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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JULIO DE MESQUITA FILHO” FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE BOVINOS EM FRIGORÍFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL Patrícia Cruz Barbalho Zootecnista JABOTICABAL SÃO PAULO – BRASIL Fevereiro de 2007

AVALIAÇÃO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM … · pai e sobrinho Clayton que, ... compreensão em nossa casa. Aos integrantes do grupo ETCO, ... À Janete Barros Costa,

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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ldquoJULIO DE MESQUITA FILHOrdquo

FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS E VETERINAacuteRIAS

CAcircMPUS DE JABOTICABAL

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO

EM MANEJO RACIONAL DE BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS

PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

Patriacutecia Cruz Barbalho

Zootecnista

JABOTICABAL ndash SAtildeO PAULO ndash BRASIL

Fevereiro de 2007

ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ldquoJULIO DE MESQUITA FILHOrdquo

FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS E VETERINAacuteRIAS

CAcircMPUS DE JABOTICABAL

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO

EM MANEJO RACIONAL DE BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS

PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

Patriacutecia Cruz Barbalho

Orientador Prof Dr Mateus Joseacute Rodrigues Paranhos da Costa

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuterias ndash UNESP Cacircmpus de Jaboticabal como parte das exigecircncias para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Zootecnia

JABOTICABAL ndash SAtildeO PAULO ndash BRASIL

Fevereiro de 2007

iii

DADOS CURRICULARES DA AUTORA

Patriacutecia Cruz Barbalho nascida na cidade de Natal Rio Grande do Norte em 02

de fevereiro de 1979 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte Natal ndash RN em agosto de 2003 Em setembro de 2003 tornou-se

integrante do grupo ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia

Animal) participando do Projeto de Racionalizaccedilatildeo do Manejo Preacute-Abate de Bovinos

iv

Dedico este trabalho

Ao sangue de tantos e tantos bois

Que manchou as roupas iguais dos homens

Dos homens que tinham facas presas nas matildeos

Ou seria as matildeos presas agraves facas

Presas

Os bois ou os homens

Acho que os homens E vocecirc

ldquoPai perdoai ELES natildeordquo

NOacuteS natildeo sabemos o que fazemos

v

AGRADECIMENOS

Agrave amiga Luciandra Macedo Toledo que observando uma vaca parir sentou-se

pela manhatilde e levantou-se no fim da tarde E com isso me fez silenciar e esperar atenta

que o mundo inteiro se erguesse diante de mim mostrando e me fazendo acreditar

Ensinou-me que ldquoobservar natildeo eacute olharrdquo eacute alguma coisa nascida dos sentidos mente e

coraccedilatildeo e o universo inteiro entranhados e me iniciando no estudo do comportamento

animal mudou minha vida

Agrave minha mais nova irmatilde Letiacutecia Ribeiro que mostrando a beleza da

autenticidade me revelou lsquoo segredorsquo de como ser livre

Agrave minha matildee pelo apoio incondicional

Agrave Gerusa Alves Naves que incansavelmente ouvia minhas longas e repetitivas

frustraccedilotildees e alegrias

A Anderson Souza por me fazer feliz

Agrave Juacutelia Eumira Gomes Neves por cuidar de mim Acredito que estudei tudo isso

apenas para contribuir dando-lhe atalhos em seu trabalho de proteccedilatildeo aos animais

que muito admiro e respeito

Agrave Eacuterica Bueno pelos cavalos e pores-do-Sol

Aos meus irmatildeos Eacuterika e Henrique pela cumplicidade dos nossos dias Ao meu

pai e sobrinho Clayton que me fazem sorrir sem perceber

Ao grande amigo Claudinei Bernardo dos Santos (Jatobaacute) por compartilhar

comigo seus conhecimentos em comportamento e manejo de bovinos fato

imprescindiacutevel no desenvolvimento deste trabalho E tambeacutem por todo o apoio

amizade respeito agraves minhas ideacuteias e atenccedilatildeo agraves minhas necessidades

Ao companheiro de tantas e tantas e tantas horas de trabalho e viagens Stavros

Platon Tseimazides que fazendo bem o que eu fazia mal e fazendo mal o que eu fazia

bem equilibrou o nosso trabalho Obrigada por nossas brigas

Aos amigos Anne Karolyne Ariane Gurgel Umbelino Fabio Senna Genildo

Fonseca Pereira Josimar Torres Gomes Maacutecio Alexandre Guedes Magda

vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

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)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

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MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

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ijkl

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23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

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Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

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recu

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ani

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

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MS

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SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

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no

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()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

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s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

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20 70 120

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50 100

150

Obs

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ii

UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA ldquoJULIO DE MESQUITA FILHOrdquo

FACULDADE DE CIEcircNCIAS AGRAacuteRIAS E VETERINAacuteRIAS

CAcircMPUS DE JABOTICABAL

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO

EM MANEJO RACIONAL DE BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS

PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

Patriacutecia Cruz Barbalho

Orientador Prof Dr Mateus Joseacute Rodrigues Paranhos da Costa

Dissertaccedilatildeo apresentada agrave Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuterias ndash UNESP Cacircmpus de Jaboticabal como parte das exigecircncias para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Mestre em Zootecnia

JABOTICABAL ndash SAtildeO PAULO ndash BRASIL

Fevereiro de 2007

iii

DADOS CURRICULARES DA AUTORA

Patriacutecia Cruz Barbalho nascida na cidade de Natal Rio Grande do Norte em 02

de fevereiro de 1979 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte Natal ndash RN em agosto de 2003 Em setembro de 2003 tornou-se

integrante do grupo ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia

Animal) participando do Projeto de Racionalizaccedilatildeo do Manejo Preacute-Abate de Bovinos

iv

Dedico este trabalho

Ao sangue de tantos e tantos bois

Que manchou as roupas iguais dos homens

Dos homens que tinham facas presas nas matildeos

Ou seria as matildeos presas agraves facas

Presas

Os bois ou os homens

Acho que os homens E vocecirc

ldquoPai perdoai ELES natildeordquo

NOacuteS natildeo sabemos o que fazemos

v

AGRADECIMENOS

Agrave amiga Luciandra Macedo Toledo que observando uma vaca parir sentou-se

pela manhatilde e levantou-se no fim da tarde E com isso me fez silenciar e esperar atenta

que o mundo inteiro se erguesse diante de mim mostrando e me fazendo acreditar

Ensinou-me que ldquoobservar natildeo eacute olharrdquo eacute alguma coisa nascida dos sentidos mente e

coraccedilatildeo e o universo inteiro entranhados e me iniciando no estudo do comportamento

animal mudou minha vida

Agrave minha mais nova irmatilde Letiacutecia Ribeiro que mostrando a beleza da

autenticidade me revelou lsquoo segredorsquo de como ser livre

Agrave minha matildee pelo apoio incondicional

Agrave Gerusa Alves Naves que incansavelmente ouvia minhas longas e repetitivas

frustraccedilotildees e alegrias

A Anderson Souza por me fazer feliz

Agrave Juacutelia Eumira Gomes Neves por cuidar de mim Acredito que estudei tudo isso

apenas para contribuir dando-lhe atalhos em seu trabalho de proteccedilatildeo aos animais

que muito admiro e respeito

Agrave Eacuterica Bueno pelos cavalos e pores-do-Sol

Aos meus irmatildeos Eacuterika e Henrique pela cumplicidade dos nossos dias Ao meu

pai e sobrinho Clayton que me fazem sorrir sem perceber

Ao grande amigo Claudinei Bernardo dos Santos (Jatobaacute) por compartilhar

comigo seus conhecimentos em comportamento e manejo de bovinos fato

imprescindiacutevel no desenvolvimento deste trabalho E tambeacutem por todo o apoio

amizade respeito agraves minhas ideacuteias e atenccedilatildeo agraves minhas necessidades

Ao companheiro de tantas e tantas e tantas horas de trabalho e viagens Stavros

Platon Tseimazides que fazendo bem o que eu fazia mal e fazendo mal o que eu fazia

bem equilibrou o nosso trabalho Obrigada por nossas brigas

Aos amigos Anne Karolyne Ariane Gurgel Umbelino Fabio Senna Genildo

Fonseca Pereira Josimar Torres Gomes Maacutecio Alexandre Guedes Magda

vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

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ik

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i

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ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

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Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

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GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

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GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

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company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

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GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

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53

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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20

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23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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iii

DADOS CURRICULARES DA AUTORA

Patriacutecia Cruz Barbalho nascida na cidade de Natal Rio Grande do Norte em 02

de fevereiro de 1979 graduou-se em Zootecnia pela Universidade Federal do Rio

Grande do Norte Natal ndash RN em agosto de 2003 Em setembro de 2003 tornou-se

integrante do grupo ETCO (Grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia

Animal) participando do Projeto de Racionalizaccedilatildeo do Manejo Preacute-Abate de Bovinos

iv

Dedico este trabalho

Ao sangue de tantos e tantos bois

Que manchou as roupas iguais dos homens

Dos homens que tinham facas presas nas matildeos

Ou seria as matildeos presas agraves facas

Presas

Os bois ou os homens

Acho que os homens E vocecirc

ldquoPai perdoai ELES natildeordquo

NOacuteS natildeo sabemos o que fazemos

v

AGRADECIMENOS

Agrave amiga Luciandra Macedo Toledo que observando uma vaca parir sentou-se

pela manhatilde e levantou-se no fim da tarde E com isso me fez silenciar e esperar atenta

que o mundo inteiro se erguesse diante de mim mostrando e me fazendo acreditar

Ensinou-me que ldquoobservar natildeo eacute olharrdquo eacute alguma coisa nascida dos sentidos mente e

coraccedilatildeo e o universo inteiro entranhados e me iniciando no estudo do comportamento

animal mudou minha vida

Agrave minha mais nova irmatilde Letiacutecia Ribeiro que mostrando a beleza da

autenticidade me revelou lsquoo segredorsquo de como ser livre

Agrave minha matildee pelo apoio incondicional

Agrave Gerusa Alves Naves que incansavelmente ouvia minhas longas e repetitivas

frustraccedilotildees e alegrias

A Anderson Souza por me fazer feliz

Agrave Juacutelia Eumira Gomes Neves por cuidar de mim Acredito que estudei tudo isso

apenas para contribuir dando-lhe atalhos em seu trabalho de proteccedilatildeo aos animais

que muito admiro e respeito

Agrave Eacuterica Bueno pelos cavalos e pores-do-Sol

Aos meus irmatildeos Eacuterika e Henrique pela cumplicidade dos nossos dias Ao meu

pai e sobrinho Clayton que me fazem sorrir sem perceber

Ao grande amigo Claudinei Bernardo dos Santos (Jatobaacute) por compartilhar

comigo seus conhecimentos em comportamento e manejo de bovinos fato

imprescindiacutevel no desenvolvimento deste trabalho E tambeacutem por todo o apoio

amizade respeito agraves minhas ideacuteias e atenccedilatildeo agraves minhas necessidades

Ao companheiro de tantas e tantas e tantas horas de trabalho e viagens Stavros

Platon Tseimazides que fazendo bem o que eu fazia mal e fazendo mal o que eu fazia

bem equilibrou o nosso trabalho Obrigada por nossas brigas

Aos amigos Anne Karolyne Ariane Gurgel Umbelino Fabio Senna Genildo

Fonseca Pereira Josimar Torres Gomes Maacutecio Alexandre Guedes Magda

vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

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k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

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Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

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bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

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CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

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FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

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GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

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ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

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- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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iv

Dedico este trabalho

Ao sangue de tantos e tantos bois

Que manchou as roupas iguais dos homens

Dos homens que tinham facas presas nas matildeos

Ou seria as matildeos presas agraves facas

Presas

Os bois ou os homens

Acho que os homens E vocecirc

ldquoPai perdoai ELES natildeordquo

NOacuteS natildeo sabemos o que fazemos

v

AGRADECIMENOS

Agrave amiga Luciandra Macedo Toledo que observando uma vaca parir sentou-se

pela manhatilde e levantou-se no fim da tarde E com isso me fez silenciar e esperar atenta

que o mundo inteiro se erguesse diante de mim mostrando e me fazendo acreditar

Ensinou-me que ldquoobservar natildeo eacute olharrdquo eacute alguma coisa nascida dos sentidos mente e

coraccedilatildeo e o universo inteiro entranhados e me iniciando no estudo do comportamento

animal mudou minha vida

Agrave minha mais nova irmatilde Letiacutecia Ribeiro que mostrando a beleza da

autenticidade me revelou lsquoo segredorsquo de como ser livre

Agrave minha matildee pelo apoio incondicional

Agrave Gerusa Alves Naves que incansavelmente ouvia minhas longas e repetitivas

frustraccedilotildees e alegrias

A Anderson Souza por me fazer feliz

Agrave Juacutelia Eumira Gomes Neves por cuidar de mim Acredito que estudei tudo isso

apenas para contribuir dando-lhe atalhos em seu trabalho de proteccedilatildeo aos animais

que muito admiro e respeito

Agrave Eacuterica Bueno pelos cavalos e pores-do-Sol

Aos meus irmatildeos Eacuterika e Henrique pela cumplicidade dos nossos dias Ao meu

pai e sobrinho Clayton que me fazem sorrir sem perceber

Ao grande amigo Claudinei Bernardo dos Santos (Jatobaacute) por compartilhar

comigo seus conhecimentos em comportamento e manejo de bovinos fato

imprescindiacutevel no desenvolvimento deste trabalho E tambeacutem por todo o apoio

amizade respeito agraves minhas ideacuteias e atenccedilatildeo agraves minhas necessidades

Ao companheiro de tantas e tantas e tantas horas de trabalho e viagens Stavros

Platon Tseimazides que fazendo bem o que eu fazia mal e fazendo mal o que eu fazia

bem equilibrou o nosso trabalho Obrigada por nossas brigas

Aos amigos Anne Karolyne Ariane Gurgel Umbelino Fabio Senna Genildo

Fonseca Pereira Josimar Torres Gomes Maacutecio Alexandre Guedes Magda

vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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40

50

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80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

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Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

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plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

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GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

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53

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- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

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SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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v

AGRADECIMENOS

Agrave amiga Luciandra Macedo Toledo que observando uma vaca parir sentou-se

pela manhatilde e levantou-se no fim da tarde E com isso me fez silenciar e esperar atenta

que o mundo inteiro se erguesse diante de mim mostrando e me fazendo acreditar

Ensinou-me que ldquoobservar natildeo eacute olharrdquo eacute alguma coisa nascida dos sentidos mente e

coraccedilatildeo e o universo inteiro entranhados e me iniciando no estudo do comportamento

animal mudou minha vida

Agrave minha mais nova irmatilde Letiacutecia Ribeiro que mostrando a beleza da

autenticidade me revelou lsquoo segredorsquo de como ser livre

Agrave minha matildee pelo apoio incondicional

Agrave Gerusa Alves Naves que incansavelmente ouvia minhas longas e repetitivas

frustraccedilotildees e alegrias

A Anderson Souza por me fazer feliz

Agrave Juacutelia Eumira Gomes Neves por cuidar de mim Acredito que estudei tudo isso

apenas para contribuir dando-lhe atalhos em seu trabalho de proteccedilatildeo aos animais

que muito admiro e respeito

Agrave Eacuterica Bueno pelos cavalos e pores-do-Sol

Aos meus irmatildeos Eacuterika e Henrique pela cumplicidade dos nossos dias Ao meu

pai e sobrinho Clayton que me fazem sorrir sem perceber

Ao grande amigo Claudinei Bernardo dos Santos (Jatobaacute) por compartilhar

comigo seus conhecimentos em comportamento e manejo de bovinos fato

imprescindiacutevel no desenvolvimento deste trabalho E tambeacutem por todo o apoio

amizade respeito agraves minhas ideacuteias e atenccedilatildeo agraves minhas necessidades

