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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA Avaliação dos efeitos antioxidantes e pró-longevidade do extrato de açaí (Euterpe oleraceae Mart.) no organismo modelo Caenorhabditis elegans David Silva Nunes 2011

Avaliação dos efeitos antioxidantes e pró-longevidade do

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Avaliação dos efeitos antioxidantes e pró-longevidade do

extrato de açaí (Euterpe oleraceae Mart.) no organismo modelo

Caenorhabditis elegans

David Silva Nunes

2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO

NÚCLEO DE PESQUISAS EM CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM BIOTECNOLOGIA

Avaliação dos efeitos antioxidantes e pró-longevidade do

extrato de açaí (Euterpe oleraceae Mart.) no organismo modelo

Caenorhabditis elegans

David Silva Nunes

Orientadora

Riva de Paula Oliveira

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia

da Universidade de Ouro Preto como requisito

parcial para obtenção do Título de Mestre em

Biotecnologia.

Ouro Preto

2011

3

AGRADECIMENTOS RELIGIOSOS

A Deus, por estar sempre ao meu lado guiando meus passos e me socorrendo nos

momentos mais difíceis.

4

AGRADECIMENTOS

Aos meus Pais por apoiar-me e confortar-me e pelo exemplo de vida e às minhas

irmãs Hellem, Sarah e meu irmão Lucas pelo apoio e carinho. Muito obrigada por

estarem comigo mesmo a distancia

A Paula Alves Medeiros por me ajudar nos momentos mais difíceis

A Marilaine Guimaraes Pires por mostrar-me o caminho

Aos amigos do laboratório Franciny, Everton, Igor, Larissa, Patrícia, Ricardo e

Valquíria, Washington, por fazerem do nosso laboratório o mais feliz do planeta e

por momentos inesquecíveis que passamos juntos. Vocês foram importantíssimo,

cada uma com sua peculiaridade só fizeram enriquecer esse trabalho, muito

obrigada por tudo.

Aos amigos da pós-graduação, membros da B.P do mestrado/doutorado Obrigada

pelos momentos inesquecíveis e pela grande amizade que sempre demonstraram.

Os amigos Bruna, Cristiana, Eduardo que estavam sempre prontos a ajudar.

A professora DRa Riva de Paula Oliveira pela orientação e apoio.

A professora DRa Leoneide por ser uma grande amiga.

Aos ilustres desconhecidos aqui eu agradeço a todos os que de certa forma me

ajudaram no período em que esse trabalho foi realizado

5

Resumo:

O alto consumo de comidas e bebidas ricas em flavonóides tem sido associado com o

menor risco de doenças degenerativas crônicas como aterosclerose e câncer devido

tanto às suas atividades antioxidantes diretas de remoção de radicais livres, quanto à sua

capacidade de atuar como antioxidante indireto ativando diferentes vias de sinalização

contra o estresse oxidativo. O Euterpe oleracea Mart. ou açaizeiro é uma palmeira nativa

das regiões amazônicas cuja fruta é rica em flavonóides, especialmente em antocianinas

e proantocianidinas (cianidina-3-glicosídeo e cianidina-3-rutinosídeo). Recentemente,

diversos estudos têm destacado as propriedades antioxidantes, pró-apoptóticas,

antiproliferativas e pró-longevidade do açaí, tanto em ensaios in vitro quanto em modelos

animais. Neste trabalho, o Caenorhabditis elegans foi utilizado como organismo modelo

para testar as atividades antioxidantes in vivo de diferentes extratos de açaí que possam

ser exploradas para aumentar as defesas inatas ao estresse oxidativo e a longevidade.

Através do método do pH diferencial, foi verificado que a quantidade de antocianinas

presentes nos dois extrato de açaí liofilizado (AL-1 e AL-2) apresentaram em torno de

19,2 a 34,7 mg de antocianinas monoméricas/100g de extrato. Para testar se o

tratamento com os extratos de açaí liofilizado (AL-1 e AL-2) aumentam a resistência ao

estresse oxidativo, animais tipo selvagem foram tratados por 48 horas do estágio larval

L1 até L4 com 100 e 200 mg/ml de extrato de açaí e depois submetidos ao estresse

provocado por hidroperóxido de terc-butila (t-BOOH). Animais tratados com 200 mg/ml

não se desenvolvem e permanecem em L1. Já os animais selvagens tratados com 100

mg/ml de AL-1 e AL-2 foram mais resistentes ao estresse oxidativo provocado por 5 mM

de t-BOOH do que os animais não tratados. Por outro lado, o tratamento dos animais tipo

selvagem com 100 mg/ml de AL-1 por 168 horas não aumentou a resistência ao estresse

térmico a 35oC. O tratamento contínuo com 100 mg/ml de AL-1 também não aumentou a

longevidade dos animais tipo selvagem. Apesar de apresentarem uma maior resistência

ao estresse, os animais tratados com 100mg/ml do extrato de açaí por 48 horas não

apresentaram uma diferença significativa quanto aos marcadores bioquímicos (atividade

da catalase) e indicadores de resistência (proteína carbonilada e sulfidrila totais) em

relação aos animais do grupo controle. Para verificar se o aumento da resistência ao

estresse oxidativo promovido pelo tratamento com extrato de açaí depende das vias de

sinalização p38/SKN-1 e DAF-16, os ensaios de resistência ao estresse oxidativo foram

repetidos usando mutantes de deleção sek-1(ku7), a p38 MAPKK, skn-1(RNAi) e daf-

16(mgDf46). Aparentemente, o tratamento com 100 mg/ml AL-1 não aumentou a

resistência ao estresse oxidativo dos mutantes sek-1 e daf-16, sugerindo que este

aumento depende da ativação de SEK-1 e DAF-16. Por outro lado, não foi observada a

indução da localização nuclear nos animais tratados contendo gene repórter DAF-

16::GFP. Estes dados sugerem que o aumento da resistência ao estresse oxidativo

induzido pelo tratamento com extrato de açaí possivelmente depende da p38 MAPK e

DAF-16, porém sem ocorrer ativação da localização nuclear de DAF-16.

6

Abstract

The high consumption of foods and beverages rich in flavonoids has been associated with

lower risk of chronic degenerative diseases such as atherosclerosis and cancer due to both

their direct antioxidant removal of free radicals, for their ability to act as an antioxidant

indirectly by activating different pathways signaling against oxidative stress. Euterpe

oleracea Mart. or açai palm is a native of the Amazon regions whose fruit is rich in

flavonoids, especially anthocyanins and proanthocyanidins (cyanidin-3-glucoside and

cyanidin-3-rutinosídeo). Several recent studies have highlighted the antioxidant properties,

pro-apoptotic, antiproliferative and pro-longevity of acai, both in vitro and in animal

models. In this work, Caenorhabditis elegans was used as a model organism to test the in

vivo antioxidant activities of different extracts of acai that could be exploited to enhance

innate defenses to oxidative stress and longevity. Through the pH differential method, it

was found that the amount of anthocyanins present in açai freeze-dried extract of two (AL-

1 and AL-2) showed around 19.2 to 34.7 mg of anthocyanins monoméricas/100g extract.

To test whether treatment with extracts of freeze-dried açaí (AL-1 and AL-2) increase

resistance to oxidative stress, wild-type animals were treated for 48 hours of larval stage

L1 to L4 with 100 and 200 mg / ml extract acai and then subjected to stress caused by tert-

butyl hydroperoxide (t-Booher). Animals treated with 200 mg / ml do not develop and

remain in L1. Since wild animals treated with 100 mg / ml of AL-1 AL-2 and were more

resistant to oxidative stress caused by 5 mM t-Booher than untreated animals. On the other

hand, treatment of wild-type animals with 100 mg / ml of AL-1 for 168 hours did not

increase the resistance to heat stress at 35 ° C. Continuous treatment with 100 mg / ml of

AL-1 did not increase the longevity of wild-type animals. Despite having a higher

resistance to stress, the animals treated with 100mg/ml of the extract of acai for 48 hours

did not show a significant difference to the biochemical markers (catalase activity) and

indicators of resistance (total sulfhydryl and protein carbonyl) in relation to the control

group. To verify that the increased resistance to oxidative stress promoted by treatment

with acai extract depends on signaling pathways p38/SKN-1 and DAF-16, tests of

resistance to oxidative stress were repeated using deletion mutants of sek-1 (ku7 ), the p38

MAPKK, skn-1 (RNAi) and daf-16 (mgDf46). Apparently, treatment with 100 mg / ml

AL-1 did not increase oxidative stress resistance mutants of sek-1 and daf-16, suggesting

that this increase depends on the activation of SEK-1 and DAF-16. On the other hand, no

significant induction of nuclear localization in treated animals containing reporter gene

DAF-16:: GFP. These data suggest that the increased resistance to oxidative stress induced

by treatment with acai extract possibly depends on p38 MAPK and DAF-16, but occurs

without activation of the nuclear localization of DAF-16.

7

Lista de figuras

FIGURA 1. Ciclo de vida do C. Elegans. Fonte: worm atlas......................................13

FIGURA 2. Regulação de Nrf2/FOXO..........................................................................15

FIGURA 3 Esquema dos genes repórter para DAF-16..........................................30

FIGURA 4 - Localização subcelular de DAF-16::GFP ................................................49

8

Lista de tabelas

TABELA 1 - Conteúdo de antocianinas monoméricas, representado como conteúdo de

cianidina-3-glicosídeomg/100 g).....................................................................................33

TABELA 2 – Análise da longevidade dos animais tipo selvagem tratados com AL-1 a

25oC.................................................................................................................................40

TABELA 3 - Efeito do tratamento com AL-1 sobre a atividade de catalase e os níveis dos

grupos sulfidrilas totais e proteína carbonilada.........................................................43

9

Lista de gráficos

GRÁFICO 1 – Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL na sobrevivência do C.

elegans.............................................................................................................................35

GRÁFICO 2– Efeitos tratamento com açaí na sobrevivência do C elegans em condições

de estresse térmico..........................................................................................37

GRÁFICO 3– Efeitos do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência do C.

elegans.............................................................................................................................39

GRÁFICO 4 - Dosagem dos marcadores bioquímicos e enzimáticos no C. elegans tratado

com açaí...............................................................................................................41

GRÁFICO 5 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de animais

skn-1(RNAi) em condições de estresse oxidativo...............................................44

GRÁFICO 6 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de

mutantes sek-1 em condições de estresse oxidativo........................................................46

GRÁFICO 7 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de

mutantes daf-16 em condições de estresse oxidativo......................................................47

10

ABREVIATURAS

AM antocianinas monomericas

AL-1 Açai liofilizado 100mg/ml

AL-1 Açai liofilizado 100mg/ml

ARE - Elemento de Resposta Antioxidante

CAT - catalase

CYPs - citocromo P450

EpRE - Elemento de Resposta à Eletrófilo

ERK - proteína quinase regulada por sinal extracelular

Eros – Espécies Reativas de Oxigênio

FD- Fator de diluição

FoxO - Forkhead Box

GCS - -glutamilcisteina sintetase

GPx - glutationa peroxidase

GR - glutationa redutase

GSK3β - glicogênio sintase quinase-3β

GST - glutationa S-transferase

H2O2 – Peróxido de Hidrogênio

JNK - c-Jun N-terminal kinase

MAPK - ProteínasAativadas por Mitógenos

Nrf2 - Nuclear factor-erythroid-2-related factor 2

PM- Peso Molecular

PKC - proteína quinase C

SDRs - desidrogenases/redutases de cadeia curta

SOD - superóxido dismutase

t-BOOH - tert-butil peroxide

11

SUMÁRIO

RESUMO....................................................................................................................... .............................v

ABSTRACT..................................................................................................................... .........................vi

LISTA DE FIGURAS................................................................................................................................vii

Lista de

tabelas............................................................................................................................viii

Lista de gráficos.............................................................................................................ix

ABREVIATURAS............................................................................................. ...........................................x

1 INTRODUÇÃO ............................................................................. ..................................................1

1.1 ESTRESSE OXIDATIVO...............................................................................................................2

1.2 MECANISMOS ENZIMÁTICOS DE COMBATE AO ERO.....................................................3

1.2.1 Controle da Expressão Gênica das Enzimas Antioxidantes em Mamífero.................................4

1.3 MECANISMOS NÃO ENZIMÁTICOS DE COMBATE AO ERO............................................5

1.3.1 Antioxidantes Polifenólicos......................................................................................... ..........6

1.4 PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DO AÇAÍ................................................................................7

1.4.1 Propriedades Antioxidantes in vitro e ex vivo.....................................................................7

1.4.2 Propriedades Anti-inflamatórias in vitro e in vivo..............................................................8

1.4.3 Propriedades Antiproliferativas in vitro e in vivo...............................................................9

1.4.4 Proteção Contra Estresse Hiperlipídico............................................................................10

1.4.5 Efeitos Benéficos na Saúde Humana............................................................... ..................11

1.5 ORGANIMO MODELO CAENORHABDITIS ELEGANS..................................................................11

1.5.1 Controle da Expressão Gênica das Enzimas Antioxidantes no C. elegans ...................12

1.5.1.1 A via de sinalização de SKN-1/Nrf....................................................................................13

1.5.1.2 A Via de Sinalização de DAF-16........................................................................................16

1.6 C. elegans COMO UM MODELO PARA ESTUDOS DE FITOQUÍMICOS..........................17

2 OBJETIVO ...................................................................................................................................19

2.1 OBJETIVO GERAL................................................................................................................20

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS..................................................................................................20

3 METODOLOGIA ..........................................................................................................................21

3.1 CEPAS E LINHAGENS...............................................................................................................22

12

3.2 CRESCIMENTO E MANUTENÇÃO DO C. ELEGANS ..........................................................22

3.3 SINCRONIZAÇÃO CRONOLÓGICA DO C. ELEGANS ........................................................23

3.4 EXTRATOS DE AÇAÍ..................................................................................................................23

3.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS................................................................................24

3.6 ENSAIOS BIOLÓGICOS .............................................................................................................25

3.6.1 Preparação das Placas NGM Contendo Extrato de Açaí................................................25

3.6.2 Ensaio de Resistência ao Estresse Oxidativo....................................................................25

3.6.3 Ensaio de Resistência ao Estresse Térmico.......................................................................25

3.6.4 Ensaio de Longevidade ................................................................................. .....................26

3.7 DOSAGEM DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS.................................................................26

3.7.1 Dosagem dos Níveis Totais de Grupos de Sulfidrilas ......................................................27

3.7.2 Dosagem da Atividade da Catalase....................................................................................27

3.7.3 Dosagem dos Níveis de Proteína Carbonilada..................................................................28

3.7.4 Dosagem de Proteínas Totais.............................................................................................29

3.8 LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR DE DAF-16..........................................................................30

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA.............................................................................................................31

4 RESULTADOS..................................................................... .........................................................32

4.1 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS.................................................................................33

4.2 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE OXIDATIVO DOS ANIMAIS TRATADOS

COM DIFERENTES EXTRATOS DE

AÇAÍ................................................................................................................................................34

4.3 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE TÉRMICO DOS ANIMAIS TRATADOS

COM AL-1....................................................................................................................................36

4.4 ANÁLISE DA SOBREVIVÊNCIA EM CONDIÇÕES NORMAIS DOS ANIMAIS .............36

4.5 ANÁLISE DE MARCADORES BIOQUÍMICOS E ENZIMÁTICOS NOS ANIMAIS

TRATADOS COM AL-1...............................................................................................................38

4.6 ANÁLISE DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO DE SKN-1/P38MAPK NO

AUMENTO DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE OXIDATIVO PROMOVIDO PELO AL-

1........................................................................................................................................................43

4.6.1 Análise da Resistência ao Estresse Oxidativo nos Animais skn-1(RNAi).......................43

4.6.2 Análise da Resistência ao Estresse Oxidativo em mutantes sek-1..................................45

13

4.7 ANÁLISE DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO DE DAF-16/FOXO NO

AUMENTO DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE OXIDATIVO PROMOVIDO PELO AL-1

..............................................................................................................................................................45

4.7.1.1 Análise da resistência ao estresse oxidativo em mutantes daf-16............................................45

4.7.2 Análise da Localização DAF-16:: GFP......................................................................................48

5 DISCUSSÃO DOS RESULATDOS........................................................................................ .......50

5.1 PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES DO EXTRATO DE AÇAÍ..........................................51

5.1.1 Quantificação de Antocianinas nos Extratos de Açaí......................................................52

5.1.2 Ensaios Biológicos...............................................................................................................53

5.1.3 Dosagens Bioquímicas.........................................................................................................58

5.2 POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO DO EXTRATO AÇAÍ.................................................61

5.2.1 A Via de Sinalização SKN-1/p38 MAPK...........................................................................62

5.2.2 A Via de Sinalização de DAF-16..........................................................................................62

6 CONCLUSÕES..............................................................................................................................65

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................................67

14

CAPÍTULO 1

INTRODUÇÃO

15

16

1.1 ESTRESSE OXIDATIVO

O estresse oxidativo é uma conseqüência da produção excessiva de espécies reativas

de oxigênio (ERO), ou uma redução nas defesas antioxidantes do organismo, e ocorre

devido a um desequilíbrio entre os fatores pró-oxidantes e antioxidantes. (FINKEL &

HOLBROOK et al., 2000).

