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CAROLINE KOCH SCHUROFF
ADUBAÇÃO DA CULTURA DA SOJA COM TORTA DE CRAMBE
CASCAVEL PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO - 2018
CAROLINE KOCH SCHUROFF
ADUBAÇÃO DACULTURA DA SOJA COM TORTA DE CRAMBE
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Engenharia de Energia na Agricultura da Universidade Estadual do Paraná em cumprimento aos requisitos para obtenção do título de Mestre em Engenharia de Energia na Agricultura, área de concentração Agroenergia. Orientador: Prof. Dr. Luiz Antônio Zanão Júnior Coorientador: Prof. Dr. Reginaldo Ferreira Santos
CASCAVEL PARANÁ - BRASIL FEVEREIRO- 2018
Schuroff, Caroline Koch
Adubação da cultura da soja com torta de crambe / Caroline Koch Schuroff; orientador(a), Luiz Antônio Zanão Júnior; coorientador(a), Reginaldo Ferreira Santos , 2018.
32 f.
Dissertação (mestrado), Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Campus de Cascavel, Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas, Graduação em AgronomiaPrograma de Pós-Graduação em Engenharia de Energia na Agricultura, 2018.
1. Torta de Crambe. 2. Soja. 3. Resíduos agroindustriais. I. Zanão Júnior, Luiz Antônio . II. Santos , Reginaldo Ferreira. III. Título.
Ficha de identificação da obra elaborada através do Formulário de Geração Automática do Sistema de Bibliotecas da Unioeste.
ii
“O futuro pertence aqueles que acreditam na beleza de seus sonhos”
(Elenor Roosevelt)
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus por sempre ter me oferecido saúde, sabedoria e alegria. A todos os meus familiares, em especial aos meus pais Genezio Schuroff e
Oneide Beatriz Koch Schuroff, minha irmã Camila Koch Schuroff e ao Fernando Turcatto, por toda contribuição e incentivo ao longo desse período de estudos.
A todos os meus amigos, especialmente a Prof.ª Dr.ª Karina Sanderson,
Prof. MSc. Ana Claudia, Profª. MSc. Daniele Sanderson Silva, as mestrandas Patrícia Caroline Kostaneski e Andressa Carla Grosbelli.
Ao Prof. Dr. Luiz Antônio Zanão Júnior, pela excelente orientação e
ensinamentos realizados durante esses dois anos, além, da amizade.
Aos docentes do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Energia na Agricultura da Universidade Estadual do Oeste do Paraná “Unioeste” (Campus de Cascavel), pelos ensinamentos.
Aos amigos de Pós-Graduação, pela contribuição para realização desse trabalho.
iv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Caracterização química do solo da área experimental, na profundidade de 0-20 cm. Santa Tereza do Oeste, 2016 .............................................. 8
Tabela 2 – Quantidade de nutrientes aplicada em cada tratamento avaliado...........09 Tabela 3 – Altura de plantas e acamamento da soja em função da adubação com
doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017 ............................................................................ 11
Tabela 4 – Massa de mil grãos e produtividade da soja em função da adubação com
doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017 ............................................................................ 12
Tabela 5 – Teores foliares de nitrogênio, fósforo e potássio em folhas de soja em
função da adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017 ................................... 14
Tabela 6 – Teores foliares de cálcio e magnésio em folhas de soja em função da
adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017 .................................................... 15
Tabela 7 – Teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésioem solo em função da
adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral, após colheita da soja. Santa Tereza do Oeste, 2017 ................ 15
v
SCHUROFF, Caroline Koch. Ma, Universidade Estadual do Oeste do Paraná, fevereiro de 2018. Adubação da cultura da soja com torta de crambe. Orientador: Dr. Luiz Antônio Zanão Júnior. Coorientador: Dr. Reginaldo Ferreira Santos.
RESUMO A preocupação com as fontes renováveis de energia fizeram com que as pessoas buscassem alternativas para um desenvolvimento sustentável com novas perspectivas e viabilidades. Entre essas fontes de energia, destaca-se o biodiesel. Para a produção desse combustível são utilizadas sementes oleaginosas, como a soja. No entanto, com a intenção de não competir com o mercado alimentício uma opção é a utilização de sementes de crambe. Durante o processo de extração do óleo vegetal é gerado um subproduto denominada torta. O objetivo deste trabalho foi avaliar a adubação da cultura da soja com torta de crambe, em comparação com a adubação mineral. O experimento foi conduzido no Instituto Agronômico do Paraná em Santa Tereza do Oeste, PR. Foram avaliadas doses de 0, 2, 4 e 8 t ha-1 de torta de crambe aplicadas a lanço e um tratamento adicional, com adubação mineral. O delineamento utilizado foi de blocos casualizados com quatro repetições. As variáveis analisadas foram produtividade, altura de plantas, massa de mil grãos, acamamento e teores de nutrientes no solo e foliares. Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA). As médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A torta de crambe pode ser utilizada na adubação da cultura da soja em solos com boa fertilidade. Nesses casos, a adubação mineral pode ser substituída pela adubação com torta de crambe.
