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AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UM ESTUDO SOBRE A

PRÁTICA PEDAGÓGICA DOS PROFESSORES DE ESCOLAS PÚBLICAS DE

CASCAVEL- PARANÁ

Isabete Dolores Pagnoncelli1

Ilse Lorena Von Borstel Galvão de Queirós2

RESUMO

O presente artigo faz parte do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE, ofertado pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, de agosto de 2010 a 2011, o qual buscou aprofundar conhecimentos teórico-práticos sobre o processo de avaliação na Educação Física escolar, paralelamente, implementar reflexões e ações na prática cotidiana de professores de escolas públicas de Cascavel, Paraná. A problematização norteadora questiona se o processo de avaliação dos professores de Educação Física se fundamenta no Projeto Político Pedagógico da escola e nas Diretrizes Curriculares do Paraná - DCEs. Caracterizou-se em uma pesquisa-ação, foi realizada uma pesquisa bibliográfica que abordou as características da avaliação na Educação Física na escola e sobre as modalidades, tendências e instrumentos de avaliação. A implementação de atividades ocorreu no Colégio Estadual Professora Júlia Wanderley, Cascavel, PR, através do desenvolvimento de estudos em grupos com seis (06) professores de Educação Física. Este estudo contribuiu no aprofundamento de conhecimentos teórico-práticos sobre a avaliação pelos professores Educação Física, apontando que ela deve ser diagnóstica, contínua e permanente, utilizando-se de vários instrumentos de avaliação que sejam claros e precisos. Além disso, que os professores de Educação Física baseiam- se nos projetos políticos pedagógicos da escola e nas DCEs para definir e aplicar as formas e instrumentos de avaliações para os alunos.

1 Professora de Educação Física da Rede Estadual de Educação do Estado do Paraná/Cascavel.

2 Mestre em Educação Física/ Estudos do Lazer UNICAMP/FEF. Docente do Curso de Educação

Física na Universidade do Oeste do Paraná/UNIOESTE, campus de Marechal Cândido Rondon (PR), pesquisadora do CNPq, Grupo de Extensão e Pesquisa em Educação Física Escolar da UNIOESTE -GEPEFE, e membro da Confraria do Lazer do Paraná.

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Palavras-chaves: professor; avaliação; educação física

ABSTRACT

This article is part of the Program for the Development of Education - PDE, offered by the State Secretary of Education of Paraná, in August of 2010 to 2011, which sought to deepen knowledge theoretical-practical on the assessment process in Physical Education at school, at the same time, implement reflections and actions in the daily practice of teachers in public schools of Rattlesnake, Parana. The problematization guiding questions whether the evaluation process for teachers of Physical Education is based on Pedagogical Policy Project of the school and in the Curriculum Guidelines of Paraná - DCEs. Was characterized in an action research, was performed a literature search which addressed the characteristics of evaluation in Physical Education in school and on the methods, trends, and assessment instruments. The implementation of activities occurred in State College Professor Julia Wanderley, rattlesnake, PR, through the development of studies in groups of six (06) Physical Education teachers. This study has contributed to the deepening of theoretical knowledge and practical on the evaluation by teachers Physical Education, pointing out that she should be diagnostic, continuous and permanent, using various assessment tools that are clear and precise. In addition, the teachers of Physical Education are based on political-pedagogical projects of the school and the DCEs to define and apply the ways and means of evaluations for the students.

Key Words: professor; assessment; physical education

1 INTRODUÇÃO

Historicamente, a avaliação proposta pela maioria dos professores nas aulas

de Educação Física, tem enfatizado o rendimento, ou seja, a medição do

desempenho das capacidades físicas e habilidades motoras dos alunos, de caráter

muito mais objetivo e quantitativo.

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Neste sentido, as Diretrizes Curriculares do Estado do Paraná - DCEs

(PARANÁ, 2008, p.28) esclarecem que,

Tradicionalmente, a avaliação em Educação Física tem priorizado os aspectos quantitativos de mensuração do rendimento do aluno, em gestos técnicos, destrezas motoras e qualidades físicas, visando principalmente à seleção e à classificação dos alunos.

Soares et al (1992, p.98) relata as formas de avaliação mais realizadas pelos

professores de Educação Física Escolar,

Na sistemática das aulas de Educação Física verifica-se que a avaliação tem sido entendida e tratada, predominantemente, por professores e alunos para: a) atender exigências burocráticas expressas em normas da escola; b) atender a legislação vigente; e c) selecionar alunos para competições e apresentações tanto dentro da escola, quanto com outras escolas. Geralmente é feita pela consideração da ‘presença’ em aula, sendo este o único critério de aprovação e reprovação, ou então, reduzindo-se as medidas de ordem biométrica: peso, altura, etc., bem como de técnicas: execução de gestos técnicos, ‘destrezas motoras’, ‘qualidades físicas’, ou simplesmente, não é realizada.

Desta forma, a avaliação na Educação Física escolar serve para os

professores selecionar, segregar ou eliminar o aluno, ou então, apenas atender as

exigências burocráticas. Esses entendimentos negligenciam e desconsideram o

papel da avaliação como elemento abrangente e complexo integrado no Projeto

Político Pedagógico de cada escola.

