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INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL QUANTO À INFESTAÇÃO POR RHIPICEPHALUS MICROPLUS E DERMATOBIA HOMINIS Vânia Mirele Ferreira Carrijo Nova Odessa Março - 2015

AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL QUANTO À …iz.sp.gov.br/pdfs/1438970193.pdf · GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO ... As características em estudo foram analisadas pelo método

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INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL QUANTO À

INFESTAÇÃO POR RHIPICEPHALUS MICROPLUS E DERMATOBIA

HOMINIS

Vânia Mirele Ferreira Carrijo

Nova Odessa

Março - 2015

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DE AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

Avaliação de bovinos da raça Senepol quanto à infestação por

Rhipicephalus microplus e Dermatobia hominis

Vânia Mirele Ferreira Carrijo

Orientadora: Dra. Cecília José Veríssimo

Co-orientadora: Dra. Lenira El Faro Zadra

Nova Odessa

Março - 2015

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-graduação do Instituto de

Zootecnia, APTA/SAA, como parte

dos requisitos para obtenção do título

de Mestre em Produção Animal

Sustentável.

Ficha catalográfica elaborada pelo

Núcleo de Informação e Documentação do Instituto de Zootecnia

Bibliotecária: Tatiane Helena Borges de Salles – CRB 8/8946

C825a Carrijo, Vânia Mirele Ferreira

Avaliação de bovinos da raça Senepol quanto à infestação por Rhipicephalus

microplus e Dermatobia hominis/ Vânia Mirele Ferreira Carrijo

Nova Odessa, SP: [s.n.], 2015.

53 p.: il.

Dissertação (mestrado) – Instituto de Zootecnia. APTA/SAA,

Nova Odessa.

Orientadora: Dra. Cecília José Veríssímo

Coorientadora: Dra. Lenira El Faro Zadra

Bibliografia

1. Adaptação. 2. Doenças por carrapatos. 3. Ectoparasitos. 4. Resistência. 5. Vírus

berne. I. Veríssimo, Cecília José. II. Zadra, Lenira El Faro. III. Titulo.

CDD 636.213

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO

SECRETARIA DA AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

AGÊNCIA PAULISTA DE TECNOLOGIA DOS AGRONEGÓCIOS

INSTITUTO DE ZOOTECNIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PRODUÇÃO ANIMAL SUSTENTÁVEL

CERTIFICADO DE APROVAÇÃO

TÍTULO: AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL QUANTO À

INFESTAÇÃO POR RHIPICEPHALUS MICROPLUS E DERMATOBIA

HOMINIS

AUTOR: VÂNIA MIRELE FERREIRA CARRIJO

Orientadora: Dra. Cecília José Veríssimo

Co-orientadora: Dra. Lenira El Faro Zadra

Aprovado como parte das exigências para obtenção de título de MESTRE em Produção

Animal Sustentável, pela Comissão Examinadora:

Dra. Lenira El Faro Zadra

Dr. Anibal Eugênio Vercesi Filho

(IZ/APTA/SAA)

Dra. Priscilla Ayleen Bustos Mac Lean

(UNESP/Tupã)

Data da realização: 06 de Fevereiro de 2015

Presidente da Comissão Examinadora

Prof. Dra. Lenira El Faro Zadra

Dedico este trabalho à minha querida avó Vanda Barbosa Ferreira Coelho (In

memoriam), à minha “mãedrinha” Valentina Maria Ferreira Zilioti, ao meu

amado pai Mozart Carrijo, à minha bondosa mãe Euripida Ferreira Carrijo, e

ao meu amado esposo Glayk Humberto Vilela Barbosa.

AGRADECIMENTOS

A DEUS, pela vida e a possibilidade de empreender esse caminho evolutivo, por

propiciar tantas oportunidades de estudos com os animais e por colocar em meu

caminho pessoas amigas e preciosas.

A JESUS, meu Mestre de todas as horas, que me socorre sempre.

A ESPIRITUALIDADE MAIOR, composta de tantos seres afins, que vem me

auxiliando nos caminhos trilhados.

À MINHA FAMÍLIA, especialmente ao meu esposo, meu zootecnista, meu

colega de mestrado, meu amor maior e incondicional, meu companheiro, que

permaneceu ao meu lado, me incentivando a percorrer este caminho, e por

compartilhar angústias e dúvidas me estendendo sua mão amiga em momentos

que foram realmente muito difíceis. Durante o mestrado namoramos, noivamos

e nos casamos.

À MINHA MADRINHA Valentina, que me deu a oportunidade de estudar e me

tornar médica veterinária.

À MINHA MÃE e MEU PAI, que me deram a oportunidade de reencarnar neste

mundo de espiações e provas. Mãe, obrigada por me incentivar, obrigada pelas

preocupações constantes, a senhora foi a peça FUNDAMENTAL para chegar

ao término do mestrado.

ÀS MINHAS IRMÃS Vanda Márcia, Viviane Micheli, Veridiane Marcele e

Verônica Miriane, pelo apoio e incentivo, mesmo sabendo da extensa e

necessária ausência das festividades no ambiente familiar.

AOS MEUS SOBRINHOS E AFILHADOS tão amados Letícia, Isadora e Arthur,

por existir e por me amar, por me fazer esquecer mesmo que momentaneamente,

o quanto a vida é difícil.

À MINHA AMIGA tão querida Marina Jorge Bertanha Paganucci, pelos

conselhos, pelo carinho e pelo incentivo, mesmo quando não mais eu resistia.

AOS AMIGOS de Mestrado que compartilharam comigo esses momentos de

aprendizado, especialmente à Ana Paula (Aninha), Marcela (Ma), Thaís (Tata),

Elisa, Ênio, Fábio (Pino) e Luiz Henrique (Louis). Rimos, choramos, nos

divertimos e nos ajudamos mutuamente.

À MINHA ORIENTADORA Cecília José Veríssimo, A MINHA CO-

ORIENTADORA Lenira El Faro Zadra, um agradecimento carinhoso mais que

especial por todos os momentos de paciência, compreensão e competência.

AO AMIGO e também professor, Aníbal Eugênio Vercesi Filho pela disposição

em ajudar no que dele dependesse para a conclusão da pesquisa.

À AMIGA E PROFESSORA Priscilla Bustos Mac Lean pelo imenso carinho e

orientação prestada.

À PROFESSORA Luciana Morita Katiki, pelas orientações dadas

À COORDENADORA Cláudia Cristina Paro de Paz pelo auxílio e incentivo.

À BIBLIOTECÁRIA Tatiane Helena Borges de Salles, pelos serviços prestados.

À SECRETARIA ACADÊMICA em especial Sandra Liepkaln dos Reis, pelo

carinho, pela torcida e competência em seu trabalho.

AO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO DO IZ, pelos momentos partilhados e

a todos os professores que fizeram parte desse caminhar.

Enfim, a todos aqueles que de uma maneira ou de outra contribuíram para que

este percurso pudesse ser concluído, deixo o meu MUITO OBRIGADA, de

coração...

Vânia Mirele Ferreira Carrijo

“E guardemos a certeza pelas próprias

dificuldades já superadas que não há mal

que dure para sempre.”

Chico Xavier

Avaliação de bovinos da raça Senepol quanto à infestação por

Rhipicephalus microplus e Dermatobia hominis

RESUMO

O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos ambientais que interferem na infestação

natural de bovinos taurinos da raça Senepol com o carrapato Rhipicephalus microplus e com a

forma larval da Dermatobia hominis associando o nível de infestação com a perda de peso.

Foram realizadas as contagens de fêmeas do carrapato R. microplus com tamanho médio de 4

mm e dos nódulos contendo a forma larval de D. hominis (berne) em um rebanho localizado

no município de Cássia, MG. Na coleta de dados, foram considerados 2 períodos para a

mensuração, sendo o primeiro na estação de primavera e o segundo no verão. As contagens de

carrapatos e bernes foram realizadas nos machos e fêmeas, a partir de 13 meses de idade, para

os grupos genéticos PO (puro de origem) e PC2 (1/16 zebu). Adicionalmente, o peso dos

animais foi mensurado para verificar a influência da infestação de carrapatos e bernes sobre a

perda de peso. Para as análises das contagens de carrapatos e bernes foram utilizados modelos

lineares generalizados, empregando-se funções logarítmicas. Para a contagem de carrapatos,

considerou-se a distribuição de Poisson e, para a contagem de bernes, considerou-se a

distribuição Binomial negativa. As características em estudo foram analisadas pelo método do

qui-quadrado, utilizando-se o procedimento GENMOD do programa SAS 9.2. O grau de

infestação natural por carrapato e berne variou entre as estações, pastagens e grupos genéticos

estudados. Animais oriundos do cruzamento absorvente de raças zebuínas com Senepol (PC2)

são menos infestados que animais Senepol PO, que, por sua vez, sendo mais suscetíveis ao

carrapato, perdem mais peso. Os resultados sugerem que a Associação dos criadores de

bovinos da raça Senepol, conduzam mais pesquisas que possam melhor elucidar as diferenças

observadas nos diferentes grupos genéticos.