PALAVRAS-CHAVE: Crambe abyssinica Hochst, Glycine max, resíduos agroindustriais.
vi
SCHUROFF, Caroline Koch. Ma, State University of West Paraná, February 2018. Fertilization of soybean crop with crambe cake. Advisor: Dr. Luiz Antônio Zanão Júnior. Co-advisor: Dr. Reginaldo Ferreira Santos.
ABSTRACT
Due to a concern with renewable energy sources, there has been a search for alternatives to sustainable development with new perspectives and viability. Among these energy sources, biodiesel has received great attention. For the production of this fuel, oilseeds, such as soybeans, are used. However, in order not to compete with the food market, crambe seeds come as an option. During the process of extracting its oil, a by-product is generated, which is called cake. The objective of this work was to evaluate the fertilization of the soybean crop with crambe cake, in comparison to the mineral fertilization. The experiment was conducted at the Agronomic Institute of Paraná, in Santa Tereza do Oeste, state of Parana. Rates of 0, 2, 4 and 8 t ha-1 of crambe cake applied by broadcasting were evaluated, as well as an additional treatment with mineral fertilization. The experimental design was a randomized block design with four replications. The variables analyzed were productivity, plant height, thousand grain mass, lodging and nutrient contents in soil and foliar. The data were submitted to analysis of variance (ANOVA). The averages were compared with the use of Tukey test at 5 % probability. The crambe cake can be used to fertilize the soybean crop in soils with good fertility. In these cases, mineral fertilization can be substituted by crambe cake fertilization. KEYWORDS: Crambe abyssinica Hochst, Glycine max, agro industrial waste.
vii
ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 1
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................................... 3
2.1 Matriz Energética ......................................................................................................... 3
2.2 Cultura do Crambe ....................................................................................................... 4
2.3 Cultura da Soja............................................................................................................. 5
2.5 Nutrição das plantas ..................................................................................................... 6
3. MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................... 8
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ....................................................................................... 11
4.1 Alturas de plantas e acamamento .............................................................................. 11
4.2 Massa de mil grãos e produtividade ........................................................................... 12
4.3 Teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio .......................................................... 13
4.4 Teores foliares de cálcio e magnésio ......................................................................... 14
4.5 Teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio no solo .............................................. 15
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 18
1
1. INTRODUÇÃO
A preocupação com as questões ambientais vem aumentando, com isso, o
mundo tem buscado um desenvolvimento sustentável, ambientalmente correto,
socialmente justo e economicamente viável, trazendo novas perspectivas e
viabilidades para direcionar o modelo energético. As fontes renováveis de energia,
sem dúvida, terão uma participação cada vez mais relevante na matriz energética
global devido às pressões legais, sociais e econômicas que esse setor vem
sofrendo. Novos incentivos vêm sendo lançados para desenvolvimento e utilização
de fontes energéticas renováveis e menos poluidoras, como eólica, solar, ondas e
biomassa.
Outra fonte renovável de energia que se tornou foco de atenção pelas suas
características de redução de poluição e a fácil produção foi o biodiesel. A crise
política e econômica de países produtores de petróleo fez com que países
importadores procurassem investir em pesquisa e desenvolvimento de soluções
alternativas para reduzir a dependência desse minério, uma das alternativas foi à
utilização de óleo vegetal ao invés de óleo diesel.
No Brasil, a utilização dessa tecnologia vem crescendo cada vez mais já que
nosso país é um dos maiores produtores de soja e possui grandes perspectivas para
a produção de outras sementes oleaginosas.
Uma alternativa para a produção do biodiesel é a cultura do crambe
(Crambe abyssinica Hochst). Com a extração do óleo é gerado um resíduo
denominado torta, que na maioria das vezes é desprezado. Porém possui
quantidades significativas de nutrientes. Dentre estes nutrientes destaca-se a
quantidade de nitrogênio existente na torta, sendo esse nutriente um dos mais
absorvidos pelas culturas.
Dentre essas culturas destaca-se a implantação da soja, que é uma planta
oleaginosa, cultivada no verão e apresenta altos índices de produtividade e
exigência nutricional, principalmente o nitrogênio (EMBRAPA, 2016).
Por apresentar altos índices de rentabilidade a soja é a cultura mais
cultivada no Oeste do Paraná. No entanto, sua exigência por nutrição eleva o custo
de produção. Uma alternativa para redução dos custos é a adubação alternativa,
implicando também na redução de impactos ambientais, pois em sua maioria é
2
realizada com subprodutos agroindustriais.
Visto a importância de alternativas aos produtores, o objetivo deste trabalho
foi avaliar a adubação da cultura da soja com torta de crambe, em comparação com
a adubação mineral.
3
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Matriz Energética
Segundo Shahamat et al. (2013) e Mobtaker et al. (2010) para se obter uma
agricultura sustentável faz-se necessário pensar no uso eficiente da energia.
