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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS AVALIAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO E NITROGÊNIO EM UM EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO PRÉ-TRATADO NA IRRIGAÇÃO DE AXONOPUS COMPRESSUS Tatiana da Costa Lajeado, dezembro de 2013

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO E NITROGÊNIO EM … · Trabalho de Conclusão II, do Centro Universitário UNIVATES, como parte da Bacharel em Engenharia Ambiental. ... Figura

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CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIVATES

CURSO DE ENGENHARIA AMBIENTAL

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO E NITROGÊNIO EM UM

EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO PRÉ-TRATADO NA IRRIGAÇÃO

DE AXONOPUS COMPRESSUS

Tatiana da Costa

Lajeado, dezembro de 2013

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Tatiana da Costa

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO E NITROGÊNIO EM UM

EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO PRÉ-TRATADO NA IRRIGAÇÃO

DE AXONOPUS COMPRESSUS

Monografia apresentada na disciplina de

Trabalho de Conclusão II, do Centro

Universitário UNIVATES, como parte da

exigência para a obtenção do título de

Bacharel em Engenharia Ambiental.

Orientador: Dr. Odorico Konrad

Lajeado, dezembro de 2013

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Tatiana da Costa

AVALIAÇÃO DOS TEORES DE FÓSFORO E NITROGÊNIO EM UM

EFLUENTE LÍQUIDO DOMÉSTICO PRÉ-TRATADO NA IRRIGAÇÃO

DE AXONOPUS COMPRESSUS

A Banca examinadora abaixo aprova a Monografia apresentada na disciplina de

Trabalho de Conclusão de Curso II, do Centro Universitário UNIVATES, como parte

da exigência para a obtenção do grau de Bacharel em Engenharia Ambiental.

Prof.Dr. Odorico Konrad - Orientador

Centro Universitário UNIVATES

Prof.ª Ma. Cátia Viviane Gonçalves

Centro Universitário UNIVATES

Prof.ª Ma. Daniela Mazzarino Jachetti

Química e Engenheira Ambiental

Lajeado, dezembro de 2013.

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro momento, agradeço a Deus pela vida e pela oportunidade de ser

mais um ser humano neste grande Universo, que está lutando e contribuindo

constantemente com o planeta, o meio que nos rodeia com vida, pois esta deve ser

perpetuada a cada dia.

Agradeço primeiramente ao meu pai Auri Saldanha da Costa, por ter sido um

pai paciente, humilde, amigo, apoiador, motivador, assim como, a minha “mãezona”

Melani da Costa, por ter sido tão amorosa, dedicada, guerreira e apoiadora. Aos

meus pais ainda, pela ajuda em algumas questões práticas ligadas a este trabalho,

por nunca terem desistido de mim, por terem me dado todo o suporte familiar

sentimental e material de que necessitei durante toda a minha vida, inclusive, na

acadêmica, e finalmente, por terem tido fé, confiança e por acreditarem na carreira

que escolhi seguir.

Ao meu irmão Vianei pela força, amizade e apoio durante todos os momentos,

bem como, pela convivência, mesmo que esta tenha sido tumultuada em alguns

momentos. Não posso deixar de agradecer ainda, à minha irmã gêmea Viviana, por

ter sido minha grande inspiração, um exemplo de pessoa e acadêmica. Em me fazer

entender que querer ser melhor a cada dia não é ser perfeccionista, mas sim uma

profissional com qualidade e ética. Enfim, a ela meus agradecimentos são infindos,

obrigada pela paciência, cumplicidade, amor fraternal, amizade e incansáveis

conversas e troca de experiências, fundamentalmente pelo carinho ofertado,

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compreensão e por ter me ajudado a trilhar esse caminho e a realizar um dos

maiores sonhos da minha vida.

Ao meu namorado Heider Scherer, pelo amor, carinho, cumplicidade,

confiança, tolerância, e paciência que sempre demonstrou, principalmente pela

expectativa que em mim depositou e por me fazer acreditar que sou capaz de ser

uma profissional destacada e diferenciada neste ramo de atividade.

À CERTEL e à CERTEL ENERGIA, por me cederem material e por me

proporcionarem a oportunidade de realizar o estágio e o trabalho de conclusão de

curso dentro da cooperativa, e por terem me demonstrado a verdadeira essência do

cooperativismo, do trabalho em conjunto em prol da comunidade, dos associados

que dela dependem e principalmente por fazer parte de um seleto grupo de

colaboradores que trabalham visando à melhoria da qualidade de vida da sociedade.

Finalmente pela oportunidade de aprender mais a cada dia, pelo respeito e por

terem me proporcionado a verdadeira filosofia de como é trabalhar em conjunto.

Ao Gerente de Meio Ambiente e Engenheiro Agrônomo da CERTEL, Sr.

Ricardo Jasper pela disponibilidade de tempo e pela ajuda na elaboração deste

trabalho de conclusão de curso, pelas dicas e sugestões fornecidas.

Aos colegas do setor de Meio Ambiente da CERTEL, em especial, os colegas

do Viveiro de Essências Florestais, que forneceram um suporte técnico e prático

para o andamento dos experimentos.

Ao Engenheiro Agrônomo Volnei de Moura Fão, encarregado administrativo

do Laboratório de Solos da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária da

Universidade de Passo Fundo (UPF), por ter fornecido diversos materiais para

melhor estruturação da parte metodológica deste trabalho, assim como, pela

paciência em seu atendimento.

Ao professor coordenador de curso da Engenharia Ambiental, Sr. Me. Rafael

Rodrigo Eckardt, por proporcionar conhecimentos teóricos e práticos nas diferentes

disciplinas ministradas no curso de Engenharia Ambiental, pelas informações

fornecidas, pelo apoio e pelo constante suporte para a elaboração do presente

trabalho.

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Um agradecimento especial, à professora orientadora do TCC I, Ma. Daniela

Mazzarino Jachetti, por me fazer acreditar em meu trabalho, pelos sábios conselhos ,

por me fazer entender que quando realizamos um trabalho com amor e carinho, é

uma semente germinada que renderá bons frutos, trazendo bons resultados. Sou

muito agradecida também pela grande amizade, confiança e incansável orientação

neste trabalho, principalmente pela paciência durante todos os dias. Por me fornecer

os subsídios de que necessitei para elaborar as questões mais técnicas, me

atendendo noites e dias, independentemente do horário e das circunstâncias.

Agradeço humildemente ao professor Dr. Odorico Konrad, por ter aceitado o

desafio de orientar-me no TCC II, principalmente por ter contribuído

imprescindivelmente com conhecimentos, informações, dicas relevantes, entre

tantos outros aspectos. Obrigada de coração por ter me acolhido no momento em

que mais precisei!

Aos demais professores do curso e banca examinadora, o meu muito

obrigado pelos ensinamentos nos mais diferentes campos.

Aos meus amigos que me apoiaram e estiveram ao meu lado nos bons e

maus momentos, que entenderam as ausências em festas, jantas e encontros,

sendo aqueles amigos com quem sempre pude contar, aqueles que com um olhar

entendem o que sinto. Obrigada a cada momento partilhado, pela compreensão e

amizade.

Agradeço também aos colegas de trabalho que contribuíram com informações

e no desempenho das diferentes atividades que envolveram a elaboração deste

estudo.

Meu agradecimento especial a todos que de certa forma contribuíram para

que esse trabalho hoje se tornasse realidade!

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“No mundo de hoje, e entre nós mais do que em outros lugares,

predomina a incapacidade de ver, de sentir o mundo natural. Somos incapazes

de sentir a Natureza em sua plenitude, de perceber suas harmonias, de

deleitar-nos esteticamente diante de suas belezas. Não praticamos, por isso, a

arte de observá-la. Assim, escapam-nos muitas de suas maravilhas que, ao

invés de fascinar-nos, passamos a destruir cegamente.”

José Lutzenberger (1926-2002)

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RESUMO

Este trabalho teve como princípio, a avaliação dos teores de fósforo total (P) e nitrogênio total (N) presentes no efluente final, lixiviado pelo sistema solo-planta.

Portanto, foram desenvolvidos nove protótipos de bancada (PBS) em escala laboratorial, sendo dois tratamentos em triplicata e três testemunhos. Os testemunhos foram irrigados com água da chuva, os três tratamentos (T1A, T1B e

T1C) foram irrigados integralmente com efluente líquido doméstico pré-tratado, enquanto que os três tratamentos restantes (T2A, T2B e T2C) foram irrigados com 50% de água da chuva mais 50% de efluente líquido doméstico pré-tratado. Da 32º à

36º semana ocorreu a irrigação normal dos PBS, sendo que após a irrigação, foram coletadas três amostras compostas de saída do efluente, uma amostra composta referente aos três testemunhos, uma amostra composta dos tratamentos T1 e outra

amostra composta dos tratamentos T2. Ao final dos cinco dias de irrigação e coleta, foram geradas trinta amostras de efluente a serem analisadas. A irrigação continuou normalmente até o 45º dia, e no 46º, foram realizadas as amostragens de tecido

vegetal, sendo nove amostras de tecido vegetal, portanto uma de cada PB. A gramínea da espécie Axonopus compressus absorveu em diferentes quantidades, o

fósforo e o nitrogênio presentes no efluente líquido doméstico pré-tratado, sendo que

o parâmetro N foi mais absorvido que o P. O sistema solo-planta contribuiu para o “polimento” do efluente final de todos os tratamentos. de maneira que os teores dessas substâncias foram encontrados em menores concentrações no efluente final

de todos os tratamentos. A maior eficiência de remoção de P ficou em 59,73% para os tratamentos T1, e 75,06% para o N nos tratamentos T1. A maioria dos tratamentos T2 (T2A, T2B e T2C) atenderam os limites de emissão para P e N

estabelecidos pela Resolução Nº 128/2006, do Conselho Estadual de Meio Ambiente (CONSEMA).

Palavras-chave: Efluente líquido doméstico. Fósforo. Nitrogênio. Tratamento de

esgoto.

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ABSTRACT

This work had as principle, the evaluation the levels of total phosphorus and total

nitrogen presents in the final wastewater, leached by soil-plant system. Therefore, were developed nine bench prototypes in the laboratorial scale, being that two treatments in triplicate and three testimonies. The testimonies were irrigated with

rainfall water, the three treatments (T1A, T1B e T1C) were irrigated just with effluent of domestic wastewater pre-treated, while that the three remaining treatments (T2A, T2B e T2C) were irrigated with 50% rainfall water more 50% effluent of domestic

wastewater pre-treated. Of the 32º at 36º week occurred the normal irrigation of the PBs, being that after the irrigation, were collected the three output composite samples of the effluents, a composite sample relative to the three testemonies, a

composite sample of the T1 treatments and other composite sample of the T2 treatments. In the end of the five days of irrigation and collect, were generated thirty effluent samples to be analyzed. The irrigation continued until 45º day, in the 46º day,

was realized sampling of plant tissue, being nine samples of plant tissue, therefore one of each PB. The gramineae of the Axonopus compressus specie absorbed in

different amounts, phosphorus and nitrogen present in the pre-treated effluent, being

that the N parameter was more absorbed than P. The soil-plant system contributed to the “polishing” of the final effluent of all treatments. The highest removal efficiency of P was of the 59.73% for treatments T1 and 75.06% for the N in the treatments T1.

The most of T2 treatments (T2A, T2B e T2C) attended the emission limits of phosphorus and nitrogen parameters established in Resolution Nº 128/2006, of Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA), however, these treatments

obtained the lower removal efficiencies for the P and N.

Keywords: Effluent of domestic wastewater. Phosphorus. Nitrogen. Wastewater treatment.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Desenho esquemático de funcionamento do reator tipo UASB .................36

Figura 2 - Diagrama de blocos contemplando os locais de geração de efluente e os

processos de tratamento...............................................................................................53

Figura 3 - Reator anaeróbio com manta de lodo .........................................................54

Figura 4 - Filtro anaeróbio de fluxo ascendente...........................................................56

Figura 5 - Estufa agrícola que abrigou os PBS no período experimental ....................59

Figura 6 - Estrutura montada no interior da estufa para acondicionamento dos PBS durante a fase experimental .........................................................................................60

Figura 7 - Recipiente de polietileno utilizado para base da estrutura do PB teste .....61

Figura 8 - Objeto para acondicionamento da leiva no PB teste ..................................62

Figura 9 - Objeto no interior da estrutura de base do PB teste ...................................63

Figura 10 - PB teste ......................................................................................................63

Figura 11 - Teores de fósforo no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos, T1 e T2...........................................................................................................................76

Figura 12 - Eficiência de remoção de fósforo dos PBS testemunhos, T1 e T2 ...........76

Figura 13 - Teores de nitrogênio no efluente de entrada e saída dos PBS

testemunhos, T1 e T2 ...................................................................................................78

Figura 14 - Eficiência de remoção de nitrogênio dos PBS testemunhos, T1 e T2 ......78

Figura 15 - Crescimento das leivas dos PBS testemunhos, tratamentos T1 e tratamentos T2 no 15o dia de irrigação ........................................................................86

Figura 16 - Crescimento das leivas no 15º dia ............................................................87

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Figura 17 - Crescimento das leivas dos PBS testemunhos, tratamentos T1 e

tratamentos T2 no 30o dia de irrigação ........................................................................88

Figura 18 - Crescimento das leivas no 30º dia ............................................................89

Figura 19 - Diferença de crescimento vegetativo entre os tratamentos T1A, T2A e o Testemunho 1 ................................................................................................................90

Figura 20 - Aspectos das folhas das gramíneas do tratamento T1A no 30o dia de irrigação .........................................................................................................................91

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 - Formas de reúso e suas características ....................................................28

Quadro 2 - Exemplos da utilização de esgotos sanitários nos EUA ...........................38

Quadro 3 - Exemplos da utilização de esgotos sanitários no mundo .........................39

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Precipitação pluviométrica média mensal do Vale do Taquari de 2003 a 2012 ...............................................................................................................................57

Tabela 2 - Diluições para irrigação nas fases de adaptação dos PBS ........................65

Tabela 3 - Teores de fósforo no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos,

T1 e T2...........................................................................................................................75

Tabela 4 - Teores de nitrogênio no efluente de entrada e saída dos PBS

testemunhos, T1 e T2 ...................................................................................................77

Tabela 5 - Percentuais de absorção de fósforo (P) e nitrogênio (N) encontrados nas

gramíneas dos diferentes PBS ......................................................................................83

Tabela 6 - Análise de variância da absorção de P obtido pelas gramíneas através do

teste Scott-Knott a 5% de probabilidade ......................................................................83

Tabela 7 - Análise de variância da absorção de N obtido pelas gramíneas através do

teste Scott-Knott a 5% de probabilidade ......................................................................84

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

APA – Área de Preservação Ambiental

APHA – American Public Health Association – Associação Americana de Saúde

Pública

APM – Área de Proteção de Mananciais

APP - Área de Preservação Permanente

Cfa – Clima temperado úmido com verão quente

CIH - Centro de Informações Hidrometeorológicas

CERTEL – Cooperativa Regional de Desenvolvimento Teutônia

CERTEL ENERGIA – Cooperativa de Distribuição de Energia Teutônia

CNRH - Conselho Nacional de Recursos Hídricos

CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente

CONSEMA – Conselho Estadual de Meio Ambiente

DBO – Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO – Demanda Química de Oxigênio

DEZ - Dezembro

ETE - Estação de tratamento de esgoto

Et0 – Evapotranspiração de referência

Etm – Evapotranspiração real

EUA – Estados Unidos da América

FAN - Filtro anaeróbio

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FUNASA - Fundação Nacional da Saúde

FAO – Food and Agriculture Organization of the United Nations – Organização das

Nações Unidas para Alimentação e Agricultura

H2O – Água

H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

H2SO4 – Ácido Sulfúrico

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

JUN - Junho

Kc – Coeficiente da cultura

LTDA - Limitada

MS – Ministério da Saúde

N – Nitrogênio

Nº – Número

N2 - Nitrogênio

NBR – Norma Brasileia

NH3 – Amônia

OD – Oxigênio Dissolvido

OMS - Organização Mundial da Saúde

P – Fósforo

PB – Protótipo de bancada

PBs – Protótipos de bancada

PNSB – Política Nacional de Saneamento Básico

PROSAB – Programa de Pesquisas em Saneamento Básico

PVC – Policloreto de Vinila

RAFA – Reator Anaeróbio de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo

RS – Rio Grande do Sul

S – South – Sul

TCC – Trabalho de conclusão de curso

TIL - Tubo de inspeção e limpeza

T1 – Tratamentos 1

T2 – Tratamentos 2

T1A – Tratamento 1A

T1B - Tratamento 1B

T1C - Tratamento 1C

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T2A - Tratamento 2A

T2B - Tratamento 2B

T2C - Tratamento 2C

UASB – Upflow Anaerobic Sludge Blanket – Reator anaeróbio de manta de lodo

UPF – Universidade de Passo Fundo

VPs – Valores de Prevenção

W – West – Oeste

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LISTA DE MEDIDAS E UNIDADES

cm – centímetro

cm2 – centímetro quadrado

ºC – graus Celsius

g – grama

ha - hectare

L – litro

L/dia – litro por dia

L/m2 – litro por metro quadrado

kg – quilograma

km – quilômetro

m – metro

mg/L – miligrama por litro

mL – mililitro

m2 – metro quadrado

mm – milímetro

m3/s – metro cúbico por segundo

% - percentual

t/ha – tonelada por hectare

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...........................................................................................................19

1.1 Objetivos ................................................................................................................22

1.2 Objetivo geral ........................................................................................................22

1.3 Objetivos específicos ...........................................................................................22

2 REFERENCIAL TEÓRICO ........................................................................................24

2.1 Água no mundo .....................................................................................................24

2.1.1 Disponibilidade de água ...................................................................................25

2.1.2 Qualidade da água .............................................................................................26

2.1.3 Reúso da água ....................................................................................................27

2.2 Efluentes líquidos domésticos ............................................................................28

2.3 Sistemas para tratamento de esgotos ...............................................................30

2.3.1 Lagoas de estabilização e suas variantes ......................................................30

2.3.2 Processos de disposição sobre o solo e ou polimento ...............................32

2.3.3 Lodos Ativados ..................................................................................................32

2.3.4 Reatores aeróbios com biofilmes e suas variantes ......................................34

2.3.5 Reator UASB .......................................................................................................34

2.3.6 Filtro anaeróbio ..................................................................................................36

2.4 Efluentes líquidos domésticos na irrigação ......................................................37

2.4.1 Fósforo e nitrogênio ..........................................................................................43

2.4.2 Remoção de fósforo e nitrogênio por wetlands construídos ......................45

2.5 Legislações ............................................................................................................46

2.5.1 A legislação ambiental ......................................................................................47

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3 METODOLOGIA ........................................................................................................51

3.1 Empresa objeto do estudo ...................................................................................51

3.1.1 Sistema de tratamento de efluentes líquidos domésticos adotado ...........52

3.1.2 Características locais ........................................................................................56

3.2 Elaboração e montagem dos protótipos de bancada (PBS) ............................58

3.2.1 Coleta das leivas para montagem dos protótipos de bancada (PBS) .........64

3.2.2 Fase de adaptação das leivas para recebimento do efluente pré-tratado .65

3.3 Manejo e sistema de irrigação ............................................................................65

3.4 Análises de absorção de fósforo e nitrogênio em Axonopus compressus .70

3.4.1 Coleta e pré-preparo das amostras de grama ...............................................71

3.4.2 Procedimentos experimentais .........................................................................72

3.5 Análise e caracterização do efluente final (lixiviado) ......................................73

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES ..............................................................................74

4.1 Teores de fósforo e nitrogênio no efluente final ..............................................74

4.2 Teores de fósforo e nitrogênio absorvidos pelas gramíneas .........................82

5 CONCLUSÕES ..........................................................................................................93

6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ......................................................95

REFERÊNCIAS .............................................................................................................96

ANEXOS ..................................................................................................................... 103

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1 INTRODUÇÃO

A inexistência de serviços de esgotamento sanitário ainda é um problema

bastante presente na realidade de muitos municípios brasileiros. De acordo com a

Pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de 2008, pouco mais de 55% dos

municípios brasileiros possuem acesso ao serviço por sistema apropriado1, ou seja,

através de rede coletora. Se este percentual for comparado com a pesquisa

desenvolvida pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano de

2000, perceber-se-á que a marca atual é pouco superior à observada em 2000, que

era de aproximadamente 52% (IBGE, 2010). Mesmo que estes sejam os dados

relatados pelo IBGE, acredita-se que na realidade este percentual provavelmente

seja ainda menor, o que pode ser observado claramente na região do Vale do

Taquari, como na cidade de Lajeado/RS, por exemplo, que provavelmente poderiam

ser comprovados com uma pesquisa mais aprofundada na área.

