados, o posicionamento preciso seria de grande importância.
Andrews estabeleceu o centro da coroa clínica como referência horizontal e o longo
eixo da mesma como referência vertical. Se o posicionamento dos braquetes
divergisse do ideal, erros de posição dentária ocorreriam. Por exemplo, se o
braquete fosse posicionado mais para cervical ou mais para incisal/oclusal, esse erro
vertical poderia conduzir à extrusão ou à intrusão e a erros de torque e “in-out”.
Assim, os autores estabeleceram um meio para produzir um posicionamento vertical
de braquetes mais preciso. Para tanto, os autores fizeram quatro estudos para
definir os centros das coroas clínicas e instituíram uma tabela individualizada de
posicionamento de braquetes, estabelecendo a borda incisal ou oclusal como
referência para eliminar os erros causados por variações gengivais. Os autores
testaram essa tabela por oito meses em vários casos clínicos e perceberam menor
necessidade de reposicionamento de braquetes.
Segundo Gubbini (1998), os braquetes da Terapia Bioprogressiva apresentam
canaletas mais profundas, pois em algumas fases do tratamento são usados dois
arcos simultaneamente. Deste modo, permitem o controle do torque do inicio até o
final do tratamento. O autor concluiu que erros no posicionamento de braquetes, a
Revisão de Literatura 31
folga entre o arco e a canaleta do braquete, podem gerar alterações no torque
efetivo enviado ao dente. Verificou ainda que a necessidade de torque varia entre os
pacientes, e que ajustes quase sempre são necessários pela diversidade de casos
clínicos.
Trevisi (1998) relatou que além dele, os demais autores da técnica M.B.T., Mc
Laughlin e Bennett, observaram que o torque seria mal controlado com o sistema de
aparelho pré-ajustado, devido ao fato do movimento de torque ser difícil, pois menos
de 1mm de contato entre o fio e o braquete realizaria este movimento. Na maioria
dos casos ortodônticos, pela falta de controle de torque, a tendência seria perder o
torque nos incisivos durante a redução do trespasse anterior e do fechamento do
espaço. Com o alinhamento da curva de Spee e com a eliminação do apinhamento
ântero-inferior, a tendência seria que os incisivos inferiores inclinassem para
vestibular. Devido a essas tendências, geralmente haveria a necessidade de maior
torque vestibular dos Incisivos Superiores, e mais torque lingual para maior
verticalização dos Incisivos Inferiores.
Meling, Odegaard e Seqner (1998) relatam que os fabricantes de braquetes
não declaram qual o método que usam quando medem a altura da canaleta do
mesmo (dimensão vertical) e que não colocam as tolerâncias das dimensões das
canaletas em seus catálogos de produtos ou em suas etiquetas. É de interesse dos
ortodontistas ter o conhecimento sobre a exatidão das canaletas dos braquetes,
permitindo momentos de torque mais corretos. Também é de interesse ter
conhecimento da eficiência dos vários métodos usados na produção de braquetes
ortodônticos. As técnicas modernas ortodônticas utilizam com maior frequência
braquetes pré-torqueados. Debates têm levantado o tema que trata do correto
ângulo do torque, e os ortodontistas discutem variações pequenas nas canaletas
Revisão de Literatura 32
dos braquetes, avaliando diferenças de poucos graus. Isto pode estar sendo
corrigido apenas do ponto de vista teórico, isso se os fabricantes não informarem
corretamente e aferirem tais variações. É importante que os fabricantes relatem
informações adicionais acerca de seu produto para permitir que os ortodontistas
façam as correções dos desvios para valores ideais. Entretanto, isto levanta a
importância da questão do controle de qualidade.
Miethke e Melsen (1999) avaliaram o efeito da variação da morfologia
dentária e do posicionamento do braquete nas correções de primeira e terceira
ordem, utilizando aparelhos pré-ajustados. Para esta avaliação foram utilizados
modelos de gesso de 14 indivíduos do gênero feminino e 14 do gênero masculino,
com idades entre 13 e 48 anos (média de 26 anos). Os modelos exibiam todos os
dentes permanentes (exceto os terceiros molares) completamente erupcionados. Os
braquetes pré-ajustados foram posicionados de acordo com a prescrição de
Andrews e avaliados no centro e nas bordas mesial e distal da base do braquete.
Encontrou-se uma variação entre os indivíduos, entre o tipo de dente e entre as três
porções (mesial, central e distal). Na maioria dos casos, a parte mais plana do dente
foi correspondente ao centro da base do braquete, seguida pela parte mesial (que
era mais plana que a parte distal da superfície dentária). As variações interdentárias
e entre dentes correspondentes encontradas foram extremas. Numa comparação
entre dentes diferentes, as superfícies mais curvadas foram as dos molares
Inferiores, seguidos pelos pré-molares inferiores, molares superiores, premolares
superiores, dentes anteriores superiores e, finalmente, os anteriores inferiores.
Verificaram que a mudança do torque, que ocorreu como consequência da
superfície curva do dente, quando o braquete foi deslocado verticalmente não foi
importante quando esse deslocamento foi menor que 0,4mm. Contudo, divergências
Revisão de Literatura 33
maiores variaram o torque de 2º a 10º dependendo do dente e do indivíduo. A
variação de morfologia dentária poderia ser maior que a variação entre as diferentes
prescrições de aparelhos pré-ajustados. Independente do sistema de braquetes
escolhido, a morfologia do dente deveria ser considerada antes do posicionamento
dos acessórios e, em casos de maiores desvios, o posicionamento indireto dos
braquetes poderia ser uma opção para os ortodontistas.
Kusy e Whitley (1999) avaliaram as dimensões dos arcos ortodônticos e das
canaletas dos braquetes, considerando o ângulo de contato crítico. Os autores
analisaram 24 braquetes, sendo onze de canaleta 0.018”, três 0.0185” e dez 0.022”
das marcas A Company, American Orthodontics, Dentaurum, GAC, Ormco, RMO,
TP Orthodontics e 3M Unitek. Além disso, 26 tipos de fios, de diversas espessuras,
das marcas American Orthodontics, Dentaurum, GAC, Ormco, RMO e 3M Unitek,
foram analisados. As canaletas foram medidas utilizando a óptica de um aparelho de
microdureza e as alturas dos braquetes, com compassos de calibre. Já os fios,
foram medidos com um micrômetro. As dimensões das canaletas dos braquetes em
largura e altura variaram, bem como as dimensões da base dos braquetes em
direção ao topo (aletas). Verificou-se que 15% de todas as canaletas apresentaram-
se menores que os valores nominais, 16% das canaletas 0.018” apresentaram-se
maiores e até 8% das canaletas 0.022” apresentaram-se maiores. Apesar das
alturas não serem informadas nos rótulos dos produtos, variaram em 50%, nessa
pesquisa. Os fios, em sua maioria, apresentaram espessuras menores que os
valores nominais, mas 30% dos fios analisados apresentaram valores maiores. Os
autores defenderam uma padronização dos materiais, de modo que os fios de uma
marca se ajustassem aos braquetes de outra, e vice-versa. Para que essa
padronização fosse possível, as indústrias deveriam informar as tolerâncias
Revisão de Literatura 34
dimensionais dos seus produtos.
Siatkowski (1999) avaliou a perda de controle de torque anterior devido às
variações nas dimensões dos arcos e das canaletas dos braquetes. Os fios de
secção retangular de dimensão menor que as canaletas poderiam influenciar na
inclinação vestíbulo-lingual final dos dentes. Em um arco 0.017” X 0.025” em uma
canaleta 0.018” haveria 5º de folga adicional entre o braquete e o fio. Isso é devido
ao contato crítico do fio na canaleta, onde o fio não apoia em todas as paredes da
canaleta e também devido ao arredondamento das arestas do fio. Quando, em
casos de extrações dentais, os dentes posteriores fossem movimentados para
anterior, os erros relacionados às dimensões das canaletas poderiam induzir à
inclinação dos dentes anteriores. Além disso, se os arcos forem menores que os
tamanhos declarados nas embalagens, as consequências para o posicionamento
dos dentes poderiam ser alteradas.
Capelozza Filho et al. (1999) relataram que a técnica Straight-Wire
estabeleceu o uso de braquetes programados ou construídos individualmente. O uso
de braquetes-padrão para todos os pacientes implicaria na adoção de dobras de
todas as ordens, sempre que isto fosse necessário, para dar a oclusão com
características individuais que permitissem uma finalização adequada. A proposta
original do Straight-Wire considerou essa limitação e, no intuito de utilizar arcos sem
dobras, continha, além dos braquetes-padrão, opções para individualização.
Revendo esses conceitos, os autores apresentaram, neste artigo, um método para a
individualização dos braquetes programados, de acordo com as características da
má oclusão, do tratamento e do prognóstico para finalização. Consideraram que, em
casos de extração, a individualização dos braquetes somente seria conveniente
quando problemas relacionados ao controle de torque forem previsíveis, porque a
Revisão de Literatura 35
diferença na prescrição poderia não ser indicada nas próximas fases do tratamento
e/ou na posição final dos dentes envolvidos. Quanto à individualização visando à
finalização do tratamento ortodôntico, os autores recomendaram para pacientes com
má oclusão Classe I, os braquetes-padrão de Andrews com algumas modificações.
Para casos de má oclusão Classe II, a individualização seria mais bem indicada
quando uma deficiência mandibular estivesse presente e, estaria restrita aos
braquetes de incisivos inferiores, que deveriam ter torque vestibular. Para uma má
oclusão Classe III, a individualização estaria indicada quando o tratamento fosse
possível somente por meios ortodônticos. Os autores concluíram que as sugestões
de individualização que eles preconizaram não atenderiam totalmente às
necessidades que um tratamento ortodôntico pudesse exigir. Entretanto, seria válido
porque um número maior de pacientes seria tratado com arcos sem ou com menos
dobras, atendendo melhor os preceitos da Técnica Straight-Wire.
Fischer-Brandieset al. (2000) realizaram estudos sobre a influência da secção
transversal e do formato da aresta do fio, além da dureza estrutural na transmissão
do torque entre o fio e o braquete, pois entendiam que era na folga entre o fio e o
braquete que estava a deficiência do dispositivo Straight-Wire. Após avaliarem fio de
secção quadrangular e retangular de aço inoxidável em três dimensões (.016” x
.016”, .016” x .022” e .017” x .025”) de cinco marcas diferentes, sendo estes
utilizados em braquetes Edgewise com canaleta .018”, e com torques diferentes,
chegaram a constatação de que havia um acréscimo, dos valores informados pelo
fabricante de 0,8%, e que media entre 0,8° e 7,5° a média de folga fio-braquete,
mesmo sem a incorporação do torque. Diante destes dados, concluíram que era
importante uma padronização dos sistemas fio-braquete, informando a folga
aceitável.
Revisão de Literatura 36
Roth (2002) comentou que os braquetes deveriam ser confeccionados por
meio de moldes ou moldagem por injeção para a obtenção da anatomia correta da
base do braquete. A base não poderia ser confeccionada pelo processo de
fresagem, embora a máquina de fresagem ainda fosse utilizada. O autor ainda
considerou o ângulo de deflexão entre o arco e a canaleta do braquete, o tempo em
que os arcos permaneceriam amarrados e o modo como os tecidos responderiam às
forças envolvidas. Por esses motivos, uma prescrição, evidenciando a
sobrecorreção, foi almejada e desenvolvida por Roth.
Casassa (2002) explicou que existe uma folga entre a canaleta do braquete e
o fio que traria alterações na expressão efetiva do torque. O torque efetivo poderia ser
expresso matematicamente subtraindo do torque inserido no braquete e o ângulo de
folga existente entre a canaleta e o fio. Assim, quando fosse inserido um fio .021” x .025"
numa canaleta de .022” x .025", e o torque prescrito é de 7° com uma folga de 2,9°, o
torque real seria de 4,1° e não de 7°, conforme estaria expresso no braquete. O autor
ressaltou que a folga aumenta quando o fio é menor que a canaleta, assim seriam
necessários fios que preenchessem totalmente a canaleta para poder obter o torque
expresso nos braquetes.
