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1 UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE LEITE ANDRÉ BALESTRINI WILLIAN PASQUALOTTO AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA NO LEITE IN NATURA COMPARANDO O DESCARTE OU NÃO DOS TRÊS PRIMEIROS JATOS DE LEITE EM TRÊS PROPRIEDADES, DO MUNICÍPIO DE PINHALZINHO - SC CUNHA PORÃ - SC 2011

AVALIACAO DA CONTAGEM BACTERIANA NO LEITE IN …tcconline.utp.br/wp-content/uploads/2011/11/AVALIACAO-DA-CONTAGEM... · avaliaÇÃo da contagem bacteriana no leite in natura comparando

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DE SAÚDE

CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU EM PRODUÇÃO DE LEITE

ANDRÉ BALESTRINI

WILLIAN PASQUALOTTO

AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA NO LEITE IN NATURA

COMPARANDO O DESCARTE OU NÃO DOS TRÊS PRIMEIROS

JATOS DE LEITE EM TRÊS PROPRIEDADES, DO MUNICÍPIO DE

PINHALZINHO - SC

CUNHA PORÃ - SC

2011

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ANDRÉ BALESTRINI

WILLIAN PASQUALOTTO

AVALIAÇÃO DA CONTAGEM BACTERIANA NO LEITE IN NATURA

COMPARANDO O DESCARTE OU NÃO DOS TRÊS PRIMEIROS

JATOS DE LEITE EM TRÊS PROPRIEDADES, DO MUNICÍPIO DE

PINHALZINHO - SC

Monografia apresentada como requisito

parcial para obtenção do titulo de

especialista, no Curso de Pós-Graduação

Lato Sensu em Produção de Leite da

Faculdade de Ciências Biológicas e de

Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Orientador: Dr. André Thaler Neto

CUNHA PORÃ – SC

2011

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RESUMO

Qualidade e segurança são componentes indispensáveis para produtos alimentares e as indústrias conhecem bem os benefícios advindos da necessidade de se trabalhar corretamente os alimentos, garantindo suas propriedades nutricionais, tecnológicas e sanitárias a fim de garantir a qualidade do leite que chega a mesa de milhões de brasileiros, ou até de outros países. O objetivo do presente trabalho é diagnosticar e comparar a real situação em que se encontram os níveis de contagem bacteriana (CBT) e contagem de células somáticas (CCS) no leite in natura no município de Pinhalzinho – SC. Para alcance do objetivo analisou-se a interferência do descarte ou não dos 03 (três) primeiros jatos de leite de três rebanhos diferentes com coletas realizadas nos tanques de resfriamento contendo o leite in naturaproduzidos no final de cada dia por três dias consecutivos. Após as analises concluiu-se que os descartes dos três primeiros jatos de leite não possuem influência para o aumento da Contagem Bacteriana no leite total, nem no aumento da Contagem de Células Somáticas do leite.

Palavras-chave: Contagem bacteriana, leite in natura, descarte ou não dos três primeiros jatos.

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ABSTRACT

Quality and safety are essential components for food products and industries are well aware of the benefits arising from the need to work properly foods, ensuring their nutritional properties, health and technology to ensure the quality of milk that arrives at the table for millions of Brazilians Or even other countries. The objective of this work is to diagnose and compare the real situation they are in the levels of bacterial count (TBC) and somatic cell count (SCC) in raw milk in the city of Pinhalzinho - SC. Reach the objective we analyzed the influence of the discharge or not the 03 (three) first streams of milk from three herds with different samples taken in cooling tanks containing fresh milk produced at the end of each day for three consecutive days. After the analysis it was concluded that discards the first three jets of milk have no influence to the increase in total bacterial count in milk, or in raising the Somatic Cell Count Milk.

Keywords: Bacterial count, fresh milk, or do not discard the first three jets.

5

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................7

2. OBJETIVOS .....................................................................................................................9

3. REVISÃO DA LITERATURA .....................................................................................10

4. MATERIAIS E MÉTODOS..........................................................................................15

5. RESULTADO E DISCUSSÃO......................................................................................16

6. CONCLUSÕES...............................................................................................................25

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS: ........................................................................26

6

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 – CONTAGEM BACTERIANA TOTAL (CBT) MÁXIMA E CONTAGEM

DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS) MÁXIMAS ADMITIDAS NO LEI TE CRU

REFRIGERADO. ...................................................................................................................14

TABELA 2 – CARACTERÍSTICAS DAS PROPRIEDADES UTILIZA DAS PARA A

REALIZAÇÃO DO EXPERIMENTO.................................................................................17

TABELA 3 – AMOSTRAGEM DA CONTAGEM BACTERIANA TOTAL (CBT) E DA

CONTAGEM DE CÉLULAS SOMÁTICAS (CCS) DAS TRÊS PROPRIEDADES

AVALIADAS. .........................................................................................................................18