Percebe-se que os avanços no âmbito do tratamento de esgotos são bastante

lentos e que inúmeras residências brasileiras ainda carecem deste serviço, o qual

está diretamente associado à saúde pública. Os problemas relacionados à falta de

saneamento básico são os mais abrangentes possíveis, sendo que sabe-se que são

inúmeras as doenças veiculadas à sua ausência, e locais desprovidos de tratamento

de esgoto e defasagem no abastecimento de água tratada, podem formar ambientes

1A rede coletora é considerada um sistema apropriado em função de que as fossas sépticas podem

ser somente uma alternativa aceitável para o esgotamento sanitário. Mesmo que na PNSB não aborde maiores detalhes com relação aos tipos de fossas sépticas utilizadas, essa informação está atrelada ao uso de sumidouros. Dentro dessa perspectiva, a opção fossa séptica/sumidouro não seria uma alternativa tecnicamente adequada considerando o ponto de vista sanitário (IBGE, 2010).

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propícios e capazes de disseminar novamente doenças já erradicadas. Desde que

as cidades começaram a sofrer intervenções na área de saneamento, houve

redução expressiva em indicadores como a mortalidade infantil e a ocorrência de

epidemias (ANDREAZZI; BARCELLOS; HACON, 2007).

Ainda que muitas cidades não usufruam de sistemas ou estações para

tratamento de esgoto doméstico (ETE), a inclusão gradativa destes serviços está

fazendo com que eles se tornem parte da realidade das comunidades brasileiras,

principalmente em função da necessidade de adequação legal. A tendência é de que

aos poucos os municípios implantem estações para tratamento de esgotos sanitários

que atendam integralmente as áreas urbanas (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Com o sancionamento da Lei n° 11.445 de 2007, que estabelece diretrizes

nacionais para o saneamento básico, foram estabelecidos prazos para os municípios

elaborarem seus respectivos Planos Municipais de Saneamento Básico. O conteúdo

destes deve abranger desde a definição de metas para a universalização do

abastecimento de água, limpeza urbana, manejo de resíduos sólidos, drenagem e

manejo das águas pluviais urbanas até o acesso ao esgotamento sanitário, bem

como, projetos para cumprimento das metas e a definição das possíveis fontes de

financiamento para subsídio às implantações. A partir dessa lei, espera-se que os

índices relacionados ao saneamento básico, principalmente ao tratamento de esgoto

possam aumentar consideravelmente (BRASIL, 2007).

Dentro deste contexto, a ausência de eficazes sistemas de tratamento de

esgotos domésticos, segundo a Política Nacional de Saneamento Básico (PNSB) de

2008, podem gerar diversos passivos ambientais no meio ambiente, tanto no solo

como nos recursos hídricos subterrâneos e superficiais, consequentemente, poderão

ser comprometidos imprescindíveis recursos naturais (IBGE, 2010).

Para tratar os efluentes líquidos domésticos, existem atualmente inúmeras

tecnologias, dentre as quais a irrigação ou a disposição no solo são duas

alternativas bastante difundidas e de sucesso em países como os Estados Unidos,

Israel e Austrália (FONSECA, 2001).

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Dispor ou irrigar solos com esgoto pré-tratado são técnicas bastante utilizadas

para se obter solos mais férteis e aumentar a produção agrícola, porém, se não

controladas as taxas e vazões de irrigação juntamente com a eficiência do sistema,

esses métodos podem ocasionar acúmulo de matéria orgânica no solo, geração de

odores, entre outros problemas (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Considerando o atual cenário de poluição dos recursos hídricos, bem como, a

escassez e o desperdício de água potável em diversas partes do mundo, se tornam

relevantes estudos que contemplem a reutilização de águas residuárias e efluentes

tratados em sistemas que não exijam alto padrão de potabilidade da água. O

efluente de esgoto tratado também pode ser submetido ao reúso, e se corretamente

feito, pode gerar até mesmo benefícios para a agricultura através do aporte de

nutrientes ao solo e plantas, mediante fertirrigação. Esta técnica é uma espécie de

“reciclagem agrícola” que além de ser uma tecnologia simples, de baixo custo e um

meio de tratamento terciário, fornece às plantas água e nutrientes necessários ao

seu desenvolvimento, portanto, é uma tendência promissora em função do viés

econômico e ambiental (FONSECA, 2001).

Mediante reaproveitamento do efluente de esgoto tratado para irrigação, o

solo e as plantas, além de absorverem os nutrientes e a matéria orgânica presentes

no efluente, podem servir como um sistema de “polimento” da água residuária,

podendo melhorar sua qualidade (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Mesmo que o efluente de esgoto tratado possa propiciar ao solo

melhoramento de características essenciais como permeabilidade, aeração e

umidade, o seu reaproveitamento deve respeitar certas condicionantes que

explicitem critérios agronômicos, sanitários e ambientais seguros, bem como,

aspectos e definições legais, caso contrário a saúde pública poderá ser afetada,

assim como o habitat envolvido (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Visando reduzir ao máximo a geração de novos passivos ambientais,

proporcionar a racionalização de recursos naturais e se adequar à legislação

ambiental vigente, a CERTEL, objeto deste estudo, optou pela instalação de um

sistema de tratamento de esgoto doméstico que tem como base um reator UASB

seguido de filtro anaeróbio, no entanto, os teores de fósforo total e nitrogênio total

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ainda apresentam-se acima dos níveis estabelecidos pela legislação ambiental

estadual.

Este estudo tratará da avaliação dos teores de fósforo total (P) e nitrogênio

total (N) no efluente líquido doméstico final, após ter sido utilizado para irrigação de

gramíneas e ser lixiviado através do sistema solo-planta. Além disso, o estudo

também verificará a absorção dos macronutrientes citados pelas gramíneas da

espécie Axonopus compressus, a qual será utilizada para montar todos os protótipos

de bancada deste estudo. Tendo em vista que os parâmetros anteriormente

mencionados devem possuir menores teores de P e N no efluente final para que se

consiga atender a legislação vigente, em função da escassez das águas estarem se

tornando um problema cada vez mais presente na realidade cotidiana, que os

recursos hídricos que ainda restam estão fadados à poluição e que devem ser

desenvolvidas novas tecnologias para a reutilização de águas residuárias, optou-se

pela elaboração do presente estudo.

1.1 Objetivos

1.2 Objetivo geral

Avaliação dos teores de P e N de um efluente líquido doméstico pré-tratado

em irrigação de gramíneas.

1.3 Objetivos específicos

a) Montar protótipos em escala de bancada que possibilitem simular a

utilização do efluente pré-tratado para irrigação de Axonopus compressus (grama

sempre-verde);

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b) Avaliar quantitativamente, o teor de P na espécie dos protótipos irrigados

integralmente com o efluente pré-tratado em comparação com o testemunho e com

os protótipos irrigados com efluente pré-tratado diluído em água da chuva;

c) Avaliar quantitativamente, o teor de N na espécie dos protótipos irrigados

integralmente com o efluente pré-tratado em comparação com o testemunho e com

os protótipos irrigados com efluente pré-tratado diluído em água da chuva;

d) Avaliar a qualidade do efluente final dos protótipos desenvolvidos, quanto

aos parâmetros P e N em relação à legislação estadual vigente.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

As abordagens apresentadas neste capítulo visam demonstrar a

fundamentação teórica contemplando as bibliografias aplicadas ao estudo.

2.1 Água no mundo

Indiscutivelmente, a água é um recurso natural imprescindível. Sem ela não é

possível a vida nas suas mais diversas formas, tão menos a manutenção do

equilíbrio ecológico dos habitats, produção de alimentos, geração de energia

elétrica, locomoção e lazer (LIMA, 2001).

Um conhecido documentário denominado “Ouro Azul – As guerras mundiais

pela água” revela o atual panorama das questões que englobam este recurso natural

ao redor do mundo. Pesquisadores no assunto afirmam que a água é um valioso

bem natural com qualidade comprometida e quantidade disponível afetada, pois em

função da ação antrópica no ambiente natural, o homem vem poluindo

indiscriminadamente os mananciais hídricos e explorando insaciavelmente a água

sem devolvê-la nas condições em que fora retirada. Este comportamento afeta de

forma drástica o ciclo hidrológico da água, pois altera regimes pluviométricos,

impossibilita parcialmente a infiltração da água no solo, que propicia o

reabastecimento dos lençóis freáticos e interfere nas características físicas de certas

áreas, causando problemas ambientais adversos no meio (ACHBAR; LITVINOFF,

2008).

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Em diferentes partes do mundo, inúmeros países já vivenciam a escassez ou

ausência de água para suprir suas necessidades básicas, e a medida com que o

tempo passa, mais perceptível ainda será sua ausência. Sabe-se que a população

mundial já ultrapassou 6 bilhões de habitantes, panorama que tende a aumentar,

afetando substancialmente as reservas hídricas mundiais em função de que haverão

mais consumidores para uma quantidade limitada e constante de recursos naturais

disponíveis a fim de atender tais demandas (LIMA, 2001).

2.1.1 Disponibilidade de água

Do total de água disponível no Planeta Terra, 97% são água do mar, 2,2%

geleiras e apenas 0,8% água doce. Dentro desde percentual de água doce

disponível, 97% são água subterrânea e apenas 3% superficial, portanto, da fração

de água doce disponível no mundo, somente uma pequena parcela de 3% é de fácil

extração pois concentra-se superficialmente nos continentes (VON SPERLING,

2005).

Rebouças (1999) salienta que o Brasil detém 12% da água doce superficial do

planeta, e essa grande quantidade de água disponível deve-se aos excedentes

hídricos. Sendo que esses se devem aos climas equatorial, tropical e subtropical,

proporcionando altos índices de pluviosidade, fazendo com que as chuvas sejam

abundantes, da ordem de 1000 a 3000 milímetros anuais.

Segundo Tucci (2007) apud Sousa (2009), o uso na agricultura, o consumo

industrial, o aumento da população e a poluição dos mananciais hídricos são

exemplos reais da escassez quantitativa, pois em paralelo ao aumento do consumo,

a população continua crescendo.

Elevadas quantidades de água se perdem globalmente, principalmente a nível

industrial, pois altas taxas de consumo estão relacionadas a fabricação de produtos

(ACHBAR; LITVINOFF, 2008). O consumo excessivo deste bem natural pode fazer

com que as reservas hídricas subterrâneas diminuam, ou até mesmo acabem,

consequentemente a população será atingida, pois depende do abastecimento para

suas necessidades básicas. Salienta-se que aproximadamente 50% dos municípios

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brasileiros são abastecidos por água oriunda de poços, sejam eles profundos ou

rasos (GOELLNER, 2007 apud SOUSA, 2009).

Rebouças (2003) ressalta que 90% do território brasileiro possui uma densa

rede de drenagem que nunca seca, informação que transmite ideia de abundância

de água doce disponível no país. Mesmo que esta informação esteja correta, não se

pode esquecer que os dados do IBGE de 2000 revelaram que variam de 40 a 60%

os índices de perda totais de água tratada e injetada em redes de distribuição.

Estes paralelos mostram que em um país onde a quantidade de água

disponível é absurdamente elevada, os desperdícios também são infindos, não

somente no quesito saneamento básico, mas também em outras instâncias como na

tecnologia envolvida nos processos, agricultura e indústria. Tais informações

revelam a importância da preservação dos recursos hídricos na Terra e levam a crer

que novos posicionamentos e medidas acerca de sua preservação devem ser

adotados urgentemente. Mesmo que o panorama atual em relação aos recursos

hídricos apresente situações alarmantes, felizmente, no mundo inteiro cresce a

consciência relativa ao uso racional, da necessidade de controlar perdas e possíveis

desperdícios e a reutilização das águas (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

2.1.2 Qualidade da água

O conceito para qualidade da água é muito mais vasto do que se imagina e

vai além da caracterização da molécula H2O, não somente porque a água apresenta

diferentes propriedades, mas também pela capacidade em transportar e incorporar

consigo inúmeras partículas que definirão sua qualidade (VON SPERLING, 2005).

Existem vários fatores que afetam a qualidade da água no ciclo hidrológico,

dentre os quais salientam-se o escoamento superficial e a infiltração da água pluvial

devido às características de uso e ocupação do solo. Além destes, a poluição dos

recursos hídricos é outro fator que também vem interferindo no meio, seja através da

poluição dispersa (de origem agrícola) ou da concentrada (através de efluentes

domésticos) (GOELLNER, 2007 apud SOUSA, 2009).

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Von Sperling (2005) afirma que as condições naturais e de uso e ocupação do

solo de uma bacia influenciarão em sua qualidade. De acordo com o referido autor,

mesmo em uma bacia hidrográfica preservada, as condicionantes ambientais como

o escoamento superficial e a infiltração da água no solo influenciarão para a

incorporação de impurezas, sólidos suspensos e dissolvidos à água, o que poderá

alterar suas qualidades. As interferências antrópicas através da geração e

destinação de efluentes líquidos e até mesmo a aplicação de defensivos agrícolas,

também podem afetar ou comprometer a qualidade da água.

2.1.3 Reúso da água

O reúso da água nada mais é do que aproveitar, uma ou mais vezes águas já

utilizadas em algum processo ou atividade humana, com finalidade de suprir

necessidades básicas ou usos benéficos, sendo que esse reúso pode ser

classificado como planejado ou não planejado (PHILIPPI Jr., 2005). Para Philippi Jr.

(2005), dependendo da situação em que a água foi empregada ou do destino que se

queira dar à ela, uma nova tecnologia pode ser desenvolvida para viabilizar o reúso.

De acordo com Metcalf; Eddy (2003), com a utilização das águas residuárias

para fins mais restritos, existem condicionantes que devem ser observadas

justamente em função de que a saúde pública deve ser assegurada, portanto, a

reutilização das águas residuárias deve ser realizada de forma rigorosa, segura e

adequada.

Para Sousa (2009), o Brasil necessita institucionalizar, regulamentar e

promover o reúso de modo que sua prática seja desenvolvida técnica, econômica,

social e ambientalmente dentro de princípios adequados. No Quadro 1 são listadas

maneiras de reuso com suas respectivas características.

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Quadro 1 - Formas de reúso e suas características

Formas de reúso Características

Direto Uso planejado de esgotos tratados para certa finalidade como uso industrial, irrigação e água potável.

Indireto Quando a água, já utilizada, uma ou mais vezes para o uso doméstico ou industrial, é descartada nas águas superficiais ou subterrâneas e utilizada novamente, mas de forma diluída.

Planejado Quando este é resultado de uma ação planejada e consciente, adiante do ponto de descarga do efluente a ser usado.

Não planejado Caracterizado pela maneira não intencional e não controlada de sua utilização.

Potável Com a finalidade de abastecimento da população.

Não potável Objetiva atender a demanda que tolera águas de qualidade inferior (fins industriais, recreacionais, irrigação, descarga em vasos sanitários, entre outros).

Potável direto O esgoto é recuperado através de tratamento avançado e é injetado diretamente no sistema de água potável.

Potável indireto O esgoto depois de tratado é lançado nas águas superficiais ou subterrâneas para diluição e purificação natural, objetivando uma posterior captação e tratamento.

Fonte: Mancuso; Santos (2003) apud Giacchini (2010).

A reciclagem de nutrientes com economia de insumos, recuperação de áreas

antes improdutivas e degradadas, redução do lançamento de esgotos em corpos

hídricos com diminuição de impactos ambientais são apenas alguns dos exemplos

de benefícios que a reutilização das águas residuárias pode propiciar em um

ecossistema (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

2.2 Efluentes líquidos domésticos

Segundo a Resolução do Conselho Estadual do Meio Ambiente (CONSEMA),

Nº 128 de 2006, os efluentes líquidos domésticos são considerados despejos

líquidos, gerados mediante uso da água para higiene e necessidades básicas do ser

humano (BRASIL, 2006).

A Norma Brasileira (NBR) 9800/1987 da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT), descreve que são os despejos líquidos oriundos da utilização da

água para hábitos de higiene e atividades fisiológicas, denominando-os como esgoto

doméstico.

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Von Sperling (2005) caracteriza os esgotos domésticos como efluentes

líquidos compostos por 99,9% de água e 0,1% de sólidos suspensos, dissolvidos,

orgânicos, inorgânicos e por microrganismos diversos, que variam de acordo com o

clima, situação social, econômica e dos hábitos da população.

A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) afirma que o manejo, tratamento e

destinação final adequada de efluentes líquidos domésticos fazem com que a

qualidade do meio ambiente (solo, ar e água) seja mantida, o que pode evitar e

controlar a poluição e contaminação ambiental (FUNASA, 2009).

Diante disso, considera-se que a saúde e o saneamento básico estão

diretamente associados, pois em locais onde há precariedade ou não existam ações

voltadas ao saneamento, são diagnosticados muitos casos de patologias. Doenças e

epidemias estão diretamente associadas à serviços de saneamento precários,

consequentemente os índices relacionados à mortalidade por doenças parasitárias e

infectocontagiosas aumentam (FUNASA, 2009).