Mc Laughlin, Bennett e Trevisi (2002) relataram que o torque, incorporado à
base do braquete, foi uma característica muito importante da primeira e da segunda
geração de braquetes pré-ajustados porque não era possível alinhar o nível das
canaletas com os braquetes que apresentavam torque na canaleta. Não havia
tecnologia disponível que permitisse adequar as canaletas às posições corretas em
relação às superfícies vestibulares das coroas sem torque na base. Os sistemas
modernos de braquetes, incluindo o sistema M.B.T., foram desenvolvidos utilizando
a computação gráfica (CAD) e sistemas computadorizados (CAM). Essas
Revisão de Literatura 37
ferramentas proporcionaram maior flexibilidade ao desenho, não apenas para
colocar as canaletas corretamente nos braquetes, mas também para reforçar a
resistência e características como: a profundidade das canaletas e o perfil vestíbulo-
lingual. Nesses braquetes, primeiramente, o computador identificou o local exato das
canaletas em relação às distâncias de “in/out” e à posição de torque de cada dente.
Logo após a determinação dessa posição, o computador teve condições de preparar
as áreas de encaixe para otimizar todos os requisitos dos braquetes, cujo
acabamento pôde ser feito com o torque na base ou com uma combinação de torque
na base e torque na canaleta, sem diferença na posição das canaletas. Os autores
também comentaram que o torque não seria expresso com eficiência pelo sistema
de aparelhos pré-ajustados por duas razões mecânicas: a pequena área de contato
do arco retangular com a superfície da canaleta do braquete se comparada ao
volume de um dente e o costume de se utilizar arcos de aço 0.019” X 0.025” na
canaleta 0.022” para haver deslizamento, o que proporcionaria uma folga de 10º,
dependendo da fabricação dos braquetes e dos arcos, bem como do nível de
“arredondamento” de suas arestas. Como resultado desta relativa ineficiência dos
braquetes pré-ajustados em liberar torque, a técnica M.B.T. preconizou a inserção
de torque adicional nos braquetes dos incisivos, molares e premolares inferiores e,
quanto aos caninos, houve a necessidade de ter-se à disposição, braquetes com
três opções de torque.
Jones,Tan e Davies (2002) avaliaram se ocorreria diferença estatisticamente
significante entre as dimensões e a resistência friccional da canaleta de 90
braquetes, sendo 45 remanufaturados e 45 novos. Constataram que as dimensões
da canaleta em altura e profundidade foram maiores quando comparados com os
Revisão de Literatura 38
valores dados pelos fabricantes. Relataram também que a resistência friccional não
foi influenciada.
Thiesen et al. (2003) constataram que o torque seria uma torção no fio em
torno do seu longo eixo e que com este procedimento, haveria o controle da posição
vestíbulo-lingual da raiz, por meio da utilização de fios de secção retangular. Assim,
os ortodontistas deveriam ter a completa compreensão da construção do torque na
mecânica ortodôntica, para incorporar torque ao fio retangular, mesmo com a
utilização de acessórios pré-programados.
Kanget al. (2003) analisaram a relação entre o ângulo de contato crítico e o
torque em uma montagem de braquete ortodôntico e fio em 3 dimensões. Os
modelos matemáticos tridimensionais foram criados com parâmetros geométricos
braquete-fio, incluindo dois tamanhos de canaletas, três larguras de braquete e três
a quatro tamanhos de fio. A partir disto, foram derivadas e calculadas equações
matemáticas tridimensionais (3DMEs) para o ângulo de contato crítico e o torque
máximo que resulta em ângulos de contato críticos de 0. Para avaliar os efeitos dos
parâmetros fio-braquete em ângulos de contatos críticos, foi realizada uma análise
de variância (ANOVA) ao nível de significância de 5%. Para todas as combinações
braquete-fio, o ângulo de contato crítico diminuiu à medida que a largura do
braquete, o ângulo de torque e o tamanho do fio aumentavam. Assim, todos os
parâmetros braquete-fio, exceto altura da canaleta, apresentaram um efeito no
ângulo de contato crítico. Os resultados do ângulo de contato crítico produzidos
pelas equações 3DMEs foram iguais àqueles produzidos pelo modelo 3D com
auxílio do computador (Solid Works Corp, Concord, Mass), confirmando assim a
validade das equações derivadas. Além disso, foi investigado o efeito de uma
extremidade chanfrada em alguns fios. Também foram calculados ângulos de jogo
Revisão de Literatura 39
de torção, sendo observado que estes são semelhantes àqueles de relatos
anteriores. Os resultados deste estudo fornecem bases teóricas e experimentais
para a prática ortodôntica clínica e indicam que os ângulos de torque deveriam ser
incluídos na avaliação do ângulo de contato crítico. Segundo os autores, o torque é
fator fundamental para terceira dimensão no controle vestíbulo lingual do tratamento
ortodôntico. O conhecimento do controle de torque é vital para a aplicação da força.
Os clínicos têm que entender o papel do torque, sua relação e aplicação nas
diferentes fases da terapia fixa. Verificaram que a quantidade de torque a ser
aplicado na canaleta do braquete deverá ser maior que 7.24o para iniciar
movimentação dentária, conforme resultado da pesquisa realizada.
Zinelis et al. (2004) estudaram a composição básica das ligas de solda
utilizadas em braquetes ortodônticos metálicos. Para esta pesquisa, foram
selecionados quatro braquetes de cada uma das seguintes marcas e modelos: 3M
Unitek (Gemini), GAC (Microloc), Ormco (OptiMESH) e Dentaurum (Ultratrim). Os
autores relataram que a fabricação de braquetes envolveria uma série de materiais
brutos (ligas metálicas, cerâmica, plásticos). Além disso, os braquetes seriam
fabricados por vários métodos e com desenhos diferentes para atender às várias
técnicas ortodônticas e às necessidades dos pacientes e profissionais. Assim, não
haveria uma padronização. Também, os braquetes metálicos seriam os mais
comumente utilizados nas terapias ortodônticas e três métodos principais têm sido
empregados para a sua fabricação: fundição, injeção-moldagem e fresagem. Esses
três métodos poderiam ser usados em combinação ou não. Já a união da malha de
colagem à base do braquete foi alcançada usando métodos de soldagem. Há soldas
para braquetes de aço inoxidável e laser de solda para braquetes de titânio. No
primeiro caso, as ligas de solda, especiais para preenchimento, seriam aplicadas
Revisão de Literatura 40
entre a malha de colagem e a base do braquete. Em geral, as ligas de aço seriam
relativamente fáceis de serem utilizadas, mas as de titânio ou alumínio poderiam
causar oxidação durante o ciclo de soldagem. Nesta pesquisa, os braquetes
receberam um tratamento feito com resina epóxi, polimento e banho ultrassônico.
Em seguida, foram analisados em microscópios específicos para avaliar a
composição quantitativa das ligas de solda. Os braquetes testados apresentaram a
malha de colagem e a base do braquete como componentes separados, unidos pelo
uso de soldas metálicas de preenchimento. Os braquetes da 3M Unitek, GAC e
Dentaurum mostraram distinção entre as duas partes e no braquete da Ormco
verificou-se uma zona de transição entre a liga de solda e os componentes dos
braquetes. Portanto, como diferentes materiais de solda foram encontrados nas
diferentes marcas, diferentes performances seriam esperadas na exposição intra-
oral.
Gioka e Eliades (2004) estudaram a variação do torque nos aparelhos pré-
ajustados. Os autores analisaram variáveis relacionadas às propriedades dos materiais
como: resistência e elasticidade; a inabilidade do arco para preencher a canaleta do
braquete, em virtude das diferenças dimensionais; irregularidades provenientes do
processo industrial de fabricação dos braquetes, impedindo o encaixe apropriado;
diferenças na dureza das ligas dos fios; variações entre o torque real e o informado
pelos fabricantes; e os métodos de ligação, que influiriam na folga arco-canaleta e na
liberação do torque. Os autores relataram que as variações de morfologia e de
tamanho das coroas dentárias em diferentes populações ou até mesmo no próprio arco
também seriam fatores consideráveis em relação ao torque. Com isso, uma prescrição
fixa para todos os pacientes seria questionável. Outro fator a ser considerado seria
quanto à primeira geração de braquetes plásticos estéticos, que provocariam
Revisão de Literatura 41
preocupações por causa da deformação plástica e incapacidade de transferir torque ao
dente. As preocupações minimizaram-se com os braquetes cerâmicos e de plástico-
policarbonato com reforço de fibra que aumentaram a dureza dos aparelhos. Porém, ao
induzirem-se altas tensões de torque, poderia haver alterações, pois exames feitos
em canaletas de braquetes metálicos observaram deformações internas e
marcadas (entalhadas) acompanhadas por alterações dimensionais. Além disso, a
ação da flora oral e de seus subprodutos e variações de temperatura também
poderiam alterar a integridade da superfície dos braquetes. Segundo os autores, a
dureza do arco poderia modular a transferência das cargas que surgiriam da ativação
de um fio encaixado na canaleta pré-ajustada. No caso de um fio de níquel-titânío, a
expressão do torque diminuiria porque alguma ativação seria dissipada como
deformação elástica. Quanto aos métodos de ligação, os autores comentaram que o
relaxamento da força das ligaduras elásticas faria com que o encaixe do fio na canaleta
ficasse flexível e incompleto. Os autores concluíram que uma prescrição de alto torque
deveria ser selecionada para suprir a falta clínica da expressão do torque.
Com o objetivo de analisar as propriedades físicas e mecânicas que direta ou
indiretamente influenciariam na efetividade da aplicação do torque, Kapur-Wadhwa
(2004) avaliou as prescrições de torque, as condições de superfície, o material e o
desenho dos braquetes. Com relação ao material constituinte do braquete, comentou que
os braquetes metálicos não fraturariam, porém os cerâmicos fraturariam sob cargas que
deformam. Os braquetes cerâmicos seriam menos tolerantes às falhas de superfície
que os metálicos, e essas falhas poderiam contribuir para a variabilidade do torque. Os
braquetes de titânio apresentaram estabilidade estrutural superior em relação aos de
aço inoxidável convencionais sob forças de torção. Quanto ao desenho, alguns
fatores contribuiriam para interferir na integridade do braquete: ponto de aplicação
Revisão de Literatura 42
da força, tamanho e tipo de aleta, tamanho e desenho da canaleta, reforço de metal na
canaleta de braquetes estéticos, canaleta vertical e junção corpo-base. O contato entre o
fio e a canaleta do braquete seria maior em canaletas estreitas e fios de arestas afiadas
comparadas a canaletas mais largas e fios de arestas arredondadas. O reforço metálico
nas canaletas de braquetes cerâmicos fortaleceria a estrutura dos mesmos para que o
torque pudesse ser aplicado como nos braquetes metálicos. Relatou ainda que o torque
efetivo dependeria da tolerância dos fabricantes e do ângulo da aresta dos fios. O
clínico deveria estar atento ao grau de folga para modificar o plano de tratamento para
cada caso. Alguns fatores seriam importantes para determinar o torque: inclinação
normal do dente, distância do braquete à borda incisal da coroa, tamanho da canaleta
(braquetes .018’’ preservariam mais o torque que canaletas .022’’), variação de
morfologia dentária, precisão na colocação dos braquetes. Nesse estudo o autor
concluiu que podem ser requeridas algumas dobras de terceira ordem no
acabamento para a finalização do tratamento ortodôntico.
Kusy (2004) avaliou a influência da largura das canaletas e sua abertura a fim
de verificar a efetividade da ação dos fios ortodônticos, o efeito da angulação do
torque e a medida da força friccional. O ângulo de contato crítico por liga é definido
pelas dimensões da base do fio, a altura e largura da canaleta, que pode diminuir ou
aumentar sua ação, de acordo com a variação dessas medidas. O autor também
relata que as combinações de fio e braquete que ficam com folga na canaleta podem
ter um pouco de vantagem com respeito ao torque.