Palavras-chave: adaptação, doenças por carrapato, ectoparasitos, resistência, vírus berne.

Breed cattle Senepol evaluation as to infestation by Rhipicephalus microplus

and Dermatobia hominis

ABSTRACT

The objective of this study was to evaluate the environmental effects that interfere with

natural infestation of the Senepol taurine cattle breed with the tick Rhipicephalus microplus

and the larval form of Dermatobia hominis associating the level of infestation with weight

loss. The female tick counts R. microplus were made with an average size of 4 mm and

nodules containing the larval form of D. hominis (botfly) were counted in a herd

located in the municipality of Cássia, MG. Were considered two periods for the

measurements, the first in the spring season and the second in the summer. Tick counts and

botfly were performed in males and females, from 13 months old in the genetic groups PO

and PC2 (1/16 zebu). Additionally the weight of the animals was measured to verify the

influence of the infestation of ticks and botfly over weight loss. For the analysis of botfly and

tick counts the generalized linear models were used, using logarithmic functions. For the tick

count, Poisson distribution is considered and, for botfly count, it was considered the negative

binomial distribution. The traits studied were analyzed using the chi-square method using the

GENMOD procedure of SAS 9.2 program. The level of natural infestation by ticks and botfly

varied among the seasons, pastures and investigated genetic groups. Animals with zebu

inheritance (PC2) are presented fewer parasitas than Senepol PO which, in turn, are more

susceptible to ticks and lost more weight.The results suggest that the Association of Senepol

breed, should conduct more research to better elucidate the differences observed in diferente

genetic groups.

Keywords: adaptation, berne virus, ectoparasites, resistance, tickborne diseases.

SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 19

1.1 Raça Senepol ................................................................................................................... 19

1.2 Infestação por Rhipicephalus microplus ......................................................................... 21

1.3 Infestação por Dermatobia hominis (berne) ................................................................... 22

1.4 Variabilidade genética e resistência ................................................................................ 24

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 27

CAPÍTULO 2 - AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL QUANTO À

INFESTAÇÃO POR RHIPICEPHALUS MICROPLUS E DERMATOBIA HOMINIS ... 31

2.1 Introdução ......................................................................................................................... 31

2.2 Materiais e métodos .......................................................................................................... 32

2.2.1 Local ............................................................................................................................ 32

2.2.2 Animais ........................................................................................................................ 33

2.2.3 Contagens de carrapatos e bernes ................................................................................ 34

2.2.4 Análises estatísticas ..................................................................................................... 35

2.3 Resultados e discussão ...................................................................................................... 36

2.4 Conclusão .......................................................................................................................... 45

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 47

19

CAPÍTULO 1 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

1.1 Raça Senepol

Nos anos de 1800, bovinos da raça N´Dama, foram importados do Senegal, Oeste

africano, para a ilha caribenha da Saint Croix, Ilhas Virgens. O N´Dama, um Bos taurus foi

uma excelente alternativa para o Caribe não só por sua resistência ao calor, insetos, parasitas e

às doenças, mas também pela habilidade de sobrevivência em regiões pobres de pastagens

(ABCB SENEPOL, 2014).

Em 1889, Henry C. Neltropp, um dos maiores criadores de N´Dama possuía um

rebanho de 250 cabeças, que era um rebanho de animais puros. Bromlay filho de Henry C.

Neltropp queria desenvolver um bovino que combinasse aptidão superior de produção com as

condições ambientais das Ilhas Virgens. Esforços anteriores em introduzir bovinos de regiões

de clima temperado haviam fracassado devido ao estresse calórico e nutricional que estes

animais sofriam ao serem submetidos às condições duras de clima e pastagens da ilha (ABCB

SENEPOL, 2014).

Em 1918 foi introduzida genética de Red Poll no rebanho de Neltropp, com o intuito

de melhorar a habilidade materna, fertilidade e dar caráter mocho aos animais. Esta mescla de

Red Poll com animais N´Dama foi relativo sucesso para fundar a base da raça Senepol. Após

57 anos o rebanho de Neltropp foi disperso para criadores locais e o desenvolvimento da raça

foi contínuado em 4 rebanhos primários. Desde o princípio foram coletadas e guardadas

informações sobre os animais que formaram a atual base do sistema de registro da associação

da raça. Testes com animais em fazendas começaram em meados de 1970, com a fundação da

BCIA, nas Ilhas Virgens. Em 1977 um pioneiro carregamento aéreo com 22 animais da raça

Senepol foi levado aos EUA. Em 2006 a SCBA (Senepol Cattle Breeders Association) já

contava com 500 criadores e mais de 60.000 animais em seu sistema de registro de dados.

Atualmente o Senepol pode ser encontrado em 21 estados americanos e ao redor do mundo

em países como: Austrália, Paraguai, Colômbia, Argentina, Panamá, Canadá, República

Dominicana, Equador, Nicarágua, Porto Rico, Venezuela, México, Filipinas, Zimbabwe,

Brasil, ou onde a adaptação ao clima tropical foi condição necessária para o desenvolvimento

da bovinocultura com qualidade e eficiência (ABCB SENEPOL, 2014).

20

A raça Senepol tem apresentado um crescimento nos últimos anos na ordem de 40%

ao ano, sinalizados pelos principais indicadores que norteiam o sucesso crescente de uma

raça, como o aumento do número de sócios/criadores, número de animais puros nascidos,

número de animais com registro definitivo, número de animais puros por cruzamento, venda

de sêmen e utilização de touros para o cruzamento industrial (ABCB SENEPOL, 2014).

Um dos objetivos da Associação Brasileira dos Criadores de Bovinos Senepol (ABCB

Senepol), é executar os serviços de registro genealógico e controle de genealogia dos animais

e seus devidos cruzamentos, instituindo para este fim, registros distintos para cada um deles,

em conformidade com o regulamento do serviço de registro genealógico (SRG Senepol)

aprovado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).

Para fins de registro, o SRG Senepol classifica os animais da raça e seus cruzamentos

em:

a) Puros de Origem (PO);

b) Puros por Cruzamento (PC);

c) CCG – Produtos de Cruzamentos sob Controle de Genealogia.

Suas designações para controle de genealogia definitivo (CGD) e registro genealógico

definitivo (RGD), encontram-se demonstradas no Quadro 1.

21

Quadro 1 - Classificação dos animais da raça Senepol para fins de registro de acordo com o SRG Senepol.

Puros de Origem – PO

PO

Machos e Fêmeas descendentes de animais PO nascidos ou não no Brasil, bem

como os oriundos de cruzamentos absorventes, que atinjam número previsto de

gerações para a raça.

Puros por Cruzamento – PC

PC1

GERAÇÃO 1 (7/8 DE SANGUE SENEPOL) - Machos e Fêmeas descendentes de

touros Senepol PO ou sêmen destes, com matrizes S2, devidamente identificadas,

portadoras de CGD.

PC2

GERAÇÃO 2 (15/16 DE SANGUE SENEPOL) - Machos e Fêmeas descendentes

de touros Senepol PO ou sêmen destes, com matrizes PC1, devidamente

identificadas, portadoras de RGD.

CCG – Cruzamentos sob Controle de Genealogia

S1

1/2 SANGUE SENEPOL - Fêmeas que possuam no mínimo 50% de sangue

Senepol com genealogia conhecida e perfeitamente identificadas pelo SRG

Senepol, provenientes do acasalamento de touros Senepol PO com quaisquer raças.

S2

3/4 DE SANGUE SENEPOL - Fêmeas que possuam no mínimo 75% de sangue

Senepol com genealogia conhecida e perfeitamente identificadas pelo SRG

Senepol, provenientes do acasalamento de touros Senepol PO ou sêmen destes e

que tenham RGD, com matrizes S1. Fonte: ABCB SENEPOL, 2014

1.2 Infestação por Rhipicephalus microplus

O R. microplus, conhecido no Brasil como carrapatos dos bovinos, é um parasita que

necessita obrigatoriamente passar uma fase de sua vida sobre o bovino, ingerindo linfa,

substratos teciduais e sangue. A espécie originou-se provavelmente na Ásia. Adaptou-se

perfeitamente ao clima dos países tropicais, onde o calor e a umidade propiciam condições

favoráveis à sobrevivência e manutenção da espécie (ROCHA et al., 2006).

