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Bahia: Terra da Cultura - 2014

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Publicação da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia Ano 2 - nº2 - 2014

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    eCONOMia da CULtUra

    I nvest indo em sonhos - 52Ca lendr io fe i to de arte - 58A gente quer d inhe iro e fe l ic idade - 64

    CULtUra O aNO iNteirO

    Que Saudade da Bah ia - 70Festa da D ivers idade - 76Memr ia reve lada - 84Te ia V i va da arte - 90ta cabra da peste - 98Outra cena na Terra do So l - 104Mu lheres em foco - 1 12Antes de tudo um forte - 1 14Honra ao mr i to - 1 18I I I Encontro das Cu l turas Negras 124

    bahia revisitada

    Cu l tura em mov imento - 130O segredo preservar - 136Mapa da M ina - 142Nada ser como antes 146Novos caminhos do Pe l - 150Terra de todos ns - 160V i tr ines da Bah ia - 172Novos tempos, novos dias - 180

    CULtUra de Cara NOva

    Cultura vida - 10 Agora de lei: Novos marcos legais protegem a diversidade cultural na Bahia - 18Democracia da Cultura - 26Gente para brilhar - 30As falas do corpo - Beth Rangel | Perfil - 36Tudo novo de novo - 38Vai, Carlos - Carlos Prazeres | Perfil - 44Flego renovado - Jorge Vermelho | Perfil- 49

    sUMriO

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    BAHIA: TERRA DA CULTURA - PUBLICAO DA SECRETARIA DE CULTURA DO ESTADO DA BAHIA | ANO 2 - N2

    2014

    GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA: Jaques Wagner

    SECRETRIO DE CULTURA: Albino Rubim

    CHEFE DE GABINETE: Rmulo Cravo

    DIRETOR GERAL: Thiago Pereira

    SUPERINTENDENTE DE PROMOO CULTURAL: Carlos Paiva

    SUPERINTENDENTE DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL DA CULTURA: Sandro Magalhes

    DIRETORA DO CENTRO DE CULTURAS POPULARES E IDENTITRIAS: Arany Santana

    DIRETORA DA FUNDAO CULTURAL DO ESTADO DA BAHIA:

    Nehle Franke

    DIRETORA DA FUNDAO PEDRO CALMON: Ftima Fres

    DIRETORA DO INSTITUTO DO PATRIMNIO ARTSTICO E CULTURAL DA BAHIA: Elisabete Gndara

    PESQUISA E PRODUO DE TEXTOS

    REDE ASCOM SECULTBA: Adriana Jacob, Bruno Machado e Rodrigo Lago - SecultBA, Windson Souza - CCPI, Paula Berbert FUNCEB, Camilla Frana e Jamile Menezes - FPC, Geraldo Moniz e Silvana Malta - IPAC, Gabriel Cames - TCA, Yara Vasku DIMUS, Ctia Albuquerque e Susana Serravalle (MAM), Eder Santana - Conselho Estadual de Cultura e Cleide Nunes Palacete das Artes e Museu de Arte da Bahia

    PESQUISAS DE FOTOS: Tacila Mendes e Tai Oliver

    EDIO FINAL: Adriana Jacob e Hilcelia Falco

    PROGRAMAO VISUAL E DIAGRAMAO: Tai Oliver

    CAPA: Arte de Tai Oliver

    www.cultura.ba.gov.brwww.facebook.com/secultba www.flickr.com/photos/secultbatwitter.com/SecultBA

    ENTENDA A SECULTBA

    A Secretaria de Cultura do Estado da Bahia atua atravs de duas superin-tendncias, trs unidades vinculadas, um centro de Culturas Populares e Identitrias, e possui ainda como rgo vinculado o Conselho Estadual de Cultura. Conhea melhor cada unidade:

    SUPERINTENDNCIAS:

    Superintendncia de Promoo Cultural (SUPROCULT)Gere os mecanismos financeiros de apoio cultura, tais como o Fazcultura e o Fundo de Cultura do Estado da Bahia (FCBA). Alm disso, a Superintendncia tambm atua na rea de Economia da Cultura.

    Superintendncia de Desenvolvimento Territorial da Cultura (SUDECULT)Responsvel pela poltica de territorializao da cultura, a SUDECULT trabalha em prol do desenvolvimento e fortalecimento da cultura e direito cidadania na capital e no interior do estado.

    UNIDADES:

    FPC Fundao Pedro CalmonResponsvel pela produo e gesto de acervos documentais e bibliogrficos que compem a memria do Estado e da sociedade, tambm atua na promoo e difuso do livro e da leitura, reconhecendo e valorizando a diversidade cultural da Bahia e o pleno exerccio da cidadania.

    FUNCEB Fundao Cultural do Estado da BahiaTem como misso criar e implementar polticas e programas pblicos de artes em articulao com a sociedade, que promovam a formao, a produo e a difuso das Artes Visuais, Audiovisual, Circo, Dana, Msica, Literatura e Teatro.