Segundo Mendes apud Mendes (2010), com a necessidade de desenvolver

avaliações apenas para cumprir uma exigência burocrática da escola e do sistema

educacional, acabam avaliando de qualquer forma ou adotam formas de professores

da escola sem saber por que e para que, o que vai se perpetuando através dos

anos.

Nesta direção, Darido (2005) enfatiza que, nos dias de hoje, as pesquisas

indicam a perspectiva de avaliação tradicional onde prioriza o produto e a

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quantificação por meio de testes, que vem dividindo a preferência e o espaço com

uma visão mais processual, abrangente e qualitativa das formas de avaliação na

Educação Física escolar.

Segundo Luckesi (1997), a avaliação utilizada adequadamente no processo

de ensino-aprendizagem deverá estabelecer padrões mínimos de conhecimentos,

onde o aluno deverá adquirir habilidades e hábitos e não apenas uma média mínima

de nota para a sua aprovação.

Cada vez mais, compreende-se que a avaliação é também um dos aspectos

essenciais do Projeto Político Pedagógico da escola, pois é onde cristalizam

mecanismos estruturais e limitantes da prática pedagógica. Para Soares et al (1992),

o sentido da avaliação no processo ensino-aprendizagem na Educação Física, é o

fazer com que ela sirva de referência para a análise da aproximação ou

distanciamento do eixo curricular que norteia o Projeto Pedagógico da escola.

A autora completa que, a avaliação inserida no Projeto Político Pedagógico da

escola deve constituir-se num processo contínuo e diagnóstico, no sentido de

propiciar aos alunos condições para reflexão sobre suas dificuldades e

possibilidades. E, aos professores para analisarem sua prática pedagógica,

fornecendo elementos para adequar e ajustar visando uma melhor aprendizagem

dos alunos.

Segundo Darido (1999), o problema da avaliação não está somente na forma

de avaliar, mas também na concepção que cerca a sua utilização. Pode-se pensar

no uso de provas teóricas, trabalhos, seminários, avaliação de habilidades e atitudes

através de gravações em vídeo, observações sistemáticas e uso de fichas, etc.

Enfim, uma infinidade de formas ou instrumentos para coletar as informações, desde

que o sentido da avaliação seja um contínuo diagnóstico das situações de ensino e

aprendizagem.

É neste contexto que, a proposta de avaliação do processo ensino-

aprendizagem dos professores de Educação Física deve levar em conta a

observação, análise e conceitos que compõem a totalidade da conduta do aluno,

que se expressa através do desenvolvimento das várias atividades, conhecimentos,

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habilidades e atitudes, tendo a expressão corporal como linguagem. (SOARES et al,

1992)

Com base neste panorama, este estudo que contribuiu no aprofundamento

de conhecimentos teórico-práticos sobre a avaliação pelos professores Educação

Física, apontando que ela deve ser diagnóstica, contínua e permanente, utilizando-

se de vários instrumentos de avaliação claros e precisos. Além disso, que os

professores de Educação Física baseiam- se nos projetos políticos pedagógicos da

escola e nas DCEs para definir e aplicar as formas e instrumentos de avaliações

para os alunos.

Este estudo faz parte do Programa de Desenvolvimento da Educação – PDE,

da Secretaria de Estado da Educação do Paraná, período de agosto de 2010 a

2011. Constitui-se em uma pesquisa-ação onde foram realizadas várias atividades,

como: pesquisa bibliográfica, material didático - Unidade Didática, e, implementação

de atividades na escola em questão. Esta etapa desenvolveu-se através de grupos

de estudos, com a participação de seis (06) professores de Educação Física,

durante o período de julho a outubro de 2011. O instrumento de coleta de dados

utilizado foram relatórios específicos, e os dados foram apresentados e analisados

qualitativamente.

2 EDUCAÇÃO FÍSICA NA ESCOLA E AVALIAÇÃO

2.1 CARACTERÍSTICAS DA AVALIAÇÃO NA EDUCAÇÃO FÍSICA

A avaliação é definida para Selbach (2010) como um conjunto de princípios,

hipóteses, procedimentos e de instrumentos que o professor faz funcionar, atuando

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de forma ordenada, contribuindo para sistematizar e coletar informações

necessárias para avaliar a aprendizagem dos alunos.

As DCEs (PARANÁ, 2008), abordam as características da avaliação na

Educação Física como um processo, cumulativo, permanente e contínuo, tal qual

preconiza a LDB nº 9394/96, em que o professor organizará e reorganizara o seu

trabalho, sustentado nas diversas práticas corporais, como o esporte, o jogos e a

brincadeira, ginástica, dança e a luta.

A avaliação da aprendizagem, parafraseando Luckesi (1997), existe

principalmente para garantir a qualidade da aprendizagem do aluno, tendo como

função, possibilitar uma qualificação da aprendizagem na educação formal.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs, (BRASIL, 1998), a

avaliação na Educação Física Escolar deve focar: realização das práticas – se o

aluno respeita o colega, o saber fazer e o trabalho em grupo; valorização da cultura

corporal de movimento – avaliar o aluno não só na participação em jogos esportivos,

mas também, em danças, lutas e jogos e brincadeiras; e, a relação da Educação

Física com a saúde e qualidade de vida – verificar como os alunos relacionam

elementos da cultura corporal aprendidos em atividades físicas com um conceito

mais amplo de qualidade de vida.