Ao companheiro de tantas e tantas e tantas horas de trabalho e viagens Stavros

Platon Tseimazides que fazendo bem o que eu fazia mal e fazendo mal o que eu fazia

bem equilibrou o nosso trabalho Obrigada por nossas brigas

Aos amigos Anne Karolyne Ariane Gurgel Umbelino Fabio Senna Genildo

Fonseca Pereira Josimar Torres Gomes Maacutecio Alexandre Guedes Magda

vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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vi

Guilhermino Majorie Pereira Romeika Assunccedilatildeo Valdi de Lima Juacutenior que me

disseram sim

Ao professor Mateus J R Paranhos da Costa pela grande confianccedila orientaccedilatildeo

e conselhos que muito me ajudaram nestes anos de trabalho junto ao grupo ETCO E

tambeacutem pelo respeito a minha individualidade

Agrave professora Anabela Pinto por suas interrogaccedilotildees que sempre me levaram agrave

reflexatildeo motivando e auxiliando os meus primeiros passos no meu mais novo caminho

do pensar

Ao professor Ricardo Reis pelas ricas sugestotildees para construccedilatildeo deste trabalho

A sua minuciosa atenccedilatildeo ao ler este trabalho em minha qualificaccedilatildeo tornou-se minha

maior motivaccedilatildeo para fazer o melhor

Aos Professores Gener Tadeu Pereira e Isabela Silveira pela ajuda e

contribuiccedilatildeo a este trabalho

Aos funcionaacuterios da UNESP Jaboticabal em suas diferentes funccedilotildees que me

ajudaram a concluir este projeto Em especial aos que contribuiacuteam com a beleza das

aacutervores gramas paacutessaros desta instituiccedilatildeo

Agrave Frida Liliana Caacuterdenas Diacuteaz e Renata Furlan pela companhia respeito e

compreensatildeo em nossa casa

Aos integrantes do grupo ETCO Adriana Postos Madureira Aline Cristina

SantacuteAnna Daniel Biagiotti Eliane Vianna da Costa e Silva Joseacute Rodolfo Panim

Ciocca Liacutevia Carolina Magalhatildees Silva Marcelo Simatildeo da Rosa Marcos Chiquitelli

Neto Murilo Henrique Quintiliano Osmar Dalla Costa e Rita Coelho Gonccedilalves Victor

Eduardo Sales pelos sorrisos

Agrave Ana Carolina Pereira por me ensinar a ldquonatildeo ter medo do julgamento das

pessoasrdquo

Agrave Anita Schmidek que sempre chegava com uma novidade

Agrave Cristina Urbano dos Santos por me transmitir paz

Ao coraccedilatildeo de Adriano Gomes Paacutescoa pela lsquoinacreditaacutevelrsquo disponibilidade e bom

humor

Agrave Natalia Maria Alejandra Aguilar pelas Cataratas do Iguaccedilu pela Argentina

vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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vii

Agrave Ana Luacutecia Espironelli por me ensinar sobre aceitaccedilatildeo e toleracircncia

Ao lsquoineacuteditorsquo Luis Savan e Paula Paranhos da Costa por me ajudarem a cultivar

sonhos

Agrave Janete Barros Costa pela atenccedilatildeo e carinho que sempre me dedicou ao

receber-me em sua casa E tambeacutem pela paciecircncia ao atender meus telefonemas fora

de hora

Agrave Milene Fernanda Rodrigues Carneiro (minha filhinha) Rosana Moretto e

Tatiana Helena Bigi que mesmo passando tatildeo rapidamente por nosso grupo nunca

esquecerei

Aos funcionaacuterios dos frigoriacuteficos que me lsquoensinaramrsquo caminhos para lsquoensinarrsquo

melhor

Ao professor de inglecircs Luiacutes Roberto Bayona Peacuterez pela amizade dedicaccedilatildeo e

disponibilidade lsquosocorrendorsquo-me todas agraves vezes e a qualquer hora ou dia que precisei

sem qualquer questionamento ou queixa Obrigada professor E tambeacutem agrave sua

companheira Juacutelia por me receber sempre com tanta alegria em sua casa

Aos lsquoobstaacuteculosrsquo das calccediladas de Jaboticabal que me ensinaram a prestar mais

atenccedilatildeo onde estou pisando

E agradeccedilo aos pesadelos de minha infacircncia com frigoriacutefico de bovinos que me

conduziram a este trabalho onde descobri a essecircncia de amor que haacute em cada ser

humano e que estaacute esperando para ser despertada

Obrigada

viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

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aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

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oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

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ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

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GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

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212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

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company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

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47 97 147

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49 99 149

50 100

150

Obs

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viii

SUMAacuteRIO

Paacutegina

RESUMO x

SUMMARY xi

1 INTRODUCcedilAtildeO 1

11 Objetivos 3

2 REVISAtildeO DE LITERATURA 4

21 Bem-estar animal 4

22 Monitoramento do manejo 6

221 Escorregotildees e quedas 6

222 Vocalizaccedilotildees 6

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico 6

224 Insensibilizaccedilatildeo 7

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento 7

3 MATERIAL E MEacuteTODOS 11

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento 17

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios 18

312 Categorias de comportamento dos bovinos 19

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo 19

32 Treinamento em manejo racional 19

321 Treinamento teoacuterico 20

322 Treinamento praacutetico 20

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento 21

34 Anaacutelise estatiacutestica 21

341 Organizaccedilatildeo dos dados 21

342 Anaacutelises dos dados 21

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO 23

ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

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50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

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40

50

60

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

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212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

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GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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17

18

19

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21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

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47 97 147

48 98 148

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50 100

150

Obs

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ix

41 Nuacutemero de animais por lote manejado 23

42 Escorregotildees e quedas 25

43 Vocalizaccedilotildees 34

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico 38

45 Bandeira inadequada 42

46 Atordoamento 45

47 Insensibilidade 46

5 CONCLUSOtildeES 48

6 IMPLICACcedilOtildeES 49

7 REFEREcircNCIAS 50

x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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x

AVALIACcedilAtildeO DE PROGRAMAS DE TREINAMENTO EM MANEJO RACIONAL DE

BOVINOS EM FRIGORIacuteFICOS PARA MELHORIA DO BEM-ESTAR ANIMAL

RESUMO ndash Os objetivos foram estudar os efeitos de um programa de

treinamento em manejo racional no bem-estar de bovinos e testar a viabilidade praacutetica

da aplicaccedilatildeo do manejo racional em frigoriacuteficos Os comportamentos de humanos e

bovinos foram estudados em trecircs frigoriacuteficos durante o desenvolvimento de dois

processos 1) conduccedilatildeo dos bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento

e 2) atordoamento Nas avaliaccedilotildees do processo de conduccedilatildeo dos animais foram

acompanhados 31 22 e 18 lotes de animais antes do treinamento nos frigoriacuteficos MT

GO e SP respectivamente repetindo-se o mesmo nuacutemero de lotes apoacutes o treinamento

Foram registradas duas variaacuteveis do comportamento humano durante a conduccedilatildeo dos

animais (uso do bastatildeo eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e trecircs do

comportamento bovino (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) Durante o processo de

atordoamento foram consideradas duas variaacuteveis a eficiecircncia de atordoamento (sendo

observados 336 475 e 314 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em

cada etapa antes e apoacutes o treinamento) e sinais de insensibilidade (com 400 453 e

308 animais nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente em cada etapa) Os dados

sobre a conduccedilatildeo dos bovinos foram analisados usando-se Anova com o procedimento

GLM e para as variaacuteveis de atordoamento foi utilizado o Teste de Kruskall-Wallis

Houve diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos nas variaacuteveis escorregotildees

quedas uso do bastatildeo eleacutetrico e sinais de insensibilidade Tambeacutem houve efeito

significativo do treinamento para a maioria das variaacuteveis estudadas sendo que o maior

efeito foi no uso do bastatildeo eleacutetrico que diminuiu nos trecircs frigoriacuteficos apoacutes o

treinamento Os resultados indicaram que os frigoriacuteficos que realizaram investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees atingiram melhor resposta ao treinamento dos

funcionaacuterios

Palavras-chaves capacitaccedilatildeo manejo preacute-abate bovinos frigoriacutefico

xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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quuml

ecircnci

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

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70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

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27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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37 87 137

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50 100

150

Obs

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xi

ASSESSMENT OF RATIONAL HANDLING TRAINING PROGRAMS AT

SLAUGHTERHOUSE TO PROMOTE THE WELFARE OF CATTLE

SUMMARY - The objectives of this research were to study the effects of rational

handling training programs on cattle welfare and to test the practical feasibility of the

rational handling in the slaughterhouse The human and cattle behaviours were

recorded in three slaughterhouses during two processes 1) leading cattle from lairage

to stunning boxes and 2) stunning cattle In order to assess the handling procedures

during the first process we studied 31 22 and 18 groups of cattle before and after the

training activity in three slaughterhouses (MT GO and SP) in this process five

variables were considered two of them related to human behaviour (the frequency of

electric prod and the frequency of inadequate flag use) and three related to cattle

behaviour (the frequencies of slips falls and vocalizations) For the assessment of the

stunning process two variables were defined stunning efficiency (with 336 475 and 314

cattle observed before and after the training period) and insensitiveness (with 400 453

and 308 animals observed before and after training) Analysis of variance was used for

data related to the process of driving the animals to the stunning box and the Kruskall-

Wallis test was used when for the variables related to the stunning process Significant

statistical differences were found among slaughterhouses for the frequencies of slips

falls use of the electric prod and insensitiveness Similar results were found when

considered the effects of training being the major effect on the frequency of electric

prod use which dropped down in three slaughterhouses Inadequate facilities and

equipments promoted depreciation on the labour increasing the frequencies of slips

falls and in the number of sensitive animals after stunning The results suggested that

the slaughterhouses that did invest in people training facilities and equipments

achieved a better result in the improvement of animal welfare

Keywords animal welfare rational handling bovines practices slaughterhouses

1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

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gotildees

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ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

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3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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02

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08

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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e us

o in

adeq

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do

recu

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band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

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40

50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

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50

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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1

1 INTRODUCcedilAtildeO

A interaccedilatildeo humanos-bovinos foi intensificada com o processo de domesticaccedilatildeo

desta espeacutecie iniciado haacute cerca de 6000 aC (STRICKLIM et al 1984) poreacutem ainda

hoje natildeo foi atingido um ambiente ideal para a otimizaccedilatildeo do bem-estar desses

animais no sentido de minimizar o estresse decorrente de nossas interaccedilotildees com os

mesmos Isto porque o manejo oferecido aos bovinos geralmente caracteriza-se por

atitudes punitivas sendo comum encontrarmos agressividade desnecessaacuteria e

excessiva

Este tipo de atitude eacute consequumlente da falta de conhecimento em relaccedilatildeo aos

animais seus sentidos sentimentos e comportamentos aleacutem da conceituaccedilatildeo comum

de que satildeo maacutequinas utilizadas para nos fornecer recursos como carne leite e couro

entre outros Segundo PARANHOS DA COSTA amp PINTO (2006) a tendecircncia eacute analisar

o papel do animal no mundo agrave luz da sociedade em que crescemos As conclusotildees e

opiniotildees satildeo por isso consequumlecircncias da filosofia subjacente agrave nossa cultura e que faz

parte de nossa histoacuteria Esses valores culturais transmitidos de geraccedilatildeo em geraccedilatildeo

tecircm proporcionado uma malha ideoloacutegica estaacutevel oferecendo ideacuteias preacute-concebidas e

por isso natildeo frequumlentemente questionadas A conceituaccedilatildeo de que os animais de

produccedilatildeo satildeo maacutequinas pode ser um exemplo dessa ideologia que muitas vezes acaba

levando agrave anulaccedilatildeo do bovino como um animal portador de sensibilidade necessidades

e vontades

No entanto com base em evidecircncias cientiacuteficas irrefutaacuteveis passou-se a

reconhecer que os animais tecircm a capacidade de sofrer e eacute opiniatildeo predominante que

natildeo devem ser levados ao sofrimento desnecessaacuterio (PARANHOS DA COSTA amp

PINTO 2006) Esta afirmaccedilatildeo retrata um consenso social eacutetico que segundo ROLLIN

(2006) engloba os princiacutepios consensuais adotados ou aceitos pela sociedade em

geral e que satildeo codificados em leis e regulamentos Um exemplo disto eacute que em nossa

sociedade soacute eacute permitido o sacrifiacutecio de animais de accedilougue por meacutetodos humanitaacuterios

(BRASIL 1997)

2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

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70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

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50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

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14

15

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22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

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45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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2

Para o melhor entendimento do que venham a ser estes meacutetodos humanitaacuterios

ROCcedilA (1999) definiu o abate humanitaacuterio como o conjunto de procedimentos teacutecnicos e

cientiacuteficos que garantem o bem-estar dos animais desde o embarque na propriedade

rural ateacute a operaccedilatildeo de sangria no matadouro-frigoriacutefico Esta definiccedilatildeo engloba dois

importantes pontos a atenccedilatildeo em oferecer recursos que possibilitem um bom bem-

estar aos animais e a implementaccedilatildeo de pesquisas para o desenvolvimento de teacutecnicas

que buscam este fim

Atualmente o caraacuteter humanitaacuterio com respeito e adequaccedilatildeo dos procedimentos

em atenccedilatildeo ao bem-estar animal torna-se obrigatoacuterio para a obtenccedilatildeo de produtos com

qualidade LUCHIARI FILHO (2006) relatou que quando se trata de carnes a amplitude

do termo ldquoqualidaderdquo pode levar a diferentes interpretaccedilotildees e cita os seguintes

componentes para a definiccedilatildeo de qualidade de Warriss (2000) rendimento e

composiccedilatildeo aparecircncia palatabilidade integridade do produto e qualidade eacutetica esta

estando relacionada a questotildees de bem-estar animal

Encontra-se aqui uma convergecircncia de interesses para a produccedilatildeo do produto

carne Jaacute que em se tratando de manejo preacute-abate o excesso de agressividade

provoca natildeo soacute o estresse dos animais comprometendo o seu bem-estar como

tambeacutem tem influecircncia negativa na qualidade intriacutenseca da carne aleacutem do descarte de

carne por motivo de hematomas LUCHIARI FILHO (2000) afirmou que todo e qualquer

estresse imposto ao animal na fase ante mortem teraacute efeito na qualidade da carne A

diminuiccedilatildeo na qualidade no que diz respeito agrave maciez por exemplo pode ocasionar

carnes mais duras se comparadas agravequeles que natildeo sofreram estresse e que estes

problemas estatildeo diretamente relacionados ao manejo dispensado no periacuteodo anterior

ao abate

Esses prejuiacutezos podem ser evitados com a implantaccedilatildeo de teacutecnicas de manejo

racional Segundo estimativas de GRANDIN (1980) o estresse no manejo preacute-abate

acarretaria cerca de trecircs milhotildees de doacutelaresano de prejuiacutezo aos abatedouros em

decorrecircncia de contusotildees nas carcaccedilas nos Estados Unidos danificando cerca de 92

das carcaccedilas Na Nova Zelacircndia cerca de 40 do gado seria contundido durante o

manejo preacute-abate

3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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3