O ERO pode ser gerado de forma endógena durante o metabolismo celular, ou de

forma exógena, como por exposição a drogas e a alimentos (xenobióticos). Esses radicais

danificam importantes macromoléculas celulares tais como DNA, lipídeos, carboidratos e

proteínas (FINKEL & HOLBROOK et al., 2000), portanto ele é considerado como um

fator relevante no desenvolvimento de várias doenças crônicas degenerativas tais como

aterosclerose, diabetes tipo 2 e câncer (COOKE et al., 2003). Além de danificar

macromoléculas, o estresse oxidativo pode causar processos inflamatórios e desempenhar

um papel importante na ativação de oncogenes, bem como destruir genes supressores de

tumor. O estresse oxidativo está envolvido na formação de agregados protéicos que podem

levar ao desenvolvimento de doenças neurodegenerativas como Alzheimer e Parkinson

(FORSBERG et al., 2001). O ERO pode ainda aumentar a inflamação associada a

aterosclerose e artrite reumatóide (GRIFFITHS, 2005; SCHROECKSNADEL et al., 2006).

O sistema de defesa antioxidante, considerado um mecanismo de combate ao ERO,

tem o objetivo primordial de manter o processo oxidativo dentro dos limites fisiológicos e

passíveis de regulação, impedindo que os danos oxidativos se amplifiquem e causem

prejuízos sistêmicos irreparáveis. (KUNDU & SURH, 2010)

Antioxidantes, que são substâncias que atacam e neutralizam o ERO prevenindo os

danos causados por ele, podem ser classificados em dois grupos principais: enzimáticos e

não enzimáticos (RATNAM et al., 2006).

17

1.2 MECANISMOS ENZIMÁTICOS DE COMBATE AO ERO

Os antioxidantes enzimáticos são produzidos endogenamente e fazem parte de um

complexo sistema de detoxificação de três fases, altamente conservado entre eucariotos. As

proteínas de detoxificação envolvidas neste processo são classificadas em Fase I, II e III.

(SARKADI et al., 2006).

A citocromo P450 monooxigenase (CYP) é a principal enzima envolvida na Fase I

do metabolismo xenobiótico. As CYPs oxidam os xenobióticos por hidroxilação. Uma rede

de enzimas detoxificadoras, tais como superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT),

glutationa peroxidase (GPx) e glutationa transferase (GT) fazem parte da Fase II. A SOD

age transformando dois ânions radicais superóxidos em um peróxido de hidrogênio,

podendo ocorrer de três formas dependendo do metal associado a ela, sendo cobre (Cu) e

zinco (Zn) no citoplasma e manganês (Mn) na matriz mitocondrial de eucariotos e ferro

(Fe) em bactérias Perez et al., 2009. A CAT tem a função de proteger as células

catalisando a decomposição do peróxido de hidrogênio em oxigênio molecular e água sem

produção de radicais livres (McCORD, 1986; SIES, 1993; RATNAM et al., 2006). A GPx

é uma enzima localizada no citosol e na matriz mitocondrial, que reduz o peróxido de

hidrogênio e hidropeptídeos orgânicos utilizando a glutationa (GSH). A GSH atua como

co-substrato da GPx, com propriedade doadora de elétrons, podendo ser regenerada através

da glutationa redutase (GR) com transferência de hidrogênio do NADPH. Neste processo

são transferidos dois hidrogênios dos grupamentos sulfidrila para os peróxidos,

transformando-os em álcool e/ou água, resultando em glutationa dissulfeto (GSSG). A GPx

geralmente ocorre associada ao selênio (Se). Os principais locais de ação da GPx são o

fígado e os eritrócitos, podendo ocorrer no coração, pulmões e músculos. Finalmente na

Fase III de detoxificação, os conjugados tóxicos são bombeados para fora da célula por

transportadores cassetes de ligação de ATP (Transpotador ABC) ou outros transportadores

(SARKADI et al., 2006).

18

1.2.1 Controle da Expressão Gênica das Enzimas Antioxidantes em Mamíferos

A condição de estresse oxidativo na célula induz várias respostas fisiológicas e

patológicas. Estas respostas, em última análise, causam mudanças no perfil transcricional

de forma a influenciar o destino da célula e a progressão de uma doença. Nas últimas

décadas, vários fatores de transcrição e vias de sinalização foram identificados pelo seu

papel crítico na resposta ao estresse oxidativo (MA et al., 2010). Dentre estes fatores,

podemos citar as proteínas Nrf e FoxO.

A ativação transcricional das enzimas da Fase II é principalmente mediada pelo

elemento cis atuante denominado ARE (Antioxidant Response Element) que é reconhecido

pelo fator de transcrição do tipo zíper de leucina básico (bZIP) Nrf (Nrf1 e Nrf2) (ITOH et

al., 1997). Em condições normais, Nrf localiza-se no citoplasma ligado a uma proteína

associada à actina chamada Keap1 (ITOH et al., 1999). Durante o estresse oxidativo, Nrf

se desliga de Keap1 e transloca-se para o núcleo da célula ativando a expressão dos genes

detoxificadores da Fase II (ITOH et al., 1999; ZIPPER et al., 2002). Esta dissociação de

Nrf é alcançada através da mudança conformacional em Keap1 causada pela oxidação, da

modificação de cisteínas essenciais (ITOH et al., 1999) ou pela remoção de Zn de

cisteínas coordenadoras na sua estrutura (DINKOVA-KOSTOVA et al., 2005). Portanto os

ativadores de Nrf2 são eletrofílicos e têm a capacidade de oxidar ou alquilar grupos tióis

ou de quelar íons metais (KLUTH et al., 2007).

A importância da ativação da resposta contra o estresse oxidativo e contra compostos

xenobióticos pela proteína Nrf2 foi demonstrada em camundongos “knock-out” Nrf2-/-.

Estes animais não foram capazes de ativar os genes da Fase II no trato digestório e foram

mais sensíveis ao estresse oxidativo e drogas tóxicas (ITOH et al., 1997; CHAN et al.,

2001; HAYES, 2001). Os camundongos mutantes para ambas as proteínas Nrf1 e Nrf2

(Nrf1-/-;Nrf2 -/-) morreram antes de nascer, e as células isoladas destes camundongos

foram hipersensíveis ao estresse oxidativo (LEUNG et al., 2003). Evidências in vivo

mostraram que camundongos deficientes para Nrf2 não respondem à proteção dos

antioxidantes e são mais susceptíveis à carcinogênese (RAMOS-GOMES et al., 2001).

As proteínas FoxO são fatores de transcrição conhecidos por seu papel nas respostas

celulares ao estresse ambiental e fisiológico, cuja atividade é regulada por modificação

pós-transcricional, incluindo a fosforilação. Um único gene FoxO está presente em

19

drosofila (Dfoxo) e C. elegans (daf-16) e 4 estão presentes em camundongos e humanos

(FoxO1, FoxO3, FoxO4 e FoxO6) (LANDIS & MURPHY, 2010; YEN; NARASIMHAN;

TISSENBAUM, 2011). Em resposta à via da insulina/IGF-1 e a outros fatores de

crescimento, as proteínas quinases Akt e SGK fosforilam FoxO (com exceção dos FoxO6)

em três locais conservados. Esta fosforilação promove a ligação de FoxO às proteínas 14-

3-3 no citoplasma impedindo sua localização nuclear. Em resposta ao estresse oxidativo, a

via JNK (c-Jun N-terminal kinase) fosforila diretamente FoxO, ativando a sua localização

nuclear (MA, 2010; YEN; NARASIMHAN; TISSENBAUM, 2011). O aumento da

ativadade transcricional de FoxO ativa a expressão de catalase e SOD2, enzimas que são

reguladas por FoxO aumentando a detoxificação de ERO (MA, 2010).

1.3 MECANISMOS NÃO ENZIMÁTICOS DE COMBATE AO ERO

Os antioxidantes não enzimáticos, exceto os de baixos peso molecular, são obtidos

de fontes dietéticas. Estes são classificados em várias classes, das quais os polifenóis são a

maior parte. As outras classes incluem vitaminas, carotenóides, compostos

organosulfurados, minerais e cofatores que desempenham um papel importante na

manutenção da saúde humana (RATNAM et al., 2006).

A glutationa, o tocoferol, o ácido ascórbico e os carotenóides, são substâncias que

podem participar diretamente em processos fisiológicos, bioquímicos e celulares

neutralizando os radicais livres ou prevenindo as reações químicas deflagradas por eles

(SHARONI et al. 2004; MASELLA et al, 2005). Além destas características, antioxidantes

diretos são consumidos ou quimicamente modificados no processo de ação e devem ser

repostos ou regenerados após sua ação.

Entre os minerais destacam-se o zinco, cobre, selênio e magnésio. Já entre as

vitaminas, destaca-se a vitamina C que tem ação removedora de ERO e também

regeneradora da vitamina E (tocoferol). Como a vitamina C é hidrossolúvel, possui maior

ação no plasma sanguíneo, enquanto a vitamina E, lipossolúvel, tem maior ação em

membranas celulares (MANELA-AZULAY et al., 2003)

20

1.3.1 Antioxidantes Polifenólicos

Os polifenóis são a maior classe de antioxidantes da dieta que compreendem uma

variedade de compostos, divididos em várias classes (ácido hidrobenzóico, antocianinas,

proantocianinas, flavanóis, flavanonas, isoflavonas, flavonóides etc), que ocorrem em

frutas e vegetais, vinhos e chás, chocolate e outros produtos do cacau (MANACH et al.,

2004).

O alto consumo de comidas e bebidas ricas em polifenóis, especialmente os

flavonóides, tem sido associado com o menor risco de doenças degenerativas crônicas

como aterosclerose e câncer (KLUTH et al., 2007). Muitos dos efeitos fisiológicos dos

flavonóides têm sido atribuídos à sua capacidade antioxidante direta de remoção de

radicais livres. Os flavonóides são substâncias fenólicas de baixo peso molecular e

possuem em sua estrutura química anéis aromáticos, tendo como base o 2-fenil-

benzopirano (C6-C3-C6) (AHERNE & O’BRIEN, 2002). O efeito antioxidante direto dos

flavonóides se deve à capacidade destes compostos em neutralizar os radicais livres (ânion

superóxido, radicais hidroxilas e peroxilas) ou quelar íons metálicos (cobre e ferro). Os

flavonóides apresentam grupos hidroxilas em sua estrutura, portanto eles podem inibir as

reações de oxidação das espécies reativas de oxigênio, por doarem átomos de hidrogênio às

espécies, estabilizando-as e transformando-se em quinonas (substâncias pardas). Ao quelar

íons metálicos ocorrem à inibição da Reação de Fenton, uma forma endógena de produzir

espécies reativas (ENIO, 2003).

Além da atividade antioxidante, os flavonóides também podem apresentar

propriedades anti-inflamatória, anticancerígena, antiproliferativa e pró-apoptótica

(MASELLA et al., 2005). Os flavonóides regulam a atividade de enzimas antioxidantes,

modulam receptores nucleares, atuam sobre a expressão gênica e vias de sinalização

celular (MOSKAUG, 2004). Apesar de intensa investigação, os mecanismos específicos,

pelo qual estes compostos alteram a saúde humana permanece incerto. Recentemente foi

descrito que os flavonóides também podem atuar como antioxidantes indiretos (HU et al.,

2006; JUGE; MITHEN; TRAKA, 2007). O modo de atuação destes compostos é a

ativação transcricional dos genes das enzimas detoxificantes da Fase II. Dentre os

antioxidantes indiretos, já foi demonstrado que vários compostos fitoquímicos são potentes

indutores de Nrf2 e das enzimas de detoxificação da Fase II, aumentando a capacidade

21

antioxidante da célula (DINKOVA-KOSTOVA et al., 2005; SPORN & LIBY et al., 2005

OSBURN & KENSLER, 2008).

1.4 PROPRIEDADES BIOLÓGICAS DO AÇAÍ

O Euterpe oleracea Mart é uma espécie de palmeira nativa das regiões amazônicas

conhecida como açaizeiro, que tem ganhado grande destaque nas últimas décadas, em

consequência das suas propriedades antioxidantes e nutricionais. O açaí, fruto oriundo

dessa palmeira, tem uma importância econômica devido ao seu valor nutricional entre as

populações indígenas da Amazônia. A polpa é rica em lipídeos essenciais e em certos

minerais como o cálcio e o potássio, que podem contribuir para garantir o crescimento e

bom funcionamento do corpo humano em geral, uma vez que esses nutrientes participam

de várias reações metabólicas importantes no organismo (MENEZES et al., 2008). O açaí

liofilizado pode ser considerado como uma excelente alternativa de conservação da polpa

do fruto, devido à presença de importantes componentes nutricionais encontrados no

mesmo. Por ser altamente calórico é um excelente alimento a ser incorporado nas refeições

de indivíduos com baixo peso, em especial a faixa etária infantil. Além disso, polpa de açaí

liofilizada é uma alternativa para suprir deficiência nutricional de adultos e adolescentes

afetados pelos hábitos alimentares do século XXI, que normalmente consomem refeições

pobres em macronutrientes e em minerais (SANTOS et al.,2008)

1.4.1 Propriedades Antioxidantes in vitro e ex vivo

Em relação as suas propriedades antioxidantes, já foi demonstrado que o açaí é rico

em polifenóis, especialmente em flavonóides do tipo antocianinas e proantocianas (DEL

POZO-INSFRAN et al., 2004; SCHAUSS et al., 2006). Dentre os principais componentes

fitoquímicos do açaí, as antocianinas cianidina 3-glicosídio e cianidina 3-rutinosídio, são

os compostos encontrados em maior abundância (DEL POZO-INSFRAN et al., 2004;

SCHAUSS et al., 2006). Foi demonstrada a capacidade antioxidante in vitro da polpa de

açaí para radicais peroxil (ROO-) e peroxinitrito (ONOO

-) e hidroxila (

-OH)

(LICHTENTHALER et al., 2005). A correlação desta capacidade antioxidante do açaí é

22

positiva para as frações de antocianinas e os compostos fenólicos totais (SANTOS et al.,

2008). Spada et al. (2008) também demostraram in vitro que a polpa do açaí possui

atividade antioxidante para o radical 2,2-diphenyl-1-picrylhydrazyl (DPPH) e atividades

semelhantes a da SOD e CAT. Jensen et al. (2008) analisaram os efeitos antioxidantes da

bebida MonaVie cujo principal componente é o açaí. Esta bebida contém altos níveis das

antocianididas cianidina 3-rutenosídeo, e cianidina 3-glicosídeo e diminui a produção de

ERO em células polinucleares incubadas com H2O2. A capacidade antioxidante também foi

avaliada ex vivo em tecidos isolados do córtex cerebral, hipocampo e cerebelo de ratos. O

pré-tratamento com açaí reduziu o dano oxidativo induzido por H2O2 em lipídios e

proteínas e a atividade das enzimas SOD e CAT, restabelecendo níveis basais semelhantes

ao grupo controle em todos os tecidos avaliados. É interessante ressaltar porém que nos

tecidos tratados somente com açaí, nenhum dos parâmetros avaliados se alteraram

(SPADA et al., 2009). Guerra et al. (2011) demonstraram através de experimento com

ratos, que o açaí foi capaz de modular a produção de EROs em neutrófilos e enzimas

antioxidantes como a glutationa e a proteína carbonilada no figado de animais diabéticos.