Cash et al.(2004) questionaram se as canaletas dos braquetes teriam o
tamanho informado pelos fabricantes. Para tanto, analisaram as canaletas .022” de
cinco braquetes disponíveis no mercado americano, selecionados ao acaso. As
marcas analisadas foram: 3M Unitek (Twin Torque Roth, Clarity MBT e Victory
Revisão de Literatura 43
Series MBT), Dentaurum (Discovery Roth e ElegancePlastic Roth), Forestadent (Mini
Mono MBT), TP (Nu-Edge Roth e MxiAdvant-Edge Roth), Ormco (Damon IISL Roth),
OrthoOrganizer (Elite Mini Opti- MIM Roth e Elite Mini Opti-MIM MBT). As canaletas
destes braquetes foram medidas após calibração usando uma máquina de único-
eixo que permitiu uma leitura digital dos resultados. Quando uma canaleta de metal
estava presente à base do braquete estético (Clarity e ElegancePlastic) apenas a
canaleta de metal era medida. As medidas foram de difícil realização devido às
arestas arredondadas das canaletas, porém o microscópio definiu a intersecção da
aresta para produzir maior precisão das medidas. A intensidade das luzes do
laboratório foi ajustada, já que alguns braquetes eram escuros e outros muito
brilhantes. Foram medidas a parte superior (topo) e a inferior (base) das canaletas
dos braquetes para verificar se as mesmas apresentavam paredes paralelas,
divergentes ou convergentes. A maioria das canaletas se apresentou maior que os
valores nominais. Três canaletas estavam próximas a um patamar de 5% das
dimensões informadas pelos fabricantes e tinham as paredes paralelas: Twin
Torque, Clarity MBT e Mini Mono. A canaleta do braquete Elegance Plastic Roth
tinha paredes paralelas, porém estava 12% acima do valor informado. Quanto à
geometria das canaletas, os braquetes Victory Series eram ligeiramente divergentes
(com o topo maior) e 6% maiores. A canaleta do Nu-Edge era divergente e 14%
maior. As paredes das canaletas dos braquetes Mxi Advant-Edge Roth, Damon II SL
e Elite Mini Opti-MIM Roth e Elite Mini Opti-MIM MBT eram todas convergentes e o
assoalho da canaleta do braquete Damon II SL era 17% maior. O braquete
Discovery também apresentou paredes convergentes e o assoalho da canaleta era
24% maior. Esse braquete também teve uma diferença de 7% entre as larguras do
topo e da base da canaleta. Percebeu-se uma variação considerável no acabamento
Revisão de Literatura 44
entre os grupos de braquetes e uma menor variação dentro dos grupos. Alguns
braquetes, como por exemplo, o Mxi Advant-edge cerâmico eram convergentes
enquanto que outros como o Damon II SL eram divergentes. A junção das paredes
com o assoalho da canaleta era arredondada no Mxi Advant-edge, onde
normalmente se espera um ângulo de 90º. No braquete Elite Mini Opti-MIM notou-se
um mau acabamento na extensão do metal. Os autores enfatizaram que a
fabricação inexata das dimensões das canaletas dos braquetes e o uso de arcos de
dimensões menores poderiam afetar o posicionamento dentário tridimensionalmente,
resultando em perda de torque. Essa perda também poderia ser o resultado da
deformação de braquetes e da utilização de fios retangulares com arestas
arredondadas. O torque adicional poderia ser necessário para superar as dimensões
industriais inexatas. A solução seria a produção de acessórios ortodônticos com alto
grau de precisão para que clinicamente ocorresse o ajuste íntimo do fio à canaleta.
Os resultados deste estudo indicam que a altura da canaleta dos braquetes foram
todas maiores comparadas com a norma do fabricante. A finalização das paredes da
canaleta e o formato foram variáveis. Os ortodontistas deveriam ser informados que
pode haver perda tridimensional de posicionamento do dente como resultado do
tamanho aumentado da canaleta dos braquetes.
Bóbbo (2006) avaliou a precisão do torque de braquetes de incisivos
fabricados para a técnica MBT, oriundos de seis marcas comerciais disponíveis no
mercado brasileiro. Realizou seu estudo com auxílio de microscopia ótica e as
imagens foram medidas pelo software Global LAB, com aumento de 3,5 vezes. A
precisão do torque foi verificada por meio de um ângulo formado entre uma linha
representando a base do braquete e outra relativa ao assoalho da canaleta do
braquete. A autora encontrou maior dissidência dos valores para as marcas
Revisão de Literatura 45
American Orthodontics e Morelli, estando esta última estatisticamente em acordo
aos valores prescritos pela técnica apenas para os incisivos inferiores. A marca
American Orthodontics esteve estatisticamente distante do prescrito para os
braquetes de incisivos laterais superiores e incisivos inferiores, enquanto as marcas
Ortho Organizers e 3M Unitek também apresentaram discordância estatística em
relação aos valores de referência apenas para os braquetes de incisivos inferiores. A
marca TP Orthodontics diferiu apenas para os braquetes de incisivos laterais
superiores, enquanto a marca Abzil foi a única que esteve estatisticamente de
acordo com a prescrição nos três grupos de braquetes avaliados.
Gomes Filho (2007) em seus estudos avaliou a precisão do torque de
braquetes pré-ajustados dos incisivos superiores e inferiores, prescritos pela Terapia
Bioprogressiva de Ricketts, fazendo uma análise comparativa entre seis marcas
comerciais presentes no mercado brasileiro, Abzil e Morelli, nacionais, e Dentaurum,
Forestadent, GAC e Rocky Mountain Orthodontics (RMO), importadas. O autor
mensurou a precisão do torque dos braquetes por meio dos ângulos da parede
incisal (API) e da parede cervical (APC), medidos na intersecção da linha base do
braquete com as linhas laterais internas, incisal e cervical respectivamente, das
canaletas. Para tanto, fez uso de um microscópio eletrônico de varredura (MEV) da
marca Zeiss, modelo DSM 940A, instrumento este versátil e de uso rotineiro para
análise microestrutural de materiais sólidos e para as análises das imagens utilizou o
software AutoCAD 2000. Este estudo levou o autor à conclusão de que existe
notável divergência no torque fabricado pelas diversas marcas em relação ao
prescrito pela Terapia Bioprogressiva. Estas diferenças foram menores para os
braquetes da marca RMO, onde apenas o ângulo APC dos incisivos centrais
superiores e inferiores estiveram em desacordo com a prescrição. Já as marcas
Revisão de Literatura 46
Abzil e GAC mostraram-se divergentes da prescrição de torque em todos os ângulos
avaliados.
Vellini-Ferreira (2008) relatou que conhecimentos referentes à oclusão e
equilíbrio dos dentes, são essenciais ao sucesso do tratamento ortodôntico, que visa
uma oclusão individual. O autor afirmando que a base conceitual do torque clínico, é
constituída pela disposição arquitetônica do longo eixo do dente, e que os conceitos
de inclinação da coroa e do longo do eixo dental, se completam para a compreensão
do torque. Portanto, por apresentar diferentes inclinações, é necessário o
conhecimento preciso da morfologia coronária pelo ortodontista, para que o
tratamento tenha sucesso.
Com o objetivo de comparar as angulações e torques de braquetes de marcas
comerciais distintas, relativo à prescrição de Roth, e também em relação aos valores
preconizados pelo fabricante, Zanesco (2008) desenvolveu estudos utilizando 150
braquetes metálicos de aço inoxidável, de incisivos centrais superiores, incisivos
laterais superiores, e caninos superiores, direitos e esquerdos. Empregou cinco
marcas comerciais: Morelli, Abzil, Unitek, GAC e Dentaurum. Para a mensuração do
torque e angulação foi utilizado um equipamento denominado Perfilômetro, ou
Projetor de Perfil, de marca Starrett-Sigma modelo VB 300, acoplado a um
equipamento para mensuração digital, denominado Quadra Check 200, do
Laboratório de Metrologia da Empresa Dental Morelli Ltda. Este equipamento,
permite a projeção em sua tela de vidro, da imagem ampliada da peça. Com a
utilização deste recurso, foi possível concluir, que as diferenças, tanto de torque
quanto de angulação, na comparação dos valores do autor, quanto na prescrição
dos fabricantes, são diferenças que se enquadram dentro do grau de tolerância
Revisão de Literatura 47
preconizada por um órgão regulador de peças ortodônticas alemãs, denominada
Norma DIN. Sendo o campo de aplicação desta Norma os elementos de fixação,
para a sustentação de arcos que são utilizados no tratamento de ortopedia maxilar
de pacientes, por intermédio de aparelhos fixos, definindo medidas, ensaios,
materiais e identificação dos elementos de fixação (braquetes e tubos). No
comparativo dos valores de torque obtidos pelo estudo do autor, com os valores dos
fabricantes, a Unitek demonstrou uma maior fidedignidade ao torque comparada às
demais marcas. No entanto, no que se refere à angulação, a Unitek deixa a desejar
quando comparada às outras.
Assad-Losset al.(2010)avaliaram 45 braquetes metálicos de nove marcas
comerciais em microscópio óptico de medição universal com cinco vezes de
aumento. Com objetivo de avaliar as dimensões de altura e profundidade das
canaletas dos braquetes de diferentes ligas metálicas e processos de fabricação e
verificar se existem diferenças entre eles e a dimensão divulgada pelo fabricante.
Foram obtidas médias e desvios-padrão das alturas e profundidades das canaletas
dos braquetes de cada grupo. A diferença entre a média e a dimensão divulgada
pelo fabricante foi calculada e convertida em porcentagem. As dimensões das
canaletas apresentaram-se maiores do que a divulgada pelo fabricante, com uma
variação de 1,8% a 10,9% na altura e de 8,2% a 49% na profundidade. De maneira
geral, a dimensão real das canaletas dos braquetes metálicos testados é maior do
que a divulgada pelo fabricante.
Major et al. (2010) relataram uma nova maneira de medir as dimensões das
canaletas dos braquetes usando fotografias. Cinco pontos foram selecionados em
cada parede da canaleta e linhas foram traçadas de maneira a formar um trapézio.
Revisão de Literatura 48
Foram avaliados 30 braquetes autoligados de incisivo central superior direito, das
marcas Damon Q, In-Ovation-R e Speed. A altura da canaleta dos braquetes Speed
foram 2% menores quando comparados com a norma 0,559mm. A altura da
canaleta dos braquetes da In-Ovation foi a mais próxima da norma. Os braquetes
Damon Q possuem o formato mais retangular, com quase 90 graus nas paredes da
canaleta. A altura da canaleta foi 3% maior quando comparada com a norma
segundo os autores. A organização internacional de padronização (ISO –
www.iso.org) estava desenvolvendo uma padronização para “braquetes e tubos para
uso em Ortodontia ISO/FDIS 27020”. A tolerância das dimensões para canaletas
deverá ser incluída nesta padronização.
Bhalla et al.(2010) avaliaram a altura da canaleta de 0.022” e se as paredes
da canaleta são paralelas, de braquetes autoligados de incisivo central superior de
seis marcas comerciais. Através da microscopia eletrônica, a altura da canaleta dos
braquetes foi avaliada e comparada com as dimensões fornecidas pelo fabricante.
Todos os braquetes apresentaram a altura da canaleta significantemente
aumentadas (p>0.05). Os braquetes da Speed foram 5.1 % maiores (0.02311”),
porém os mais próximos da norma publicada. Concluíram que as medidas da altura
da canaleta foram maiores quando comparadas com a norma do fabricante e as
paredes da canaleta são divergentes.
De acordo coma organização internacional de padronização (ISO –
www.iso.org) onde há uma padronização para “braquetes e tubos para uso em
Ortodontia ISO/FDIS 27020” (2010), o fabricante deverá deixar disponível no
catálogo, na embalagem ou em qualquer outro meio de acesso as seguintes
informações: uma declaração da composição do material e a média da dimensão de
cada peça, de acordo com as normas pré estabelecidas pelo ISO.
Revisão de Literatura 49
Nesta mesma padronização fala sobre as dimensões da canaleta do
braquete, dividindo suas dimensões em profundidade, largura e altura (Figura 1).
Figura 1: Dimensão do braquete, de acordo com as normas pré estabelecidas pelo ISO.
Cotrim-Ferreira (2010) relatou inúmeros fatores a serem considerados pelo
profissional quando do planejamento mecânico de uma terapia ortodôntica. Dentre
esses, o coeficiente de atrito tem chamado grande atenção de clínicos e
pesquisadores, principalmente após a popularização dos braquetes autoligados.
Diversas características do aparelho ortodôntico podem interferir na geração de
forças de atrito, ou fricção, entre o fio ortodôntico e o braquete, quando da realização
de uma mecânica de deslize. O atrito está presente em diversas fases do tratamento
corretivo, principalmente na etapa de nivelamento e fechamento de espaços. O
menor atrito proporciona um melhor controle biomecânico e, desta forma, agilizaa
movimentação dentária, reduzindo o dano tecidual decorrente da terapia, assim
como encurta o tempo total de tratamento.