No entanto ainda existe grande descrenccedila em relaccedilatildeo a teacutecnicas desenvolvidas

atraveacutes do estudo do comportamento dos animais para promover um manejo mais

eficiente que utilize caracteriacutesticas comportamentais dos animais e respeite seu

universo sensorial (manejo racional) com o objetivo de minimizar agressotildees e estresse

aos bovinos e humanos GRANDIN (2003) relatou que o conhecimento usado para criar

um produto farmacecircutico eacute mais provaacutevel ser adotado pelas induacutestrias do que uma

teacutecnica de gerenciamento comportamental Mesmo que esta venha a gerar benefiacutecios

financeiros algumas pessoas encontram dificuldades em acreditar que meacutetodos

gerenciais que levam em conta o conhecimento do comportamento animal realmente

funcionem

Hoje em dia estaacute cada vez mais crescente as exigecircncias e legislaccedilotildees referentes

ao bem-estar animal especificadas por grandes clientes como supermercados e

restaurantes Esses mercados tambeacutem servem como motivadores poderosos no uso de

meacutetodos comportamentais Nos Estados Unidos as exigecircncias do bem-estar animal

pela Corporaccedilatildeo McDonaldrsquos melhorou extremamente o manejo dos bovinos em

plantas frigoriacuteficas (GRANDIN 2000)

Buscando adequaccedilatildeo agraves novas exigecircncias e almejando a melhoria do bem-estar

dos bovinos o desenvolvimento de capacitaccedilatildeo teacutecnica que auxilie as praacuteticas de

manejo se apresenta como uma estrateacutegia para minimizar o estresse dos animais e

otimizar as interaccedilotildees entre homens e bovinos minimizando agressotildees e sofrimentos

desnecessaacuterios agraves duas espeacutecies

11 Objetivos

Avaliar a eficiecircncia do treinamento em manejo racional atraveacutes das respostas

comportamentais de humanos e bovinos (antes e apoacutes o treinamento)

Testar a viabilidade praacutetica de uma nova maneira de realizar o procedimento de

manejo dos bovinos (manejo racional) em frigoriacuteficos

4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

a d

o u

so d

o ch

oq

ue

()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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30

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50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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40

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

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51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

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CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

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FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

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p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

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GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

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LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

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A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

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2007

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- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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4

2 REVISAtildeO DE LITERATURA

21 Bem-estar animal

Broom (1986) citado por FRASER amp BROOM (1990) definiu o bem-estar como o

estado de um dado organismo durante as suas tentativas de se ajustar ao ambiente

Segundo BROOM amp JOHNSON (1993) esta definiccedilatildeo tem vaacuterias implicaccedilotildees dentre

elas o bem-estar pode variar entre muito ruim e muito bom o bem-estar pode ser

medido cientificamente devendo esta medida ser objetiva assim como sua

interpretaccedilatildeo

Para definir o estado de bem-estar de um determinado animal deve-se

considerar trecircs abordagens distintas poreacutem complementares (PARANHOS DA COSTA

amp PINTO 2006)

1 Estado psicoloacutegico do animal ndash quando o bem-estar eacute definido em funccedilatildeo dos

sentimentos e emoccedilotildees dos animais sendo que animais com medo frustraccedilatildeo e

ansiedade enfrentariam problemas de bem-estar

2 Funcionamento bioloacutegico do animal ndash segundo este ponto de vista os

animais deveratildeo manter suas funccedilotildees orgacircnicas em equiliacutebrio sendo capazes de

crescer e de se reproduzir normalmente estando livre de doenccedilas injuacuterias e sem

sinais de maacute nutriccedilatildeo aleacutem de natildeo apresentarem comportamentos e respostas

fisioloacutegicas anormais

3 Vida natural ndash neste caso assume-se que os animais deveriam ser mantidos

em ambientes proacuteximos ao seu habitat natural tendo liberdade para desenvolver

suas caracteriacutesticas e capacidades naturais dentre elas a expressatildeo do

comportamento

Nas uacuteltimas deacutecadas diferentes indicadores para avaliaccedilatildeo do bem-estar de

animais de produccedilatildeo tecircm sido descritos e levam em conta as trecircs abordagens citadas

5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

a d

o u

so d

o ch

oq

ue

()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

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k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

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Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

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48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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5

Esses indicadores podem ser divididos em trecircs grupos 1- indicadores fisioloacutegicos 2 -

indicadores do comportamento - relacionados aos estados mentais do animal e 3 -

indicadores de produccedilatildeo - baseados no resultado de produccedilatildeo dos animais (leite

ganho de peso) (CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE 2006)

Em um frigoriacutefico podem-se exemplificar indicadores fisioloacutegicos e

comportamentais como pH alto da carne e o uso do espaccedilo pelos animais nos currais

do frigoriacutefico respectivamente Tendo em vista que o estresse sofrido pelos animais

interferiria na qualidade da carne e o medo sentido pelos animais estaria denunciado na

forma de acomodaccedilatildeo dos mesmos nos currais do frigoriacutefico (tendecircncia dos animais em

aglomerarem-se ao fundo do curral o mais longe do tracircnsito humano quando

incomodados com estes) Estes indicadores satildeo respostas aos estados psicoloacutegicos

dos animais visto que o manejo preacute-abate envolve uma seacuterie de situaccedilotildees natildeo

familiares para os bovinos que causam estresse aos mesmos (PARANHOS DA

COSTA 2002)

Natildeo eacute tatildeo simples o reconhecimento de certos indicadores de bem-estar animal

por nem sempre estarem evidentes em uma simples observaccedilatildeo ou seu diagnoacutestico eacute

tardio por exemplo contusotildees na carcaccedila e problemas de qualidade da carne satildeo

percebidos apoacutes a morte do animal Assim eacute importante ter em conta que os

indicadores de bem-estar animal devem ser definidos com oportunidade objetividade e

exequumlibilidade

Para a avaliaccedilatildeo do bem-estar animal em frigoriacuteficos GRANDIN (1998a)

desenvolveu um sistema objetivo de observaccedilatildeo do comportamento dos animais

diagnosticando accedilotildees negativas de manejo que satildeo indicativas de problemas de bem-

estar O sistema de monitoramento permite uma gerecircncia de qualidade nas seguintes

variaacuteveis animais tocados com bastatildeo eleacutetrico animais que escorregam caem e

vocalizam durante o manejo aleacutem da porcentagem de animais atordoados

corretamente

6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

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aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

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23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

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45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

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meacuted

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b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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94

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

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11

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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37 87 137

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47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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6

22 Monitoramento do manejo

221 Escorregotildees e quedas

Quedas ou escorregotildees dos animais durante o manejo satildeo indicativos de

instalaccedilotildees deficientes eou de um manejo ruim Em instalaccedilotildees adequadas apenas

1 dos animais podem cair e 3 escorregar (GRANDIN 2001a)

222 Vocalizaccedilotildees

Entende-se por vocalizaccedilatildeo qualquer som audiacutevel que o animal emita

(GRANDIN 2001b)

As vocalizaccedilotildees dos animais durante a conduccedilatildeo ao chuveiro e ao boxe de

atordoamento bem como durante o manejo de atordoamento tecircm alta correlaccedilatildeo com

eventos aversivos Das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo 98 estiveram associadas

ao uso do bastatildeo eleacutetrico falhas no atordoamento escorregotildees quedas ou pressatildeo

excessiva de um dispositivo de contenccedilatildeo (GRANDIN 1998b) Outros autores tecircm

relatado que as vocalizaccedilotildees durante o manejo ou procedimentos ciruacutergicos satildeo

altamente correlacionadas com medidas fisioloacutegicas do estresse (DUNN 1990)

GRANDIN (2001b) marcou a vocalizaccedilatildeo de 5806 animais em 48 plantas

frigoriacuteficas comerciais e indicou como uma contagem aceitaacutevel 3 ou menos de

vocalizaccedilatildeo dos animais

223 Uso do bastatildeo eleacutetrico

Para o manejo dos bovinos em frigoriacuteficos o recurso mais utilizado eacute o bastatildeo

eleacutetrico Este equipamento deve ser usado de forma a proporcionar o menor efeito

aversivo aos animais evitando aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

uacutebere testiacuteculos e acircnus dos bovinos

7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

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aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

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DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

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DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

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23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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7

Para GRANDIN (2001a) eacute aceitaacutevel o uso desse recurso em no maacuteximo 25 dos

animais e apenas em aacutereas consideradas criacuteticas para o manejo como brete coletivo

(porccedilatildeo que antecede o boxe de atordoamento) e seringa

224 Insensibilizaccedilatildeo

O atordoamento consiste na primeira operaccedilatildeo do abate propriamente dito e

consiste em colocar o animal em um estado de inconsciecircncia que perdure ateacute o fim da

sangria natildeo causando sofrimento desnecessaacuterio e promovendo uma sangria tatildeo

completa quanto possiacutevel (Gil amp Duratildeo (1985) citado por ROCcedilA 1999)

Os instrumentos ou meacutetodos de insensibilizaccedilatildeo segundo ROCcedilA (1999) satildeo

marreta martelo pneumaacutetico natildeo penetrante armas de fogo pistola pneumaacutetica de

penetraccedilatildeo pistola pneumaacutetica com injeccedilatildeo de ar pistola de dardo cativo acionada por

cartucho de explosatildeo corte de medula ou choupeamento eletronarcose e processos

quiacutemicos Haacute alguns procedimentos de abate como o Kosher (abate religioso proacuteprio

dos israelitas) por exemplo que natildeo fazem atordoamento preacutevio

Apoacutes o atordoamento o animal natildeo deve mostrar movimentos respiratoacuterios

riacutetmicos Estes satildeo mais visiacuteveis no flanco do animal e se isso ocorrer o animal deveraacute

ser atordoado novamente Ao tocar os olhos do animal ou ciacutelios natildeo deve haver

resposta os olhos devem estar fixos e natildeo se movimentarem Um bom atordoamento

tambeacutem produz relaxamento dos muacutesculos mandibulares e quando a carcaccedila eacute iccedilada a

liacutengua fica pendurada fora da boca (GREGORY 1998)

GRANDIN (2001a) propotildee a verificaccedilatildeo quando o animal estaacute na canaleta de

sangria estipulando como aceitaacutevel a ocorrecircncia de apenas 1 em 500 animais que

apresente insensibilidade deficiente

23 Capacitaccedilatildeo e treinamento

A capacitaccedilatildeo de pessoas eacute um fator indispensaacutevel para o sucesso de uma

empresa na busca de adequaccedilatildeo agraves constantes exigecircncias de seus mercados Com o

8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

a d

o u

so d

o ch

oq

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

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25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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8

surgimento das novas exigecircncias em bem-estar animal os frigoriacuteficos que almejaram

manter seus compradores com tais exigecircncias inevitavelmente investiram em

treinamento de pessoal

O treinamento tem como foco o indiviacuteduo objetivando o desenvolvimento

pessoal e consequumlentemente o organizacional As etapas de um treinamento podem

ser resumidas com transmissatildeo de informaccedilatildeo desenvolvimento de habilidades

modificaccedilatildeo de atitudes e de conceitos (CHIAVENATO 1998)

Existem vaacuterios fatores que interferem na mudanccedila de atitude dos funcionaacuterios

GRANDIN (2003) relatou que um bom funcionaacuterio deve reconhecer que o animal eacute um

ser consciente e que tem sentimentos natildeo uma maacutequina ou apenas uma entidade

econocircmica Mostra com isso que eacute essencial a mudanccedila de conceitos em relaccedilatildeo aos

animais

Haacute ainda evidecircncias de que a caracterizaccedilatildeo do comportamento humano em

relaccedilatildeo aos animais como negativos ou positivos eacute o ponto de partida na modificaccedilatildeo

do proacuteprio comportamento humano Esta mudanccedila de atitude diminuindo as interaccedilotildees

negativas e fortalecendo as positivas resulta na reduccedilatildeo do niacutevel de medo dos animais

aos humanos com efeitos positivos no bem-estar animal (PARSONS 2001)

Com isso percebe-se que um treinamento em manejo racional natildeo eacute apenas

uma transferecircncia de informaccedilotildees sobre o comportamento dos animais mas sim um

investimento em formaccedilatildeo de pessoas que envolve mudanccedilas de conceitos e atitudes

em relaccedilatildeo aos animais e que exige recursos motivadores Eacute de grande importacircncia a

percepccedilatildeo de que natildeo soacute os animais bovinos tecircm sentimentos e necessidades mas

tambeacutem os lsquohumanosrsquo e que se natildeo fornecermos recursos para que possam trabalhar

de forma psiacutequica e fisicamente suportaacuteveis natildeo teratildeo condiccedilotildees de responder a

nenhum tipo de treinamento

O bom desempenho de cada pessoa estaacute fortemente relacionado agraves suas

aptidotildees e habilidades Poreacutem o bom desempenho requer tambeacutem motivaccedilatildeo para

trabalhar Em termos de comportamento a motivaccedilatildeo pode ser conceituada como o

esforccedilo e tenacidade exercidos pela pessoa para fazer algo ou alcanccedilar algo

(CHIAVENATO 2003)

9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

a d

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()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

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aleatoacuterioerroo

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MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

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sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

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3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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9

Para se compreender a motivaccedilatildeo humana o primeiro passo eacute o conhecimento

do que a provoca e dinamiza A motivaccedilatildeo existe dentro das pessoas e se dinamiza

atraveacutes das necessidades humanas Apesar das diferenccedilas individuais quanto aos

motivos ou necessidades que regem o comportamento das pessoas certas

necessidades satildeo basicamente semelhantes quanto agrave maneira pela qual fazem as

pessoas organizarem seu comportamento para obter satisfaccedilatildeo Sob este ponto de

vista muitas teorias procuram identificar as necessidades que satildeo comuns a todas as

pessoas A teoria motivacional mais conhecida eacute a de Maslow e se baseia na chamada

hierarquia das necessidades humanas (CHIAVENATO 2003)

