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Testes de avaliação física
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Avaliaofsica
Braslia, 2013
2013 Fundao Vale.Todos os direitos reservados.
Coordenao: Setor de Cincias Humanas e Sociais da Representao da UNESCO no BrasilRedao: Thiago Fernando Loureno, Fernando Oliveira Catanho da Silva, Clodoaldo Lopes do Carmo e Ronaldo DiasOrganizao: Luciana Marotto HomrichReviso tcnica: Eurico Nestor Wilhelm Neto e Ronei Silveira PintoReviso pedaggica: MD Consultoria Pedaggica, Educao e Desenvolvimento HumanoReviso editorial: Unidade de Publicaes da Representao da UNESCO no BrasilIlustrao: Rodrigo Vinhas FonsecaProjeto grfico: Crama Design EstratgicoDiagramao: Unidade de Comunicao Visual da Representao da UNESCO no Brasil
Avaliao fsica. Braslia: Fundao Vale, UNESCO, 2013.70 p. (Cadernos de referncia de esporte; 11).
ISBN: 978-85-7652-165-5
1. Educao fsica 2. Esporte 3. Medicina desportiva 4. Efeitos fisiolgicos 5. Mtodos de avaliao 7. Brasil 8. Material didtico I. Fundao Vale II. UNESCO
Esta publicao tem a cooperao da UNESCO no mbito do projeto 570BRZ3002, Formando Capacidades e Promovendoo Desenvolvimento Territorial Integrado, o qual tem o objetivo de contribuir para a melhoria da qualidade de vida dejovens e comunidades.
Os autores so responsveis pela escolha e apresentao dos fatos contidos neste livro, bem como pelas opinies neleexpressas, que no so necessariamente as da UNESCO, nem comprometem a Organizao. As indicaes de nomes e aapresentao do material ao longo desta publicao no implicam a manifestao de qualquer opinio por parte daUNESCO a respeito da condio jurdica de qualquer pas, territrio, cidade, regio ou de suas autoridades, tampouco dadelimitao de suas fronteiras ou limites.
Esclarecimento: a UNESCO mantm, no cerne de suas prioridades, a promoo da igualdade de gnero, em todas suas ati-vidades e aes. Devido especificidade da lngua portuguesa, adotam-se, nesta publicao, os termos no gnero mas-culino, para facilitar a leitura, considerando as inmeras menes ao longo do texto. Assim, embora alguns termos sejamgrafados no masculino, eles referem-se igualmente ao gnero feminino.
Fundao Vale Representao da UNESCO no BrasilAv. Graa Aranha, 26 16 andar Centro SAUS Qd. 5, Bl. H, Lote 6, 20030-900 Rio de Janeiro/RJ Brasil Ed. CNPq/IBICT/UNESCO, 9 andarTel.: (55 21) 3814-4477 70070-912 Braslia/DF BrasilSite: www.fundacaovale.org Tel.: (55 61) 2106-3500 Fax: (55 61) 3322-4261 Site: www.unesco.org/brasilia
E-mail: [email protected]/unesconaredetwitter: @unescobrasil
Avaliaofsica
Cadernos de referncia de esporteVolume 11
Sumrio
Prefcio ............................................................................................................................................... 7
1. Introduo ...................................................................................................................................... 8
2. Avaliao de programas .............................................................................................................. 9
3. Avaliao no contexto da atividade fsica e do esporte ........................................................ 113.1. Medidas antropomtricas ......................................................................................................................... 143.2. Testes fsicos ................................................................................................................................................... 143.3. Procedimentos adotados e orientaes para a avaliao fsica .................................................. 153.4. Orientaes a serem adotadas antes do incio dos testes ............................................................. 15
4. Protocolos de testes ..................................................................................................................... 164.1. Composio corporal .................................................................................................................................. 164.1.1. Massa corporal total ............................................................................................................................................................ 164.1.2. Estatura (altura corporal) .................................................................................................................................................. 174.1.3. Envergadura ............................................................................................................................................................................. 194.1.4. ndice de massa corporal (IMC) .................................................................................................................................... 194.1.5. Permetros .................................................................................................................................................................................. 214.1.6. Dobras cutneas .................................................................................................................................................................... 234.1.7. Obesidade .................................................................................................................................................................................. 26
5. Potncia anaerbia ....................................................................................................................... 275.1. Saltos ................................................................................................................................................................. 275.1.1. Salto vertical ou sargent jump test ............................................................................................................................... 285.1.1.1. Squat jump (SJ) ............................................................................................................................................................... 285.1.1.2. Contramovimento (SCM) ........................................................................................................................................... 285.1.1.3. Contramovimento com auxlio dos braos (SCMB) ........................................................................................ 295.1.2. Salto horizontal ....................................................................................................................................................................... 295.1.3. Arremesso de medicine ball ............................................................................................................................................ 30
6. Capacidade anaerbia ................................................................................................................. 326.1. Running-based anaerobic sprint test (RAST) ......................................................................................... 326.2. Teste de 40 segundos .................................................................................................................................. 33
7. Fora muscular ............................................................................................................................... 357.1. Fora mxima dinmica ............................................................................................................................. 357.2. Resistncia de fora mxima esttica ................................................................................................... 367.3. Resistncia de fora dinmica .................................................................................................................. 377.3.1. Teste de 60% de 1RM .......................................................................................................................................................... 377.3.2. Testes de fora-resistncia ............................................................................................................................................... 37
8. Velocidade motora ........................................................................................................................ 398.1. Tiro de 10 metros .......................................................................................................................................... 398.2. Velocidade de reao .................................................................................................................................. 39
9. Agilidade ......................................................................................................................................... 419.1. Teste do quadrado ....................................................................................................................................... 419.2. Teste de shuttle-run ...................................................................................................................................... 42
10. Flexibilidade ................................................................................................................................ 4310.1. Teste de sentar-e-alcanar (banco de Wells) .................................................................................... 4310.2. Flexiteste ....................................................................................................................................................... 44
11. Potncia aerbia ......................................................................................................................... 4611.1. Consumo mximo de oxignio (VO2max) .......................................................................................... 4611.1.1. Protocolos de avaliao direta do VO2max ........................................................................................................... 4611.1.1.1. Teste incremental de esforo mximo ................................................................................................................ 4611.1.2. Protocolos indiretos para estimar o VO2max ....................................................................................................... 4811.1.2.1. Yo-yo endurance test ....................................................................................................................................................... 4811.1.2.2. Teste de Cooper (12 minutos) ...................................................................................................................................... 4911.1.2.3. Teste de corrida de 9 minutos ...................................................................................................................................... 5111.1.2.4. Teste de corrida de 2.000 metros ................................................................................................................................ 5111.1.2.5. Teste de 6 minutos ............................................................................................................................................................. 5111.1.2.6. Teste de corrida de 1.000 metros ................................................................................................................................ 5211.1.2.7. Teste de 2.400 metros ....................................................................................................................................................... 5311.2. Concluso ..................................................................................................................................................... 53
12. Capacidade aerbia .................................................................................................................... 5512.1. Protocolos diretos para avaliao da capacidade aerbia .......................................................... 5612.1.1. Limiar de lactato .................................................................................................................................................................. 5612.1.2. Lactato mnimo ................................................................................................................................................................... 5712.1.3. Mxima fase estvel de lactato (MFEL) ................................................................................................................. 5812.2. Protocolos indiretos para avaliao da capacidade aerbia ...................................................... 5812.2.1. Teste de 4.000 metros ...................................................................................................................................................... 5812.2.2. Teste de Conconi ............................................................................................................................................................... 5912.2.3. Teste de Conconi adaptado para a esteira .......................................................................................................... 5912.2.4. Teste de 10 minutos na natao (T10) .................................................................................................................. 60
13. Organizao e utilizao dos testes no mbito do Programa de Esportes da Fundao Vale ................................................................. 61
14. Consideraes finais ................................................................................................................... 62
Bibliografia ......................................................................................................................................... 64
Anexos ................................................................................................................................................. 68
7Avaliao fsica
PrefcioO Programa de Esportes da Fundao Vale, intitulado Brasil Vale Ouro, busca promover o esporte como umfator de incluso social de crianas e adolescentes, incentivando a formao cidad, o desenvolvimentohumano e a disseminao de uma cultura esportiva nas comunidades. O reconhecimento do direito e agarantia do acesso da populao prtica esportiva fazem do Programa Brasil Vale Ouro uma oportunidade,muitas vezes mpar, de vivncia, de iniciao e de aprimoramento esportivo.
com o objetivo de garantir a qualidade das atividades esportivas oferecidas que a Fundao Vale realiza aformao continuada dos profissionais envolvidos no Programa, de maneira que os educadores sintam-secada vez mais seguros para proporcionar experincias significativas ao desenvolvimento integral das crianase dos adolescentes. O objetivo deste material pedaggico consiste em orientar esses profissionais para aabordagem de temticas consideradas essenciais prtica do esporte. Nesse sentido, esta srie colaborapara a construo de padres conceituais, operacionais e metodolgicos que orientem a prtica pedaggicados profissionais do Programa, onde quer que se encontrem.
Este caderno, intitulado Avaliao fsica, integra a Srie Esporte da Fundao Vale, composta por 12publicaes que fundamentam a prtica pedaggica do Programa, assim como registram e sistematizam aexperincia acumulada nos ltimos quatro anos, no documento da Proposta pedaggica do Brasil Vale Ouro.
Composta de informaes e temas escolhidos para respaldar o Programa Brasil Vale Ouro, a Srie Esporte daFundao Vale foi elaborada no contexto do acordo de cooperao assinado entre a Fundao Vale e aOrganizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura (UNESCO) no Brasil. A srie contoucom a participao e o envolvimento de mais de 50 especialistas da rea do esporte, entre autores, revisorestcnicos e organizadores, o que enriqueceu o material, refletindo o conhecimento e a experincia vivenciadapor cada um e pelo conjunto das diferenas identificadas.
Portanto, to rica quanto os conceitos apresentados neste caderno ser a capacidade dos profissionais,especialistas, formadores e supervisores do Programa, que atuam nos territrios, de recriar a dimensoproposta com base nas suas prprias realidades.