TABELA 4 – ANALISE DO LEITE COM O DESCARTE DOS TRÊS PRIMEIROS

JATOS NAS TRÊS PROPRIEDADES SELECIONADAS................................................20

TABELA 5- CCS EM TANQUE DE EXPANSÃO E SEUS RESPECTIVOS VALORES

DE REDUÇÃO NA PRODUÇÃO DE LEITE.....................................................................21

TABELA 6 – EXAME DO LEITE SEM O DESCARTE DOS TRÊS PRIMEIROS

JATOS NAS TRÊS PROPRIEDADES SELECIONADAS................................................22

7

1. INTRODUÇÃO

As indústrias conhecem bem os benefícios advindos da necessidade de se

trabalhar corretamente os alimentos, garantindo suas propriedades nutricionais,

tecnológicas e sanitárias. Qualidade e segurança são componentes, hoje,

indispensáveis para produtos alimentares e num mercado altamente competitivo,

muitos países querem vender alimentos e os que compram são suficientemente

inteligentes para exigir qualidade, segurança e preço justo. Em tal contexto, o Brasil

vive uma realidade, no mínimo paradoxal: possui empresas de alimentos que

poderiam estar no primeiro mundo e, ao mesmo tempo, enfrenta problemas

primários na produção de matérias-primas e produtos elaborados, geralmente

relacionados à esfera sanitária.

Estima-se que nos próximos anos haverá um aumento significativo da

produção mundial de leite, devido ao aumento do consumo nos países da África,

Ásia e América Latina onde vivem aproximadamente dois terços da população

mundial. Espera-se, igualmente, um aumento das exigências sobre a qualidade do

leite e derivados, especialmente quanto à sua segurança para a saúde do

consumidor.

A qualidade do leite produzido no Brasil ainda está muito além do

tecnicamente recomendável, fazendo com que fique comprometida a inocuidade dos

alimentos lácteos ofertados à população e também as possibilidades do Brasil se

estabelecer como um forte competidor no mercado internacional. A baixa qualidade

da matéria-prima aqui produzida limita a transformação industrial desse leite a

produtos de baixo valor agregado e sem um padrão de exportação. Temos um

enorme potencial para competir no mercado externo, visto que o clima é favorável a

obtermos uma produção no Brasil com baixos custos, estando entre os mais baixos

do mundo, mas a sanidade dos rebanhos e a qualidade intrínseca do leite poderão

construir-se em barreiras impostas pelos países importadores, caso não haja

mudanças rápidas na cadeia como um todo.

A fim de se garantir a qualidade do leite que chega a mesa de milhões de

brasileiros, ou até de outros países, foi elaborado a Instrução Normativa 51(IN 51),

que legaliza alguns requisitos para se obter um leite com maior qualidade, porém a

mesma interfere diretamente na rotina dos produtores de leite, o que causa uma

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certa resistência. A realidade é que quem não se adequar a ela, corre o risco de ficar

fora do mercado.

Basicamente, o leite, para ser caracterizado como de boa qualidade, deve

apresentar as seguintes características organolépticas, nutricionais, físico-químicas

e microbiológicos: sabor agradável, alto valor nutritivo, ausência de agentes

patogênicos e contaminantes (antibióticos, pesticidas, adição de água, sujidades

etc.), reduzida contagem de células somáticas e baixa carga microbiana. Dentre

essas características, destaca-se a qualidade microbiológica do leite, que pode ser

um bom indicativo da saúde da glândula mamária do rebanho e das condições

gerais de manejo e higiene adotada na fazenda.

Pode-se assim dizer que a melhoria da qualidade do leite está ligada à

revisão de procedimentos adotados diariamente na propriedade. É muito importante,

o produtor e o técnico se conscientizarem da necessidade da adoção das boas

práticas de produção, visando corrigir possíveis falhas no processo de produção

com o monitoramento dos pontos críticos que envolvem a contaminação e a

presença de resíduos no leite.

A qualidade do leite brasileira obedece aos parâmetros estabelecidos pelo

Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), antes de 2002 o

programa era denominado "Programa Nacional de Melhoria da Qualidade do Leite",

que tinha como objetivo implementar várias mudanças na legislação brasileira no

que se refere à qualidade do leite passou por consulta pública e, após algumas

alterações, transformou-se na Instrução Normativa no 51. Com a publicação da

Instrução Normativa n° 51 (IN51) com o objetivo de criar novos padrões de

qualidade para o leite produzido no Brasil, fixando condições e requisitos mínimos

de higiene sanitária para a obtenção e coleta da matéria prima, produção e

comercialização do leite.

Visando atingir estes parâmetros é que buscamos avaliar um ponto em

comum em todas as recomendações: a influência do descarte dos três primeiros

jatos de leite, de cada teto antes de cada ordenha. Desta forma buscamos avaliar se

o descarte destes jatos de leite, contribuem ou não para o aumento da contagem

bacteriana total e contagem de células somáticas, do leite in natura no tanque de

resfriamento após este atingir a temperatura de 4ºC ou menos.

9

2. OBJETIVOS

Com o presente trabalho pretende-se diagnosticar e comparar a real situação

em que se encontram os níveis de contagem bacteriana (CBT) e contagem de

células somáticas (CCS) no leite in natura.

10

3. REVISÃO DA LITERATURA

O leite é um dos alimentos de maior importância e considerado, em função

de sua composição equilibrada, o mais perfeito da natureza torna-se assim,

indispensável o seu consumo na forma fluida ou como derivado. No entanto, por sua

rica composição, é um produto delicado e altamente perecível, sendo facilmente

alterado pela manipulação a que é submetido e a ação de microorganismos.