1.4.2 Propriedades Anti-inflamatórias in vitro e in vivo

A polpa de açaí também apresenta propriedade anti-inflamatória, como demonstrado

pela sua habilidade de inibir a atividade das ciclooxigenases COX-1 e COX-2 em cultura

de células (SCHAUSS et al., 2006). De acordo com Noratto et al. (2011), o extrato de açaí

também é capaz de proteger células endoteliais do estresse induzido por glicose, reduzindo

a expressão de interleucina -6 e -8. Ainda segundo o autor, a expressão de moléculas de

adesão e ativação de NF-kB foram inibidas nas células tratadas com açaí e induzidas com

lipopolisacarídeo (NORATO et al., 2011).

A presença do extrato de açaí em cigarros teve um efeito protetor contra o enfisema

em camundongos (MOURA et al., 2011). Os camundongos submetidos à fumaça de

cigarro e extrato de açaí apresentaram menor nível de estresse oxidativo devido ao

aumento na atividade de GPx e de GSH, em relação ao grupo exposto somente com

fumaça de cigarro. Houve também uma redução da atividade da mieloperoxidase (MPO),

uma enzima marcadora do influxo de neutrófilo e dano pulmonar (MOURA et al., 2011).

23

1.4.3 Propriedades Antiproliferativas in vitro e in vivo

Além dos efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, várias pesquisas apontaram que

frações de polifenóis, extraídas da polpa de açaí, demonstraram atividade antiproliferativa

e pró-apoptótica em células leucêmicas HL-60, através de mecanismo mediado pela

caspase-3 (DEL POZO-INSFRAN et al., 2006; SCHAUSS et al., 2006). Ding et al. (2006)

demonstraram que a cianidina 3-glicosídio (C3G) possui propriedades quimiopreventivas e

quimioterapêuticas. Em cultura de células, a C3G foi capaz de eliminar espécies reativas

de oxigênio induzidas por radiação ultravioleta, enquanto o estudo in vivo demonstrou que

o tratamento com C3G diminuiu o número de tumores de pele malignos e benignos

induzidos por tetradecanoilforbol-13-acetato (TPA) (MATIAS et al., 2008). Os efeitos

antiproliferativos de extratos obtidos a partir da polpa de açaí também foram avaliados em

cultura de células de adenocarcinoma humano HT-29 onde apresentaram efeito inibitório

de até 90,7% sobre a proliferação celular (PACHECO-PALENCIA et al., 2008). Hogan et

al. (2010) mostraram que o extrato enriquecido em antocianinas obtido a partir da polpa de

açaí apresentou grande capacidade antiproliferativa em células do glioma cerabral C6. A

análise de fragmentação do DNA indicou que este efeito pode ser devido à indução da

apoptose nas células C6, após 48 horas de tratamento com 100 e 200 ug/mL do extrato. Os

mesmos resultados não foram observados em células de câncer de mama MDA-468,

sugerindo que a atividade antiproliferativa do extrato pode ser específica para

determinados tipos celulares como as células C6. Ribeiro et al. (2010) observaram através

do ensaio de cometa que o tratamento de ratos com açaí não teve nenhum efeito

genotóxico nos micronúcleos de células da medula e nos eritrócitos e o tratamento foi

capaz de reduzir o dano no DNA provocado por doxorubicina (DXR) nas células.

No entanto, Spada et al. (2008) mostraram que apesar da polpa do açaí possuir

atividade antioxidante, também apresentou efeitos mutagênicos em altas concentrações em

linhagens de Saccharomyces cerevisiae.

24

1.4.4 Proteção Contra Estresse Hiperlipídico

Além dos efeitos protetores contra o estresse oxidativo, o tratamento com extrato de

açaí também exerce efeitos benéficos contra o estresse induzido por dietas hiperlipídicas

(SOUZA et al., 2010; SUN et al., 2010; OLIVEIRA et al., 2010).

A suplementação com 2% da polpa de açaí na dieta de ratos alimentados com dietas

padrão e hipercolesterolêmica melhorou o perfil lipídico e de biomarcadores do estresse

oxidativo no soro. Animais hipercolesterolêmicos apresentaram redução dos níveis séricos

de colesterol total e colesterol não HDL após seis semanas de suplementação com a polpa

de açaí. Além disso, a suplementação com açaí reduziu os níveis de proteínas carboniladas,

aumentou a concentração de grupos sulfidrila livres e ligados a proteína e a atividade da

enzima paraoxonase no soro de ratos alimentados com ambas as dietas. A suplementação

com açaí também reduziu significativamente a atividade da superóxido dismutase apenas

nos ratos hipercolesterolêmicos. Em camundongos submetidos à dieta hiperlipídica, o

tratamento com extrato de açaí reduziu o peso corporal, os níveis de triglicérides e

colesterol total no plasma (OLIVEIRA et al., 2010). O tratamento também diminuiu os

níveis de glicose, a resistência a insulina e intolerância a glicose dos camundongos

submetidos à dieta hiperlipídica. Estes resultados sugerem que o açaí é uma fonte

nutricional alternativa para prevenção da síndrome metabólica (OLIVEIRA et al., 2010).

Usando a Drosophila melanogaster como modelo, Sun et al. (2010) observaram que

moscas tratadas com dieta hipercalórica suplementada com açaí tiveram seu tempo de vida

médio e máximo aumentados significativamente, quando comparadas àquelas apenas

submetidas à dieta hipercalórica. Esse efeito pró-longevidade parece estar associado a um

aumento na resposta ao estresse e a diminuição da expressão da enzima fosfoenolpiruvato

carboxiquinase (PEPCK), enzima chave do controle da gliconeogênese e gliceroneogênese

e modulada pelo fator de transcrição FoxO. Além disso, observou-se que a polpa de açaí

aumentou a sobrevivência de moscas tratadas com RNAi para sod1 (superóxido

dismutase), principal enzima citosólica envolvida na eliminação de radicais superóxido da

célula, sugerindo que o açaí pode aliviar o dano oxidativo in vivo. Análises moleculares

demonstraram que a suplementação com açaí em moscas alimentadas com dieta

hipercalórica aumentou a transcrição de enzimas envolvidas em funções antioxidantes e de

resposta ao estresse, entre elas a glutationa-S-transferase.

25

1.4.5 Efeitos Benéficos na Saúde Humana

Apesar de grande parte dos estudos sobre os efeitos do extrato de açaí in vivo serem

em organismos modelos, alguns estudos já foram realizados em humanos também

(JENSEN et al., 2008; MERTENS-TALCOO et al., 2008; UDANI et al., 2011; JENSEN

et al., 2011). Jensen et al. (2008) fizeram um ensaio randomizado, duplo-cego com doze

indivíduos saudáveis, no qual o consumo de 120 mL da bebida a base de açaí causou um

aumento da capacidade antioxidante do plasma, e inibição da peroxidação lipídica no soro,

após intervalo de duas horas do consumo. Outro estudo clínico realizado em 12 humanos

saudáveis demonstrou que o consumo de uma única dose de suco e polpa de açaí (7mL/Kg

de peso) foi capaz de aumentar a capacidade antioxidante do plasma em até 2,3 e 3 vezes.

As antocianinas foram quantificadas no plasma após um período de 0 a 12 horas do

consumo das bebidas, atingindo o pico de concentração plasmática após 2,2 horas para

polpa e 2.0 horas para o suco clarificado (MERTENS-TALCOTT et al. 2008).

Udani et al. (2011) mostraram em um estudo piloto realizado com 10 adultos com

sobrepeso que a ingestão de 100 mg de polpa de açaí duas vezes ao dia durante um mês

promoveu a redução da glicemia de jejum e níveis os insulina. Houve também uma

redução no colesterol total bem como no LDL-colesterol (UDANI et al., 2011). Tendo em

vista os efeitos anti-inflamatórios do açaí, um estudo piloto foi feito com 14 pacientes com

dores e dificuldade de locomoção para verificar se o consumo de suco contento na sua

porção maior açaí (MonaVie) estaria associado com alívio da dor (JENSEN et al., 2011).

Além de melhorar significantemente a dor e a execução de atividades diárias, o consumo

deste suco, também melhorou o status antioxidante do soro, reduziu a peroxidação lipídica

e a proteína C reativa, um marcador inflamatório (JENSEN et al., 2011).

1.5 ORGANIMO MODELO CAENORHABDITIS ELEGANS

Caenorhabditis elegans é um nematóide terrestre de vida livre da família

Rhabditidae. Nas últimas décadas, o C. elegans tem sido utilizado como organismo

26

modelo por mais de 200 laboratórios mundiais em estudos de biologia do

desenvolvimento, genética, envelhecimento e de ecotoxicologia, levando a muitas

descobertas importantes para os mamíferos, incluindo o homem. Uma das principais

razões para isto é devido à grande semelhança que existe entre C. elegans e mamíferos,

tanto a nível celular quanto molecular. Cerca de 60-80% dos genes homólogos aos

humanos foram identificados no C. elegans (The C. elegans Sequencing Consortium,

1998; KALETTA E HENGARTER, 2006).

Além da alta homologia com o genoma dos mamíferos, este organismo possui uma

série de características que o torna muito eficiente como modelo genético: é fácil de

cultivar e possui um ciclo de vida curto. O C. elegans é facilmente cultivado em

laboratório em placas de petri contendo ágar semeadas com a bactéria Escherichia coli

como alimento. Os vermes atingem a maturidade com 2,5 dias a 25º C e tem um tempo de

vida curto de 20 dias a 25oC. O ciclo de vida do animal consiste de um período de

desenvolvimento embrionário dentro do ovo, quatro estágios larvais e finalmente o adulto

(Figura 1). O ciclo de vida deste organismo inicia-se como uma única célula, que dá

origem, através de divisões celulares repetidas, há 558 células que formam o pequeno

verme dentro da casca do ovo. Após eclodir, divisões posteriores resultam no crescimento

e na maturação sexual do verme. Após a muda final, o verme adulto hermafrodita começa

a produzir os seus próprios ovos. Em condições adversas, tais como escassez de alimento

ou estresse oxidativo, a larva L1 de C. elegans pode entrar em um estágio alternativo de

diapausa. Neste estado, os animais são hipometabólicos e altamente resistentes ao estresse,

com capacidade de sobreviver por longos períodos de várias semanas até meses (Figura 1).

Outra característica importante é que o C. elegans é pequeno e transparente, permitindo

que suas células possam ser acompanhadas individualmente e que os genes repórteres

ligados ao GFP (Green Fluorescent Protein) possam ser observados no organismo ao vivo.

1.5.1 Controle da Expressão Gênica das Enzimas Antioxidantes no C. elegans

Assim como os mamíferos, o C. elegans possui o sistema de detoxificação de Fase I

(citocromo p450), Fase II (AN et al., 2003; MENZEL et al., 2005) e Fase III (OLIVEIRA

et al., 2009). No C. elegans, a resistência ao estresse oxidativo é controlado, em parte, por

dois principais fatores de transcrição: p38/SKN-1/Nrf e DAF-2/Ins/IGF-1 que ativam a

27

expressão dos genes de detoxificação.

1.5.1.1 A via de sinalização de SKN-1/Nrf

O SKN-1 é uma proteína bZIP que atua de forma análoga ao fator Nrf de mamíferos

e promove resistência ao estresse e longevidade (WALKER et al., 2001; AN &

BLACKWELL, 2003). Em condições normais, SKN-1 localiza-se constitutivamente no

núcleo dos neurônios ASI, correspondente ao hipotálamo, que detectam ou regulam a

ingestão de comida (YOU et al., 2008). Nestes neurônios, SKN-1 é necessário para o

aumento da longevidade induzida pela restrição calórica (BISHOP & GUARENTE, 2007).

FIGURA 1. Ciclo de vida do C. Elegans. Fonte: worm atlas

Na ausência de estresse, a atividade de SKN-1 parece ser controlada tanto no

citoplasma quanto no núcleo. No citoplasma, SKN-1 é regulado por várias vias de

sinalização. SKN-1 é negativamente regulado através da fosforilação pela enzima

glicogênio sintetase quinase (GSK-3) prevenindo sua acumulação no núcleo (AN et al.,

2005). Foi também demonstrado que a via da IIS (via de sinalização da insulina) regula

28

diretamente o fator de transcrição SKN-1. DAF-2 é homólogo ao receptor do fator de

crescimento semelhante à insulina (IGF-1) em mamíferos. DAF-2 ativa as enzimas

fosfatidilinosiol 3-quinase AGE-1 (PI3K), PDK-1, e AKT-1/2 quinases que antagonizam o

fator de transcrição SKN-1 (TULLET et al., 2009), assim como DAF-16, o fator ortólogo

de FoxO (HENDERSON & JOHNSON, 2001; LEE et al., 2003). Assim como nos

mutantes daf-2, mutações em SKN-1 dirigidas para os sítios de fosforilação da AKT

resultam na localização nuclear constitutiva de SKN-1. A deleção de skn-1 em mutantes

daf-2 suprime os fenótipos da resistência ao estresse oxidativo e a longevidade, associados

a este último. Além disso, o envelhecimento é retardado nos animais quando SKN-1 é

superexpresso transgenicamente, e quando possuem o sítio de fosforilação para AKT-1/2

mutados na ausência de daf-16. Estes dados mostram que a via de IIS inibe diretamente

SKN-1 em paralelo a DAF-16 e que SKN-1 contribui para a resistência ao estresse e

longevidade, que são observados quando ocorre a redução da atividade de IIS.

Recentemente, foi demonstrado que a via de sinalização ERK MAPK fosforila diretamente

SKN-1 e ativa a localização nuclear deste (OKUYAMA et al., 2010). A inibição da

expressão dos genes da via ERK diminui a longevidade de animais tipo selvagem, mas não

de mutatnes daf-16 e skn-1 sugerindo que a longevidade controlada pela via ERK MAPK

depende de SKN-1 e DAF-16 (OKUYAMA et al., 2010).

Em condições normais SKN-1 associa-se à proteína WDR-23 e ao complexo

protéico da ubiquitina ligase CUL-4/DDB-, sugerindo que SKN-1 seja degradado pelo

sistema proteassômico (CHOE et al., 2009). Também foi demonstrado que WDR-23 regula

negativamente a expressão de genes de detoxificação de Fase II (HOSEGAWA & MIWA,

2010).