Cabe destacar que a Fundao Vale no pretende esgotar o assunto pertinente a cada um dos cadernos,mas sim permitir aos leitores e curiosos que explorem e se aprofundem nas temticas abordadas, por meioda bibliografia apresentada, bem como por meio do processo de capacitao e de formao continuada,orientado pelas assessorias especializadas de esporte. Em complemento a esse processo, pretende-se permitira aplicao das competncias, dos contedos e dos conhecimentos abordados no mbito dos cadernos pormeio de superviso especializada, oferecida mensalmente.
Ao apresentar esta coletnea, a Fundao Vale e a UNESCO esperam auxiliar e engajar os profissionais deesporte em uma proposta educativa que estimule a reflexo sobre a prtica esportiva e colabore para que asvivncias, independentemente da modalidade esportiva, favoream a qualidade de vida e o bem-estar social.
Fundao Vale Representao da UNESCO no Brasil
8Caderno de referncia de esporte
1. Introduo Durante muito tempo, a avaliao foi utilizada como instrumento para medir, classificare rotular os alunos, indicando os bons e os ruins, com base em uma escala de valorestabelecida, pode-se dizer, de forma arbitrria e equivocada para os dias atuais. Ostestes e protocolos aplicados para mensurar as capacidades e as habilidades dosalunos, por exemplo, eram utilizados para esse fim exclusivo. Felizmente, esse modeloficou ultrapassado e, atualmente, a avaliao vista como uma das mais importantesferramentas colocadas disposio dos professores para alcanar o principal objetivoda educao: fazer que os educandos, independentemente da rea ou da disciplinaavaliada ou de sua condio pessoal e/ou social, entre outras, avancem no processode aprendizagem. Nesse sentido, o importante consiste em monitorar e acompanharos atores envolvidos no processo educacional, com a finalidade de encontrarcaminhos para quantificar e qualificar o aprendizado e oferecer alternativas para umaevoluo e um desenvolvimento individual e coletivo mais seguro.
No contexto do esporte, a prtica esportiva e, consequentemente, a sua avaliao, namaioria dos projetos e programas sociais, so orientadas prioritariamente para asquestes fsicas e motoras dos participantes. No entanto, ao reconhecer o ser humanocomo um ser de relaes que se desenvolve por meio da interao com o outro, outrosaspectos alm do motor (como o afetivo, o social e o psicolgico) devem serconsiderados de forma associada e integrada a ele.
Nesse sentido, em complemento abordagem de temas e questes apresentadosem outros cadernos desta srie, pretende-se, aqui, abordar as questes relacionadas avaliao fsica, indicando e especificando algumas formas de acompanhar odesenvolvimento dos participantes do Programa de Esportes da Fundao Vale, suasfases de crescimento e maturao, bem como identificar os estgios da aprendizagemmotora em que se encontram; tudo isso, para obter informaes mais especficas sobreos alunos/atletas, com o propsito de acompanhar periodicamente1 a sua evoluono Programa, no esporte e em suas vidas, de maneira mais abrangente.
Para isso, so apresentados protocolos, instrumentos e tcnicas de avaliao, com aindicao de como eles podem orientar os profissionais do Programa, no sentido deavaliar as capacidades e habilidades relacionadas vida de cada indivduo, assim comoutiliz-las como parmetros de sade, de desempenho motor e de desenvolvimentohumano. Tudo isso visa a esclarecer os passos de coleta e de anlise das informaes,bem como da gesto do processo at o relato e a utilizao dos seus resultados.
Por fim, so mencionadas e sugeridas, como referncias possveis de serem trabalhadasno mbito do Programa, questes qualitativas sobre a prtica da avaliao de valoresque favoream a democratizao do processo de ensino-aprendizagem e suas relaescom outras reas de atuao constantes do projeto poltico-pedaggico das entidadese territrios onde o Brasil Vale Ouro est sendo desenvolvido. Busca-se, com essasquestes, identificar em que medida o Programa contribui para o desenvolvimento dehabilidades e competncias necessrias para o sucesso de crianas e adolescentes naescola e na vida.
1 Essa periodicidade definida conforme os objetivos estabelecidos para o processo de ensino-aprendizagem,podendo variar entre os territrios onde o Programa desenvolvido. Entretanto, o ponto inicial dessa trajetria oprocesso de seleo dos participantes para o Programa.
9Avaliao fsica
2. Avaliao de programasUma definio comum de avaliao, constante nos dicionrios, indica que avaliar
determinar ou estabelecer o valor de; examinar e julgar. Entretanto, so vrias as
definies de avaliao encontradas na bibliografia utilizada atualmente no campo
da educao fsica, no havendo concordncia em torno de uma definio-padro
entre os avaliadores profissionais.
Tenta-se buscar uma definio sucinta da palavra, para apresentar o seu entendimento
nesta publicao e auxiliar os leitores na compreenso do que se pretende dizer ao
abordar esse tema, bem como estabelecer a perspectiva que utilizada e a sua funo
no contexto do Programa.
A avaliao formal de programas (educacionais, esportivos e outros), tanto do setor
privado quanto do pblico, ainda est amadurecendo como campo de estudo, tendo
seu desenvolvimento ocorrido de forma mais rpida nas quatro ltimas dcadas.
Entretanto, no se pode consider-la adulta, pois ainda h um longo caminho a ser
trilhado at a maturidade plena obtida quando um campo atinge seu apogeu, sendo
essa a distncia que a avaliao de programas ainda necessita percorrer (WORTHEN
et al., 2004).
No se pode deixar de reconhecer o fato de que a avaliao progrediu a ponto de
agora ser possvel dizer que um caminho profissional em rpido processo de
maturao, e quase concordar com os estudiosos que dizem ser ela uma disciplina ou
transdisciplina emergente (SCRIVEN, 1991b, 1993 apud WORTHEN, et al., 2004).
Concorda-se com Viviane Senna, presidente da Fundao e do Instituto Ayrton Senna,
que indica que a avaliao do trabalho social sempre foi uma questo bastante
debatida, apesar de ser uma atividade pouco praticada e difundida no Brasil, devido
ao fato de ser utilizada para controlar apoios e financiamentos, e no ser direcionada
para a eficincia necessria ao dia a dia das aes sociais. Essa situao tambm
explicada pela ausncia de um material amplo que trate do tema de forma
aprofundada e didtica, que possa fortalecer a cultura de avaliao capaz de levar as
iniciativas a um patamar diferenciado de eficcia, de forma a comprovar que avaliar
significa rever caminhos e ganhar espaos, no lugar de punir e criticar o que tem sido
feito (WORTHEN et al., 2004, p. 19).
Nesse sentido, apesar de ainda prevalecer uma abordagem positivista da avaliao, que
pode ser observada nos testes fsicos e motores apresentados a seguir, trabalha-se para
ampliar o processo, de forma a contemplar os objetivos do Programa Brasil Vale Ouro.
De acordo com o novo conceito de desenvolvimento humano, esse processo deve
contemplar uma avaliao psicopedaggica que pode ser entendida como constante
e sistemtica, por meio da qual analisado o grau de desenvolvimento do aluno e das
alteraes que nele se produzem, como consequncia do processo educativo e da sua
interao com o meio social.
Para isso, torna-se necessrio conhecer o sujeito avaliado em seus aspectos
neurofisiolgicos, afetivos, cognitivos e sociais, bem como entender a modalidade
de aprendizagem utilizada por ele e o vnculo que se estabelece com o objeto de
10
Caderno de referncia de esporte
aprendizagem, consigo mesmo e com o outro, o que condizente com o conceito
de aprendizagem motora apresentado no caderno 5 desta srie, intitulado
Aprendizagem motora.
Segundo Coll e Martn (2006), avaliar as aprendizagens de um aluno equivale a
especificar at que ponto ele desenvolveu as capacidades contempladas nos objetivos
gerais da etapa. Para que o aluno possa atribuir sentido s novas aprendizagens
propostas, necessria a identificao de seus conhecimentos prvios, finalidade para
a qual se orienta a avaliao das competncias curriculares.
11
Avaliao fsica
No contexto da atividade fsica e do esporte, a importncia da avaliao, sem
desconsiderar os objetivos educacionais apresentados, tem como foco prioritrio a
motricidade humana, com nfase nas capacidades e habilidades motoras e esportivas
dos alunos.
Cada vez mais, pode-se observar que as pessoas em geral tm adquirido o hbito da
prtica regular da atividade fsica, pelos importantes benefcios oferecidos sade e
ao bem estar social das pessoas. Obviamente, acredita-se que essa conduta em relao
aos exerccios fsicos deva ser encorajada nos mais variados nveis e segmentos da
sociedade, considerando sua eficcia cientificamente comprovada na preveno de
doenas, na promoo da sade e na melhora da qualidade de vida em geral.
Entretanto, um aspecto comum a quase todas as prticas do exerccio fsico
(espontneas ou acompanhadas por profissionais) por parte da populao em geral,
seja nas academias, nos clubes, nas praas e nos parques, a falta do processo de
avaliao fsica e de acompanhamento individualizado. Infelizmente, o processo de
avaliao fsica ainda carece de maior valorizao, para cumprir com seu papel de
componente imprescindvel para a prtica consciente e responsvel do exerccio fsico.
Para reforar o entendimento de avaliao adotado pelo Programa, retoma-se o termo
em si, que definido como o processo de descrio subjetiva, qualitativa ou
quantitativa de uma ou mais variveis de interesse. Dentro do processo de avaliao,
a ao de se atribuir valores numricos s variveis de interesse definida como
medida. Por outro lado, o instrumento ou procedimento utilizado para se obter uma
resposta observvel sobre as variveis de interesse, ou mesmo fornecer informaes
sobres essas variveis, denominado teste (TRITSCHLER, 2003).
Considerando-se, tambm, que a avaliao consiste na interpretao de um conjunto
de dados ou informaes obtidos por meio da aplicao de determinados testes,
mtodos, protocolos ou instrumentos validados, imprescindvel que essa interpretao
seja feita de maneira adequada para que seja capaz de prescrever a(s) modalidade(s),
o(s) exerccio(s) e o(s) mtodo(s) mais adequado(s) para equipes e/ou indivduos.