O carrapato dos bovinos é um parasita de alta importância, produzindo perdas diretas e

indiretas pela transmissão dos parasitas que causam a tristeza parasitária e pelo custo de seu

controle. De acordo com Grisi et al. (2014), no Brasil, as perdas econômicas com a infestação

chegam a 3.236,35 milhões de dólares/ano. Ainda hoje apresenta alta incidência e prevalência

no Brasil e mesmo em países desenvolvidos de clima tropical, como a Austrália, pela

complexidade dos fatores envolvidos no seu combate e pelo desconhecimento dos produtores

de informações específicas necessárias à adoção de práticas efetivas de controle em suas

propriedades (ROCHA et al., 2006).

O ciclo de vida do carrapato R. microplus divide-se em fase de vida livre e fase de

vida parasitária. A fase de vida livre inicia-se após a queda da teleógina ingurgitada. A fase de

vida parasitária inicia-se quando a larva infestante instala-se no hospedeiro passando a ser

22

larva parasitária. São necessárias várias transformações para que o parasito chegue ao estádio

adulto (ROCHA et al., 2006).

Os fatores sazonais, influenciam no ciclo de vida dos carrapatos, resultando em

diferentes graus de infestações nos animais de acordo com o clima da região em que vivem e

com a época do ano. Estudos demonstraram que, além do efeito relacionado às estações do

ano, há diferença significativa na interação raça x estação. O clima da região Sudeste do

Brasil permite o desenvolvimento e a sobrevivência do carrapato durante o ano todo, em

níveis mais que suficientes para causar perdas. Porém, o período seco, de temperaturas mais

baixas, entre os meses de abril e setembro, prejudica o desenvolvimento da fase de vida livre,

fazendo com que o ciclo alongue. De forma geral, pode-se concluir que na região Sudeste há

quatro gerações de carrapatos que se desenvolvem por todo ano, tendo seu ciclo de vida mais

curto e maiores infestações na “época das águas”, ou seja, nos meses entre setembro e março;

portanto, a época mais recomendada para proceder ao controle químico de forma estratégica

(FURLONG, 1993).

O método mais explorado de controle do carrapato bovino tem sido o químico,

baseado na utilização de princípios ativos que atuam na fase de vida parasitária dos vetores. O

uso indiscriminado de acaricidas tem, entretanto, culminado no aparecimento de populações

de R. microplus resistentes aos produtos gerando grandes despesas com tratamentos ineficazes

e necessidade de altos investimentos para descoberta de novas drogas (JONSSON e HOPE,

2007; BIEGELMEYER et al., 2012). Dessa forma, o controle biológico se faz necessário e

engloba princípios apoiados no conhecimento da epidemiologia e ecologia destes ácaros,

aliado a técnicas de manejo dos animais e das pastagens, dificultando a sobrevivência das

fases de vida livre do parasita. O cultivo de espécies de forrageiras com ação repelente ou

carrapaticida sobre as larvas, a rotação de pastagens, alternância de pastoreio entre espécies de

ruminantes diferentes, ação de predadores naturais e uso de microorganismos patogênicos

contra os carrapatos, como fungos e bactérias, têm sido as práticas empregadas. (LEEMON et

al, 2008; SAMISH et al., 2008; SANTI et al., 2009).

1.3 Infestação por Dermatobia hominis (berne)

A dermatobiose (infestação pelo berne) é um tipo de miíase causada pelas larvas da

mosca D. hominis no homem, nos animais domésticos e selvagens. De modo geral, se

encontra distribuída desde o Sul do México até o Norte da Argentina. O Chile é o único país

latino americano livre deste parasito. Em cada país, o parasito tende a se localizar nas regiões

23

com temperatura relativamente alta, precipitação moderada e vegetação abundante. No Brasil,

este parasita apresente-se, com maior frequência, nos meses mais quentes e chuvosos do ano

(SOUZA et al., 2007).

O bovino é um dos principais hospedeiros do berne, tendo o seu parasitismo uma

grande importância econômica na pecuária latino-americana. A susceptibilidade do bovino ao

berne está relacionada com a raça sendo as raças europeias mais sensíveis à infestação

(SOUZA et al., 2007).

Quando as larvas da mosca encontram-se presentes no tecido subcutâneo dos bovinos

as produções de leite e carne diminuem e as peles são desvalorizadas no mercado. As lesões

causadas pelo berne na pele dos animais provocam irritabilidade (estresse) e redução da

produtividade dos animais afetados, sobretudo naqueles que apresentam infestações graves.

As perdas ocasionadas pelas larvas de D. hominis em bovinos são causadas pela redução da

produção de leite e de carne e pelo baixo ganho de peso verificado em animais parasitados.

Estima-se que as perdas causadas pela infestação cheguem a 383,48 milhões de

dólares por ano no Brasil (GRISI et al., 2014). Dependendo da região, 5 a 75% das peles de

gado bovino podem ser prejudicadas.

A biologia da D. hominis é um pouco complexa com três gerações no ano, destacando

um aspecto bastante interessante que é o seu hábito de oviposição. Os ovos deste parasito são

transportados por dípteros vetores capturados pela fêmea adulta, que devem possuir

basicamente quatro características (MAGALHÃES e LIMA, 1988):

1- os insetos devem ser de hábitos zoófilos;

2- os insetos devem ser de hábitos diurnos;

3- os insetos devem ter um tamanho igual ou menor que o da mosca ;

4- os insetos devem ser moderadamente ativos.

São relatados aproximadamente 49 espécies de dípteros vetores de D. hominis. A larva

demora sete dias para eclodir e pode sobreviver dentro do ovo por aproximadamente 20 dias e

o calor e o dióxido de carbono emanado pelo animal, estimula sua transferência do vetor para

o hospedeiro. A maioria das larvas penetra no mesmo lugar onde pousa o vetor. A larva

penetra até chegar ao tecido subcutâneo, onde cresce sempre mantendo-se em comunicação

com o meio ambiente pelos espiráculos posteriores. Devido ao fato de os vetores serem

afugentados pelos movimentos da cabeça e das extremidades, eles chegam com maior

frequência na área que compreende a paleta e uma pequena parte da região costal anterior do

hospedeiro. Os bovinos de pele escura sofrem maior infestação pela larva, devido ao fato de

24

que os vetores distinguem com maior facilidade os animais de pele escura. Outra explicação

seria que os animais de pele escura absorvem com maior intensidade os raios solares, e,

consequentemente, irradiam mais calor, e nas horas mais quentes do dia, ao procurar amparo

na sombra das florestas, seriam mais “vistos” e atacados pelos insetos vetores. Em um estudo

de levantamento do parasitismo pela D. hominis em 8.150 animais, observou - se uma

infestação em 59.1% nos animais de pêlos escuros e de 7.8% nos animais de pêlos claros

(MAGALHÃES e LIMA, 1988).

O período larval varia de acordo com a espécie do hospedeiro, idade, sexo, parte do

animal afetada e com a estação do ano. De modo geral a larva permanece nos bovinos de 40 a

50 dias, podendo atingir o período máximo de 120 dias (MAGALHÃES e LIMA, 1988).

Quando as larvas da mosca completam seu desenvolvimento, abandonam seus

hospedeiros e caem no solo, onde penetram para pupar. O abandono geralmente ocorre

durante as horas sem luz, para evitar o ataque de parasitos e predadores. A média ponderada

do período pupal dos machos e das fêmeas foi de 30 a 32 dias, respectivamente a 25°C e 60-

80% de umidade relativa. A emergência dos adultos é realizada com maior frequência nas

primeiras horas da manhã, tendo estes uma longevidade média de três dias podendo copular

até quatro vezes (MAGALHÃES e LIMA,1988).

Vários são os métodos de controle desses parasitas, entretanto, o mais comum é o uso

de produtos químicos e para seu uso estratégico é necessário o prévio conhecimento da

sazonalidade dos parasitas. Na prática, o controle químico pode resultar em custos elevados e

na ocorrência de resíduos na carne e no leite. Além desses aspectos, o uso de produtos

químicos em grande escala pode prejudicar o controle futuro desses parasitas, em decorrência

do desenvolvimento de resistência aos princípios ativos utilizados, e, consequentemente

outros métodos de controle têm sido utilizados, como o uso de raças mais resistentes a este

parasita (FRAGA et al., 2003).

1.4 Variabilidade genética e resistência

Diversos fatores que afetam o nível de resistência de bovinos ao R. microplus têm sido

constantemente discutidos na literatura, sendo o fator raça o que apresenta maior aceitação

entre os autores (UTECH et al., 1978; CARDOSO, 2000; SANTOS JR. et al., 2000;

ANDRADE, 2001; CARDOSO et al., 2011). A maior tolerância de animais Bos taurus

indicus quando comparados a Bos taurus taurus é amplamente reportada, e estudos

envolvendo cruzamentos entre animais destes grupos apontam, inclusive, uma

25

proporcionalidade entre o número de genes zebuínos e o grau de resistência dos hospedeiros

(SILVA et al., 2006; AYRES et al., 2009; ANDRADE, 2001).