Já em condições de estresse, SKN-1 acumula-se no núcleo das células do intestino, o

maior órgão de detoxificação no C. elegans, e ativa a transcrição genes alvos em resposta a

vários estresses (AN & BLACKWELL et al., 2003; OLIVEIRA et al., 2009). A

localização nuclear de SKN-1 em condições de estresse no núcleo requer a sua fosforilação

pela PMK-1, uma quinase conservada, pertencente à via de sinalização da p38 MAPK

(MAPK -Mitogen-Activated Protein Kinase). SEK-1, a MAPK quinase que fosforila PMK-

1 é necessária para ativar a localização de SKN-1 no núcleo e a expressão de gcs-1

(INOUE et al., 2005). Os mutantes com perda de função skn-1 e sek-1 são mais sensíveis

ao estresse oxidativo, reforçando a importância de SEK-1-SKN-1 na defesa contra o

29

estresse oxidativo (AN & BLACKEWELL, 2003; INOUE et al., 2005). Além disso,

mutantes skn-1 possuem um tempo de vida reduzido em cerca de 25-30%, o que é

consistente com associações feitas entre estresse oxidativo e longevidade (AN &

BLACKWELL, 2003) (Figura 2).

FIGURA 2. Regulação de Nrf2/FOXO. Fonte: INOUE et al. (2005); LANDIS & MURPHY,

(2010).

A gama de genes regulados por SKN-1 inclui genes envolvidos em processos de

detoxificação e resistência ao estresse, atividade lisossômica e proteassômica de

degradação protéica, imunidade inata e várias vias metabólicas (OLIVEIRA et al., 2009).

Entre os genes de detoxificação, foram identificadas várias glutationas-S-transferases,

UDP-glicosil transferases e genes envolvidos na conjugação de compostos tóxicos,

metabolismo de espécies reativas de oxigênio e síntese de glutationa. Além destes genes de

Fase II, também foi identificado um número significativo de genes da Fase I de

detoxificação (desidrogenases de cadeia curta e citocromo P450) e da Fase III

(transportadores do tipo ABC). Outro grupo de genes que também chamou bastante a

30

atenção foi os genes envolvidos nas vias lisossômicas e proteassômicas de degradação de

proteínas sugerindo que SKN-1 também teria um possível papel na reciclagem de proteínas

danificadas (OLIVEIRA et al., 2009). Em resposta ao estresse provocado por arsenato de

sódio (As), foi observada a expressão dependente de SKN-1 de vários genes de

detoxificação sendo que a maioria deles é também expressos em condições normais. Por

outro lado o tratamento com t-BOOH ativa a expressão de genes de detoxificação e

metabolismo que são na sua maioria SKN-1 independentes. Estas observações sugerem

que SKN-1 tem um papel importante tanto em condições normais como durante o estresse

(OLIVEIRA et al., 2009).

1.5.1.2 A Via de Sinalização de DAF-16

Em C. elegans, a via de sinalização da insulina/IGF-1 controla vários processos

biológicos tais como longevidade, reserva lipídica, reprodução e resposta ao estresse,

termotolerância, resistência a patógenos, metabolismo e autofagia. (LEE et al., 2003). Esta

via é iniciada pelo receptor DAF-2, o homólogo do receptor do fator de crescimento

semelhante à insulina (IGF-1) em mamíferos. Quando DAF-2 é ativado fosforila a

fosfoinositil 3-kinase, AGE-1, gerando PIP3, que por sua vez recruta as kinases AKT-1,

AKT-2, SGK-1 e PDK-1 para a membrana plasmática onde PDK-1 fosforila AKT e SGK-

1. O complexo AKT-1/AKT-2/SGK-1 fosforila o fator de transcrição DAF-16,

sequestrando-o no citoplasma e então prevenindo a ativação ou repressão de genes alvos

no núcleo. Inibidores desta cascata incluem DAF-18, o fosfoinositil 3-fosfatase PTEN, que

antagoniza AGE-1 pela defosforilação de PIP3, e PPTR-1, uma subunidade reguladora da

PP2A que defosforila AKT-1 (LANDIS & MURPHY, 2010). O papel desta via de

sinalização na longevidade e metabolismo é conservado em C. elegans, Drosophila e

mamíferos. A via da DAF-2 insulina/IGF1 regula a expressão de várias enzimas de

detoxificação, tais como superóxido dismutase (sod-3), catalases (ctl-1 e ctl-2) (MURPHY

et al., 2003). Mutantes com alelo hipomórfico de daf-2 são mais resistentes ao estresse

oxidativo e possuem um tempo de vida prolongado em 40% comparado com nematóides

do tipo selvagem, reforçando a teoria do dano oxidativo do radical livre e o envolvimento

da mitocôndria e do ERO no processo de envelhecimento (VANFLETEREN & DE

VREESE 1995; HONDA & HONDA, 1999).

31

Além da via DAF-2/Ins/IGF1, DAF-16 também pode ser regulado pela interação

com a s proteínas 14-3-3, AMPK e JNK. Similar a sinalização de FoxO de mamíferos, as

proteínas 14-3-3 interagem com DAF-16 e regulam sua distribuição

nuclear/citoplasmática. A proteína kinase ativada por AMP (AMPK) ativa DAF-16 pela

fosforilação direta. A família JNK é um subgrupo da superfamília MAPK e está associada

com a regulação de processos biológicos críticos como o desenvolvimento, apoptose e

sobrevivência celular. Em C. elegans, a via de sinalização JNK é ativada por diferentes

estresses tais como estresse térmico e oxidativo. JNK interage fisicamente e fosforila DAF-

16 em um sítio diferente dos sítios de fosforilação de AKT, e esta fosforilação resulta em

um aumento da translocação nuclear de DAF-16 (MA, 2010).

1.6 C. elegans COMO UM MODELO PARA ESTUDOS DE FITOQUÍMICOS

Como apresentado acima, o C. elegans é um excelente modelo para identificação

rápida de compostos com propriedades biológicas e apresenta grandes vantagens em

relação à cultura de células, pois é um organismo multicelular que permite que a ação dos

compostos seja avaliada de uma forma sistêmica, em um organismo. Além disso, o cultivo

e os experimentos realizados com este organismo são muito mais baratos comparados com

camundongos ou outro modelo mamífero. Isto se deve principalmente porque no caso do

C. elegans, o requerimento de animais não é limitante, pois eles crescem rapidamente em

um sistema simples e barato, onde podem ser gerados milhares de animais em alguns

poucos dias. Além disso, o fato do seu genoma já ser conhecido e da disponibilidade de

mutantes para a maioria dos seus genes, o C. elegans, permite que os mecanismos da

resposta ao estresse oxidativo sejam facilmente investigados in vivo.

Devido a todas estas características, vários compostos que aumentam a longevidade e

a resistência ao estresse oxidativo têm sido estudados neste organismo. Em especial

atenção, dois estudos relataram o efeito de extratos ricos em polifenóis e antocianinas no

C. elegans (WILSON et al., 2006; PUN et al., 2010). Extratos de mirtilo “blueberry” ricos

em polifenóis (WILSON et al., 2006) aumentaram o tempo médio de vida em 28% e o

máximo em 14%. Além disso, o extrato de mirtilo aumentou a termotolerância do C.

elegans, mas não a resistência ao estresse oxidativo. A análise indicou que os polifenóis do

32

extrato de mirtilo parecem atuar através de uma via de sinalização da proteína quinase

dependente da Ca2+

/calmodulina (CaMKII). Já foi demonstrado que Casca de Pinheiro,

rico em antocianinas (CP) diminui os níveis de EROs em doses muito baixas e muito altas,

mas aumenta a concentração de EROs em doses intermediárias. O maior decréscimo nos

níveis de EROs foi observada a 5 e 10 CP lg / ml, que foram as mesmas doses, que

provocaram significativo aumento do tempo de vida do organismo C. elgans.(PUN et al.,

2010)

O extrato de Ginkgo biloba, complexo rico glicosídeos e terpenóides

(KAMPKÖTTER et al., 2007), aumentou a resistência ao estresse oxidativo em 33% (WU

et al., 2002). O resveratrol, polifenol abundante nas cascas de uva (BASS et al., 2007),

prolongou o tempo de vida de uma maneira dose-dependente (VISWANATHAN, 2005). A

quercetina, flavonóide abundante em plantas comestíveis, aumentou a resistência ao

estresse oxidativo e o tempo de vida médio em 18% no C. elegans (PIETSCH et al., 2009).

Tomando em consideração todas estas informações, o presente projeto teve como

proposta estudar os efeitos do açaí no organismo multicelular C. elegans. Além disso,

foram investigados os possíveis mecanismos envolvidos na resposta aos estresses oxidativo

e térmico e na longevidade dos animais tratados com açaí.

33

CAPÍTULO 2

OBJETIVO

34

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar os efeitos antioxidantes e pró-longevidade do extrato de açaí (Euterpe oleracea

Mart.) no organismo modelo Caenorhabits elegans

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Quantificar antocianinas de extratos obtidos da polpa de açaí liofilizado (AL);

- Avaliar os efeitos do tratamento com extrato de açaí liofilizado na sobrevivência do

C. elegans em condições de estresse e em condições normais;

- Dosar marcadores bioquímicos de estresse oxidativo (catalase, grupos sulfidrilas

totais, proteína carbonílica);

- Verificar o envolvimento de SKN-1 e DAF-16 na resposta antioxidante do C.

elegans tratado com extrato de açaí.

35

CAPÍTULO 3

METODOLOGIA

36

3.1 CEPAS E LINHAGENS

As cepas utilizadas neste projeto foram obtidas através do Caenorhabditis Genetics

Center (CGC), University of Minesota, EUA (http://www.cbs.umn.edu/cgc) ou do Dr. T.

Keith Blackwell do Joslin Diabetes Center, Boston, EUA. Foram utilizadas a cepa tipo

selvagem N2 Bristol, as cepas mutantes de deleção “knockout” sek-1(km4), e daf-

16(mgDf47) e a cepa transgênica com gene repórter N2 zIs356[DAF-16::GFP]. Também

foram usados animais “knockedown” para skn-1 obtidos por RNA interferente (RNAi)

(TULLET et al., 2008).

A incorporação do RNA fita dupla (dsRNA) nos vermes é feita através de um sistema

bacteriano. Para tal, um fragmento exônico do gene alvo é clonado no plasmídeo pL4440

(distribuído gratuitamente por Andrew Fire) que é específico para síntese de dsRNA por

indução com IPTG (KAMATH et al., 2001). Para o silenciamento de skn-1, o plasmídeo foi

construído através da subclonagem de um fragmento obtido por PCR do cDNA de skn-1

(WALKER et al., 2001) do plasmídeo pPD129.36 (cedido gentilmente por Andrew. Fire). O

plasmídeo pL4440 sem nenhum inserto foi usado como controle negativo do RNAi. O

plasmídeo recombinante foi transformado em E. coli HT115 e a cultura foi então semeada

em placas de petri com NGM contendo IPTG. Os vermes tipo selvagem no estágio larval 1

(L1) foram então cultivados nestas placas e utilizados nos experimentos após 48h a 20oC

quando atingiram estágio L4. A confirmação da redução da expressão de skn-1 foi feita

deixando os mesmos animais descritos acima atingirem a fase adulta. Na ausência de skn-1

os embriões colocados por eles não eclodem.

3.2 CRESCIMENTO E MANUTENÇÃO DO C. ELEGANS

As cepas foram mantidas congeladas até o momento de uso. O congelamento foi

transferindo animais L1 para uma solução 1:1 de M9 (22 mM KH2PO4; 42 mM Na2HPO4;

85,5 mM NaCl; 1 mM MgSO4) e solução de congelamento (50 mM Tampão Fosfato; 100

mM NaCL; 30% de glicerina). Alíquotas desta mistura foram transferidas para tubos de 1,5

mL e colocadas no freezer -80oC. Quando necessário, as cepas utilizadas foram

37

descongeladas e transferidas para o meio NGM (Nematode Growth Médium) (BRENNER,

1974) semeadas com E. coli OP50 como alimento e incubada a 20°C, o que permitiu o

desenvolvimento normal do ciclo de vida. A manutenção das cepas foi feita transferindo

animais em diferentes estágios para novas placas à medida que a camada de bactéria ficava

escassa.

3.3 SINCRONIZAÇÃO CRONOLÓGICA DO C. ELEGANS

Para os experimentos de resistência ao estresse oxidativo, térmico e longevidade, os

animais tiveram sua idade sincronizada. A sincronização para a todas as cepas foi feita

através da lise alcalina. Este método baseia-se no tratamento de hermafroditas adultos

grávidos com solução de lise (50% de hipoclorito de sódio; 2,5 mM NaOH). Os embriões

resistentes a este tratamento foram coletados e colocados em meio líquido M9 de um dia

para o outro na ausência de alimento. Isto permite que os embriões eclodam, mas

permaneçam estacionários em L1. Os animais L1 foram então transferidos para placas

NGM semeadas com E. coli OP50 por 48h a 20°C, tempo necessário para o C. elegans

chegar a L4.

3.4 EXTRATOS DE AÇAÍ

Neste projeto foram utilizados extratos de açaí. Esses extratos consistem em um pó

liofilizado que foi gentilmente cedido pela empresa Liotécnica Alimentos LTDA (Embu,

SP), sendo o açaí liofilizado (AL-1) código 120.044.032 e o açaí liofilizado (AL-2) código

120.044.022. Este pó liofilizado foi usado para preparar o extrato de açaí AL através da sua

diluição em solução basal para 100 mg/ml como descrito posteriormente no item

3.6.1.Preparação das Placas NGM Contendo Extrato de Açaí

38

3.5 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS

O conteúdo de antocianinas dos extratos utilizados foi quantificado através do

método do pH diferencial (COHEN et al., 2006, adaptação de GIUSTI & WROSLTAD,

2001), sendo a concentração de antocianinas monoméricas calculada e representada como

concentração de cianidina-3-glicosídeo, antocianina que, juntamente com a cianidina-3-

rutinosídeo, é encontrada em maior abundância no açaí (DEL POZO-INSFRAN et al.,

2004; SCHAUSS et al., 2006).

Foram preparadas duas soluções tampão: cloreto de potássio – ácido clorídrico pH

1,0 (0,025 M) e acetato de sódio pH 4,5 (0,4 M). O extrato liofilizado passou por uma

prévia etapa de extração em água destilada. As amostras foram diluídas nas soluções

tampão até fator de diluição igual a 20 de forma que a densidade óptica não ultrapassasse o

máximo de 1.200 nm. As medidas de absorbâncias foram efetivadas em máximo de

absorção na região visível 510 nm e em 700 nm, sendo utilizada água destilada como

branco.

A diferença de absorbância foi calculada de acordo com a fórmula 1:

A = (Aλmáz_vis – A700nm)pH 1,0 - (Aλmáz_vis – A700nm)pH 4,5

A concentração de antocianinas monoméricas foi calculada de acordo com a fórmula 2:

AM = A x PM x FD x 102

ε x L

onde AM representa a concentração de antocianinas monoméricas (mg.100g-1

); A

representa a diferença de absorbância calculada pela fórmula 1; PM, o peso molecular da

cianidina-3-glicosídeo (449,2); FD, o fator de diluição da amostra nas soluções tampão; ε a

absortividade molar da cianidina-3-glicosídeo (26900); e L representa o caminho óptico

(1,0cm).

39

3.6 ENSAIOS BIOLÓGICOS

3.6.1 Preparação das Placas NGM Contendo Extrato de Açaí

Para o tratamento com o extrato AL-1 e AL-2, 2 gramas de açaí foram ressuspensos

com 20ml de solução basal, esterilizado por filtração, obtendo-se 5ml de extrato líquido, e

então acrescido de 50µl de solução estéril de 10mM MgSO4. Essas misturas foram

utilizadas para ressuspender o pellet de 1ml de E. coli OP50 com OD 1 que foi então

semeado em placas contendo meio NGM. Para as placas de controle do tratamento, foi

utilizada apenas 1ml de E. coli OP50 com OD 1, ressuspensa em quantidade proporcional

de solução basal e MgSO4. Em caso das placas não serem usadas imediatamente, elas

foram mantidas a 4oC por no máximo 1 semana.