Nesse contexto, Pires (2010) indica que, para que um determinado programa de
exerccios fsicos seja lgico, objetivo, eficaz e individualizado, indispensvel que ele
seja precedido de um criterioso e qualificado processo de avaliao funcional. Isso
porque somente essa avaliao poder esclarecer as caractersticas individuais e,
portanto, permitir que o programa de exerccios e/ou esporte seja realmente o mais
indicado para determinado indivduo, reduzindo assim a probabilidade de o programa
promover resultados subtimos, no promover resultado algum ou, at mesmo, causar
algum dano.
De forma abrangente, segundo Pires (2010), a melhora da aptido fsica implica,
portanto, em aprimorar determinados parmetros da aptido fsica, como fora e
resistncia muscular, velocidade, flexibilidade articular, coordenao motora global e
fina, equilbrio esttico e dinmico, ritmo e coordenao espao-temporal.
3. Avaliao no contexto da atividade fsica e do esporte
Obviamente, o cotidiano motor dos indivduos apresenta uma determinada gama de
atividades que comum a todos, mas existe um rol de tarefas motoras que se configura
como mais prprio do repertrio de grupos especficos, marcadamente em funo das
atividades laborais e de lazer. Assim, os nveis de requerimento (exigncia) de fora
muscular, resistncia, flexibilidade e velocidade das tarefas motoras bsicas e especficas
de cada indivduo determinam o quanto cada um desses parmetros dever ser
aprimorado para torn-lo mais apto para essas tarefas. Se as atividades laborais e de
lazer so diferentes das de outras pessoas, parece claro que os programas de exerccios
devam ser adequados especificamente s diferentes demandas (PIRES, 2010).
Neste ponto, pode-se perguntar o seguinte: como ser possvel saber, inicialmente, o
quo distante um indivduo est dos requerimentos de aptido fsica necessrios para
se viver bem? Isso somente possvel mediante um processo de avaliao fsica
criterioso. Assim, possvel que uma pessoa, por exemplo, tenha nveis adequados de
flexibilidade articular e, no entanto, no mesmo segmento corporal, apresente baixos
nveis de fora muscular; da mesma forma, o inverso pode acontecer com outro
indivduo. Se isso detectado por meio de um processo de avaliao, parece lgico
que os programas de exerccios dessas pessoas apresentem prioridades e estruturas
diferentes e individualizadas. Sem a avaliao, isso no seria possvel.
Em complemento, indica-se que somente a avaliao pode permitir que se pense um
programa de esporte de forma a estabelecer ou at mesmo rever suas metas
parciais e finais, conferindo-lhe lgica e objetividade.
Assim, a avaliao fsica compreendida como uma importante ferramenta no
processo de desenvolvimento e de treinamento esportivo, na prescrio de
exerccios fsicos ou de atividades fsicas para a sade, e tambm para garantir o
acompanhamento do crescimento, do desenvolvimento, da maturao e da
aprendizagem de crianas e adolescentes. Dessa maneira, pode-se identificar fatores
de risco para o desenvolvimento de determinadas doenas, bem como avaliar de
maneira especfica as necessidades dos indivduos para qualquer nvel de aptido
fsica, fornecendo subsdios para que seus objetivos seja quais forem sejam
alcanados de maneira satisfatria.
De fato, o processo de avaliao no esporte pode proporcionar o diagnstico do real
estado dos praticantes, fornecendo subsdios importantes para que o professor ou
treinador possa orientar e at modificar suas aes no processo de escolha, de
desenvolvimento e de acompanhamento de suas atividades, em especial no mbito
do treinamento, tendo com isso condies de estabelecer as cargas de forma mais
especfica e individualizada (WEINECK, 2000; BOMPA, 2001).
Pires (2010) chama a ateno para o fato de que os profissionais de educao fsica
acreditam estar realizando uma avaliao adequada quando mensuram somente
parmetros antropomtricos (peso, estatura, circunferncias, dobras cutneas etc.). No
entanto, conforme esse autor, sem a investigao e o conhecimento dos parmetros
funcionais, no ser possvel inferir sobre o que o indivduo capaz de fazer, o que ele
necessita efetivamente melhorar, o quanto alguma habilidade deve ser melhorada e
qual o prazo estimado para que essas melhoras aconteam; ou seja, dessa forma no
possvel respeitar a individualidade dos participantes.
Existe consenso entre tcnicos, preparadores fsicos e estudiosos das cincias do
esporte de que o desempenho fsico resultado de um conjunto de fatores, dentre
12
Caderno de referncia de esporte
13
Avaliao fsica
eles a capacidade estratgico-ttica, a tcnica e os desempenhos diferenciados em
capacidades fsicas especficas (WEINECK, 2000; BOMPA, 2001).
Em modalidades esportivas acclicas como o futebol, conforme abordado no caderno 2
desta srie, intitulado Fisiologia do exerccio, e no caderno 4, Treinamento esportivo,
embora ocorra predominncia do metabolismo aerbio no fornecimento de energia
para o organismo, so os cerca de 2% de metabolismo anaerbio que determinam os
resultados de um jogo (BANGSBO, 1994). Dessa maneira, o trabalho fsico para essa
modalidade deve resultar tanto em um bom condicionamento aerbio, pela
predominncia metablica do futebol, quanto anaerbio, pela determinante participao
dessa fonte de energia em momentos decisivos da modalidade (HOFF; HELGERUD, 2004).
Em muitas modalidades de fundo do atletismo (10.000 metros), bem como no caso
das provas longas de natao (1.500 metros), a capacidade aerbia predominante,
sendo responsvel por at 80% do fornecimento de energia (ASTRAND; RODAHL,
1977). No entanto, nessas e em outras modalidades, como ciclismo, tnis, futebol e
jud, a capacidade de se manter nveis de fora muscular constantes durante a
atividade tambm muito importante, pois, alm de aumentar a resistncia fadiga,
nveis de fora apropriados tambm so fundamentais para prevenir leses (WEINECK,
2000; BOMPA, 2001). Devido a esse que coloca, novamente, o condicionamento
anaerbio como uma capacidade a ser desenvolvida.
Para o desenvolvimento adequado das capacidades fsicas gerais e/ou especficas de
cada modalidade, necessrio que haja a modulao de intensidade, durao e
frequncia dos esforos fsicos durante as sesses de treino. Os mtodos de
treinamentos especficos, aplicados de forma simultnea, podem produzir efeitos
distintos (positivos, negativos ou neutros) nas capacidades fsicas dos atletas. Dessa
forma, importante conhecer o tempo ideal de aplicao dos estmulos para se obter
as adaptaes positivas nas capacidades predominantes e determinantes da
modalidade (GAMBETTA, 1991).
Nesse contexto, interessante avaliar os praticantes do Programa por meio de
testes fsicos e suas repeties que forneam informaes relevantes para o
planejamento e para a execuo das aulas e dos treinos de uma forma responsvel.
Porm, durante a temporada competitiva ou mesmo durante o processo de
formao do aluno ou atleta, a maioria dos professores ou treinadores ainda tem
poucas informaes com relao aos testes e avaliaes que deveriam ser
realizados para diagnosticar as diferentes capacidades e habilidades fsicas.
Dessa maneira, na sequncia, tem-se como objetivo apresentar protocolos de avaliao
para as diversas capacidades e habilidades fsicas, os quais podero auxiliar os
profissionais das modalidades esportivas desenvolvidas no Programa Brasil Vale Ouro
a determinar e classificar a condio fsica de cada um dos participantes e do grupo
como um todo, avaliando e ajustando as atividades e/ou o treinamento aplicado.
Como dito at aqui, vale ressaltar que as rotinas de medidas e testes motores
apresentados na sequncia so considerados fundamentais para identificar o perfil
fsico e possibilitar o acompanhamento dos indivduos e do programa esportivo como
um todo. Como visto, essas rotinas so compostas inicialmente de avaliaes
antropomtricas (medidas corporais) e testes fsicos que buscam:
a) comparar o desempenho do indivduo com ele mesmo, em diferentes perodos
do processo de aprendizagem;
b) avaliar o desempenho ao longo do tempo de um mesmo grupo de indivduos; ou
c) determinar ndices de comparao para valores j pr-estabelecidos para grupos
especficos.
3.1. Medidas antropomtricas
A antropometria busca determinar parmetros de normalidade dos componentes
corporais, com base em medidas de permetro e comprimento de segmentos, tecido
de gordura subcutneo, dimetros sseos, massa corporal e estatura.
A avaliao antropomtrica apresenta informaes valiosas para estimar as medidas
dos componentes corporais de sedentrios ou atletas no crescimento, em suas fases
de desenvolvimento e maturao e at mesmo no envelhecimento. Pode ser utilizada
para determinar o tamanho fsico de uma populao, por meio da utilizao das
medidas de comprimento, profundidade, circunferncias corporais etc. Alm disso, o
resultado dessas medidas usualmente utilizado para fins de diagnsticos na rea
mdica, na confeco de equipamentos e produtos, entre outros.
As regras de medio em antropometria devem seguir padres nacionais e
internacionais para garantir a fidelidade dos dados obtidos, motivo pelo qual os
protocolos recomendados sero apresentados na sequncia do texto.
Os equipamentos utilizados para coleta de dados so muitos; entre eles, esto as fitas
mtricas de antropometria, cuja principal funo medir circunferncias; o
estadimetro, usado para medir altura e estatura; o antropmetro, que mede alturas
entre o cho e um ponto anatmico especfico; o segmmetro, usado para medir
distncias segmentadas diretas; o paqumetro grande, para medir dimetro de ossos
grandes; o paqumetro pequeno, para medir a largura de ossos como fmur, rdio e
mero; o compasso de braos curvos, usado para medir a profundidade do trax; o
adipmetro, usado para medir dobras cutneas; e as balanas de pesagem.
As medidas bsicas utilizadas no mbito do Programa Brasil Vale Ouro so: a) massa
corporal; b) estatura e c) envergadura. Elas sero descritas e especificadas no captulo 4
(Protocolo dos testes), na sequncia deste documento.