Fatores como herança genética, raça, estação do ano, idade e nutrição, sexo do animal

e altura do pelame tem sido reportados como fatores de resistência a ectoparasitas nos

bovinos. Existe variação genética aditiva para o grau de infestação por carrapatos suficiente

para se obter progresso genético para resistência, pela seleção de animais menos infestados.

Vários autores demonstraram a maior resistência dos zebuínos ao carrapato quando

comparado aos taurinos. Esta diferença foi demonstrada inclusive nos cruzados, sendo que,

quanto maior a herança zebuína, maior a resistência ao carrapato (TEODORO et al., 1994).

Existem várias explicações para a diferença da resistência entre taurinos e zebuínos ao

carrapato. Alguns técnicos tentam explicar tal característica, pelo fato dos zebuínos possuírem

mais glândulas sebáceas na pele, produzindo odores que afastariam o carrapato, assim como

maior mobilidade geral do animal e de sua pele, o que possivelmente faz com que de defenda

melhor da infestação. Veríssimo (1999) explicou que o sistema de alimentação da larva de R.

microplus depende de uma ação inflamatória que se inicia no momento da fixação da larva.

Os zebuínos apresentam uma reação inflamatória mais intensa que o gado europeu e esse fato

leva-o a proceder a uma auto-limpeza mais eficiente, o que contribuiria para um equilíbrio

carrapato/hospedeiro, sendo, nesses animais, a infestação mínima.

Raças zebuínas (Bos taurus indicus) apresentam um maior nível de susceptibilidade a

ectoparasitas quando comparadas a raças mestiças (Bos taurus indicus X Bos taurus taurus)

que, por sua vez, são mais susceptíveis que as raças europeias (Bos taurus taurus) e, segundo

a Associação Brasileira de Criadores de Zebu (ABCZ), apesar de terem ingressado no XXI,

com um plantel de cerca de 200 milhões de cabeças, 80% das quais com participação racial de

zebuínos o que comprova a busca dos produtores rurais por animais com maior rusticidade

nos rebanhos leiteiros (FERRAZ e ELER, 2010),

Nas infestações artificiais, que possuem controle sobre o número de larvas que

infestam os animais, a resistência de bovinos aos carrapatos pode ser medida pela

porcentagem de larvas que não conseguem se desenvolver até a fase adulta. Assim, de acordo

com estudos iniciais de Utech et al. (1978), nestas condições, animais zebuínos apresentam

em torno de 99% de resistência, animais mestiços têm resistência de 95-97%, e animais de

raças europeias, 85-90%.

Veríssimo et al. (2002) compararam fêmeas das raças Holandês, Gir e mestiças, e

atribuíram a menor resistência às vacas Holandês e a maior às vacas Gir. Na pecuária de

26

corte, Ayres et al. (2009) analisaram dados de contagens de carrapatos em bovinos da raça

Braford (B. taurus staurus x B. taurus indicus) pertencentes a um programa de melhoramento

e verificaram que o número de carrapatos diminuía à medida que a proporção de genes B.

taurus indicus aumentava na população.

Fraga et al. (2003) relataram maior incidência de carrapatos em bovinos da raça

Caracu (Bos taurus taurus) no verão considerando também que espessura do pelame do

animal é fator importante na infestação de carrapatos, sendo maior a infestação quanto maior

for a espessura do pelame.

Diferentes níveis de suscetibilidade são observados não apenas entre raças zebuínas e

europeias, mas também entre raças de mesma origem e entre indivíduos de mesmo grupo

racial. Lasley (1987) afirmou que a resistência dos bovinos às parasitoses é, aparentemente,

determinada pelo envolvimento de muitos pares de genes, envolvendo ação gênica aditiva e

causando, portanto, variação entre indivíduos de uma população. Utech et al. (1978) já

observavam que bovinos Jersey são apontados como mais resistentes quando comparados a

outros grupamentos de B. taurus taurus, enquanto na raça Brahman, considerada uma das

mais resistentes entre as zebuínas, cerca de 10% dos animais apresentam apenas resistência

intermediária ao carrapato. Embora existam várias raças com alta média de resistência dentro

dos principais grupos existentes nos trópicos (zebus indianos e africanos, sanga e crioulo),

nenhuma das raças é totalmente resistente aos carrapatos (TEODORO et al., 2004).

O mecanismo que é responsável por essa resistência é um fenômeno complexo e

pouco compreendido, porém o que se comprova, é que a ocorrência dessa variabilidade

genética para resistência ao carrapato nos bovinos indica a possibilidade de ganhos genéticos

pela seleção de animais resistentes e o uso desta ferramenta como estratégia auxiliar no

controle efetivo do parasita (BIEGELMEYER et al., 2012; OLIVEIRA et al., 1989; GOMES,

1992; VERÍSSIMO et al., 1997; SILVA et al., 2006; SILVA et al., 2010). Oliveira e Alencar

(1990) mostraram a maior susceptibilidade que bovinos puros Holandeses têm ao berne em

relação a outros genéticos com maior porcentagem de sangue zebu. A seleção de animais

adaptados aos trópicos poderia ser uma das ferramentas utilizadas e atenderia a tal requisito.

O objetivo do trabalho foi avaliar a infestação natural de bovinos taurinos da raça

Senepol com o carrapato R. microplus e com a forma larval da D. hominis comparando

também com peso vivo, que diferenciariam animais resistentes e susceptíveis aos

ectoparasitas.

27

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31

CAPÍTULO 2 - AVALIAÇÃO DE BOVINOS DA RAÇA SENEPOL

QUANTO À INFESTAÇÃO POR RHIPICEPHALUS MICROPLUS E

DERMATOBIA HOMINIS

2.1 Introdução

Dentre os fatores de ambiente que afetam a produção animal, as infestações

parasitárias, em especial por ectoparasitas, são responsáveis pelas quedas nos índices de

produção. O carrapato destaca-se como um dos ectoparasitas que mais prejudicam o

desempenho dos bovinos, em consequência das ações espoliadora, mecânica e tóxica que

exercem sobre eles, assumindo papel de importância fundamental na baixa produtividade dos

rebanhos além de poder ser vetor de doenças infecciosas como a anaplasmose e babesiose

(FRAGA et al., 2003; MARTINEZ et al, 2004; SILVA et al. 2010). De acordo com Grisi et

al. (2014), no Brasil, as perdas econômicas nos bovinos com a infestação chegam a 3.236,35

milhões de dólares/ano.

Na grande maioria dos países da América Latina, localizados nas regiões tropicais, a

principal espécie de carrapato que ataca os bovinos é a Rhipicephalus microplus (BARCI,

1997; MARTINEZ et al., 2004). Nessas regiões, em que as temperaturas e a radiação solar

são elevadas, com flutuação sazonal na produção de forragem e com infestação de parasitas, a

exploração comercial da carne depende, entre outros fatores, do potencial de produção dos

animais e da capacidade de adaptação ao ambiente, muitas vezes estressante. Esse último

aspecto, além de estar ligado à eficiência de produção, torna-se ainda mais importante na

determinação da competitividade do setor produtivo, em razão das mudanças de hábito dos

consumidores finais, que estão se tornando mais exigentes em termos de qualidade do produto

e de respeito ao meio ambiente. Essa competitividade vai depender, entre outros fatores, dos

sistemas de produção disponibilizarem produtos saudáveis a preços baixos e utilizarem de

forma conservadora os recursos não renováveis (ALENCAR et al., 2005).

As larvas de Dermatobia hominis, popularmente conhecidas como berne, são uma das

mais freqüentes causadoras de miíases nas regiões tropicais e subtropicais do continente

Americano. São parasitas com predileção ao desenvolvimento em tecidos superficiais de

animais domésticos, silvestres e até mesmo o homem, sendo denominadas como miíases

superficiais primárias (GUIMARÃES e PAPAVERO, 1999). De acordo com Barbosa et al.

(2002) as lesões causadas pelo berne na pele dos animais provocam irritabilidade (estresse) e

redução da produtividade dos animais afetados, sobretudo naqueles que apresentam

infestações graves. As perdas ocasionadas pelas larvas de D. hominis em bovinos são

32

causadas pela redução da produção de leite e de carne e pelo baixo ganho de peso verificado

em animais parasitados (SILVA, 2006). Estima-se que as perdas causadas pela infestação

cheguem a 383,48 milhões de dólares/ano no Brasil (GRISI et al., 2014).