Em relação ao mercado atual, produzir por si só não é o suficiente. Neste

contexto, a qualidade e a segurança dos alimentos têm recebido mais atenção das

autoridades, indústrias, profissionais envolvidos, produtores e consumidores de um

modo geral. Neste sentido, a indústria tem o papel principal de obrigatoriamente

produzir com qualidade, visto que, isto se torna cada vez mais uma necessidade

para se manter no mercado. Mas não há como melhorar a qualidade do leite por

meios industriais, pois cabe ao produtor garantir a entrega de um produto seguro,

nutritivo e saboroso através dos controles das condições de produção, conservação

e transporte do leite cru (DÜRR, 2004).

Mesmo com as dificuldades para o setor leiteiro, no qual o perfil básico do

produtor de leite típico do Brasil de trabalhar com baixa escala de produção e em

condições abaixo dos padrões técnicos necessários, sendo assim necessário aplicar

medidas mesmo que de forma gradativa visando a melhoria do leite produzido,

inclusive, almejando atingir padrões de qualidade internacional.

Segundo Santos & Fonseca (2007), um leite com boas qualidades deve

apresentar baixa contagem bacteriana, ausência de microrganismos patogênicos ao

homem e ausência de resíduos de medicamentos.

Um dos requisitos para atender a qualidade do leite é a baixa carga

bacteriana. O controle da carga bacteriana no leite inicia-se com a saúde do úbere

da vaca e higienização de estábulos e equipamentos (CANI, 2008).

Partindo do pressuposto que a ordenha é uma das atividades mais

importantes de uma propriedade leiteira, pois é nesta hora que o produtor coleta o

leite, e que é neste momento que ocorrem os riscos dos animais contraírem doenças

e também da contaminação microbiana do leite, o correto manejo de ordenha é de

extrema importância na obtenção de um produto de qualidade e na manutenção da

sanidade do úbere. (SANTOS, 2007). Para Santos e Fonseca (2001), depois de

11

secretado do úbere, o leite pode ser contaminado por microorganismos a partir de

três principais fontes: de dentro da glândula mamária, da superfície exterior do úbere

e tetos, e da superfície do equipamento e utensílios de ordenha e tanque. Desta

forma, a saúde da glândula mamária, a higiene da ordenha, o ambiente em que a

vaca fica alojada e os procedimentos de limpeza do equipamento da ordenha são

fatores que afetam diretamente a contaminação microbiana do leite cru.

Adicionalmente, são igualmente importantes a temperatura e o período de

tempo de armazenagem do leite, uma vez que estes dois fatores estão diretamente

ligados com a multiplicação dos microorganismos presentes no leite, afetando,

consequentemente, a contagem bacteriana total (FONSECA, 1998).

Mesmo sob refrigeração o leite pode ser facilmente deteriorado, servindo

para a proliferação de grande número de bactérias. Algumas bactérias conseguem

dobrar a população a cada 20 a 30 minutos e, por isso, o leite deve ser manuseado

corretamente desde o momento da ordenha até chegar à indústria de lacticínios e ao

consumidor final (COUSIN e BRAMLEY, 1981).

A qualidade do produto final esta diretamente relacionada à carga

microbiológica do leite ao chegar à indústria beneficiadora. A aceitação do leite fluido

por parte do consumidor depende em grande parte das suas características

sensórias, tais como sabor e aroma, assim como do seu valor nutricional, atributos

esses que podem ser alterados pela ação proteolítica e lipolítica de bactérias

psicrotróficas, com prejuízos ao tempo de vida de prateleira e à qualidade do leite

pasteurizado (MA et al., 2000).

De outra forma, a qualidade do leite cru é influenciada por múltiplos fatores,

entre os quais se destacam os zootécnicos, associados ao manejo, saúde da

glândula mamária, alimentação e potencial genético dos rebanhos, e outros fatores

relacionados à obtenção e armazenagem do leite recém-ordenhado. Os parâmetros

físico–químicos, microbiológicos e higiênicos sanitários são utilizados pelas

indústrias para verificar e determinar a qualidade do leite, como exemplo, a

contagem de células somáticas, a contagem de microorganismos psicrotróficos e

resíduos de antibióticos que estão sendo cada vez mais exigidos como parâmetros

de qualidade (SANTOS e FONSECA, 2001).

Fontes ambientais de contaminação do leite incluem a água utilizada na

limpeza do equipamento e em outras tarefas. É de fundamental importância que a

água usada para estes fins seja potável, com baixa contaminação por coliformes e

12

outros gêneros bacterianos (COUSIN e BRAMLEY, 1981). O leite pode ser

contaminado quando entram em contato com a superfície do equipamento e/ou

utensílios de ordenha, assim como no próprio tanque de refrigeração do leite. A

contagem bacteriana total do leite pode aumentar significativamente quando em

contato com equipamentos nos quais a limpeza e sanitização são deficientes, pois

os microrganismos proliferam nos resíduos de leite presentes em recipientes,

borrachas, junções e qualquer outro local onde ocorra acúmulo de resíduos de leite.