1 Necessidades fisioloacutegicas ndash intervalos de descanso conforto fiacutesico horaacuterio de

trabalho razoaacutevel

2 Necessidades de seguranccedila ndash condiccedilotildees seguras de trabalho remuneraccedilatildeo e

benefiacutecios estabilidade no emprego

3 Necessidades sociais ndash amizade dos colegas interaccedilatildeo com clientes gerente

amigaacutevel

4 Necessidades de estima ndash responsabilidade por resultados orgulho e

reconhecimento promoccedilotildees

5 Necessidades de auto-realizaccedilatildeo ndash Trabalho criativo e desafiante diversidade

e autonomia participaccedilatildeo nas decisotildees

Em um frigoriacutefico BARBALHO et al (2006) constataram avaliando a crescente

utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para conduzir bovinos ao longo do dia que haacute depreciaccedilatildeo

no serviccedilo e sugere que a maior frequumlecircncia do uso do bastatildeo eleacutetrico pode estar

associada ao cansaccedilo dos funcionaacuterios em funccedilatildeo das horas trabalhadas no dia eou

com a temperatura do ambiente que se apresentou crescente com o decorrer do dia

(variando em meacutedia de 16 a 30oC ao longo do dia) (Figura 1) Este resultado faz

referencia agraves necessidades de ordem fisioloacutegica e compartilha com GRANDIN (2003)

que relatou mesmo um bom funcionaacuterio se estiver sobrecarregado de trabalho natildeo

consegue fornecer um bom manejo aleacutem disso em locais onde a maior velocidade do

manejo eacute recompensada haacute incentivo ao manejo agressivo

10

0

20

40

60

80

100

120

500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

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Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

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)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

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sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

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23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

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ecircn

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meacute

dia

de

uso

do

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statilde

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leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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e us

o in

adeq

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recu

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band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

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o ba

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ecircnci

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)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

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()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

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15 65 115

16 66 116

17 67 117

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20 70 120

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500 agraves 700 800 agraves 1000 1100 agraves 1300 1400 agraves 1600Hora do dia

Fre

quuml

ecircnci

a d

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so d

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ue

()

Figura 1 Frequumlecircncias meacutedias de utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico para o manejo de bovinos ao longo do dia e linha de tendecircncia

Outro fator motivador para o funcionaacuterio eacute o incentivo financeiro que pode

resultar em aumento de produtividade por exemplo empresas aviacutecolas dos Estados

Unidos e Inglaterra executaram pagamentos de incentivos com base na reduccedilatildeo de

asas quebradas e aves descartadas em uma dessas empresas as asas quebradas

foram reduzidas de 3 a 4 Incentivos econocircmicos similares podiam ser aplicados em

fazendas de bovinos de corte e frigoriacuteficos (GRANDIN 2003)

Segundo GRANDIN (1981) o meacutetodo de pagamento tambeacutem afeta a qualidade

do manejo e afirma que o gado tem significativamente menos hematomas quando o

produtor eacute penalizado financeiramente quando estes ocorrem

Outro fator indispensaacutevel ao sucesso de um treinamento eacute a lideranccedila que

segundo CHIAVENATO (2003) eacute necessaacuteria em todas as atividades e em todos os

tipos de organizaccedilatildeo humana principalmente nas empresas GRANDIN (2003) relatou

que as fazendas e frigoriacuteficos que mantecircm um bom manejo tecircm um supervisor que

exige uma boa conduta de manejo de seus funcionaacuterios A imposiccedilatildeo por parte da

gerecircncia de um coacutedigo restrito de manejo tem maior influecircncia sobre o comportamento

11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

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)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

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MomentoeacutesimojdoefeitooM

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sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

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ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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11

dos empregados do que a regiatildeo onde o frigoriacutefico estaacute localizado e a origem cultural

das pessoas (GRANDIN 1988)

GRANDIN (2003) relatou tambeacutem que logo apoacutes treinamentos alguns

funcionaacuterios voltam a realizar suas atividades da forma cotidiana a qual eram

acostumados Sendo comum se observar que as conquistas relacionadas a mudanccedilas

de atitudes dos funcionaacuterios que manejam o gado natildeo perduram

3 MATERIAL E MEacuteTODOS

O estudo foi conduzido em trecircs frigoriacuteficos exportadores localizados nos Estados

de Satildeo Paulo (SP) Mato Grosso do Sul (MS) e Goiaacutes (GO) Os trecircs estabelecimentos

possuiacuteam Serviccedilo de Inspeccedilatildeo Federal (SIF) e abatiam em meacutedia 800 bovinos por dia

entre machos e fecircmeas de diferentes categorias e raccedilas Os abates seguiam o

protocolo de abate humanitaacuterio definido pela Instruccedilatildeo Normativa nuacutemero 32000 do

Ministeacuterio de Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento (BRASIL 2000)

Em cada frigoriacutefico foram acompanhados dois processos o de conduccedilatildeo dos

bovinos dos currais de espera ateacute o boxe de atordoamento (com enfoque na interaccedilatildeo

humano x bovino) e o de insensibilizaccedilatildeo composto por eficaacutecia no atordoamento e

insensibilidade apoacutes atordoamento As avaliaccedilotildees foram realizadas de forma alternada

ao longo dos dias de trabalho em dois momentos antes e apoacutes o treinamento dos

funcionaacuterios que atuam nos currais do frigoriacutefico e na insensibilizaccedilatildeo dos bovinos com

foco na adoccedilatildeo de manejos que minimizem riscos de prejuiacutezos ao bem-estar dos

animais

Nos diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes ao manejo do curral ao

boxe de atordoamento foram acompanhados lotes de manejo No frigoriacutefico MS foram

avaliados os manejos de 62 lotes de bovinos com 31 deles antes e 31 apoacutes

treinamento totalizando 553 e 596 animais respectivamente No frigoriacutefico GO foram

observados 44 lotes metade deles antes e metade apoacutes o treinamento envolvendo 545

12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

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30

40

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

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70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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18

19

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23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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12

e 386 animais antes e apoacutes treinamento respectivamente Em SP foram 36 lotes de

animais sendo 18 lotes com 627 animais e 18 lotes com 471 animais antes e apoacutes

treinamento respectivamente

Para as avaliaccedilotildees relacionadas agrave eficaacutecia no atordoamento foi observado o

mesmo nuacutemero de animais antes e apoacutes treinamento sendo 336 no frigoriacutefico MS 475

em GO e 314 em SP procedimentos de atordoamento totalizando 672 950 e 628

respectivamente Referente agrave insensibilidade dos animais apoacutes o atordoamento foram

avaliados na canaleta de sangria 400 453 e 308 animais antes e a mesma quantidade

apoacutes o treinamento para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Os conjuntos de animais utilizados no acompanhamento do manejo do curral ao

boxe de atordoamento processo de atordoamento e insensibilidade para a sangria

foram distintos sendo compostos de machos e fecircmeas de diferentes categorias raccedilas

e procedecircncias

As equipes que realizavam os trabalhos variaram pouco antes e apoacutes o

treinamento Houve contrataccedilatildeo de duas pessoas e remanejamento de outra no

frigoriacutefico SP e no frigoriacutefico GO ocorreu troca dos funcionaacuterios que conduziam os

animais do curral ao boxe de atordoamento havendo a substituiccedilatildeo de dois

funcionaacuterios e a contrataccedilatildeo de mais dois da equipe preacutevia ao treinamento restou

apenas o supervisor do curral e os responsaacuteveis pelo atordoamento (Tabela 1) Em dois

frigoriacuteficos (SP e GO) havia uma pessoa responsaacutevel pela supervisatildeo dos trabalhos no

curral e atordoamento permanecendo a maior parte do tempo acompanhando os

trabalhos O mesmo natildeo ocorria no frigoriacutefico MS cujo supervisor do curral era tambeacutem

responsaacutevel pelo setor abate na aacuterea interna da induacutestria onde permanecia a maior

parte do tempo (muitas vezes em tempo integral)

Aleacutem do nuacutemero de funcionaacuterios os frigoriacuteficos se diferenciavam em outros

aspectos como desenho das instalaccedilotildees duraccedilatildeo das rotinas de serviccedilo recursos

disponiacuteveis para os funcionaacuterios e ambiente de trabalho (clima eou harmonia entre os

funcionaacuterios e supervisores)

13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

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gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

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08

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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40

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

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51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

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55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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13

Tabela 1 Nuacutemero de funcionaacuterios atuando nas diferentes aacutereas do setor curral e suas respectivas posiccedilotildees de serviccedilo nos frigoriacuteficos SP GO e MS durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes o treinamento em manejo racional

Frigoriacuteficos

Momento

Curral

Corredor

Chuveiro

seringa Brete

Boxe

Encarregado

Total

Antes - - 1 1 1 1 4 SP Apoacutes 1 1 1 1 1 1 6 Antes - - 2 1 1 1 5 GO Apoacutes 1 1 2 1 1 1 7 Antes - 1 1 1 2 - 5 MS

Apoacutes - 1 1 1 2 - 5

Nos frigoriacuteficos SP e MS o percurso feito pelos animais entre o curral e o boxe de

atordoamento era composto por corredor chuveiro e brete (aacuterea de restriccedilatildeo anterior

ao boxe de atordoamento onde os animais permaneciam alinhados um atraacutes do outro

nesta aacuterea haacute aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua) A porccedilatildeo final do chuveiro

com ligaccedilatildeo para o brete apresentava-se nestes dois frigoriacuteficos em forma de seringa

No frigoriacutefico GO os animais percorriam entre o curral e o boxe de atordoamento

corredor chuveiro corredor seringa em forma de curva e brete A extensatildeo deste

percurso era consideravelmente maior aproximadamente o dobro quando comparado

aos demais frigoriacuteficos

Todos os frigoriacuteficos possuiacuteam curral e corredor de barras de ferro com distacircncia

entre as barras de aproximadamente 30 cm possibilitando aos animais a visualizaccedilatildeo

atraveacutes dos espaccedilos entre as barras de aacutereas fora de seu percurso e portanto a

visualizaccedilatildeo de estiacutemulos que muitas vezes interferiam negativamente em sua

conduccedilatildeo como por exemplo o tracircnsito de pessoas ou caminhotildees Tambeacutem em todos

os frigoriacuteficos as aacutereas do chuveiro seringa e brete possuiacuteam paredes de concreto

sem possibilitar qualquer visualizaccedilatildeo pelos animais dos mesmos estiacutemulos citados A

transiccedilatildeo entre aacutereas como corredor e chuveiro (Figura 2) eacute considerada uma mudanccedila

brusca nas instalaccedilotildees o que geralmente faz com que os animais refuguem Nos

frigoriacuteficos SP e MS esta mudanccedila ocorria apenas uma vez enquanto que no frigoriacutefico

GO esta mudanccedila ocorria duas vezes Neste frigoriacutefico apoacutes diagnoacutestico preacutevio ao

treinamento uma lateral do corredor foi completamente fechada com chapa de ferro

14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

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3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

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ecircn

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meacute

dia

de

uso

do

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statilde

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leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

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o ba

ndei

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ecircnci

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)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

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50

60

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

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()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

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11

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

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24 74 124

25 75 125

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27 77 127

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29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

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50 100

150

Obs

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14

diminuindo consideravelmente a distraccedilatildeo dos animais jaacute que proacuteximo ao corredor de

passagem dos animais havia grande tracircnsito de caminhotildees aleacutem de uma construccedilatildeo

Este frigoriacutefico tambeacutem se diferenciava dos demais por apresentar os currais com piso

de cimento muito liso o que favorecia a ocorrecircncia de escorregotildees e quedas dos

animais

Figura 2 Transiccedilatildeo entre o corredor com barras de ferro intercaladas (A) e aacuterea do chuveiro (banho de aspersatildeo) com paredes de concreto (B) no frigoriacutefico MS considerada uma mudanccedila brusca das instalaccedilotildees do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Ainda em relaccedilatildeo agraves instalaccedilotildees o brete do frigoriacutefico SP apresentava uma

inclinaccedilatildeo acentuada fato que associado agrave ausecircncia de piso antiderrapante nesta aacuterea

de manejo foi considerado como ponto criacutetico por aumentar a frequumlecircncia de

escorregotildees dos animais (Figura 3) A inclinaccedilatildeo desta aacuterea tambeacutem proporcionava

outro problema para o manejo aacutegua caindo na passagem dos animais (Figuras 4 e 5)

Por gravidade a aacutegua da tubulaccedilatildeo descia ao longo do brete e concentrava-se na

porccedilatildeo inicial do mesmo ou seja na transiccedilatildeo entre chuveiro e brete e minava por

alguns minutos ateacute se esvaziar por completo Sendo o tracircnsito dos animais durante o

manejo mais raacutepido que o esvaziamento dessa tubulaccedilatildeo muitas vezes os animais

eram estimulados a entrarem no brete mesmo com a queda da aacutegua em sua passagem

situaccedilatildeo que resultava no aumento de animais refugando

B

A

15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

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30

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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15

Figura 3 Piso liso (ausecircncia de antiderrapante) do brete no frigoriacutefico SP sendo parte do percurso por onde os animais eram conduzidos entre o curral de espera e o boxe de atordoamento

Figura 4 Aspersores na tubulaccedilatildeo com vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

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statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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25

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27

28

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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16

Figura 5 Detalhe da foto anterior - vazatildeo de aacutegua caindo na passagem dos animais no Brete do frigoriacutefico SP

Em relaccedilatildeo agrave jornada de trabalho as meacutedias dos frigoriacuteficos MS GO e SP foram

9 8 e 65 horasdia respectivamente A duraccedilatildeo meacutedia da jornada de trabalho natildeo

sofreu alteraccedilatildeo antes e apoacutes treinamento

Apenas no frigoriacutefico SP os funcionaacuterios dispunham de sombra cobrindo a aacuterea

de trabalho os demais natildeo apresentavam qualquer abrigo contra a radiaccedilatildeo solar ou

chuva o mesmo se dava com a disponibilidade de aacutegua para beber sendo que os

trabalhadores de MS e GO precisavam se deslocar para outros setores em busca de

aacutegua ou trazerem garrafa teacutermica para o local de trabalho

A impressatildeo transmitida pelos funcionaacuterios (atraveacutes de reclamaccedilotildees colhidas

antes e apoacutes o treinamento) em relaccedilatildeo ao ambiente de trabalho foi bastante negativa

no frigoriacutefico MS sendo comum queixas contra supervisores salaacuterios e outros

funcionaacuterios No frigoriacutefico SP natildeo houve qualquer reclamaccedilatildeo e no frigoriacutefico GO

houve queixas contra a gerecircncia (natildeo o supervisor) do frigoriacutefico aleacutem de discussotildees

entre funcionaacuterios sendo que estas ocorreram apenas apoacutes o treinamento

Em todos os frigoriacuteficos foi constatada a alta voltagem do choque para a

17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

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52

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212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

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at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

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53

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lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