As limitações apresentadas pelos métodos de controle atualmente disponíveis indicam

a necessidade de oferecer aos criadores novas alternativas, mas que ao mesmo tempo não

imponham maiores gastos no processo de obtenção do produto final. Diferentes formas de

controle estão sendo propostas, pesquisas direcionadas à busca de alternativas de controle são

diversas. A resistência genética dos bovinos aos ectoparasitas, que possui como base a seleção

de animais comprovadamente resistentes dentro da mesma raça, o cruzamento entre raças

resistentes e raças susceptíveis, porém de alta produção, atende a tais requisitos, podendo ser

considerado o fator de maior influência sobre o custo do controle dos parasitas, por ser de

baixo custo e oferecer benefícios permanentes (BIEGELMEYER et al., 2012).

O objetivo do presente trabalho foi avaliar os efeitos ambientais que interferem na

infestação natural de bovinos taurinos da raça Senepol com o carrapato R. microplus e com a

forma larval da D. hominis associando o nível de infestação com a perda de peso.

2.2 Materiais e métodos

2.2.1 Local

Os dados foram coletados utilizando-se bovinos de uma propriedade localizada no

município de Cássia, sudoeste do Estado de Minas Gerais.Com o predomínio de solo arenoso,

a região de Cerrado e Mata Atlântica situada a 738 metros de altitude, com latitude de 20º 34’

59’’ e longitude de 46º 55’ 19’’, que apresenta um relevo bastante ondulado. O clima local é

subtropical de altitude e ameno. No verão, o clima se apresenta quente e úmido. A

temperatura média anual é de 20,6ºC. A precipitação média anual é de 1.690 mm,

concentrando-se principalmente entre os meses de dezembro e fevereiro. Dados sobre a

umidade relativa do ar, chuva, temperatura máxima e mínima, nos meses dos anos que

compreendem o período da coleta de dados, se encontram na Figura 1. Todos os dados foram

aferidos na estação meteorológica da UNIFRAN (Universidade de Franca), na cidade de

Franca, norte do Estado de São Paulo, que dista aproximadamente, 68 km de Cássia.

33

Figura 1 - Médias meteorológicas da cidade de Franca, Estado de São Paulo (68 km de distância de

Cássia, MG): temperatura máxima (Temp Máx), temperatura mínima (Temp Min), umidade relativa

(UR%) e chuva calculadas a partir de dados dos meses em que compreendem as coletas (nov e dez/2013-

jan/2014), fornecidas pela estação meteorológica da Universidade de Franca (UNIFRAN).

2.2.2 Animais

O experimento foi realizado por meio de dados de infestação natural dos bovinos da

raça Senepol pelo R. microplus e presença de larvas de D. hominis. Os métodos de avaliação

com o emprego da infestação natural, são caracterizados por produzirem resultados de grande

confiabilidade pois criam circunstâncias bem próximas da realidade.

As contagens de carrapatos e bernes foram realizadas nos machos e fêmeas, a partir

de 13 meses de idade, para os grupos genéticos (GG) PO e PC2, sendo que os animais do GG

PC2 possuíam em sua formação, 1/16 de raça zebuína. As informações referentes à

identificação do animal (brinco), GG, sexo, data de nascimento, peso, estação do ano,

tratamentos e vermifugações e a pastagem em que se encontravam na data da coleta, foram

anotadas.

Todas as três áreas de pastagens em que os animais se encontravam, eram

semelhantes, compostas especificamente por Brachiaria decumbens, com touceiras secas e

sem adubação, em solo de relevo bastante ondulado e com um grande número de plantas

invasoras, tendo ainda áreas de mata preservada ao seu redor.

A aplicação de vermífugo nos animais se concentrava apenas nos períodos mais

quentes do ano na região (entre final de novembro e fevereiro), ou quando a infestação por

berne e/ou carrapatos se tornavam visíveis. A vacinação contra a febre aftosa era realizada nos

meses de maio e novembro, seguindo o calendário sanitário do Estado de MG, que também

fiscaliza a vacinação contra a brucelose em fêmeas de 3 a 8 meses de idade. A profilaxia na

forma de vacinação contra as clostridioses, era realizada apenas uma única vez em toda a vida

0

100

200

300

400

500

0

20

40

60

80

100

Nov. 2013 Dez. 2013 Jan. 2014

Pre

cip

itaç

ão (

mm

)

Tem

p M

áx e

Min

/ U

mid

Período do experimento

Temp Máx Temp Mín UR % Chuva

34

do animal. Os animais não recebiam suplementação nutricional durante a seca e nem a

suplementação mineral padrão. O uso era exclusivo de cloreto de sódio (sal branco) à

vontade, características estas, encontradas rotineiramente nos sistemas extensivos espalhados

pelo Brasil.

2.2.3 Contagens de carrapatos e bernes

A avaliação da resistência dos GG dos bovinos da raça Senepol (PO e PC2) ao R.

microplus, baseou-se na contagem das fêmeas de carrapato (teleóginas), de tamanho maior ou

igual a 4,0 mm, em apenas um dos lados do corpo do animal (lado esquerdo), duplicando-se

este valor para se obter o número total de carrapatos. Semelhantes coletas de dados, foram

utilizadas em pesquisas realizadas por Marini et al. (2010) e Teodoro, Lemos e Madalena

(1994).

A avaliação da resistência ao estágio parasitário da D. hominis, baseou-se na contagem

dos nódulos de berne presentes também no lado esquerdo dos animais, semelhante a Gomes et

al. (1988 e 1996), que avaliaram a distribuição corporal de berne em bovinos pela colheita de

dados em animais por meio de inspeção visual e tátil. Este lado foi escolhido em função dos

dados apresentados por Oliveira (1991) e Pinto (2002), que verificaram maior infestação

ocorrida neste lado em virtude dos bovinos terem preferência natural de permanecerem

durante o repouso, em decúbito lateral direito, o que deixaria a região lateral esquerda do

animal mais exposta às infestações.

Para efetuar ambas as contagens, os animais foram conduzidos ao tronco de

contenção para facilitar o manejo, e sendo então submetidos a avaliações em dois períodos

diferentes.

Durante o experimento, que compreendeu as estações da primavera e verão, foram

realizadas 4 coletas de dados entre os meses de novembro de 2013 e janeiro de 2014, onde

realizaram-se 302 observações. Os animais avaliados na primavera não foram os mesmos

avaliados no verão.

Na primavera, a contagem em um total de 88 animais foi realizada, sendo 4 fêmeas de

sangue PO, 53 fêmeas e 31 machos PC2, todos com a média de idade de 42 meses.

No verão, foram realizadas as contagens em 112 animais PO, com observações em

101 fêmeas e 11 machos. Um total de 102 animais PC2 também foram submetidos às

avaliações nesta estação, sendo 53 fêmeas e 49 machos. A média de idade para os animais

PO e PC2 foram de 42 e 45 meses respectivamente (Tabela 1). Além da infestação por

ectoparasitas, o peso dos animais foi mensurado.

35

Todas as avaliações foram feitas pelo menos 30 dias após a aplicação de carrapaticida

químico injetável a base de avermectinas com 1% de concentração, já que os animais

apresentavam sinais críticos de infestação parasitária.

Tabela 1 - Número de animais da raça Senepol avaliados em contagem de carrapatos e bernes em dois

períodos (Estação), com suas referidas médias de idade (mínima e máxima) a partir da 1ª coleta e número

de animais por sexo em seus diferentes grupos genéticos (GG): Puro de Origem (PO) e 15/16 (PC2).

Nº de animais PO e PC2

Nº de animais

(sexo)

Idade em

meses

(média) Estação GG 1ª coleta 2ª coleta 3ª coleta F M

Primavera

22/11/2013 - -

PO 4 - - 4 0 42

PC2 84 - - 53 31 45

Verão

08/01/2014 09/01/2014 15/01/2014

PO 22 70 20 101 11 42

PC2 102 0 0 53 49 45

2.2.4 Análises estatísticas

Para a contagem de carrapatos e de bernes foram empregados modelos lineares

generalizados, empregando-se funções logarítmicas. Para a contagem de carrapatos,

considerou-se a distribuição de Poisson e, para a contagem de bernes, considerou-se a

distribuição Binomial negativa. As características em estudo foram analisadas pelo método do

qui-quadrado, utilizando-se o procedimento GENMOD do programa SAS 9.2, com o objetivo

de verificar possíveis fontes de variação sobre elas. Para o peso dos animais, foi realizada uma

análise de variância, empregando-se modelos lineares e o procedimento GLM (SAS).