Durante o intervalo entre as ordenhas, enquanto as vacas estão deitadas,

ocorre intensa contaminação da pele dos tetos e do úbere, principalmente se o

ambiente estiver altamente contaminado. A cama ou local de permanência dos

animais pode abrigar elevadas cargas microbianas, podendo atingir uma contagem

bacteriana de 108 a 1010 ufc/ml (BRAMLEY, 1982; HOGAN et al., 1989). Nestas

condições, os principais microrganismos isolados são estreptococos, estafilococos,

microrganismos formadores de esporos, coliformes e outras bactérias Gram-

negativas. A pele do teto das vacas antes da ordenha pode estar contaminada por

microrganismos psicrotróficos, capazes de crescer em baixas temperaturas, e os

termoduricos, os quais são resistentes à pasteurização (DESMASURES e GUEDEN,

1997).

Segundo Brandão (2009), quando o leite é ordenhado do úbere de vacas

sadias, a sua contagem de microorganismo é bastante baixa. Mesmo em animais

com boa saúde da glândula mamária, a cisterna do teto, o canal do teto e a

extremidade do teto podem ser colonizados por uma ampla variedade de

microorganismos, entretanto a presença destes microorganismos não é considerada

uma fonte importante de contaminação do leite em animais saudáveis se a ordenha

é manejada corretamente.

O manejo correto da ordenha deve seguir uma seqüência segundo Chapaval

(2000) como: diminuição do leite residual, retirada dos primeiros jatos, lavagem dos

tetos com água corrente, imersão dos tetos em solução desinfetante – pré - dipping,

secagem completa dos tetos com papel toalha, colocação das teteiras, retirada das

teteiras imersão dos tetos após a ordenha – pós - dipping. Este manejo correto tem

um papel relevante na prevenção de doenças infectocontagiosas e também na

diminuição da contagem bacteriana total.

Um grande fator na diminuição da contagem bacteriana total (CBT) e a

retiradas dos primeiros jatos de leite. Devem-se retirar os três ou quatro primeiros

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jatos em uma caneca telada ou de fundo preto, com o objetivo de diagnosticar a

mastite clínica, estimular a descida do leite e conseqüentemente, os primeiros jatos

são os que apresentam uma maior concentração microbiana (CERQUEIRA, 2004).

Para Santos (2007), um dos itens que mais apresenta potencial de retorno

rápido ao produtor é o quesito de contagem bacteriana total (CBT). A contagem

bacteriana total (CBT) significa, contagem do número de colônias presentes em

dada amostra de leite, ou seja, a quantidade de bactérias presentes no leite.

De modo geral, a carga microbiana do leite é uma variável dependente de

carga inicial e da taxa de multiplicação de microorganismos. A carga microbiana

inicial pode ser definida como a concentração de microorganismos existentes no

leite, imediatamente após o termino da ordenha e depende basicamente de três

fatores. O primeiro diz a respeito à contaminação microbiana do leite dentro da

própria glândula mamária, ou seja, da saúde do rebanho em termos de mastite, o

segundo fator está relacionado com a higiene da ordenha, e, mais especificamente,

com a limpeza e a desinfecção da superfície dos tetos e retirada dos primeiros jatos

de leite e finalmente as condições de limpeza dos utensílios e equipamentos de

ordenha também são fundamentais observando-se a qualidade da água utilizada na

lavagem dos tetos durante a ordenha, e também na higienização e desinfecção do

sistema de ordenha (BEHMER, 1999).

A indústria leiteira mundial atravessa um período de intensas transformações

em sua estrutura, e pode-se identificar como principais tendências a diferenciação

do pagamento ao produtor e o aumento nas exigências de qualidade do leite por

parte das indústrias, assim como maior preocupação dos consumidores com relação

à segurança alimentar (PRATA, 1998). Nesse novo cenário, os produtores precisam

se adequar de forma a manter a atividade de produção de leite como uma operação

rentável e eficaz.

Em setembro de 2002, a legislação sobre a produção de leite no Brasil foi

alterada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O antes

denominado “Programa de Melhoria da Qualidade do Leite”, que tinha como objetivo

implementar várias mudanças na legislação brasileira no que se refere à qualidade

do leite passou por consulta pública e, após algumas alterações, transformou-se na

Instrução Normativa no 51. As principais mudanças que esta na Instrução Normativa

trará será a adoção de parâmetros de qualidade como contagem bacteriana total, a

contagem de células somáticas, a ausência de resíduos de antibióticos, entre outros.

14

Esta adaptação dos produtores a essa lei, esta sendo realizada de forma gradual até

atingir os níveis finais de requerimento em um prazo de 7 anos após a sua entrada

em vigor que 1º de julho de 2005, no caso da contagem de bactérias, o máximo

permitido será de 0,1x106 ufc/ml (SANTOS, 2002).

A Instrução Normativa Nº 51 do MAPA define que a Contagem Bacteriana

Total e Contagem de Células Somáticas no leite cru refrigerado devem passar por

uma redução gradual ao longo dos anos, conforme a TABELA 1.