Para Hoffmann, (2000), a partir do momento em que se exercer a avaliação

como uma função meramente burocrática e classificatória, persegue-se um principio

claro de segmentação, de parcelarização do conhecimento, de descontinuidade. O

professor cumpre penosamente uma exigência burocrática, e o aluno com isso sofre

com o processo avaliativo. Ambos perdem, além disso, descaracterizam a avaliação

de seu significado básico que é de investigação e dinamização do processo de

conhecimento.

Se for importante aprender o que se ensina na escola, a função da avaliação

é possibilitar ao professor condições de compreensão para verificar o nível em que o

aluno se encontra, podendo assim, trabalhar com ele para avançar em termos dos

conhecimentos necessários. (LUCKESI, 1997)

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Na Educação Física, como em todas as outras áreas, para avaliar bem é

preciso definir objetivos, pois eles determinam o conteúdo a ser trabalhado e os

critérios para observar a evolução da aprendizagem.

Os objetivos da avaliação para Mendes (2010) são selecionados pelos

docentes a partir das concepções já elaboradas ao longo do processo de construção

dos conhecimentos dos alunos, tanto no que se refere às práticas avaliativas, quanto

da educação como um todo e da própria área da Educação Física.

2.2 MODALIDADES, TENDÊNCIAS E DIMENSÕES DA AVALIAÇÃO NA

EDUCAÇÃO FÍSICA

Existem basicamente três modalidades de avaliação que devem harmonizar-

se de modo a contribuírem para o sucesso educativo dos alunos e para melhorar a

qualidade de ensino-aprendizagem do professor. São elas: avaliação diagnóstica,

avaliação formativa e avaliação somativa. (MORGADO, 2007)

Para que a avaliação seja diagnóstica é preciso compreendê-la como uma

concepção pedagógica, comprometida com uma proposta histórico-crítica, onde o

educando deverá apropriar-se de conhecimentos e habilidades necessárias para sua

realização como sujeito crítico. (CERQUEIRA, 2008)

Segundo Piletti (2000), a avaliação se desenvolve em diferentes momentos

do ensino-aprendizagem e com objetivos bem distintos. Assim, no caso da avaliação

diagnóstica, ela se dá no início do processo de aprendizagem e é utilizada para

verificar os conhecimentos que os alunos têm, as particularidades/características

dos alunos e os pré-requisitos que os alunos apresentam sobre o conteúdo a ser

estudo.

Se é importante aprender o que se ensina na escola, a função da avaliação

diagnóstica é possibilitar ao professor condições de compreensão para verificar o

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nível em que o aluno se encontra, podendo assim, trabalhar com ele para avançar

em termos dos conhecimentos necessários. (LUCKESI, 199)

Desse modo, continua o autor, esta modalidade de avaliação não seria

apenas um instrumento para aprovação e reprovação dos alunos, mas sim um

instrumento de diagnóstico de sua situação, buscando encaminhamentos

adequados para o ensino e a aprendizagem.

Em outra direção, sobre a avaliação formativa, Barros (2010), aborda que se

caracteriza abrangente e complexa, pois consiste em algo construtivo e formativo,

onde o critério é analisar como a aprendizagem está sendo absorvida pelo aluno e

como ele a recebe, ou seja, o que o aluno aprendeu e aquilo que ele deve aprender.

Este tipo de prática avaliativa requer tempo, atenção e muita laboriosidade.

A avaliação formativa segundo Piletti (2000) e Morgado (2007), tem função

controladora e se dá ao longo do processo ensino aprendizagem. Os propósitos da

avaliação são de informar o professor e o aluno sobre o rendimento da

aprendizagem e localizar as deficiências na organização do ensino.

Neste contexto, Cerqueira (2008), cita que a avaliação formativa visa avaliar

se o aluno domina gradativamente e hierarquicamente cada etapa da aprendizagem

antes de prosseguir como os objetivos previstos. É através desta forma de avaliar

que o aluno toma conhecimento dos seus erros e acertos e encontra estímulo para

um estudo sistemático.

Sob outro prisma, a avaliação somativa tem função classificatória e é feita

sobre um determinado período de tempo (fim de semestre, mensal, bimestral ou

anual) ou após certo conteúdo ter sido apresentada. Onde o aluno deve atingir

média (nota) pré-estabelecida para aprovação. (PILETTI, 2000), (SANTIAGO, 2005)

Segundo Morgado (2007), a avaliação somativa tem como objetivo a

classificação e certificação, sintetizando num juízo globalizante o grau de aquisição

dos conhecimentos, capacidades, competências e atitudes do aluno, ao final de um

período de ensino-aprendizagem.

Sobre outra linha de pensamento, a disciplina de Educação Física,

atualmente, caracteriza-se por sua diversidade nas inúmeras tendências de

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avaliação, entre elas estão a Tendência Clássica ou Tradicional, a Tendência

Humanista-Reformista e a Tendência Crítico-Social. (DARIDO, 1999)

Para Mendes (2010), na Educação Física as Tendências Tradicional,

Militarista e Tecnicista surgiu a Tendência Tradicional ou Clássica de avaliação da

aprendizagem, com caráter mais quantitativo, pois mede-se ou avalia-se através de

testes, o desempenho técnico e a aptidão dos alunos.