Afirmam ainda que o aumento do padrão de vida da população, bem como um
número cada vez maior de habitantes na sociedade, eleva a utilização de energia na
agricultura na forma de defensivos agrícolas, fertilizantes, máquinas agrícolas entre
outros. O uso frequente dessas energias fósseis pode gerar problemas à saúde
pública e ao meio ambiente. Uma alternativa para a redução desses problemas é o
uso eficiente da energia ou novas alternativas oriundas de recursos naturais e/ou
reciclagem de subprodutos agroindustriais.
Junqueira, Criscuolo e Pino (1982) e Innocente (2015) estão de acordo
quando dizem que a energia na agricultura é armazenada e disponibilizada nos
produtos finais, como alimentos, sementes e até combustíveis, uma vez que a
energia empregada na agricultura é fornecida e sintetizada na grande maioria das
vezes por fertilizantes e defensivos.
Para Cattanêo (2014) a maioria da energia consumida no mundo, é
proveniente dos derivados de petróleo como da queima do carvão e do gás natural.
A dependência dessas fontes preocupa o homem, instigando a busca por outras
formas de energia.
Porém Soranso et al. (2008) salientam que essa preocupação também esta
ligada pelos resultados apontados por alguns estudos que afirmam que a demanda
por energia esta aumentando e as reservas de petróleo diminuindo, crescendo a
necessidade e urgência em substituir os combustíveis de origem fósseis por fontes
renováveis.
Fornasari (2014) alega que dentre as opções de fontes renováveis está à
produção de óleos vegetais para a geração de biocombustíveis, os quais estão
presentes em vários países e são considerados fontes viáveis. O Brasil possui
grande potencial na produção de matéria prima no meio agrícola.
4
2.2 Cultura do Crambe
O crambe tem sua origem na Etiópia e, teve seus primeiros experimentos na
antiga União Soviética e nos Estados Unidos nos anos 1930 e 1940. A atividade
desenvolvida era apenas extração de óleo, estendendo-se assim para a Ásia e
Europa (OLIVEIRA et al., 2013).
Após 55 anos o crambe passou a ser pesquisado no Brasil pela Fundação
MS com a finalidade de produção de biodiesel e como resultado das pesquisas
desenvolveu-se a cultivar FMS - Brilhante. O Paraná passou a ter interesse nessa
cultura em função das propriedades do óleo para o setor elétrico e uso industrial
(PITOL, 2008).
O interesse pelo óleo de crambe aumentou por ser uma oleaginosa cultivada
na entressafra, onde algumas áreas ficam ociosas. É cultivada no inverno e possui
uma porcentagem considerável de óleo em sua composição além de não competir
com a indústria alimentícia, pois o crambe possui altos teores de ácido erúcico
(OLIVEIRA et al. 2013).
A temperatura ideal para o período vegetativo é de 15a 25 ◦C, tolerando
temperaturas até -6 ◦C por algumas horas não causando grandes danos à cultura
(FALASCA et al., 2010). O crambe é sensível ao pH ácido do solo e é considerada
uma cultura recicladora de nutrientes (PITOL, BROCH e ROSCOE, 2010; LUNELLI,
2011).
Devido às características de estabilidade a oxidação e alta taxa de
biodegradabilidade o óleo do crambe é considerado isolante, tornando-se mais
segura sua utilização próximo a nascentes de água, plataformas marítimas entre
outros, aumentando seu uso e procura (WILHELM, TULIO e UHREN 2009).
De acordo com Oliveira et al. (2015) para obtenção do óleo de crambe, são
necessárias duas etapas: extração de óleo bruto e o refino do mesmo.
O processo de óleo bruto é considerado desde a colheita, onde a mesma
deve ser realizada apenas quando a cultura do crambe atingir uniformidade de grãos
secos com umidade inferior a 12 % (OLIVEIRA et al., 2015). Mandarino (2001) alerta
para a importância do processo de refino e classificação dos óleos oriundos de grãos
armazenados. Se feita de forma errônea provoca modificações no sabor e aroma
dos farelos e óleos.
Após o processo de classificação o grão entra na extrusora, passa por todo
5
o processo de retirada do óleo do grão. Nesse processo a torta de crambe é obtida.
Ela pode ser utilizada na alimentação de ruminantes, porém com restrição devido à
sua composição tóxica. No entanto, pode ser empregada como uma fonte alternativa
de adubação orgânica (CANOVA, 2012).
A torta de crambe é uma rica fonte de nutrientes à baixo custo, tanto para
alimentação de ruminantes como para utilização em forma de adubo orgânico. Vem
sendo utilizada como cobertura de solo em áreas cultiváveis, principalmente nas
culturas da soja e do milho (DORIGON e GAI, 2016).
Borges et al. (2012) afirmam que em áreas fertilizadas com torta de crambe,
na safra de milho 2011/2012, no estado do Mato Grosso do Sul, ocorreu diminuição
da população de nematoides, consequentemente auxiliando no aumento da
produtividade da cultura nessa safra.