Tabela 1 – Contagem Bacteriana Total (cbt) máxima e contagem de Células Somáticas (ccs) máximas admitidas no leite cru refrigerado.

Índice medido (por propriedade ou por tanque comunitário)

Até 1º/07/2008 A partir de 1º/07/2008

A partir de 1º/07/2011

Contagem Bacteriana Total

(UFC/ml) 1.000.000 750.000 100.000

Contagem de Células Somáticas

(CCS/ml) 1.000.000 750.000 400.000

Observações: UFC/ml: significa Unidade Formadoras de Colônias por mililitro de leite. Mede a contaminação que ocorreu durante a ordenha, o armazenamento e no transporte do leite.

FONTE: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

15

4. MATERIAIS E MÉTODOS

O trabalho foi realizado com o apoio do Laticínio da Aurora de Pinhalzinho

(ILAPZ) da Cooperativa Central Oeste Catarinense. No mês de janeiro de 2011,

foram realizadas a seleção e escolhas de três propriedades para realização do

experimento. As propriedades escolhidas foram divididas em propriedade A,

propriedade B e propriedade C.

A escolha das propriedades teve como critérios alguns pontos que pudessem

diminuir os fatores externos de contaminação. As três propriedades se caracterizam

pelo sistema de resfriamento de expansão (granel), utilizam cloro na água utilizada

na ordenha e nos procedimentos de limpeza de equipamentos, possuem mão de

obra familiar na ordenha e os rebanhos são mistos com animais da raça holandesa,

jersey e suas cruzas.

No mês de fevereiro, foram realizadas as coletas do leite in natura no tanque

resfriador das propriedades com o leite total do dia da coleta. Solicitou-se aos

produtores, que por três dias consecutivos no momento da ordenha era necessário

retirar os três primeiros jatos de leite de cada quarto de todas as vacas, e com

intervalo de uma semana, por mais três dias consecutivos não era para retirar os

três primeiros jatos de leite de cada quarto dos animais em lactação.

Após a segunda ordenha de cada dia, foram realizadas as coletas do leite no

tanque resfriador por expansão (a granel) quando o mesmo atingiu 4ºC ou menos.

As coletas foram feitas com uso de caneca de inox e as amostras foram adicionadas

em frascos identificados e esterilizados, próprios para este fim. Estes frascos foram

numerados com número 1A, 1B e 1C (primeira coleta), número 2A, 2B e 2C

(segunda coleta) e número 3A, 3B e 3C (terceira coleta) respectivamente para as

três propriedades analisadas. Para identificação do descarte ou não do leite adotou-

se as letras “C” (com descarte) e “S” (sem descarte) dos três primeiros jatos de leite

de cada quarto de todas as vacas em lactação.

Após cada coleta os frascos contendo leite foram devidamente refrigerados

e acondicionados em geladeira com temperatura controlada não maior do que 4ºC.

No final das três coletas, os frascos foram acondicionados em caixa de isopor

contendo gelo reciclado e posteriormente enviados ao Laboratório Estadual de

Qualidade do Leite da Universidade do Contestado (UNC) parceira com CIDASC,

localizado em Concórdia – SC para as análises.

16

As analises realizadas são as de rotina exigida pela Instrução Normativa 51,

para quantificação da qualidade do leite dos produtores. Neste trabalho não

buscamos qualificar a carga bacteriana contaminante, mas quantificar as amostras.

Foram analisados os teores (%) de gordura, proteína, lactose e extrato seco

desengordurado (ESD), a contagem de células somáticas (CCS) e a contagem

bactéria total (CBT). Para fins deste trabalho foram utilizados os valores de CBT e

CCS. Os dados de CBT foram submetidos a análise de variância utilizando-se o

procedimento GLM do pacote estístico SAS. Devido ao fato de não se obter

normalidade dos resíduos, foi efetuada transformação logarítmica de base 10 para

os valores de CBT. Foram incluídos no modelo os efeitos dos dois tratamentos e das

três propriedades

17

5 . RESULTADO E DISCUSSÃO

Na tabela 2 encontram-se algumas informações das propriedades, visando

caracterizá-las, do ponto de vista produtivo.

Tabela 2 – Características das propriedades utilizadas para a realização do experimento.

Propriedade Característica

A B C

Tipo de Ordenha Mecanizada Mecanizada Mecanizada

Transferência de leite até o resfriador Canalizada Canalizada Manual

Número de vacas em ordenha 25 22 16

Número de ordenhas por dias 2 2 2

Produção média diária (litros) 350 370 240

Produção média vaca/dia (litros) 14 16,8 15

Avaliando os dados das propriedades, podemos constatar que o que

distingue as três propriedades quanto ao sistema de ordenha é que na propriedade

C a mesma apresenta sistema de ordenha mecanizada, mas com balde ao pé e

transferência de leite até o resfriador manual.

Analisando os dados repassados pela Cooperitaipu (Tabela 3) das analises

realizadas no leite das três propriedades dos últimos sete meses, é possível

visualizar que a qualidade média deste período encontra-se dentro dos padrões de

Contagem Bacteriana Total que é de 750.000 UFC/ml de leite estabelecidos pela IN

51. Tais coletas foram realizadas pela Cooperitaipu e analisadas pelo Laboratório

Estadual de Qualidade do Leite da Universidade do Contestado (UNC) de Concórdia

–SC.