3.2. Testes fsicos
A testagem das habilidades motoras e capacidades fsicas como velocidade, fora,
resistncia muscular, agilidade, flexibilidade, potncia, equilbrio e capacidade
respiratria, fundamental para acompanhar o desempenho dos alunos do Programa
Brasil Vale Ouro. Nesse sentido, so resumidos, na sequncia, os testes propostos e
adotados pelo Programa, bem como os materiais e protocolos de aplicao
necessrios. Embora sejam mencionados testes semelhantes no referencial terico
apresentado nesta obra, optou-se por especificar e descrever os testes utilizados, de
forma a facilitar a sua aplicao em campo pelos profissionais do Programa.
Nessa direo, so descritos a seguir as medidas e os testes utilizados para o
atendimento dos objetivos apresentados anteriormente, assim como para o
acompanhamento geral das modalidades esportivas do Programa Brasil Vale Ouro,
tomando como base o protocolo sugerido pelo Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR)2.
14
Caderno de referncia de esporte
2 O Projeto Esporte Brasil um observatrio permanente de indicadores de crescimento e desenvolvimento corporal,motor e do estado nutricional de crianas e jovens entre 7 e 17 anos. Com o objetivo de auxiliar os professores deeducao fsica na avaliao desses indicadores, o PROESP-BR prope, por meio de um mtodo, a realizao deprograma cujas medidas e testes podem ser realizados na maioria das escolas brasileiras. Disponvel em:.
15
Avaliao fsica
O objetivo aqui consiste em possibilitar que a comunidade de professores do
Programa possa apropriar-se de um conjunto de conhecimentos e saberes que
representam um levantamento especfico das crianas e adolescentes, sobre aspectos
de crescimento somtico, estado nutricional, hbitos de vida e aptido fsica,
relacionados sade e ao desenvolvimento e rendimento esportivos.
Nesse contexto, refora-se a proposta deste caderno, de utilizar um mtodo
padronizado de avaliao que auxilie no acompanhamento da implementao da
proposta pedaggica e dos resultados concretos do Programa Brasil Vale Ouro, assim
como contribuir para o processo de deteco de talentos esportivos junto aos
territrios onde o Programa encontra-se em desenvolvimento.
3.3. Procedimentos adotados e orientaes para a avaliao fsica
Antes de serem submetidos aos procedimentos e testes de avaliao fsica
propriamente dita, os alunos devem responder um questionrio elaborado
especificamente para o levantamento de suas condies fsicas atuais (histrico de
doenas familiar e pessoal; procedimentos cirrgicos realizados; utilizao de
medicamentos, fumo ou bebidas alcolicas; hbitos alimentares e esportivos; e
disponibilidade de horrios para as prticas esportivas), para permitir a identificao
e o tratamento de fatores e situaes especficas que possam vir a requerer cuidados
ou at inviabilizar a prtica de atividades fsicas.
Recomenda-se ainda a realizao de uma anlise postural em que, por meio de
verificao visual ou com a ajuda de instrumentos especficos, o avaliador possa
verificar indicativos de desequilbrio postural e de alinhamento do corpo do avaliado.
Nos casos de desvios graves, recomenda-se a visita a um especialista mdico para uma
anlise mais aprofundada.
Por fim, destaca-se a periodicidade da aplicao dos testes, e orienta-se para sua
realizao antes de que sejam iniciadas as atividades fsicas e em perodos regulares
(geralmente de 4 a 6 meses), para um melhor acompanhamento dos resultados e pela
segurana dos indivduos de forma mais ampla, conforme objetivo e disponibilidade
dos alunos e dos profissionais do Programa.
3.4. Orientaes a serem adotadas antes do incio dos testes
importante que os profissionais avaliadores considerem as seguintes orientaes
antes do incio dos testes:
a) explicar e, se possvel, demonstrar ao avaliado como deve ser realizado o teste
em questo;
b) efetivar as medies sempre na mesma hora do dia;
c) no realizar atividade fsica extenuante antes da realizao do teste;
d) no realizar os testes em jejum, em estado de desidratao e/ou em estado de
enfermidade (gripe, febre, resfriado);
e) buscar utilizar o mesmo avaliador quando se considera o mesmo teste;
f ) nas mulheres, procurar realizar os testes e suas repeties na mesma fase dos
diferentes perodos menstruais (evitando, sempre que possvel, o perodo de 7 a
11 dias aps o incio da menstruao).
16
Caderno de referncia de esporte
4.1. Composio corporal
Os protocolos de avaliao da composio corporal referem-se a medidas do tamanhocorporal e de suas propores e so um dos indicadores diretos do perfil nutricionaldo indivduo. As medidas antropomtricas mais utilizadas so:
a) massa corporal total; b) estatura;c) ndice de massa corporal (IMC);d) envergadura;e) permetros; f ) dobras cutneas.
A importncia da avaliao antropomtrica ocorre por sua capacidade de informar aoavaliador e quantificar de maneira mais objetiva os tecidos sseo, adiposo e muscular,alm de estimar a quantidade de gua corporal. Baseado nessas informaes pode-seavaliar o desenvolvimento, o crescimento e a maturao dos indivduos, alm do estadonutricional, nvel de atividade fsica e possveis riscos de doenas.
Porm, para garantir a confiabilidade e a preciso das medidas coletadas, deve-se saberreconhecer a necessidade de cuidados e utilizar tcnicas padronizadas para a coletade dados, como: ambiente adequado, equipamentos especficos, reprodutibilidade eespecificidade dos testes, e ateno durante a realizao dos procedimentos.
Adiante, sero apresentados os protocolos utilizados no mbito do Programa para aavaliao da composio corporal.
4.1.1. Massa corporal total
A massa corporal total a soma de todos os componentes corporais (gua, gordura,ossos, msculos, pele, tecidos viscerais) e reflete o equilbrio energtico do indivduo.
Figura 1. Medio da massa corporal
Material:Uma balana com preciso de at 500g.
Procedimentos: A pessoa deve estar sem calados e com roupas leves,devendo posicionar-se apoiada nos dois ps sobre aplataforma da balana e manter-se imvel, conformedemonstra a Figura 1. Nesse momento, o avaliador deverealizar a leitura e o registro da medida obtida em quilogramas, com a utilizao de umacasa decimal (ex.: 30,5kg). Caso exista alguma dvida, deve-se repetir o procedimento.
Orientao:Ao se utilizar balanas, deve-se observar a sua calibragem. Na utilizao de balanasportteis, recomenda-se sua calibragem prvia a cada 8 ou 10 medies.
4. Protocolos de testes
17
Avaliao fsica
4.1.2. Estatura (altura corporal)
Essa medida comumente utilizada para quantificar o processo de crescimento lineardo corpo humano, com o auxlio de um estadimetro3 ou mesmo uma fita mtricaposicionada e fixada na parede a 1 metro do solo e estendida de baixo para cima.Nesse caso, o avaliador no dever se esquecer de acrescentar 1 metro ao resultadomedido na fita mtrica.
Figura 2. Medio da estatura e da altura corporal
Material necessrio:Estadimetro ou fita mtrica com preciso de at2mm.
Procedimentos: A pessoa deve estar com roupas leves, sem caladosou adornos na cabea, e deve ser posicionada decostas superfcie de uma parede lisa e sem rodap.Aps esse procedimento, o avaliador deve ter ocuidado de garantir que o avaliado encoste a sua cabea na parede e olhe para frente(olhar no horizonte), como demonstrado na Figura 2. Com a utilizao de uma rgua(triangular), o avaliador deve realizar a medio encostando um dos lados do esquadrona parede e o lado perpendicular junto cabea do avaliado. Aps a inspirao mxima,com o estadimetro no ponto mais alto da cabea do avaliado, realiza-se a leitura damedida na fita mtrica. A medida da estatura anotada em centmetros com uma casadecimal (ex.: 1,5m).
As Figuras 3 e 4, a seguir, apresentam exemplos de curvas de crescimento de meninos
e meninas de 5 a 19 anos, considerando a estatura alcanada a cada ms e a cada ano.
Elas servem como um parmetro de acompanhamento do crescimento infantil,
utilizado no mbito das cincias mdicas.
As curvas de crescimento da Organizao Mundial da Sade (OMS) (BRASIL, 2007) so
interessantes para o acompanhamento do crescimento infantil, pois permitem inferir
sobre o estado nutricional ou mesmo sobre a carga de treinamento imposta aos jovens.
Por exemplo, se a altura de uma criana est abaixo do esperado para sua idade
respectiva (percentil 50)4, isso poder indicar uma deficincia nutricional ou uma
disfuno hormonal que pode estar prejudicando seu crescimento. Nesse caso, a
criana deve ser encaminhada ao mdico ou nutricionista para um acompanhamento
regular do seu desenvolvimento. Alm disso, o acompanhamento adequado da criana
desde seu nascimento permite a identificao e a preveno de desvios do crescimento
normal, tambm para se alertar famlia sobre possveis problemas de sade.
3 O estadimetro um instrumento projetado com a finalidade de aferir a estatura (altura) do indivduo de forma direta.4 Os percentis so indicadores da varivel mensurada para uma determinada idade, ou seja, um percentil definido
por uma medida condicionada para um dado sexo e/ou idade (varivel independente) e sempre ser niconaquele sistema de referncia.
18
Caderno de referncia de esporte
Figura 3. Exemplo de curva de crescimento infantil dos 5 aos 19 anos para meninos
Fonte: BRASIL, 2007. Referncia da Organizao Mundial da Sade (OMS) adotada pelo Ministrio da Sade.
Figura 4. Exemplo de curva de crescimento infantil dos 5 aos 19 anos para meninas
Fonte: BRASIL, 2007. Referncia adotada pelo Ministrio da Sade.
Diferentemente dos adultos, que mantm caractersticas fsicas e mentais quase
constantes durante longos perodos, as crianas apresentam mudanas contnuas
devido aos processos de crescimento e de desenvolvimento. Assim, de fundamental
importncia o conhecimento das mudanas normais desse processo para a
identificao e evoluo dos estados anormais. Dessa forma, o processo do
crescimento reflete e sintetiza, em cada momento da vida da criana, o seu estado
nutricional, alm de exprimir a interao com o meio ambiente ou com os fatores que
incidem sobre ela.