Jochet al.(2010) avaliaram as dimensões de canaletas de braquetes e de
Revisão de Literatura 50
arcos de aço de diferentes fabricantes e compararam com a tolerância da norma DIN
13971 e 13971-2. Avaliaram também o torque efetivo para comparar com os
resultados de torque nominal. Dez braquetes de incisivo central superior (0.022”) de
cinco marcas diferentes foram avaliados. A altura da canaleta foi medida com folhas
de alumínio (leaf gauges). A altura e a largura de 10 arcos de aço de
0.019X0.022”ou 0.020X0.025”foram medidas usando um micrometro. Todas as
alturas dos braquetes estavam dentro dos limites da norma DIN 13971-2. A medida
dos arcos ficou acima e abaixo do limite da norma DIN 13971. A menor perda de
torque efetivo (4,5º) foi através da combinação do uso do braquete de 0.022”SPEED
com o arco de 0.020X0.025”. A maior perda de torque foi encontrada no braquete
0.022” da marca Damon com o arco 0.019X 0.025”. Concluíram que as dimensões
do fabricante não são tão confiáveis e que para que se tenha uma finalização
perfeita, correções feitas pelo ortodontista são necessárias.
Strevaet al.(2011) avaliaram o torque presente nos braquetes metálicos
M.B.T., de 20 braquetes de caninos superiores com -7º de torque e 20 de caninos
inferiores com -6º de torque de cada uma das seguintes marcas comerciais: 3M
Unitek, Abzil, American Orthodontics, TP Orthodontics, Morelli e OrthoOrganizers,
totalizando 240 braquetes. Para os braquetes de caninos superiores, a marca Morelli
apresentou diferença estatisticamente significante do valor prescrito (-3,33º), além
de um elevado desvio-padrão (2,33º). Para os braquetes de caninos inferiores, as
marcas American Orthodontics (6,34º) e Ortho Organizers (6,25º) apresentaram
diferenças estatísticas, embora com médias aceitáveis. Numa comparação entre as
marcas, a Morelli apresentou diferenças estatisticamente significantes em relação a
todas as outras marcas nos braquetes de caninos superiores. Para os caninos
inferiores, os braquetes da American Orthodontics apresentaram diferenças
Revisão de Literatura 51
estatisticamente significantes em relação aos da Morelli. Concluiu-se que existe
variação na precisão dos torques dos braquetes, comprometendo a posição
vestíbulo-lingual final dos dentes.
Revisão de Literatura 53
3. PROPOSIÇÃO
O presente estudo se propõe avaliar a altura da canaleta dos braquetes dos
incisivos superiores e inferiores na técnica de Roth, apresentando os seguintes
objetivos:
• Analisar os valores da altura da canaleta dos braquetes de seis marcas
comerciais existentes no mercado nacional e verificar se estão de acordo com
os valores prescritos pelo autor da técnica;
• Comparar os valores da altura real da canaleta entre as marcas comerciais
pesquisadas.
Proposição
Material e Métodos55
4. MATERIAL E MÉTODOS
A amostra desta pesquisa foi submetida à avaliação da Comissão
de Ética em Pesquisa da Universidade Cidade de São Paulo e aprovada
em reunião no dia 28 de maio de2008, sob o protocolo de número
13361741 (Anexo A).
4.1 Material
A amostra deste experimento é composta por 360 braquetes de incisivos
superiores e inferiores da técnica de Roth, braquetes estes com canaletas .022” x
.028” de seis marcas comerciais disponíveis no mercado nacional (Quadro 1),
divididos nos seguintes grupos:
• Grupo A: 120 braquetes de incisivos centrais superiores;
• Grupo B: 120 braquetes de incisivos laterais superiores;
• Grupo C: 120 braquetes de incisivos inferiores.
Cada grupo supracitado foi constituído por 20 braquetes de cada uma das
seis marcas comerciais a serem avaliadas.
Material e Métodos56
Quadro 01 – Relação das marcas comerciais dos braquetes eseus respectivos
modelos e empresas fabricantes.
MARCA COMERCIAL MODELO ORIGEM
1. Abzil KiriumLine Brasil
2. GAC Ovation USA
3. Morelli Roth Light Brasil
4. Ormco / “A” Company Synthesis USA
5. RMO Integra USA
6. Unitek Miniature Twin USA
Portanto, foram parte da amostra as marcas Abzil e Morelli, que são
fabricadas no Brasil, sendo as demais produzidas no exterior.
Os braquetes foram todos comprados pelo pesquisador para não caracterizar
influência nos resultados por interesse comercial.
4.1.1 Material de Pesquisa
Para o desenvolvimento da pesquisa, foram utilizados os seguintes materiais:
• 360 braquetes da técnica de Roth;
• 72 barras de alumínio retangular, com ângulos retos precisos, na dimensão
de 30mm x 5mm x 15 mm;
• Cola adesiva a base de éster de cianocrilato, da marca SuperBonder;
• Estrutura de madeira na dimensão de 19 x 20 cm com uma perfuração de
150 x 5 mm;
• Folha de papel milimetrado;
• Fio de aço inoxidável, de secção retangular, de dimensão .021” x .025”;
• Software autoCAD 2011 (32Bit), sobre plataforma com Windons XP
Professional Service Pack2;
• Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) modelo Philips XL- 30, com
Material e Métodos57
sistema EDS (EDAX). 4.2 Métodos
As imagens que serviram como base, para os testes de avaliação da precisão
dos braquetes (altura da canaleta),foram obtidas no Laboratório de Microscopia
Eletrônica e de Força Atômica, pertencente à Escola Politécnica da Universidade de
São Paulo – USP (Figuras 1 e 2).
Figura 2: Entrada do Departamento de Engenharia Metalúrgica e de
Materiais da Universidade de São Paulo.
Material e Métodos58
Figura 3: Laboratório de Microscopia Eletrônica e de Força Atômica
A separação e identificação dos grupos de braquetes foram feita por uma
terceira pessoa, que não participou da pesquisa, a qual acomodou os braquetes em
compartimentos com códigos distintos e não identificáveis pelo operador. Estes
códigos, só foram revelados ao pesquisador após serem montadas as tabelas com
os valores. Assim, o pesquisador não teve condições de identificá-los durante o
processo de colagem, nem mesmo durante a captação e mensuração das imagens
dos braquetes. Desta forma, foram garantidas as exigências do teste de duplo cego,
o que caracteriza a validade do experimento.
Material e Métodos59
4.2.1 Confecção das bases de prova
Inicialmente foram confeccionadas as 72bases de prova, visando padronizar e
aperfeiçoar a obtenção das imagens em microscopia eletrônica. Estas bases foram
confeccionadas a partir de barras de alumínio com5mm(largura) x 15 mm(altura),
que foram cortadas no comprimento de 30 mm (Figura 3). Estes segmentos de barra
serviram como base para esta avaliação.
Em cada base foram colados 5 braquetes em sua superfície lateral (5mm x
30mm), de forma que, quando este segmento de barra estivesse deitado, os
braquetes ficavam posicionados e as faces mesiais voltadas para cima (Figura 4).
Figura 4:Base de provaem alumínio.
Figura 5:Base de prova com braquetes na posição de captação da imagem – Modelo Piloto.
Material e Métodos60
4.2.2 Posicionamento dos braquetes
Para que os braquetes ficassem com sua colagem uniformizada na posição
correta, teve-se sempre como objetivo, deixar a canaleta do braquete em perfeito
paralelismo com o feixe de obtenção de imagem do microscópio, ou seja, a canaleta
ficava posicionada sempre perpendicular, ao longo eixo da base de prova na mesa
do microscópio, e com a precisão e o paralelismo necessários para a captura da
imagem. Para tanto, foi utilizada uma estrutura de madeira, com uma canaleta
com5mm de largura, onde as bases de prova eram justas e bem adaptadas,
facilitando o processo de colagem (Figura 5). Sobre a superfície desta estrutura de
madeira, foi colada uma folha de papel milimetrado, com linhas perpendiculares e
paralelas à canaleta, o que serviu de guia, para o correto posicionamento
perpendicular das canaletas na colagem dos braquetes, sobre a superfície lateral da
base de prova (Figura 6).
Figura 6:Estrutura de madeira com canaleta guia.
Material e Métodos61
Figura 7:Estrutura de madeira com papel milimetrado colado em sua superfície, com linhas paralelas e perpendiculares às bases de prova posicionadas para colagem.
Segmentos de fio de aço inoxidável, de secção retangular e dimensão .021” x
.025”,foram utilizados para auxiliar na precisão e padronização da colagem dos
braquetes nas bases de prova. Foram colados seis segmentos menores deste fio, de
um lado da canaleta sobre o papel milimetrado, em posições determinadas para
servir de apoio. No lado oposto e sobrepondo à canaleta, seis segmentos maiores
do mesmo fio foram colados, seguindo o mesmo alinhamento dos segmentos
menores, e com as extremidades livres servindo de guia aos braquetes no momento
da colagem (Figuras 7 e 8). Desta forma, pretendeu-se manter um padrão de
posicionamento dos braquetes, e facilitar a remoção dos corpos de prova ao final da
colagem, sem danificar a estrutura de madeira padronizadora.
Figura 8:Estrutura de madeira com os segmentos de fio guia para colagem.
Material e Métodos62
Figura 9:Posicionamento dos braquetes sobre a base de prova, padronizado pela estrutura de madeira.
Para a colagem dos braquetes, foi utilizada uma cola adesiva composta de
éster de cianocrilato, da marca SuperBonder, pois esta mantém a superfície seca,
sendo uma das características necessárias, para o processo adequado de obtenção
da imagem no MEV (MALISKA, 2006).
4.2.3 Obtenção das imagens dos braquetes
Os 72 corpos de prova, cada um contendo5 braquetes posicionados e
colados, foram colocados na mesa do Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV
(Figura 9), onde seu foco foi ajustado em cada braquete, para que o perfil do mesmo
fosse o mais nítido possível, com um aumento de 35 vezes em toda a sua extensão.
Depois de obtidas as imagens, as mesmas foram armazenadas no computador do
microscópio, e posteriormente transferidas para um computador portátil, onde foram
analisadas pelo Software AutoCAD 2011 (32Bit), sobreWindons7 Professional, com
Material e Métodos63
Service Pack 2, processadas e mensuradas por uma arquiteta com vasta
experiência do uso do software.
Para os procedimentos realizados com o microscópio, foi necessário contar
com um operador com experiência no uso do equipamento, sendo este orientado e
acompanhado por um ortodontista participante da pesquisa, durante todo o período
de coleta dos dados.
Figura 10:Microscópio Eletrônico de Varredura – MEV, modelo Philips XL- 30, com sistema EDS (EDAX).
4.2.4 Demarcação dos pontos de referência
Após a obtenção de todas as imagens digitalizadas, alguns pontos foram
demarcados sobre estas, pois os mesmos foram utilizados para determinar com
maior exatidão as paredes que constituem a canaleta dos braquetes, para desta
Material e Métodos64
maneira fazer a medição da altura da canaleta dos mesmos. Foram utilizados os
seguintes pontos e linhas, todos eles demarcados utilizando-se o software AutoCAD
2011 (32Bit), sobre a plataforma Windows XP Professional, com Service Pack 2:
Ponto C1 e I1 – Primeiramente uma linha tangenciando a superfície
vestibular externa do corpo do braquete foi traçada. Esta linha foi projetada a uma
distância de 0,15 mm para o interior da canaleta. Os pontos de intersecção da
parede cervical e incisal da canaleta do braquete foram representados por C1 e I1,
respectivamente (Figura 10).
Figura 11: Obtenção dos pontos C1 e I1.
Ponto C2 e I2 –Outra linha foi traçada com a projeção da linha do fundo da
canaleta e foi projetada a uma distância de 0,10 mm para o interior da canaleta. Os
pontos C2 e I2foram representados, respectivamente, pela intersecção da parede
cervical e incisal da canaleta do braquete(Figura 11).
C1 I1
0.15mm
Material e Métodos65
Figura 12:Obtenção dos pontos C2 e I2.