Conforme Philippi Jr. (2005), vários estudos conseguiram mostrar que as

mudanças significativas no meio ambiente, provocadas pelo homem, alteraram tanto

os ecossistemas e habitats através da poluição e extração de recursos naturais, a

ponto de aumentarem o risco à exposição de doenças, afetando de forma negativa a

qualidade de vida das pessoas.

Tendo em vista que a poluição dos recursos hídricos é um problema

alarmante e que a qualidade do efluente tratado é imprescindível para resguardar a

biota, a política brasileira voltada aos recursos hídricos aprovou leis para o seu

gerenciamento, trazendo inúmeras exigências para utilização e manejo da água a

ponto de terem sido desenvolvidos diferentes sistemas para tratamento de efluentes

(PIEDADE, 2004).

O tratamento de efluentes líquidos domésticos é relevante, pois conforme

Piedade (2004), o esgoto pode fazer com que se criem ambientes propícios à

proliferação de vetores como os caramujos, mosquitos e vermes, os quais são

capazes de transmitir ou disseminar doenças diversas como a cólera,

esquistossomose, entre outras.

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2.3 Sistemas para tratamento de esgotos

Segundo Von Sperling (2005), para residências ou pequenas populações,

usualmente os tanques sépticos são a forma de tratamento adotado. Salienta-se que

esse sistema funciona basicamente como um decantador, ou seja, os sólidos

sedimentáveis tendem a alcançar o fundo do tanque séptico, permanecendo neste

local até a estabilização da matéria orgânica, que acontece em condições

anaeróbias. Os tanques sépticos também apresentam variações, uma vez que

podem vir acompanhados de filtros anaeróbios ou sumidouros.

Os principais sistemas para tratamento de efluentes líquidos domésticos

utilizados por empresas são os reatores anaeróbios seguidos de filtros anaeróbios,

lagoas de estabilização e suas variantes, os processos de disposição sobre o solo,

os lodos ativados e os reatores aeróbios com biofilmes ou suas variantes (VON

SPERLING, 2005).

A seguir seguem breves descrições dos sistemas citados, assim como do

filtro anaeróbio (FAN) e do reator UASB, sendo este último, considerado um novo

conceito de tratamento que vem sendo bastante difundido no Brasil

(CHERNICHARO, 2007).

2.3.1 Lagoas de estabilização e suas variantes

De acordo com Von Sperling (2002a), o tratamento de esgotos através das

lagoas de estabilização compõem técnicas simplificadas e de baixo custo

operacional, no entanto, requerem grandes áreas para instalação e possuem

variantes de sistemas. Algumas de suas variantes são as lagoas facultativas, lagoas

anaeróbias seguidas por lagoas facultativas, lagoas aeradas facultativas e lagoas

aeradas de mistura completa seguidas por lagoas de decantação. Sendo que o foco

do tratamento através das lagoas anteriormente citadas é através da remoção da

matéria carbonácea.

A lagoa facultativa faz com que a Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO)

solúvel e finamente particulada seja estabilizada por bactérias aeróbias presentes no

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meio líquido, enquanto que a DBO suspensa sedimente até o fundo da lagoa e

possa ser degradada por bactérias anaeróbias. Nesta variante de lagoa, as algas

presentes realizam a fotossíntese, disponibilizando ao meio o oxigênio requerido

para as bactérias aeróbias (VON SPERLING, 2002a).

Na lagoa anaeróbia seguida por lagoa facultativa, ocorre a remoção da DBO

na primeira lagoa, a qual é projetada para ser mais profunda e de menor volume, ao

passo de que na segunda lagoa (facultativa) a DBO ainda presente também é

estabilizada por bactérias aeróbias presente no meio. Em uma lagoa aerada

facultativa, a remoção da DBO é similar ao mecanismo que ocorre na lagoa

facultativa, porém, neste sistema o oxigênio será fornecido ao meio mediante

aeradores mecânicos. Como esta lagoa ainda é facultativa, grande percentual dos

sólidos presentes no esgoto e na biomassa sedimentam, podendo ser decompostos

anaerobicamente no fundo desta lagoa (VON SPERLING, 2002a).

A lagoa aerada de mistura completa seguida da lagoa de decantação

constituem um sistema no qual os sólidos da biomassa mantém-se dispersos no

meio líquido ou em mistura completa, pois a energia fornecida por unidade de

volume é elevada. Em função de uma maior concentração de bactérias no meio

líquido, o sistema possui alta eficiência para remoção de DBO, contudo, o efluente

final, ainda possui elevados teores de sólidos que precisam ser removidos, o que

justifica a instalação de uma lagoa de decantação à jusante (VON SPERLING,

2002a).

Além das lagoas descritas, Von Sperling (2002a) cita ainda as lagoas de

maturação, as quais são destinadas à remoção de organismos patogênicos. Nelas

prevalecem condições ambientais adversas, como a radiação ultravioleta, elevado

pH e Oxigênio Dissolvido (OD), baixa temperatura (se comparada com a

temperatura do corpo humano), falta de nutrientes e predação por outros

organismos. Estas lagoas removem com grande eficiência os coliformes e

constituem-se em um pós-tratamento dos sistemas onde a remoção da DBO é o

objetivo principal, sendo que, geralmente são implantadas com divisões por chicanas

ou com uma série de lagoas.

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2.3.2 Processos de disposição sobre o solo e ou polimento

Existem diversas alternativas para dispor efluentes em solo, sendo que

Santos, Bastos e Aisse (2006) afirmam que as mais usuais no Brasil são o

escoamento superficial e as “terras alagadas” (wetlands), que serão sucintamente

explicados no capítulo 2.4.2 (Remoção de fósforo e nitrogênio por wetlands

construídos). Santos et al. (2000) não consideram os wetlands construídos como um

processo de disposição sobre o solo, mas sim, um meio de pós-tratamento de

efluentes, ou seja, um meio de polimento. Contudo, ambas as técnicas apresentam

elevada remoção de DBO e nutrientes (principalmente nitrogênio) através da

absorção pela biomassa vegetal e pela ocorrência de interações químicas no solo,

porém, com relação à remoção de organismos patogênicos são bastante limitadas

(SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Estritamente o escoamento superficial é uma técnica compreendida pela

disposição do efluente em uma área mais elevada do terreno e com uma certa

declividade, de modo a facilitar o escoamento do efluente até a porção inferior deste,

na qual o mesmo passa a ser captado por canaletas e pode então ser reutilizado ou

disposto finalmente. Com relação à aplicação, ela pode ocorrer de várias maneiras,

sendo por intermédio de tubulações ou canais, através da aspersão por alta pressão

ou por meio de aspersores de baixa pressão (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

2.3.3 Lodos Ativados

Os lodos ativados constituem um sistema para tratamento de esgoto no qual

há um índice de mecanização bastante elevado se comparado com demais

sistemas. Esta demanda implica em um sistema de operação mais sofisticado com

altas taxas de consumo de energia elétrica. Integram este sistema as unidades:

tanque de aeração (reator), tanque de decantação (decantador secundário) e a

recirculação do lodo (VON SPERLING, 2002b).

Conforme Von Sperling (2002b), no reator acontecem as reações bioquímicas

de remoção da matéria orgânica e da matéria nitrogenada. Nesta unidade a

biomassa se utiliza do substrato que está presente no esgoto bruto para se

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desenvolver. No decantador secundário ocorrerá posteriormente a sedimentação da

biomassa devido à sua capacidade de se aglutinar com outros microrganismos, e

assim gerar uma partícula mais pesada e de maiores dimensões, capaz de decantar

facilmente (princípio da floculação), gerando um efluente final clarificado. A

recirculação do lodo ocorre a partir da sedimentação dos sólidos no fundo do

decantador secundário, sendo que estes são bombeados para o tanque de aeração

a fim de que aumente a concentração da biomassa, ocasionando a elevada

eficiência do sistema.

O processo por lodos ativados pode adquirir diferentes configurações, dentre

as mais conhecidas estão os Lodos Ativados Convencionais, Lodos Ativados por

Aeração Prolongada ou Lodos Ativados de Fluxo Intermitente. Quando

convencionais, são precedidos de uma unidade de decantação primária, visando a

remoção dos sólidos sedimentáveis do esgoto bruto. Neles, a biomassa permanece

no sistema durante mais tempo, sendo que há uma necessidade de retirada de lodo

em proporções equivalentes ao que é produzido. Aeradores mecânicos ou difusores

de ar fornecem o oxigênio ao sistema.

Na Aeração Prolongada, a diferença é que a biomassa permanece por um

tempo maior nos tanques de aeração, resultando em menos DBO disponível para as

bactérias, consequentemente elas utilizam o material celular presente em sua

própria estrutura para se manterem. O lodo gerado neste processo já é estabilizado

e o sistema não necessita de uma unidade prévia para sedimentação primária.

Nos Lodos Ativados de Fluxo Intermitente, em um mesmo tanque ocorrem

diferentes fases de reação e sedimentação. Se os aeradores permanecerem

desligados os sólidos decantam e o sobrenadante é retirado. Quando ligados, os

sólidos sedimentados acabam voltando à massa líquida, não sendo necessárias as

elevatórias de recirculação. Esse sistema pode ocorrer na modalidade convencional

ou aeração prolongada (CHERNICHARO, 2007).

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2.3.4 Reatores aeróbios com biofilmes e suas variantes

Segundo Chernicharo (2007), os sistemas de reatores aeróbios com biofilmes

caracterizam-se por um meio de tratamento de esgotos domésticos que pode

abranger um filtro de baixa carga, de alta carga ou um biodisco. No caso de filtros de

baixa carga, um meio suporte é responsável pelo crescimento aderido de bactérias

que acabam estabilizando a DBO. Ao entrar no tanque, o líquido percola, sai pelo

fundo e a matéria orgânica acaba retida pelas bactérias. São filtros com espaços

livres e vazios, o que permite a circulação de ar. A matéria orgânica que se desprega

do meio suporte é removida no decantador secundário.

Filtros de alta carga possuem uma carga maior de DBO, e nesse sistema o

lodo precisa ser tratado para ficar estabilizado. A recirculação do ef luente do

decantador secundário para o filtro, ocorre para que haja diluição do afluente e para

garantir uma carga hidráulica homogênea. Finalmente, os biodiscos não são filtros

biológicos, porém a biomassa também cresce de forma aderida à um meio suporte,

o qual é compreendido por discos giratórios, expondo em alguns momentos a

superfície ao líquido e em outros, expondo a superfície ao ar.

2.3.5 Reator UASB

Os Reatores Anaeróbios de Fluxo Ascendente com Manta de Lodo (RAFA)

também são chamados de reatores UASB (Upflow Anaerobic Sludge Blanket), sendo

que compreendem uma tecnologia amplamente estudada no âmbito do tratamento

de esgotos sanitários. Mesmo que apresentem limitações quanto à remoção de

matéria orgânica e nutrientes, seu desempenho está relacionado ao meio, ou seja, a

uma biomassa que esteja adaptada e possua atividade microbiana intensa capaz de

degradar a carga orgânica e microrganismos presentes no efluente (PONTES;

CHERNICHARO, 2009).

Segundo Von Sperling (2005), nos RAFA a biomassa cresce de forma

dispersa ao meio suporte, favorecendo na formação de grânulos compostos por

microrganismos que servirão de meio suporte à outras bactérias se desenvolverem.

Em função da elevada concentração de biomassa no reator (por isso denominado de

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manta de lodo), seu volume tende a ser reduzido se comparado com outros sistemas

de tratamento de efluentes. Com relação ao seu funcionamento, primeiramente o

efluente líquido entra pelo fundo do reator propiciando um fluxo ascendente,

encontrando um leito de lodo capaz de aderir elevada quantidade de matéria

orgânica através da biomassa (VON SPERLING, 2005).

De acordo com Von Sperling (2005), são formados no interior do reator,

especialmente gás carbônico e metano, oriundos da atividade anaeróbia, sendo que

as bolhas destes gases tendem ao fluxo ascendente, impedindo a saída do efluente

líquido pela extremidade superior do reator. Um dispositivo denominado separador

trifásico é responsável pela separação das fases sólida, líquida e gasosa. Seu

funcionamento consiste basicamente na separação dos gases contidos na mistura

líquida, de modo a favorecer no surgimento de uma zona para a sedimentação, a

qual situa-se na extremidade superior do reator (CHERNICHARO, 2007).

Os gases gerados podem ser captados a partir de um compartimento na parte

superior do reator, e podem ser queimados ou usados como fonte de energia. Os

sólidos presentes no reator sedimentam em uma parte superior deste, porém, na

extremidade externa da estrutura cônica. Essa sedimentação ocorre pelas paredes,

fazendo com que as partículas sólidas retornem para o “corpo” do reator, mantendo

elevada concentração da biomassa no interior do sistema. Ao final, o clarificado sai

do reator mediante passagem por pequenas aberturas existentes entre os

compartimentos de reação e sedimentação, emergindo por meio de vertedores na

extremidade superior (VON SPERLING, 2005). Na Figura 1 visualiza-se um

esquema de funcionamento do reator tipo UASB.

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Leito de lodo

Saída do biogás

Defletor

Manta de lodo

Coleta do efluente

Abertura para o decantador

Partículas de lodo ou sólidos

suspensos grosseiros

Compartimento de digestão Bolha de gás

Separador de fases Compartimento de

decantação

Afluente

Figura 1 - Desenho esquemático de funcionamento do reator tipo UASB

Fonte: Campos – PROSAB (1999).

Se bem instalado e operado, o sistema UASB pode somar grande eficiência a

baixo custo operacional. O projeto destes sistemas é bastante simplificado, assim

como sua instalação, pois não requer a implantação de equipamentos mais

sofisticados (CASSEB; CHERNICHARO, 2003).

2.3.6 Filtro anaeróbio

Os filtros anaeróbios são geralmente utilizados para pós-tratamento de outras

unidades de tratamento anaeróbias, sendo que apresentam uma série de vantagens.

Assim como os reatores anaeróbios, funcionam por meio de um fluxo de lodo ativo,

permitindo elevada retenção de sólidos, principalmente quando da remoção da

matéria orgânica dissolvida, produzindo pouco lodo e consumindo pouca energia

(ANDRADE NETO; VAN HAANDEL; MELO, 2002).

Chernicharo (2007) descreve os filtros anaeróbios como uma unidade de

contato, através da qual, o esgoto atravessa uma massa de sólidos biológicos

contidos no interior do reator. Existem geralmente três formas distintas de

apresentação da biomassa retida, a primeira contempla uma camada pouco espessa

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de biofilme aderido à superfície do meio suporte, uma segunda na qual a biomassa

está dispersa nos interstícios do material suporte e finalmente uma em forma de

grânulos, os quais ficam retidos abaixo do meio suporte, em um fundo falso.

De acordo com Andrade Neto, Van Haandel & Melo (2002), essas unidades

trabalham muito bem com variações de vazões, sendo que propiciam uma boa

estabilidade ao efluente, permitindo uma grande variabilidade com relação à projetos

uma vez que são facilmente construídos e operados. Outra questão importante é

com relação ao efluente final, que tende a sair da unidade bastante clarificado, com

baixa concentração de matéria orgânica dissolvida e suspensa.

2.4 Efluentes líquidos domésticos na irrigação

Mesmo que a utilização de esgotos seja uma prática centenária, outrora pode

ser considerada um novo e importante conceito para alcance do desenvolvimento

sustentável. Verifica-se que a nível mundial, sistemas que se valem desta técnica

são controlados rigidamente por diretrizes, pois envolvem a saúde pública.

A institucionalização e regulamentação para o reúso de esgotos sanitários

pode ser observada em inúmeros países: África do Sul, Alemanha, Arábia Saudita,

Austrália, China, Israel, Japão, México, Peru, Tunísia, etc. Em outros, essa prática

ainda carece de regulamentação em função do controle sanitário e ambiental que se

deve adotar (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006). No Quadro 2 são apresentados

alguns exemplos de utilização dos esgotos sanitários nos Estados Unidos da

América (EUA).

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Quadro 2 - Exemplos da utilização de esgotos sanitários nos EUA

Ano Localidade Aplicação de água de reuso

1912-1985

Parque Golden Gate, São Francisco – Califórnia

Irrigação de gramados e abastecimento de lagos ornamentais.

1926 Parque Nacional Grand Canyon – Arizona

Descarga em sanitários, aspersão em gramados, água para resfriamento para aquecedores.

1929 Cidade de Pomona – Califórnia Irrigação de gramados e jardins.

1942 Cidade de Baltimore – Maryland Resfriamento de metais e em processos de aço na Companhia Siderúrgica Bethkehem.

1960 Cidade de Colorado Spring – Colorado

Irrigação de campos de golfe, parques, cemitérios e rodovias.

1961 Distrito de Irbine Ranch Water – Califórnia

Irrigação de jardins e descarga de sanitários em grandes edificações.

1962 Distrito de Country Sanitation de Los Angeles – Califórnia

Recarga de aquíferos usando bacias de inundação em Montebello Forebay.

1977 Cidade de São Petersburgo – Flórida

Irrigação de parques, campos de golfe, pátio de escolas, gramados residenciais e água de reposição em torres de resfriamento.

1985 Cidade de El Paso – Texas Recarga de aquíferos por injeção direta, no aquífero Hueco Bolson, e como água de resfriamento em usinas de geração de energia elétrica.

1987 Agência Nacional de Monterey de Controle de Poluição da água, Monterey – Califórnia

Irrigação de diversas hortaliças, incluindo alcachofra, aipo, brócolis, alface e couve-flor.

Fonte: Santos; Bastos; Aisse, (2006).

Conforme Santos, Bastos & Aisse (2006), as modalidades de reúso urbano e

ambiental envolvem uma ampla gama de aplicações. No Quadro 3, são

demonstrados exemplos da utilização de esgotos sanitários em várias regiões do

mundo.

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Quadro 3 - Exemplos da utilização de esgotos sanitários no mundo

Ano Localidade Aplicação de água de reuso

1890 Cidade do México – México Atualmente, cerca de 45 m3/s de esgotos sanitários,

combinados a 10 m3/s de águas pluviais, são utilizados em

80.000 ha, a 60 km da região metropolitana (Vale Mezquital), organizados em perímetros irrigados, abastecidos por um complexo sistema de canais e reservatórios.

1929 Calcutá – índia Praticamente, todo o esgoto público da cidade de Calcutá é utilizado em cerca de 4.400 ha de tanques de criação de peixes, a mais de 27 km ao leste da região metropolitana, alimentados por um complexo sistema de canais; algumas unidades produtivas são arrendadas pelo poder público, outras são propriedades privadas ou operam em sistema de cooperativas. A produtividade alcança 1 – 1,4 t/ha e responde por cerca de 10-20% do pescado comercializado na Grande Calcutá.

1962 La Soukra – Tunísia Irrigação com água de reúso para plantas cítricas e recarga de aquíferos para reduzir a intrusão de águas salinas na água subterrânea.