A torta de crambe também é uma alternativa promissora no tratamento de
efluentes industriais, contaminados com corantes básicos (OLIVEIRA e FRANCA,
2009). É absorvente de metais pesados Cd (cádmio), Pb (chumbo) e Cr (cromo) em
águas contaminadas, além de acumular e tolerar quantidades elevadas de As
(arsênio) (LINDNER et al., 2011; COELHO et al.,2011; RUBIO et al., 2011).
2.3 Cultura da Soja
A cultura da soja (Glycine max) apresenta-se entre as culturas mais
importantes economicamente no mundo. A soja é originária do norte da Ásia, sendo
sua domesticação na mesma região (COSTA NETO; ROSSI, 2000).
Chegou ao Brasil via Estados Unidos no ano de 1882, sendo os primeiros
estudos com a espécie no estado da Bahia. No ano de 1891 realizara-se teste de
adaptação da cultura no estado de São Paulo. Nessa época a soja era estudada
como uma cultura forrageira assim como nos Estados Unidos. Seus grãos eram
consumidos por animais. O primeiro registro do cultivo da soja no Brasil como cultura
econômica e produção de grãos para a indústria foi em 1914, no entanto seu valor
econômico só foi reconhecido em 1940 (EMBRAPA, 2003).
A soja possui de modo geral ciclos que podem variar de 110 a 160 dias,
classificando-se como ciclo precoce a tardio (EMBRAPA, 2013). Não apresenta
tolerância ao excesso hídrico, manifestando grande sensibilidade nos estágios de
desenvolvimento, para essa cultura o excesso hídrico é mais limitante que o déficit,
6
principalmente na fase de germinação (LANTMANN, 2014).
No Brasil a área cultivada com soja aumenta ano a ano (EMBRAPA, 2013).
Esse aumento está atrelado aos avanços científicos bem como a disponibilidade de
tecnologias para a cultura da soja (FREITAS, 2011).
Para atender em quantidade suficiente uma planta de soja a campo ela deve
apresentar cerca de 15 a 30 nódulos (proveniente da fixação biológica de
nitrogênio). A falta de nitrogênio em solos limita a produtividade de praticamente
todas as plantas do ecossistema, incluindo os agrícolas, principalmente a soja.
Hungria, Campo e Mendes (2001) explicam que esse elemento é mais requerido
pela soja devido seus grãos serem ricos em proteínas, apresentando um teor médio
de 6,5 % de N (OLIVEIRA e SANTOS, 2011).
Embrapa (2003) ressalta a importância dos nutrientes para a cultura da soja
e afirma que a absorção deles pode ser influenciada pelas condições climáticas
como chuva e temperaturas, bem como pelo material genético da semente.
2.5 Nutrição das plantas
Para o desenvolvimento de qualquer cultura é primordial que o solo forneça
os nutrientes que ela necessita durante todo seu ciclo. Segundo Motter et al. (2012)
a nutrição das plantas é um dos grandes responsáveis pelo sucesso da
produtividade.
A capacidade de absorção de nutrientes pela planta é influenciada por vários
fatores como clima, genótipo e sistema de plantio. A absorção normalmente
acontece em todo o ciclo da cultura e em diversas velocidades de absorção.
(FRANÇA e COELHO, 2001).
Segundo Severino et al. (2006) a quantidade de fertilizantes a ser aplicada é
baseada na necessidade apresentada pela análise química do solo, que é
responsável em apontar a real necessidade da cultura. Por ela podemos identificar
qual nutriente aplicar, bem como sua quantidade. No entanto deve-se levar em conta
as condições do solo e clima da região, sempre considerando as quantidades de
nutrientes extraídas e exportadas pelas culturas, proporcionando uma adubação
eficiente.
Em estudo realizado por Prates et al. (2014) foram utilizadas sete doses de
7
torta de mamona PDS (produzida direto da semente) e duas doses de silicato de
serpentinito (com e sem enxofre elementar). As doses avaliadas foram 0; 0,5; 1; 2; 4;
6 e 8t ha-1 de torta de mamona PDS (equivalente à aplicação de 0, 15, 30, 60, 120 e
240 kg ha-1 de N) e as doses de silicato de serpentinito em 0 e 1 t ha-1, com e sem
enxofre. A aplicação de silicato de serpentinito sem enxofre aumentou os teores e
conteúdo de nutrientes de N, P, K, Ca e Mg do crambe e a produção de sementes. O
uso de torta de mamona PDS como fertilizante orgânico favoreceu o crescimento e
desenvolvimento do crambe. A dose de 8t ha-1 de torta de mamona PDS foi a mais
indicada para a fertilização da cultura do crambe.