Quando analisamos a Contagem de Células Somáticas (CCS), é possível

constatar que apenas a propriedade A apresenta todas as analise com resultados

dentro dos padrões de qualidade exigidos pela IN 51 que é de 750 CCS/ml de leite.

O caso mais preocupante é o da propriedade B, que além de possuir várias

amostragens com valores acima do permitido pela IN 51, apresenta um valor médio

do período acima do permitido que é de 750.000 CCS/ml de leite.

18

Tabela 3 – Amostragem da contagem bacteriana total (cbt) e da contagem de células somáticas (ccs) das três propriedades avaliadas.

Propriedade A B C

Mês coleta CCS (x 1000 CCS/ml)

CBT (x 1000 UFC/ml)

CCS (x 1000 CCS/ml)

CBT (x 1000 UFC/ml)

CCS (x 1000 CCS/ml)

CBT (x 1000 UFC/ml)

jul/10 484 34 695 451 713 427 ago/10 504 20 609 148 1.039 71 set/10 659 430 875 51 469 28 out/10 471 14 835 39 469 152 nov/10 517 18 1.051 234 896 52 dez/10 608 92 773 41 701 20 jan/10 646 65 1.020 655 735 15

Média 7 meses 556 96 837 231 717 109 FONTE: Departamento de Bovinocultura de leite da Cooperitaipu, janeiro 2011.

Analisando os dados individuais (Tabela 3), constatamos que apenas a

propriedade A apresenta todas as analise de CCS e CBT dentro dos padrões

estabelecidos pela IN-51, com limite de 750.000 CCS/ml para Contagem de Células

Somáticas e de 750.000 UFC/ml para Contagem Bacteriana Total, no leite in natura.

Ao analisarmos os novos padrões estabelecidos pela IN 51, que entram em vigor em

01 de julho de 2011 percebe-se que também esta propriedade, estaria com os

valores da CCS acima do permitido que é de 400.000 CCS/ml de leite, portanto

devendo também esta enquadrar-se.

Atualmente das três propriedades analisadas, a propriedade A, é a única que

se encontra com os resultados de Contagem Bacteriana Total (CBT) dentro dos

novos padrões que entram em vigor em 01 de julho de 2011, que é de 100.000

UFC/ml de leite segundo a IN 51, as propriedades B e C precisaram melhora ainda

mais a qualidade para obterem enquadramento na IN51.

Com posse destes dados e conforme Santos (2007), a importância das

bactérias no leite varia conforme o tipo de bactéria, sua ação sobre os componentes

do leite, sua capacidade de permanecerem viáveis e de se multiplicarem,

comprometendo a qualidade do leite e a saúde do consumidor. A degradação do

leite por microrganismos reduz o valor para industrialização e muda as

características dos produtos finais.

As bactérias do leite podem se originar de fontes como o úbere, de

contaminação oriunda do ambiente e da unidade de ordenha. O resfriamento do

19

leite, a presença de resíduos de medicamentos ou produtos químicos e a qualidade

microbiológica da água podem também influenciar a CBT do tanque de refrigeração

de leite.

A contaminação ambiental provinda de tetos sujos é a causa mais provável

de contaminação dos animais, nas propriedades trabalhadas os tetos recebem

atenção especial ambas realizam o trabalho de pré-dipping dos animais antes da

ordenha. Uma preparação adequada dos tetos é essencial para manutenção de

índices reduzidos de CBT, em geral, se os tetos estão limpos a imersão em solução

desinfetante e posterior secagem dos mesmos com papel toalha descartável é

suficiente, procedimento este que é seguido nas três propriedades analisadas.

Não foi observado efeito da técnica de retirada dos primeiros jatos sobre a

Contagem Bacteriana Total (P > 0,05), sendo os valores médios do logaritmo de

base 10 da CBT de 4,77 e 4,78, para os tratamentos com e sem retirada dos

primeiros jatos, respectivamente.

Na Tabela 4 encontram-se os resultados obtidos das amostras de leite

enviadas com o descarte dos três primeiros jatos de leite de todo o rebanho em

ordenha das três propriedades rurais selecionadas.

É possível observar que nas três propriedades há variação entre as amostras

de leite analisadas e entre os dias de coletas. As propriedades A e C tiveram os

melhores resultados médios de CCS, respectivamente com 418.000 CCS/ml e

712.000 CCS/ml de leite, portanto dentro dos padrões estabelecidos pela IN 51. Já a

propriedade B apresentou índices maiores de CCS com média de 971.000 CCS/ml

de leite, estaria hoje fora dos padrões estabelecidos pela IN 51. Mas as três

propriedades estariam fora dos novos padrões que passam a vigorar em 01 de julho

de 2011 que é de 400.000 CCS/ml de leite.

Analisando os resultados de CBT, é possível verificar que as três

propriedades apresentam-se hoje dentro dos padrões estabelecidos pela IN 51 e

que apenas a propriedade B estaria fora se já estivessem em vigor os novos

padrões da IN 51 que é de 100.000 UFC/ml de leite.