A Educação Física centrou esta modalidade de avaliação no esporte, como

função do processo de avaliação em selecionar talentos, onde o aluno é medido e

observado visando à competição e seu rendimento.

Darido (1999) salienta que a Tendência Tradicional de avaliação ainda é

bastante utilizada por professores de Educação Física, que infelizmente, existe uma

série de equívocos, como: a noção de que avaliação consiste em aplicar testes em

prazos determinados; que avaliação é algo que acontece somente no final de um

prazo; que avaliar é atribuir uma nota ou um conceito; que a avaliação é punitiva;

que avaliação pode tomar o lugar do ensino; que avaliação só é possível se for

quantitativa e envolver medição e que avaliação é um mero cumprimento de uma

exigência burocrática.

Houve inúmeras críticas no final da década de 70, sobre a Tendência

Tradicional de avaliação na Educação Física, da forma como vinha sendo adotada e

realizada. Desta forma surge a abordagem Humanista que levanta a necessidade de

avaliar para além dos parâmetros biológicos, incluindo dimensões cognitivas,

afetivo-social, formação de atitude e aquisição de valores. (DARIDO, 1999),

Com as críticas a essa Tendência Tradicional, Mendes (2010), relata que

surgiram outras tendências pedagógicas para a avaliação da Educação Física, entre

elas a Humanista-reformista, que está centrada na análise dos aspectos internos do

aluno, ou seja, psicomotoras e comportamentais, através da auto avaliação,

considerando as diferenças individuais dos alunos na construção do conhecimento.

Assim para a autora, a Tendência Humanista-reformista é norteada pela

avaliação qualitativa, que se caracteriza numa permanente reflexão sobre a

atividade humana e apreendida através da vivencia de cada um.

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Também em oposição a Tendência Tradicional de avaliação, em meados da

década de 80, surge também a Tendência Crítica, influenciada pela área

sociológica, antropológica e filosófica. (DARIDO, 1999) (MENDES, 2010)

A Tendência Crítica da avaliação, para Mendes (2010), preconizava que o

desenrolar do processo avaliativo precisava ser utilizado para o desenvolvimento da

autonomia do aluno, baseada na valorização da reflexão e no fazer coletivo.

Para tanto, nesta tendência os alunos e o professor poderiam discutir os

critérios a serem utilizados na avaliação, responsabilizando assim, todos pela

trajetória a ser percorrida. Assim, concorda Darido (1999), na Tendência Crítica, o

juízo de valor implica necessariamente numa tomada de decisão.

Neste contexto, para Santiago (2005), a avaliação crítica deve ser um meio de

se obter informações e subsídios para favorecer o desenvolvimento do aluno e a

ampliação dos seus conhecimentos. Dispondo dessas informações, torna-se

possível adotar procedimentos para correções e melhorias no processo de

avaliação, e não se está puramente medindo e julgando os alunos, mas medindo a

capacidade dos professores em passar conhecimentos para os alunos.

Além disso, a avaliação na Educação Física deve aproximar-se da avaliação

institucional e curricular, buscando coerência entre as ações cotidianas nas aulas

com o Projeto Político Pedagógico da escola e o Plano de Trabalho do professor, ou

seja, num fazer coletivo e integrado. (Soares et al, 1992)

Sobre os instrumentos de avaliação, torna-se impossível medir tudo o que se

aprende, para Mendes (2010), é necessário que as amostras analisadas sejam

representativas e extensas desse conjunto. Para tanto, os instrumentos ou as

técnicas a serem utilizados precisam ser variados, como: provas subjetivas e

objetivas, debates, trabalhos, testes práticos, entre outros, para poder atingir o maior

número de dados, tanto de natureza qualitativa como quantitativa.

Assim, a questão maior que permeia a avaliação das diversas dimensões é

selecionar quais as estratégias, procedimentos e instrumentos devem ser utilizados

pelo professor para que possam auxiliá-lo na tarefa de avaliar a aprendizagem dos

alunos nas dimensões atitudinal, motora e cognitiva.

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Entretanto, a avaliação na Educação Física através da observação é a forma

mais utilizada pelos professores, muitas vezes, a única adotada por eles, avaliando-

se principalmente a participação, comportamento, interesse, vestimenta,

assiduidade. Eles justificam o uso dessa forma de avaliação como estratégia de

motivação para maior participação dos alunos nas aulas, e assim, garantindo o

sucesso da mesma. (MENDES, 2010)

Porém, a avaliação atitudinal é cercada de incertezas e dúvidas pelos

professores, pois a mesma exige a transformação de dados subjetivos em dados

quantitativos, em forma de notas e conceitos.

Segundo Sant’anna et al (1993), o instrumento avaliativo de observação que

se caracteriza como o instrumento de coleta de dados da dimensão atitudinal, é

uma técnica muito importante de investigação, de compreensão e de ensino, pois é

considerada rica pela sua particularidade de apreensão dos conhecimentos,

possibilitando assim o conhecimento sobre os alunos e proporcionado dados para a

realização das avaliações diagnóstica, formativa e somativa.

O professor durante suas observações, continua Sant’anna et al (1993), deve

ter como instrumento de avaliação algumas atitudes e capacidades, ou seja,

capacidade de atenção; capacidade de analisar; capacidade de percepção;

capacidade de memorização; capacidade de generalizar; honestidade intelectual;

discrição; imparcialidade; capacidade de comunicação e prudência.