3.6.2 Ensaio de Resistência ao Estresse Oxidativo

Para o tratamento, larvas L1 sincronizadas foram colocadas em placas contendo ou

não açaí e deixadas crescer por 48h a 20°C até o estágio L4. Para testar se o tratamento

com açaí promove um aumento na resistência ao estresse oxidativo, os animais tratados ou

não com açaí foram transferidos para solução de M9 contendo 5 e 7,5mM de tert-butil

hidroperoxido (t-BOOH), um análogo do peróxido de hidrogênio mais estável em meio

líquido. Cada experimento foi realizado em placas de 24 poços, onde 50 animais por grupo

foram colocados em 5 poços com 10 animais por poço. A viabilidade dos animais foi

analisada após 6, 9, 12 e 15 horas usando uma lupa estereoscópica para contar o número de

animais mortos, que são determinados pela ausência de batimento faríngeo e de

movimento quando provocados com uma alça de fio de platina (LITHGOW et al., 1995).

3.6.3 Ensaio de Resistência ao Estresse Térmico

Para testar a resistência ao estresse térmico, vermes com idade sincronizada foram

mantidos em placas de NGM com ou sem extrato de açaí até o quinto dia de vida adulta.

Em seguida, cerca de 60 animais de cada grupo foram transferidos para três novas placas

contendo 20 animais em cada e mantidos a 35°C. A sobrevivência foi verificada em 6, 9 e

40

12 horas, usando lupa estereoscópica. Animais que morreram por dissecação nas laterais

das placas foram desconsiderados nas contagens.

3.6.4 Ensaio de Longevidade

Para os ensaios de longevidade as placas de NGM foram preparadas com 10 mM

FUdR (5-Fluoro-2'-deoxyuridine). FUdR é normalmente fosforilado nas células em

fluorodeoxiuridilato, um inibidor competitivo da enzima timidilato sintetase que converte

deoxiuridilato em timidilato. Desta forma a replicação do DNA é rapidamente

interrompida uma vez que esta é a única via de síntese de timidilato nas células. Após

atingirem a fase adulta, as únicas células a se duplicarem no C. elegans são as

germinativas. Assim, animais adultos mantidos em placas contendo FUdR não produzem

nenhuma progênie e quaisquer embriões produzidos nesta condição não se desenvolvem.

Após a solidificação das placas NGM acrescidas de FUdR, estas foram semeadas com E.

coli OP50 com ou sem extrato de açaí como descrito anteriormente.

Os ensaios de longevidade foram iniciados com 60 animais por grupo com idade

sincronizada no estádio larval L4. Estes são cultivados por todo seu tempo de vida em

placas NGM com FUdR com ou sem extrato de açaí a 25°C. Os 60 animais são divididos

em 3 placas contendo 20 animais em cada. A sobrevivência dos vermes foi verificada

diariamente. Os dados foram submetidos no programa estatístico GraphPad Prisma versão

5 para construção dos gráficos de sobrevivência e cálculo de valores p (Log-Rank)

(TULLET et al., 2008).

3.7 DOSAGEM DOS PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Além da análise da resistência ao estresse também foi verificada a capacidade

antioxidante dos C. elegans tratados e não tratados com extrato de açaí através da medida

dos níveis de proteína carbonilada, grupo sulfidrilas totais e da atividade da enzima

catalase. As medidas de catalase e sulfidrilas totais foram feitas a partir de uma cultura de

5.000 animais e de proteína carbonilada de uma cultura de 10.000 vermes, todos

41

sincronizados em estágio L4. Após a lise e trituração dos animais, o extrato foi submetido

às análises citadas acima. Estes experimentos foram repetidos pelo menos 2 vezes.

3.7.1 Dosagem dos Níveis Totais de Grupos de Sulfidrilas

Foi utilizado o método de Ellman para a execução destas técnicas (SEDLAK &

LINDSAY, 1968). Este método baseia-se na reação de grupos tióis com o ácido 5,5’-ditio-

bis-2-nitro-benzóico (DTNB) formando um ânion amarelo do ácido 5-tio-2-nitrobenzóico

que é medido espectrofotometricamente a 412nm.

Para cada 120µL de amostra, foi adicionado 720µL de metanol, 150µL de Tris-HCl,

pH8,2, 50µL de DTNB (ácido 6,5 ditiobis 2-nitrobezóico). Esta mistura foi centrifugada a

10.000g durante 15 minutos à temperatura ambiente. As absorbâncias das amostras foram

lidas em 412nm, a 25°C. A concentração de sulfidrila foi feita através da regressão linear

usando cisteína como padrão. Todas as concentrações foram obtidas em mol/proteína.

3.7.2 Dosagem da Atividade da Catalase

Determinação da atividade da enzima catalase, foi realizada baseada na sua

capacidade de converter o peróxido de hidrogênio (H2O2) em água e oxigênio molecular,

conforme descrito por Aebi, (1984). 5000 animais L4 foram homogeneizados com 0,5mL

de 100mM tampão fosfato pH 7,2 e em seguida centrifugado por 10 minutos à 4ºC. O

sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. Em um tubo de polipropileno

colocaram-se 50L de 100mM tampão fosfato pH 7,2 e 40L de água destilada. Em

seguida foi adicionado 100L da amostra e 810L de 10mM H2O2. As absorbâncias das

amostras foram lidas a 240nm a cada minuto, durante cinco minutos. 1U de catalase é

equivalente a hidrólise de 1 mol de H2O2 (ε = 39,4 L.mol-1

.cm-1

) por minuto (AEBI,

1984). Usualmente a atividade dessa enzima é representada em Unidade por mL de

amostra. Calculamos a atividade da catalase segundo a lei de Lambert Beer. A absorbância

utilizada nessa expressão é o delta obtido das cinco absorbâncias lidas (absorbância final –

absorbância inicial / 4).

42

3.7.3 Dosagem dos Níveis de Proteína Carbonilada

A oxidação de proteína por ERO leva à formação de derivados carbonilados. Estes

podem ser mensurados por métodos sensíveis, particularmente aqueles que utilizam o 2,4-

dinitrofenilhidrazina (DNP). O DNP reage com grupos carbonílicos gerando a hidrazona

correspondente, a qual pode ser analisada espectrofotomicamente. A determinação da

concentração sérica de proteína carbonilada foi realizada conforme descrito por Levine et

al. (1994). 10000 animais sincronizados em L4 foram homogeneizados com 0,5mL de 50

mM tampão fosfato pH 6,7 contendo 1mM EDTA. Em seguida centrifugado a 10000g, por

10 minutos à 4ºC. O sobrenadante foi retirado e usado como amostra biológica. Para cada

amostra utilizou-se dois tubos de polipropileno, um foi denominado de Amostra (A) e

outro de Controle (C). Transferiu-se 400L de homogeneizado para todos os tudo (amostra

(A) / controle (C)). Em seguida foi adicionado aos tubos 400L de TCA 10% e misturado

no vórtex, logo após, foram centrifugados (tubo A e C) à 5000g por 10minutos a 4°C. O

próximo passo foi adicionar ao tubo A 500L de DNPH (2,4-dinitrofenilhidrazina) e no

tubo C 500L de 2,5M HCL. Ambos foram mantidos no escuro à temperatura ambiente

por um período de 30 minutos, e a cada 15 minutos eram misturados no vórtex. Em

seguida foram adicionados 500L de 10% ácido tricloroácetico (TCA) em cada tubo,

misturado no vórtex e centrifugados à 5000g por 10 minutos a 4°C. Depois de

centrifugados, o sobrenadante dos tubos foi descartado e 1mL de mistura de etanol com

acetato de etila (1:1) foi adicionado aos tubos e misturados no vórtex. Uma nova

centrifugação foi realizada. Em seguida o sobrenadante dos tubos A e C foram descartados

e à estes foram adicionados mais 1mL da mistura etanol e acetato de etila, foram

misturados no vórtex e novamente centrifugados. No final das centrifugações, o

sobrenadante dos tubos A e C foram novamente descartados e adicionado em ambos 1mL

de 6% SDS, misturados no vórtex e centrifugados à 10000g por 10 minutos a 4°C.

Finalmente o sobrenadante dos tubos foram retirados e transferidos para cubeta, onde

foram lidos no espectrofotômetro a 370nm. A concentração de proteína carbonilada foi

determinada utilizando a equação: ..bCA , onde A é a subtração da absorbância do tubo

A (amostra) pela absorbância do tubo C (controle), C é a concentração, b é o caminho

óptico e ε é o coeficiente de extinção molar. O conteúdo de proteína carbonilada foi

calculado usando o coeficiente de extinção molar de 22 000 M-1 cm-1 e expresso por nmol

43

de proteína carbonilada formada por mg de proteína. Para se obter a concentração de

proteína carbonilada em relação à concentração de proteínas totais este parâmetro foi

determinado pelo método de Lowry (descrito a seguir).

3.7.4 Dosagem de Proteínas Totais

Este método foi descrito a primeira vez por Lowry et al. (1951). É baseado nas

ligações das proteínas, que em meio alcalino, com os íons cobre (Cu2+

) formam uma cor

azul que é dependente em partes, do índice de tirosina e triptofano da amostra, já que os

íons cobre catalisam a oxidação de aminoácidos aromáticos.

Em um tudo de polipropileno, foram pipetados 100µL de amostra ou o padrão de

albumina. O branco, usado para zerar o espectrofotômetro, foi feito apenas com 100µL de

água destilada. Posteriormente foi adicionado 1mL do reagente C em todos os tubos. A

mistura foi levada ao vórtex e mantida a temperatura ambiente por 15 minutos. Em

seguida, foi adicionado em cada tubo, 100µL do reagente D. O volume foi misturado e

incubado a temperatura ambiente, no escuro, por 30 minutos. A leitura foi feita em

espectrofotômetro a 660nm.

Para o cálculo de proteínas totais foi feito um gráfico expressando a concentração do

padrão de albumina (Eixo Y) X absorbância do padrão de albumina (Eixo X). Após

regressão linear, foi determinada a equação da reta com a seguinte característica:

Concentração = a X Absorbância + b. Esta equação foi utilizada para determinar a

concentração de proteínas totais nos homogenatos de C. elegans. Todas as concentrações

foram obtidas em mg/mL.

Os reagentes utilizados e forma de preparo estão descritos a seguir. Reagente A: Foi

dissolvido 0,25g de sulfato de cobre e 0,5 de citrato de sódio em 100mL de água destilada.

Reagente B: Foi dissolvido 5g dr carbonato de sódio e 1g de hidróxido de sódio em 250mL

de água destilada. Reagente C: Foi adicionado 1mL do reagente A em 50mL do reagente

B. Reagente D: Foi dissolvido 1mL de Folin-Ciocateau em 1mL de água destilada.

44

3.8 LOCALIZAÇÃO SUBCELULAR DE DAF-16

Para investigar se o extrato de açaí ativa a localização nuclear dos fatores de

transcrição DAF-16, foram utilizadas as cepas transgênicas N2 zIs356[DAF-16::GFP] e

TJ356, contendo os genes repórteres daf-16::gfp (AN et al., 2003; HENDERSON &

JOHNSON, 2001). A seleção dos animais transgênicos daf-16::gfp foi feita através da

presença marcador rol-6, um gene defectivo do colágeno que provoca nos animais

portadores o fenótipo de se arrastem em círculos ao invés de se arrastarem de maneira

sinuosa. A cepa N2 zIs356[DAF-16::GFP] é uma linhagem também integrada de um

plasmídeo contendo uma fusão traducional da sequência genômica do promotor e do gene

DAF-16 com o gene GFP (HENDERSON & JOHNSON, 2001). Esta linhagem

transgênica codifica a isoforma DAF-16a2 que é expressa na maioria das células do corpo

do C. elegans, com exceção das células da faringe (HENDERSON & JOHNSON, 2001).

Após o tratamento com extrato açaí, os animais transgênicos nos estágio de L2 a L4

foram colocados em lâminas contendo uma fina camada de 2% de agarose, imobilizados

com 2% de azida sódica e cobertos com uma lamínula. A localização subcelular dos genes

repórteres foi analisada através de um microscópio de fluorescência Leika TM5000,

disponível no Núcleo de Pesquisa Básica (NUPEB) da UFOP, usando aumento ocular de

10 vezes e filtro para excitação de 365nm. A localização foi classificada como citossólica,

intermediária e nuclear de acordo com a localização predominante do GFP. Baixa indução

corresponde à ausência de localização nuclear. Indução média corresponde à concentração

de localização nuclear na região anterior e/ou posterior do intestino. Indução alta

corresponde à localização nuclear através de todo o intestino.

FIGURA 3 Esquema dos genes repórter para DAF-16

Linha sólida representa DNA genômico, caixa de cor azul representa região não

traduzida, caixa vermelha representa região codificantes e caixa verde representa região

codificante para proteína fluoresente verde (GFP). Fonte Esquema: Adaptado de

(HENDERSON & JOHNSON, 2001).

45

3.9 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para os ensaios de resistência ao estresse oxidativo e térmico e para as quantificações

de marcadores bioquímicos, as análises estatísticas foram realizadas através do teste t de

Student’s sendo que p ≤ 0,05 foi considerado estatisticamente significante. As curvas de

sobrevivência Kaplan-Meier foram criadas usando o software GraphPad Prisma versão 5 e

o valor de p foi calculado através do Log-Rank test.

46

CAPÍTULO 4

RESULTADOS

47

4.1 QUANTIFICAÇÃO DE ANTOCIANINAS

O açaí é um fruto muito utilizado na indústria alimentícia de diferentes maneiras,

seja na forma de polpa congelada ou até mesmo o produto liofilizado. A primeira pergunta

feita neste trabalho foi de verificar o conteúdo de antocianinas monoméricas presentes

nestes tipos das amostras de açaí (Tabela 1). A quantificação das antocianinas foi realizada

em dois extratos liofilizados da Liotécnica Alimentos, AL-1 código120.044.032 e AL-2

código 120.044.022

A dosagem das antocianinas monoméricas na amostra AL-1 foi feita duas vezes com

um ano de diferença entre elas (05/03/2010 e 10/04/2011). Os resultados obtidos foram

muito próximos (15,8 e 14,5 mg/100g) indicando que a quantidade de antocianinas não

foram perdidas com tempo.

TABELA 1 - Conteúdo de antocianinas monoméricas, representado como conteúdo

de cianidina-3-glicosídeomg/100 g)

AMOSTRAS LIOFILIZADO

AL-1 (05/03/2010) 15,8

AL-1 (10/04/2011) 14,6

AL-2 (06/05/2011) 34,7

48

4.2 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE OXIDATIVO DOS ANIMAIS

TRATADOS COM DIFERENTES EXTRATOS DE AÇAÍ

Tendo em vista que os extratos AL-1 e AL-2 apresentaram antocianinas

monoméricas, foi investigado em seguida se animais tipo selvagem tratados com os

extratos apresentariam um aumento da resistência ao estresse oxidativo.

Para isso estes foram mantidos por 48 horas (de L1 a L4) em 100 ou 200mg/ml de

AL-1 e AL-2 e posteriormente foi verificada a sobrevivência deles quando incubados com

5 e 7,5 mM de t-BOOH. Os animais tratados com 200mg/ml não se desenvolveram até L4

e ficaram estacionados no estágio L1, indicando que esta concentração de extrato de açaí é

tóxica. O mesmo não foi observado com os animais tratados com 100 mg/ml sendo que

eles chegaram ao estágio L4 em 48h como esperado para animais tipo selvagem mantidos a

20oC. Portanto, todos os experimentos feitos a partir deste ponto foram feitos usando

apenas a concentração de 100mg/ml de extrato.