Linhas LC e LI – Duas linhas foram traçadas uma unindo os pontos C1 e C2
formando a linha LC (linha cervical) e outra unindo os pontos I1 e I2 formando a
linha LI (linha incisal). Delimitando assim a canaleta do braquete (Figura 12).
I2 C2
0.10mm
I1 C1
C2 I2
LC LI
Material e Métodos66
Figura 13: Obtenção das linhas LC e LI.
Assim obtiveram-se todos os pontos de referência demarcados na imagem
(Figura 13).
Figura 14: Todos os pontos de referências.
4.2.5Mensuração da dimensão da canaleta do braquete
A mensuração da altura da canaleta foi realizada através de duas medidas
(Figura 14), a primeira na região mais próxima da superfície vestibular do braquete
do ponto C1 ao ponto I1 e outra próxima ao fundo da canaleta do ponto C2 ao ponto
I2. Partindo do princípio que as paredes da canaleta são paralelas, as duas medidas
da altura da canaleta seriam iguais. Porém se as paredes forem convergentes ou
divergentes, teria diferença entre as duas medidas. A medida de menor grandeza foi
selecionada. Essas medidas foram realizadas através do software AutoCAD 2011
(32 Bit), sobre plataforma Windows XP Professional com Service Pack 2, sendo
utilizada a precisão de até duas casas decimais. Depois, os valores encontrados,
I2
C1 I1
C2
LC LI
Material e Métodos67
foram comparados aos parâmetros da altura da canaleta estabelecidos pela técnica
de Roth e comparados também entre as marcas comerciais.
Figura 15:Medida da altura da canaleta, após duas medições, determinar a distância entre os pontos C1 e I1 e os pontos C2 e I2.
4.3 Análise Estatística Com a intenção de se verificar, se os fabricantes estão de acordo com a
norma da dimensão da canaleta dos braquetes, foi feita análise descritiva dos dados
e apresentadas em tabelas, com medidas descritivas (mediana, média, desvio
padrão, mínimo e máximo), e intervalos de 95% de confiança para a média. Também
são apresentados gráficos de caixas. Foi considerada uma tolerância de 0,56mm a
0,60mmem relação aos valores propostos pela técnica, sendo esta margem de erro
de fabricação, a aceitável, segundo a norma DIN 13971 e 13971-2 alemã, única
encontrada como parâmetro de tolerância na fabricação de materiais ortodônticos, e
ortopédicos de precisão (ZANESCO, 2008).
C1 I1
C2 I2
Material e Métodos68
Para se comparar a altura das canaletas dos braquetes entre as seis marcas
pesquisadas foi utilizado o teste paramétrico de Análise de Variância (ANOVA), de
fator único, sendo a variável dependente, “Altura da Canaleta” (“Ac”) (unidade = mm)
e o fator de variação, Marcas Comerciais. O nível de significância adotado nos testes
foi de 5%.Foi realizado também o teste de TUKEY HSD, com os intervalos de
confiança de 95%, para comparar as marcas comerciais.
4.4 Estimativa de Erro de Método
Foi realizada uma segunda mensuração em78braquetes, o que representa
cerca 21,66%da amostra inicial, seguindo o mesmo protocolo realizado na 1ªmedida
original. Este segundo tempo de medição, foi realizado após 10 dias da coleta inicial
dos dados obtidos, sendo estes, comparados aos dados obtidos no experimento
original, para se avaliar a confiabilidade dos resultados. Para a realização do teste
de confiabilidade, quanto ao erro sistemático foi utilizado o teste “t” pareado.
Resultados 70
5. RESULTADOS 5.1 Avaliação comparativa da altura da canaleta dos braquetes dos incisivos superiores e inferiores na técnica de Roth
Para a avaliação da dimensão da canaleta dos braquetes dos incisivos pela
técnica de Roth, esta pesquisa possui uma variável dependente, “Altura da
Canaleta” (“Ac”), cuja unidade é milímetros (mm)”. O fator de variação é único:
Marcas Comerciais. A tabela 5.1 traz a estatística descritiva e os parâmetros
estatísticos dos dados.
Tabela 5.1 – Parâmetros Estatísticos e Estatística Descritiva dos dados experimentais. (unidade =
mm).
Variável (Dc) Marcas N Média(mm) E.P. D.P. Var Amp Min Máx Q1(25%) Med(50%) Q3(75%) C.V.(%)ICS Abzil 20 0,50 0,0033 0,0148 0,0002 0,06 0,47 0,53 0,48 0,50 0,50 2,98 GAC 20 0,49 0,0042 0,0190 0,0004 0,07 0,45 0,52 0,47 0,49 0,50 3,91 Morelli 20 0,51 0,0034 0,0153 0,0002 0,05 0,49 0,54 0,50 0,51 0,53 2,96 Ormco 20 0,52 0,0029 0,0131 0,0002 0,05 0,48 0,53 0,51 0,52 0,53 2,53 Rocky 20 0,49 0,0039 0,0174 0,0003 0,07 0,46 0,53 0,48 0,49 0,50 3,56 Unitek 20 0,48 0,0022 0,0097 0,0001 0,04 0,47 0,50 0,48 0,48 0,49 2,01 ILS Abzil 20 0,50 0,0031 0,0138 0,0002 0,05 0,48 0,53 0,49 0,50 0,51 2,77 GAC 20 0,50 0,0035 0,0157 0,0003 0,05 0,47 0,52 0,48 0,50 0,51 3,17 Morelli 20 0,53 0,0036 0,0159 0,0003 0,06 0,50 0,56 0,51 0,52 0,53 3,03 Ormco 20 0,55 0,0037 0,0165 0,0003 0,06 0,52 0,57 0,54 0,55 0,56 3,00 Rocky 20 0,49 0,0038 0,0171 0,0003 0,06 0,46 0,52 0,47 0,49 0,50 3,51 Unitek 20 0,50 0,0027 0,0122 0,0002 0,06 0,48 0,54 0,49 0,50 0,50 2,44 IcINF Abzil 20 0,49 0,0041 0,0184 0,0003 0,09 0,43 0,52 0,48 0,49 0,49 3,78 GAC 20 0,48 0,0038 0,0169 0,0003 0,06 0,44 0,49 0,46 0,48 0,49 3,56 Morelli 20 0,52 0,0032 0,0143 0,0002 0,06 0,50 0,56 0,51 0,52 0,53 2,73 Ormco 20 0,51 0,0044 0,0197 0,0004 0,09 0,45 0,53 0,50 0,51 0,53 3,84 Rocky 20 0,51 0,0047 0,0210 0,0004 0,08 0,47 0,55 0,49 0,51 0,53 4,12 Unitek 20 0,48 0,0019 0,0083 0,0001 0,03 0,45 0,49 0,47 0,48 0,48 1,74
D.P. = desvio Padrão; E.P. = Erro Padrão; Var = Variância; Amp = Amplitude;Q1(25%) = Primeiro Quartil; Q3(75%) = Terceiro Quartil; Med (50%) = Mediana; Min. = Mínimo; Max. = Máximo; C.V. (%) = Coeficiente de Variação.
Resultados 71
5.2 Análise da Repetibilidade
Para a análise da repetibilidade e para estimar a precisão das medidas,
segundo a metodologia empregada, setenta e oito braquetes foram aleatoriamente
escolhidos entre os grupos experimentais e medidos em dois tempos diferentes,
distantes 10 dias uma da outra, e realizada pelo mesmo operador.
Um teste “t” pareado (tabela 5.2) foi utilizado para testar, se a diferença entre
os dois tempos de medida era “diferente de zero”, pois se deve esperar que
quaisquer pares de medidas repetidas “reais”, obtidas nas mesmas condições, não
devam ser diferentes de zero (BLAND,ALTMAN, 1999).
Tabela 5.2 - Parâmetros estatísticos e teste T pareado entre a Primeira e a Segunda Medição
Medições N Média(mm) D.P. E.P. Lim.Sup.(95%)† Lim.Inf.(95%)† valor t valor pPrimeira (1ª) 78 0,5004 0,023 0,0026 -0,00012 0,00955 1,94 0,06 Segunda (2ª) 78 0,4957 0,025 0,0029 (1ª) – (2ª)† 78 0,0047 0,021 0,0024 †Parâmetros da diferença entre medidas; Lim.Sup.(95%) = Limite superior do intervalo de confiança de 95% da diferença entre as medidas; Lim.Inf. (95%) = Limite inferior do intervalo de confiança de 95% da diferença entre as medidas; Valor t = valor t obtido da diferença entre as medidas
O resultado do teste “t” pareado (tabela 5.2) mostra que t=1,94;p=0,06, sendo
que não houve diferença estatística entre as duas medidas, a um nível de 5%.O
coeficiente de repetibilidade de 95% (BLAND, ALTMAN, 1999, 2007) foi obtido
através do quadrado médio do resíduo de uma ANOVA de fator único de medida
repetida, utilizando o braquete como sujeito.
Tabela 5.3 – Coeficiente de repetibilidade** de 95% do método de medição
S.Q. gl QMR Coef.Rep (95%) 0,019 78 0,0002 0,0427
**(BLAND, ALTMAN; 1999, 2007) SQ = Soma dos Quadrados; gl = Graus de Liberdade;
Resultados 72
QMr = Quadrado Médio do Resíduo; Coef.Rep (95%) = Coeficiente de Repetibilidade de 95%
O coeficiente de repetibilidade significa que 95% das diferenças entre as
medidas, calculado foi de 0,0427mm (Tabela 5.3). Isto significa que 95% das
diferenças das medidas repetidas, sob as mesmas condições se localizarão abaixo
do valor calculado.
5.3 Modelo Experimental para Comparação entre as Marcas Comerciais
O modelo estatístico escolhido para a análise dos dados deste estudo foi o teste
paramétrico de Análise de Variância (ANOVA), de fator único, sendo a variável
dependente, “Altura da Canaleta” (“Ac”) (unidade = mm) e o fator de variação,
Marcas Comerciais, em 6 níveis:
• Abzil • GAC • Morelli • Ormco • Rocky • Unitek
Para que o teste proposto fosse passível de aplicação, as premissas de
normalidade dos resíduos e homogeneidade das variâncias da variável dependente
foram testadas.
5.3.1 Teste de normalidade
O teste de normalidade dos resíduos de Shapiro Wilk (SW) está disposto na
tabela abaixo (tabela 5.4).
Resultados 73
Tabela 5.4 – Teste de normalidade de Shapiro-Wilk (SW), para a variável dependente (Dc).
Grupos de Braquetes Estatística gl Sig (p). Incisivos Centrais Superiores (ICS) 0,988 120 0,362 Incisivos Laterais Superiores (ILS) 0,966 120 0,004 Incisivos Inferiores (IncINF) 0,987 120 0,315 Gl = graus de liberdade; Alfa=0,05
Os resultados do teste de normalidade de Shapiro Wilk (SW) (tabela 5.4)
mostraram que a variável “Ac” encontra-se normalmente distribuída para os Incisivos
Centrais superiores (p=0,362) e para os Incisivos Inferiores (p=0,315). Para os
Incisivos Laterais a variável Dc apresenta desvio desta condição (p=0,004).
5.3.2 Teste de homogeneidade de variâncias
O teste de homogeneidade das variâncias de Levene está disposto na tabela
abaixo (tabela 5.5).
Tabela 5.5 – Teste de homogeneidade de Levene, para a variável dependente (Dc)
Grupos de Braquetes F - Levene gl1 gl2 Sig(p). Incisivos Centrais Superiores (ICS) 1,824 5 114 0,114 Incisivos Laterais Superiores (ILS) 1,126 5 114 0,351 Incisivos Inferiores (IncINF) 2,246 5 114 0,054 gl1 = graus de liberdade do numerador gl2 = graus de liberdade do denominador alfa = 0,05.
O teste de homogeneidade de Levene, apontou que a variável “Ac” apresenta
variâncias homogêneas para todos os grupos de braquetes, com todos os valores P
> 0,05, e portanto não significantes a 5%.
Resultados 74
5.4 Análise de Variância (ANOVA)
Tabela 5.6 – Análise de variância de fator único, para a variável dependente “Ac” para todos os
grupos de braquetes ICS, ILS e IncINF.