    IPAC Instituto do Patrimnio Artstico e CulturalAtua na salvaguarda de bens culturais tangveis e intangveis, alm de executar polticas de preservao do patrimnio cultural e promove atividades relacionadas aos museus, gerindo, organizando e difundindo seus acervos.

    CCPI Centro de Culturas Populares e IdentitriasPrezar pelos valores culturais, transcendendo a dimenso simblica, tarefa do CCPI. O Instituto responsvel pela execuo, proteo e promoo de polticas de valorizao e fortalecimento das manifestaes populares e de identidade.

    CEC - Conselho de CulturaDe carter normativo e consultivo, um rgo colegiado da SecultBA que tem por finalidade contribuir com a formulao de polticas de cultura para o Estado.

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    no que depender da cultura, 2014 j um ano histrico. afinal, mais de quatro dcadas se passaram para que se conseguisse romper um dos hia-tos deixados pela ditadura militar e se retomasse a bienal da bahia. para dar voz arte silenciada, artistas do brasil e de diversos pases, ao lado de um pblico de 75 mil pessoas, movimentaram salvador e mais de 20 muni-cpios baianos durante 100 dias. os olhos do mundo viram uma arte e uma programao que fugiu aos formatos convencionais e elegeu como pontos expositivos de galerias a igrejas, de museus a fbricas abandonadas, de atelis a espaos comunitrios em bairros populares.

    a bahia fez histria tambm ao ser o primeiro estado do pas a aprovar, na assembleia legislativa, o plano estadual de Cultura. o documento garante estabilidade s polticas culturais pelos prximos dez anos. um compro-misso que vai muito alm da atual gesto, assim como o plano estadual do livro e leitura e a poltica setorial de museus. a mesma secretaria de Cultura do estado da bahia que planeja o futuro discute o passado para transformar o presente. os 50 anos golpe militar e os 30 anos das diretas pautaram uma semana de debates sobre autoritarismo e democracia no ms de maro, no Frum do pensamento Crtico.

    J o centenrio de nascimento de dorival Caymmi foi comemorado com fes-tas que tiveram incio no Carnaval da Cultura e duraram at o fim do ano. a beleza do abaet e os mistrios de itapu, bairro mais cantado pelo artista, protagonizaram a festa na data de aniversrio do compositor. nos espa-os culturais da secultba, mostra de vdeo, shows e exposies. Claudia Cunha, orquestra sinfnica da bahia, bal teatro Castro alves, orquestra rumpilezz, orquestra da Fundao Cultural do estado da bahia, saulo e luiz Caldas subiram ao palco do teatro Castro alves para homenagear, em diferentes espetculos, o artista que ajudou a escrever, com notas musi-cais, a identidade da bahia e dos baianos. tambm no tCa, a reverncia virou festa familiar em um show repleto de emoo em que danilo, dori e nana cultivaram a memria e o repertrio do pai.

    o pel que homenageou Caymmi no Carnaval abriu seus palcos e praas para aplaudir os 40 anos do il aiy e o aniversrio de tradicionais blocos de matriz africana. Considerado o espao mais seguro da festa de momo, o Centro histrico vestiu-se com as cores e ritmos da diversidade durante a Copa do mundo. seus largos e ladeiras receberam passos de gente dos mais distantes pases, que conheceram de perto a tradio dos festejos ju-ninos e participaram de alguns dos mais de 1100 shows de variados ritmos musicais que animam o pelourinho durante os 12 meses do ano.

    bahia terra da CULtUra

    a beleza do Carnaval reluziu no brilho das mais de cem entidades que desfilaram no ouro negro, na criatividade dos microtrios do Carnaval pipoca e na originalidade do palco do rock e da festa de mas-carados de maragojipe. do recncavo, avanamos at o serto. a iv Caravana Cultural foi conhecer de perto a cultura frtil que brota no terreno seco de 12 municpios do semi-rido. atravs deste e de projetos como o FunCeb itinerante, que visitou todos os 27 territrios de identidade, a secretaria pde elaborar polticas culturais em sintonia com as necessidades de cada lugar.

    lugares que so cada vez mais atendidos pelas po-lticas de financiamento, atravs de mecanismos como o Fundo de Cultura, o Fazcultura e o Calend-rio das artes. gente de todos os cantos da bahia tambm passou a ser vista e alcanou a to sonha-da cidadania atravs de programas como o Cultura viva. em maio de 2014, os pontos de cultura de todo o estado se reuniram em salvador, compon-do uma verdadeira teia que vai da cultura afro ao teatro, do samba de roda literatura de cordel, passando pela zambiapunga e por muitas outras manifestaes culturais.