O Gráfico 1 mostra a fração de sobreviventes em diferentes tempos dos animais

tratados com 100 mg/ml de AL-1 ou AL-2. Foi observado que a sobrevivência dos animais

tratados com AL-1 e AL-2 foram significativamente maior (p ≤ 0,05) após 9 e 12 horas em

5 mM de t-BOOH (Gráfico 1A). Já a fração de animais tratados com AL-1 e AL-2 em 7

mM não apresentaram aumento da resistência ao estresse (Gráfico 1B)

49

A

B.

GRÁFICO 1 – Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL na sobrevivência do C.

elegans em condições de estresse oxidativo. A sobrevivência dos animais em (A) 5mM e

(B) 7,5mM de t-BOOH foram verificadas em tempos determinados. O gráfico acima

representa a média de três experimentos. A barra de erro representa o SEM. O símbolo *

indica resultado significante p ≤ 0,05 através do teste de Student sobreviveram em 7,5 mM

não foi significativamente maior em relação aos animais não tratados (Gráfico 1B).

50

4.3 ANÁLISE DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE TÉRMICO DOS ANIMAIS

TRATADOS COM AL-1

As propriedades antioxidantes do AL também foram avaliadas através de um ensaio

de resistência ao estresse térmico. Para avaliar a sobrevivência em condições de estresse

térmico, os animais foram tratados com 100 mg/mL de AL-1 desde o estágio L1 até o

quinto dia de vida adulta, ou seja por 168 horas. No 5º dia de vida adulta, os animais já

terminaram a maior parte da ovoposição e com isto eles eram menos ágeis para escapar da

placa nas condições de estresse. Após este período os animais foram submetidos ao

estresse térmico por elevação de sua temperatura de cultivo de 20°C para 35°C e

asobrevivências dos animais foi verificada 6, 9 e 12 horas após o inicio do estresse. O

Gráfico 2 mostra que o tratamento com 100 mg/mL de AL-1 não foi capaz de aumentar a

resistência ao estresse térmico dos animais tipo selvagem em nenhum dos tempos

analisados.

51

GRÁFICO 2– Efeitos tratamento com açaí na sobrevivência do C elegans em condições

de estresse térmico. A sobrevivência dos animais em foram verificadas em tempos

determinados a uma temperatura 35ºC. O gráfico acima representa a média de três

experimentos.

52

4.4 ANÁLISE DA SOBREVIVÊNCIA EM CONDIÇÕES NORMAIS DOS

ANIMAIS TRATADOS COM AL-1

O terceiro ensaio biológico usado para avaliar a capacidade antioxidante do AL in

vivo foi a análise da longevidade dos animais em condições normais. Neste experimento,

os animais tipo selvagem foram tratados desde L1 por todo o seu tempo de vida com 100

mg/mL de AL-1 a 25oC e o número de animais vivos foram contados diariamente.

O Gráfico 3 e Tabela 2 mostram os resultados obtidos de um experimento de

longevidade realizado a 25oC. Pode-se observar tanto no gráfico como na tabela, que o

tratamento com AL-1 não aumentou nem o tempo de vida médio e o nem máximo dos

animais tipo selvagem. A 25oC, o tempo de vida médio foi de 14 dias para os animais do

grupo controle e 15 dias para o grupo tratado sendo esta diferença não significante. O

tempo de vida máximo foi de 20 dias a 25oC tanto para o grupo controle quanto para o

grupo tratado (Tabela 2).

4.5 ANÁLISE DE MARCADORES BIOQUÍMICOS E ENZIMÁTICOS NOS

ANIMAIS TRATADOS COM AL-1

Uma vez que o tratamento com AL foi capaz de aumentar a resistência ao estresse

oxidativo no C.elegans, o próximo passo foi verificar se tratamento também estava

associado a uma melhora do status antioxidante in vivo no C. elegans. Para isso foi dosada

a grupos sulfidrilas totais atividade da catalase como marcadores antioxidante e os níveis

de proteína carbonilada como marcador de estresse.

Os resultados apresentados no Gráfico 4 mostram que não existe uma diferença

significativa entre animais controle e tratados com AL-1 em nenhum dos parâmetros

dosados. Devido à variação entre experimentos, os resultados foram apresentados na forma

de níveis relativos onde em cada experimento, o valor obtido para o grupo controle foi

considerado como 1 e o valor obtido para o grupo tratamento foi convertido por razão.

Após esta conversão foi obtida a média dos níveis relativos das triplicatas experimentais

(Tabela 3).

53

0 5 10 15 20 250.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0controle

AL-1

Dias

Fra

çao

de S

ob

reviv

ên

cia

GRÁFICO 3– Efeitos do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência do C.

elegans. A sobrevivência dos animais foi verificada diariamente. As curvas de

sobrevivência Kaplan-Meier foram criadas usando o GraphPad Prism versão 5. O gráfico

acima representa a média de dois experimentos.

54

TABELA 2 – Análise da longevidade dos animais tipo selvagem tratados com AL-1 a

25oC

Tempo de vida médio

(dias)

Tempo de vida

máximo (dias) Valor p

a

nb

Experimento 1

N2 Controle 12 20 101/80

N2 AL-1 13 20 0.003 101/60

Experimento 2

N2 Controle 16 20 0.03 78/53

N2 AL-1 17 20 78/57

Combinação dos Experimentos 1 e 2

N2 Controle 14 20 126/84

N2 AL-1 15 20 0, 5003 126/115

a valor p calculado por Log-rank (Mantel-Cox) Test em relação ao controle

b n representa o número total de animais que morrem por envelhecimento normal contra

aqueles no total dos experimentos

55

A Catalase

B

C

GRÁFICO 4 - Dosagem dos marcadores bioquímicos e enzimáticos no C. elegans tratado

com açaí. Os animais tipo selvagem foram tratados por 48 horas com 100 mg/mL de AL-1

ou com solução controle. Os gráficos acima representam a média de dois experimentos

para catalase (A) e média de três experimentos para grupos sulfidrilas totais (B) e proteína

carbonilada (C).

Grupos Sulfidrilas Totais

Proteínas Carbonilada

56

TABELA 3 - Efeito do tratamento com AL-1 sobre a atividade de catalase e os níveis

dos grupos sulfidrilas totais e proteína carbonilada

Marcador Controle 100 mg/ml

AL-1

Níveis relativos em

relação ao controle

Catalase (U/mg de Proteína)

Experimento 1 36,88 51,51 1,40

Experimento 2 7,02 7,61 1,08

Grupos SH (μmol/mg de Proteína)a

Experimento 1 330189,13 243072,48 -1,36

Experimento 2 151612,99 112088,62 -1,35

Experimento 3 138109,99 91278,13 -1,51

Proteína Carbonilada

Experimento 1 25,72 19,22 -1,34

Experimento 2 24,76 15,34 -1,61

Experimento 3 14,15 7,05 -2,01

a Sulfidrilas Totais

57

4.6 ANÁLISE DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO DE SKN-

1/P38MAPK NO AUMENTO DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE

OXIDATIVO PROMOVIDO PELO AL-1

As vias de sinalização celulares para genes que afetam a resistência ao estresse

oxidativo são conservadas entre C. elegans e humanos. O aumento da resistência ao

estresse oxidativo no C. elegans promovido pelo tratamento com 100 mg/mL de AL-1

oferece uma oportunidade de usar o poderoso sistema genético do C. elegans para testar o

mecanismo de ação do açaí.

4.6.1 Análise da Resistência ao Estresse Oxidativo nos Animais skn-1(RNAi)

Assim, o próximo passo foi verificar se o aumento da resistência ao estresse

oxidativo promovido pelo tratamento com AL-1 depende da ativação do fator de

transcrição SKN-1. Para tal, os ensaios de resistência ao estresse oxidativo foram repetidos

usando mutantes com expressão reduzida para SKN-1 (knockdown) obtidos através do

silenciamento gênico (RNAi). Após 48 horas de tratamento com AL-1 os animais foram

transferidos para solução com 5 e 7,5 mM de t-BOOH e a sobrevivência foi analisada em

horários pré estabelecidos. Os animais controle(RNAi) tratados com AL-1 não

apresentaram um aumento da resistência ao estresse oxidativo estatisticamente

significativo em relação aos animais controle(RNAi) não tratados (Gráfico 6). Portanto não

foi possível concluir neste caso se SKN-1 está envolvido no aumento da resistência ao

estresse oxidativo promovido pelo tratamento com AL-1.

58

A

B

GRÁFICO 5 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de animais

skn-1(RNAi) em condições de estresse oxidativo. A sobrevivência dos animais em (A)

5mM e (B) 7,5mM de t-BOOH foram verificadas em tempos determinados. O gráfico

acima representa a média de três experimentos. A barra de erro representa o SEM.

59

4.6.2 Análise da Resistência ao Estresse Oxidativo em mutantes sek-1

Em condições de estresse oxidativo, a ativação e localização nuclear de SKN-1

dependem da via p38 MAPK (INOUE et al., 2005). SEK-1, a MAPK quinase que fosforila

PMK-1, o ortólogo da p38 de mamíferos, é necessário para que SKN-1 acumule-se no

núcleo das células intestinais. Para verificar se o aumento da resistência ao estresse

oxidativo promovido pelo tratamento com AL-1 também depende da via p38 MAPK, os

ensaios foram repetidos usando mutantes de deleção sek-1(km4).

Observa-se no Gráfico 6 que mutantes sek-1 tratados com AL-1 não apresentam

uma maior resistência ao t-BOOH como os animais tipo selvagem. Ou seja, na ausência de

SEK-1 os animais perderam o aumento da resistência ao estresse oxidativo promovida pelo

tratamento com açaí. Estes resultados apresentados acima sugerem que a via de sinalização

p38 MAPK está envolvida no aumento da resistência ao estresse oxidativo promovido por

AL-1.

4.8 ANÁLISE DO ENVOLVIMENTO DA VIA DE SINALIZAÇÃO DE DAF-

16/FOXO NO AUMENTO DA RESISTÊNCIA AO ESTRESSE OXIDATIVO

PROMOVIDO PELO AL-1

4.7.1 Análise da resistência ao estresse oxidativo em mutantes daf-16

Para verificar se o aumento da resistência ao estresse oxidativo promovido pelo

tratamento com AL-1 também depende da ativação do fator de transcrição DAF-16 os

ensaios de resistência ao estresse oxidativo foram repetidos usando mutantes de deleção

daf-16(mgDf47). Após 48 horas de tratamento com 100 mg/mL de AL-1 os animais foram

transferidos para solução com 5 e 7,5mM de t-BOOH e a sobrevivência foi analisada após

6, 9, 12 e 15 horas.

O resultado apresentado no Gráfico 7 mostra que os mutantes daf-16 tratados com

AL-1 não apresentaram um aumento da resistência ao estresse oxidativo como os animais

tratados tipo selvagens tiveram. Este resultado sugere que o aumento da resistência ao

estresse oxidativo promovido por AL-1 também depende de DAF-16.

60

A

B

GRÁFICO 6 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de

mutantes sek-1 em condições de estresse oxidativo. A sobrevivência dos animais em (A)

5mM e (B) 7,5mM de t-BOOH foram verificadas em tempos determinados. O gráfico

acima representa a média de três experimentos. A barra de erro representa o SEM. O

símbolo * indica resultado significante p ≤ 0,05 através do teste t de Student´s.

61

A

B

GRÁFICO 7 - Efeito do tratamento com 100 mg/ml de AL-1 na sobrevivência de

mutantes daf-16 em condições de estresse oxidativo. A sobrevivência dos animais em (A)

5mM e (B) 7,5mM de t-BOOH foram verificadas em tempos determinados. O gráfico

acima representa a média de três experimentos. A barra de erro representa o SEM. O

símbolo * indica resultado significante p ≤ 0,05 através do teste t de Student´s.

62

4.7.2 Análise da Localização DAF-16:: GFP

O envolvimento de DAF-16 no aumento da resistência ao estresse oxidativo

promovido por AL-1 também foi avaliado através da ativação da sua localização nuclear.

A localização subcelular de DAF-16 foi realizada utilizando linhagem transgênica

contendo uma fusão traducional do gene DAF-16::GFP (HENDERSON; JOHNSON,

2001). Em condições normais, DAF-16::GFP se encontra no citoplasma de quase todas as

células do corpo do C. elegans. Em resposta aos vários agente estressores, DAF-16::GFP

acumula-se no núcleo destas células (LANDIS;MURPHY,2010.

O tratamento dos animais transgênicos com AL-1 por 48 horas não foi capaz de

induzir a localização nuclear de DAF-16::GFP (Figura 4).

Os resultados relacionados à sobrevivência de mutantes em condições de estresse

acima sugerem que AL-1 aumenta a resistência ao estresse oxidativo de uma maneira

SKN/p38 MAPK e DAF-16 dependente. No entanto as análises de genes repórteres

realizadas não evidenciaram essa localização.

63

FIGURA 4 - Localização subcelular de DAF-16::GFP em animais tipo selvagem

tratados com AL-1. GFP, proteína fluorescente verde; DIC, contraste de interferência

diferencial.

64

CAPÍTULO 5

DISCUSSÃO DOS

RESULTADOS

65

5.1 PROPRIEDADES ANTIOXIDANTES DO EXTRATO DE AÇAÍ

A flora brasileira é rica em espécies com princípios ativos de importância

terapêutica, com potencial não apenas para a utilização na medicina natural como

também na agricultura natural no controle integrado de pragas e doenças de plantas

cultivadas. Muitas espécies de plantas medicinais contêm fenóis, quinonas, saponinas,

flavanóides e terpenóides em quantidades apreciáveis de repelir insetos, também exercer

atividades antioxidantes, antiinflamatórias, antifungicidas e etc (SILVA & VIZZOTO,

1996). Desta forma, a flora brasileira é alvo de grande interesse pelas indústrias

farmacêuticas, na tentativa de descoberta de novos medicamentos para o arsenal

terapêutico ou agropecuário. Mas para identificar um composto natural com

propriedades biológicas de interesse é necessário investigar as suas propriedades tanto

in vitro assim como avaliar as suas funções em sistemas biológicos in vivo.

O estresse oxidativo contribui para a etiologia de várias doenças degenerativas

como isquemia e processos de envelhecimento, então foi sugerido que compostos que

eliminem os EROS, seja por ação direta ou indireta, podem prevenir ou ao menos

retardar estes processos. A identificação de uma classe de compostos químicos que

retardam o envelhecimento em muitas espécies é altamente desejável tanto como

instrumento para futuras pesquisas, mas também como potencial terapêutico para

retardar as doenças relacionadas à idade.

O açaí (Euterpe olerace Mart.) é uma fruta original da Amazônia rica em

antioxidantes polifenólicos, flavanóides e antocianinas principalmente cianidina 3-

glicosídio e cianidina 3-rutinosídio (DEL POZO-INSFRAN et al., 2004; SCHAUSS et

al., 2006). Vários trabalhos têm demonstrado que açaí tem efeitos antioxidantes tanto in

vitro (SPADA et al., 2008,) quanto in vivo (JENSEN et al., 2008; SPADA et al., 2009,

de MOURA et al., 2011) e que esta capacidade antioxidante está associada as suas

frações de antocianinas e dos compostos fenólicos totais (SANTOS et al., 2008). Apesar

dos vários estudos in vivo, apenas um deles demonstrou suas propriedades antioxidantes

e pró-longevidade de maneira sistêmica usando a Drosophila melanogaster. Nesse

contexto, o principal objetivo deste trabalho foi estabelecer o C. elegans como modelo

para avaliar os efeitos antioxidantes globais do extrato de açaí no C. elegans.