Tipos de Braquetes Fonte de Variação S.Q. g.l. Q.M. Fa Sig(p). F críticoICS Entre Grupos 0,021 5 0,004 18,47 2,11E-13* 2,29 Resíduo (Dentro) 0,026 114 0,0002 Total 0,047 119 ILS Entre Grupos 0,052 5 0,01 44,21 3,73E-25* 2,29 Resíduo (Dentro) 0,027 114 0,0002 Total 0,078 119 IncINF Entre Grupos 0,041 5 0,008 28,82 8,45E-19* 2,29 Resíduo (Dentro) 0,033 114 0,0003 Total 0,074 119 S.Q.=Soma dos Quadrados; g.l.=Grau de Liberdade; F=Valor F Calculado; F Crítico=Valor F tabelado; Q.M.=Quadrado Médio. a=Computado usando-se alfa = 0,05. *=Valor de p<0,05
O resultado do teste de ANOVA (Tabela 5.6), foi significante para ICS, sendo
F(5,114)=18,47, p=2,11E-13, significante para ILS, sendo F(5,114)=44,21;p=3,73E-
25 e também significante para IncINF, sendo F(5,114)=28,82;p=8,45E-19. Logo
houve evidências, para todos os tipos de braquetes (ICS, ILS e IncINF), para se
recusar a hipótese de nulidade (H0), e aceitar a hipótese de alternativa (H1), sendo
que houve influência estatisticamente significante da Marca Comercial nos valores
de Altura da Canaleta (Ac).
A fim de se localizar as diferenças existentes entre os diferentes níveis das
Marcas Comerciais, o teste complementar de múltipla comparação Tukey HSD
(“Honestly Significant Difference”) foi aplicado (Tabela 5.6).
Resultados 75
5.4.1 Teste de múltipla comparação de Tukey HSD
Os dados (tabela 5.7) e a ilustração (Figura 5.1) das múltiplas comparações
entre as marcas comerciais para a variável “Ac”, nos braquetes para Incisivos
Centrais Superiores, estão dispostos abaixo.
Tabela 5.7 - Teste de Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo ICS.
Tukey HSD Agrupamentos
Marcas Comerciais N A B
UnitekA 20 (0,48±0,010) GAC A 20 (0,49±0,019) RockyA 20 (0,49±0,017) AbzilA 20 (0,50±0,015) Morelli B 20 (0,51±0,015) OrmcoB 20 (0,52±0,013)
Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante Os dados estão dispostos em média ± desvio-padrão. Erro = Quadrado Médio do Resíduo = 0,0002 Q(6;114)5% = 4,04 Valor crítico = 0,014 N=20, alfa =0,05
O teste de Tukey HSD (Tabela 5.6) apontou que as marcas Ormco
(0,52±0,013)B, e Morelli (0,51±0,015)B, apresentaram os maiores valores de AC e
foram estatisticamente superiores as marcas Abzil (0,50±0,015)A, Rocky
(0,49±0,017)A, GAC (0,49±0,019)A e Unitek (0,48±0,010)A, que apresentaram
valores estatisticamente semelhantes entre si e estatisticamente menores em
relação as duas primeiras marcas.
O comportamento estatístico acima apresentado acima pelo teste de TUKEY
HSD está ilustrado na figura 5.1, com os intervalos de confiança de 95%, para as
marcas comerciais.
Resultados 76
Gráfico 5.1– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ICS)
Na figura acima fica evidente o comportamento das marcas comerciais em
dois grupos principais. Um grupo, composto pelas marcas Morelli e Ormco, com
valores estatisticamente superiores a outro grupo formado pelas demais marcas,
Abzil, GAC, Rocky e Unitek, que por sua vez foram semelhantes entre si.
Os dados (tabela 5.7) e a ilustração (Figura 5.2) das múltiplas comparações
entre as marcas comerciais para a variável “Ac”, nos braquetes para incisivos
laterais superiores, estão dispostos abaixo.
Resultados 77
Tabela 5.7 - Teste de Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo ILS
Tukey HSD
Agrupamentos Marcas Comerciais N A B C
RockyA 20 (0,49±0,017) GAC A 20 (0,50±0,016) AbzilA 20 (0,50±0,014) UnitekA 20 (0,50±0,012) Morelli B 20 (0,53±0,016) OrmcoC 20 (0,55±0,016)
Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante Os dados estão dispostos em média ± desvio-padrão. Erro = Quadrado Médio do Resíduo = 0,0002 Q(6;114)5% = 4,04 Valor crítico = 0,014 N=20, alfa =0,05
O teste de Tukey HSD (Tabela 5.7), apontou que a marca
Ormco(0,55±0,016)C, apresentou os maiores valores de “Ac”, seguida pela marca
Morelli (0,53±0,016)B, que apresentou valores maiores em relação as demais
marcas, Unitek (0,50±0,012)A, Abzil (0,50±0,014)A, GAC (0,50±0,016)A e Rocky
(0,49±0,017)A, que foram todas semelhantes estatisticamente entre si e
apresentaram os menores valores de Ac, em relação as demais marcas.
O comportamento estatístico acima apresentado pelo teste de TUKEY HSD
está ilustrado na figura 5.2, com os intervalos de confiança de 95%, para as marcas
comerciais.
Resultados 78
Gráfico 5.2– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (ILS)
Os dados (tabela 5.8) e a ilustração (Figura 5.3) das múltiplas comparações
entre as marcas comerciais para a variável “Ac”, nos braquetes para incisivos
inferiores, estão dispostos abaixo.
Tabela 5.8 - Teste de Tukey HSD entre as Marcas Comerciais para os braquetes tipo IncINF
Tukey HSD Agrupamentos
Marcas Comerciais N A B
GAC A 20 (0,48±0,017) UnitekA 20 (0,48±0,008) AbzilA 20 (0,49±0,018) RockyB 20 (0,51±0,021) OrmcoB 20 (0,51±0,020) Morelli B 20 (0,52±0,014) Índices diferentes indicam diferença estatisticamente significante Os dados estão dispostos em média ± desvio-padrão. Erro = quadrado Médio do Resíduo = 0,0003 Q(6;114)5% = 4,04 Valor crítico = 0,015 N=20, alfa =0,05
Resultados 79
O teste de Tukey HSD (Tabela 5.8) apontou que as marcas Morelli
(0,52±0,014)B, Ormco (0,51±0,020)B e Rocky (0,51±0,021)B foram semelhantes
entre si e, superiores estatisticamente (apresentaram os maiores valores de “Ac”),
em relação as marcas Abzil (0,49±0,018)A, Unitek (0,48±0,008)A e GAC
(0,48±0,017)A, que por sua vez foram semelhantes entre si.
O comportamento estatístico apresentado pelo teste de TUKEY HSD está
ilustrado na figura 5.3, com os intervalos de confiança de 95%, para as marcas
comerciais.
Gráfico 5.3– Ilustração comparativa dos intervalos de confiança de 95% para as marcas comerciais (IncINF)
Resultados 80
5.4.2 Comparações com os valores de referência
Para todos os tipos de braquetes, os valores de “Ac” medidos, foram
comparados estatisticamente, com os valores de referência de 0,56mm (+ 0,04mm),
da técnica de Roth.
As comparações foram feitas graficamente pela plotagem dos intervalos de
confiança de 95% para cada marca comercial, em função do tipo de braquete, contra
os valores de referência e confirmados, pela aplicação de testes “t” para uma
amostra contra um valor fixo da própria referência.
Para os testes “t” duas hipóteses foram testadas:
• H0 ou hipótese de nulidade: O intervalo de confiança da marca em questão
inclui o valor de referência, podendo ser o valor base de (0,56mm) ou o valor
máximo (0,60mm).
• H1 ou hipótese alternativa: O intervalo de confiança da marca em questão
não inclui nenhum dos valores de referência.
Antes da aplicação dos testes, as premissas de normalidade dos resíduos, para
cada marca de cada tipo de braquete, foram testadas, pelo método de Shapiro-Wilk
(tabela 5.9).
Resultados 81
5.4.3 Testes de normalidade dos resíduos de Shapiro Wilk
Tabela 5.9 – Testes de normalidade de Shapiro Wilk (SW), para a variável “Ac” para todas as marcas
comerciais em função do tipo de braquete
Tipos Marcas Estatística gl Sig(p). ICS Abzil 0,95 20 0,304 GAC 0,96 20 0,598 Morelli 0,96 20 0,544 Ormco 0,91 20 0,069 Rocky 0,96 20 0,597 Unitek 0,98 20 0,868 ILS Abzil 0,95 20 0,337 GAC 0,94 20 0,254 Morelli 0,95 20 0,411 Ormco 0,97 20 0,748 Rocky 0,96 20 0,614 Unitek 0,91 20 0,058 IncINF Abzil 0,83 20 0,003 GAC 0,88 20 0,018 Morelli 0,98 20 0,970 Ormco 0,81 20 0,001 Rocky 0,96 20 0,508 Unitek 0,92 20 0,083 gl = Graus de liberdade Alfa = 0,05
O teste de Shapiro Wilk, mostrou que os resíduos dos grupos testados
apresentam-se normalmente distribuídos para todos os grupos para os tipos de
braquetes de Incisivos Centrais e Lateriais Superiores, com exceção das marcas
Abzil (p=0,003), GAC (p=0,018) e Ormco (p=0,001) do tipo de braquete para
Incisivos inferiores, que apresentaram desvios da condição de normalidade. Apesar
destes três grupos apresentarem dados não normais, o teste “t” é robusto a falta de
normalidade (Chilton, 1963).
Resultados 82
5.4.4 Testes “t” para uma amostra
Os resultados dos Testes “t” para uma amostra, para cada condição
experimental estudada, contra um valor fixo da referência da técnica de Roth, estão
dispostos na tabela abaixo (Tabela 5.10).
Tabela 5.10 – Testes ‘”t” para uma amostra, para cada merca comercial, contra os valores de referência [0,56 (+ 0,04)].
0,56 0,60
Tipos Marcas Diff.
Média(mm)
t Sig(p) Diff.
Média(mm)
t Sig(p)
ICS Abzil -0,06 -19,53 4,9E-14* -0,1 -31,66 6,64E-18*
GAC -0,07 -17,54 3,41E-13* -0,11 -26,97 1,31E-16*
Morelli -0,05 -13,29 4,52E-11* -0,09 -25,02 5,26E-16*
Ormco -0,04 -14,62 8,69E-12* -0,08 -28,27 5,45E-17*
Rocky -0,07 -17,8 2,61E-13* -0,11 -28,06 6,28E-17*
Unitek -0,08 -35,1 9,63E-19* -0,12 -53,53 3,44E-22*ILS Abzil -0,06 -19,53 4,93E-14* -0,1 -32,47 4,14E-18*
GAC -0,06 -18,14 1,86E-13* -0,1 -29,5 2,47E-17*
Morelli -0,03 -9,76 7,79E-09* -0,07 -21,01 1,30E-14*
Ormco -0,01 -3,12 5,65E-03* -0,05 -13,99 1,86E-11*
Rocky -0,07 -18,92 8,75E-14* -0,11 -29,38 2,67E-17*
Unitek -0,06 -21,4 9,28E-15* -0,1 -36,04 5,89E-19*IncINF Abzil -0,07 -26,26 2,14E-16* -0,11 -41,27 4,62E-20*
GAC -0,08 -25,87 2,84E-16* -0,12 -38,39 1,79E-19*
Morelli -0,04 -11,42 5,94E-10* -0,08 -23,96 1,17E-15*
Ormco -0,04 -16,6 9,17E-13* -0,08 -31,58 6,95E-18*
Rocky -0,05 -10,84 1,41E-09* -0,09 -19,38 5,66E-14*
Unitek -0,08 -45,07 8,8E-21* -0,12 -66,67 5,42E-24*Diff.Média= Diferença da média para o valor de referência t = valor “t” calculado para 19 gl t crítico (19gl, 5%) = 2,09 * =P < 0,05
Na tabela 5.10, pode-se observar que todos os grupos, ou condições
experimentais, rejeitam H0 e aceitam H1, ou seja, não incluem a faixa de referência.
Resultados 83
A figura 5.4, ilustra estes resultados, pela plotagem dos intervalos de
confiança de 95%, para todas as marcas em função do tipo de braquete, contra a
faixa de referência de 0,56mm (+ 0,04mm).
Gráfico 5.4 – Ilustração dos intervalos de confiança de 95% para todas as condições experimentais deste trabalho, plotados contra a faixa de referência de 0,56mm (+ 0,04mm).