19
Avaliao fsica
Genericamente, as curvas de crescimento so utilizadas para monitorar e avaliar,
periodicamente ou em segmento longitudinal, o crescimento e o estado nutricional
de crianas, em centros de sade ou servios mdicos de ateno primria, em clnicas
e consultrios. Elas so utilizadas igualmente para comparaes entre diferentes
populaes e suas tendncias de crescimento no tempo.
Como referncia utilizada no Programa de Esportes da Fundao Vale, adotam-se as
curvas utilizadas e difundidas pela OMS (2007), que possibilitam a avaliao de crianas
e adolescentes de 5 a 19 anos. So curvas com distribuio em percentis e escore z
de peso, estatura e ndice de massa corporal (IMC), desenvolvidas utilizando-se
o mesmo mtodo estatstico da construo das curvas OMS 2006, conforme
demonstrado nos grficos anteriores.
4.1.3. Envergadura
Essa medida comumente utilizada em modalidades nas quais as caractersticas
antropomtricas podem auxiliar no desempenho de atletas, como o caso da natao.
Estudos mostram que nadadores com maiores medidas de envergadura so capazes
de desenvolver maior fora propulsiva no momento do nado (MAGLISCHO, 1999).
Figura 5. Medio da envergadura corporal
Material:
Fita mtrica com preciso de 2mm.
Procedimentos:
O avaliador deve colocar o avaliado de p em frente a uma parede lisa e com os braos
abertos (abduo do ombro em 90). As palmas das mos devem estar voltadas para
frente, realizando a supinao5 do antebrao. A medida da envergadura a distncia
entre as pontas dos dedos mdios com os braos abertos e completamente
estendidos no nvel dos ombros. A fita mtrica deve ser colocada, paralela ao solo, a
uma altura de 1,20m (para os indivduos com at 1,50m de altura) e 1,50m (para
indivduos com estatura superior a essa medida), como demonstrado na Figura 5.
Importante: devem ser realizadas trs medidas, devendo-se considerar a mdia entre
elas, sendo a medida registrada em centmetros com uma casa decimal (ex.: 1,80m).
Por exemplo:
1 medida = 1,79m
2 medida = 1,81m
3 medida = 1,80m
Mdia entre as trs medidas = (1,79 + 1,81 + 1,80) / 3 = 1,80m
4.1.4. ndice de massa corporal (IMC)
O ndice de massa corporal (IMC) representa a relao entre a massa corporal (em
quilogramas kg) e a altura (em metros m) elevada ao quadrado, conforme frmula
a seguir:
IMC = massa / (altura)2
5 A supinao o movimento produzido pelos msculos supinadores do antebrao e da mo, de forma que apalma da mo esteja voltada para cima, e o dedo polegar esteja apontando para fora.
20
Caderno de referncia de esporte
Com esse ndice, obtm-se facilmente estimativas comparveis e interpretveis da
relao entre o peso corporal e a estatura , bem como estimativa dos nveis de gordura
e do estado nutricional da pessoa, conforme pode ser observado na Tabela 1 e na
Tabela 2, a seguir.
Tabela 1.Classificao do estado nutricional baseado nos valores de IMC
Fonte: WHO, 2007.
Tabela 2. Valores de IMC para populao brasileira
Fonte: PROESP-BR, 2012b.
6 Eutrofia o termo tcnico utilizado para designar um estado nutricional adequado, em que no h dficit nemexcesso de peso.
21
Avaliao fsica
Em conjunto com o valor da estatura, o IMC pode fornecer dados importantes para a
manipulao da dieta e das cargas de treinamento aplicadas aos indivduos, assim
como para a necessidade de incremento dos nveis de massa muscular, como, por
exemplo, no caso de pessoas com nveis muito baixos de IMC (< 17). Alm disso, pode
ser necessria a reduo da gordura corporal em indivduos com IMC mais elevado,
para evitar riscos sade relacionados obesidade. Dessa maneira, o trabalho conjunto
de educadores fsicos, nutricionistas e mdicos pode contribuir significativamente
para o alcance desses objetivos durante o processo de formao dos praticantes de
atividades fsicas.
4.1.5. Permetros
A avaliao dos permetros corporais permite verificar o tamanho de seces
transversais e as dimenses do corpo. Um item que deve ser observado a grande
variedade de padres anatmicos utilizados para execuo da mesma medida.
Quando o objetivo apenas de acompanhamento das medidas, deve-se escolher o
padro mais adequado s necessidades e possibilidades do Programa, repetindo-o da
mesma forma nas reavaliaes. Entretanto, se a opo for pela utilizao de mtodos
de predio de componentes corporais ou pela utilizao de ndices corporais, deve-
se seguir a padronizao proposta para a tcnica escolhida, conforme especificado
em cada um dos permetros a seguir apresentados.
Material:
Fita mtrica com preciso de 1mm.
Procedimentos:
O avaliador deve posicionar a fita levemente na superfcie cutnea de forma que ela
fique justa, mas no apertada. Deve-se evitar a compresso da pele e, sempre que
possvel, realizar as mensuraes em triplicata (trs vezes) em cada seco corporal, a
fim de se obter a mdia dos trs valores medidos (McARDLE et al., 2008).
Neste captulo, so utilizados como referncia os pontos anatmicos de Lohman e
outros (1988). Esses pontos, juntamente com a referncia anatmica e a posio de
medida, esto resumidos no Quadro 1, a seguir.
Quadro 1. Pontos anatmicos e respectivas referncias anatmicas e posies para a realizao da perimetria
(continua)
22
Fonte: Quadro elaborado pelos autores.
Caderno de referncia de esporte
(continuao)
23
Avaliao fsica
4.1.6. Dobras cutneas
A avaliao das dobras cutneas uma metodologia utilizada para medir, basicamente,a espessura da pele e do tecido adiposo subcutneo em locais especficos do corpodo avaliado.
Material: Compasso de dobras cutneas
Procedimentos:A aferio das dobras um mtodo relativamente simples, de baixo custo e noinvasivo, para se estimar a gordura corporal total, mas exige que o avaliador seja bemtreinado. Esse tipo de avaliao no indicado para indivduos obesos, devido dificuldade de mensurao das dobras cutneas. Para essas condies (obesidadeexcessiva ou mrbida), aconselha-se a utilizao do ndice de massa corporal (IMC) oudos protocolos que estimam o percentual (%) de gordura corporal por meio dospermetros ou da utilizao de testes de bioimpedncia eltrica7 (ACKLAND et al., 2012).
A tcnica de medio de dobras cutneas segue os seguintes passos:
a) em primeiro lugar, o avaliador deve conhecer os pontos anatmicos a seremavaliados, especificados a seguir;
b) levantar a pele e a camada de gordura do tecido subjacente; c) tomar o tecido com o polegar e o indicador; d) aplicar o compasso (tambm conhecido como adipmetro ou plicmetro) cerca
de 1cm distal ao polegar e indicador;e) realizar a leitura da dobra cutnea no compasso de dobras;f ) observar que todos os pontos devem ser aferidos no hemisfrio direito do avaliado.
Da mesma maneira que ocorre na perimetria, na medida de dobras cutneas, asmedies, sempre que possvel, devem ser realizadas em triplicata em cada local, a fimde se obter a mdia dos trs valores mensurados. Outra orientao importante a desempre realizar as medidas quando o aluno estiver com a pele seca e livre de loesou leos. Alm disso, no se deve realizar essas medidas aps os exerccios fsicos(ACKLAND et al., 2012).
Apesar de a literatura especializada mencionar a existncia de aproximadamente 93pontos anatmicos nos quais uma dobra cutnea pode ser destacada, os mais difundidose utilizados so os apresentados por Lohman e outros (1988). O Quadro 2, a seguir,especifica esses pontos anatmicos e ilustra a melhor posio para se realizar as medidas.
Quadro 2. Pontos anatmicos e respectivas referncias anatmicas e posies para a mensurao das dobras cutneas
7 O teste de bioimpedncia baseia-se na medio da resistncia imposta conduo de uma corrente eltrica debaixa intensidade nos diferentes tecidos corporais, com o objetivo de definir a massa magra (ossos, msculos ergos vitais), a massa de gordura e a quantidade total de gua corporal.
(continua)
Fonte: Quadro elaborado pelos autores.
24
Caderno de referncia de esporte
(continuao)
25
Avaliao fsica
Com os valores da avaliao das dobras cutneas, pode-se quantificar o percentual de
gordura corporal por meio de equaes preditivas. Um cuidado que se deve tomar
escolher conscientemente essas equaes, porque sua utilizao e seus resultados
podem variar conforme o gnero, a idade, a etnia e o nvel de atividade fsica.
As equaes apresentadas no Anexo 1 podem ser aplicadas a populaes especficas.
Algumas dessas equaes foram desenvolvidas para estimar a composio corporal
de indivduos de um grupo homogneo (por ex.: crianas, atletas, obesos etc.), outras,
so consideradas equaes generalizadas, utilizadas para grupos que variam bastante
em idade, sexo, etnia, nvel de gordura corporal e nvel de atividade fsica.
Dentre as diversas equaes apresentadas, um detalhe importante a ser notado o
nmero de dobras cutneas utilizado em cada uma delas. Esse aspecto possibilita ao
professor ou avaliador escolher o protocolo de acordo com a necessidade, o objetivo
e a populao avaliada. Alm disso, alguns desses protocolos calculam o percentual
de gordura corporal diretamente pela equao, sendo que outros calculam a
densidade corporal8. Para as equaes que calculam a densidade corporal, deve-se
aplicar outra frmula bastante simples e comum na rea da antropometria, a frmula
matemtica de Siri (1961):
4;>1A>.,F-G
Para a obteno do percentual de gordura corporal, deve-se substituir D pela
densidade corporal obtida pela equao escolhida no Anexo 1, de forma que o
resultado da equao de Siri venha a ser a estimativa do percentual de gordura
corporal do indivduo.