66

5.1.1 Quantificação de Antocianinas nos Extratos de Açaí

Devido à crescente comercialização e ao consumo do extrato de açaí, e à sua

constante indicação como fonte de antioxidantes, o primeiro objetivo deste trabalho foi

o de quantificar as antocianinas presentes no extrato de açaí de origem industrial por

processo de liofilização.

Neste trabalho, o método de pH diferencial foi utilizado para quantificar as

antocianinas em dois extratos liofilizados da Liotécnica Alimentos, AL-1 codigo

120.044.32 e AL-2 codigo 120.044.022. Como demonstrado na Tabela 1, a

concentração de antocianinas monoméricas foram próximos para AL-1 medida com um

ano de diferença de 15,8 mg/100 g em 05/03/2010 e 14,6 mg/100 g em 10/04/2011,

indicando que as antocianinas neste processamento são estáveis. Apenas a quantidade

de antocianinas monoméricas da amostra AL-2 foi superior (34,7 mg/100 mg) em

relação a AL-1. Os resultados obtidos neste presente trabalho estão de acordo com

dados já publicados na literatura. Teixeira; Estringheta; Oliveira (2008) e Kuskoski et

al., (2006) encontraram respectivamente 19,62mg/100g e 22,8mg/100g de antocianinas

de várias polpas congeladas. Por outro lado, valores bem mais elevados de 92,8 mg/100

g foi observado por Albarici et al.(2007).

Já foi documentada que existe uma grande variação nas concentrações de

antocianinas em diferentes extratos de açaí sendo encontrado valores desde 13,75 a

228,77 mg/100 g (COHEN et al., 2006). A justificativa em parte para esta grande

variação se deve ao fato das antocianinas serem pigmentos muito instáveis que podem

ser degradados durante o processamento e a estocagem. Outros fatores também podem

influenciar na composição dos frutos e de sua polpa, como época da safra, tipo de solo,

influência das marés, qualidade da água de inundação dos solos, localização espacial.

Em síntese, acredita-se que os fatores acima mencionados podem exercer influências

sobre a composição dos frutos e da polpa e, portanto sobre a qualidade do produto final

comercializado. Tais fatores devem ser responsáveis pela distinção de populações de

diferentes procedências, mas não se sabe a real contribuição de cada um (FARIAS

NETO et al., 2005). Apesar disto, nossos resultados indicam que a antocianina presente

no extrato de açaí liofilizado AL-1 é relativamente estável. Dessa forma seria

67

interessante não só dosar antocianinas encontradas com a capacidade antioxidante in

vitro utilizando ensaio de DPPH e TROLOX.

5.1.2 Ensaios Biológicos

O C. elegans é um organismo modelo já bem estabelecido para estudos de

longevidade assim como para a avaliação dos efeitos biológicos tanto de antioxidantes

fitoquímicos (PIETSCH et al, 2009; MENSACK et al., 2010; MATORELL et al., 2011)

quanto sintéticos (HOSEGAWA et al., 2010).

Como até o momento, nenhum estudo utilizando açaí foi realizado no C. elegans,

a primeira etapa do trabalho foi estabelecer as condições ideais para o tratamento do C.

elegans com este extrato. Inicialmente foram testadas a adição de 100 mg/ml e 200

mg/ml de AL-1 ao meio de cultura E. coli que serve como alimento para o nematodo.

Foi observado que o desenvolvimento dos animais tratados com 100 mg/ml de AL-1 de

L1 até L4 ocorreu normalmente. Por outro lado, o tratamento com 200 mg/ml foi tóxico

pois os animais não se desenvolveram e ficaram estacionados no estágio L1. Portanto,

todos os experimentos de resistência ao estresse e longevidade realizados para avaliar

capacidade antioxidante do AL no C. elegans foram feitos usando apenas a

concentração de 100mg/ml de extrato.

Spada et al. (2008) observaram que o tratamento com 5, 10 e 15% de polpa de

açaí em Saccharomyces cerevisiae tem um efeito mutagênico devido ao aumento de

linhagens mutantes revertentes tratadas em relação ao controle. Apesar disto, os autores

sugerem que o risco de efeitos mutagênicos nos seres humanos é baixo, uma vez que as

concentrações testadas são muito mais altas do que as usadas no consumo humano

(SPADA et al., 2008). Apoiando este argumento, Ribeiro et al. (2010), utilizando a

contagem de células micronucleadas e ensaio do DNA cometa, não observaram

respectivamente nenhum efeito citotóxico ou genotóxico em camundongos tratados com

3,33, 10 ou 16,67 g/Kg peso corporal, doses estas que se aproximam ao consumo de

açaí pelo homem.

Para criar as condições de estressse oxidativo, foi utilizado o tert-butil

hidroperóxido, um análogo do peróxido de hidrogênio mais estável em meio liquido que

ataca proteínas e lipídeos e remove GSH (MATHEWS et al., 1994). Normalmente o

68

tratamento do C. elegans com 5 e 7,5 mM de t-BOOH causa uma redução da

sobrevivência dos animais tipo selvagem para cerca de 42% e 21% após 6 a 9 horas

respectivamente (Gráfico 1 e 2). Foi observado que o tratamento por 48h com 100

mg/ml dos extratos de açaí liofilizado (AL) aumentou a sobrevivência do C. elegans em

t-BOOH. O tratamento do C. elegan com 100 mg/ml do AL aumentou para quase 75%

(p<0,05) a fração de sobreviventes após 9 horas em 5 mM t-BOOH (Gráfico 1A) mas

não em 7,5 mM (Gráfico 1B).

Uma variedade de ensaios in vitro já mostrou que a polpa de açaí tem uma alta

capacidade antioxidante, especialmente contra radicais superóxido e peroxil

(SCHAUSS et al., 2006). Dentre os ensaios in vitro utilizando culturas de células,

Jensen et al (2008) observaram que células polimornucleares incubadas com H2O2 e

tratadas com bebida MonaVie, cujo principal componente é o açaí, tem uma menor

produção de ERO. Dentre os estudos in vivo, já foram demonstrados que a

suplementação da polpa de açaí na dieta melhora o perfil lipídico e os marcadores de

estresse oxidativo de ratos hipercolesterolêmicos (SOUZA et al., 2009), aumenta a

longevidade de Drosophila tratado com dieta hiperlipídica (SUN et al, 2010), modula a

produção de ERO em neutrófilos e aumenta a produção de GSH no fígado de ratos

(GUERRA et al., 2011). Além disso, ensaios clínicos em indivíduos saudáveis

mostraram que o consumo de açaí resulta em um aumento significativo da capacidade

antioxidante do plasma (JENSEN et al., 2008). Apesar de todos estes dados, o resultado

apresentado nesta dissertação é o primeiro que mostra de uma maneira sistêmica que o

tratamento com açaí aumenta a sobrevivência de um animal em condições de estresse

oxidativo.

Este efeito antioxidante do tratamento de compostos ricos em polifenóis no C.

elegans também já foi descrito por Pun et al. (2009). Neste trabalho, estes

pesquisadores observaram que o tratamento com extratos da casca do pinheiro, que é

rico em polifenóis e procianidinas, aumenta a resistência do C. elegans ao paraquat,

herbicida que gera radicais superóxido. Os autores mostraram que estes extratos

possuem atividade antioxidante através do ensaio TEAC (Trolox Equivalent.

Antioxidant Capacity) e sugerem que o aumento da resistência se deve a capacidade do

extrato de pinheiro de remover o OH-.

69

Por outro lado, Wilson et al. (2006) não observaram nenhuma melhora na

sobrevivência do C. elegans tratado com extrato de mirtilo quando subemetidos a H2O2

e paraquat, apesar deste extrato conter uma mistura de vários polifenóis tais como

antocianinas, proantocianidinas e ácidos clorogênicos. Neste mesmo trabalho, eles

observaram que o extrato de mirtilo aumenta a resistência ao estresse térmico e

longevidade do C. elegans e que a fração das procianidinas é a responsável por estes

efeitos benéficos (WILSON et al., 2006).

Os estudos listados acima sobre açaí nos levam a pensar que o efeito antioxidante

do açaí se deve aos seus compostos polifenólicos, especialmente as antocianidinas 3-

glicosídeo e 3-rudinosídeo. Entretanto, isto não parece ser exclusivo para os polifenóis

uma vez que Wilson et al. (2006) não observou o mesmo efeito com extrato de mirtilo.

Neste cenário é possível supor que deva existir uma ação sinérgica para proporcionar os

efeitos benéficos e/ou para minimizar os efeitos tóxicos ou adversos de constituintes

individuais dos extratos de frutas e vegetais (YU et al., 2010). Uma possível resposta a

essa questão seria a utilizaçao do corantes H2DCF-DA (utilizado para quantificar EROs

na célula).

O efeito benéfico do tratamento com 100 mg/ml e tóxico com 200 mg/ml de

AL-1 é uma questão bastante interessante que sugere que este possui um efeito do tipo

hormético. Hormese ou efeito hormético é o termo utilizado quando uma determinada

condição tem efeitos opostos em doses altas e em doses baixas. Já tem sido bastante

documentado o efeito hormético de plantas medicinais e de fitoquímicos específicos

(RATTNAM, 2006; SON; CAMANDOLA; MATTSON, 2008).

Tem sido sugerido que o mecanismo geral de ação dos fitoquímicos seja através da

ativação de vias de resposta celular adaptativa ao estresse. De uma perspectiva

evolutiva, as propriedades nocivas de fitoquímicos desempenham um papel importante

na dissuasão de insetos e outras pragas fitófagas. No entanto, quando ingerido em doses

sub-tóxicas, os fitoquímicos induzem uma resposta celular moderada ao estresse. As

vias “horméticas” ativadas por fitoquímicos incluem diferentes quinases e fatores de

transcrição que induzem a expressão de genes que codificam enzimas antioxidantes,

proteínas chaperonas, fatores neurotróficos e outras proteínas citoprotetoras. Exemplos

específicos de tais vias incluem as vias de sinalização de NF-B, Nrf-2/ARE, FOXO,

sirtuinas e outras (RATTNAM, 2006; SON; CAMANDOLA; MATTSON, 2008).

70

Quando ingeridos polifenóis também podem modular uma variedade de enzimas de

respostas a xenobióticas tais com a citocromo P450 (McPHERSON; TINGLE;

FERGUSON, 2001). É muito comum a geração de compostos mais tóxicos pela P450

(VERMEULEN, 1996). A produção de tais compostos secundários mais tóxicos

poderia explicar estes efeitos deletérios do tratamento com maiores concentrações do

extrato de açaí.

Tem sido postulado que compostos que possuem propriedades antioxidantes em

sistemas biológicos podem conferir proteção a diferentes condições de estresse. Assim,

além da resistência ao estresse oxidativo também foi avaliado se o AL-1 aumenta a

resistência ao estresse térmico. O C. elegans se desenvolve normalmente em

temperaturas de 16oC a 25

oC sendo que a sobrevivência da população começa a

declinar rapidamente acima de 25oC. Ensaios de termotolerância em C. elegans são

realizados com bastante frequência para avaliar o efeito de compostos e extratos de

plantas (WILSON et al., 2006; BENEDETTI et al., 2008 KAMPKÖTTER et al., 2007;

KAMPKÖTTER et al., 2008; RATTNAM, 2006; SON; CAMANDOLA; MATTSON,

2008; PIETCSH et al., 2009). No presente estudo, o tratamento com 100 mg/ml de AL-

1 não aumentou a sobrevivência do C. elegans a 35oC. Nenhum trabalho publicado até o

momento avaliou o efeito do açaí na resistência ao choque térmico a fim de

comparação.

Estes resultados sugerem que o potencial antioxidante do açaí é mais eficiente

para proteção contra danos gerados por estresse oxidativo do que térmico. Enquanto que

o ERO gerado no estresse oxidativo é capaz de destruir macromoléculas, a resposta

celular ao estresse térmico causa primariamente a desnaturação e agregação protéica.

Muitos efeitos fenotípicos e morfológicos deste estresse podem ser explicados pela

agregação de proteínas e desequilíbrio da homeostase protéica (HASLBECK et al.,

2004). Assim, é possível propor que os efeitos do açaí sejam específicos para aliviar a

injúria do estresse oxidativo e não do térmico uma vez que os polifenóis são capazes de

neutralizar cátions diretamente. Mas ao contrário do nosso resultado, Wilson et al.

(2006) observaram que a fração de proantocianidina do extrato de mirtilo aumenta a

resistência ao estresse térmico, mas não oxidativo, do C. elegans.

Os efeitos benéficos de compostos polifenólicos de frutas e vegetais são

principalmente extrapolados a partir de estudos in vitro ou in vivo de suplementação

71

dietética de curta duração. Devido ao custo e duração, relativamente pouco se conhece

se os polifenóis dietéticos são benéficos de uma forma sistêmica para os seres vivos,

particularmente em respeito à longevidade.

Neste sentido, o C. elegans é um excelente modelo para ensaios de longevidade,

pois além da alta homologia com genoma de mamíferos, experimentos de longevidade

podem ser realizados em algumas semanas a baixo custo. Neste trabalho, o C. elegans

foi tratado com 100 mg/ml de AL-1 por todo seu tempo de vida a partir do estágio L1.

Mas não foi observado um aumento da longevidade, nem no tempo de vida médio e

máximo do C. elegans tratado com AL-1 em relação ao controle (Gráfico 3).

Até o presente, apenas um artigo na literatura investigou o efeito do açaí na

longevidade que foi realizado na Drosophila melanogaster. Assim como observado

nesta dissertação, a suplementação de 2% do extrato de açaí na dieta padrão da

Drosophila não promoveu um aumento da longevidade delas (SUN et al., 2010).

Entretanto, moscas fêmeas alimentadas com uma dieta hiperlipídicas e com 2% do

extrato de açaí tiverem um aumento do seu tempo de vida médio (SUN et al., 2010).

Esta ausência de efeito pró-longevidade com a suplementação do açaí na dieta

padrão se parece com a do resveratrol, um composto polifenólico abundante na uva. Já

foi documentado que a suplementação com o resveratrol não aumentou a longevidade

da Drosophila, do C. elegans (BASS et al., 2007) e nem do camundongo (BAUR et al.,

2006) submetidos a dietas padrão. Entretanto, o resveratrol prolonga a longevidade de

camundongos alimentados com dieta hiperlipídica (BAUR et al., 2006). Apesar de não

aumentar a longevidade dos camundongos com dieta padrão, o resveratrol parece

melhorar a saúde de maneira geral, pois foi observado um efeito benéfico nas funções

cognitivas destes camundongos (PERSON et al., 2008).

Por outro lado, vários trabalhos têm descrito que extratos de plantas ricos em

polifenóis, tais como mirtilo (WILSON et al., 2006), casca de pinheiro (PUN et al.,

2009) e maçã (SUNAGAWA et al., 2010) são capazes de aumentar a longevidade do C.

elegans. Extrato de mirtilo aumentou o tempo de vida médio do C. elegans em 28%.

Este tratamento também retardou o declínio de várias funções relacionadas ao

envelhecimento tais como batimento faríngeo e acúmulo de lipofuscina (WILSON et

al., 2006). Os efeitos pró-longevidade assim como o aumento da termotolerância foram

atribuídos a fração de procianidinas do extrato de mirtilo (WILSON et al., 2006). A

72

casca de pinheiro, além de aumentar a resistência ao estresse oxidativo, aumentou o

tempo de vida médio e máximo do C. elegans (PUN et al., 2009). Sunagawa et al.

(2010) observaram que os polifenóis e as procianidinas da maçã são capazes de

aumentar o tempo de vida médio em 12,0 e 12,1% respectivamente. Entretanto o

tratamento do C. elegans com a (-)-epicatequina, uma das principais procianidina da

maçã, não teve nenhum efeito na longevidade dos animais (SUNAGAWA et al., 2010).