1968 Cidade de Windhoek – Namíbia

Sistema avançado de tratamento de esgoto para aumentar o abastecimento de água potável.

1969 Cidade de Wagga Wagga – Austrália

Irrigação de campos esportivos, gramados e cemitérios.

1977 Projeto Região Dan, Tel-Aviv – Israel

Recarga de águas subterrâneas por bacias; águas subterrâneas bombeadas são transferidas via sistema adutor com 100 km de extensão para irrigação irrestrita de culturas alimentares no sul de Israel.

1984

Governo Metropolitano de Tóquio – Japão

Projeto em Shinjuku, distrito de Tókio, incentiva reaproveitamento de água para descarga em vasos de dezenove altas edificações em áreas metropolitanas altamente congestionadas.

1989 Consórcio da Costa Brava, Girona – Espanha

Irrigação de campos de golfe.

Fonte: Santos; Bastos; Aisse, (2006).

As águas residuárias, ou seja, aquelas que são geradas em sistemas de

tratamento de esgotos apresentam um elevado potencial para irrigação. A

disposição de efluente de esgoto tratado pode servir como um pós-tratamento do

efluente, mediante sua passagem pelo sistema solo-planta, fornecendo nutrientes

que serão retidos por “este sistema”. Além do fornecimento de nutrientes ao sistema

solo-planta, organismos patogênicos remanescentes e alguns tipos de poluentes

também podem vir a serem retidos neste meio (BOUWER; CHANEY, 1974) apud

(SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Conforme Haruvy (1997) apud Duarte et al. (2008), quando utilizadas para

irrigação, as águas residuárias proporcionam a redução de custos com fertilizantes

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pois elas contém importantes nutrientes, sendo que o solo e a planta ainda agem

como biofiltros naturais.

Efluentes líquidos domésticos tratados são fonte de adubação natural, e se

utilizados para produção de alimentos podem ser um fator para alavancamento da

produção agrícola, em consequência disso, o mercado é novamente ativado, pois há

o retorno econômico (LEÓN; CAVALLINI, 1999) apud (DUARTE et al., 2008).

A utilização do efluente de esgoto tratado pode representar uma grande fonte

de energia para o meio ambiente e não mais um problema ambiental, pois o sistema

solo-planta poderá desempenhar a função de um reator biológico, e desta forma

fornecer nutrientes sem gerar passivos ambientais (PAGANINI, 1997) apud

(SANTOS et al., 2006).

No Brasil, esta prática não é muito difundida em função da falta de

informações técnico-científicas e estudos de longo prazo, mas em muitos outros

países, como é o caso da Austrália e Israel, sua utilização vem ocorrendo há vários

anos. Nestes locais, alguns estudos focaram-se na interação existente entre o

esgoto tratado e o solo através do monitoramento contínuo após sua aplicação,

revelando viabilidade e sustentabilidade na sua utilização, pois já se conhece os

impactos que ele pode provocar no solo (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Conforme Cavinatto e Paganini (2007), dispor efluentes e esgotos em

recursos hídricos ainda é bastante comum, e o lançamento destes no solo também é

uma alternativa que está sendo intensamente empregada. Se o lançamento do

efluente ocorrer de forma planejada e nas quantidades ideais, evita-se a sobrecarga

da matéria orgânica no ecossistema. No caso de boas condições ambientais no local

de lançamento, a matéria orgânica pode vir a ser degradada rapidamente

(CORAUCCI FILHO et al., 1999) apud (CAVINATTO; PAGANINI, 2007).

Considerando o atendimento aos padrões de qualidade exigidos aliados à

viabilidade do sistema, é interessante que a reciclagem de nutrientes mediante o

reúso de águas residuárias possa ser cada vez mais difundida e estudada, até

porque, os recursos hídricos devem ser cada vez mais protegidos (SANTOS;

BASTOS; AISSE, 2006).

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Diante disso, o reaproveitamento de esgotos tratados na agricultura,

principalmente com relação à irrigação do solo exige que sejam conhecidas as

características do efluente, pois elas são imprescindíveis para estudos relacionados

aos possíveis impactos no solo e recursos hídricos subterrâneos e superficiais. A

escolha do tipo de irrigação a ser utilizada é relevante, uma vez que existem vários

fatores que podem afetar na sua escolha, tais como custo, topografia do terreno,

eficiência do sistema, entre outros.

Considerando a importância das práticas de reúso, os efluentes líquidos

domésticos apresentam riqueza em nutrientes e matéria orgânica, o que torna seu

reúso uma prática viável, principalmente na agricultura. O tratamento de esgoto tem

função de contribuir com o Ciclo Hidrológico, pois ao final permite retorno da água ao

ambiente sem oferecer riscos. Após a saída da estação de tratamento, mesmo que o

efluente tratado não apresente qualidade para consumo humano, ele pode ser

reutilizado em situações que não exijam alto padrão de potabilidade (PIEDADE,

2004).

Dentro desse contexto, Piedade (2004) avaliou o desenvolvimento vegetativo

de espécies de gramas irrigadas com efluente oriundo de estação de tratamento de

esgoto doméstico, e constatou que o macronutriente nitrogênio, presente na água de

reúso foi importante para o bom desenvolvimento das espécies de gramas.

Os efeitos da reutilização de um efluente líquido doméstico tratado na

irrigação de uma espécie de pimentão foram avaliados por Duarte (2006), com o

objetivo de obter a partir da irrigação, frutos adequados para o consumo humano. Na

ocasião, também foi avaliado o efeito do nitrogênio fornecido pelo efluente e as

implicações no estado nutricional da planta. Com o estudo foi possível concluir que a

água residuária utilizada não alterou os teores dos macronutrientes no solo, nem tão

pouco provocou aumento da contaminação deste, sendo assim, se mostrou

adequado para irrigação da cultura.

Efluentes líquidos domésticos tratados foram aplicados por Santos et al.

(2006) na cultura do quiabo a fim de ser avaliado o desenvolvimento da planta e sua

produtividade. Para a irrigação da cultura, três diferentes tipos de efluentes foram

utilizados, sendo um oriundo de um reator UASB, o segundo de uma lagoa de

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polimento e o terceiro de um leito de brita. O tratamento irrigado com efluente do

UASB possibilitou bom desenvolvimento da planta em função do aporte de

nutrientes. Quanto ao efluente oriundo da lagoa de polimento, apresentou baixa

concentração de nitrogênio e fósforo, e tais características foram suficientes para

prejudicar a produtividade do quiabo fertirrigado. Já o tratamento com efluente do

leito de brita produziu plantas com maior comprimento e maior produtividade, sendo

assim, com os experimentos pode-se comprovar que a reutilização das águas

residuárias tratadas são importantes para a agricultura.

Capim Tifton 85 foi irrigado com esgoto doméstico tratado por Sousa (2009)

para que se pudesse avaliar principalmente, a possibilidade de utilização do efluente

tratado para fertirrigação e a qualidade e produtividade da forragem das plantas

sujeitas à irrigação com este efluente. A autora concluiu que não houveram riscos

quanto ao rendimento da cultura e que o efluente de esgoto tratado não apresentou

qualquer grau de restrição quanto à sua utilização.

Mojid, Wyseure & Biswas (2012) utilizaram águas residuárias para o cultivo de

trigo. A aplicação de nitrogênio no cultivar representou uma influência positiva sobre

o crescimento e atributos de produtividade e rendimento do trigo, pois causou

aumento na produção de biomassa e de grãos, assim como, a ausência deste

elemento fez com que a planta não evoluísse em termos de crescimento. Neste

mesmo trabalho verificou-se também que a ausência da aplicação de fósforo,

proporcionou efeitos negativos sobre a cultura, como a redução do crescimento e

produtividade.

Nascimento (2003), também utilizou água residuária tratada no cultivo de

mamona, e certa dose da aplicação apresentou boas respostas para o

desenvolvimento da planta.

Água de abastecimento e água residuária foram utilizadas para irrigação da

cultura do algodão herbáceo por Ferreira (2003), o qual notou que houve melhor

crescimento das plantas irrigadas com a água residuária do que as irrigadas com

água de abastecimento.

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Costa et al. (2009) constatou algo similar em seu estudo, ao comparar que

nos tratamentos onde o milho foi irrigado com água residuária, houve melhor

crescimento da cultura do que quando irrigado com água de abastecimento.

Tendo em vista os inúmeros estudos realizados, utilizar o lodo de esgoto ou a

água residuária como fertilizantes é uma estratégia ambientalmente adequada para

o aproveitamento deste resíduo ou efluente, pois a medida que as cidades vão

investindo mais no tratamento do esgoto doméstico, quantidades cada vez maiores

deste material são disponibilizadas com grande potencial agrícola, portanto,

aproveitar este insumo apresenta-se como uma técnica viável (COSTA et al., 2009).

A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo – SABESP, fez

da água de reúso um grande negócio. A empresa apostou no momento promissor

deste insumo a ponto estar diretamente focada em ampliar o fornecimento de água

de reúso para o mercado. Entre seu portfólio de clientes podem ser citados a

Prefeitura de São Paulo (que compra esta água para lavagens diversas), o Polo

Petroquímico de Capuava – empresa Quattor (com perspectiva de compra de 1000

L/s de água de reúso) e a empresa Santher (que utiliza a água residuária para

produção de papéis especiais de baixa gramatura, para revestimentos, laminação,

entre outros) (SABESP, 2009).

2.4.1 Fósforo e nitrogênio

O fósforo e o nitrogênio são fundamentais para o desenvolvimento de

microrganismos, plantas e animais, sendo conhecidos como nutrientes ou

bioestimulantes (METCALF; EDDY, 2003).

Segundo Santos, Bastos & Aisse (2006), a remoção de P e N é imprescindível

no caso de disposição de efluentes em recursos hídricos. Porém, quando os

efluentes líquidos são empregados na irrigação, o fósforo, por exemplo, pode

representar um elemento indispensável para o bom rendimento de culturas

(ABICHEQUER, 1995).

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O fósforo é um elemento essencial para o desenvolvimento de algas e outros

organismos biológicos. Tendo em vista a proliferação de algas nocivas nas águas

superficiais, existe um constante interesse em controlar a quantidade de compostos

de fósforo que entram nas águas superficiais através da descarga de efluentes

líquidos domésticos, industriais e do escoamento natural. Formas usuais de fósforo

são encontradas em soluções aquosas, incluindo o ortofosfato, polifosfato e fosfato

orgânico, os quais estão disponíveis para o metabolismo biológico sem

desagregação em formas mais simples (METCALF; EDDY, 2003).

Constituinte principal dos sólidos em suspensão e sólidos dissolvidos, o

fósforo tem origem natural (solo, matéria orgânica e seres vivos) e antropogênica

(despejos diversos, detergentes, fertilizantes e excrementos de animais), contudo,

não apresenta problemas de ordem sanitária em águas destinadas ao

abastecimento (VON SPERLING, 2005).

Metcalf & Eddy (2003) afirmam que o nitrogênio é um importante elemento na

síntese de proteínas, sendo que a quantidade deste nas águas serve para avaliar a

tratabilidade de um efluente por processo biológico. Presente em diferentes

ambientes encontra-se naturalmente no ar atmosférico em sua forma molecular (N2),

abrangendo aproximadamente 78% em volume, e ainda, na forma de amônia (NH3)

em poucas quantidades, sendo assim, constitui um importante reservatório natural

deste elemento (NUVOLARI, 2003).

Conforme Nuvolari (2003), através da fixação de nitrogênio molecular (N2),

bactérias e alguns tipos de algas conseguem transformar este elemento, permitindo

que ele fique disponível para os seres vivos em diferentes formas. Além de fixarem o

nitrogênio, os microrganismos absorvem-no em forma de amônia e nitrato,

imobilizando-os nas células. Em condições anóxicas, alguns conseguem oxidar a

matéria orgânica presente na molécula de nitrato, devolvendo o oxigênio à

atmosfera, ou seja, mediante o processo de desnitrificação. Além dos

microrganismos, animais e plantas também necessitam de N. Os animais absorvem-

no pelas proteínas vegetais ou animais, e restituem-no ao meio pelos dejetos,

posteriormente os agentes decompositores da matéria orgânica vão liberando

nitrogênio amoniacal para em seguida, através do processo de nitrificação serem

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transformados em nitritos e após nitratos, estando assim disponíveis novamente às

plantas e microrganismos (NUVOLARI, 2003).

Mesmo que o N seja um elemento indispensável para o crescimento de

organismos vivos e ser indicativo sobre o estágio de poluição de corpos d'água, na

forma de nitrato está associado a doenças como a meta-hemoglobinemia2, e na

forma de amônia livre é altamente tóxico para a fauna íctica (VON SPERLING,

2005).

2.4.2 Remoção de fósforo e nitrogênio por wetlands construídos

Os sistemas wetlands construídos, também denominados alagados

construídos, são sistemas com tecnologia simples, de baixo custo, manutenção e

operação para tratamento de águas residuárias ricas em matéria orgânica. São

meios de tratamento de efluentes que oferecem benefícios ao meio ambiente,

justamente por poderem ser integrados à parques e áreas recreacionais, de

harmonização paisagística, proporcionando efluentes de boa qualidade e com alto

potencial de aproveitamento na agricultura, ou ainda, para simplesmente serem

lançados em corpos receptores (MEIRA et al., 2001 apud MATOS et al., 2010).

Hammer (1992) apud Kadlec; Knight (1995) define wetlands expressamente

para substituição de habitats ou mitigação de zonas úmidas criadas, e wetlands

construídos como sistemas que são feitos para o tratamento da qualidade da água.

Para ele, wetlands são projetados ou construídos por quatro razões principais:

compensar e ajudar a compensar a taxa de conversão de zonas úmidas naturais

resultantes da agricultura e desenvolvimento urbano; melhorar a qualidade da água;

proporcionar controle de inundações e para serem usados para a produção de

comida e fibra. São inúmeros os detalhes que envolvem sua construção quando de

sua utilização para tratamento da qualidade da água, um deles refere-se ao tipo de

2Doença que geralmente ocorre através da intoxicação por nitrito. O ferro ferroso do sangue

(molécula de hemoglobina) oxida e se transforma em ferro férrico. Os sintomas são os mais variáveis possíveis: convulsões generalizadas, fraqueza, taquicardia, e à medida que as concentrações de meta-hemoglobina forem maiores no sangue, com mais emergência o paciente deverá ser tratado (MURINELLO et al., 2001).

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fluxo de escoamento do líquido no sistema, o qual pode ser através de fluxo

superficial ou subsuperficial.

Nos wetlands construídos atuam mecanismos biológicos, químicos e físicos

do sistema solo-planta, pelos quais o esgoto pós-tratamento adquire bons níveis de

remoção de DBO, nutrientes e até patógenos (SANTOS; BASTOS; AISSE, 2006).

Wendland & Chiarawatchal (2006) apud Ormonde (2012) mencionam que

além dos mecanismos acima citados, atuam ainda o solo, a planta, a água e o ar. O

princípio do tratamento consiste basicamente na atuação de um processo físico de

sedimentação e posterior filtração das partículas sólidas em suspensão, de um

processo químico, no qual a adsorção, aglutinação e a precipitação acabam

removendo os metais pesados e o fósforo, e em um processo biológico, no qual

atuam microrganismos capazes de decompor a matéria orgânica, de promover a

nitrificação nas zonas aeradas e de possibilitar a desnitrificação nas regiões

anaeróbias.

As espécies vegetais mais utilizadas em wetlands construídos são a Typha

angustifolia ou Typha latifolia (Taboa), Juncus sp. ou Juncus ingens (Junco), Iris

pseudocorus (Lírio dos pântanos), Carex sp. (Bunho), Eleocharis sp. (Taioba) e

Phragmites sp. ou Schoenoplectus validus (Caniço) (SILVA, 2007 apud Ormonde,

2012).

2.5 Legislações

Nos subitens deste capítulo, serão abordadas algumas legislações voltadas ao

Saneamento Básico, assim como, leis, resoluções, portarias e normas relacionadas

aos recursos hídricos, ao reúso das águas residuárias e seus usos previstos, à

utilização de esgoto ou produtos derivados em solo, entre outras particularidades.

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2.5.1 A legislação ambiental

No ano de 1981, através da Lei nº 6938 foi instituída a Política Nacional de

Meio Ambiente. Este marco na história brasileira objetiva a partir de então, a

preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental no país, a fim de

propiciar uma melhor qualidade de vida, e desta forma assegurar aos cidadãos e à

nação, proteção da dignidade da vida humana. A partir do desenvolvimento das

cidades, aumento da população entre outras condicionantes, houve com o passar do

tempo a necessidade da criação de uma política voltada às questões ligadas ao

tratamento de esgoto, recolhimento de resíduos sólidos, abastecimento de água e

manejo de águas pluviais (BRASIL, 1981).

Foram instituídas então no ano de 2005, diretrizes para os serviços públicos

de saneamento básico e a Política Nacional de Saneamento Básico através do

Projeto de Lei nº 5296/2005. No âmbito água, tais diretrizes foram direcionadas para

o reúso conforme pode ser verificado no Artigo 10, Inciso III, que aborda o incentivo

ao reúso da água, a reciclagem dos demais constituintes dos esgotos e a eficiência

energética que condicionem ao atendimento de requisitos básicos relacionados à

saúde pública e a proteção ambiental (BRASIL, 2005).

Dentro desse contexto, houve a necessidade de leis voltadas aos recursos

hídricos. A Lei nº 9433/1997 da Política Nacional de Recursos Hídricos (PNRH),

estabelece a partir de sua criação, a necessidade de assegurar para a atual e as

futuras gerações, necessária disponibilidade de água de boa qualidade, ou seja,

com padrão de qualidade relacionado ao seu uso (BRASIL, 1997).

A Portaria nº 2914 de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde (MS),

estabelece que compete aos responsáveis pelo abastecimento de água, o controle

de sua qualidade, assim como, cabe às diferentes instâncias do poder público, a

vigilância e fiscalização da qualidade da água para consumo humano. Esta portaria

também define que os órgãos ambientais são os responsáveis pelo monitoramento e

controle contínuo da qualidade das águas destinadas ao abastecimento público,

assim como dos recursos hídricos, pois estes podem ser separados em classes de

acordo com sua qualidade, e com isso há uma limitação para os usos da água

(BRASIL, 2011).

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A Resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), nº 396 de

03 de abril de 2008, dispõe sobre a classificação e as diretrizes ambientais para

enquadrar as águas subterrâneas. Segundo essa resolução, a proteção da

qualidade das águas subterrâneas deve ser promovida em função de que uma vez

contaminadas, é extremamente difícil recuperá-las ou remediá-las (BRASIL, 2008).

Alguns anos mais tarde, houve finalmente a instituição de legislações que

contemplassem também, os padrões de qualidade requeridos para lançamento de

efluentes. Os conselhos de meio ambiente, tanto a nível nacional como estadual,

começaram a estabelecer resoluções que pudessem contemplar esta área ainda

deficiente. Importantes resoluções podem ser citadas atualmente, sendo elas a

Resolução Nº 357/2005 do CONAMA, 430/2011 do CONAMA e a Resolução nº

128/2006 do CONSEMA (BRASIL, 2005).