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ROM

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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17

conduccedilatildeo dos animais variando entre 45 e 50 volts Durante o treinamento em manejo

racional nos trecircs estabelecimentos a voltagem do choque foi reduzida permanecendo

entre 18 e 20 volts durante o diagnoacutestico apoacutes treinamento

31 Diagnoacutestico do bem-estar animal antes do treinamento

A metodologia consistiu em observaccedilatildeo direta e contiacutenua do comportamento dos

funcionaacuterios e dos bovinos durante os procedimentos de manejo acompanhando a

rotina normal de trabalho de cada frigoriacutefico

Os registros dos comportamentos referentes agrave conduccedilatildeo dos bovinos iniciavam-

se com a abertura da porteira do curral de espera para a conduccedilatildeo os animais que

saiacuteam em um grupo (lote) este grupo era acompanhado durante todo o percurso

(corredor chuveiro seringa e brete - particular a cada frigoriacutefico como jaacute descrito) e

finalizavam-se com a entrada do uacuteltimo animal do grupo observado no boxe de

atordoamento Os lotes foram acompanhados aleatoriamente independentemente de

sexo categoria e origem dos animais

As observaccedilotildees antes do treinamento foram realizadas durante cinco dias em

cada estabelecimento O primeiro dia teve como objetivo conhecer as rotinas do

frigoriacutefico realizar observaccedilotildees preliminares para definiccedilatildeo do local onde o observador

permaneceria durante o periacuteodo de coleta de dados aleacutem de desenvolver um ambiente

de confianccedila e descontraccedilatildeo entre os observadores e os funcionaacuterios objetivando a

autenticidade das accedilotildees destes Natildeo houve um local estipulado onde o observador

permaneceu durante o processo de observaccedilatildeo da conduccedilatildeo dos animais esse local

foi definido de forma particular em cada um dos frigoriacuteficos tendo em conta a condiccedilatildeo

de que o observador pudesse registrar todos os dados necessaacuterios sem alterar a rotina

de trabalho

As coletas de dados foram realizadas por observadores treinados e avaliados

previamente assegurando alta confiabilidade intra e inter-observadores nos registros

dos dados

18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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94

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98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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14

15

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28

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

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47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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18

As categorias dos comportamentos (dos funcionaacuterios e dos bovinos) registrados

foram baseadas nas definiccedilotildees de GRANDIN (1998a) sendo reconhecidas como

indicadores de bem-estar dos animais Mas os criteacuterios de avaliaccedilatildeo adotados neste

estudo apresentam-se mais rigorosos diferindo em alguns pontos da metodologia

citada como segue

311 Categorias de comportamento dos funcionaacuterios

O comportamento dos funcionaacuterios foi avaliado a partir das seguintes accedilotildees

humanas

Ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico toda vez que o bastatildeo eleacutetrico tocava o

corpo de um bovino durante o manejo (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Ocorrecircncia de uso inadequado da bandeira toda vez que a bandeira (Figura

6) utilizada para estimular o deslocamento dos animais no manejo foi utilizada como

bastatildeo ou seja o seu cabo tocou o corpo do bovino independentemente da forccedila

exercida contra o animal (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Figura 6 Bandeira utilizada para estimular o deslocamento dos animais durante o manejo de conduccedilatildeo

19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

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3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

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80

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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19

312 Categorias de comportamento dos bovinos

O registro do comportamento dos bovinos durante a conduccedilatildeo foi realizado tendo

em conta o nuacutemero de ocorrecircncia das categorias (avaliaccedilatildeo quantitativa)

Escorregotildees desequiliacutebrio do animal ocorrendo deslocamento involuntaacuterio

de alguma pata

Quedas quando o animal foi ao chatildeo pelo proacuteprio peso ou por desequiliacutebrio

tocando qualquer parte do corpo (com exceccedilatildeo dos cascos) no chatildeo inclusive os

joelhos

Vocalizaccedilotildees qualquer som audiacutevel que o animal emita desde que esteja

associado a um estiacutemulo aversivo (choque queda)

313 Categorias de insensibilizaccedilatildeo

Para a avaliaccedilatildeo do processo de insensibilizaccedilatildeo dos animais foram utilizados

dois indicadores satildeo eles

Eficaacutecia do atordoamento medida pela porcentagem de animais atordoados

com apenas um disparo da pistola pneumaacutetica Esta praacutetica foi descrita como um

indicador de bem-estar animal em plantas frigoriacuteficas por GRANDIN (1998a)

Insensibilidade dos animais foram observados os seguintes sinais de

insensibilidade deficiente respiraccedilatildeo riacutetmica vocalizaccedilatildeo reflexos oculares olho que

pisca (GRANDIN 1994) O animal foi classificado como sensiacutevel quando apresentou

um conjunto destes sinais de insensibilidade deficiente eou apenas a respiraccedilatildeo

riacutetmica

32 Treinamento em manejo racional

O treinamento em manejo racional foi caracterizado por duas abordagens

definindo o treinamento teoacuterico e o treinamento praacutetico

20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

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10

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30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

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70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

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20

30

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60

70

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0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

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70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

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90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

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Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

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GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

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212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

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- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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20

321 Treinamento teoacuterico

Consistiu na transmissatildeo de informaccedilatildeo atraveacutes de palestras tratando os

seguintes temas fundamentos de bem-estar animal e suas aplicaccedilotildees ao manejo de

bovinos aspectos fundamentais do comportamento de bovinos boas praacutetica de manejo

e adequaccedilatildeo de instalaccedilotildees O material utilizado na palestra foi direcionado

especificamente a realidade de cada frigoriacutefico Para isso os resultados do diagnoacutestico

preacutevio ao treinamento aleacutem de filmes e fotos de cada frigoriacutefico com levantamentos de

pontos criacuteticos das instalaccedilotildees e do manejo ilustraram as palestras Desta forma os

funcionaacuterios conseguiram visualizar em sua proacutepria realidade o comportamento dos

animais aleacutem de seu proacuteprio comportamento o que tem um impacto motivador O

curso perfez em meacutedia seis horas de duraccedilatildeo

322 Treinamento praacutetico

Aplicaccedilatildeo dos conceitos teoacutericos nas praacuteticas de manejo Com demonstraccedilotildees

sobre o uso ideal de instalaccedilotildees e equipamentos utilizados no manejo racional como

por exemplo bandeira e posicionamento em relaccedilatildeo aos animais para tocaacute-los Este

treinamento teve duraccedilatildeo em meacutedia de 40 horas possibilitando uma maior interaccedilatildeo

professor-aluno auxiliando no desenvolvimento de mudanccedilas relacionadas agrave atitude

dos funcionaacuterios

Nessa etapa foi dada grande atenccedilatildeo aos problemas operacionais (pontos

criacuteticos) presentes no dia-a-dia dos funcionaacuterios As tentativas de resoluccedilatildeo desses

problemas apresentaram-se como uma das estrateacutegias para promover a motivaccedilatildeo

desses funcionaacuterios fator essencial num treinamento Por exemplo no frigoriacutefico MS

no quarto dia de avaliaccedilatildeo apoacutes treinamento foi implantada uma porteira dividindo o

brete que antecede o boxe de atordoamento fato que otimizou o manejo motivando os

funcionaacuterios

21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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ROM

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Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

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19

20

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23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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21

33 Diagnoacutestico do bem-estar animal apoacutes treinamento

O diagnoacutestico apoacutes treinamento em manejo racional seguiu a mesma

metodologia do diagnoacutestico preacute-treinamento com o objetivo de avaliar o resultado do

treinamento O periacuteodo de observaccedilatildeo por planta frigoriacutefica tambeacutem foi de cinco dias

em cada estabelecimento independentemente de clima e temperatura Natildeo houve

diferenccedila antes e apoacutes treinamento para os frigoriacuteficos MS e SP em relaccedilatildeo agrave estaccedilatildeo

do ano apenas para o frigoriacutefico GO com maior ocorrecircncia de chuvas durante o

diagnoacutestico apoacutes o treinamento

34 Anaacutelise estatiacutestica

341 Organizaccedilatildeo dos dados

Para as avaliaccedilotildees da conduccedilatildeo dos animais do curral ao boxe de

atordoamento os dados foram balanceados igualando o nuacutemero de lotes antes e apoacutes

treinamento sob o criteacuterio de data de coleta permanecendo os lotes que se situaram

entre o segundo e o quinto dia de coleta de dados antes e apoacutes treinamento

Os dados referentes agraves avaliaccedilotildees de atordoamento e insensibilizaccedilatildeo tambeacutem

foram balanceados igualando o nuacutemero de animais observados antes e apoacutes

treinamento foram utilizadas as primeiras observaccedilotildees para cada diagnoacutestico

342 Anaacutelises dos dados

Durante os diagnoacutesticos antes e apoacutes treinamento referentes agrave conduccedilatildeo dos

bovinos foram mensuradas o nuacutemero de animais por lote de manejo e as frequumlecircncias

de ocorrecircncia das categorias de comportamento dos funcionaacuterios (uso do bastatildeo

eleacutetrico e uso inadequado da bandeira) e das categorias de comportamento dos

bovinos (escorregotildees quedas e vocalizaccedilotildees) As frequumlecircncias meacutedias relativas para

cada uma das accedilotildees observadas foram calculadas pela razatildeo entre a quantidade da

22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

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25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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22

frequumlecircncia observada da categoria e o nuacutemero de animais conduzidos em seu

respectivo no lote

Foi feita uma transformaccedilatildeo angular (arcsenv) das frequumlecircncias meacutedias

relativas observadas por algumas dessas variaacuteveis apresentarem coeficientes de

variaccedilatildeo muito altos o que inviabilizaria a anaacutelise de variacircncia (SAMPAIO 2002) Para

efetuar essa transformaccedilatildeo que exige os valores em percentual assumiu-se o maior

valor encontrado em cada frigoriacutefico para cada categoria ajustando os demais valores

em escala percentual Com isso foram isoladas particularidades entre frigoriacuteficos que

poderiam mascarar mudanccedilas intra-frigoriacuteficos promovidas por efeitos de instalaccedilotildees

por exemplo

Estes dados foram analisados utilizando-se o procedimento GLM do pacote

estatiacutestico Statistical Analisys System (SAS 2001) com o propoacutesito de avaliar os

efeitos de frigoriacuteficos (MS SP e GO) do momento da avaliaccedilatildeo (antes e apoacutes o

treinamento) e da interaccedilatildeo entre ambos o efeito de dia tambeacutem foi acrescentado ao

modelo tendo como finalidade apenas o ajuste de variaccedilotildees inerentes agrave reatividade

dos lotes de animais condiccedilotildees ambientais remanejamento de funcionaacuterios A inclusatildeo

das interaccedilotildees envolvendo ldquodiardquo seguiu o mesmo propoacutesito Desta forma o modelo ficou

assim definido

int)(

int)(

int)(

int)(

)()()()(

aleatoacuterioerroo

Diaeacutesimoke

MomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoioentretriplaeraccedilatildeodaefeitoFMD

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoentreduplaeraccedilatildeodaefeitoMD

DiaeacutesimokeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFD

MomentoeacutesimojeoFrigoriacuteficeacutesimoioentreduplaeraccedilatildeodaefeitoFM

DiaeacutesimokdoefeitooD

MomentoeacutesimojdoefeitooM

oFrigoriacuteficeacutesimoidoefeitooF

sobservaccedilotildeeastodasacomumgeralmeacutediaa

DiaeacutesimokeMomentoeacutesimojoFrigoriacuteficeacutesimoinorespostaeacuteysendo

FMDMDFDFMDMFy

ijkl

ijk

jk

ik

ij

k

j

i

ijkl

ijklijkjkikijkjiijkl

23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

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AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

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ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

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Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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23

Para a comparaccedilatildeo de meacutedias entre frigoriacuteficos (com interaccedilatildeo frigoriacutefico e

momento) foi utilizado o Teste de Tukey

Para comparaccedilatildeo da eficiecircncia de atordoamento e insensibilidade dos animais os

dados natildeo foram transformados sendo utilizado o Teste de Kruskall Wallis (SIEGEL

1975) para comparar situaccedilotildees antes e apoacutes o treinamento em cada frigoriacutefico

independentemente

4 RESULTADOS E DISCUSSAtildeO

41 Nuacutemero de animais por lote manejado

O domiacutenio que o funcionaacuterio possa ter sobre os animais conduzidos eacute

dependente de vaacuterios fatores dentre eles o nuacutemero de animais por lote de manejo

Quanto maior o nuacutemero de animais maior o risco do funcionaacuterio perder o controle sobre

os mesmos e com isso maior a probabilidade de ocorrer acidentes aleacutem da maior

dificuldade na conduccedilatildeo dos animais Durante o treinamento foi preconizado aos

funcionaacuterios o manejo de lotes com 15 animais em meacutedia

Houve variaccedilatildeo significativa no nuacutemero de animais por lote de manejo entre os

frigoriacuteficos (Plt001) demonstrando haver particularidades na forma de trabalhar de

cada estabelecimento (Tabela 2) O frigoriacutefico SP apresentou as meacutedias mais altas

com 34 e 26 animais por lote antes e apoacutes treinamento respectivamente (Figura 7)

diferindo (Plt001) dos outros dois frigoriacuteficos Possivelmente este fato esteve

relacionado agrave alta velocidade de abate deste frigoriacutefico chegando algumas vezes

abater 130 animais por hora GRANDIN (1988) afirmou que eacute mais faacutecil manter um bom

manejo em frigoriacuteficos que tecircm menores velocidades de abate

24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

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70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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24

Tabela 2 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para nuacutemero meacutedio de animais por lote durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1490468 15278 0000 Momento 1 1230235 12610 0001 Dia 3 72046 0738 0531 Frigoriacutefico Momento 2 1076192 11031 0000 Frigoriacutefico Dia 6 310881 3187 0006 Momento Dia 3 158522 1625 0187 Frigoriacutefico Momento Dia 6 283754 2909 0011 Resiacuteduo 118 97558 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 2019 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0457

Para que a velocidade de abate natildeo seja prejudicada com a diminuiccedilatildeo do

nuacutemero de animais conduzidos a cada vez eacute necessaacuterio que os funcionaacuterios trabalhem

em sintonia mantendo um fluxo constante de animais conduzidos Tambeacutem a extensatildeo

do percurso dos animais entre o curral e o boxe em cada frigoriacutefico pode exigir que

mais funcionaacuterios estejam fazendo o mesmo manejo ao mesmo tempo para o natildeo

comprometimento da velocidade de abate A contrataccedilatildeo de 2 funcionaacuterios para os

frigoriacuteficos SP e GO possivelmente contribuiu para a diminuiccedilatildeo na quantidade de

animais conduzidos por lote nestes dois frigoriacuteficos apoacutes treinamento jaacute que ambos

natildeo dispunham antes do treinamento de pessoal fixo nas aacutereas do corredor e curral e

o funcionaacuterio responsaacutevel por esse manejo deslocava-se da aacuterea do chuveiro para fazecirc-

lo e apresentavam o frigoriacutefico SP alta velocidade de abate e o frigoriacutefico GO grande

extensatildeo no percurso dos animais grandes obstaacuteculos aos procedimentos ideais de

manejo A diferenccedila significativa (Plt001) em relaccedilatildeo ao momento (antes e apoacutes

treinamento) seguramente sinaliza as respostas destes dois frigoriacuteficos ao treinamento

apontando duas importantes mudanccedilas relacionadas 1 atitude dos funcionaacuterios -

indicando absorccedilatildeo das informaccedilotildees transmitidas no treinamento e 2 atitude da

gerecircncia dos frigoriacuteficos - disponibilizando lsquorecursosrsquo em forma de contraccedilatildeo de

funcionaacuterios

25

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

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2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