Nessa perspectiva, segundo Mendes (2010), para tentar minimizar e eliminar

as diferenças interpretativas e pessoalidades nesta forma de avaliação faz-se

necessário que sejam definidos claramente os objetivos ou critérios, determinado o

foco e delimitando o campo de observação. Ou seja, a quem observar e onde

efetuar, tornado o instrumento de avaliação o mais objetivo possível e livre da

dependência ou interferência da análise e do ponto de vista do próprio professor.

Em relação à dimensão motora, podemos observar que, avaliar o

desenvolvimento motor é um aspecto importante de todo e qualquer programa de

Educação Física, pois oferece aos professores a oportunidade de medirem a

capacidade e o progresso de seus alunos, de uma forma eficaz e confiável.

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Segundo os PCNs (Paraná, 1997), as avaliações dentro desta dimensão se

resumem predominantemente em alguns testes de força, resistência e flexibilidade,

medindo apenas a aptidão física do aluno. Embora a aptidão possa ser um dos

aspectos a ser avaliada, a avaliação da dimensão motora deve ser contextualizada

de acordo com os conteúdos e objetivos, considerando que cada indivíduo é

diferente, que tem motivações e possibilidades pessoais e específicas. Não se trata

mais daquela avaliação padronizada que espera o mesmo resultado de todos. Isso

significa dizer, por exemplo, se um dos objetivos é que o aluno conheça alguns dos

seus limites e possibilidades, a avaliação dos aspectos físicos deve estar

relacionada a esse tema, de forma que o aluno possa compreender sua função

imediata, o contexto a que ela se refere e, de posse dessa informação, traçar metas

e melhorar o seu desempenho.

Para Mendes (2010) o que se preconiza nesta avaliação nos dias atuais, é a

compreensão do processo de evolução dos alunos, pois dessa maneira os testes

físicos, motores ou técnicos podem ser utilizados com o intuito de fornecer ao

professor e ao aluno um diagnóstico permanente do processo de ensino e

aprendizagem.

É indicada a realização da avaliação da dimensão motora através de testes

pelo menos três vezes durante o ano letivo, uma no início das atividades letivas para

um diagnóstico inicial, outra no final do primeiro semestre, identificando possíveis

evoluções ou alterações, e outra no final do ano letivo para uma análise final do

processo de desenvolvimento grupal e individual das aulas de Educação Física.

(MENDES, 2010)

Existem inúmeros testes que podem ser aplicados nas avaliações da

dimensão motora durante as aulas de Educação Física, tais como: os de

flexibilidade (teste de sentar e alcançar), os de força (teste de impulsão horizontal),

os de velocidade (teste de corrida de 50m), os de agilidade (teste de agilidade –

Shuttle Run), os de resistência da força ( teste de flexões abdominais, teste de

flexões de braços), os de equilíbrio (teste de posição quatro, posição Flamingo,

passeio na trave e teste da amarelinha) e os de coordenação corporal – KTK (trave

de equilíbrio, salto monopedal, salto lateral e transferência sobre plataforma), entre

outros.

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Em relação à avaliação da dimensão cognitiva os alunos devem ser avaliados

de forma global e processual levando em consideração aspectos relacionados à

motivação, interesse, criatividade, responsabilidade, relacionamento intra e

interpessoal, onde vários instrumentos que podem ser utilizados, entre eles estão à

prova escrita, resumos de textos, relatórios de aulas, relatório de pesquisa

introdutória, seminários, participação ativa nas aulas, na apresentação de

comentários, críticas, informações, questionamentos, entre outros.

As provas são os instrumentos mais utilizados pelos professores para avaliar

os resultados da aprendizagem sobre esta dimensão, e podem ser chamadas de

estruturadas quando são organizadas como um teste objetivo, e não estruturadas

quando são constituídas de questões abertas ou itens de dissertação, ou ainda,

combinadas as duas formas em um mesmo instrumento. (MENDES, 2010)

Para a autora, em relação às questões objetivas, podem ser elaboradas de

formas diferentes, as de múltipla escolha com resposta única, resposta múltipla,

associação, afirmação incompleta, lacuna e interpretação, e as de resposta curta,

com respostas simples, completando falso e verdadeiro e as de associação.

Destaca-se a importância das provas elaboradas com itens dissertativos, pois

leva o aluno a expressar-se com sua própria linguagem, sua criatividade e

expressividade, estruturando seus pensamentos em relação aos conteúdos

trabalhados pelo professor.

3 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

3.1 A PESQUISA

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A pesquisa bibliográfica abrangeu a construção de conhecimentos teóricos e

práticos sobre o objeto de estudo através da realização de leituras e análises de

artigos de livros, revistas, internet, etc., que resultaram no projeto de intervenção

pedagógico na escola e na unidade didática.

3.2 MATERIAL DIDÁTICO: FONTE DE PESQUISA E REFLEXÃO

Foi elaborada uma Unidade Didática, intitulado “Diferentes formas de

avaliação na Educação Física Escolar”, abordou a importância, tendências e

modalidades de avaliação, exemplos práticos de formas e instrumentos para avaliar

na Educação Física, de forma sistematizada e clara. Foi divulgado em rede on-line e

Grupo de Trabalho e em Rede – GTR, com intuito de servir de fonte de pesquisa e

reflexão para professores interessados sobre esta temática.