Schuroff, Weber e Zanão Júnior (2016) em seu estudo, adubaram canola
com torta de crambe. Avaliaram cinco doses de torta de crambe (0, 2, 4, 8 e 16 t ha-
1) em comparação a uma dose de 400 kg ha -1 de formulado NPK 10-15-15, todas
aplicadas após semeadura. Foram verificados resultados estatisticamente iguais da
adubação química e da orgânica, quando analisado o efeito médio das doses da
torta de crambe. Quando foi analisado somente o efeito das doses de torta de
crambe, verificou-se que os melhores resultados foram obtidos com a utilização de 8
t ha-1.
Zuchi et al. (2007) avaliaram o efeito de doses de torta de mamona
combinadas com adubo organomineral, sobre a emergência e produtividade do trigo.
Combinaram três doses de adubo organomineral (0, 150 e 300 kg ha-1) com seis
doses de torta de mamona (0, 80, 160, 320, 640 e 1280 kg ha-1) e o resultado foi um
efeito positivo na produção de grãos de trigo.
8
3. MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na Estação Experimental do Instituto
Agronômico do Paraná (IAPAR), localizado no município de Santa Tereza do Oeste
no estado do Paraná, com coordenadas 25° 04' 57,22'' de latitude sul e 53° 35'
03,33'' de longitude oeste, altitude média de 757m.
Segundo Embrapa (2006) o solo é classificado como Latossolo Vermelho
Distroférrico, de textura muito argilosa.
No mês de agosto de 2016 foi realizada a coleta de amostras do solo na
área do experimento, na profundidade de 0-20 cm, para quantificar os atributos
químicos de solo antes da implantação do experimento. Os resultados das análises
químicas são apresentados na Tabela 1.
Tabela 1 - Caracterização química do solo da área experimental, na profundidade de 0-20 cm. Santa Tereza do Oeste, 2016.
pH C P K Ca Mg Al H+Al V m
CaCl2 g dm-3 mg dm-3 ------------------- cmolcdm-3 ---------------- -------- % -------
4,8 27,8 15,7 0,31 6,5 2,8 0,0 7,2 57 0
Extratores: P, K - Mehlich-1; Ca, Mg, Al - KCl 1mol L-1; H+Al - Acetato de cálcio 0,5 molL-1 - pH 7,0. V = saturaçãopor bases e m = saturaçãoporalumínio.
O delineamento adotado foi em blocos casualizados, com quatro repetições.
Foram avaliadas quatro doses de torta de crambe: 0, 2, 4 e 8 t ha-1, aplicadas a
lanço e um tratamento que recebeu adubação mineral: 200 kg ha-1 do formulado
NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura, utilizando-
se KCl como fonte, aos 15 dias após a emergência das plantas. A parcela
experimental foi composta por novelinhas de 5 m de comprimento e espaçamento
entre linhas de 0,45 m, totalizando uma área de 20,25 m2.
A torta de crambe utilizada nessa pesquisa foi fornecida pelo Centro
Universitário Assis Gurgacz, obtida após a extração mecânica do óleo de sementes
de crambe em sistema continuo a frio, sem uso de solventes. Para esse processo
utilizaram uma extrusora modelo Extruder tec slim 2000 e uma prensa Softpress tec
slim 2000. A torta de crambe apresentava 5 % de N, 1,5 % de P2O5, 1,4 % de K2O, 1
% de Ca e 0,5 % de Mg.
9
Tabela 2 - Quantidade de N, P2O5 e K2O fornecida pelos tratamentos avaliados.
Tratamentos N P2O5 K2O
--------------------------------- kg ha-1---------------------------------
Testemunha 0 0 0
2 t ha-1torta de crambe 100 30 28
4 t ha-1torta de crambe 200 60 56
8 t ha-1torta de crambe 400 120 112
Adubo mineral* 8 60 70 * 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
A semeadura da soja foi realizada no mês de outubro de 2016, utilizando
uma semeadora de fluxo contínuo, com espaçamento entre linhas de 0,45 m e
profundidade de semeadura de 2 a 3 cm (GARCIA et al., 2007). A cultivar de soja
avaliada foi a Lança IPRO. A aplicação da torta de crambe ocorreu no dia da
semeadura. Os tratos culturais foram realizados de acordo com as necessidades da
cultura.
As variáveis avaliadas foram altura das plantas, acamamento, massa de mil
grãos, teores foliares de N, P, K, Ca e Mg, produtividade de grãos e teores de P, K,
Ca e Mg no solo.
A altura das plantas foi determinada no dia da colheita e compreendeu a
distância entre o solo e as extremidades das plantas.
No dia da colheita foi avaliada a porcentagem de plantas acamadas. Sendo
definida pela contagem do número de plantas acamadas no total de plantas na área
de 10 m2 de cada parcela experimental.