A Resolução Nº 357 de 17 de março de 2005 do CONAMA e a Resolução Nº

430 de 13 de maio de 2011, dispõem sobre a classificação dos corpos de água,

assim como, diretrizes ambientais para o enquadramento dos recursos hídricos e

ainda estabelecem condições e padrões relacionados ao lançamento dos efluentes.

Por sua vez, a Resolução Nº 128 de 2006 do CONSEMA, fixa padrões para

que as fontes de emissão possam lançar os efluentes líquidos em recursos hídricos

superficiais. Ela aborda que há a necessidade de controlar os níveis de emissão de

poluentes nos mananciais de água de modo que a qualidade do meio ambiente, dos

recursos hídricos e a saúde da população sejam preservados. Para tanto, os

geradores de efluentes líquidos do estado do Rio Grande do Sul devem obedecer

aos padrões de emissão para recursos hídricos superficiais a fim de atenderem à

resolução supracitada (BRASIL, 2006).

Ainda dentro da legislação hídrica, a Resolução Nº 54 de 2005 do Conselho

Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), estabelece modalidades, critérios e

diretrizes para práticas voltadas ao reúso direto não potável de água no Brasil. Pois

as águas residuárias necessariamente não precisam ser lançadas em corpos

hídricos, mas podem ser reaproveitadas inúmeras vezes. Esta resolução remete

para a regulamentação complementar dos padrões de qualidade e códigos de

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práticas referentes aos reúsos, sendo eles, reúso para fins agrícolas e florestais,

para fins urbanos, ambientais, fins industriais e na aquicultura (BRASIL, 2005).

No entanto, além das legislações voltadas ao reúso da água resultante do

processo de tratamento de esgoto, destaca-se a NBR 13969/1997 da ABNT,

especificamente o item 5.6, que trata do reúso do esgoto tratado para fins que não

exijam alto padrão de potabilidade, mas que esteja em condições sanitariamente

seguras. Os usos previstos abrangem a irrigação de jardins, campos agrícolas e

pastagens, lavagem de pisos e veículos, descarga de sanitários, para manutenção

paisagística dos lagos e canais com água. Mesmo que imprescindível, esta norma

não estabelece níveis com relação aos teores de N e P na água residuária.

Com relação à aplicação de efluente de esgoto tratado no solo, a Resolução

CONAMA nº 375 de 29 de agosto de 2006, define concentrações de microrganismos

e diferentes substâncias inorgânicas no lodo de esgoto ou produto derivado, quando

aplicado para fins agronômicos, porém quanto à níveis mínimos dos teores de

fósforo e nitrogênio no efluente de esgoto tratado, não são definidos. Ainda é

relevante mencionar que em seu artigo 15º, restringe áreas e aptidões do solo no

que tange a aplicabilidade do lodo de esgoto ou produto derivado, não permitindo a

utilização destes em Áreas de Proteção Ambiental (APA), Áreas de Preservação

Permanente (APP), Áreas de Proteção de Mananciais (APM), áreas de captação de

água para abastecimento público, Zona de Transporte para fonte de águas minerais,

próximas à poços rasos ou residências (BRASIL, 2006).

Existe ainda a Resolução Nº 420 de 28 de dezembro de 2009, que dispõe

sobre critérios e valores orientadores de qualidade do solo quanto à presença de

substâncias químicas e estabelece diretrizes para o gerenciamento de áreas

contaminadas por tais substâncias em decorrência de atividades antrópicas. Em seu

artigo 15º, essa resolução coloca que as concentrações de substâncias químicas no

solo, as quais forem resultantes da aplicação ou disposição de resíduos e efluentes,

não poderão ter valores que ultrapassem os respectivos Valores de Prevenção (VPs)

ANEXO A. Nesta legislação verifica-se que o fósforo e nitrogênio não estão

presentes, portanto, não há limites definidos para tais substâncias (ANEXO B).

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Para Von Sperling (1998), as leis ambientais que regulamentam o lançamento

de efluentes líquidos e a qualidade da água são importantes meios para definir

estratégias capazes de controlar a poluição, porém, a complexidade de transferir

essas leis do papel para a realidade, faz com que sua implantação e execução

sejam dificultadas.

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3 METODOLOGIA

Nos subitens deste capítulo serão abordadas as metodologias e todo o

delineamento experimental referente à parte prática do estudo.

3.1 Empresa objeto do estudo

A Cooperativa de Distribuição de Energia Teutônia – CERTEL ENERGIA e a

Cooperativa Regional de Desenvolvimento Teutônia - CERTEL, empresas cenário

deste estudo, possuem em seus históricos, programas ambientais nas mais diversas

linhas de atuação desde 1985, o que as fazem se destacar e serem reconhecidas

cada vez mais por seus méritos ambientais, tornando-se referências no estado do

Rio Grande do Sul. O desenvolvimento de estudos e projetos desta alçada visam

estimular a conscientização, preservação e recuperação dos recursos naturais,

proporcionando melhorias na qualidade de vida de seus associados, colaboradores

e sociedade em geral, assim como desenvolver suas atividades em consonância

ambiental. Em função disto, as cooperativas apoiam a elaboração deste estudo.

Dentro dessa ótica, a cooperativa como um todo, optou por substituir seu

antigo sistema de tratamento de esgoto, anteriormente composto por fossa séptica e

sumidouro, por um sistema compacto para tratamento de esgotos domésticos que

pudesse atender os padrões de emissão requeridos pela legislação. A partir desse

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ponto, a empresa iniciou uma incessante busca por uma tecnologia capaz de

atender sua exigência, e que também pudesse ser mais acessível economicamente.

O grupo CERTEL optou então, pela instalação de um sistema de tratamento de

esgoto doméstico com gradeamento, reator UASB seguido de filtro anaeróbio (FAN)

e um clorador. Este novo sistema contribui para a melhoria da qualidade do efluente

líquido doméstico lançado para o pluvial, se comparado com o efluente

anteriormente lançado, e sua instalação ainda pode permitir o reúso do efluente

líquido após tratamento, basta adaptação do sistema na saída do pluvial para o

reúso.

Essa perspectiva de reaproveitamento de um efluente para um fim menos

nobre implica em redução de custos relacionados ao consumo de água potável e

permite que um efluente com maior carga de fósforo e nitrogênio deixe de ser

lançado em águas superficiais para poder ser aproveitado como nutriente em outro

ambiente que necessita destes compostos.

Com relação à estrutura da empresa, o escritório administrativo tem em seu

entorno, pátio com uma área de aproximadamente 500 m2 onde há presença da

gramínea da espécie Axonopus compressus, comumente chamada de grama

sempre-verde, o que demanda um consumo expressivo de água potável para

manutenção dos jardins. A partir do desenvolvimento de um protótipo de bancada

que tenha como base a irrigação da grama com o efluente líquido doméstico pré-

tratado gerado na própria empresa, espera-se conseguir ao final, um efluente com

menores teores de fósforo e nitrogênio.

3.1.1 Sistema de tratamento de efluentes líquidos domésticos adotado

A empresa conta com cerca de 240 colaboradores nas dependências do

escritório administrativo (matriz), especificamente nos blocos 1, 2, e 3, os quais são

contemplados com a coleta do efluente líquido doméstico oriundo dos sanitários,

sendo conduzidos para uma caixa de distribuição com encaminhamento via

tubulação até o sistema de tratamento preliminar, composto por gradeamento. Na

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Figura 2 pode ser visualizado o diagrama de blocos que contempla desde a geração

do efluente até a passagem pelo clorador e chegada ao pluvial.

Figura 2 - Diagrama de blocos contemplando os locais de geração de efluente e os processos de tratamento

Fonte: Da autora.

Para os blocos 1,2 e 3 há uma estação de tratamento de esgoto (ETE) que foi

dimensionada com base no número de funcionários abrangidos pelos prédios,

considerando-se um percentual de crescimento embasado na análise conjunta dos

setores de meio ambiente, patrimonial e recursos humanos, que consideraram os

percentuais de crescimento de colaboradores dos últimos dez anos.

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O projeto do sistema e a escolha do tratamento foram feitos por empresa

terceirizada com base na análise dos dados fornecidos pela contratante e focaram-

se na eficiência do tratamento, baixo custo, ausência de odores e pouca geração de

lodo. Consideraram ainda o espaço disponível para implantação, optando por um

sistema de tratamento compacto e eficiente, compreendido pelas etapas primária,

secundária e terciária. O sistema de tratamento de efluentes líquidos domésticos da

cooperativa apresenta como base para o tratamento secundário ou biológico, um

reator do tipo UASB, seguido de filtro anaeróbio (FAN) de fluxo ascendente. Para o

tratamento terciário, foi adotada uma unidade de desinfecção. O funcionamento do

sistema ocorre mediante fluxo contínuo. A instalação de todo o sistema respeitou o

projeto do fabricante (ANEXO C).

Como fase preliminar, tem-se uma unidade retentora de sólidos grosseiros,

composta por uma caixa de gradeamento com capacidade para quinhentos litros por

dia (500L/dia), fabricada em plástico reforçado com compósito de alta resistência

química e mecânica. Esta unidade do sistema é responsável pelo recebimento do

esgoto bruto, retenção dos sólidos suspensos, e encaminhamento do efluente via

tubulação ao reator anaeróbio.

O reator anaeróbio tem capacidade de tratamento estimada em oito mil litros

por dia (8.000L/dia), e assim como as demais unidades do sistema, é fabricada em

plástico reforçado com compósito de alta resistência química e mecânica. A Figura 3

apresenta o esquema do reator da cooperativa.

Figura 3 - Reator anaeróbio com manta de lodo

Fonte: Adaptado de UREDO Ltda. Manual de Instalação – Equipamento Enterrado (ETEC 8.0) (2012).

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Inicialmente, o efluente líquido doméstico provindo do gradeamento, entra no

reator anaeróbio por uma tubulação de Policloreto de Vinila (PVC) de 100 mm de

diâmetro, e, mediante a degradação da matéria orgânica através de microrganismos,

gera menor carga orgânica, gases, especialmente gás metano e sólidos

sedimentáveis como lodo estabilizado. O reator UASB é composto por um separador

trifásico (sólido, líquido e gasoso), que degrada a matéria orgânica dissolvida. Os

sólidos suspensos que acabaram não sendo removidos no reator, saem com o

efluente líquido via tubulação até a próxima etapa de tratamento.

A inspeção e limpeza do reator UASB e do FAN, são feitas de acordo com o

manual do fabricante, o qual especifica os procedimentos:

O tubo de inspeção e limpeza (TIL) de número 2 é destinado para a inserção

da mangueira de um caminhão esgota fossa até o fundo do reator, e esta não

pode tampar a tubulação de entrada do reator. Após, deve-se subir a

mangueira do caminhão até 50 cm;

Deve ser verificado se o TIL nº 1 do reator está aberto e após deve-se ligar a

sucção do caminhão para dar início à retirada do lodo;

Salienta-se que nunca deve-se esgotar o reator por completo, sempre deve-

se deixar o sistema com um pouco de lodo, retirando somente cerca de dois

mil e quinhentos litros (2.500 L) do tanque, pois o lodo remanescente é

fundamental para a continuidade da remoção da matéria orgânica e

manutenção da eficiência do reator.

Após a saída do reator, o efluente líquido entra via tubulação na extremidade

interior do FAN, e de forma ascendente o efluente passa por camadas de meios

filtrantes. Parte da carga orgânica e dos sólidos suspensos ainda presentes, vão

sendo retidos nesta fase. O FAN é composto por camadas de meios filtrantes, sendo

que o recheio escolhido para preenchimento do filtro foram anéis de plásticos de

conduítes elétricos de diferentes tamanhos. Os primeiros 10 cm (fundo falso) são

preenchidos com anel de plástico de 4 cm, a fim de evitar entupimentos, e os 10 cm

seguintes são preenchidos com anéis de plástico de 2,5 cm. Os anéis de conduítes

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plásticos propiciam maior área para adesão dos microrganismos, e por isso são

comumente utilizados. Na Figura 4 pode ser visualizado o esquema do filtro

anaeróbio de fluxo ascendente utilizado na cooperativa.

Figura 4 - Filtro anaeróbio de fluxo ascendente

Fonte: Adaptado de UREDO Ltda. Manual de Instalação – Equipamento Enterrado (ETEC 8.0) (2012).

Após a passagem pelo FAN, o efluente líquido segue para a unidade de

desinfecção. Esta, também é fabricada em plástico reforçado com compósito de alta

resistência química e mecânica, com capacidade para mil litros por dia (1.000 L/dia).

O efluente entra na unidade via tubulação de PVC de 100 mm de diâmetro, e

mediante a inserção de pastilhas de cloro de 200 g (compostas por Ácido Tricloro

Isocianúrico) na câmara de contato, o efluente escoa e entra em contato com a

pastilha, sendo parcialmente desinfectado, ou seja, grande parte dos organismos

patogênicos são eliminados. Após a cloração da água residuária, o efluente é

lançado para o pluvial.

3.1.2 Características locais

Os experimentos foram desenvolvidos entre os meses de junho a outubro de

2013, no município de Teutônia, no Vale do Taquari, estado do Rio Grande do Sul.

Teutônia localiza-se entre as coordenadas geográficas 51°47’57” W de longitude e

29°26’36” S de latitude (PREFEITURA MUNICIPAL DE TEUTÔNIA, 2013), e de

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acordo com o Projeto Radam Brasil (1986), o município possui altitudes que variam

de 250 a 700 metros acima do nível do mar.

O clima predominante, segundo Kopen, é do tipo Cfa, portanto, é subtropical

(MORENO,1961; MALUF, 2000) apud (MARKUS; FREITAS, 2011). Conforme Streck

et al. (2008), o solo da região abrangida pelo município é classificado como

Chernossolo Háplico Órtico típico. A precipitação pluviométrica média mensal

registrada pela Estação Meteorológica Davis Vantage Pro 2, do CIH da UNIVATES

para o Vale do Taquari, com base em uma média do período 2003 a 2012, é

apresentada na Tabela 1.

Tabela 1: Precipitação pluviométrica média mensal do Vale do Taquari de 2003 a

2012

Mês Quantidade (mm)

Janeiro 145,3

Fevereiro 145,0

Março 125,5

Abril 109,5

Maio 121,8

Junho 110,1

Julho 174,3

Agosto 145,6

Setembro 182,7

Outubro 180,2

Novembro 131,9

Dezembro 143,7

Média anual do período 1715,5

Fonte: Centro de Informações Hidrometeorológicas da UNIVATES (CIH), (2013).

Os maiores índices de precipitações foram registrados entre os meses de

julho a outubro, enquanto que nos meses com menores índices de precipitações

(janeiro a junho e ainda incluindo os meses de novembro e dezembro), puderam ser

verificadas as menores taxas de precipitações pluviométricas. Nos períodos de

estiagens, justifica-se a irrigação em função das altas temperaturas e chuvas

escassas, o que não quer dizer, que nos meses mais frios e chuvosos não se possa

fazer uso do esgoto pré-tratado como fonte de insumo para irrigação, o que pode

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evitar o desperdício de água nobre para um fim não potável e possibilitar o

fornecimento constante de nutrientes para a vegetação.

3.2 Elaboração e montagem dos protótipos de bancada (PBS)

Para a elaboração e desenvolvimento dos protótipos de bancada (PBS)

buscou-se reproduzir ao máximo as características naturais do meio em questão,

uma vez que diferenças significativas entre o experimento e o ambiente real podem

propiciar o surgimento de algum microrganismo ou condição desfavorável, o que

poderia influenciar nos resultados finais do projeto. Em virtude disso, foi

desenvolvido um protótipo de bancada teste, para que fosse verificada a viabilidade

do projeto quanto à sua funcionalidade.

Com relação à estrutura experimental, todos os procedimentos relacionados

aos testes com os protótipos de bancada (PBS) foram conduzidos no interior de uma

estufa agrícola medindo 20 metros de largura (dois vãos de 10 metros) por 20

metros de comprimento, com pé-direito de 3,5 metros. A estrutura metálica suporte

da estufa foi fabricada com chapa de aço galvanizada em banho de zinco fundente.

Cada coluna de sustentação apresenta um perfil de 90x60x25 mm, as treliças

metálicas entre colunas apresentam perfil em “U” de chapa 2,0 mm de espessura e 6

metros de comprimento, utilizadas somente nos dois vãos da extremidade e frontais.

Tanto para a cobertura quanto para as paredes internas, são utilizadas tela

sombrence 50% (sombrite). Na Figura 5 pode ser visualizada a estufa agrícola que

abrigou os PBS durante o delineamento experimental.

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Figura 5 - Estufa agrícola que abrigou os PBS no período experimental

Fonte: Da autora.

Ressalta-se que a fase de irrigação foi realizada em condições controladas,

ou seja, um termo-higrômetro portátil foi instalado no interior da estufa, próximo aos

PBS, para medir diariamente a temperatura e a umidade no interior da estufa.

A temperatura média no interior da estufa permaneceu, na maioria dos dias,

entre 18 a 24 ºC enquanto que a umidade do ar manteve-se, por quase todos os

dias entre 50 e 75%. Tendo em vista que no interior da estufa, foi instalado um

sistema de irrigação por microaspersão, automático e programável, os protótipos

foram colocados em uma das laterais da estufa, e os microaspersores localizados

nesta extremidade foram desligados. Ainda foi montada uma estrutura em arco, com

lona plástica transparente para impedir que os aerossóis oriundos dos outros

microaspersores não atingissem os PBS (FIGURA 6).

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Figura 6 - Estrutura montada no interior da estufa para acondicionamento dos PBS

durante a fase experimental

Fonte: Da autora.

Para o delineamento experimental foram desenvolvidos nove protótipos de

bancada, portanto dois tratamentos em triplicata e três testemunhos. Os tratamentos

utilizados foram caracterizados como T1 e T2 com suas respectivas subdivisões. Os

protótipos de bancada T1 foram nomeados T1A, T1B e T1C, os quais foram irrigados

com 100% de efluente líquido doméstico pré-tratado enquanto que os protótipos de

bancada referentes ao T2, nomeados T2A, T2B e T2C foram irrigados com 50% de

água da chuva mais 50% de efluente líquido doméstico pré-tratado, ou seja, estes

três últimos tratamentos corresponderam a uma diluição do efluente em água da

chuva, enquanto que os testemunhos (brancos), nomeados Testemunho 1,

Testemunho 2 e Testemunho 3 foram irrigados integralmente com água da chuva.