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035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

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30

40

50

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

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70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

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30

40

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

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gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

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50

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

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30

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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14

15

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20

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25

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28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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25

0

5

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15

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35

40

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50

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Nuacutem

ero

meacuted

io d

e an

imai

s co

nduz

idos

por

lo

te

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

b b

a

Figura 7 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo do nuacutemero de animais conduzidos por lote durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

O frigoriacutefico MS apresentou meacutedias de 17 e 19 animais por lote conduzidos

antes e apoacutes treinamento respectivamente e portanto um leve decreacutescimo na

qualidade do serviccedilo em relaccedilatildeo a esta observaccedilatildeo

Foi observado tambeacutem em todos os frigoriacuteficos que houve diminuiccedilatildeo no desvio

padratildeo em relaccedilatildeo ao nuacutemero de animais conduzidos no lote o que sugere tendecircncia agrave

padronizaccedilatildeo do serviccedilo apoacutes treinamento

42 Escorregotildees e quedas

As frequumlecircncias de escorregotildees e quedas variaram significativamente (Plt001)

entre os frigoriacuteficos (Tabelas 3 e 4) caracterizando haver particularidade entre os trecircs

frigoriacuteficos que podem ser explicadas pelas diferenccedilas nas instalaccedilotildees Em relaccedilatildeo aos

efeitos do treinamento tambeacutem foram encontradas diferenccedilas significativas (Plt001)

nas frequumlecircncias das duas categorias Jaacute para interaccedilatildeo frigoriacuteficotreinamento foram

26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

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01

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03

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

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10

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30

40

50

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

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60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

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gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

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80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

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01

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025

03

035

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045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

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80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

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ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

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STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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26

encontrados efeitos significativos para as frequumlecircncias de escorregotildees e quedas

(Plt001 e Plt005 respectivamente)

Tabela 3 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 1502793 10661 0000 Momento 1 1009246 7160 0009 Dia 3 299519 2125 0101 Frigoriacutefico Momento 2 909953 6455 0002 Frigoriacutefico Dia 6 444643 3154 0007 Momento Dia 3 636394 4515 0005 Frigoriacutefico Momento Dia 6 293756 2084 0060 Resiacuteduo 118 140961 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3150 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0479

Tabela 4 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de quedas por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrados

meacutedios F P

Frigoriacutefico 2 4037357 12293 0000 Momento 1 2231299 6794 0010 Dia 3 256215 0780 0507 Frigoriacutefico Momento 2 1424723 4338 0015 Frigoriacutefico Dia 6 283233 0862 0525 Momento Dia 3 496327 1511 0215 Frigoriacutefico Momento Dia 6 323493 0985 0439 Resiacuteduo 118 328426 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 7204 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0346

Na Figura 8 satildeo apresentadas as meacutedias das frequumlecircncias de escorregotildees nos

trecircs frigoriacuteficos antes e apoacutes o treinamento Nota-se que houve pequena alteraccedilatildeo nos

frigoriacuteficos MS e GO natildeo diferindo significativamente entre si pelo Teste de Tukey mas

quando comparados com o frigoriacutefico SP houve diferenccedila (Plt001) As ocorrecircncias

meacutedias de escorregotildees por animal no frigoriacutefico SP foram de 114 e 208 antes e apoacutes

treinamento respectivamente apontando decliacutenio na eficiecircncia de trabalho segundo

este indicador

27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

0

05

1

15

2

25

3

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e es

corr

egotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

0

005

01

015

02

025

03

035

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

31

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

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3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

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80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

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90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

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18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

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25 75 125

26 76 126

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28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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27

Em relaccedilatildeo agraves quedas o frigoriacutefico SP retratou o mesmo cenaacuterio referente aos

escorregotildees confirmando o decliacutenio na eficiecircncia do serviccedilo (Figura 9) No entanto o

frigoriacutefico GO que natildeo apresentou grande mudanccedila em relaccedilatildeo aos escorregotildees

dobrou a ocorrecircncia de quedas com meacutedias de 006 e 012 quedas por animal antes e

apoacutes treinamento respectivamente Considerando escorregotildees e quedas como accedilotildees

similares com intensidades diferentes uma hipoacutetese para esse resultado deveraacute

relacionar o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor de tais reaccedilotildees dos animais Esses

frigoriacuteficos (SP e GO) natildeo apresentaram diferenccedila significativa entre si pelo Teste de

Tukey em relaccedilatildeo agrave ocorrecircncia de quedas mas apresentaram diferenccedila (Plt001) em

relaccedilatildeo ao frigoriacutefico MS onde foi observada diminuiccedilatildeo de 199 na ocorrecircncia de

quedas apoacutes treinamento sugerindo melhoria no manejo

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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corr

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san

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

b

b

Figura 8 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de escorregotildees por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

28

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quuml

ecircn

cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

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Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

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cia

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accedilotildee

san

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

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Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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tiva

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

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0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

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1

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

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ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e qu

edas

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

a

ab

Figura 9 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de quedas por animal durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

As Figuras 10 11 e 12 apresentam a distribuiccedilatildeo das frequumlecircncias de

escorregotildees e quedas (antes e apoacutes o treinamento conjuntamente) em funccedilatildeo das

aacutereas de manejo para os frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e indicam haver

especificidade para cada frigoriacutefico

No frigoriacutefico GO quando avaliada a ocorrecircncia de quedas em relaccedilatildeo agrave aacuterea de

manejo antes e apoacutes o treinamento separadamente (Figuras 13 e 14) notou-se

grande mudanccedila Antes do treinamento as maiores frequumlecircncias de quedas foram

observadas no corredor e brete ambas com 34 das ocorrecircncias relativas Apoacutes o

treinamento as frequumlecircncias de quedas no corredor caiacuteram para 16 fato

provavelmente relacionado ao fechamento da lateral deste corredor apoacutes o treinamento

que diminuindo a visibilidade pelos animais de lsquodistraccedilotildeesrsquo (construccedilatildeo e caminhotildees)

melhorando as condiccedilotildees de manejo

29

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Curral Corredor Chuveiro Brete

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Fre

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

30

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

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Obs

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

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6 56 106

7 57 107

8 58 108

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11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

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18 68 118

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24 74 124

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Curral Corredor Chuveiro Brete

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Quedas

Figura 10 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico MS os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Escorregotildees

Quedas

Figura 11 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

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Aacuterea de manejo

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Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

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Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

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Escorregotildees

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Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

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Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

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Aacuterea de manejo

Esc

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Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

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Frigoriacuteficos

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san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

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Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

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Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

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Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 12 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP os dados contemplam as avaliaccedilotildees de antes e apoacutes o treinamento conjuntamente

Ainda referente agraves observaccedilotildees de quedas no frigoriacutefico GO em funccedilatildeo da aacuterea

de manejo apoacutes o treinamento foi constatado que as mesmas concentraram-se no

curral (64) O piso desta aacuterea que se apresentava muito liso seguramente

influenciou este resultado Todavia o aumento de quedas apoacutes o treinamento pode

estaacute relacionado com a presenccedila de dois funcionaacuterios sem habilidade para trabalharem

juntos realizando o manejo de conduccedilatildeo dentro dos currais aleacutem de que estes

funcionaacuterios natildeo possuiacuteam experiecircncia com manejo de bovinos e apresentando medo

ao entrarem no curral muitas vezes fizeram movimentos bruscos situaccedilatildeo que resultou

em reaccedilatildeo de esquiva dos bovinos Essa situaccedilatildeo (interaccedilatildeo negativa entre os

funcionaacuterios e movimentos bruscos) retrata o aumento na forccedila do estiacutemulo promotor

das quedas dos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

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Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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cia

rela

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()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

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s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

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045

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

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0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

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2

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3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

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cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

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MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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14

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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e us

o in

adeq

uado

do

recu

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band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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Obs

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 13 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO antes do treinamento

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Escorregotildees

Quedas

Figura 14 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento d em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico GO apoacutes o treinamento

32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

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ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

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045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

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60

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

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3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

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20

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

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08

1

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14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

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40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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94

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

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bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

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54

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Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

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SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

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review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

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hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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32

Quando avaliadas as frequumlecircncias relativas de escorregotildees e quedas em relaccedilatildeo

agrave aacuterea de manejo no frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento separadamente

(Figuras 15 e 16) foi observado que estas ocorrecircncias foram mais frequumlentes no brete

apoacutes o treinamento com aumentos de 28 e 25 nas ocorrecircncias de escorregotildees e

quedas respectivamente Esta aacuterea como citado anteriormente se apresentava com

inclinaccedilatildeo acentuada e natildeo possuiacutea piso antiderrapante situaccedilatildeo que possivelmente

contribuiu na ocorrecircncia de escorregotildees e quedas O aumento nas frequumlecircncias destes

indicadores apoacutes o treinamento tambeacutem pode estar associado agrave maneira de trabalho do

funcionaacuterio remanejado para a aacuterea do chuveiro apoacutes treinamento Este funcionaacuterio

acolheu bem as orientaccedilotildees do treinamento e manteve uma conduta para com os

animais serena e constante No entanto buscando minimizar a refugagem dos animais

em resposta agrave vazatildeo da aacutegua que caiacutea da tubulaccedilatildeo na entrada do brete o funcionaacuterio

exerceu o procedimento de desligar os aspersores do brete antes de estimular o

deslocamento dos animais em direccedilatildeo ao mesmo Eacute possiacutevel que a limpeza do brete

proporcionada pelo banho dos animais tenha sido prejudicada permitindo acuacutemulo de

fezes no piso do brete e com isso o aumento dos escorregotildees e quedas desta aacuterea O

manejo calmo natildeo eacute impossiacutevel se os animais estatildeo permanentemente escorregando

ou caindo sobre pisos escorregadios (GRANDIN 1988) Uma situaccedilatildeo como esta

mostra que a boa conduta do funcionaacuterio isoladamente natildeo garante um bom manejo e

portanto natildeo supre a deficiecircncia das instalaccedilotildees evidenciando que o sucesso no

procedimento de manejo eacute dependente da interaccedilatildeo homem animal e instalaccedilotildees

33

0

10

20

30

40

50

60

70

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

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50

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

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20

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60

70

80

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

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11 61 111

12 62 112

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14 64 114

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Obs

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33

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

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s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 15 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP antes do treinamento

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Esc

orre

gotildees

e q

ueda

s (

)

Escorregotildees

Quedas

Figura 16 Percentual de ocorrecircncia de escorregotildees e quedas durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agraves aacutereas de manejo do frigoriacutefico SP apoacutes o treinamento

34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

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0

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01

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

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cia

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Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

18

19

20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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34

43 Vocalizaccedilotildees

Natildeo houve diferenccedila significativa nas frequumlecircncias de vocalizaccedilatildeo entre os

frigoriacuteficos mas sim entre os momentos antes e apoacutes o treinamento (Plt001) (Tabela

5) sendo observada diminuiccedilatildeo das vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento em dois dos

frigoriacuteficos com meacutedias de 019 e 003 e 017 e 002 vocalizaccedilotildees por animal em GO e

SP para antes e apoacutes o treinamento respectivamente (Figura 17)

O frigoriacutefico MS apresentou aumento na ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees apoacutes o

treinamento com meacutedias de 004 e 006 vocalizaccedilatildeo por animal antes e apoacutes

treinamento respectivamente demonstrando mais uma vez resposta negativa agrave

assimilaccedilatildeo agraves orientaccedilotildees do treinamento

Embora o coeficiente de variaccedilatildeo tenha se apresentado bastante elevado nesta

variaacutevel o que eacute comum em estudos do comportamento a eficiecircncia da anaacutelise foi

comprovada pela diferenciaccedilatildeo estatiacutestica entre momento e a interaccedilatildeo

frigoriacuteficomomento como pode ser facilmente visualizado na Figura 17

Tabela 5 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia da frequumlecircncia de vocalizaccedilotildees por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv) Fontes de variaccedilatildeo Graus de

liberdade Quadrado

meacutedio F P

Frigoriacutefico 2 433126 1702 0187 Momento 1 5539398 21764 0000 Dia 3 117619 0462 0709 Frigoriacutefico Momento 2 2213421 8697 0000 Frigoriacutefico Dia 6 129864 0510 0800 Momento Dia 3 97672 0384 0765 Frigoriacutefico Momento Dia 6 275255 1081 0378 Resiacuteduo 118 254517 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 12913 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0325

35

0

005

01

015

02

025

03

035

04

045

05

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

20

40

60

80

100

120

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

37

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

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14

15

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22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

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41 91 141

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43 93 143

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46 96 146

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48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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35

0

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e vo

caliz

accedilotildee

san

imal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

aa

a

Figura 17 Frequumlecircncias meacutedias e respectivos desvios padratildeo das vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras iguais entre frigoriacuteficos caracterizam natildeo haver diferenccedila pelo Teste de Tukey (Pgt005)

ALMEIDA (2005) constatou avaliando o manejo em 5 frigoriacuteficos brasileiros que

a utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico foi o item que mais causou vocalizaccedilotildees nos bovinos

durante o manejo No presente estudo podem-se relacionar a diminuiccedilatildeo na ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees apoacutes o treinamento com dois fatores a diminuiccedilatildeo da voltagem do

choque durante o treinamento fazendo com que o estiacutemulo aversivo fosse minimizado

em sua intensidade e a orientaccedilatildeo recebida pelos funcionaacuterios durante o treinamento

para que o uso do bastatildeo eleacutetrico natildeo tocasse o corpo do animal de forma prolongada e

para que fossem evitadas aacutereas sensiacuteveis do corpo do animal como olhos focinho

acircnus

Outro fato que aponta a relaccedilatildeo entre o uso do bastatildeo eleacutetrico e a vocalizaccedilatildeo

dos animais eacute sugerido pelo local de ocorrecircncia destas categorias As Figuras 18 19 e

20 apresentam as aacutereas de manejo onde ocorreram o uso do bastatildeo eleacutetrico e as

vocalizaccedilotildees nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente e mostram que nos

frigoriacuteficos GO e SP na aacuterea de manejo onde houve uso do choque houve tambeacutem

vocalizaccedilatildeo dos animais

36

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

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()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

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60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

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1

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2

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3

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

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10

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30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

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35 85 135

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37 87 137

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Obs

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36

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 18 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico MS antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da badeiraVocalizaccedilatildeo

Figura 19 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico GO antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

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0

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

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4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

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ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

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statilde

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ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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e us

o in

adeq

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recu

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band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

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50

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90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

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o ba

ndei

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ecircnci

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)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

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()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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94

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100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

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2

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

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80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

Uso do bastatildeo eleacutetrico

Uso inadequado da bandeira

Vocalizaccedilatildeo

Figura 20 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico uso inadequado de bandeira e vocalizaccedilatildeo dos animais durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo do frigoriacutefico SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