Quando as plantas apresentavam-se em estádio fenológico de pleno
florescimento, em cada parcela foram coletadas 30 folhas recém-maduras, com
pecíolo. Após a coleta, elas foram lavadas com água destilada, acondicionadas em
sacos de papel e colocados em estufa de circulação forçada de ar a 65 ºC, por 72 h,
para secar. Em seguida, foram moídas em moinho tipo Wiley, com peneira de malha
0,84 mm. A matéria seca foi mineralizada pela mistura nítrico-perclórica (3:1 v v-1),
determinando-se os teores de K por fotometria de emissão de chama e os de P por
colorimetria. Para determinar o teor de N, foi utilizado o método semi micro Kjeldahl,
com mineralização das amostras com ácido sulfúrico. Todas as análises químicas
dos tecidos foliares foram realizadas conforme metodologia descrita em Tedesco et
al. (1995).
Na colheita foi utilizada uma colhedora automotriz de precisão desenvolvida
10
para unidades experimentais, da marca Wintersteiger Seed Mech®, modelo Nursery
Master Elite®. Para determinar a produtividade, a área útil de colheita foi formada
pelas cinco linhas centrais, descartando-se 0,5 m das extremidades, totalizando 9
m²de área colhida.
Os grãos colhidos foram encaminhados ao laboratório para beneficiamento,
pesagem e determinação da umidade. Posteriormente, foi calculada a produtividade
(kg ha-1) corrigindo-se a 13 % de umidade.
A massa de mil grãos foi determinada segundo a RAS (2009). Foram
contadas oito repetições de 1000 sementes de cada parcela. Em seguida elas foram
pesadas.
Após a colheita total da soja foram coletadas amostras de solo, em cada
parcela, na profundidade de 0 a 10 cm. Foram coletadas seis sub amostras em cada
parcela, sendo uma na linha e duas nas entre linhas. Após a coleta, as sub amostras
foram homogeneizadas e formaram uma amostra de aproximadamente 500 g. No
laboratório ela foi destorroada e passada em peneira de malha de 2 mm e colocada
para secar ao ar. Em seguida, foram determinados os teores de P e K, utilizando-se
o extrator Mehlich-1 e teores de Ca e Mg utilizando-se extrator KCl 1 molL-1,
conforme metodologia descrita em Pavan et al. (1992).
Os dados obtidos foram submetidos à análise de variância (ANOVA) e as
médias foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, utilizando-se
o aplicativo Assistat (SILVA, 2016).
11
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Alturas de plantas e acamamento
A aplicação de torta de crambe no solo proporcionou diferença entre suas
doses utilizadas, quando comparadas com a adubação mineral e a testemunha. A
dose de 8 t ha-1de torta de crambe provocou maior altura de plantas (Tabela 3). Esse
resultado está diretamente associado ao resultado do índice de acamamento, ou
seja, com a aplicação de 8 t ha-1 de torta de crambe maior também foi o índice de
acamamento das plantas (Tabela 3).
O acamamento é diretamente influenciado pelo crescimento das plantas.
Assim, fatores como clima, época de semeadura e principalmente fertilidade do solo,
que afetam o crescimento, influenciam também o acamamento dos vegetais. O
desenvolvimento da cultura da soja em altitudes superiores a 500 m, associada a
solos que apresentem boa fertilidade, possuem maior probabilidade de acamamento
das plantas conforme COODETEC (2009). A disponibilidade de N em abundância
também leva ao crescimento desarranjado da parte aérea em comparação com o
crescimento da raiz, levando ao acamamento, como afirmam Taiz e Zeiger (2017).
No caso da aplicação de 8 t ha-1 de torta de crambe foram disponibilizados 400 kg
ha-1 de N, o que pode ter proporcionado esse maior crescimento e índice de
acamamento das plantas.
Tabela 3 - Altura de plantas e índice de acamamento da soja em função da
adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017.
Tratamento Altura de plantas Acamamento
-------------- cm --------------- ------------ % -----------
Testemunha 96,25 b 0,75b
2 t ha-1 torta de crambe 96,25b 0,75b
4 t ha-1 torta de crambe 98,75b 1,25b
8 t ha-1 torta de crambe 103,00 a 5,50 a
Adubo mineral* 97,00 b 0,75b
C.V(%) 7,26 4,67 Médias seguidas por letras distintas na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5 %. * 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
Schuroff, Weber e Zanão Júnior (2016) realizaram estudo semelhante, no
qual avaliaram quatro doses de torta de crambe (2, 4, 8 e 16 t ha-1) e adubação
12
mineral na cultura da canola. Não verificaram diferença entre a adubação com torta
de crambe e adubação mineral para altura de plantas.
Nolla et al. (2017), avaliando a aplicação de torta de filtro, um resíduo
orgânico da agroindústria da cana-de-açúcar, também verificaram aumento da altura
de plantas de soja, atingindo a máxima, com a aplicação de 20 t ha-1 desse resíduo.
Zuchi e Zanúncio (2010) adubaram trigo e triticale com torta de mamona, em
casa de vegetação e constataram que conforme houve o aumento da disponibilidade
de N, ocorreu o aumento do acamamento. Além disso, verificaram que doses de até
320 kg ha-1de torta de mamona não afetaram o rendimento das culturas, porém,
acima disso houve redução da emergência das plântulas e número total de perfilhos
férteis.