Aps o clculo do percentual de gordura do avaliado, pode-se ainda avaliar quantos
quilos de gordura corporal esse indivduo realmente tem, indicando-se a sua massa
gorda (a massa de gordura), assim como a massa magra (a massa isenta de gordura),
por meio das equaes abaixo:
Massa de gordura ou massa gorda (kg) =
9.??.0;>.8@;@.874G02:@A.8124;>1A>.B.8;>02:@2?69.8
Massa isenta de gordura ou massa magra (kg) =
massa corporal total (kg) massa de gordura (kg)
Abaixo, o exemplo de um indivduo com peso corporal de 70kg e 20% de gordura, o
qual, em uma primeira etapa do trabalho, apresenta:
!.??.4;>1.G74
Massa magra = 70 14 = 56kg
8 A densidade corporal calculada por meio da pesagem hidrosttica (medio efetivada com o indivduosubmerso no meio lquido), dividindo-se a massa corporal total pelo volume do corpo.
Assim, v-se que o percentual de gordura inversamente proporcional ao percentual
de massa magra, ou seja, aumentando-se a massa magra, a massa de gordura diminui
proporcionalmente. Por esse motivo, no mbito da atividade fsica, orienta-se para a
prtica de atividades aerbias, que atuam com mais fora na reduo da massa gorda,
associadas a atividades de fortalecimento muscular, que contribuem para o aumento
da massa magra.
Por meio desses clculos, possvel obter resultados para avaliao e ajustes das
cargas de treinamento, bem como informaes importantes ao profissional de
nutrio para promover ajustes na dieta e na suplementao alimentar dos avaliados,
quando for o caso.
4.1.7. Obesidade
Com base nos mtodos e nos clculos do percentual de gordura e do IMC anteriormente
apresentados, pode-se obter alguns parmetros para o acompanhamento da obesidade
junto ao pblico-alvo do Programa. Considera-se obesidade a quantidade excessiva de
gordura total para um dado peso corporal, o que est fortemente associado ao aumento
de fatores de risco para a sade, como, por exemplo, obesidade, infarto, acidente vascular
cerebral, bem como aos ndices de morbidade9 e de mortalidade. Nesse sentido, pode-
se observar a classificao dos nveis de obesidade de acordo com Costa (2001), assim
como outros parmetros adotados para o acompanhamento da obesidade, nas tabelas
especficas constantes do Anexo 2.
26
Caderno de referncia de esporte
9 O ndice de morbidade a taxa de portadores de determinada doena em relao populao total estudada, emdeterminado local e em determinado momento.
27
Avaliao fsica
A potncia anaerbia est relacionada ao sistema energtico de maior potncia e
menor capacidade do sistema musculoesqueltico, uma vez que ele predomina na
produo de energia em atividades que duram em torno de 10 segundos, executadas
em alta intensidade. As reaes que integram a potncia anaerbia, chamadas de
metabolismo anaerbio altico, so representadas a seguir:
(1) PCR + ADP + H+ 1 ATP + creatina
(2) ADP + ADP 1 ATP + AMP
Onde:
ATP = adenosina trifosfato
ADP = adenosina difosfato
AMP = adenosina monofosfato
H+ = prton ou on hidrognio
A reao 1 representa o metabolismo fosfagnico e conhecida classicamente como
reao da fosfocreatina ou creatina fosfato. Essa reao anaerbia altica acontece a
partir da presena da enzima creatina quinase (CK) no sistema musculoesqueltico. A
reao 2 acontece a partir da presena da enzima mioquinase (MK) no sistema
musculoesqueltico.
Essas duas reaes fazem parte do metabolismo anaerbio altico e so aquelas de
maior potncia do sistema musculoesqueltico, tendo em vista as seguintes
caractersticas:
a) produz uma nica molcula energtica por reao (ATP);
b) reaes presentes dentro do prprio sistema musculoesqueltico;
c) no necessita de oxignio (O2) para poder produzir energia (ATP).
Para investigar a potncia anaerbia, diversos testes tm sido relacionados na
literatura especializada. Apresentam-se, a seguir, algumas possibilidades de avaliao,
considerando testes que investigam tanto os membros superiores quanto os
membros inferiores.
5.1. Saltos
Os saltos so utilizados classicamente como forma de investigao da potncia
anaerbia ou fora explosiva dos membros inferiores. Pede-se, ao executar protocolos
de saltos, que as tentativas sejam repetidas trs vezes, com uma pausa de 2 a 3
minutos entre cada tentativa. Caso o trabalho envolva um grupo grande de
indivduos a serem avaliados, pode-se utilizar o sistema de rodzio, de forma a respeitar
a pausa sugerida acima.
5. Potncia anaerbia
CK
MK
5.1.1. Salto vertical ou sargent jump test
O salto vertical (WEINECK, 2000) pode ser realizado de maneiras diferentes, a saber:
a) salto squat jump (SJ);
b) salto contramovimento (SCM);
c) salto contramovimento com auxlio dos braos (SCMB).
A descrio de cada um desses testes ser feita a seguir.
5.1.1.1. Squat jump (SJ)
A posio inicial deve estabelecer os ps unidos a 30cm da tbua de marcao; essa
tbua tem 1,50m de comprimento e 30cm de largura. O avaliado suja a ponta dos
seus dedos com giz ou com pasta de dentes. Procura-se alcanar o ponto mais alto
(envergadura) sem o salto (em centmetros). Logo aps essa primeira marcao na
tbua, o salto executado. O avaliado far uma semiflexo do quadril e dos joelhos
imaginando que existe uma cadeira atrs de si para se sentar , mantendo essa posio
por 3 segundos de maneira esttica, sem executar o contramovimento e/ou com o
auxlio dos braos na impulso. O avaliado executa o salto somente com a dinmica
positiva (para cima), devendo deslocar o brao para marcar a tbua somente quando
estiver na fase area do movimento. Assim, mede-se a diferena entre a altura
alcanada, a envergadura e o salto propriamente dito (em centmetros).
Figura 6. Demonstrativo da execuo do protocolo squat jump
Deve-se salientar que, no momento 2, descrito na Figura 6, acima, o indivduo avaliado
deve permanecer em isometria (ao esttica) por 3 segundos antes de executar o
salto, e execut-lo somente na dinmica positiva (para cima).
5.1.1.2. Contramovimento (SCM)
Esse salto ocorre nas mesmas condies descritas acima; a diferena que o avaliado
deve partir com o corpo em posio ereta e executar o contramovimento antes do salto,
ou seja, as dinmicas negativa (descida) e positiva (subida) do salto. Considera-se ainda
que os braos no devem auxiliar na dinmica positiva. Com isso, mede-se a diferena
da altura alcanada entre a envergadura e o salto propriamente dito (em centmetros).
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Caderno de referncia de esporte
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Avaliao fsica
Figura 7. Demonstrativo da execuo do protocolo contramovimento na dinmica do salto horizontal
Destaca-se que o sujeito avaliado deve permanecer com as mos atadas cintura
durante todo o salto (Figura 7).
5.1.1.3. Contramovimento com auxlio dos braos (SCMB)
Nas mesmas condies descritas acima, nesse salto, o avaliado novamente deve partir
com o corpo em posio ereta e executar o contramovimento antes do salto, ou seja,
as dinmicas negativa (descida) e positiva (subida) do salto. Porm, aqui os braos
devem auxiliar na dinmica positiva, de forma a maximizar a impulso do salto. Assim,
mede-se a diferena (em centmetros) da altura alcanada entre a envergadura inicial
(pr-salto) e o salto propriamente dito.
Figura 8. Demonstrativo da execuo do protocolo contramovimento com auxlio dos braos
Destaca-se que a pessoa avaliada parte da posio ereta para executar o salto, devendo
realizar o contramovimento (transio da descida para a subida) da maneira mais
rpida possvel (Figura 8).
5.1.2. Salto horizontal
O avaliado executar o salto no plano horizontal, sendo que uma fita mtrica deve ser
disposta no solo para facilitar a marcao da distncia atingida. A referncia a
colocao dos ps na verdade, a ponta dos ps imediatamente antes do incio da
marcao da fita presa no solo, com as pernas afastadas na mesma proporo dos
quadris, joelhos semiflexionados e tronco ligeiramente projetado para a frente; a
distncia de salto medida tomando como referncia o calcanhar do indivduo
quando este toca o solo aps a execuo do salto. Para isso, deve-se considerar o
calcanhar que estiver mais prximo do ponto de origem do salto, ou seja, o p que
estiver posicionado mais para trs aps a execuo do salto. O avaliado pode executar
o salto horizontal em quaisquer das dinmicas citadas acima para o salto vertical, ou
seja, no formato squat jump, contramovimento sem auxlio dos braos e
contramovimento com auxlio dos braos.
Figura 9. Demonstrativo da execuo do protocolo de salto horizontal no estilo contramovimento com auxlio dos braos
Destaca-se que o avaliado parte da posio ereta para executar o salto, devendo fazer
o contramovimento (transio da descida para a subida) com o objetivo de alcanar
a maior distncia possvel (Figura 9). O melhor resultado de duas tentativas executadas
ser registrado.
5.1.3. Arremesso de medicine ball
Esse teste visa a medir a fora explosiva dos membros superiores. O avaliado dever
estar sentado no cho com os joelhos estendidos, as pernas unidas e com as costas
apoiadas. Com o tronco ereto e imobilizado, com a medicine ball nas mos, coladas
na altura do peito, o avaliado dever executar um movimento de extenso mxima e
rpida dos cotovelos, buscando lanar a medicine ball maior distncia possvel (em
metros). O peso da medicine ball para a execuo do teste fica a critrio do avaliador,
conforme a faixa etria dos avaliados.
Figura 10. Demonstrativo da execuo do protocolo arremesso de medicine ball
30
Caderno de referncia de esporte
31
Avaliao fsica
Salienta-se que o sujeito avaliado deve permanecer com as costas apoiadas, de forma
a evitar o contramovimento do tronco durante o movimento dos braos (Figura 10).