Abaixo seguem os modelos estatísticos:

a) Análise de dados de contagem de carrapatos ou nódulos de berne na estação da

primavera e verão:

y = µ + F + e

onde:

y = número total de carrapatos (fêmeas) ou nódulos de berne

µ= média geral

F= conjunto de efeitos fixos (grupo genético, sexo, estação, pasto e idade à contagem,

como covariável)

e= erro aleatório pertinente a cada observação

36

b) Análise de dados de peso corporal dos GG PO e PC2 na estação da primavera e

verão:

yijkl = µ + Gi + Sj + Ik + Cl + ak + b + eijkl

onde:

yijkl = é vetor de pesos dos animais P0 e PC2 avaliados

µ= média geral

Gi = efeito fixo do i-ésimo grupo genético

Sj= efeito fixo do j-ésimo sexo

Ik = efeito fixo do k-ésimo idade

Cl = efeito fixo do l-ésima classe carrapato

al = efeito aninhado da regressão do peso sobre a classe de carrapato dentro de grupo

genético

b = coeficiente de regressão linear do peso sobre a idade do animal

eijkl = erro aleatório, relacionado a cada observação

2.3 Resultados e discussão

As análises de variância para o experimento indicaram que houve efeito significativo

para os efeitos de grupo genético (P<0,10), estação da mensuração e pastagem (P<0,01) sobre

a contagem de carrapatos e berne (Tabela 2).

Tabela 2. Análise de variância para os efeitos de grupo genético (GG), sexo, estação, pasto e idade do

experimento (primavera e verão) para a contagem de carrapatos e para a contagem de bernes

Contagem de bernes

Efeitos Grau de liberdade Qui-quadrado Pr>ChiSq

GG 1 3,33 0,06822*

Sexo 1 2,07 0,1501ns

Estação 1 19,59 0,0001**

Pastagem 2 6,11 0,0471*

Idade 1 1,69 0,1939 ns ns: não significativo; ** significativo ao nível de 1%; *significativo ao nível de 10%

Estudos demonstram que existem diferenças nos bovinos entre indivíduos dentro de

raças (GG) e entre raças quanto à resistência a ectoparasitas. (ALENCAR et al., 2005;

Contagem de carrapatos

Efeitos Grau de liberdade Qui-quadrado Pr>ChiSq

GG 1 3,28 0,0702*

Sexo 1 0,10 0,7494ns

Estação 1 6,90 0,0086**

Pastagem 2 19,96 0,0001**

Idade 1 0,01 0,9313 ns

37

CARDOSO et al., 2014; MARINI et al., 2010; SILVA et al., 2010). Para carrapatos, a

resistência, normalmente é maior na seguinte ordem decrescente: zebu, cruzados de zebu,

crioulos e europeus (SILVA, 2006). Também foi descrito por SILVA et al. (2007) menor

quantidade de carrapatos na raça Nelore quando comparada com animais cruzados Canchim x

Nelore, Angus x Nelore e Simental x Nelore, em trabalho realizado no município de São

Carlos, SP. Em outro trabalho, foi observada uma menor susceptibilidade ao carrapato nos

animais Nelore seguidos de animais Senepol x Nelore, que por sua vez foram mais resistentes

do que os animais Angus x Nelore (ALENCAR et al., 2008). De acordo com Ayres (2012), a

menor infestação está diretamente relacionada ao aumento da proporção de genes Bos indicus

em animais cruzados. Em trabalho realizado por Ibelli (2012), estudou-se a avaliação da

resposta de bovinos Nelore e cruzados Senepol x Nelore e Angus x Nelore, onde o

cruzamento Angus x Nelore foi considerado o grupo com maior número de carrapatos,

apresentando também maiores comprimentos de pêlo que o grupo de Nelore e os cruzados

Senepol x Nelore. Na comparação da infestação de animais mestiços Senepol x Limousin com

Limousin PO, Hüe et al. (2014) observaram que os animais mestiços Senepol apresentavam

cinco vezes menos infestação que o grupo de Limousin que por sua vez possuíam os pêlos

mais compridos. Este maior comprimento, explicaria a manutenção dos carrapatos

(VERÍSSIMO et al., 2002), concluindo que animais com pêlos mais compridos apresentam

contagens de carrapatos maiores.

Animais Nelore e Canchim x Nelore são menos infestados por bernes que os Simental

x Nelore e estes menos que os Angus x Nelore (SILVA et al., 2010). Maia e Guimarães

(1985), ao examinarem a distribuição sazonal de larvas de D. hominis em bovinos da raça

Nelore, no município de Governador Valadares, MG, verificaram que, em um mesmo

rebanho, alguns animais são mais parasitados pelo berne. Gomes et al. (1996), verificaram em

seu estudo com diferentes raças de gado de corte no Mato Grosso do Sul, que entre os animais

de um mesmo grupo genético (raça ou cruzamento) há variação na suscetibilidade individual,

que pode ser atribuída à coloração da pelagem dos animais. A pelagem de cor escura atrai

com mais intensidade as moscas e os mosquitos, portanto animais de pelagem escura são mais

susceptíveis do que animais de pelagem clara, tanto em alta quanto em baixa infestação de

bernes. Esse fator ocorre, provavelmente em razão da maior retenção de calor, que atua

atraindo os insetos (SANCHO, 1988). O Senepol apresenta pelagem vermelha com pêlos

curtos e como consequência, uma menor taxa de estresse calórico, o que sugere uma maior

resistência a ectoparasitas.

38

O presente estudo demonstra o efeito da estação do ano sobre o grau de infestação

natural de bovinos aos ectoparasitas, semelhantes aos os relatos de Oliveira et al. (2000) que

utilizaram a raça Canchim em experimento. Guaragna et al. (1992) reportaram maiores

infestações no inverno e na primavera e menores no verão e no outono. Fraga et al. (2003),

nos Estados de São Paulo e do Mato Grosso do Sul, observaram maiores infestações no verão.

Furlong (1993), relata que o clima da região estudada (Sudeste) permite o desenvolvimento e

sobrevivência do carrapato ao longo do ano porém as temperaturas mais baixas prejudicam

consideravelmente a fase de vida livre o que pode alongar o ciclo do carrapato. Silva et al.

(2010), verificaram picos de infestação nas estações outono e inverno, na região central do

estado de São Paulo. Marini et al. (2010) e Silva et al. (2006), relataram que a estação do ano

influencia a infestação por carrapatos devido à combinação da umidade do ar, temperatura e

precipitação pluvial e por essa razão, existem divergências com relação aos estudos

encontrados na literatura (SILVA et al., 2010).

A espécie da planta forrageira e o manejo da pastagem têm grande importância em

toda a fase de vida livre dos carrapatos (VERÍSSIMO, 2013b) e os resultados do presente

trabalho, demonstraram que a área de pastagem influenciou a contagem de carrapatos, que

pode ser explicado pela espécie forrageira utilizada como pasto (B. decumbens) e por serem

degradadas, com grande quantidade de plantas invasoras que favorecem a subida da larva no

hospedeiro já que fêmea fecundada do carrapato após o repasto sanguíneo, cai ao solo para a

postura (VERÍSSIMO, 2013a). Marini et al. (2010) atribuíram o aumento do número de

carrapatos ao crescimento rápido do pasto que por sua vez proporciona um abrigo adequado

aos estágios não parasitários. Thompson et al. (1978), estudaram a etologia larval de

carrapatos em várias forrageiras em casa de vegetação e demosntraram que a Brachiaria

decumbens favoreceu a fase de vida livre do carrapato, pois grande número de larvas

infestantes foi recuperado nesta forrageira por longos períodos, em comparação com as outras

forrageiras estudadas. Este resultado foi confirmado por Aycardi et al. (1984) que

observaram contagens mais altas de R. microplus nos bovinos que se encontravam em área de

pastagem com essa forrageira do que aqueles que se encontravam e áreas com pasto de

Andropogon guayanus, Melinis minutiflora ou pastagens naturais. Veríssimo et al. (1997),

verificaram menor infestação de carrapatos em animais mantidos em pastagens de capim do

gênero Panicum maximum cv. colonião (crescimento cespitoso). Sugere-se que os pastos da

propriedade sejam melhores cuidados como, por exemplo, recebam calagem e adubação, pois,

39

sabe-se que a adubação de um pasto com ureia pode ajudar no controle do carrapato (CUNHA

et al., 2010)

A presença de animais infestados pelo berne aliado à presença de foréticos

(portadores de ovos) e de áreas próximas a florestas e vales, favorecem a colonização pela D.

hominis. As áreas de mata próximas às pastagens observadas no presente estudo atuam como

barreira para o vento, assim as moscas são mais abundantes nas bordas destas áreas

(CARRERA, 1991), o que explicaria seu efeito da pastagem sobre a contagem de berne.

A análise de variância de peso em função da contagem de berne para o período da

coleta (Tabela 3) mostrou efeitos significativos para grupo genético (P<0,01), sexo (P<0,01) e

idade (P<0,05). O efeito da regressão linear do peso em função da contagem de bernes (CB),

não influenciou o peso dos animais no período avaliado, o que sugere a interferência da

estação climática na menor infestação. De acordo com Lopes (1999), existem fatores

químicos e físicos no ambiente (fatores bióticos e abióticos) que interferem no

desenvolvimento da Dermatobiose. Esse resultado sugere a necessidade de novos estudos para

verificar se a sazonalidade da D. hominis é atípica ou se apenas se trata de influência de

fatores bióticos e abióticos locais e regionais.