20

Tabela 4 – Analise do leite com o descarte dos três primeiros jatos nas três propriedades selecionadas.

Fonte: Laboratório Estadual de Qualidade do Leite - LAB - Leite da Universidade do Contestado.

Comparando estes resultados com os dos últimos sete meses, é possível

verificar semelhanças nos dados, uma vez que o descarte dos três primeiros jatos

de leite é adotado pelas três propriedades como rotinas de ordenha visualizaram

que a maior CCS continua sendo da propriedade B, C e A respectivamente.

Percebesse com isso que na propriedade B os problemas com mastite são mais

intensos que nas outras duas, ou que o controle esta sendo menos rígido deste

fator, ocasionando com isso perdas produtivas e de qualidade do leite.

Na Tabela 5, visualizamos que além da propriedade B estar com uma

contagem de CCS maior, poderá também a propriedade estar perdendo produção.

Segundo a Pales (2005), citando Embrapa Gado de Leite uma contagem de 971.000

CCS/ml reduz a produção de leite em até 15% e que a partir de 250.000 CCS/ml o

produtor já estaria perdendo produção. Pales (2005), citando Behmer (1999) a

elevação da CCS no leite em um quarto de úbere afetado será geralmente

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

14/02 3,72 2,92 4,73 12,09 8,37 583 54

15/02 3,23 2,96 4,32 11,41 8,18 330 45

Propriedade

A

16/02 3,36 3,14 4,29 11,72 8,36 340 40

Média 3,44 3,01 4,45 11,74 8,30 418 46

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

14/02 3,85 3,04 4,76 12,41 8,56 835 13

15/02 3,32 3,06 4,19 11,48 8,16 816 93

Propriedade

B

16/02 3,49 3,14 4,26 11,84 8,35 1263 553

Média 3,55 3,08 4,40 11,91 8,36 971 220

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

14/02 3,67 3,19 4,85 12,49 8,82 523 53

15/02 3,21 3,25 4,33 11,75 8,54 700 21

Propriedade

C

16/02 3,43 3,24 4,36 11,99 8,56 914 122

Média 3,44 3,23 4,51 12,08 8,64 712 65

21

associada à diminuição na produção de leite daquele quarto. Esta redução na

produção de leite ocorre devido ao dano físico às células secretoras da glândula

mamária e também com as alterações na permeabilidade vascular no alvéolo

secretor.

Em termos econômicos, a elevada CCS, que é um indicativo da ocorrência

da mastite, traz grandes prejuízos econômicos tanto ao produtor de leite, quanto a

indústria de laticínios e consumidores. Além da perda de produção dos animais a

elevada CCS também é responsável por outras perdas nas propriedades, para Pales

(2005) citando Carvalho (1995), as maiores perdas estão relacionadas à queda na

produção de leite dos animais infectados, mas á outros custos adicionados

associados à incidência de mastite, que podem ser quantificadas da seguinte ordem:

o valor da produção de leite perdida (70% do total); descarte prematuro de vacas

(14% do total); valor do leite descartado (7% do total) e despesas com

medicamentos e técnicos (8% do total).

Tabela 5- CCS em tanque de expansão e seus respectivos valores de redução na produção de leite.

Contagem de Células Somáticas - CCS no Tanque de Expansão

(por ml de leite)

% de Redução na Produção de Leite

até 250.000 0 250.000 a 500.000 4 500.000 a 750.000 7

750.000 a 1.000.000 15 FONTE: Embrapa Gado de Leite

Abaixo a Tabela 6, referente os resultados obtidos das amostras de leite

enviadas sem o descarte dos três primeiros jatos de leite das três propriedades

rurais selecionadas, os quais obedecendo a uma lógica normal teriam que

comprometer a qualidade do leite do resfriador, de modo geral, a carga microbiana

do leite é uma variável dependente de carga inicial e da taxa de multiplicação dos

microorganismos.

A carga bacteriana inicial pode ser definida como a concentração de

microorganismos existentes no leite armazenado no tanque resfriador,

imediatamente após o termino da ordenha, desta forma o bom funcionamento do

resfriador bem como a atenção ao limite máximo de resfriamento do mesmo é

fundamental para manter a carga bacteriana com diminuída multiplicação. A taxa de

22

multiplicação bacteriana está diretamente relacionada com a temperatura de

armazenamento do leite. Recomenda-se que a temperatura de armazenamento seja

no máximo 4ºC, dentro de duas horas após o término da ordenha, e menor que, 7ºC

durante a adição de leite da ordenha consecutiva. Deve-se destacar a importância

do correto funcionamento e dimensionamento do sistema de produção frio

(NICKERSON, 1998).

Tabela 6 – Exame do leite sem o descarte dos três primeiros jatos nas três propriedades selecionadas.

FONTE: Laboratório Estadual de Qualidade do Leite - LAB - Leite da Universidade do Contestado.