Como foi desenvolvido um protótipo de bancada teste antes do início dos

experimentos, foi possível descrever sucintamente os detalhes que envolveram a

elaboração e montagem dos protótipos de bancada para este projeto. Cada protótipo

de bancada foi montado em um recipiente branco de polietileno (bandeja), com

formato trapezoidal, adquiridos em comércio local. As dimensões frontais destes

recipientes eram de aproximadamente 27 cm de comprimento da base inferior e 33,5

cm de comprimento da base superior, enquanto que nas laterais, a base inferior

apresentou 43 cm e a base superior 54 cm. A profundidade (altura) do recipiente era

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de 13,5 cm. Sendo que em uma das extremidade foi fixada uma torneira, para coleta

do efluente. Na Figura 7 pode ser visualizado o recipiente utilizado para desenvolver

a base do protótipo de bancada teste.

Figura 7 - Recipiente de polietileno utilizado para base da estrutura do PB teste

Fonte: Da autora.

No interior de cada um dos nove recipientes utilizados como estrutura base de

cada protótipo de bancada (PB), foi colocado um escorredor de louças de polietileno,

vazado, com formato similar a um trapézio, previamente adquirido no mercado local.

As dimensões frontais aproximadas destes objetos eram de 25,5 cm de base inferior

e 27,5 cm de base superior, enquanto que para as laterais, 36,5 cm de base inferior

e 38,5 cm de base superior. A profundidade (altura) deste objeto era de cerca de 7

cm, mais 1,3 cm dos pés de sustentação. Para que esses objetos pudessem ser

utilizados nos protótipos, foi necessária a retirada de estruturas internas (dentes),

pois elas poderiam dificultar o acondicionamento da leiva no interior do objeto.

Conforme testes realizados, a retirada destes dentes foi possível através da

utilização de uma faca pré-aquecida em chama.

O objeto (escorredor de louças) foi então deslocado para a extremidade

esquerda da estrutura base, de maneira a proporcionar um maior espaçamento na

lateral direita, e com isso, possibilitou a instalação de torneiras nos protótipos, pelas

quais o efluente final, após passagem pelo sistema solo-planta, pode ser extraído.

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Tendo em vista que, a distância entre o fundo do escorredor para o fundo da

bandeja era de apenas 1,3 cm conforme relatado anteriormente, foram colocados

quatro calços retangulares de granito no fundo das bandejas, permitindo assim que

os escorredores pudessem ser acomodados sobre estes, proporcionando então uma

maior distância entre os objetos. Escolheu-se o granito tendo em vista que é um

material inerte se comparado com outros, como a madeira por exemplo. Observou-

se ainda que os calços foram lavados com água de abastecimento e posteriormente

com água deionizada, a fim de que impurezas não interferissem nos resultados das

análises, pois os calços ficaram no mesmo ambiente do efluente lixiviado pela

sistema solo-planta. As dimensões aproximadas de cada calço eram de 10 cm de

comprimento, 5 cm de largura e espessura de 2 cm.

O interior do escorredor de louça de cada PB foi revestido com tela sombrite,

sobre a qual foi disposta a leiva em grama coletada na área de estudo (pátio da

empresa). A leiva foi revestida, ao entorno, com saco de polietileno preto maleável

com vistas a restringir a entrada de luz solar e qualquer outro fator interferente nas

extremidades laterais da leiva, permitindo assim, características mais próximas do

habitat natural da gramínea. Na Figura 8, pode ser visualizado o escorredor de

louças utilizado como estrutura suporte para a leiva, já na Figura 9, visualiza-se o

objeto no interior do recipiente branco de polietileno de alta densidade, utilizado

como estrutura base para o PB.

Figura 8 - Objeto para acondicionamento da leiva no PB teste

Fonte: Da autora.

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Figura 9 - Objeto no interior da estrutura de base do PB teste

Fonte: Da autora.

Na Figura 10, pode ser visualizado ainda, o protótipo de bancada teste,

confeccionado para avaliação da funcionalidade operacional.

Figura 10 - PB teste

Fonte: Da autora.

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Na Figura 10 percebe-se que fitas foram utilizadas para separar a leiva em

quatro quadrantes iguais visando uma irrigação uniforme em cada área de leiva.

Durante o delineamento experimental, tais fitas acabaram sendo removidas e

prosseguiu-se com a irrigação da quantidade total de líquido em toda a área de leiva

de uma única vez.

3.2.1 Coleta das leivas para montagem dos protótipos de bancada (PBS)

As leivas utilizadas para elaboração dos PBS foram coletadas do pátio da

empresa. Quanto às dimensões, possuíam tamanho compatível com a estrutura do

objeto nas quais foram acondicionadas, portanto, 25 cm de largura por 36 cm de

comprimento, sendo que a profundidade de grama e de solo coletados para

relocação no protótipo constituíram um perfil com cerca de dez centímetros (10 cm)

de altura.

Tendo em vista que a área de pátio da empresa apresenta glebas uniformes

da espécie Axonopus compressus, o critério utilizado para a escolha das glebas foi

através de uma análise visual de cada parcela a ser coletada.

Através da análise visual prévia, buscou-se coletar porções de leiva com

aspecto saudável, ausentes de qualquer associação de vegetação que não fosse a

espécie em questão, que estivessem livres de pragas ou doenças e qualquer

danificação nos tecidos vegetais.

Após a escolha da parcela desejada, a área a ser coletada foi medida com o

auxílio de uma fita métrica, e palitos foram fixados verticalmente no solo para

servirem de demarcação dos vértices do retângulo. Com o auxílio de um enxadão e

uma pá de corte, o solo foi cortado verticalmente nas laterais e cada leiva foi retirada

do solo e acondicionada sobre a tela sombrite do objeto colocado no interior da

estrutura de base de cada um dos PBS.

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3.2.2 Fase de adaptação das leivas para recebimento do efluente pré-tratado

Previamente à fase de irrigação das leivas, os três protótipos de bancada que

receberam 50% de efluente líquido doméstico pré-tratado mais 50% de água da

chuva e os três que receberam 100% de efluente líquido doméstico pré-tratado,

passaram por uma fase de adaptação. Os protótipos de bancada correspondentes

aos tratamentos T1A, T1B e T1C receberam a cada semana, no período de um mês,

incrementos no percentual de irrigação com o efluente líquido, de maneira que a

leiva pudesse se adaptar aos poucos ao novo ambiente imposto à ela. Para os

protótipos de bancada correspondentes aos tratamentos T2A, T2B e T2C, receberam

durante duas semanas incremento no percentual de irrigação. Ambos tratamentos

foram adaptados e aptos para irrigação a partir da quinta semana, ou seja, a partir

do primeiro mês subsequente. Na Tabela 2 pode ser visualizada a fase de

adaptação pelos quais foram submetidos todos os tratamentos.

Tabela 2 - Diluições para irrigação nas fases de adaptação dos PBS

Período de adaptação Tratamentos T1A, T1B e T1C Tratamentos T2A, T2B e T2C

1º Semana de julho 25% efluente + 75% água pluvial 100% água pluvial

2º Semana de julho 50% efluente + 50% água pluvial 100% água pluvial

3º Semana de julho 75% efluente + 25% água pluvial 25% efluente + 75% água pluvial

4º Semana de julho 100% efluente 50% efluente + 50% água pluvial

1º dia de agosto Início da contagem para irrigação Início da contagem para irrigação

Fonte: Da autora.

O volume total de líquido aplicado por dia nos diferentes tratamentos serão

especificados no próximo capítulo.

3.3 Manejo e sistema de irrigação

Os efluentes utilizados para a irrigação dos tratamentos foram o efluente

líquido doméstico pré-tratado e a água da chuva conforme citado anteriormente.

Tanto para a fase adaptativa quanto para a fase de delineamento experimental, a

leiva foi irrigada conforme necessidade hídrica calculada para a cultura, e conforme

a capacidade de armazenamento do PB, ou seja, do recipiente em que foi

armazenado o lixiviado oriundo da irrigação.

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Para estipular a necessidade hídrica da espécie Axonopus compressus,

determinou-se a evapotranspiração real (Etm) através da equação utilizada por Allen

et al. (2000) no documento denominado FAO Irrigation and Drainage Paper Nº 56 –

Crop Irrigation:

Etm = Et0 x Kc (1)

Onde:

Et0 é a evapotranspiração de referência;

Kc é o coeficiente da cultura.

Para o cálculo da evapotranspiração de referência, foram utilizados os dados

de evapotranspiração média dos meses de inverno e primavera (julho, agosto,

setembro e outubro de 2012), fornecidos pelo Centro de Informações

Hidrometeorológicas (CIH) do Centro Universitário UNIVATES. Para cada um dos

meses anteriormente citados foram realizadas 48 leituras diárias, com intervalos de

trinta minutos, portanto, a cada meia hora a estação meteorológica armazenava a

leitura realizada pelo equipamento. Após a coleta dos dados foi realizada a média

mensal de evapotranspiração com base nos dados diários. Em seguida, calculou-se

a média para o período com base nos valores mensais, obtendo-se a

evapotranspiração de referência média. O valor de evapotranspiração de referência

média (Et0) calculado para os meses supracitados foi de 0,04 mm/dia.

Para o coeficiente da cultura, adotou-se o valor de Kc de 0,95 conforme

recomendado pelo FAO Irrigation and Drainage Paper Nº 56 – Crop Irrigation, de

Allen et al. (2000). Para estimativa da necessidade hídrica mínima da cultura em

questão, calculou-se posteriormente a evapotranspiração real:

Etm = Et0 x Kc (1)

Etm = 0,04 mm/dia x 0,95 (2)

Etm = 0,038 mm/dia (3)

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Observa-se que 0,038 mm equivalem a 0,038 L/m2. Tendo leivas com área de

900 cm2, tem-se 0,09 m2. Considerando essa última área, cada leiva deveria ser

irrigada, com no mínimo 0,0034 L, portanto 3,4 mL de efluente.

Tendo em vista que a evapotranspiração real foi estimada, cada leiva de 900

cm2 recebeu mais que 3,4 mL de líquido diariamente para repor a perda de água por

evapotranspiração. Optou-se por irrigar cada protótipo diariamente com 500 mL.

O efluente líquido doméstico pré-tratado foi coletado ao final do sistema de

tratamento de esgoto da empresa, mais precisamente na saída para o pluvial. A

água da chuva foi captada a partir de calhas coletoras instaladas nos telhados da

estufa agrícola do viveiro de mudas da cooperativa, sendo armazenada

posteriormente em um reservatório.

A rega da leiva foi realizada manualmente, e como método de irrigação para

os protótipos, utilizou-se a aspersão através de um recipiente de transbordo com

capacidade para 2 L, com bocal de quatro centímetros (4 cm) de diâmetro, composto

por furos com tamanhos aproximados a 2,5 mm de diâmetro. Durante a irrigação de

cada PB colocou-se uma barreira de plástico para evitar que qualquer gota do

efluente caísse diretamente no fundo da bandeja utilizada para captar o lixiviado.

O efluente pré-tratado utilizado para irrigar os tratamentos T1A, T1B e T1C foi

coletado com um copo plástico de medida na saída para o pluvial, posteriormente foi

transferido para uma bombona com tampa, com capacidade para 25 L. Portanto,

houve-se a necessidade de utilização de duas bombonas com capacidade de 25 L

cada, para acondicionar 50 L de efluente, sendo que, quando uma das bombonas

com efluente foi esvaziada, houve uma nova coleta de efluente, a fim de que a

quantidade ainda necessária para o término dos experimentos fosse suficiente.

Quando coletado, o efluente permaneceu reservado por um dia, para que os sólidos

suspensos ainda presentes pudessem decantar. Após este procedimento, o efluente

foi distribuído em parcelas similares, em outros dois recipientes de polietileno de alta

densidade com capacidade máxima para 25 L, os quais tinham profundidade

máxima de 20 cm de altura. Após a transferência, os recipientes foram deixados pelo

período de um dia sob o sol. A penetração da luz solar pela lâmina d’água permitiu a

evaporação do cloro residual presente no efluente pré-tratado, uma vez que

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elevadas quantidades dessa substância no líquido, poderiam ter ocasionado a

queima da leiva, e consequentemente, perda das amostras vegetais.

Encerrado o prazo, os recipientes foram retirados do sol, colocados em local

coberto e com o uso de provetas graduadas, foram coletados os volumes suficientes

para irrigar os PBS. A quantidade foi transferida para o recipiente de transbordo, a

fim de que se pudesse iniciar a rega. Cada PB foi irrigado inicialmente com 500 mL

de efluente líquido por dia, durante 31 dias consecutivos, totalizando cerca de 15,5 L

para cada protótipo, durante o período mencionado. Considerando que houveram

três tratamentos (T1A, T1B e T1C) foram necessários no mínimo 46,5 L de efluente

líquido doméstico pré-tratado para a irrigação destes tratamentos.

A água da chuva utilizada para irrigar o testemunho e os tratamentos T2A, T2B

e T2C foi acondicionada em bombona plástica de 25 L, sendo que quando houve a

necessidade de abastecimento, pode ser realizada a qualquer momento, uma vez

que não havia necessidade de submetê-la à decantação. A água da chuva foi

captada de um reservatório. Para os tratamentos irrigados com água da chuva mais

esgoto pré-tratado, utilizou-se proveta graduada para transferir o volume de efluente

para o recipiente de transbordo, e com outra proveta graduada foi transferido para o

mesmo recipiente, o volume restante, correspondente à água da chuva.

O líquido presente no recipiente de transbordo foi homogeneizado e utilizado

para regar os tratamentos correspondentes. Neste experimento, cada PB foi irrigado

diariamente com uma mistura contendo 250 mL de água da chuva mais 250 mL de

efluente líquido doméstico pré-tratado, totalizando 500 mL de líquido para cada

protótipo de bancada (PB). Portanto, foram necessários 7,75 L de água da chuva

mais 7,75 L de efluente líquido doméstico pré-tratado para a rega de um tratamento

no período de 31 dias. Então foram necessários 23,25 L de água pluvial + 23,25 L de

efluente líquido para irrigar os três tratamentos durante o período de 31 dias. Os

Testemunhos 1, 2 e 3, foram irrigados diariamente com 500 mL de água da chuva,

portanto, para o período de 31 dias, também foram necessários 46,5 L desse líquido.

Após abastecido, o recipiente de transbordo utilizado para a irrigação de cada

leiva dos PBS foi inclinado até que o líquido de seu interior vertesse completamente

pelos orifícios do bocal. Quando finalizada a irrigação, esse recipiente foi novamente

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abastecido com o volume de efluente líquido necessário para irrigar o próximo PB, e

assim, sucessivamente até a finalização da irrigação para todos os PBS. Houve um

recipiente de transbordo para os tratamentos T1A, T1B e T1C, outro para os

tratamentos T2A, T2B e T2C e um terceiro para os três testemunhos.

Tanto os seis tratamentos como os três testemunhos foram irrigados da forma

anteriormente descrita, sendo que adotou-se essa metodologia para que toda a

extensão da leiva recebesse mesmo volume em uma determinada área quadrada.

As leivas foram irrigadas todos os dias, pelo período de 31 dias. Após término

deste período, ou seja, do 32º ao 36º dia, procedeu-se da seguinte maneira: A água

residual lixiviada por 31 dias, de cada sistema solo-planta de cada um dos nove PBS,

foi retirada. Após esvaziamento de cada um dos recipientes, foi coletada uma

amostra de entrada, ou seja, antes da irrigação foi realizada uma amostragem com

os três tipos de efluentes de entrada. Portanto, uma amostra de entrada para os PBS

referente aos tratamentos T1A, T1B e T1C, uma amostra de entrada referente aos

tratamentos T2A, T2B e T2C e uma terceira amostra de entrada referente os

testemunhos 1, 2 e 3. Posteriormente procedeu-se com a irrigação conforme

descrito anteriormente, no entanto, cada protótipo foi irrigado com 1 L de líquido, ao

invés de 500 mL. Este incremento de meio litro de líquido para cada PB, durante a

fase de rega e amostragem (32º ao 36º dia), foi realizado para que se obtivesse a

quantidade mínima de 1 L de líquido lixiviado para cada PB, de modo a garantir a

quantidade necessária à realização dos ensaios físico-químicos.

Após a irrigação dos nove protótipos, foram coletadas três amostras

compostas de saída. Dos tratamentos irrigados com 100% de efluente (T1A, T1B e

T1C) coletou-se o lixiviado oriundo dos três PBS para um único recipiente,

homogeneizou-se a amostra e esta foi passada para um recipiente propício. Com os

tratamentos irrigados com 50% de efluente líquido doméstico + 50% de água da

chuva (T2A, T2B e T2C) também coletou-se o lixiviado oriundo dos três PBS para um

único recipiente, homogeneizou-se a amostra e esta também foi acondicionada em

recipiente. Com os testemunhos 1, 2 e 3, irrigados somente com a água da chuva,

também coletou-se o lixiviado oriundo dos três PBS para um único recipiente,

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homogeneizou-se a amostra e acondicionou-se em frasco ideal para posterior envio

para análise.

É interessante mencionar que na lateral direita, entre a parede da bandeja e a

torneira, foi fixada tela sombrite de aproximadamente 4 cm de diâmetro, que serviu

de filtro para retenção de partículas sólidas em suspensão presentes no efluente

final.

À medida que foi realizada a irrigação, o líquido escoava pelo tecido vegetal

da gramínea e infiltrava pelo solo, ficando retido no fundo do recipiente (PB). Após o

período de irrigação, a bandeja contendo o líquido foi inclinada manualmente em

aproximadamente 30º. O líquido escoou para a extremidade direita do recipiente,

onde estava instalada a torneira, de maneira que o efluente pode ser vertido para

outro recipiente, para acondicionar as amostras compostas, em seguida, as

amostras foram vertidas para os frascos vítreos cedidos pelo laboratório responsável

pelas análises.

Do 37º ao 45º dia, todos os protótipos apenas continuaram a serem irrigados

conforme primeiramente descrito (500 mL/dia por PB). No 46º dia coletou-se e

preparou-se uma amostra de tecido vegetal de cada PB, as quais foram remetidas

para análises de absorção de P e N. Portanto, nove amostras de tecido vegetal

foram coletadas e pré-preparadas para envio ao laboratório responsável pelas

análises de absorção de fósforo e nitrogênio nos tecidos vegetais.

3.4 Análises de absorção de fósforo e nitrogênio em Axonopus compressus

Uma das melhores formas de avaliar a disponibilidade de nutrientes em solos

é através da absorção pelas plantas. Análises de absorção de nutrientes por tecidos

vegetais são extremamente válidas em estudos de monitoramento ambiental,

justamente pelo fato de que as plantas são consideradas o elo fundamental nas

cadeias alimentares de animais superiores (TEDESCO et al.,1995).

Para avaliação de absorção de fósforo e nitrogênio pelos tecidos vegetais,

amostras da espécie Axonopus compressus foram analisadas. Nos próximos

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capítulos são descritos os procedimentos padrões adotados para quantificação dos

teores destes nutrientes nas plantas da espécie em questão.