Pode-se notar que a figura 5.4, confirma os resultados dos testes “t”. Todas
as condições estão fora da faixa de referência, compreendidas entre 0,56mm e
0,60mm. Todos os intervalos de confiança de 95% encontram-se abaixo do valor de
0,56mm.
Discussão 85
6. DISCUSSÃO
O ortodontista deveria ser muito cauteloso durante a colagem do aparelho
ortodôntico, uma vez que se houver posicionamento incorreto dos braquetes, todos
os efeitos benéficos da técnica seriam perdidos. Em alguns casos torna-se
necessário a confecção de algumas dobras nos fios, pois a variação das
características de cada dente influencia no resultado final do tratamento
(Creeckmore,1979; Magness, 1978, Ferguson, 1990; Kapur-Wadhwa, 2004). Além do
posicionamento correto do braquete em cada dente Vellini-Ferreira em 2008 ressalta
que o conhecimento referente à oclusão e equilíbrio dos dentes, essencial ao
sucesso do tratamento ortodôntico, que visa uma oclusão individualizada. Os
conceitos de inclinação da coroa e do longo do eixo dental se completam para a
compreensão do torque. Portanto, por apresentar diferentes inclinações, é
necessário o conhecimento preciso da morfologia coronária pelo ortodontista, para
que o tratamento tenha sucesso.
Outro fator importante aos ortodontistas é o conhecimento das especificações
do aparelho ortodôntico. Os fabricantes não declaram qual o método que usam
quando medem as dimensões dos braquetes e também não colocam a tolerância
das dimensões em seus catálogos de produtos ou em suas etiquetas. É de suma
importância ter o conhecimento sobre a exatidão principalmente da canaleta dos
braquetes, pois irá permitir um controle maior e momentos de torque mais corretos
(MELING, ODEGAARD e SEQNER, 1998; KUSY E WHITLEY, 1999; SIATKOWSKI,
1999; CASH et al.,2004). Além do conhecimento das especificações dos braquetes
seria necessário também uma padronização do sistema fio-braquete, informando a
folga aceitável entre eles (FISCHER-BRANDIES et al., 2000).
Discussão 86
Sobre o processo de confecção dos braquetes, os métodos são por injeção-
moldagem, fundição e fresagem, utilizados em combinação ou não (ZINELIS et al.,
2004) e que poderiam influenciar na precisão dos dimensões do braquete. Segundo
Gioka e Eliades (2004), a moldagem poderia expor os materiais à expansão e à
compressão, enquanto que a fresagem poderia incorporar imperfeições e
porosidades à superfície dos braquetes. Esses acessórios seriam mais bem
confeccionados por meio da injeção-moldagem para a obtenção de uma correta
anatomia de sua base (ROTH, 2002). Por este processo, o pó de metal é misturado
a aglutinantes, lubrificantes e dispersantes, obtendo-se uma mistura homogênea que
é injetada em formas pré-estabelecidas. Os braquetes são formados dentro da
geometria desejada, mas resultam de 17 a 22% maior em suas dimensões, uma vez
que ainda sofrerão a contração após o processo de sinterização, quando o calor, o
solvente, ou ambos, serão responsáveis pela eliminação e remoção do aglutinante
da mistura, ficando no final com as dimensões ideais (ASSAD-LOSS et al., 2010).
Precisão é a capacidade de ler medidas realizadas por um aparelho. A
confiabilidade da precisão está diretamente relacionada com o aparelho utilizado e
somente pode ser melhorada se o aparelho ou instrumento de leitura for aprimorado.
Executar diversas vezes a mesma experiência também é uma forma de aumentar a
confiabilidade no resultado final. (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE -
DEPARTAMENTO DE FÍSICA, 2001).
O controle da precisão da confecção dos braquetes é questionável, primeiro
por ser um processo com várias etapas, portanto quanto maior a quantidade de
etapas mais difícil será o controle; por não ter apenas máquinas nas etapas de
confecção e de aferição, e o ser humano é passível de erros; por serem peças muito
Discussão 87
pequenas dificultando a medição de suas dimensões e por não ter talvez um método
de confecção simples e totalmente preciso.
Existe uma norma para a confecção dos mesmos que é a Norma DIN 13971-2
que orienta em relação à fabricação dos braquetes. A norma DIN foi realizada em
Janeiro de 2000 e apresenta a tolerância de ±1 º para os torques e quando a
canaleta for de .022” que corresponde a 0,56mm, a tolerância é de +0,04mm. Além
da Norma DIN existe o ISO (Organização Internacional de Padronização sobre
braquetes e tubos para uso em ortodontia ISO/FDIS 27020” (2010)) que também fala
sobre regras, normas e tolerâncias para a fabricação dos aparelhos ortodônticos,
porém não apresenta uma tolerância para a altura da canaleta, apresenta apenas
valores exatos. Portanto para esta pesquisa foi adotada a Norma DIN por apresentar
uma tolerância, por ser a referência em outras pesquisas e por ser a mais usada até
hoje não apenas nas pesquisas mas nas fábricas também.
Encontramos na literatura alguns trabalhos sobre a precisão do torque dos
braquetes, que para este estudo foi muito importante, pois a canaleta está muito
relacionada ao torque. Algumas dessas pesquisas foram avaliadas por vários
autores entre eles Bóbbo, 2006, Gomes Filho, 2007 e Zanesco, 2008. A metodologia
empregada pode ser através do auxílio de microscopia ótica (BÓBBO, 2006;
GOMES FILHO, 2007) ou através do Perfilômetro (ZANESCO,2008) utilizado
normalmente nas fábricas. Bóbbo em 2006encontrou maior dissidência dos valores
para as marcas American Orthodontics e Morelli, estando esta última
estatisticamente em acordo aos valores prescritos pela técnica apenas para os
incisivos inferiores. A marca American Orthodontics esteve estatisticamente distante
do prescrito para os braquetes de incisivos laterais superiores e incisivos inferiores,
enquanto as marcas Ortho Organizers e 3M Unitek também apresentaram
Discussão 88
discordância estatística em relação aos valores de referência apenas para os
braquetes de incisivos inferiores. A marca TP Orthodontics diferiu apenas para os
braquetes de incisivos laterais superiores, enquanto a marca Abzil foi a única que
esteve estatisticamente de acordo com a prescrição nos três grupos de braquetes
avaliados. Já Gomes Filho, em 2007, também avaliando a precisão de torque
prescrito pela Terapia Bioprogressiva de Ricketts encontrou notável divergência no
torque fabricado pelas diversas marcas em relação ao prescrito pelo fabricante.
Zanesco, em 2008, avaliando angulações e torques na prescrição de Roth
concluíram que as diferenças na comparação dos valores do autor, quanto na
prescrição dos fabricantes, são diferenças que se enquadram dentro do grau de
tolerância da Norma DIN.
As dimensões da canaleta dos braquetes estão intimamente relacionadas à
expressão do torque, ao coeficiente de atrito e ao deslizamento do fio durante a
mecânica ortodôntica, portanto sua precisão é de suma importância para o resultado
do tratamento ortodôntico. Esses fatores devem ser considerados pelo profissional
quando do planejamento mecânico de uma terapia ortodôntica. O menor atrito
proporciona um melhor controle biomecânico e, desta forma,agilizaa movimentação
dentária, reduzindo o dano tecidual decorrente da terapia, assim como encurta o
tempo total de tratamento (COTRIM-FERREIRA, 2010).
Pesquisas para avaliar as dimensões de altura e profundidade das canaletas
dos braquetes para verificar se existem diferenças entre eles e a dimensão
divulgada pelo fabricante já foram realizadas (MELING et al., 1998; JONES, TAN E
DAVIES, 2002; CASH et al., 2004; ASSAD-LOSS et al., 2010; MAJOR et al.,
2010;BHALLA, 2010; JOCH, 2010).
Discussão 89
Dentre essas pesquisas, Cash et al. em 2004 relataram que a maioria das
canaletas se apresentou maior que os valores nominais e a finalização das paredes
da canaleta e o formato foram variáveis, porém a amostra foi de apenas 5 braquetes.
Já em 2010,Assad-Losset al.com uma amostra de 45 braquetes divulgaram que a
dimensão real das canaletas dos braquetes metálicos testados eram diferentes do
que a divulgada pelo fabricante, sendo na maioria dos grupos de tamanho
aumentado. Foi encontrada também uma variação de 1,8% a 10,9% na altura da
canaleta dos braquetes, mostrando dessa maneira a imprecisão da altura da
canaleta dos braquetes. Neste mesmo ano Major et al. avaliaram braquetes
autoligados e concluíram que quando comparado com a norma DIN 13971 e 13971-
2, a altura da canaleta dos braquetes Speed foram 2% menores, em relação aos
braquetes da In-Ovation foram os mais próximo da norma, já os braquetes Damon Q
apresentaram a altura da canaleta 3% maior quando comparada com a norma. Em
contrapartida, ainda neste mesmo ano Bhallaet al. avaliando a altura da canaleta
dos braquetes autoligados também, concluíram que as medidas da altura da
canaleta foram maiores quando comparadas com a norma do fabricante, porém as
paredes da canaleta estavam divergentes. Em setembro de 2010 Joch et al. também
avaliaram as dimensões de canaletas de braquetes autoligados e de arcos de aço
de diferentes fabricantes, concluindo que as alturas dos braquetes estavam dentro
dos limites da norma DIN 13971-2, porém a amostra foi com apenas 10 braquetes.
A escolha por braquetes de aço inoxidável, de marcas nacionais e
importadas, ocorreu pelo fato de serem encontrados com facilidade no mercado
brasileiro, com custo adequado ao mercado e com qualidade reconhecida e utilizada
pelos ortodontistas. A escolha pela prescrição Roth foi devido a algumas
considerações: por ser uma das mais utilizadas pelos ortodontistas, mesmo sendo
Discussão 90
braquetes de 2ª geração; por ter poucas pesquisas voltadas a precisão das
dimensões dos mesmos; e pela prescrição permanecer inalterada até hoje com seus
torques originais (ROTH, 2000).
A avaliação da altura da canaleta dos braquetes pode ser feita de várias
maneiras: através de dispositivos mecânicos (FLORES et al., 1994; MELING e
ODEGAARD, 1998; MELING, ODEGAARD e SEQNER, 1998), de sistemas
computadorizados como Fischer-Brandies et al. (2000), de computação gráfica
(CAD) como Kang et al. (2003) ou através de microscópios eletrônicos de varredura
(DELLINGER, 1978; SEBRANC et al., 1984; KUSY e WHITLEY, 1999; JONES, TAN
E DAVIES, 2002; ZINELIS et al., 2004; CASH et al., 2004; ASSAD-LOSS et al.,
2010; MAJOR et al., 2010;BHALLA, 2010; JOCH, 2010). Portanto, para a
mensuração da altura da canaleta dos braquetes para esta pesquisa, a precisão do
microscópio eletrônico de varredura com um aumento de 35 vezes foi unida à
tecnologia de digitalização das imagens. Assim, a precisão e a visualização estariam
se complementando atendendo aos requisitos da comunidade científica.
Os braquetes ortodônticos são peças delicadas, pequenas, de difícil
manipulação e padronização para o operador. Teve-se uma preocupação muito
grande em relação à padronização das peças a serem examinadas. Normalmente se
confecciona um gabarito para posicionar os braquetes para assim ficar paronizado
(CASH et al., 2004; STREVA, 2005;ASSAD-LOSS et al., 2010; MAJOR et al.,
2010;BHALLA, 2010; JOCH, 2010), neste caso além do gabarito foi feita uma base
de madeira revestida com papel milimetrado para guiar o correto posicionamento
dos mesmos.
Discussão 91
A imagem da altura da canaleta quando aumentada de tamanho apresentou
algumas imperfeições (CASH et al.,2004; STREVA, 2005;ASSAD-LOSS et al., 2010;
MAJOR et al., 2010;BHALLA, 2010; JOCH, 2010), portanto nesta pesquisa a
justificativa de desconsiderar 0,15 mm do topo e 0,10mm da base da altura da
canaleta foi para diminuir a quantidade de arredondamentos e/ou imperfeições. A
medição ficou então entre esses dois pontos, e a medida final foi a menor
encontrada, para minimizar ainda mais a chance de erro. Alguns artigos já relataram
que as paredes das canaletas não são perpendicurales, portanto a menor distância
pode não ser a que está no topo da altura da canaleta ou mais próximo da base
(CASH et al., 2004, BHALLA, 2010).Então a opção pela utilização da menor
distância encontrada dentro de cada corpo de prova se deve ao fato de ser este
ponto aquele que entrará primeiramente em contato com o fio ortodôntico, nas
diversas fases e etapas da movimentação ortodôntica. Este fator pode ter
influenciado na divergência de resultados encontrados em relação à literatura.