Esta variabilidade dos efeitos dos extratos de plantas ricos em polifenóis na

modulação da longevidade do C. elegans chama a atenção por dois pontos. O primeiro é

de que a atribuição de atividade antioxidante in vitro a estes extratos não

necessariamente irá ter efeitos biológicos in vivo. Na verdade muitos antioxidantes in

vitro mostram pouca ou nenhuma capacidade antioxidante in vivo (GRUBER et al.,

2009; PUN et al., 2009). O segundo ponto é de que a presença de outros componentes

nos extratos de plantas deve exercer uma influência nos efeitos benéficos sobre as

diferentes funções biológicas (YU et al., 2010).

5.1.3 Dosagens Bioquímicas

Baixos e constantes níveis de EROS são indispensáveis em muitos processos

bioquímicos, incluindo apoptose celular (GHOSH & MYERS, 1998). Em contraste,

altas concentrações ou inadequada remoção de EROS resultam em um quadro de

estresse oxidativo, o qual pode gerar danos a macromoléculas biológicas e severos

distúrbios metabólicos. Para que se predomine o equilíbrio homeostático e as funções

biológicas sejam preservadas, é indispensável que organismo controle a presença de

ambos, oxidantes e antioxidantes, continuamente. Os sistemas biológicos

desenvolveram a capacidade de promover resposta adaptativa que podem compensar o

estresse oxidativo, como por exemplo, um sistema antioxidante altamente complexo,

que envolve uma variedade de componentes endógenos e exógenos com a função de

neutralizar espécies reativas de oxigênio (SIES,1993).

Pelo fato do AL ter propiciado um significante efeito antioxidante in vivo no C.

elegans, foi avaliado também seu efeito sobre a atividade de sulfidrilas totais, catalase e

de proteína carbonilada .

73

A enzima catalase participa do sistema endógeno de defesa antioxidante, sendo

responsável, em conjunto com a enzima superóxido dismutase, pela neutralização de

radicais superóxido, nocivos ao organismo, transformando-os em água e oxigênio

molecular (SCHAUSS, 2006). A análise da atividade da catalase in vivo no C. elegans

mostrou que o tratamento com AL-1 não causou nenhuma alteração em relação aos

animais não tratados. Estes resultados foram semelhantes aos resultados observados in

vivo por Guerra et al. (2011) e de Souza et al (2010). Nestes trabalhos, a suplementação

de 2% de açaí na dieta normal de ratos não alterou significativamente os níveis de

atividade da catalase. Spada et al. (2009) também não observaram nenhuma diferença

estatística na atividade da catalase nos tecidos do cortex cerebral, hipocamo e cerebelo

de ratos tratados ex vivo com açaí.

Além da análise das atividades da catalase como um marcador antioxidante, foram

também analisados os níveis de sulfidrilas totais e proteína carbonilada como

marcadores de estresse oxidativo no C. elegans. Os radicais sulfidrilas representam

todos os grupos tióis encontrados na glutationa, em proteínas e em compostos de baixo

peso molecular. Os tióis podem ser oxidados quando o estresse oxidativo está elevado,

tendo assim seus níveis diminuídos (WISDOM et al .,1991). Já os grupos carbonílicos

representam o dano oxidativo às proteínas, podendo constituir análise do estado

oxidativo do organismo. O tratamento com 100 mg/ml de AL-1 não proporcionou

alterações significantes para ambos os parâmetros. Spada et al. (2009) também relatou

que o tratamento ex vivo com 40% de açaí nos homogenatos do tecido nervoso não

alterou os níveis de proteína carbonilada. Por outro lado, Guerra et al. (2011) e de Souza

et al. (2010) observaram uma redução significativa de proteína carbonilada e aumento

de grupos SH totais ou GSH no fígado de ratos suplementados com 2% de açaí na dieta

normal.

A capacidade de extratos de plantas em alterar marcadores de estresse oxidativo é

bastante variável na literatura. Por exemplo, Pun et al. (2009) observaram que diferentes

extratos de plantas com comprovada capacidade antioxidante in vitro foram capazes

tanto de aumentar quanto diminuir os níveis de proteína carbanilada no C. elegans.

Em nossa opinião, a justificativa para não ter sido observada quaisquer variações

nestas dosagens é porque o açaí não altera a homestose do animal crescendo em

condições normais, porém este mesmo tratamento é capaz de aumentar a defesa

74

oxidante do animal perante a um desafio tal como com t-BOOH. Uma proposta

interessante para confirmar esta hipótese seria tratar previamente o C. elegans com açaí

e então submetê-los a uma condição de estresse para então realizar as dosagens

bioquímicas. Se o tratamento com açaí tiver algum efeito nos marcadores bioquímicos,

poderia ser esperado um aumento dos níveis de sulfidrilas totais e reduzisse os níveis de

proteína carbonilada em comparação aos animais somente submetidos ao estresse

oxidativo.

Dentro desta linha de raciocínio, vários trabalhos já demostraram que a

suplementação de açaí associada a uma condição de estresse é capaz de melhorar vários

marcadores bioquímicos. Spada et al. (2009) observaram que no homogenato do córtex

cerebral, hipocampo e cerebelo de ratos tratados com H2O2 a atividade de SOD, CAT e

os níveis de proteína carbonilada estão aumentados e quando são tratados previamente

com a polpa do açaí os valores encontrados retornam para níveis semelhantes ao do

grupo controle. De Moura et al. (2011) mostraram que a quantidade de GSH no pulmão

de camundongos com efisema pulmonar é reduzida em relação ao controle e que a

ingestão de fumaça de cigarro associada com açaí retorna os níveis de GSH semelhante

ao grupo controle. De Souza et al. (2010) relata que a suplementação de 2% de açaí na

dieta hipercolesterolêmica reduz os níveis de proteína carbonilada e aumenta os níveis

de sulfidrilas totais no fígado de ratos quando comparados com aqueles submetidos a

dieta hipercolesterolêmica. Guerra et al. (2011) também observaram uma redução dos

níveis de proteina carbonilada no fígado de ratos diabéticos tratados com 2% de açaí em

relação ao grupo de ratos diabéticos. Finalmente, Sun et al. (2010) mostraram que

moscas crescidas em dietas hiperlipídicas e suplementadas com açaí tem um tempo de

vida médio maior que as moscas alimentadas somente com a dieta hiperlipídica.

75

5.2 POSSÍVEL MECANISMO DE AÇÃO DO EXTRATO DE AÇAÍ

As propriedades biológicas de extratos de plantas e flavonóides têm sido

intensamente investigadas in vitro e em sistemas ex vivo e in vivo de mamíferos. Estes

compostos e extratos podem agir como anti- ou pró-oxidantes influenciando o sistema

redox celular e/ou modulando vias de sinalização (WILLIAMS et al. 2004). Por esta

razão, os mecanismos de sua ação biológica ainda são objetos de intensa investigação.

Neste sentido, o C. elegans é um excelente modelo não só para determinar o potencial

protetor dos flavonóides e extratos vegetais, bem como para investigar os mecanismos

moleculares da sua ação (WU et al., 2002;. SMITH; LUO, 2003, 2004, GUTIERREZ-

ZEPEDA et al., 2005, BROWN; EVANS; LUO, 2006, WILSON et al., 2006;

KAMPKÖTTER et al., 2007).

No presente estudo, foi mostrado que o tratamento de C. elegans com AL

aumentou a sua sobrevivência em estresse oxidativo, porém sem aumentar a resistência

em condições de estresse térmico e em condições normais. Considerando que os

antioxidantes podem atuar diretamente devido a sua capacidade de captar radicais das

substâncias ou indiretamente através da modulação de diferentes vias de sinalização

levando a um aumento da resistência ao estresse oxidativo, este trabalho se propôs

também a tentar elucidar o possível mecanismo de ação da atividade protetora do AL.

Em C. elegans dois fatores de transcrição, DAF-16 e SKN-1, promovem a expressão de

enzimas antioxidantes ou de detoxificação.

5.2.1 A Via de Sinalização SKN-1/p38 MAPK

No C. elegans, a conservada via de sinalização SKN-1/p38 MAPK é responsável

pela ativação de genes de Fase II de detoxificação durante estresse oxidativo e na

regulação da longevidade em condições normais, de restrição calórica e de sinalização

reduzida da insulina (TULLET et al., 2009).

Para investigar se o aumento da resistência ao estresse observado no C. elegans

tratado com AL foi dependente da via de SKN-1/p38 MAPK, os ensaios de resistência

ao estresse oxidativo foram repetidos usando os mutantes skn-1(RNAi) e sek-1(km4)

(Gráficos 5 e 6). Os resultados obtidos com os mutantes skn-1(RNAi) foram

76

inconclusivos. Apesar deste experimento ter sido realizados várias vezes, em nenhuma

delas o tratamento com açaí aumentou a sobrevivência em condições de estresse do

grupo controle (Gráfico 5). Uma possível razão de não se observar o efeito protetor do

açaí neste experimento pode ser devido ao procedimento de RNAi. Nos experimentos

de RNAi, foi utilizada a linhagem de E. coli HT115 enquanto que nos outros

experimentos os C. elegans foram crescidos na linhagem OP50. Já foi descrito que a

linhagem HT115 é menos patogênica para o C. elegans (PARTRIDGE & GEMS, 2007;

SHUHEISO et al., 2011). O crescimento do C. elegnas em uma bactéria menos

patogênica pode estabelecer um novo estado de homeostase no animal e assim, o

aumento da resistência ao estresse observado nos animais mantidos em OP50 não é

mais observado nos animais mantidos em HT115. Para elucidar esta questão é

importante repetir estes experimentos com o mutante de delação skn-1(zu67) que são

mantidos em OP50 para comparar os resultados.

Os resultados de resistência ao estresse oxidativo obtidos com os mutantes sek-

1(km4) mostraram que os mutantes tratados não tiveram a sobrevivência aumentada

(Gráfico 6). Este resultado sugere que o aumento da resistência ao estresse oxidativo

promovido por AL depende da ativação da via p38 MAPK. Estes dados são ainda muito

preliminares, pois ainda falta realizar outros experimentos para corroborar este dado.

Entre os experimentos que pretendemos realizar está a análise da resistência ao estresse

oxidativo com o mutante skn-1, análise da localização nuclear da linhagem transgênica

SKN-1B/C::GFP, e a análise da ativação da expressão de genes regulados por SKN-1

tais como gcs-1 e gst-4.

5.2.2 A Via de Sinalização de DAF-16

O fator de transcrição DAF-16/FoxO ativa a expressão de genes que aumentam a

longevidade e a resistência ao estresse (MURPHY et al., 2003).

Para investigar se o aumento da resistência ao estresse observado no C. elegans

tratado com AL ativa a via de DAF-16/FoxO, os ensaios de resistência ao estresse

oxidativo foram repetidos usando o mutante de deleção daf-16(mgDf47). Os resultados

obtidos indicam que o aumento da resistência ao estresse oxidativo promovido pelo com

AL depende de DAF-16 (Gráfico 7).

77

Outra estratégia utilizada para verificar o envolvimento de DAF-16 foi através da

análise da localização nuclear da linhagem transgênica DAF-16::GFP tratada com AL.

Apesar da resistência ao estresse oxidativo parecer depender de DAF-16, não foi

observada a indução de DAF-16::GFP com o tratamento de AL-1. Uma explicação para

os resultados aparentemente contraditórios pode ser devido ao tempo usado para

analisar este transgênico não ter sido o mais adequado, 48 horas desde o estágio L1.

Vários autores analisaram a localização subcelular de DAF-16::GFP apenas após 1 a 24

horas após a indução (PRZYBYSZ et al., 2009; POWOLNY et al., 2011). Já foi

demonstrado que a quercetina é capaz de aumentar a localização nuclear de DAF-

16::GFP após 72 horas com o tratamento de quercetina (KAMPKÖTTER et al., 2007;

KAMPKÖTTER et al., 2008). Além disso, alguns autores têm sugerido que fatores de

transcrição podem ter sua atividade modulada, mas sem necessariamente aumentar a sua

concentração no núcleo (WANG et al., 2010). Outra possível explicação pode ser

devido à dependência de co-fatores necessários a ação de fatores de transcrição. Já foi

demonstrado que a translocação de DAF-16 pode não ser efetiva se cofatores nucleares

estiverem faltando (HENDERSON; BONAFÈ; JOHNSON, 2006).

Da mesma maneira que foi sugerido para investigar o envolvimento de SKN-1 no

tratamento com AL, é importante também avaliar a indução de genes efetores de DAF-

16 para corroborar os resultados. Sun et al. (2010) observaram que o tratamento com

açaí aumentou a expressão do gene l(2)elf, que codifica uma proteína de heat shock e

dois genes de detoxificação gstd1 e mtnA e diminuiu a expressão do gene para piruvato

carboxiquinase pepck da via da gliconeogênese. Wilson et al. (2006) mostraram que o

extrato de mirtilo além de retardar o declínio de várias funções relacionadas ao

envelhecimento também impediu o aumento da expressão de genes para proteínas heat

shock e aumentou a longevidade do C. elegans. O aumento da longevidade induzida

pelo extrato de mirtilo parece depender via de sinalização da proteína quinase

dependente de Ca(+2)-Calmodulina (CaMKII), que é importante para a resistência ao

estresse osmótico (WILSON et al., 2006).

Alimentos funcionais são um dos segmentos que mais crescem dentro da indústria

de alimentos. Este mercado é movido pelo aumento do tempo de vida da população,

aumento do custo de assistência á saúde, avanços tecnológicos na produção de

alimentos e consciência dos benefícios de uma dieta saudável. Apesar do

78

desenvolvimento de drogas e fármacos ser necessário para tratar problemas de saúde

específicos, a intervenção nutricional através de alimentos funcionais pode ser uma

maneira efetiva de melhorar a qualidade de vida. Conseqüentemente, estudos sobre

ingredientes alimentares com propriedades antioxidantes é de grande interesse. Assim, é

importante avaliar estas propriedades em sistemas biológicos in vivo. O C. elegans se

tornou um organismo modelo central na pesquisa de longevidade e estresse oxidativo.

Os motivos que levaram a isto se devem ao fato de ser um organismo multicelular com

o genoma já completamente seqüenciado e possuir vias de metabólicas conservadas

entre mamíferos, o que permite explorar os mecanismos genéticos que controlam a

longevidade e resistência ao estresse. Neste contexto, este trabalho destaca-se por ser o

primeiro a avaliar as propriedades antioxidantes do açaí através da abordagem global

dos seus efeitos em organismo como um todo mostrando que este aumenta a resistência

ao estresse oxidativo e que é possivelmente através de SKN-1 e DAF-16.

79

CAPÍTULO 6

CONCLUSÕES

iii

- O extrato de açaí industrializado liofilizado (AL) apresenta quantidades de

anoticianinas comparável com já publicados

- O crescimento do C. elegans em 200 mg/ml de AL foi tóxico enquanto que o

tratemento com 100 mg/ml permitiu o desenvolvimento normal.

- O tratamento do C. elegans com 100 mg/ml de AL aumenta a resistência ao

estresse oxidativo,

- O tratamento do com 100 mg/ml de AL não aumenta a sobrevivência do C.

elegans nem condições de estresse térmico e nem em condições normais.

- O aumento da resistência ao estresse oxidativo promovido pelo AL foi dependente

das vias de sinalização p38 e DAF-16, uma vez que o tratamento com AL não

aumentou a sobrevivência dos mutantes sek-1 e daf-16 em condições de estresse

oxidativo.

- As análises dos genes repórteres DAF-16::GFP realizadas até o momento não

corroboraram estas observações.

iv

CAPÍTULO 7

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

v

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