Tabela 3. Resumo da análise de variância de peso em função da contagem de berne (CB) e da contagem de

carrapatos dentro de classe de grupo genético (CC dentro GG) para os efeitos de grupo genético (GG),

sexo e idade do período da coleta (primavera e verão).

Fonte de variação

GL

Quadrados Médios Probabilidade >F

Contagem

berne

Contagem

carrapatos

Contagem

berne

Contagem

carrapatos

GG 1 1374900,392 462996,0698 0,0001** 0,0001**

Sexo 1 87982,766 79213,9306 0,0001** 0,0001**

Idade 1 17181,480 13849,7470 0,0439* 0,0618 ns

CB 1 264,998 - 0,8017 ns -

CC dentro GG 2 - 37315,6072 - 0,0001**

Contagem berne Contagem carrapatos

Resíduo 276 275 ns: não significativo; ** significativo ao nível de 1%; *significativo ao nível de 5%

De acordo com Guimarães e Papavero (1999) mesmo em baixa infestação de D.

hominis, existe uma perda econômica relevante, considerando que a infestação média de 20

bernes por animal, em um ano, acarreta perda aproximada de 20 kg de peso vivo. No caso do

presente experimento com animais da raça Senepol, a perda não foi significativa. Esse

resultado era esperado, pois a média da CB no período da coleta foi baixa (Figura 2).

40

Figura 2. Frequência de bernes na população de animais PO e PC2 da raça Senepol observadas durante o

período da coleta (primavera e verão)

O parasitismo por D. hominis é particularmente importante nos bovinos pois, além da

intensa desvalorização dos couros, está associado a perdas na produção de carne e leite

(OLIVEIRA-SEQUEIRA et al., 1993). Ulloa e De Alba (1957) relataram que animais 1/2

sangues Pardos Suíços apresentaram susceptibilidade comparável a de alguns grupos de

animais crioulos, sendo que, naqueles, a presença de bernes implicava em verdadeiras feridas

que atraiam outros parasitas. De acordo com Mateus (1977 apud Gomes et al., 1996) a

infestação de bovinos por D. hominis depende da raça, da cor e da idade. O autor faz a

seguinte classificação: Bos taurus altamente susceptíveis, Bos indicus muito resistente e os

Bos taurus adaptado ligeiramente resistente. Ainda se tratando de susceptibilidade, Gomes et

al. (1996) encontraram diferença significativa para suscetibilidade de infestação entre as raças

Santa Gertrudis, Brangus e Brahman, sendo esta última a mais resistente, seguida pela Santa

Gertrudis e Brangus.

A análise de variância de peso em função da contagem de carrapatos (Tabela 3), grupo

genético, mostrou efeito significativo (P<0,01) para o grupo genético e sexo. O efeito de

idade não foi significativo (P>0,05). Para verificar se houve perda de peso em função da

infestação de carrapato para cada grupo genético, a regressão da classe de contagem de

carrapato foi aninhada dentro de classe do grupo genético. O efeito da regressão dentro de

GG foi altamente significativo (P<0,01) e os coeficientes de regressão lineares estimados

foram de - 6,51 kg para os animais PO e de - 3,08 kg para os animais PC2 (Figura 3),

indicando que os animais PO perderam mais peso sugerindo a maior resistência do GG PC2

em função da maior presença de herança zebuína e consequentemente menor infestação por

carrapatos observados. Diminuição no ganho de peso em bovinos com alta porcentagem de

genótipo europeu também foram observados por outros autores (JONHSTON e HAYDOCK,

1969; TURNER e SHORT, 1972; SUTHERST et al., 1983).

58,70

24,5710,92

3,41 0,34 0,68 0,34 0,68 0,34

0 1 a 5 6 a 10 11 a 15 16 a 20 21 a 25 26 a 30 31 a 35 >35

% d

e a

nim

ais

PO

e P

C2

Nº de bernes observados

Frequência de distribuição de berne(primavera e verão)

41

Figura 3. Estimativas de peso para animais P0 e PC2 por classe de infestação por carrapatos

O carrapato é um ectoparasita hematófago, cujo prejuízo aos bovinos geralmente é

causado pelas teleóginas. A fêmea principalmente no final do ciclo, ingere sangue (0,3 a 3,0

ml de sangue em toda a sua vida, segundo Seifert et al. (1968), e devolve para o hospedeiro os

resíduos da digestão do sangue, juntamente com sua saliva (TATCHELL, 1967). Segundo

Rocha (1984), esses produtos oriundos do metabolismo da fêmea do carrapato e inoculados na

corrente sanguínea do hospedeiro são tóxicos para os bovinos, provocando, principalmente,

anorexia (SEEBECK et al,.1971; SPRINGELL et al., 1971), lesões hepáticas e renais que,

junto com a profunda anemia e outros problemas metabólicos gerados pela elevada infestação,

leva à perda de peso (O’KELLY et al., 1971; O’KELLY e KENNEDY, 1981) e, finalmente, à

morte de bovinos suscetíveis (VERÍSSIMO, 1993).

O animal perde peso, produz menos e o enfraquecimento é generalizado, o que leva à

pré-disposição a doenças (GONZALES, 1975; FURLONG, 1993). Sutherst et al. (1979 apud

FURLONG, 1993), estimaram em 1 kg de peso vivo a perda média de peso de um bovino

após ser infestado por 1.400 carrapatos. Especificamente sobre perdas e ganhos de peso,

Turner e Short (1972 apud FURLONG, 1993), estimaram que pode variar de 7,7 a 77

kg/animal/ano a perda provocada por carrapatos na Austrália, em função das populações

médias encontradas. Branco et al. (1987 apud FURLONG, 1993), trabalhando com animais

Hereford e Ibagé, no Rio Grande do Sul, encontraram diferenças de ganhos de peso de 34,5 e

17,3kg, respectivamente. Um panorama dos prejuízos que podem ser causados pela infestação

desses parasitas foi elaborado por Sutherst (1983), demonstrando que os carrapatos afetam a

saúde e o conforto dos animais, e isso determina também a qualidade do gado produzido,

0

50

100

150

200

250

300

350

>50 50-100 100-150 150-200 200-250 250-300 300-350 350-400 400-450 450-500 >500

PES

O -

kg

Número de carrapatos

Estimativas de peso para animais PO e PC2 por classe de infestação por carrapatos

PO PC2

42

assim como seu comércio, sendo, portanto, um problema local da fazenda e um problema

público. Como custos diretos, os autores citam: perda de peso vivo, perdas na produção de

leite, prejuízo no couro e as perdas por febre do carrapato causadas pelo complexo tristeza

parasitária (Babesia bovis, Babesia bigemina e Anaplasma marginale) além das perdas

indiretas pelo controle químico. Entretanto, existem diferenças nos níveis de resistência a

carrapatos entre e dentro de grupos genéticos (SEIFERT, 1971; OLIVEIRA e ALENCAR,

1990; FRAGA et al, 2003) e sua viabilidade depende da adaptação desses animais aos

sistemas de produção. Raças de origem europeia e os cruzamentos dessas são mais

susceptíveis às infestações por carrapatos que as de origem zebuínas (PENNA, 1989;

CORDÓVES, 1997), sendo que o grau de infestação do rebanho normalmente aumenta com o

aumento do percentual de genes de raças europeias (LEMOS et al., 1985). De acordo com

esses autores, os resultados encontrados no presente trabalho eram esperados, uma vez que o

Senepol PO possui alta porcentagem de genética europeia (Red Poll), segundo Flori et al.,

2012.

As médias estimadas por quadrados mínimos para a contagem de carrapatos e bernes,

para os efeitos de grupo genético, sexo, estação e pastagem no experimento, estão

demonstrados na Tabela 4.