Deve-se permitir duas tentativas por avaliado, sendo considerada a maior distncia
obtida nos dois arremessos. Caso o arremesso seja realizado de forma errada, anula-se
essa tentativa e realiza-se outra, normalmente.
Uma observao pertinente a todos os testes de potncia anaerbia diz respeito ao
fato de que, durante a sua execuo, sempre importante que os indivduos avaliados
possam realizar o movimento expiratrio no momento em que esto na fase positiva
ou concntrica dos respectivos movimentos. Essa atitude colabora com a contrao
dos msculos estabilizadores, importantes sinergistas10 dos movimentos avaliados.
10 Msculos sinergistas so os que executam a mesma ao que outros, mas no so considerados os principais.Tambm so chamados de msculos secundrios.
A capacidade anaerbia est relacionada ao sistema energtico intermedirio11, tanto
em termos de potncia quanto da capacidade do sistema musculoesqueltico na
produo de energia (ATP), uma vez que predomina em atividades que duram mais
do que 10 segundos, executadas tambm em altas intensidades. As reaes que
integram a capacidade anaerbia, denominadas metabolismo anaerbio ltico,
constituem a via metablica chamada glicoltica ltica, conforme apresentado no
caderno 2 desta srie, intitulado Fisiologia do exerccio.
O resumo dessa via representado na reao abaixo:
Glicognio + ADP + H+ 3 ATP + lactato
Via glicoltica
As semelhanas dessa via representativa da capacidade anaerbia com as vias
metablicas exploradas no captulo 5, que trata da potncia anaerbia, so indicadas
a seguir:
a) so vias que independem do oxignio (O2) para produzir energia (ATP);
b) as reservas de glicognio encontram-se no prprio sistema msculoesqueltico;
c) produzem energia de maneira relativamente rpida.
Por outro lado, as diferenas dessa via anaerbia ltica para as vias alticas so as
seguintes:
a) tem como produto final o lactato;
b) produz energia de maneira relativamente rpida, pois depende de 11 reaes para
que o ATP seja produzido;
c) produz trs molculas de ATP por molcula de glicognio.
Para investigar a capacidade anaerbia, diversos testes tambm tm sido citados na
literatura da rea. Sero discutidos, a seguir, algumas possibilidades de avaliao
considerando testes que tomam o atletismo como modelo-base, mas que podem ser
adaptados s demais modalidades.
Observe-se que uma das principais variveis tomadas a partir da avaliao da
capacidade anaerbia o ndice de fadiga (IF), que reflete a capacidade do avaliado de
sustentar uma elevada produo de energia (ATP) por meio do metabolismo
anaerbio ltico, como abordado no caderno 2, Fisiologia do exerccio.
6.1. Running-based anaerobic sprint test (RAST)
Esse teste realizado por meio de 6 tiros mximos12 de 35 metros, com 10 segundos
de pausa passiva (parada no lugar) entre cada tiro; ou seja, o incio do tiro subsequente
ser realizado na marca final do tiro anterior, sendo 3 tiros em um sentido (ida) e os
outros 3 no outro sentido (volta). O desempenho em cada tiro dever ser cronometrado,
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Caderno de referncia de esporte
6. Capacidade anaerbia
11 O corpo humano apresenta trs tipos de metabolismo classicamente apresentados: anaerbio altico, anaerbio lticoe aerbio. Essa diferenciao feita, de maneira didtica, pelo nvel de complexidade e de rentabilidade energtica.
12 Nesse caso, o termo mximo indica que o indivduo deve utilizar a sua mxima velocidade
preferencialmente por meio de um sistema de fotoclulas, dispostas a 35 metros de
distncia, para uma aferio mais precisa de parmetros como velocidade mxima e
acelerao, teis no clculo do IF, conforme demonstrado na Figura 11, a seguir.
Figura 11. Demonstrativo da execuo do protocolo RAST
Os tempos cronometrados permitiro avaliar a capacidade anaerbia dos indivduos
por meio dos clculos da potncia mdia e do ndice de fadiga, com base nas frmulas
a seguir.
POTmed = mdia aritmtica da potncia dos seis tiros (sprints)
IF = (POTmax POTminG
$#(max
Onde:
IF = ndice de fadiga (em percentual)
POTmax = potncia mxima (o maior valor)
POTmin = potncia mnima (o menor valor)
A potncia calculada por meio das seguintes frmulas:
$;@Q:06.+3;>O."GB28;061.129?Velocidade = distncia (m) / tempo (s)
"HKj:I>LHD@V:E>K:jiHFL2)Acelerao = velocidade (m/s) / tempo (s)
Para concluir, variaes desse teste podem ser encontradas na literatura especializada,
para fins de aplicao em modalidades especficas como o basquete, o futebol e o
voleibol, permitindo uma anlise mais especfica do desempenho dos indivduos nas
diferentes posies de jogo.
6.2. Teste de 40 segundos
Nesse teste, o indivduo avaliado dever percorrer a maior distncia possvel no tempo
de 40 segundos, podendo ser utilizado o espao linear de uma pista de atletismo ou
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Avaliao fsica
de um campo de futebol para sua execuo. Ao completar o tempo de 40 segundos
correndo na velocidade mxima, o avaliador dever observar o avaliado com relao
ao exato local onde ele estava, para poder marcar a distncia total percorrida em
metros. A pista pode ser demarcada de 50 em 50 metros, tanto para facilitar a
mensurao final da distncia percorrida, quanto para calcular a reduo de
desempenho do avaliado durante o prprio teste. Para o propsito de clculo da
reduo de desempenho ao longo dos tiros de corrida, basta utilizar a funo lap
(voltas) de um cronmetro digital, de forma que as parciais possam ser investigadas.
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Caderno de referncia de esporte
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Avaliao fsica
A fora muscular a capacidade que reflete, do ponto de vista fsico, o produto entre
a quantidade de massa deslocada e uma determinada acelerao. Fisiologicamente,
a fora muscular a capacidade que os msculos tm de se opor a uma resistncia
externa, dependente da quantidade de pontes cruzadas13 feitas entre a actina e a
miosina protenas que so responsveis pela contrao muscular , conforme
explicado nos cadernos desta srie intitulados Fisiologia humana (n 1) e Fisiologia
do exerccio (n 2).
A manifestao dessa capacidade fsica pode ocorrer de diferentes formas, a saber:
fora mxima (dinmica e esttica), resistncia de fora (dinmica e esttica) e potncia
muscular, especificadas a seguir.
7.1. Fora mxima dinmica
Essa fora a capacidade mxima dos msculos de se opor a uma resistncia externa.
A avaliao mais representativa dessa varivel da fora muscular o teste de uma
repetio mxima (1RM).
Nesse teste, o avaliado tem 3 tentativas, intercaladas por pausas de 3 minutos, para
alcanar a carga (em quilos) referente a uma nica repetio mxima. Esse teste
geralmente executado utilizando-se os aparelhos da sala de musculao, mas pode
ser aplicado em qualquer tipo de exerccio, utilizando-se implementos como halteres,
barras, anilhas, caneleiras e elsticos (Figura 12, a seguir).
Figura 12. Exemplo da realizao do teste de 1RM no exerccio de supino
fundamental observar que, nesse protocolo, a pessoa avaliada deve executar tanto
a fase excntrica (negativa) quanto a concntrica (positiva) do movimento, de maneira
destituda (isenta) de qualquer ajuda do avaliador.
Esse teste tem importncia significativa na avaliao da fora muscular dinmica, uma
vez que, alm de avaliar o grau de desenvolvimento mximo de fora, ele pode servir
como referncia para a prescrio do treinamento resistido, utilizando para tal os
percentuais (%) de 1RM. Um exemplo da prescrio do treinamento resistido, baseado
no teste de 1RM, pode ser observado na Tabela 3, a seguir.
7. Fora muscular
13 As pontes cruzadas so as ligaes entre as molculas de actina e de miosina, que ocorrem durante o processo decontrao muscular.
Tabela 3. Formas de prescrio do treinamento resistido baseado no teste de 1RM
Fonte: Adaptado de KRAEMER et al., 2001; VERKHOSHANSKY, 2001; FLECK, 1999; BOMPA, 2002; BADILLO,2001; e BIRD, et al., 2005.
Uma adaptao que pode ser realizada no teste de 1RM dinmico citado acima a
avaliao de 1RM somente da fase excntrica (negativa, de descida ou retorno) do
movimento. Para essa avaliao, deve ser utilizado um tempo mnimo de 3 segundos
de sustentao dinmica da carga na fase excntrica, para que a carga de 1RM
excntrico possa ser validada. Esse protocolo serve para avaliar o trabalho resistido
considerando somente as execues excntricas do movimento, e pode utilizar os
mesmos percentuais de 1RM citados acima, tendo como referncia o 1RM excntrico.
7.2. Resistncia de fora mxima esttica
A fora esttica a fora muscular que pode ativar um msculo ou grupo de msculos
contra uma resistncia fixa. Os fatores limitadores do rendimento so: o dimetro, o
nmero e a estrutura das fibras musculares, o comprimento e o ngulo de trabalho
do msculo, e a coordenao e a motivao do avaliado.
Para realizar sua mensurao, podem-se utilizar dinammetros (Figura 13, a seguir),
aparelhos de musculao, ou exerccios como flexo de braos, abdominais ou
agachamentos, para os determinados tipos de trabalho. Porm, todos esses casos
devem ser investigados de maneira esttica. O teste deve ter durao mnima de 2
segundos e mxima de 5 segundos, com contrao esttica em uma posio de
sustentao da carga, sem movimentao angular, determinada pelo avaliador. A
informao obtida desse teste exatamente a quantidade de carga suportada (em
quilos), de maneira esttica e pelo tempo pr-estipulado pelo avaliador.
Figura 13. Exemplo da realizao dos testes de determinao da fora mxima esttica por meio da utilizao de dinammetros
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Caderno de referncia de esporte
importante observar que os testes de resistncia e de fora mxima dependem do
metabolismo anaerbio, alm de refletirem fielmente a capacidade de recrutamento
muscular dos indivduos avaliados.