4.2 Massa de mil grãos e produtividade
A massa de mil grãos não sofreu influência das doses aplicadas de torta de
crambe em comparação com a testemunha e adubação mineral, não apresentando
assim diferença significativa entre os tratamentos avaliados (Tabela 4).
Tabela 4 - Massa de mil grãos e produtividade da soja em função da adubação com
doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017.
Tratamento Massa de mil grãos Produtividade
---------------- g ---------------- ------------ kg ha-1 ----------
Testemunha 165,30 a 4076,06 a
2 t ha-1 torta de crambe 168,90 a 4112,10 a
4 t ha-1 torta de crambe 169,60 a 4053,66 a
8 t ha-1 torta de crambe 172,80 a 4110,01 a
Adubo mineral* 170,20 a 4136,70 a
C.V(%) 8,04 2,41 Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5 %.* 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
De acordo com Lima et al. (2009) entre os componentes de produção na
cultura da soja, a massa de 1000 grãos é o que demonstra a menor variação
decorrente das alterações no ambiente de cultivo, justificando os resultados
encontrados na avaliação do peso de mil sementes.
Schuroff, Weber e Zanão Júnior (2016) verificaram que a massa de mil grãos
de canola também não sofreu alteração quando comparado o efeito médio da
13
adubação com torta de crambe com adubação mineral. No entanto, quando avaliado
o efeito das doses de torta de crambe aplicadas constataram que a sua elevação
aumentou a massa de mil grãos, obtendo a máxima com a aplicação de 12,1 t ha-1 e
à partir dessa dose, houve redução. Também verificaram que esse mesmo efeito foi
verificado em relação à produtividade de grãos.
Em relação à produtividade de grãos não houve diferença significativa entre
os tratamentos avaliados em comparação com a adubação mineral (Tabela 4). Fato
esse que atesta que para a adubação da cultura da soja em solos com boa
fertilidade como o da área experimental a torta de crambe pode substituir totalmente
a adubação mineral. Segundo Viana e Vasconcelos (2009), a matéria orgânica é
uma fonte alternativa de adubação que por meio de decomposição e liberação lenta
de nutrientes, torna-se uma opção eficaz e de baixo custo para a produção da soja.
Nolla et al. (2017), avaliando a aplicação de torta de filtro na cultura da soja
em solo arenoso, verificaram que a dose de 20 t ha-1 proporcionou os melhores
resultados em relação à produtividade de grãos. Santos et. al. (2010), em estudo
esse mesmo resíduo na adubação da cana de açúcar, encontraram resultados
significativos com a utilização de até 4 t ha-1 na produção de colmos da cultura.
Entretanto vale salientar que os pesquisadores enriqueceram a torta de filtro com
fosfato solúvel.
A maior altura de plantas e acamamento observados com a aplicação de 8 t
ha-1 não influenciaram a produtividade das plantas, pois não foi verificada diferença
entre as doses de torta de crambe utilizadas. Nesse caso, a menor dose, de 2 t ha-1
pode ser a recomendada pela questão econômica.
4.3 Teores foliares de nitrogênio, fósforo, potássio
A aplicação de torta de crambe no solo não proporcionou diferenças
significativas nos teores de N, P e K nas folhas da soja em comparação à adubação
mineral e testemunha (Tabela 5). De acordo com a faixa de interpretação de teores
de nutrientes nas folhas de soja, coletadas com pecíolo (NEPAR, 2017), são
considerados adequados os teores de N acima de 41 g kg-1. Assim, os teores de N
encontrados nas folhas se encontram adequados para a cultura da soja em todos os
tratamentos.
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Tabela 5 - Teores foliares de nitrogênio, fósforo e potássio em folhas de soja em função da adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017.
Tratamentos N P K
--------------------------------- g Kg-1 ---------------------------------
Testemunha 41,04 a 3,00 a 22,71 a
2 t ha-1 torta de crambe 42,53 a 2,86 a 22,47 a
4 t ha-1 torta de crambe 41,85 a 2,85 a 22,21 a
8 t ha-1 torta de crambe 42,03 a 2,94 a 22,28 a
Adubo mineral* 42,04 a 2,93 a 22,01 a
C.V(%) 4,56 9,51 3,99 Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5 %. * 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
Os teores foliares de P são considerados suficientes quando se apresentam
entre 2,8 e 3,6 g kg-1 (NEPAR, 2017). Sendo assim, no presente trabalho, constatou-
se que todas as parcelas avaliadas apresentaram plantas com teores de P
considerados suficientes (Tabela 5).
Em todos os tratamentos, os teores foliares de K também foram
considerados suficientes, ou seja, superiores a 22 g kg-1, segundo NEPAR (2017).
Pereira (2017) adubou a cultura do crambe com doses de dejetos suínos e cama de
aviário e comparou com adubação mineral. Também não verificou diferença
significativa para os teores de K nas folhas do crambe, em solo com teor desse
elemento em 0,31 cmolc dm-3 antes da implantação da cultura. Esse mesmo valor o
solo da área experimental apresentava na implantação do presente experimento
(Tabela 1). Todavia pode não ter ocorrido diferença significativa entre as doses e o
tipo de adubação utilizada devido à boa fertilidade do solo da área experimental
(Tabela 1).