3.4.1 Coleta e pré-preparo das amostras de grama

A coleta das amostras de gramínea da espécie Axonopus compressus foi

realizada conforme as recomendações do Manual de Adubação e de Calagem de

2004 para os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina, coordenado por

Wiethölter (2004), da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo – Núcleo Regional

Sul.

A amostragem foi realizada no mês de setembro, após o 45º dia de irrigação,

sendo portanto, coletadas no 46º dia uma amostra de cada PB conforme já descrito

neste trabalho.

A coleta das folhas da espécie Axonopus compressus foi realizada através de

aparas de corte com uma tesoura. Foram coletadas 20 g de material de cada

protótipo. Somente folhas foram analisadas, pois raízes e caule poderiam apresentar

diferentes teores de nutrientes. Conforme estipula o manual de adubação e calagem

de 2004, foram selecionadas folhas inteiras ausentes de qualquer sintoma de

deficiência nutricional e folhas sem doenças, que não estivessem danificadas por

insetos ou outros agentes.

Conforme estabelece o Manual Técnico para Análises de Solo, Plantas e

Outros materiais, elaborado por Tedesco et al. (1995), as amostras de tecido vegetal

foram colocadas em sacos de papel previamente identificados, sendo levadas até o

laboratório de águas e efluentes do curso de Engenharia Ambiental do Centro

Universitário UNIVATES, para serem lavadas com água de abastecimento e em

seguida, com água destilada. Após lavagem foram colocadas em cápsulas de

porcelana identificadas conforme amostra e foram postas em uma estufa com

temperatura por volta dos 70ºC, durante 48 horas. Após, foram retiradas da estufa e

moídas em moinho de facas do tipo Willey, localizado no laboratório do Curso de

Farmácia, no qual foi utilizada a peneira “mesh 10”, ou seja, uma peneira com

abertura de malha de 1,7 mm de diâmetro. Após moída cada amostra do tecido

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vegetal, o moinho foi limpo com pincel e a seguinte amostra foi colocada no moinho,

e assim sucessivamente até todas as amostras serem moídas.

As amostras foram acondicionadas em sacos de papel devidamente

identificados e enviadas para o Laboratório de Análise de Solo, Adubos, Plantas e

outros materiais da Universidade de Passo Fundo.

3.4.2 Procedimentos experimentais

Os experimentos foram conduzidos por laboratório terceirizado, e a

metodologia adotada permitiu a quantificação dos teores destes macronutrientes de

uma única vez, mediante metodologia descrita por Tedesco et al. (1995).

Primeiramente 0,2 g das amostras foram colocadas em tubos de ensaio de 25

x 200 mm, em vidro Pyrex. Conforme recomenda o manual, os tubos deveriam

possuir marcações nas capacidades de 20 e 50 mL. Foi adicionado 1 mL de

Peróxido de Hidrogênio (H2O2) e posteriormente 2 mL de Ácido Sulfúrico (H2SO4) no

interior dos vidros de Pyrex. Deixou-se o material digerindo até atingir 180ºC. Entre

15 e 30 minutos após, uma fumaça escura que até o momento saía do Pyrex, não

mais saiu do recipiente, então elevou-se a temperatura para a faixa de 350 a 375ºC

durante uma hora, para que a digestão pudesse ser completa. Durante essa reação

os compostos orgânicos oxidaram parcialmente e com isso, não houve formação de

espuma, o que é importante uma vez que ela pode causar a perda de material. Em

seguida, após a amostra esfriar, adicionou-se água destilada até completar o volume

de 50 mL. A diluição no próprio tubo tornou o procedimento mais fácil.

Seguiu-se com a homogeneização da mistura mediante agitação manual da

amostra no interior do tubo. Deixou-se a amostra decantando, e de seis a doze

horas após retirou-se a alíquota de 20 mL do extrato para a determinação do teor de

nitrogênio e 1 mL do extrato para a determinação do fósforo, sem necessidade de

realizar filtração no extrato. As determinações de P foram feitas pelo

espectrofotômetro comum, sendo que os valores para N foram determinados via

titulação. Todos os resultados foram expressos em percentuais e posteriormente

comparados entre si e com outras pesquisas semelhantes.

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3.5 Análise e caracterização do efluente final (lixiviado)

O efluente final foi armazenado no fundo do recipiente do protótipo, portanto,

através da abertura da torneira instalada na lateral do recipiente (PB), o líquido foi

vertido para um frasco contendo o preservante ácido sulfúrico (H2SO4), o qual foi

fornecido pelo laboratório responsável pelos ensaios físico-químicos, sendo então,

encaminhado para análise em tempo hábil, conforme estabelecido em Standard

Methods for Examination of Water and Wastewater - 22st Edition (APHA, 2005). A

coleta do lixiviado foi feita do dia 2 ao dia 6 de setembro, sendo que, no máximo em

uma hora e meia, as amostras de efluente eram entregues ao laboratório

terceirizado responsável pelas análises físico-químicas.

Os resultados dos ensaios físico-químicos realizados nas amostras foram

comparados entre si e com as legislações vigentes. Também pode-se verificar os

percentuais de eficiência de remoção destes teores após passagem pelo protótipo

desenvolvido neste estudo.

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4 RESULTADOS E DISCUSSÕES

Após encerramento dos períodos de coleta do efluente final, lixiviado pelo

sistema solo-planta e das amostragens de tecido vegetal dos PBS, seguiu-se com o

encaminhamento destas para análise dos teores de fósforo total (P) e nitrogênio total

(N) presentes. Neste capítulo serão apresentados os resultados dos ensaios

realizados, assim como, discussões acerca dos dados obtidos.

4.1 Teores de fósforo e nitrogênio no efluente final

Conforme mencionado no capítulo 3.5 (Manejo e sistema de irrigação), foram

montados nove PBS, sendo dois tratamentos em triplicata e três testemunhos.

Ressalva-se que os testemunhos foram irrigados somente com água da chuva,

enquanto que os tratamentos T1, com 100% de efluente pré-tratado, e os T2 com

50% efluente pré-tratado mais 50% água da chuva. Em função de terem sido

coletadas no total, três amostras de entrada (antes da rega) e três amostras de

saída (após a lixiviação do efluente líquido pelo sistema solo-planta), perfazendo um

total de seis amostras diárias, durante cinco dias, contabilizou-se trinta amostras

analisadas. A seguir podem ser visualizadas as concentrações de fósforo total e

nitrogênio total na entrada e na saída, durante os cinco dias de amostragem, assim

como, os percentuais relacionados à eficiência de remoção de P e N, calculados

através das fórmulas:

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% eficiência na remoção de P = Pinicial (mg/L ) – Pfinal (mg/L) x 100, e (1)

Pinicial l(mg/L)

% eficiência na remoção de N= Ninicial (mg/L) – Nfinal (mg/L) x 100. (1)

Ninicial (mg/L)

Na Tabela 3, podem ser verificados todos os dados obtidos nas análises de

efluente realizadas antes da rega (entrada) e após a lixiviação do efluente líquido

pelo sistema solo-planta (saída). Podem ser visualizados também, os percentuais de

eficiência de remoção de P.

Tabela 3 - Teores de fósforo no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos,

T1 e T2

Teores de fósforo no efluente

Dia Entrada

testemunho (mg/L)

Saída testemunho

(mg/L)

Eficiência testemunho

(%)

Entrada T1

(mg/L)

Saída T1

(mg/L)

Eficiência T1 (%)

Entrada T2

(mg/L)

Saída T2

(mg/L)

Eficiência T2 (%)

32° 0,72 0,58 19,44 8,22 3,31 59,73 4,47 2,76 38,26

33° 0,15 0,45 -200,00 8,12 4,98 38,67 4,01 3,27 18,45

34° 0,18 0,56 -211,11 8,18 5,02 38,63 3,88 3,23 16,75

35° 0,16 0,49 -206,25 11,64 7,52 35,40 4,41 3,28 25,62

36° 0,20 0,50 -150,00 10,76 7,40 31,23 4,86 4,28 11,93

Fonte: Da autora.

Na Figura 11, visualizam-se as concentrações de fósforo de entrada e saída

dos dois tratamentos e do testemunho, sendo claramente perceptível que todos os

teores de saída, apresentaram redução da concentração de fósforo, com exceção

dos testemunhos, já na Figura 12 podem ser verificados os percentuais de eficiência

para remoção de fósforo.

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Figura 11 - Teores de fósforo no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos,

T1 e T2

Figura 12 - Eficiência de remoção de fósforo dos PBS testemunhos, T1 e T2

Observa-se que na Figura 12 os maiores percentuais de remoção referem-se

aos PBs dos tratamentos T1, os quais possuíam elevadas concentrações do

macronutriente fósforo em comparação com os tratamentos T2. O valor máximo

encontrado para a eficiência na remoção de fósforo nesse experimento foi de

59,73%. Nos experimentos conduzidos por Ormonde (2012), nos quais foram

Fonte: Da autora.

Fonte: Da autora.

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projetados três tipos de wetlands construídos, cada qual com uma espécie

vegetativa visando o polimento de um efluente, os percentuais de remoção foram da

ordem de 52,74% à 59,79%, sendo assim, a gramínea da espécie Axonopus

compressus obteve remoção satisfatória e similar à um sistema de wetland

construído.

É importante a salientar, é que os testemunhos obtiveram percentuais

negativos de eficiência, ou seja, as concentrações de saída foram maiores que as

concentrações de entrada, e isso provavelmente ocorreu em função de que durante

a rega, os nutrientes presentes na água da chuva ou no próprio sistema-solo planta

foram carreados através do perfil do solo, resultando no acúmulo destes no efluente

de saída. Nesse sentido, a presença de plantas vistosas e fortes sobre a superfície

do solo é fundamental, pois tende a impedir que os nutrientes sejam perdidos, e com

isso depositados em camadas mais profundas do solo, o que pode dificultar ainda

mais na absorção destes nutrientes por plantas com raízes superficiais.

Na Tabela 4 podem ser verificados os dados das análises de nitrogênio,

realizadas antes da rega (entrada) e após a lixiviação do efluente pelo sistema solo-

planta (saída). Visualizam-se ainda os percentuais de eficiência de remoção para N.

Tabela 4 - Teores de nitrogênio no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos, T1 e T2

Teores de nitrogênio no efluente

Dia Entrada

testemunho (mg/L)

Saída testemunho

(mg/L)

Eficiência testemunho

(%)

Entrada T1 (mg/L)

Saída T1

(mg/L)

Eficiência T1 (%)

Entrada T2

(mg/L)

Saída T2

(mg/L)

Eficiência T2 (%)

32° 5,7 < 5 12,28 87,4 21,8 75,06 45,3 16,7 63,13

33° < 5 < 5 0,00 85,9 38,4 55,30 42,8 20,3 52,57

34° < 5 < 5 0,00 86,7 36,3 58,13 39,0 21,5 44,87

35° < 5 < 5 0,00 124,5 60,4 51,49 43,4 19,8 54,38

36° < 5 < 5 0,00 114,3 53,6 53,11 51,8 32,7 36,87

Fonte: Da autora.

Tanto na Tabela 4 como na Figura 13, observa-se que assim como ocorrido

com o fósforo, o nitrogênio também obteve redução nas concentrações finais em

todos os PBS T1 e T2. Ressalva-se ainda que praticamente todos os resultados do

PB testemunho apresentaram concentrações inferiores a 5 mg/L na entrada e saída,

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conforme mostra a Tabela 4, no entanto, para confecção dos gráficos, foi necessário

considerar o valor 5 mg/L. Ademais, o cálculo resultaria em erro, em função das

fórmulas automáticas. Na Figura 14 visualiza-se a eficiência de remoção de

nitrogênio nos diferentes PBs.

Figura 13 - Teores de nitrogênio no efluente de entrada e saída dos PBS testemunhos, T1 e T2

Figura 14 - Eficiência de remoção de nitrogênio dos PBS testemunhos, T1 e T2

Fonte: Da autora.

Fonte: Da autora.

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Assim como no parâmetro P observa-se que, os maiores percentuais de

remoção de N referem-se aos PBS dos tratamentos T1, os quais possuíam antes da

rega, elevadas concentrações do macronutriente em comparação com os

tratamentos T2.

Constatou-se então que os maiores percentuais de remoção dos

macronutrientes P e N foram nos tratamentos nomeados T1 (amostra composta de

T1A, T1B e T1C), ou seja, aqueles que foram irrigados somente com o efluente líquido

doméstico pré-tratado, o que permite diagnosticar que não é necessário diluir um

efluente para se obter as maiores remoções de concentração, assim como quanto

maiores as concentrações de nutrientes no efluente de entrada, maiores tendem a

ser as quantidades assimiladas pelas plantas, nas condições deste experimento.

Outro fato importante a salientar ainda, é que tanto nos resultados

relacionados à eficiência de remoção de fósforo quanto de nitrogênio, ocorre uma

perceptível queda gradual da eficiência. Tais resultados poderiam induzir a uma

interpretação equivocada de que o sistema seria ineficiente com passar do tempo,

porém, ressalta-se que, os resultados obtidos foram em condições controladas de

temperatura e umidade do ar no ambiente experimental. Além disso, foram poucos

os dias consecutivos em que o experimento foi realizado e posteriormente

amostrado, assim como, não foram testadas outras variáveis, como as climáticas

(radiação solar, precipitações, ventos, geadas, etc.), de manejo de solo (descanso e

tratos culturais), de manejo da cultura (corte), entre outras que poderiam implicar em

resultados divergentes.

O trabalho de Piedade (2004), que avaliou o desenvolvimento de quatro

espécies de gramas irrigadas com efluente oriundo de uma estação de tratamento

de esgoto, além de avaliar a absorção de nutrientes pelas gramíneas, verificou a

situação do solo a partir da irrigação com água residuária, ou seja, focou-se em

estudar uma possível contaminação do solo ao invés de também tentar utilizar o

sistema solo-planta como meio de polimento do seu efluente. Por esse motivo, não é

possível comparar os resultados obtidos no efluente final deste trabalho com o

estudo citado, uma vez que avalia somente os parâmetros físico-químicos

encontrados no solo. Devido à esta questão, optou-se por comparar os resultados

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deste estudo com pesquisas que contemplaram o polimento do efluente, mesmo que

o sistema utilizado tenha sido diferente do sistema empregado no presente estudo.

Ormonde (2012) também observou em seu estudo, uma queda gradual na

eficiência de remoção de fósforo do primeiro para o terceiro mês de amostragem,

sendo que, explicou tal ocorrência devido à saturação da capacidade do material

filtrante em adsorver o fósforo, bem como, ao estágio avançado de evolução das

macrófitas de seu experimento. Mesmo que no presente trabalho, a queda foi

registrada em um curto período de tempo, acredita-se que, o mesmo motivo

(saturação da capacidade de filtração) também possa ter influenciado na redução da

eficiência de remoção de P com o passar dos dias, ou até mesmo, em função da

espécie utilizada neste experimento, a qual é uma forrageira com características

distintas às macrófitas utilizadas por Ormonde.

É questionável o fato de que, Ormonde (2012), aborda a remoção de

nitrogênio em sua pesquisa bibliográfica, no entanto, no delineamento experimental

não analisa este parâmetro quando avalia os resultados do polimento de seu

efluente. Apenas os parâmetros DQO, DBO, Fósforo total e Sólidos em Suspensão

Totais são avaliados em termos de remoção. O autor poderia ter levado em

consideração o parâmetro nitrogênio total, uma vez que sistemas wetlands

construídos são mais utilizados para remoção de fósforo e nitrogênio. Por esse fato,

com relação ao parâmetro nitrogênio, não foi possível comparar os valores obtidos

neste trabalho com o experimento de Ormonde.

No estudo dirigido por Sousa et al. (2000), no qual foi testado o pós-

tratamento de efluente de reator UASB utilizando wetlands construídos, as

eficiências de remoção para nitrogênio foram da ordem de 76 a 87%, sendo que

para este estudo, o pós-tratamento realizado pelas gramíneas resultou em eficiência

de remoção de 53,11 à 75,06% para os tratamentos T1 e de 36,87 a 63,13% para os

tratamentos T2. Mesmo que não se possam comparar em mesmo nível estes dois

tipos de sistemas utilizados para melhoramento da qualidade final do efluente,

observa-se que, as gramíneas dos tratamentos T1 conseguiram um satisfatório

percentual de remoção, chegando a valores máximos de eficiência de remoção de

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75,06%, muito próximos aos valores obtidos pelo sistema de wetland construído dos

pesquisadores.

No que diz respeito à eficiência de remoção de fósforo, o sistema testado por

Sousa et al. (2000), obteve uma faixa de 78 a 100% de remoção, enquanto que o

presente estudo alcançou o máximo de 59,73% de eficiência de remoção nos

tratamentos T1, os quais foram irrigados com 100% de esgoto pré-tratado. O

presente estudo não corrobora com os estudos dirigidos por Sousa et al. (2000)

quando analisados os teores de P presentes, pois obteve-se níveis de remoção

muito baixos com o sistema proposto, talvez em função da espécie vegetativa

utilizada ou pelas características do ambiente experimental.

Mesmo assim, o polimento do efluente líquido doméstico pré-tratado foi

possível tanto em sua forma pré-tratada (original) como diluída, contudo é

necessário observar que, de acordo com a Resolução CONSEMA Nº 128/2006, que

define os teores de P (4 mg/L) e N (20 mg/L) nas águas superficiais, considerando a

vazão de descarte da empresa, os limites tendem a ser alcançados somente quando

a diluição for realizada. Mesmo que a irrigação seja uma maneira de disposição de

efluente no solo, a resolução mencionada deve ser considerada uma vez que este

sistema possa vir a ser adaptado e utilizado para polimento do efluente, ou pelo fato

de que uma vez que ocorresse precipitação sobre o sistema, poderia acarretar no

lixiviamento das águas residuárias para os recursos hídricos superficiais, e também

pelo fato de que, as Resoluções Nº 357/2005 e 430/2011; 375/2006 e 420/2009,

mencionadas no capítulo 2.5.1 (A Legislação Ambiental), não fixam padrões para P

e N quando do lançamento de efluentes de esgotos em corpos d'água, e nem

valores mínimos para estas substâncias em produtos derivados do esgoto sanitário e

no solo respectivamente.

Tais considerações levam a crer que o estabelecimento de valores mínimos

para fósforo total e nitrogênio total nos diferentes ambientes e nos produtos

derivados do esgoto, são importantíssimos para a manutenção da qualidade de vida

nos diferentes habitats, até mesmo como meio de monitoramento e alerta para uma

excessiva concentração destes nutrientes no solo, os quais poderiam implicar em

efeitos adversos neste, já que em mananciais hídricos, eles causam a eutrofização

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do ambiente. Nesse viés, a presente pesquisa serve de incentivo para outros

estudos relacionados ao tema, para que em um futuro próximo, esses limites

possam ser estabelecidos por lei.