Nesta pesquisa foram avaliados 360 braquetes, uma amostra considerável
quando comparada a outros estudos, onde o mais recente teve uma amostra de 90
braquetes (MAJOR et al., 2010). Este seria outro fator responsável por resultados
divergentes dos encontrados na literatura.
Outro fator importante seria alguns estudos mais recentes (CASH et al., 2004;
BHALLA, 2010; JOCH, 2010; MAJOR et al., 2010),terem usado braquetes
autoligados. Sabemos que a preocupação com o baixo atrito é muito maior por parte
do fabricante, pois nesses casos a altura da canaleta de tamanho diminuído iria
influenciar negativamente ao resultado da mecânica, portanto a altura da canaleta
nesses estudos serem a maioria de tamanho aumentado poderia ser justificada por
esse fator.
Discussão 92
Com o intuito de avaliar e estimar a precisão das medições, o teste de
repetibilidade foi realizado previamente realizado com setenta e oito braquetes
aleatoriamente escolhidos. Não houve diferença estatística entre as duas medidas, a
um nível de 5%, dando mais credibilidade ao examinador.
Os resultados aqui alcançados, quanto à precisão da dimensão das
canaletas, mostraram dados além de heterogêneos entre as seis marcas avaliadas,
também em desacordo com a prescrição da técnica. Apesar de serem poucos os
trabalhos sobre precisão de acessórios ortodônticos, esta heterogeneidade e
divergência em relação à prescrição são comuns em muitos experimentos (JONES,
TAN E DAVIES, 2002;CASH et al., 2004; ASSAD-LOSS et al., 2010; MAJOR et al.,
2010), confirmando certa imprecisão destes acessórios.
As dimensões da altura das canaletas verificadas neste estudo estiveram
reduzidas em relação ao que indica a técnica para todos os tipos e marcas de
braquetes avaliados. Estes dados fogem da expectativa da literatura, uma vez que
outros trabalhos também sugerem a presença de imprecisão dimensional, porém em
sentido oposto, ou seja, com canaletas de altura aumentada (JONES, TAN e
DAVIES, 2002;CASH et al., 2004; BHALLA, 2010; ASSAD-LOSS et al., 2010). Esta
diferença de resultado em relação à literatura pode estar relacionada à metodologia
aqui empregada. Em alguns estudos anteriores (JONES, TAN E DAVIES, 2002;
ASSAD-LOSS et al., 2010), a medição foi realizada em um ponto específico da
canaleta, grande parte das vezes na região mais vestibular (externa). A metodologia
aqui utilizada preocupou-se em buscar a posição dentro da canaleta que
apresentasse a menor altura, pois se baseando na mecânica ortodôntica,
Discussão 93
principalmente na fase de finalização, o contato do arco na parede da canaleta se
dará onde esta altura for a menor, sendo assim esta região a mais relevante e
influente para a expressão máxima do fio ortodôntico.
Quando a amostra foi comparada com os valores de referência da técnica de
Roth levou-se em consideração com a Norma DIN (0,056mm com tolerância a +
0,04mm), e verificou-se que a amostra toda se encontra abaixo do valor de
0,56mm.Isso quer dizer que todas as alturas das canaletas foram menores quando
comparadas com a prescrição de Roth e estiveram fora da tolerância dada pela
norma DIN. Como já abordado, esta norma representa a única normatização
pertinente ao que foi avaliado. Chama atenção, a tolerância suportada ser apenas
para mais, e não para mais ou menos; talvez baseado nas técnicas de fabricação
mais antigas, por fresagem. De qualquer forma, apesar de estatisticamente todas as
marcas estarem aquém do prescrito, algumas marcas se aproximaram mais da
dimensão correta. Ficou nítida a maior proximidade de resultados satisfatórios
obtidos pelas marcas Morelli e Ormco.
Avaliando os incisivos centrais superiores ficam evidentes o comportamento
das marcas comerciais em dois grupos principais através de o teste complementar
de múltipla comparação Tukey HSD, onde um grupo formado pelas marcas Morelli e
Ormco, com tamanhos estatisticamente superiores da altura da canaleta e outro
grupo, das demais marcas ,Abzil, GAC, Rocky e Unitek, que por sua vez foram
semelhantes entre si, porém de dimensões menores de altura da canaleta e mais
distantes da prescrição da técnica.
Em relação aos braquetes dos incisivos laterais superiores, as alturas das
canaletas foram decrescentes da marca Ormco, seguida pela marca Morelli e após
vieram as outras marcas Unitek, Abzil, GAC e Rocky. Assim, novamente Morelli e,
Discussão 94
principalmente, a Ormco apresentaram resultados mais precisos.
Já nos braquetes para incisivos inferiores, foram divididos em dois grupos que
seguiram a ordem decrescente da altura da canaleta da seguinte maneira: Morelli,
Ormco e Rocky, e após as marcas Abzil, Unitek e GAC. Novamente verificou-se
certa superioridade das marcas Ormco e Morelli, neste caso acompanhado pela
marca Rocky Moutain.
Apesar dos resultados não mostrarem precisão em acordo com a prescrição,
pode-se verificar certa superioridade dimensional na altura das canaletas de
algumas marcas, principalmente Ormco e Morelli. Entretanto é fundamental a
consciência sobre a grande diversidade de fatores que influenciam a mecânica
ortodôntica, também especificamente em relação à precisão de seus acessórios.
Aspectos como precisão de torque, angulação, paralelismo das paredes dos
braquetes, ou dimensão, polimento e definição de ângulos dos diversos fios
ortodônticos terão também significativa interferência na expressão máxima e
otimizada dos recursos mecânicos da Ortodontia. Assim, a altura da canaleta
represente um aspecto a ser considerado dentro destes fatores. De qualquer modo o
conhecimento da precisão, ou como verificado, da relativa imprecisão aferida nos
braquetes ortodônticos serve como alerta à comunidade ortodôntica como um todo,
onde ortodontistas terão maior consciência das eventuais limitações do material que
estão utilizando, enquanto os fabricantes poderão se empenhar em reduzir estas
imprecisões e melhorar a qualidade do material fabricado.
- Considerações Clínicas:
Com avariação de tamanho da altura da canaleta dos braquetes,
Discussão 95
considerando a espessura precisa dos fios ortodônticos, pode aumentar ou diminuir
o valor de torque do aparelho pré-ajustado, bem como a quantidade deatrito. No
caso desta pesquisa onde a canaleta apresentou-se de tamanho reduzido, o atrito
seria aumentado, o torque teria uma expressão aumentada, diminuindo ou anulando
a folga existente entre o fio e canaleta. Os aparelhos ortodônticos sofreram algumas
alterações ao longo dos anos, buscando cada vez mais um aprimoramento de suas
técnicas, filosofias e dimensões dos aparelhos. Acima de qualquer tipo de técnica ou
prescrição ortodôntica a altura e/ou profundidade da canaleta dos braquetes não
alteraram. Portanto para que todo um estudo no desenvolvimento de uma prescrição
ortodôntica tenha sucesso é de suma importância o tamanho fiel da canaleta, pois a
expressão do torque e o posicionamento final dos dentes foram desenvolvidos com
tamanhos padronizados dos aparelhos. Acredita-se que este estudo possa alertar os
ortodontistas em relação à precisão dos aparelhos ortodônticos, onde a
individualização na finalização dos tratamentos na maioria das vezes será
necessária. Além disso, saber que imprecisões podem ocorrer, cabendo ao
ortodontista identificar e compensar essas variações da melhor maneira possível. Os
aparelhos pré-ajustados não são na verdade totalmente programados e dependem
de algumas variáveis como o tipo de fabricação, a marca, a prescrição, a correta
instalação, a variação da anatomia dentária e a precisão das dimensões dos
mesmos. Os ortodontistas já se preocupam em selecionar corretamente o aparelho
pré-ajustado, fazendo também uma correta instalação do aparelho respeitando as
variações dentárias individualizadas para minimizar cada vez mais dobras no final do
tratamento. Entretando, esta pesquisa e a revisão da literatura mostra que além
desses cuidados a atenção deverá ser voltada também para a escolha do aparelho
em relação à fidedignidade de suas dimensões. Os fatores que influenciam na
Discussão 96
confecção dos braquetes são vários, o ideal seria um controle mais rígido em todas
as etapas com aferições fieis e constantes. As fábricas por mais que sejam
automizadas ainda contam com pessoas em algumas etapas, portanto, calibrações e
aferições deveriam ser algo rotineiro, pois o erro pode ocorrer em qualquer etapa. O
ortodontista deverá estar sempre atendo às imperfeições, que na maioria das vezes
são imperceptíveis a olho nú, porém podem causar alguns efeitos indesejáveis ou
não previsíveis durante o tratamento ortodôntico. Pesquisas como esta podem
também proporcionar um estímulo para melhorias no segmento industrial,
principalmente conscientiza-los de que a precisão dos aparelhos pré ajustadosé
extremamente importante. Espera-se que mais pesquisas envolvendo materiais
ortodônticos sejam realizadas para que essa conscientização se acentue tanto para
os ortodontistas como para os fabricantes.
Conclusões 98
7. CONCLUSÕES
De acordo com a metodologia empregada nesta pesquisa e considerando os
resultados encontrados, pode-se concluir que:
• As seis marcas comerciais analisadas na prescrição Roth apresentaram
valores de altura da canaleta menores do que a prescrição preconiza e
abaixo da tolerância referente à norma DIN.
• Quanto à comparação entre as marcas comerciais, pode-se verificar um
comportamento semelhante e superior dos braquetes das marcas Morelli e
Ormco em todos os tipos avaliados. Para os braquetes de incisivos laterais
superiores a marca Ormco apresentou resultado ainda superior ao da
marca Morelli, enquanto que nos acessórios para incisivos inferiores estas
duas marcas foram acompanhadas pelos resultados obtidos pela Rocky
Mountain Orthodontics.
Referências 100
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Anexo 106
Autor Ano Metodologia Resultados Canaleta Tipo de Braquete Prescrição Amostra
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Meling, Odegaard e
Seguer 1998 Fórmula matemática
utilizando fios ortodônticos Altura da canaleta de tamanho aumentado. 0.018” Ormco Edgewise 10
Kusy e Whitley 1999 Óptica de um aparelho de microdureza
15% da altura da canaleta de tamanho reduzido.
0.018”, 0.0185 e 0.022”
“A”-Company, AO,Dentaurum,GAC,Ormco, RMO, TP, 3M
24
Jones, Tan e Davies 2002 Microscopia eletrônica Altura da canaleta de tamanho
aumentado. 0.018”
Ultratrimm, Dentaurum, Pforzheim, Germany)
90
Cash et al. 2004 Microscopia eletrônica – norma 0,56mm
Alturas dos braquetes de tamanho aumentado e com formas variadas.
0.022”
Twin Torque, Clarity, Victory Series, Discovery, Elegance Plastic, Mini mono, Nu-Edge, MxiAdvant-Edge, Damon II SL, Elite Mini Opti-MIM
Roth e MBT 11
Assad-Loss et al. 2010 Microscópio óptico
A altura da canaleta apresenta-se de tamanho aumentado.
0.022” Dentaurum, TP, AO, Abzil, Morelli.
Roth e Edgewise 45
Majoret al. 2010 Fotografias – norma 0,559mm
Speed 2% com a altura da canaleta de tamanho reduzido, In-Ovation próximo norma, Damon Q 3% de tamanho aumentado.
0.022” Speed, GAC, Ormco. 90
Bhalla et al. 2010 Microscopia eletrônica Altura da canaleta de tamanho aumentado e paredes divergentes
0.022” Speed, 3M, GAC, Ormco. 6
Joch et al. 2010 Medida com folhas de alumínio (leaf gauges)
Altura da canaleta dentro do limite da norma DIN. 0.022”
Speed, GAC, Ormco, Ortho Organizers
10