Nesta atividade, o GTR, teve a participação de sete (07) professores de

Educação Física de escolas públicas de várias regiões do Estado do Paraná,

possibilitando a troca de conhecimentos e experiências em relação a diferentes

formas de avaliação na Educação Física Escolar. Estes professores consideraram

de suma importância o estudo sobre a temática e a forma como foi elaborado o

conteúdo teórico prático, demonstrando que proporcionou momentos de reflexão

sobre a avaliação na Educação Física Escolar, e que este trabalho trouxe vários

subsídios para melhorias na forma de avaliar seus alunos.

3.3 DA TEORIA PARA A PRÁTICA: SUJEITOS DA IMPLEMENTAÇÃO NA ESCOLA

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A implementação de atividades na escola foi realizada através de grupos de

estudos com seis (06) professores de Educação Física, de escolas de Cascavel –

PR, no Colégio Estadual Professora Júlia Wanderley, durante o período de julho a

outubro de 2011, com 28 horas presenciais e 12 horas a distância.

No grupo de estudo presencial foram apresentados e analisados as formas de

avaliações previstas nos Projetos Político Pedagógico das escolas dos professores,

do conteúdo do Material Didático e as DCEs. Além disso, identificamos e refletimos

as formas de avaliações aplicadas nas aulas de Educação Física pelos professores,

suas facilidades e dificuldades. Após, abordávamos subsídios para melhorar as

formas de avaliar os alunos com uma possível reorientação na prática profissional,

buscando uma avaliação mais processual e formadora.

Na formação à distância, os professores participantes da implementação,

aplicaram alguns instrumentos ou formas de avaliação em relação à dimensão

cognitiva, motora e atitudinal, em suas aulas, trazendo os resultados para debates,

como podemos verificar posteriormente.

Primeiramente convidamos os professores de Educação Física para

participarem da implementação, após a confirmação, solicitamos que buscassem

junto de suas respectivas escolas o Projeto Político Pedagógico, especificamente, a

parte onde consta sobre avaliação na disciplina de Educação Física.

No primeiro grupo de estudos, dialogamos e debatemos como os conteúdos

de Educação Física estavam sendo avaliados pelos professores em suas aulas e

como a avaliação desta disciplina, na percepção deles, está prevista no Projeto

Político Pedagógico - PPP, da referida escola. Abaixo, relatamos as idéias principais

de alguns professores em relação a este assunto.

O professor “A” colocou que a avaliação na Educação Física está prevista no

PPP de sua escola como um processo contínuo, permanente e cumulativo, onde o

professor deverá organizar e reorganizar seu trabalho sustentado nas diversas

práticas corporais de acordo com os conteúdos citados no PPP, e que o professor

encontra-se em uma posição privilegiada para avaliar a partir de critérios informais,

como interesse, participação, organização de trabalho cooperativo, respeito aos

materiais e colegas (avaliação atitudinal), e que, estes critérios devam estar bem

claros ao professor quanto para os alunos.

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O professor “B” relatou que de acordo com o PPP de sua escola a avalição

deve ser diagnóstica, processual e somativa e sua principal função é possibilitar

condições de compreensão para verificar o nível em que o aluno se encontra, e que,

tanto as tendências da avaliação quanto as modalidades da avaliação aparecem no

PPP de seu colégio e são trabalhados em alguns momentos específicos.

O professor “C” falou que o colégio onde ele leciona segue a linha de

avaliação formativa, apresenta-se com uma função controladora e se dá ao longo do

processo de ensino, sendo preciso informar ao aluno sobre seu rendimento escolar,

e através desta localizar e entender as dificuldades tanto de ensino quanto de

aprendizagem. Deixou bem claro que, pode-se perceber a presença de uma

avaliação somativa (classificatória) em suas aulas de Educação Física onde é

realizada avaliação sobre um determinado período de tempo, mensal, bimestral,

semestral ou anual, logo após a apresentação de um determinado conteúdo, e

através desta o aluno deverá atingir uma média para sua aprovação.

O professor “F” nos relatou que no PPP de sua escola constam as

modalidades da avaliação (somativa, diagnóstica e formativa), ou seja, a avalição

diagnóstica destaca-se pela sua importância ao fornecer dados para o

desenvolvimento dos conteúdos a partir da consideração dos conhecimentos dos

alunos; quanto à avaliação formativa, esta deve ser de utilidade tanto para o aluno

como para o professor, para que ambos possam dimensionar os avanços e as

dificuldades dentro do processo de ensino aprendizagem; já em relação à avaliação

somativa, é importante que fique claro que o processo não se restringe em

estabelecer uma nota, esta podendo adquirir um significado maior quando tornar-se

uma prioridade qualitativa ou quantitativamente, que expressa e faz parte do próprio

processo de ensino aprendizagem e não apenas como um produto resultante dele.

Com base nas informações abordadas acima, observamos que os

professores de Educação Física de cada escola têm autonomia para elaborar e

organizar seus PPPs, ou seja, os conteúdos a serem trabalhos e as formas de

avaliar nesta disciplina, porém baseados nas Diretrizes Curriculares do Paraná.