Urano et al. (2006) avaliaram 111 talhões de soja no estado do Mato Grosso
do Sul, sendo 39 considerados de alta produção. As plantas desses talhões
apresentavam teores foliares de 40,6 g kg-1 de N, 3,0 g kg-1 de P e 23,1 g kg-1 de K.
Esses valores são muito semelhantes aos descritos na Tabela 5.
4.4 Teores foliares de cálcio e magnésio
Não houve diferença estatística significativa para teores foliares de Ca e Mg
entre os tratamentos avaliados (Tabela 6). De acordo com NEPAR (2017), os
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valores acima de 8 a 11 g kg-1 e 3,0 a 4,8 g kg-1 para Ca e Mg, respectivamente, são
considerados teores foliares suficientes, portanto os observados nesse estudo se
encontram em altas concentrações (Tabela 6).
Tabela 6 - Teores foliares cálcio e magnésio, em folhas de soja em função da adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral. Santa Tereza do Oeste, 2017.
Tratamentos Ca Mg
---------------------------- g kg-1 -----------------------------
Testemunha 17,29 a 5,33 a
2 t ha-1 torta de crambe 15,59 a 5,01 a
4 t ha-1 torta de crambe 15,61 a 5,05 a
8 t ha-1 torta de crambe 15,84 a 5,21 a
Adubo mineral* 15,13 a 4,93 a
C.V(%) 11,55 10,01 Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5 %. * 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
4.5 Teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio no solo
Em relação aos teores de P, K, Ca e Mg no solo não foi verificada diferença
estatística entre as parcelas experimentais em que foi aplicada torta de crambe em
comparação com a testemunha e a adubação mineral (Tabela 7). Souza (2009)
obteve aumento da concentração de P no solo em função da elevação de doses de
subproduto oriundo de indústrias processadoras de goiabas, constituindo
basicamente de sementes da fruta. Segundo NEPAR (2017), em solos argilosos,
teores de P entre 8 e 16 mg dm-3 de P são considerados altos. Todos os valores
encontrados no presente estão dentro dessa faixa (Tabela 7).
Tabela 7 - Teores de fósforo, potássio, cálcio e magnésio em solo em função da adubação com doses de torta de crambe em comparação com adubação mineral, após colheita da soja. Santa Tereza do Oeste, 2017.
Tratamento P
K
Ca
Mg
mg dm-3 ----------------------cmolc dm-3-----------------------
Testemunha 16,67 a 0,48 a 5,94 a 2,31 a
2 t ha-1 torta de crambe 11,63 a 0,52 a 5,98 a 2,34 a
4 t ha-1 torta de crambe 12,19 a 0,44 a 5,18 a 2,03 a
8 t ha-1 torta de crambe 13,71 a 0,57 a 5,53 a 2,19 a
Adubo mineral* 14,05 a 0,59 a 5,53 a 2,12 a
C.V(%) 49,21 22,78 17,9 28,26
16
Médias seguidas por mesma letra na coluna não diferem entre si pelo Teste de Tukey a 5 %. * 200 kg ha-1 do formulado NPK 04-30-10 no sulco de plantio e mais 50 kg ha-1 de K2O em cobertura.
Blanco (2015) avaliou diferentes doses de cama de aviário e dejetos suínos
comparados com adubação mineral da cultura da soja. Observou para teor de K em
solo que quanto maior a dose maior foi o teor desse elemento quando comparado
com adubação mineral e a testemunha. No entanto, quando comparadas somente
as fontes orgânicas, a cama de aviário se destacou, apresentando uma média de
0,60 cmolc dm-3 de K no solo. Valores semelhantes como os descritos na Tabela 7 e
considerados muito altos por NEPAR (2017).
Innocente (2015) utilizou torta de filtro para adubação de cana de açúcar em
solos arenosos comparado com adubação mineral e obteve aumento do teor de Ca
conforme aumento da dose aplicada, sendo a máxima de 37,5 t ha-1. Mantovani
(2004) avaliaram a aplicação de subproduto da indústria frutífera (sementes moídas
de goiaba) no solo e também não verificou aumento no teor de Mg no solo.
Os teores de Ca foram classificados como altos (2,1 a 6 cmolc dm-3) e os de
Mg como muito altos (> 2,0 cmolc dm-3) em todos os tratamentos, conforme
classificação proposta por NEPAR (Tabela 7).
Silva et al. (2012) afirmam que a utilização de torta de mamona como
fertilizante apresenta excelente potencial de uso na agricultura.
17
5. CONCLUSÃO
A torta de crambe pode ser utilizada na adubação da cultura da soja em
solos com boa fertilidade. Nesses casos, a adubação mineral pode ser substituída
pela adubação com torta de crambe.
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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