Outro fator importante é com relação à manutenção do sistema de tratamento

de efluentes domésticos da empresa. Em virtude deste ainda não ter sido limpo pela

primeira vez, provavelmente as concentrações de entrada e saída do efluente

(quanto aos tratamentos T1 e T2) poderiam ter sido menores ainda. Além disso,

todas as coletas de efluente para irrigação do experimento foram realizadas no

período de inverno, e sabe-se que a eficiência dos reatores diminui drasticamente

nos períodos mais frios. No entanto, caberia ainda um maior tempo de

experimentação abrangendo a estação de verão, para que essas possibilidades

pudessem ou não serem confirmadas.

4.2 Teores de fósforo e nitrogênio absorvidos pelas gramíneas

A partir das análises de absorção de macronutrientes nos tecidos vegetais,

verificou-se que a maior absorção de fósforo e nitrogênio ocorreu nas amostras dos

PBS irrigados com 100% de efluente líquido doméstico pré-tratado, nomeados T1B e

T1C respectivamente. Este resultado converge com os resultados referentes às

maiores eficiências de remoção de P e N no efluente de saída dos tratamentos T1.

Na maioria dos tratamentos irrigados com 100% efluente (amostra composta de T1A,

T1B e T1C), onde a concentração de P e N eram mais elevadas, a capacidade de

absorção da gramínea também foi maior, ou seja, a planta da espécie em estudo

absorveu o máximo possível dos nutrientes P e N disponíveis no efluente líquido

doméstico pré-tratado (TABELA 5).

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Tabela 5 - Percentuais de absorção de fósforo (P) e nitrogênio (N) encontrados nas

gramíneas dos diferentes PBS

Protótipo de bancada (PB) e quantidades irrigadas (%) absorção de

fósforo (P) (%) absorção de

nitrogênio (N)

Testemunho 1 – 100% água da chuva 0,20 2,58

Testemunho 2 – 100% água da chuva 0,25 2,15

Testemunho 3 - 100% água da chuva 0,19 1,77

T1A – 100% efluente 0,29 2,97

T1B – 100% efluente 0,30 3,51

T1C – 100% efluente 0,33 2,92

T2A – 50% efluente + 50% água da chuva 0,29 3,15

T2B - 50% efluente + 50% água da chuva 0,30 2,67

T2C - 50% efluente + 50% água da chuva 0,19 2,80

Fonte: Da autora.

Os valores obtidos na Tabela 5 foram em percentuais, o que significa massa

por massa, ou seja, 1% significa 1 grama de nutriente em 100 gramas de amostra.

Com relação aos valores de absorção de P e N obtidos pelas gramíneas

(TABELA 5) realizou-se análise estatística, na qual os ensaios foram submetidos à

análise de variância de medidas, considerando 9 observações através do

delineamento inteiramente casualizado. As comparações de médias foram efetuadas

pelo teste Scott Knott (5%) e o programa estatístico utilizado foi o SISVAR 4.6.

Conforme a Tabela 6 e a Tabela 7 observa-se que ambas amostras não apresentam

diferença significativa entre si.

Tabela 6 - Análise de variância da absorção de P obtido pelas gramíneas através do

teste Scott-Knott a 5% de probabilidade

Tratamento Médias Resultados

Testemunho 0.213333 a1 T2 0.260000 a1 T1 0.306667 a1

Observação 1: Na coluna resultados, letras seguidas pelo mesmo número não diferem entre si. Observação 2: Média harmônica do número de repetições (r): 3 Erro padrão: 0,0242670329642684 C.V.(%) = 16.17 n=9

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Tabela 7 - Análise de variância da absorção de N obtido pelas gramíneas através do

teste Scott-Knott a 5% de probabilidade

Tratamento Médias Resultados

Testemunho 2.166667 a1 T2 2.873333 a1 T1 3.133333 a1

Observação 1: Na coluna resultados, letras seguidas pelo mesmo número não diferem entre si. Observação 2: Média harmônica do número de repetições (r): 3 Erro padrão: 0,184732038168602 C.V.(%) = 11.74 n=9

Analisando e comparando outras informações, com relação à absorção de

fósforo (P) do tratamento T1C (irrigado com 100% efluente) em comparação com o

testemunho 3 (irrigado 100% com água da chuva), observa-se que a diferença mais

significativa foi da ordem de 0,14%. Sousa (2009) obteve 0,51% como maior

diferença entre seu testemunho (irrigado com água de poço) e um de seus

tratamentos (tratamento nº 3 – irrigado com esgoto tratado – lâmina de 265 mm/ano-

1). Portanto, se comparado com o dado obtido por Sousa (2009), a diferença de

absorção do macronutriente fósforo no presente experimento não foi tão significativa.

De acordo Peres (2000) apud Santos (2004), o fósforo tende a ser imobilizado como

fosfato no solo, o que ocasiona na dificuldade de assimilação pelas raízes da planta,

sendo assim, esta teoria vai de encontro ao baixo teor do nutriente na gramínea da

espécie Axonopus compressus utilizada nos experimentos.

Com relação ao nitrogênio (N) absorvido pela gramínea, comparando-se

testemunhos e tratamentos, pode-se verificar que a maior diferença foi observada foi

com relação ao tratamento T1B (irrigado com 100% efluente) para o testemunho 3

(irrigado 100% com água da chuva), cujos valores foram de 3,51% para 1,77%

respectivamente, ou seja, uma diferença de 1,74%. No experimento conduzido por

Sousa (2009), a diferença mais significativa, quando comparou seu testemunho

(irrigado com água de poço) com um de seus tratamentos (tratamento nº 5 – irrigado

com esgoto tratado – lâmina de 1061 mm/ano-1), foi de 1,18% para 1,69%

respectivamente, ocasionando em uma diferença de apenas 0,51%. As gramíneas

do presente experimento foram muito mais eficientes para a absorção de nitrogênio

do que o Capim Tifton 85 cultivado por Sousa (2009).

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Piedade (2004) submeteu quatro espécies de gramas à irrigações com

tratamentos de diferentes composições. A espécie São Carlos, também conhecida

como sempre-verde (Axonopus compressus) utilizada em seu experimento, foi a

espécie que apresentou o maior acúmulo de N no tratamento de reúso em relação

ao testemunho. O efeito causado nesta espécie superou a adubação química em

nitrogênio, enquanto que a espécie Esmeralda obteve valores equivalentes. As

espécies Bermudas e Santo Agostinho ficaram com valores de N abaixo dos valores

com adubação química. Provavelmente, a diferença de 1,74% encontrada neste

experimento ter superado a bibliografia consultada, se deve às características

favoráveis da própria espécie, que tende a absorver em grandes quantidades esse

nutriente, assim como, esse resultado é coerente com o resultado apresentado por

Piedade (2004).

Em suas conclusões, Sousa (2009) afirmou que os níveis de P e N no

efluente final, foram satisfatórios. Portanto, mesmo que a absorção de P tenha sido

baixa se comparado com o resultado obtido pelo pesquisador mencionado, também

foi um resultado positivo, o que transmite a ideia de que a grama da espécie

Axonopus compressus pode aproveitar, mesmo que pouco, o nutriente

disponibilizado, talvez pelo fato do fósforo tender à uma fixação no solo e dificuldade

de mobilidade até as raízes vegetais das culturas. Com relação à absorção do N, foi

plenamente satisfatória uma vez que superou os valores encontrados por Sousa

(2009).

Al-Nakshabandi et al. (1997) apud Fonseca (2001), constataram que houve

um aumento irrisório nos teores de cádmio, cromo, manganês, zinco e chumbo da

berinjela irrigada com efluente de esgoto, no entanto, as concentrações de potássio,

sódio, cálcio, magnésio, nitrogênio e fósforo nas folhas e nos frutos da cultura,

aumentaram consideravelmente, e este resultado foi atribuído à presença dos

nutrientes no efluente utilizado para a irrigação da cultura.

Bole & Bell (1978) apud Fonseca (2001) atestam que plantas forrageiras

possuem um potencial elevado para acumular nutrientes, pois além de apresentarem

longa estação de crescimento, possuem uma boa capacidade em recobrir o solo, o

que firma ainda mais o experimento do presente estudo.

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Os valores positivos de absorção dos nutrientes P e N deste experimento vão

de encontro às imagens de crescimento das leivas, confirmando que quanto maior a

quantidade de nutrientes disponíveis, maior tenderá a ser o crescimento vegetativo

da planta. Na Figura 15, podem ser visualizadas as diferenças de crescimento das

gramíneas dos PBS no 15º dia de irrigação. No topo, as gramíneas dos PBS

testemunhos, ao centro as gramíneas dos tratamentos T1 e na extremidade inferior

da imagem, tem-se as gramíneas dos PBS T2.

Figura 15 - Crescimento das leivas dos PBS testemunhos, tratamentos T1 e tratamentos T2 no 15o dia de irrigação

Na Figura 15, verifica-se uma “leve” diferença no crescimento dos tratamentos

em relação aos testemunhos. Nota-se que, nos PBs irrigados somente com a água

da chuva (testemunhos – ao topo) o crescimento foi mínimo. Quanto aos

tratamentos, tanto nos irrigados com 100% de efluente (T1A, T1B e T1C – ao centro)

quanto nos irrigados com 50% de efluente + 50% de água da chuva (T2A, T2B e T2C

– na extremidade inferior), percebe-se um maior crescimento em relação aos

testemunhos, no entanto, não há diferença significativa de crescimento entre eles.

Fonte: Da autora.

TESTEMUNHOS 1, 2 e 3

TRATAMENTOS T1A, T1B e T1C

TRATAMENTOS T2A, T2B e T2C

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Na Figura 16, podem ser visualizados todos os testemunhos e tratamentos

juntos no 15º dia, onde também se comprova que os tratamentos T1 e T2 cresceram

um pouco mais que os testemunhos (ao centro), e que entre os tratamentos não há

diferença significativa no crescimento, mas sim, um crescimento muito semelhante.

Figura 16 - Crescimento das leivas no 15º dia

Fonte: Da autora.

No 30º dia de irrigação, há uma perceptível diferença no crescimento

vegetativo das leivas dos PBS tratamentos em comparação com os PBS testemunhos

(FIGURA 17).

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Figura 17 - Crescimento das leivas dos PBS testemunhos, tratamentos T1 e

tratamentos T2 no 30o dia de irrigação

Fonte: Da autora.

De acordo com a Figura 17, no 30º dia de irrigação já há uma notável

diferença entre o crescimento das gramíneas, assim como na Figura 18, onde

podem ser visualizados os nove PBS, sendo que na esquerda encontram-se os

tratamentos T1, ao centro os testemunhos e à direita os tratamentos T2.

Nota-se que, as gramíneas que mais cresceram são as da esquerda (T1), ou

seja, as irrigadas com 100% de efluente pré-tratado, sendo que em segundo lugar,

estão as dos tratamentos T2 (irrigadas com 50% de efluente + 50 de água da

chuva), e as que menos cresceram, as gramíneas dos testemunhos (centro),

irrigadas somente com água da chuva.

TESTEMUNHOS 1, 2 e 3

TRATAMENTOS T1A, T1B e T1C

TRATAMENTOS T2A, T2B e T2C

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Figura 18 - Crescimento das leivas no 30º dia

Fonte: Da autora.

Sousa et al. (2006), ao irrigarem a cultura do pimentão verificaram que um de

seus tratamentos (tratamento T5 - efluente de um reator UASB), obteve um bom

desempenho quanto ao crescimento foliar da espécie, pois fez com que a cultura

atingisse um valor muito semelhante ao crescimento obtido com o tratamento no

qual foi utilizada adubação mineral como fonte de nutrientes. Tal resultado permite

considerar que assim como no experimento de Sousa et al. (2006), as gramíneas

irrigadas com 100% efluente pré-tratado, obtiveram maior crescimento do que todos

os outros tratamentos, sendo assim, vão de encontro aos resultados obtidos por

estes pesquisadores.

Após 45 dias de irrigação foi realizado o último registro fotográfico para

verificação do crescimento da gramínea, sendo claramente perceptível a diferença

de crescimento das leivas dos PBS. Na Figura 19, visualiza-se da esquerda para a

direita, os tratamentos T1A e T2A e o Testemunho 1.

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Figura 19 - Diferença de crescimento vegetativo entre os tratamentos T1A, T2A e o

Testemunho 1

Fonte: Da autora.

Na Figura 19, o tratamento da esquerda, T1A (irrigado com 100% efluente)

obteve ótimo desempenho quanto ao crescimento foliar, apresentando uma altura

média das folhas de 9 a 11 cm, o que comprova que quanto mais nutrientes

disponíveis, maior é a tendência da gramínea em absorvê-los, o que a faz se

desenvolver rapidamente. No centro da imagem, no tratamento T2A (irrigado 50%

com efluente pré-tratado + 50% água da chuva), o crescimento foi moderado, no

entanto ele também ocorreu, com altura média das folhas entre 5 e 7 cm.

Observando o Testemunho 1, localizado na extremidade direita, o crescimento foi

inexpressivo, abrangendo uma faixa de crescimento entre 2 e 3 cm.

O experimento de Costa et al. (2009) apresentou resultados semelhantes com

os desse trabalho, pois também obteve como resultado, maior crescimento do milho

irrigado com água residuária, quando comparou o crescimento da cultura também

irrigada com água de abastecimento.

Assim como no experimento de Piedade (2004), o nitrogênio presente na

água de reuso, o qual foi absorvido em maiores percentuais pelas gramíneas desse

experimento quando comparado com os teores de absorção de fósforo, foi

preponderante para o bom desenvolvimento da espécie de grama.

T1A T2A Testemunho 1

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Outro fato a observar é que, por serem forrageiras, as gramíneas possuem

raízes mais superficiais, sendo assim, não atingem grandes profundidades no

interior do solo. Dentro desse contexto, Peres (2000) apud Santos (2004) salienta

que para uma boa absorção de nutrientes pelas plantas, é fundamental que o

vegetal possua um crescimento radicular contínuo, pois a formação de novas raízes

proporciona o alcance de áreas do solo mais profundas, nas quais os nutrientes

ainda estão presentes, o que justifica os limitados teores de absorção,

(principalmente para o fósforo) pela gramínea da espécie Axonopus compressus.

Com relação ao aspecto, ainda na Figura 19 nota-se que a gramínea do PB

T1 (à esquerda) possui coloração em tom de verde escuro e um aspecto bastante

saudável e vistoso, por sua vez, a gramínea do PB T2 (ao centro) e do Testemunho

1 (à direita) possuem colorações em tom de verde mais claro, sendo que não

possuem folhas tão vistosas e bonitas como as do tratamento irrigado com 100% de

efluente pré-tratado. Concomitantemente, a maior absorção de nutrientes pelo PB T1

refletiu em um melhor desenvolvimento da gramínea deste tratamento.

Salienta-se que durante o período experimental deste trabalho, não foi

observado qualquer ataque de pragas às gramíneas. Isto provavelmente se deve ao

fato do experimento ter sido desenvolvido em ambiente controlado. Na Figura 20

observam-se os detalhes das folhas do tratamento T1A no 30º dia de irrigação.

Figura 20 - Aspectos das folhas das gramíneas do tratamento T1A no 30o dia de irrigação

Fonte: Da autora.

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Finalizando, os resultados obtidos através deste estudo vão de encontro à

maioria das informações relatadas em outras pesquisas, portanto, este trabalho

demonstra que é possível promover o reúso de águas residuárias, assim como, a

técnica da fertirrigação, se bem controlada, pode ser preponderante para o bom

desenvolvimento de espécies vegetais, estritamente em função do aporte de

nutrientes.

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5 CONCLUSÕES

As gramíneas da espécie Axonopus compressus absorveram os

macronutrientes P e N presentes em excesso no efluente líquido doméstico pré-

tratado, portanto, o sistema solo-planta contribuiu para o polimento do efluente em

questão, com uma diminuição de seus teores em suas concentrações finais, o que

viabiliza o reuso para irrigação de gramas da referida espécie. Levando em

consideração a legislação vigente (CONSEMA No 128/2006), apenas os PBS T2

ficaram na faixa permitida.

Os nutrientes analisados, principalmente o nitrogênio, contribuíram para o

bom crescimento e desenvolvimento da espécie vegetativa em estudo, além de

proporcionarem à ela um aspecto bastante saudável e vistoso. No caso da irrigação

na empresa, permitiria ainda que o aspecto paisagístico dos gramados viessem a

ser mais saudáveis.

Ainda verificou-se que não existem limites de emissão estabelecidos

legalmente para os parâmetros fósforo total e nitrogênio total em produtos derivados

do esgoto quando da aplicação destes para fins agronômicos, o que seria

interessante do ponto de vista nutricional da planta, para verificação dos teores

lançados à cultura e ao solo, principalmente para a saúde pública.

A utilização desse efluente para irrigação e outros fins não nobres, implicaria

em uma diminuição do consumo de água potável pela empresa, mas principalmente

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o reuso do efluente implicaria em menores concentrações de fósforo e nitrogênio

passíveis de atingirem corpos receptores, o que poderia evitar a proliferação de

algas, a depreciação de O2 nos ambientes aquáticos e a mortandade de organismos

vivos.

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6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

Em algumas pesquisas bibliográficas, nas quais houve a aplicação com

efluente de esgoto tratado, observou-se que houveram efeitos indesejáveis no

sistema solo-planta e ambiente, como o acúmulo de nutrientes e sais minerais,

presença de metais pesados e até mesmo absorção excessiva por parte das plantas

utilizadas. Estes efeitos podem estar associados a vários fatores, entre eles, as

baixas eficiências de alguns sistemas de tratamento de esgoto, o que pode

ocasionar em um efluente não apropriado para a irrigação; utilização de efluentes

com altos teores de sólidos proporcionando obstrução dos poros da superfícies de

determinados solos; sincronização da taxa de aplicação de efluente, entre outros

(FONSECA, 2001). Tais motivos levam ao entendimento que, se bem realizada, a

irrigação com efluente de esgoto tratado pode ser preponderante para o

desenvolvimento e até mesmo para o aumento da produtividade das culturas,

conforme alguns pesquisadores aqui citados.

Sendo assim, seriam relevantes estudos contemplando novas variáveis, como

quantidade, tempo de irrigação, interferência dos fatores climáticos, tempos de

descanso do solo, manutenção da cultura, entre outros, a fim de verificar a

viabilidade da irrigação em outras condições.

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ANEXOS

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LISTA DE ANEXOS

Anexo A – Procedimento para o estabelecimento de valores de referência de

qualidade dos solos .................................................................................................. 105

Anexo B – Lista de valores orientadores para solos e para águas subterrâneas .. 107

Anexo C – Vista superior e vista lateral do sistema de tratamento de esgotos

utilizado atualmente na empresa .............................................................................. 110

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ANEXO A – Procedimento para o estabelecimento de valores de referência de

qualidade dos solos

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ANEXO B – Lista de valores orientadores para solos e para águas subterrâneas

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ANEXO C – Vista superior e vista lateral do sistema de tratamento de esgotos

utilizado atualmente na empresa