Em relação de como os conteúdos da Educação Física estavam sendo

avaliados nas suas aulas, percebe-se nas idéias dos professores, que as avaliações

se dão na maioria das vezes, primeiramente, de forma diagnóstica, para perceber o

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grau de conhecimento de seus alunos e a partir daí prepararem suas aulas e

avaliações, em seguida, avalia-se de maneira somativa, para cumprir as exigências

burocráticas do sistema.

No segundo grupo de estudos, estudamos e debatemos a avaliação na

dimensão motora, onde foram apresentados e explicados aos professores os vários

modelos de testes motores, entre eles: os de flexibilidade (teste de sentar e

alcançar), os de força (teste de impulsão horizontal), os de velocidade (teste de

corrida de 50 mts), os de agilidade (teste de agilidade – Shuttle Run), os de

resistência da força ( teste de flexões abdominais, teste de flexões de braços), os de

equilíbrio (teste de posição quatro, posição flamingo, passeio na trave e teste da

amarelinha) e os de coordenação corporal – KTK (trave de equilíbrio, salto

monopedal, salto lateral e transferência sobre plataforma).

Podemos observar que a maioria dos professores de Educação Física não

utilizam estes instrumentos de avaliação sobre a dimensão motora para avaliarem

seus alunos. Porém, mostraram-se bastante interessados pelos testes apresentados

e se dispuseram a aplicá-los para verificar sua viabilidade de acordo com conteúdos

que eles trabalham e características dos alunos.

Após, os professores escolheram apenas um tipo de teste para aplicar com

seus alunos durante suas aulas, deveriam verificar sua validade e eficiência, e

analisar sua importância e consequências. Abaixo, relatamos os resultados de cada

teste aplicado.

O professor “A” realizou o teste de equilíbrio e relata que “acho muito

importante para os alunos porque eles deixam de cair, tropeçar e havendo certa

estabilidade corporal ajuda na concentração, exige força, melhora na aprendizagem,

fica mais seguros de si”.

O professor “B” aplicou o teste da amarelinha em alunos de 6ª série,

considerando o teste de fácil aplicação, e fez a seguinte observação “os alunos não

tem equilíbrio ou só conseguem tê-lo em velocidade, tem uma escrita não regular”.

O professor “C” aplicou o teste de Shuttle Rum, com alunos de 6ª série, seu

objetivo era aprimorar e avaliar as capacidades físicas como a velocidade, agilidade,

equilíbrio e coordenação motora ampla e fina. A partir dos resultados obtidos após a

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aplicação deste teste, o professor nos relata que: “é possível um professor de

Educação Física avaliar, aprimorar, qualificar, contribuir e estabelecer metas aos

alunos de como manter a prática regular de atividade física e sua importância para a

saúde”.

O professor “D” relatou que aplicou o teste de impulsão horizontal em alunos

de 7ª série onde observou que “os alunos de ambos os sexos estão fracos”. Porém o

mesmo foi bem aceito, de grande valia e comprovou sua importância na realização,

falando que “os alunos solicitaram que o referido teste fosse realizado mais vezes”.

O professor “F” aplicou o teste de resistência de força – teste abdominal, e

após os resultados obtidos relatou que “acredito que os testes motores são de suma

importância quando associados aos conteúdos trabalhados e ao contexto do

educando, e funcionam como combustível para melhorar o rendimento dos alunos

nas aulas bem como para melhorar sua autoestima”. Acredito que este teste foi

importante para os alunos observaram como sua resistência e força estão fracas e

precisam de exercícios mais regulares e frequentes para melhorar a qualidade de

vida de cada um.

Em relação aos relatos dos professores acima, sobre a aplicação dos testes,

como forma de avaliar seus alunos, podemos observar que mesmo não sendo

utilizados com frequência estes testes nos alunos durante o ano letivo, alguns

professores perceberam que se faz necessário a utilização dos mesmos, porém

utilizando alguns critérios, como, aplicá-los em vários momentos do ano letivo, para

que os alunos possam perceber seus desempenhos e principalmente para incentivar

a prática de esportes como qualidade de vida.

No terceiro grupo de estudos, estudamos a avaliação na sua dimensão

cognitiva, podemos conhecer e rever alguns instrumentos e sua importância, entre

eles: prova escrita, resumo de textos, relatórios de aulas, relatórios de pesquisa,

seminários, entre outros. Percebemos neste encontro que os professores de

Educação Física conhecem e dominam muito bem esta forma de avaliação e que a

utilizam com frequência, empregando toda sua diversidade.

No quarto grupo de estudos abordamos a avaliação na dimensão atitudinal,

que a meu ver é a mais utilizada pelos professores de Educação Física. A princípio

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lhes foi apresentados alguns instrumentos que podem ser utilizados para avaliar os

alunos nesta dimensão.

Neste encontro, como era previsto, os professores revelaram que esta é a

forma mais utilizada para avaliar seus alunos, além disso, avaliam os discentes no

“olhometro”, ou seja, não utilizam de nenhum instrumento e nem mesmo de critérios.

Observei que este encontro foi o de maior importância para eles, pois ofereceu o

conhecimento de instrumentos científicos para avaliar esta dimensão em seus

alunos.

Também observamos que as tabelas de Mendes (2010), apresentadas no

encontro, como sugestão para avaliar na dimensão atitudinal, contribuíram muito

para maior aquisição de conhecimentos sobre este tema.