7.3. Resistncia de fora dinmicaEssa resistncia a capacidade dos msculos de suportar uma determinada carga de
exerccio, por certo nmero de repeties ou por certo perodo, de forma dinmica
ou isotnica. Esse tipo de avaliao compreende diversos exerccios e formas
diferentes de aplicao, sendo que alguns deles so descritos a seguir. Esses testes
refletem tanto as condies metablicas (metabolismo anaerbio predominante,
tanto ltico quanto altico), quanto as condies neuromusculares (recrutamento de
unidades motoras) dos indivduos avaliados.
7.3.1. Teste de 60% de 1RM
Nessa avaliao, a partir do resultado obtido no teste de 1RM (em quilos), calcula-se
60% dessa carga e executa-se o exerccio contabilizando o nmero de repeties e o
tempo despendido at o avaliado atingir a exausto voluntria mxima. Tanto o
nmero mximo de repeties alcanadas, como o tempo despendido para a sua
execuo, so as variveis retiradas deste protocolo que servem como critrios de
comparao para uma avaliao posterior.
7.3.2. Testes de fora-resistncia
Os trs testes indicados a seguir so mais comumente realizados contabilizando-se o
nmero de repeties executadas em um perodo pr-estipulado; o perodo mais
sugerido na literatura de 1 minuto. importante salientar que a determinao do
perodo a ser utilizado fica a critrio do avaliador, sendo que o perodo mnimo de
avaliao para esse tipo de protocolo de 30 segundos.
Figura 14.Modelos para a execuo do teste de fora-resistncia abdominal
Alm dessa opo, o avaliador tambm pode estipular um determinado nmero de
repeties e contabilizar o perodo que o indivduo avaliado leva para cumprir a
tarefa. Ou ainda, o avaliador pode deixar o indivduo avaliado vontade para
executar o nmero mximo de repeties pelo tempo que for necessrio para
atingir a exausto.
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Avaliao fsica
Figura 15. Modelos para a execuo do teste de fora-resistncia de agachamento
Esse protocolo pode atender qualquer variao do exerccio, seja de abdominal (supra,
infra, oblquo ou dorsal) (Figura 14), de agachamento (meio-agachamento ou
agachamento completo) (Figura 15) ou de flexo de braos (quatro ou seis apoios)
(Figura 16), requerida pelo avaliador. A escolha do tipo de exerccio fica a critrio do
avaliador, desde que haja uniformidade na aplicao dos testes ao longo dos diferentes
momentos de avaliao.
Figura 16. Modelos para a execuo do exerccio de fora-resistncia de flexo de braos
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Caderno de referncia de esporte
A velocidade motora a capacidade fsica que est relacionada competncia do
avaliado de se deslocar mxima distncia no menor espao de tempo possvel, de
maneira cclica (sem mudana de direo) ou acclica (com mudana de direo).
Alm disso, a velocidade motora pode ser dividida em velocidade de antecipao e
velocidade de reao. Para a velocidade de reao, existem avaliaes descritas na
literatura da rea, o contrrio do que ocorre com a velocidade de antecipao.
A velocidade de reao pode ser discriminativa, ou seja, o avaliado discrimina um som,
um sinal ou um toque do avaliador para executar o teste em questo.
fundamental observar que, nos testes de velocidade motora, comum a utilizao
de trs tentativas, de forma a desconsiderar eventuais erros na sua execuo. Alm
disso, sugere-se a utilizao do melhor resultado dentre as trs tentativas, uma vez que
a utilizao da mdia pode considerar os erros ocorridos na execuo.
8.1. Tiro de 10 metros
O avaliado executa tiros durante os quais percorre, mxima velocidade, a distncia
de 10 metros, em linha reta e partindo da posio parada. Deve-se anotar o tempo
utilizado em cada um dos tiros, e entre cada tentativa deve haver intervalo de 2 a 3
minutos. Esse teste pode ser realizado na grama ou na quadra, e suas variaes incluem
a insero de mudana de direo ao longo do trecho que se deseja investigar.
Considerando-se as especificaes do tiro de 10 metros, esse mesmo teste pode
apresentar variaes quanto distncia a ser percorrida, utilizando-se o tiro de 20 ou
de 50 metros.
O teste de 50 metros tambm pode ser realizado na piscina. Para no ocorrer a virada
em piscinas de 25 metros, esse teste pode ser adaptado para o tiro de 25 metros ou o
correspondente extenso da piscina. As variaes desse teste incluem a insero de
mudana de direo ao longo do trecho que se deseja investigar.
8.2. Velocidade de reao
Os testes de velocidade de reao devem incluir na sua execuo alguma sinalizao
por parte do avaliador (um toque, um rudo ou um sinal visual) e deve ser recebida
pelo avaliado a ponto de ele tomar uma atitude ou dar uma resposta. A partir do
momento em que o avaliado toma a atitude, o tempo de teste deve ser bastante curto,
geralmente menos de 5 segundos.
Figura 17a. Ilustrao de teste para investigar a velocidade de reao na natao
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Avaliao fsica
8. Velocidade motora
Figura 17b. Ilustrao de teste para investigar a velocidade de reao no atletismo
Um exemplo de tal teste a velocidade de reao na sada do bloco na natao
(Figura 17a), quando se pode quantificar o tempo despendido entre a reao do
aluno ao sinal de partida at o momento em que ele toca a gua. Outro exemplo
a aferio do tempo despendido entre a sada do bloco at a execuo de cinco
passadas, no atletismo (Figura 17b).
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Caderno de referncia de esporte
A agilidade definida como a capacidade de, o mais rpido possvel, alterar o sentido
do deslocamento ou realizar mudanas de direo no movimento executado. uma
habilidade fsica relacionada intimamente com vrias outras, como a velocidade, a
fora, o equilbrio etc. Assim, alguns fatores intrnsecos ao desenvolvimento da
agilidade devem ser considerados, como, por exemplo, a tomada de deciso. A tcnica
do movimento, a fora, a potncia muscular e a amplitude articular tambm podem
interferir no desenvolvimento da agilidade.
Na literatura especializada, essa capacidade relacionada principalmente a
modalidades intermitentes de alta intensidade, como os esportes coletivos
(BRUGHELLI et al., 2008).
Para todos os testes e protocolos apresentados a seguir, so necessrios apenas
cronmetro, cones e fitas mtricas. Porm, se for possvel a utilizao de um conjunto
de clulas fotoeltricas, a resultados medidos podero ser ainda mais confiveis.
Novamente, assim como nos protocolos apresentados para a investigao da
velocidade motora, tambm se aconselha a realizao de trs tentativas e a utilizao
do melhor resultado entre elas.
Outra observao pertinente aos protocolos e testes de agilidade diz respeito
necessidade de se ensinar e demonstrar aos indivduos avaliados a execuo do
procedimento a ser efetivado. Os protocolos de avaliao tm durao to curta que
seu desconhecimento ou mesmo a falta de coordenao dos indivduos avaliados
pode provocar equvocos na obteno dos resultados.
A literatura cientfica recomenda a utilizao de protocolos de agilidade com tempos
de exerccios mais curtos (menos de 10 segundos), principalmente por sua maior
confiabilidade em relao aos protocolos mais extensos (mais de 10 segundos)
(BRUGHELLI et al., 2008).
9.1. Teste do quadrado
Esse teste muito utilizado em avaliaes de escolares em todo o Brasil, e faz parte do
protocolo de testes utilizados no mbito do Projeto Esporte Brasil (PROESP-BR, 2012b).
Deve-se demarcar, com 4 cones de 50 centmetros de altura ou 4 garrafas de
refrigerante de 2 litros do tipo PET, um quadrado de 4 metros de lado. O aluno parte
da posio levantada, com um p frente, imediatamente atrs da linha de partida.
Ao sinal do avaliador, ele dever deslocar-se at o prximo cone em direo diagonal
(Figura 18, n 1, a seguir). Na sequncia, corre em direo ao cone sua esquerda
(Figura 18, n 2) e depois se desloca para o cone em diagonal (Figura 18, n 3),
atravessando o quadrado em diagonal. Finalmente, ele corre em direo ao ltimo
cone, que corresponde ao ponto de partida (Figura 18, n 4). Uma observao: o
aluno dever tocar com uma das mos todos os cones que demarcam o percurso
(PROESP-BR, 2012).
O cronmetro dever ser acionado pelo avaliador no momento em que o avaliado
realizar o primeiro passo, tocando com o p no interior do quadrado, e ser desligado
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Avaliao fsica
9. Agilidade
quando o avaliado tocar o ltimo cone. Devem ser realizadas duas tentativas, sendo
registrado o melhor tempo de execuo.
Figura 18. Demonstrativo da disposio e execuo do teste do quadrado para a avaliao da agilidade
9.2. Teste de shuttle-run
No teste de shuttle-run (Figura 19, a seguir), o aluno coloca-se o mais prximo possvel
da linha de partida. Aps o sinal de sada, inicia-se o teste; com o acionamento
simultneo do cronmetro ou da clula fotoeltrica, ele se desloca correndo mxima
velocidade at 2 blocos dispostos equidistantes a 9,14 metros da linha de sada. Ao
chegar, o avaliado deve pegar um dos blocos e retornar ao ponto de partida,
depositando esse bloco atrs da linha demarcatria; o bloco no deve ser jogado, mas
sim colocado no solo. Em seguida, sem interromper a corrida, ele parte novamente,
em busca do segundo bloco, procedendo da mesma forma. Ao pegar ou deixar o
bloco, o avaliado ter de transpor pelo menos com um dos ps as linhas que limitam
o espao de teste. O cronmetro parado quando o avaliado coloca o ltimo bloco
no solo e transpe com pelo menos um dos ps a linha final.
Figura 19. Demonstrativo da disposio e da execuo do protocolo shuttle-run para a avaliao da agilidade
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Caderno de referncia de esporte
A flexibilidade uma capacidade fsica trabalhada por meio do mtodo doalongamento musculoarticular. Ela definida como a amplitude mxima demovimento de uma determinada articulao e, nesse sentido, depende especialmentedo tecido muscular, dos tendes, dos ligamentos e da cpsula articular14. Existem,basicamente, quatro for