É possível observar que nas três propriedades há variação entre as amostras

de leite analisadas e entre os dias de coletas. As propriedades A e C tiveram os

melhores resultados médios de CCS, respectivamente com 441.000 CCS/ml e

562.000 CCS/ml de leite, portanto dentro dos padrões estabelecidos pela IN 51. Já a

propriedade B apresentou índices maiores de CCS com média de 1.240.000 CCS/ml

de leite, estaria hoje fora dos padrões estabelecidos pela IN 51. Mas as três

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

22/02 3,47 3,03 4,28 11,72 8,25 431 27

23/02 3,51 3,02 4,27 11,73 8,22 441 38

Propriedade

A

24/02 3,47 3,01 4,29 11,70 8,23 451 16

Média 3,48 3,02 4,28 11,72 8,23 441 27

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

22/02 3,55 3,06 4,34 11,90 8,35 1161 218

23/02 3,62 3,07 4,33 11,98 8,36 1226 553

Propriedade

B

24/02 3,61 3,06 4,34 11,97 8,36 1334 210

Média 3,59 3,06 4,34 11,95 8,36 1240 327

Coleta –

Dia

Gordura

%

Proteína

%

Lactose

%

Sólidos

Totais %

ESD CCS

X 1000

CBT

X1000

22/02 3,69 3,29 4,44 12,42 8,73 539 24

23/02 3,75 3,27 4,53 12,54 8,79 575 40

Propriedade

C

24/02 3,73 3,28 4,53 12,53 8,80 572 30

Média 3,72 3,28 4,50 12,50 8,77 562 31

23

propriedades estariam fora dos novos padrões que passam a vigorar em 01 de julho

de 2011 que é de 400.000 CCS/ml de leite.

Analisando os resultados de CBT, é possível verificar que as três

propriedades apresentam-se hoje dentro dos padrões estabelecidos pela IN 51 e

que apenas a propriedade B estaria fora se já estivessem em vigor os novos

padrões da IN 51 que é de 100.000 UFC/ml de leite.

Comparando estes resultados com os dos últimos sete meses, é possível

verificar semelhanças nos dados, mesmo não havendo o descarte dos três primeiros

jatos de leite de cada teto, a maior CCS continua sendo da propriedade B, C e A

respectivamente. Percebesse com isso que na propriedade B os problemas com

mastite são mais intensos que nas outras duas, ou que o controle esta sendo menos

rígido deste fator, ocasionando com isso perdas produtivas e de qualidade do leite.

Os resultados médios acima descritos das três analises, tanto para as

amostras com e sem descarte dos três primeiros jatos, apresentaram-se com valores

para Contagem de Células Bacterianas Total (CBT) dentro do prevê a Instrução

Normativa Nº 51, que permite a Contagem Bacteriana Total seja inferior a 750.000

UFC/ml.

Vale ressaltar, que os resultados dos três dias, houve oscilações entre eles

na Contagem Bacteriana Total, mas todas as oscilações ficaram dentro dos valores

permitidos pela IN 51. Em termos de refrigeração, deve-se ter como meta 4ºC dentro

de duas horas após a primeira ordenha. Já na segunda ordenha, nos casos em que

se utiliza o sistema de tanque de expansão, a temperatura do leite de mistura não

deve ultrapassar 7ºC e deve voltar para 4ºC dentro de 1 hora após o término da

ordenha (BEHMER, 1999).

Quando comparamos os resultados obtidos em CBT, com ou sem o descarte

dos três primeiros jatos de leite percebemos que os resultados se aproximaram

muito, nas propriedades A e C o leite analisado sem ter ocorrido o descarte dos jatos

obtiveram resultados melhores dos encontrados com o descarte dos jatos, inclusive

com valores muito próximos nas duas formas de analise (com e sem descarte de

jatos), apenas na propriedade B teve um aumento no valor médio de CBT.

Ao analisarmos os resultados de CCS percebemos que o não descarte dos

três primeiros jatos teve influencia nas propriedades A e B, uma vez que os

resultados de CCS/ml de leite ficaram acima do resultado com o descarte dos jatos

24

de leite, apenas na propriedade C este resultado ficou abaixo das amostras com

descarte dos jatos.

A opção de não descartar os jatos de leite neste estudo tiveram resultados

semelhantes a ordenha com descarte de leite. Deve-se salientar que a forma mais

eficaz para antecipar problemas de mastite clínica ou sub-clinica é na hora do

descarte dos jatos de leite em uma caneca de fundo preto ou telado, desta maneira

o produtor terá antecipação na diagnose dos casos de mastite no rebanho.

25

6. CONCLUSÕES

Concluímos que os descartes dos três primeiros jatos de leite não possuem

influência para o aumento da Contagem Bacteriana no leite total, nem no aumento

da Contagem de Células Somáticas do leite.

É bom salientar que este procedimento antecipará a diagnose de problemas

de mastite no rebanho o que permite o produtor realizar o tratamento dos animais

infectados.

Salientamos que este estudo não serve de parâmetro unilateral para ser

utilizado como base para uma tomada de decisão para a opção do descarte ou não

dos jatos, uma vez que este trabalho deverá ser repetido em mais locais e datas

para se ter uma analise conjunta da real interferência do descarte dos jatos de leite.

Não podemos também concluir se ouve interferência externa ou não sobre a

qualidade de CBT e CCS das amostras, uma vez que as mesmas foram coletadas

em duas semanas e não tínhamos isolamento nem as mesmas condições de

ambiente para as coletas.

26

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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