GRANDIN (1997) afirmou que as vocalizaccedilotildees satildeo indicativas de que o manejo

para com os animais foi executado de maneira a levaacute-los a uma situaccedilatildeo de dor ou

medo Avaliando todos os frigoriacuteficos conjuntamente foi observado neste estudo que

em 535 dos lotes natildeo houve vocalizaccedilatildeo dos animais e em 98 ocorreram acima de

5 vocalizaccedilotildees (Figura 21) Isto demonstra que a ocorrecircncia das vocalizaccedilotildees esteve

concentrada em poucos lotes sugerindo situaccedilotildees extremas de manejo pobre eou de

alta reatividade dos animais Tentando retratar o cenaacuterio onde houve maior ocorrecircncia

de vocalizaccedilotildees bem como auxiliar no entendimento dos valores altos de desvio

padratildeo foram isolados (Tabela 6) os lotes (equivalente agraves linhas da tabela) que

apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees Foi constatado que nestes lotes tambeacutem foi

alto o uso do bastatildeo eleacutetrico ocorrecircncias de escorregotildees e de quedas aleacutem do nuacutemero

de animais conduzidos por lote Dos oito lotes listados na Tabela 6 seis foram

avaliados antes do treinamento indicando que houve mudanccedila positiva na atitude dos

funcionaacuterios

38

0

10

20

30

40

50

60

70

80

0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

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TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

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Obs

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0 1 2 3 4 a 7 =8

Ocorrecircncia de vocalizaccedilotildees no lote

Nuacutem

ero

de lo

tes

Figura 21 Distribuiccedilatildeo do nuacutemero de lotes em relaccedilatildeo agrave quantidade de ocorrecircncia de vocalizaccedilatildeo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacutefico MS SP e GO conjuntamente

Tabela 6 Lotes (referentes agraves linhas da tabela) que apresentaram acima de 10 vocalizaccedilotildees durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional

Nuacutemero de animais do lote

Escorregotildees Quedas Uso do bastatildeo eleacutetrico

Vocalizaccedilotildees

32 23 3 159 11 28 13 1 104 13 19 11 2 65 23 18 28 0 68 11 38 52 6 113 16 36 47 8 61 16 36 44 7 44 11 18 21 3 78 13

44 Utilizaccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico

O uso do bastatildeo eleacutetrico foi o indicador que apresentou maior alteraccedilatildeo em sua

utilizaccedilatildeo neste estudo e apresentou diferenccedilas significativas (Plt001) entre frigoriacuteficos

para os efeitos de momento e de interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Tabela 7) Foi

39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

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uso

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statilde

o e

leacutetr

ico

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ima

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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o in

adeq

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do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

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do d

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requuml

ecircnci

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)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

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no

ator

doam

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()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

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Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

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20

21

22

23

24

25

26

27

28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

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40 90 140

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47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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39

observada reduccedilatildeo na utilizaccedilatildeo deste recurso apoacutes treinamento nos trecircs frigoriacuteficos

com quedas de 153 779 e 539 nos frigoriacuteficos MS GO e SP respectivamente

Sendo um recurso de total domiacutenio humano a frequumlecircncia de sua utilizaccedilatildeo reflete

diretamente o padratildeo de manejo oferecido aos animais indicando que houve grande

assimilaccedilatildeo por parte dos funcionaacuterios em relaccedilatildeo ao uso deste recurso TSEIMAZIDES

(2005) tambeacutem observou diminuiccedilatildeo na utilizaccedilatildeo do mesmo recurso em currais de

frigoriacuteficos depois de treinamento em manejo racional

Os frigoriacuteficos MS e GO apresentaram diferenccedila entre si na utilizaccedilatildeo do bastatildeo

eleacutetrico pelo Teste de Tukey (Plt005) enquanto que SP natildeo diferiu dos demais

frigoriacuteficos (Figura 22) A mudanccedila em relaccedilatildeo ao manejo com bastatildeo eleacutetrico foi muito

pequena no frigoriacutefico MS fato que pode estar relacionado com a falta de lideranccedila e a

baixa motivaccedilatildeo entre os funcionaacuterios O encarregado do setor curral era o mesmo do

abate que soacute comparecia neste local quando era solicitado para a resoluccedilatildeo de algum

problema atuando de maneira rude na maioria das vezes A baixa motivaccedilatildeo dos

funcionaacuterios observada durante o estudo foi evidenciada por reclamaccedilotildees constantes

contra a postura profissional dos supervisores e encarregados do frigoriacutefico para com

agravequeles aleacutem do baixo salaacuterio pago na regiatildeo

Foi observado tambeacutem que os desvios padratildeo em relaccedilatildeo aos frigoriacuteficos GO e

SP apoacutes treinamento diminuiacuteram indicando que o manejo para com os animais

tornou-se natildeo soacute menos agressivo mas tambeacutem mais estaacutevel nesses frigoriacuteficos

Tabela 7 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 913268 6056 0003 Momento 1 10270160 68098 0000 Dia 3 364193 2415 0070 Frigoriacutefico Momento 2 2609616 17303 0000 Frigoriacutefico Dia 6 360012 2387 0033 Momento Dia 3 30309 0201 0896 Frigoriacutefico Momento Dia 6 222269 1474 0193 Resiacuteduo 118 150815 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 3543 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0575

40

0

05

1

15

2

25

3

35

4

MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

de

uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

an

ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

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11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

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19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

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Obs

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MS GO SP

Frigoriacuteficos

Fre

quuml

ecircn

cia

meacute

dia

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uso

do

ba

statilde

o e

leacutetr

ico

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ima

l

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab ab

Figura 22 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias de uso do bastatildeo eleacutetrico durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt005)

No frigoriacutefico GO foi observado o uso do bastatildeo eleacutetrico antes do treinamento na

aacuterea do corredor e natildeo no chuveiro (Figura 23) Provavelmente o uso desse recurso

esteve relacionado agraves dificuldades de manejo oferecida pelos animais que paravam no

corredor em resposta aos estiacutemulos aversivos (caminhotildees e construccedilatildeo) visiacuteveis

durante o percurso aleacutem da transiccedilatildeo do corredor para o chuveiro Com o fechamento

de uma das laterais do corredor o problema diminuiu consideravelmente contribuindo

para a migraccedilatildeo do uso do choque apoacutes treinamento para a aacuterea do brete (seringa e

brete) (Figura 24) Essa migraccedilatildeo tambeacutem foi observada no frigoriacutefico SP apresentando

99 do uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes o treinamento no brete Esses resultados apontam

otimizaccedilatildeo no uso do recurso em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo jaacute que aacutereas que

promovem maior restriccedilatildeo no espaccedilo dos animais apresentam tambeacutem maior resposta

de esquiva dos animais e consequumlentemente maior dificuldade de manejo Auditorias

de bem-estar animal permitem o uso de bastatildeo eleacutetrico apenas nas aacutereas da seringa e

brete

41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

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14

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

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e us

o in

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do

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ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

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a re

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)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

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s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

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TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

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9

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28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

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40 90 140

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47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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41

No frigoriacutefico MS houve uma involuccedilatildeo em relaccedilatildeo ao uso do choque por aacuterea de

manejo havendo uso do bastatildeo eleacutetrico apoacutes treinamento no corredor onde

inicialmente natildeo foi constatado

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 23 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes do treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

42

0

10

20

30

40

50

60

70

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100

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

tiva

()

MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

44

0

02

04

06

08

1

12

14

16

MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

rrecircn

cia

meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

45

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

92

94

96

98

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

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Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Fre

quumlecircn

cia

rela

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MS GO SP

Figura 24 Percentual de ocorrecircncia de uso do bastatildeo eleacutetrico em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP

45 Bandeira inadequada

Embora os funcionaacuterios dos trecircs frigoriacuteficos jaacute conhecessem a bandeira como

recurso para o manejo de conduccedilatildeo dos animais em nenhum deles esta praacutetica era

comum sendo utilizado o bastatildeo eleacutetrico como o principal instrumento para proceder

estiacutemulos durante a conduccedilatildeo dos animais Ao ser implantado durante o treinamento o

uso da bandeira como alternativa ao bastatildeo eleacutetrico esta praacutetica tornou-se rotineira

entre os funcionaacuterios apoacutes o treinamento mas a forma correta de utilizaccedilatildeo deste

recurso foi variaacutevel de acordo com a habilidade e motivaccedilatildeo de cada funcionaacuterio

Em relaccedilatildeo agrave forma de conduzir os bovinos com o novo recurso os resultados

apontaram diferenccedila significativa na interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento (Plt001) mas natildeo

houve diferenccedila entre momento nem entre frigoriacuteficos (Tabela 8) O resultado desta

fonte de variaccedilatildeo (P=0052) solicita atenccedilatildeo jaacute que se situa muito proacuteximo a uma

diferenccedila a 5 que aliada ao efeito significativo da interaccedilatildeo frigoriacuteficomomento

43

demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

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MS GO SPFrigoriacuteficos

Oco

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meacuted

ia d

e us

o in

adeq

uado

do

recu

rso

band

eira

ani

mal

Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

ab

a

b

Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

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no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

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s in

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Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

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51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

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FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

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GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

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lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

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2007

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- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

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demonstrou seu valor quando submetidos ao Teste de Tukey os frigoriacuteficos MS e SP

apresentaram diferenccedila significativa (Plt001) (Figura 25) O frigoriacutefico GO natildeo diferiu

dos demais e mostrou maior ocorrecircncia do uso inadequado da bandeira com aumento

expressivo apoacutes o treinamento e meacutedias de 007 e 067 por animal O frigoriacutefico SP

apresentou incremento na utilizaccedilatildeo do recurso com meacutedias de 009 e 003 uso

inadequado da bandeira por animal e no frigoriacutefico MS natildeo houve mudanccedila na forma de

uso do recurso

Tabela 8 Resumo do quadro de anaacutelise de variacircncia para frequumlecircncia de uso inadequado do recurso bandeira por animal durante a conduccedilatildeo do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes treinamento em manejo racional (dados transformados em arcsenv)

Fontes de variaccedilatildeo Graus de liberdade

Quadrado meacutedio

F P

Frigoriacutefico 2 1038583 3022 0052 Momento 1 20011 0058 0810 Dia 3 332670 0968 0410 Frigoriacutefico Momento 2 3135169 9123 0000 Frigoriacutefico Dia 6 749175 2180 0050 Momento Dia 3 156416 0455 0714 Frigoriacutefico Momento Dia 6 1438100 4185 0001 Resiacuteduo 118 343652 - -

Coeficiente de variaccedilatildeo (CV) = 11212 Coeficiente de determinaccedilatildeo (r2) = 0383

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

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Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

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MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

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Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

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5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

lthttpwwwgrandincomcattleauditformhtmlgt Acesso em 2 dez 2006

GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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30

Obs

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

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27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

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38 88 138

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Antes Treinamento

Apoacutes Treinamento

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Figura 25 Meacutedias e respectivos desvios padratildeo das frequumlecircncias uso inadequado da bandeira na conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP (dados natildeo transformados) Letras diferentes entre frigoriacuteficos diferem estatisticamente pelo Teste de Tukey (Plt001)

A mudanccedila apresentada pelo frigoriacutefico GO estaacute relacionada agrave maneira de

trabalhar de um dos novos funcionaacuterios responsaacuteveis pela conduccedilatildeo dos animais no

brete que apresentou alta frequumlecircncia no uso inadequado do recurso (Figura 26) Eacute

pertinente a observaccedilatildeo de que natildeo houve uso inadequado da bandeira no brete antes

do treinamento Embora este resultado mostre que a forma de uso da bandeira pelo

novo funcionaacuterio natildeo tenha sido ideal tambeacutem natildeo se caracterizou agressiva tornando

a substituiccedilatildeo do bastatildeo eleacutetrico pelo novo recurso uma mudanccedila positiva

Em relaccedilatildeo agrave aacuterea de manejo onde houve uso inadequado da bandeira pode-se

observar ainda na Figura 26 que o curral apresentou menor ocorrecircncia fato que

possivelmente estaacute associado agrave necessidade dos funcionaacuterios em manter distacircncia

segura em relaccedilatildeo aos animais

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Curral Corredor Chuveiro Brete

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MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

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Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

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96

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MS GO SPFrigoriacutefico

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Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

lthttpwwwgrandincomcattleauditformhtmlgt Acesso em 2 dez 2006

GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

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5

6

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Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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45

0

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70

80

90

Curral Corredor Chuveiro Brete

Aacuterea de manejo

Uso

inad

equa

do d

o re

curs

o ba

ndei

raF

requuml

ecircnci

a re

lativ

a (

)

MS

GO

SP

Figura 26 Percentual de ocorrecircncia de uso inadequado de recurso bandeira em funccedilatildeo do local de manejo durante a conduccedilatildeo dos animais do curral de espera ao boxe de atordoamento nos frigoriacuteficos MS GO e SP antes e apoacutes o treinamento em manejo racional conjuntamente

46 Atordoamento

Todos os frigoriacuteficos apresentaram melhoria na eficiecircncia de atordoamento apoacutes

o treinamento mas em nenhum houve diferenccedila estatiacutestica Os resultados da eficaacutecia

no atordoamento antes e apoacutes o treinamento foram de 889 e 916 (x2= 1378 P=

0241) 783 e 791 (x2= 0100 P= 0751) e 888 e 901 (x2= 0270 P= 0603)

em MS GO e SP respectivamente (Figura 27) Isso mostra que o treinamento trouxe

melhoria da qualidade do serviccedilo e consequumlentemente no bem-estar dos animais

ALMEIDA (2005) avaliando a eficaacutecia no atordoamento em cinco frigoriacuteficos

brasileiros encontrou valores entre 758 e 940 de eficiecircncia deste manejo Valores

compatiacuteveis com os encontrados neste trabalho e que demonstra a grande dificuldade

em atingir metas de auditorias internacionais que exigem 95 de eficaacutecia no

atordoamento

46

0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

88

90

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94

96

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

ibili

zado

s (

)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

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Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

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Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

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FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

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GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

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during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

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223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

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PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

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PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

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em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

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9 59 109

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11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

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29 79 129

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31 81 131

32 82 132

33 83 133

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35 85 135

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MS GO SPFrigoriacutefico

Efic

aacutecia

no

ator

doam

ento

()

Figura 27 Percentagem de animais atordoamento com um uacutenico disparo da pistola pneumaacutetica antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

47 Insensibilidade

Em relaccedilatildeo agrave insensibilidade dos animais para a sangria os resultados

apresentados na Figura 28 mostram que o treinamento promoveu aumento de animais

insensiacuteveis no momento da sangria nos frigoriacuteficos MS e SP com valores 982 e 997