Foi solicitado aos professores participantes do estudo que escolhessem uma

das tabelas apresentadas e a aplicassem em suas aulas como instrumento de

avaliação atitudinal para posterior análise dos resultados e discussões. Abaixo

alguns relatos das experiências adquiridas após a aplicação deste instrumento.

O professor “A” aplicou a avaliação atitudinal em alunos do 1º ano do Ensino

Médio e conclui que: “após esta avaliação alguns alunos melhoraram o

comportamento, com vestimenta adequada, participam mais, tentam solucionar os

problemas com diálogos”.

Já o professor “B” questionava-se se toda vez que avaliava seus alunos na

dimensão atitudinal a estava realizando corretamente e chegou a conclusão que não

era a forma mais adequada, pois a fazia somente através da observação e, só pode

chegar a esta conclusão após este estudo.

O professor “C” relata que a avaliação atitudinal “frisa aos alunos regras, e,

outro ponto importante a ser observado foi que os alunos que apresentavam

dificuldades esportivas não participavam das aulas com medo de errar, com esta

avaliação não levam mais em consideração o medo de errar, e sim, priorizaram a

participação”.

O professor “D” aplicou a avaliação atitudinal como sendo uma autoavaliação,

ou seja, “procurei realizar a avaliação com a participação do aluno, fazendo

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perguntas de forma oral, individual e questionando algumas respostas, levando em

consideração os valores próprios de cada aluno, o que foi muito positivo. Conclui

que a avaliação atitudinal é muito viável e pode ser um dos métodos utilizados pelos

professores”.

O professor “E” relatou que “esta avaliação fez com que melhorasse e

assumisse as responsabilidades com relação a aulas de Educação Física”.

O professor “F” destacou que este tipo de avaliação, realizada com

instrumentos claros e precisos, vem confirmar o que o professor já havia constatado

em outros bimestres de forma informal, ou seja, é de suma importância que a

avaliação atitudinal legitimada se torne constante na prática avaliativa do professor,

que esta prática ocorra com todas as turmas e em todos os bimestres e que o aluno

esteja ciente de como esta avaliação está ocorrendo”. O mesmo professor colocou

que “os professores de Educação Física devem adotar instrumentos validados, com

critérios pré-estabelecidos no que se refere a avaliação atitudinal podendo incluir

este tipo de avaliação no PPP e com certeza estaremos dando um grande salto

qualitativo na disciplina de Educação Física”.

Em relação às falas acima, sobre a utilização das tabelas sugeridas e depois

aplicadas pelos professores de Educação Física durante a avaliação de seus alunos,

podemos observar o quanto se faz necessário utilizarmos de instrumentos científicos

adequados para obtermos com clareza e fidedignidade os resultados das

avaliações, sem corrermos o risco de estarmos avaliando incorretamente e

alcançando resultados errôneos quanto à aprendizagem de nossos alunos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo realizado permitiu que se chegasse a considerações que, de modo

geral, sintetizam aquelas já apresentadas no decorrer deste trabalho, que visava

aprofundar conhecimentos sobre o processo de avaliação na Educação Física

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escolar, paralelamente, implementar reflexões e ações na prática cotidiana de

professores de Educação Física, de escolas públicas de Cascavel - PR.

Assim, sobre a pesquisa bibliográfica podemos dizer que foi de relevância,

pois, ocorreu aprofundamento, atualização e reflexão sobre os conhecimentos

teórico-práticos relacionados ao tema avaliação da Educação Física escolar,

contribuindo sobremaneira para elaboração de um bom material didático, realização

do GTR, e eficiente implementação de atividades com os professores.

A implementação de atividades com os professores de Educação Física no

Colégio Estadual Professora Júlia Wanderley, Cascavel, PR, demonstrou que a

avaliação aplicada por eles se caracteriza nas modalidades: diagnóstica, somativa e

formativa, de acordo com que está previsto no Projeto Político Pedagógico de suas

respectivas escolas.

Em relação á avaliações das dimensões cognitiva, atitudinal e motora,

percebemos nos professores que a cognitiva é muito conhecida e utilizam com

freqüência empregando vários gêneros. Já a atitudinal é a forma mais utilizada por

eles para avaliar, entretanto, aplicam sem nenhum instrumento e critérios científicos,

ou seja, é desenvolvida no senso comum. E a dimensão motora é pouco

desenvolvida, além disso, sem a utilização de testes e critérios, alegando que as

avaliações das dimensões não constam nos PPPs.

Assim, os professores sugeriram que sejam incluídos nos PPPs das escolas

os instrumentos de avaliação da dimensão motora, atitudinal, e cognitiva, para que

possam fundamentar e servir na prática pedagógica da Educação Física.

Finalizando, compreende-se que este trabalho contribuiu efetivamente no

aprofundamento de conhecimentos teórico-práticos sobre a avaliação na Educação

Física, apontando que ela deve ser diagnóstica, contínua e permanente, utilizando-

se de várias formas e instrumentos elaborados de acordo com os conteúdos

estruturantes e características dos alunos. A realização da avaliação deve ser uma

prática pedagógica regular e sistemática, norteada pelo plano de trabalho docente e

projeto político pedagógico da escola, os quais devem ser construídos com base nas

DCEs.

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