Médias com letras maiúsculas diferentes na coluna indicam diferença significativa (P< 0,05)

No presente trabalho, a infestação por bernes e carrapatos para o efeito de GG,

apresentou diferença significativa. Animais PO foram os mais infestados. Na literatura vários

autores relatam a maior resistência a ectoparasitas quando se tem a presença de raça zebuína

nos animais (OLIVEIRA e ALENCAR, 1990; SILVA et al., 2010). A infestação pelo berne é

maior em animais taurinos (MORAES et al., 1986), e quanto maior a herança zebuína em um

Tabela 4. Médias estimadas por quadrados mínimos do número de bernes e carrapatos no experimento

Efeito Berne Carrapato

GG N Média Média

PO 113 1,4167 ±0,2987 A 281,3318 ±0,0942 A

PC2 185 0,6411 ±0,3726 B 186,4840 ±0,1753 B

Sexo

Fêmea 209 1,1754 ±0,2904 A 233,5685 ±0,0929 A

Macho 89 0, 7727 ±0,3667 A 224,6188± 0,1473 A

Estação

Primavera 87 0,4683 ±0,3864 A 198,1205 ±0,1352 A

Verão 211 1,9395 ±0,2673 B 264,8078 ±0,1007 B

Pastagem

1 20 0,6514 ±0,7053 A 90,3927 ±0,2377 A

2 69 0,5976 ±0,3447 A 346,2408 ±0,1517 B

3 209 2,2238 ±0,2007 B 383,9537 ±0,0931 B

43

cruzamento, menor é a infestação pelo ectoparasita (OLIVEIRA e ALENCAR, 1990;

GOMES et al., 1996; SILVA et al., 2010). O Senepol é um taurino adaptado, e de acordo com

os resultados apresentados, a variação da infestação por carrapatos e berne nos seus diferentes

GG (PO e PC2), sugere a influência zebuína presente nos animais PC2.

Não houve diferença significativa em ambos os sexos para a contagem de berne e

carrapato na raça Senepol. As infestações tanto de berne quanto de carrapatos, comparando as

estações, foram maiores na estação do verão (Tabela 4), sugerindo a influência das condições

climáticas. A frequência de distribuição de carrapatos para os animais PO e PC2 é

demonstrada na Figura 4. A infestação chegou a um número observado superior a 500

carrapatos na maioria dos animais (25,26%). Fraga et al. (2003), em trabalho que estudou a

análise de fatores genéticos e ambientais que afetaram a infestação de fêmeas bovinas da raça

Caracu por Boophilus microplus (R. microplus), concluíram que a maior incidência de

carrapatos na raça Caracu foi verificada durante o verão, estando o resultado do presente

trabalho de acordo com o autor mencionado.

Figura 4. Frequência de carrapatos na população de animais PO e PC2 da raça Senepol observadas

durante o período da coleta (primavera e verão)

Para a infestação de bernes, observa-se similaridade de resultados de grande parte dos

autores encontrados na literatura, já que as maiores infestações de bernes ocorreram no verão

(BRITO e BORJA, 2000; DE OLIVEIRA, 1985; FERNANDES et al., 2008; NETO et al.,

2001; OLIVEIRA, 1991;). Mozzaquatro e Sanavria (2003), no Estado do Rio Grande do Sul,

estudaram a epidemiologia da D. hominis em bovinos leiteiros, e nos períodos entre os meses

de abril a setembro, correspondendo às estações de outono e inverno, ocorreram baixas taxas

infectivas, com uma diminuição considerável na temperatura e altas precipitações

pluviométricas. De Magalhães e Lesskiu (1982) em trabalho realizado com novilhos de corte

½ sangue Canchim no Paraná, encontraram infestações com picos mais frequentes em março

e abril (final de verão e início de outono). Pinto et al. (2002) estudaram a bioecologia da D.

7,17 9,22 12,29 11,26 9,56 6,14 3,75 7,85 4,44 3,07

25,26

<50 51-100 101-150 151-200 201-250 251-300 301-350 351-400 401-450 451-500 >500

% d

e a

nim

ais

PO

e P

C2

Nº de carrapatos observados

Frequência de distribuição de carrapatos(primavera e verão)

44

hominis na raça Holandês, sugerindo que as maiores infestações estão relacionadas

principalmente às condições climáticas (maior incidência de chuvas), o que pode ser

observado no presente trabalho (Figura 1).

A distribuição da frequência da infestação de berne na população de animais dos GG

da raça Senepol durante o período de coleta, mostrou que a raça tende a ser menos susceptível

o que poderia ser explicado devido principalmente ao pêlo curto da raça e à coloracão da

pelagem onde a intensidade de moscas e mosquitos é menor. Observa-se que a maioria dos

animais avaliados não apresentava nenhum berne (Figura 2), semelhante à afirmação de Borja

(2003) sobre a distribuição em animais de um rebanho, onde poucos são altamente infestados

e um grande número apresenta pouco ou nenhum berne. Entretanto, para uma maior

segurança nos resultados, deve-se fazer mais de uma observação de contagem de berne na

avaliação dos animais, nas diferentes estações do ano.

A infestação por carrapatos nas diferentes áreas de pastagens é dependente de fatores

como: número de larvas no pasto, presença de plantas invasoras, GG, taxa de lotação, estado

nutricional dos bovinos. Tais fatores explicariam a diferença significativa ocorrida entre as

áreas de pastagem do experimento.

Para a presença de berne nos animais, deve-se considerar a existência de áreas de

matas nativa para a biologia da D. hominis. Existindo a semelhança nas áreas de pastagens do

presente trabalho, pode-se atribuir à diferença significativa da infestação observada ao tipo de

solo existente em cada uma das áreas, já que parte do ciclo do parasita ocorre nele

(FERNANDES e THOMAZ-SOCCOL, 2008). Nas condições em que este estudo foi

realizado, é possível que larvas não conseguissem penetrar no solo em algumas áreas, o que

contribuiria para a interrupção do ciclo biológico da mosca, diminuindo a infestação em

certos grupos de animais.

Na pecuária de corte, as condições climáticas em áreas tropicais e subtropicais

requerem o uso de bovinos que sejam adaptados e consequentemente resistentes às

infestações por ectoparasitas, assim como o Senepol e seus cruzamentos, já que a raça é

originada do cruzamento de N´Dama, raça africana taurina adaptada às condições de região

tropical. No entanto, De Alba (1987) relata, que o gado Crioulo, semelhante à raça

Romosinuano, pode ter também contribuído para a formação da raça Senepol, e poderia

explicar as características da raça, bem como a sua adaptação a climas tropicais. Flori et al.

(2012), em trabalho com marcadores moleculares, relataram a composição média de

linhagens encontradas no genoma do Senepol: 89% europeu, 10,4% zebu e apenas 0,6% de

45

linhagens africanas, dessa forma, sistemas de cruzamento podem ser utilizados para

aproveitar as diferenças genéticas existentes entre animais para resistência a parasitas, para

adequar genótipo e ambiente e produzir carne com eficiência e qualidade (ALENCAR et al.,

2005). Essa alta porcentagem de genes oriundos de raça europeia, poderia explicar a grande

suscetibilidade encontrada neste rebanho, com altas infestações tanto de carrapatos como de

bernes.

O fato da resistência ao carrapato ser herdável (SEIFERT et al., 1971) e haver uma

pequena porcentagem de animais com infestação de carrapatos abaixo de 100 (Figura 4), leva

a sugerir que o rebanho seja selecionado, além das características de produção, também para

resistência a ectoparasitas, especialmente ao carrapato R. microplus, uma vez que,

comprovadamente, esta é a maneira mais sustentável, econômica e efetiva de controle deste

parasita que tantos prejuízos causa a bovinos susceptíveis (WILKINSON, 1962; WHARTON

et al., 1969; SUTHERST et al., 1979; VERÍSSIMO, 2013b). Hewetson (1981) concluiu que é

possível aumentar a resistência ao carrapato em bovinos mestiços por meio de seleção, e que

o progresso genético estimado teoricamente pode ser alcançado na prática. Guaragna et al.

(1992) implementou um esquema de infestações artificiais em tourinhos do tipo Mantiqueira

(taurino descendente de touros Holandeses, adaptado às condições montanhosas do Vale do

Paraíba, SP) e em tourinhos Holandeses. Observou médias superiores a 500 carrapatos nos

bovinos Mantiqueira, mas sempre havia alguns animais mais resistentes, que poderiam ser

utilizados como reprodutores, aumentando a resistência do rebanho ao carrapato. Portanto,

enquanto não estiver disponível marcadores moleculares para resistência ao carrapato, um

programa de seleção, que utilize pelo menos uma infestação artificial com 10.000 larvas de

carrapato nos tourinhos candidatos a reprodutores na propriedade, é sugerido, como forma de

se identificar os mais resistentes, a fim de utilizá-los como reprodutores no rebanho, com o

objetivo de aumentar a resistência ao carrapato das futuras gerações do Senepol brasileiro, já

que, devido ao grande número de animais suscetíveis observados neste rebanho, o descarte

dos mais suscetíveis não é viável.

2.4 Conclusão

O grau de infestação natural por carrapato e berne variou entre as estações, pastagens e

grupos genéticos estudados. Animais oriundos do cruzamento absorvente de raças zebuínas

com Senepol (PC2) são menos infestados que animais Senepol PO, que, por sua vez, sendo

mais suscetíveis ao carrapato, perdem mais peso.

46

Os resultados sugerem que a Associação dos Criadores de Bovinos da Raça Senepol,

conduzam mais pesquisas em diferentes rebanhos, a fim de melhor elucidar as diferenças de

infestação por ectoparasitas observadas nos diferentes grupos genéticos.

47

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