(x2= 454 P=0003) e 983 e 990 (x2= 0506 P=0477) antes e apoacutes treinamento

respectivamente Entretanto houve diminuiccedilatildeo significativa na mesma avaliaccedilatildeo no

frigoriacutefico GO com valores de 969 e 931 (x2= 675 P=0009) antes e apoacutes

treinamento respectivamente Este fato estaacute diretamente relacionado a problemas com

equipamentos uma vez que a pistola pneumaacutetica do frigoriacutefico GO estava com baixa

pressatildeo durante a avaliaccedilatildeo e foi substituiacuteda por uma com cartucho de explosatildeo em

alguns momentos durante as avaliaccedilotildees o que natildeo ocorreu durante as avaliaccedilotildees na

eficaacutecia do atordoamento Esse resultado mostra que para melhorar a realizaccedilatildeo de um

47

serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

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sens

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)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

lthttpwwwgrandincomcattleauditformhtmlgt Acesso em 2 dez 2006

GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

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9 59 109

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serviccedilo natildeo basta apenas treinar pessoas eacute imprescindiacutevel fornecer os recursos

necessaacuterios para o bom desenvolvimento do trabalho

O frigoriacutefico MS apresentou em relaccedilatildeo ao processo de insensibilizaccedilatildeo dos

animais um cenaacuterio diferente do apresentado pelos responsaacuteveis pelo manejo do curral

ao boxe de atordoamento deste frigoriacutefico Os funcionaacuterios do atordoamento natildeo

fizeram qualquer queixa em relaccedilatildeo agrave supervisatildeo Eacute possiacutevel que a supervisatildeo focada

nesse pessoal tenha sido de maneira mais eficiente jaacute que o encarregado permanecia

a maior parte do tempo dentro da sala de abate local do boxe de atordoamento dessa

planta Aleacutem disto dois funcionaacuterios trabalhavam juntos possibilitando o revezamento

no trabalho e evitando a depreciaccedilatildeo do serviccedilo

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MS GO SPFrigoriacutefico

Ani

mai

s in

sens

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)

Figura 28 Percentagem de animais insensibilizados para a sangria antes e apoacutes treinamento em manejo racional nos frigoriacuteficos MS GO e SP Diferem estatisticamente entre si (intra-frigoriacutefico) (Plt005) (Plt001) pelo Teste de Kruskal-Wallis

48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

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7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

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GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

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22

23

24

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26

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28

29

30

Obs

58

SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

39 89 139

40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

47 97 147

48 98 148

49 99 149

50 100

150

Obs

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48

5 CONCLUSOtildeES

A eficiecircncia do treinamento esteve diretamente relacionada aos investimentos

em matildeo de obra e instalaccedilotildees de cada frigoriacutefico sendo que as instalaccedilotildees exerceram

grande influecircncia nas respostas comportamentais dos animais (escorregotildees e quedas)

e consequumlentemente no manejo

As observaccedilotildees referentes ao domiacutenio humano como uso do bastatildeo eleacutetrico e

processo de insensibilizaccedilatildeo apresentam maior resposta ao treinamento do que as

categorias referentes aos animais (escorregotildees e quedas) e tiveram efeito direto sobre

as ocorrecircncias de vocalizaccedilotildees dos animais pois estas estiveram associadas ao uso do

bastatildeo eleacutetrico

Assim a implementaccedilatildeo praacutetica do manejo racional em frigoriacuteficos eacute viaacutevel

desde que haja disponibilidade de instalaccedilotildees e equipamentos apropriados que as

necessidades baacutesicas dos funcionaacuterios estejam atendidas e que a supervisatildeo dos

trabalhos seja bem conduzida

49

6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

lthttpwwwgrandincomcattleauditformhtmlgt Acesso em 2 dez 2006

GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

57

EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

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14

15

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Obs

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

26 76 126

27 77 127

28 78 128

29 79 129

30 80 130

31 81 131

32 82 132

33 83 133

34 84 134

35 85 135

36 86 136

37 87 137

38 88 138

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40 90 140

41 91 141

42 92 142

43 93 143

44 94 144

45 95 145

46 96 146

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6 IMPLICACcedilOtildeES

As condiccedilotildees de trabalho oferecidas aos funcionaacuterios de frigoriacutefico satildeo em geral

predominantemente pobres natildeo sendo atendidas as mais baacutesicas necessidades como

por exemplo necessidades de ordem fisioloacutegicas conforto fiacutesico (sombra e aacutegua

disponiacutevel) intervalos de descanso horaacuterio de trabalho razoaacutevel assim como

necessidades de seguranccedila (remuneraccedilatildeo e benefiacutecios estabilidade de emprego

condiccedilotildees seguras de trabalho ndash instalaccedilotildees apropriadas) Eacute comum tambeacutem a

desvalorizaccedilatildeo do trabalho exercido por funcionaacuterios do curral onde facilmente ocorre a

substituiccedilatildeo de um funcionaacuterio por um outro de setor distinto natildeo capacitado para este

fim Isto de forma comum e rotineira mostrando o descaso em relaccedilatildeo agrave capacitaccedilatildeo e

reconhecimento de habilidades desses funcionaacuterios Accedilotildees como estas dificultam o

atendimento de outras necessidades tambeacutem de grande importacircncia as necessidades

tidas como sociais (boas interaccedilotildees entre gerentes colegas) e de estima

(responsabilidade por resultados orgulho e reconhecimento promoccedilotildees)

Tendo em vista que a motivaccedilatildeo para o trabalho eacute dependente do suprimento de

necessidades como as citadas anteriormente e como tais recursos natildeo estatildeo

comumente disponibilizados aos funcionaacuterios neste estudo foi percebido como maior

desafio para a implantaccedilatildeo e conservaccedilatildeo de atitudes menos agressivas para com os

animais em frigoriacuteficos a falta de recursos aos funcionaacuterios Esta deficiecircncia se

apresentou como empecilho maior do que os lsquovalores culturaisrsquo (animal maacutequina - visatildeo

utilitarista em relaccedilatildeo aos bovinos) trazidos pelos funcionaacuterios envolvidos com os

animais

Finalizo este trabalho com simplicidade e alegria em dizer o manejo racional

divulga a natildeo violecircncia para com os animais atraveacutes da educaccedilatildeo atraveacutes do

conhecimento sobre os animais que eacute acolhido por qualquer ser humano desde que

este tenha lsquocondiccedilotildeesrsquo para esta nova lsquoreflexatildeorsquo Simplesmente porque ldquofazer o bem

faz bemrdquo

50

7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

p493-519

CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

DUNN C S Stress reactions of cattle undergoing ritual slaughter using two methods of

restraint Veterinary Record London v 126 p 522ndash525 1990

FRASER A F BROOM D M Farm animal behaviour and welfare 3 ed London

Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

company in cattle handling and stunning practices Journal of the American

Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

GRANDIN T Cattle slaughter audit form (updated October 2001) based on

American Meat Institute Guidelines 2001a Disponiacutevel em

lthttpwwwgrandincomcattleauditformhtmlgt Acesso em 2 dez 2006

GRANDIN T Cattle vocalizations are associated with handling and equipment problems

at beef slaughter plants Applied Animal Behaviour Science v 71 191-201 2001b

GRANDIN T Transferring results of behavioral research to industry to improve animal

welfare on the farm ranch and the slaughter plant Applied Animal Behaviour

Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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APEcircNDICES

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

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Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

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Corredor

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

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7 REFEREcircNCIAS

ALMEIDA L A M Manejo no preacute-abate de bovinos aspectos comportamentais e

perdas econocircmicas por contusotildees 2005 f 2-35 Dissertaccedilatildeo (Mestrado em Medicina

Veterinaacuteria Preventiva) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

BARBALHO P C TSEIMAZIDES S P PARANHOS DA COSTA M J R O bem-estar

no ambiente de trabalho de um frigoriacutefico depreciaccedilatildeo do serviccedilo na conduccedilatildeo de

bovinos ao longo do dia In CONGRESSO INTERNACIONAL DE CONCEITOS EM

BEM-ESTAR ANIMAL TEORIA DOCEcircNCIA E APLICACcedilAtildeO 1 2006 Rio de Janeiro

Resumos Rio de Janeiro WSPA 2006 1 CD-ROM

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Departamento de

Inspeccedilatildeo de Produtos de Origem Animal ndash DIPOA Decreto n 2244 de 4 de junho de

1997 Disponiacutevel em lthttpe-

legisbvsbrleisrefpublicsearchphpamplan=ptampwords=poeiragt Acesso em 5 fev 2007

BRASIL Ministeacuterio da Agricultura Pecuaacuteria e Abastecimento Mapa Secretaria de

Defesa Agropecuaacuteria Instruccedilatildeo normativa n 3 de 17 de janeiro de 2000 Disponiacutevel

emlthttpwwwforumnacionalcombrinstr_normativa_n_03_de_17_01_2000pdfgt

Acesso em 2 fev 2007

BROOM D M JOHNSON K G Stress and animal welfare London Chapman amp

Hall 1993 211 p

51

CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

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CHIAVENATO I Gerenciando pessoas como transformar gerentes em gestores de

pessoas 4 ed Satildeo Paulo Prentice Hall 2003 p147-198

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Bailliere Tindall 1990 p 256-265

GRANDIN T Bruises and carcass damage Int Journal Stud Animal Prob v 1 n 2

p 121-137 1980

GRANDIN T Bruises on southwestern feedlot cattle Journal of Animal Science

Champaign v 53 n 1 p 213 1981 Abstract

GRANDIN T Las actitudes del personal hacia los animales en plantas de faena y

locales de remate Anthorozoos Fort collins v 1 n 4 p 205-213 1988

GRANDIN T Euthanasia and slaughter of livestock Journal of the American

Veterinary Medical Association Schaumburg v 204 n 9 p1354-1360 1994

52

GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

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Veterinary Medical Association Schamburg v 216 n 6 p 848ndash851 2000

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Science v 81 p 215ndash228 2003

GREGORY NG Animal welfare end meat science Oxon CABI Publishing 1998 p

223-240

53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

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lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

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em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

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ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

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TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

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Corredor

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

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Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

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CAMBRIDGE E-LEARNING INSTITUTE Online certificate in animal welfare

monitoring systems amp codes of practice Cambridge 2006 1 CD-ROM

CHIAVENATO I Recursos humanos ediccedilatildeo compacta 5 ed Satildeo Paulo Atlas 1998

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A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

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lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

3

4

5

6

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8

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

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GRANDIN T Assessment of stress during handling and transport Journal of Animal

Science Champaign v 75 p 249-257 1997

GRANDIN T Objective scoring for animal handling and stunning practices in slaughter

plants Journal of the American Veterinary Medical Association Schaumburg v

212 p 36ndash39 1998a

GRANDIN T The feasibility of using vocalization scoring as an indicator of poor welfare

during slaughter Applied Animal Behaviour Science v 56 p 121ndash128 1998b

GRANDIN T Effect of animal welfare audit of slaughter plants by a major fast food

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LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

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A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

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PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

54

SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

55

APEcircNDICES

56

CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

2

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6

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Obs

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

5 55 105

6 56 106

7 57 107

8 58 108

9 59 109

10 60 110

11 61 111

12 62 112

13 63 113

14 64 114

15 65 115

16 66 116

17 67 117

18 68 118

19 69 119

20 70 120

21 71 121

22 72 122

23 73 123

24 74 124

25 75 125

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27 77 127

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30 80 130

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35 85 135

36 86 136

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40 90 140

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Obs

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53

LUCHIARI FILHO A Pecuaacuteria da carne bovina Satildeo Paulo R Vieira 2000 p 89

LUCHIARI FILHO A Produccedilatildeo de carne bovina no Brasil qualidade quantidade ou

ambas In SIMPOacuteSIO SOBRE DESAFIOS E NOVAS TECNOLOGIAS NA

BOVINOCULTURA DE CORTE - SIMBOI 2 2006 Brasiacutelia Disponiacutevel em

lthttpwwwupisbrsimboianaisProduE7E3o20de20Carne20Bovina20no

20Brasil20-20Albino20Luchiari20Filhopdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA MJR Ambiecircncia e qualidade de carne In JOSAHKIAN L

A (ed) CONGRESSO DAS RACcedilAS ZEBUIacuteNAS 5 2002 Uberaba Anais Uberaba

ABCZ 2002 p 170-174 Disponiacutevel em

lthttpwwwgrupoetcoorgbrpdfambiequalipdfgt Acesso em 4 fev 2007

PARANHOS DA COSTA M J R PINTO A A Bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 4 p 105-130

PARSONS B Human-animal relationships and productivity on the farm Disponiacutevel

em lthttpveinlibraryusydeduaulinksEssays2001parsonshtmlgt Acesso em 2 fev

2007

ROCcedilA R O Abate humanitaacuterio o ritual kasher e os meacutetodos e insensibilizaccedilatildeo de

bovinos 1999 f 219 Tese (Doutorado em Tecnologia dos Produtos de Origem Animal)

- Faculdade de Ciecircncias Agronocircmicas Universidade Estadual Paulista Botucatu 1999

ROLLIN B E Eacutetica veterinaacuteria eacutetica social e bem-estar animal In RIVERA E A B

AMARAL M H NASCIMENTO V P (Ed) Eacutetica e bioeacutetica aplicadas agrave medicina

veterinaacuteria - Goiacircnia [sn] 2006 cap 2 p 25-52

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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APEcircNDICES

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

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SAMPAIO I B M Estatiacutestica aplicada agrave experimentaccedilatildeo animal 2 ed Belo

Horizonte Fundaccedilatildeo de Estudo e Pesquisa em Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia 2002

p 179-188

SAS INSTITUTE System for Microsoft Windows release 82 Cary 2001 1 CD-

ROM

SIEGEL S Estatiacutestica natildeo-parameacutetrica para as ciecircncias do comportamento Satildeo

Paulo Editora McGraw-Hill 1975 p 209-219

STRICKLIN W R KAUTZ-SCANAVY C C The role of behavior in cattle production a

review of research Applied Animal Behaviour Science v 11 p 359-390 1984

TSEIMAZIDES S P Efeito do transporte rodoviaacuterio sobre a incidecircncia de

hematomas e variaccedilotildees de pH em carcaccedilas bovinas 2005 f 47 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado em Zootecnia) - Faculdade de Ciecircncias Agraacuterias e Veterinaacuteria Universidade

Estadual Paulista Jaboticabal 2005

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APEcircNDICES

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

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Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

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APEcircNDICES

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

Corredor

Chuveiro

Brete

Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

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Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

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CONDUCcedilAtildeO DOS BOVINOS

Frigoriacutefico Data Hora iniacutecio Clima

Responsaacutevel Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

Curral

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Hora iniacutecio Clima

Hora fim Temp

Nordm animais Raccedila SexoCategoria Aacuterea Escorregotildees

Quedas Vocaliz Choque Bandeira Pessoal Obs

Inadequada

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

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Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

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1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

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Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

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EFICAacuteCIA NO ATORDOAMENTO

Frigoriacutefico Responsaacutevel Data

N

Vocaliz Deitou Raccedila Sexo Chifres Disparos Atordoador

Ordem

1

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

2 52 102

3 53 103

4 54 104

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SENSIacuteVEIS PARA A SANGRIA

Responsaacutevel

Frigoriacutefico Data

Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila Nordm Sensiacutevel Sexo Raccedila

1 51 101

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