    manifestaes que ganharam espao durante todos os meses do ano. se o agosto da Capoeira, setem-bro foi o ms da semana do audiovisual baiano Con-

    temporneo e do retorno do quarta que dana. em outubro, a celebrao foi das Culturas dos sertes e, em novembro, o encontro das Culturas negras abriu as portas para o registro especial de dez terrei-ros de candombl de Cachoeira e so Flix. novem-bro tambm foi o ms de homenagear organizaes e personalidades de importante contribuio para a bahia com a Comenda do mrito Cultural, e de aber-tura da temporada vero Cnico, que este ano traz o circo como novidade na alta estao.

    e um ano pouco para celebrar os 30 da escola de dana da Fundao Cultural do estado da bahia. as trs dcadas de empenho na formao e qua-lificao de pessoas inspiram essa que uma das prioridades da secult, na busca de organizar o campo cultural, atravs de sua institucionalizao. inaugurado este ano no Forte de servios Criativos, o escritrio bahia Criativa outro espao voltado para a qualificao profissional. esta nova viso, em que riqueza cultural sinnimo de cidadania e de desenvolvimento econmico, o tema da ma-tria de abertura desta edio. ao longo das pgi-nas, o convite a um passeio pelas aes e projetos que mostram como esse jeito de pensar a cultura vem transformando o cenrio e a vida das pessoas em toda a bahia.

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    nova poltiCa amplia aCesso da populao aos bens e meios de produo Cultural e muda perFil do setor

    Cultura viDa

    Lula Dantas - Hoje, temos autonomia, protagonismo e empoderamento nas polticas pblicas

    Grupo Culturart encena Romeu e Julietalu

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    joequipe...

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    um olhar mais conservador haveria de se es-pantar. mas a gente trabalhou s escuras por 19 anos, porque no ramos vistos. imagine jovens de um municpio do interior da bahia que esperavam o sbado ou o domingo da feira pra sair pra beber. era a nica diverso. antes, as pessoas chamavam as meninas e meninos de maria ou Joo da roa. hoje, so-mos do grupo de teatro. produzimos arte e vi-ramos referncia na cidade. a voz de irenilda galvo emociona porque ela a face real de uma transformao que muitas pessoas co-nhecem atravs de duas palavras que s ve-zes parecem distantes da realidade material: polticas culturais.

    o palco, no caso de irenilda e de tantos outros brasileiros, o caminho que transporta bem mais que a beleza da arte e a profundidade dos textos de shakespeare, cuja a obra o gru-po Cultuart, que irenilda ajudou a criar, cos-tuma adaptar. a riqueza cultural passou a ser sinnimo de cidadania e de desenvolvimento econmico na bahia e no brasil. o palco tam-bm metfora: pode ser uma tela de cine-ma, uma sala de aula, uma praa.

    uma mudana profunda iniciada na gesto do baiano gilberto gil no ministrio da Cultura promoveu uma verdadeira revoluo na vida de milhares de brasileiros. ela se instaurou no campo de maior expresso da riqueza e da originalidade do pas: a cultura. as polticas culturais, desde ento, consideram - como determina a Constituio de 1988 - o conceito amplo de cultura, relacionado a todos os mo-dos de viver, fazer e criar dos grupos formado-res da sociedade brasileira. alm disso, prev a promoo da diversidade cultural brasileira, com especial ateno aos grupos que sofreram e ainda sofrem margi-nalizao e discriminao e a ampliao do acesso da populao aos bens da cultura. Foi introduzido, nesse perodo, o conceito da tridimensionalidade da cultura, que leva em considerao suas dimenses simblica, ci-dad e econmica.

    o secretrio de articulao institucional do minC, bernardo mata machado, explica que uma evolu-o desse conceito foi colocar a dimenso cidad no centro da poltica cultural. penso que a maior contribuio da poltica cultural nos ltimos 12 anos, para o desenvolvimento do pas, deu-se principalmente no campo social, com nfase na ampliao do acesso da populao aos bens e meios de produo da cultura. dois programas criados nesse perodo bastam para confirmar esse fato: no plo da criao, o programa Cultura viva, e na fruio, o vale Cultura (ainda come-ando). indiretamente, ao ampliar o mercado de produo e consumo da cultura, esses dois pro-gramas influem tambm no campo econmico, gerando emprego e renda, afirma machado.

    Foi justamente o Cultura viva que transfor-mou a vida de irenilda e de mais de 500 pessoas em Campo Formoso, municpio com 80 mil habitantes localizado no nor-te da bahia. em 2008, quando completou 18 anos de criao, o grupo Culturart, que ela ajudou a fundar, tornou-se um ponto de cultura. e uma nova histria teve incio. Foi um divisor de guas. antes, nosso trabalho era bem feito, mas era restrito. hoje, temos quatro grupos de teatro, to-dos institucionalizados, formamos jovens multiplicadores. produzimos e estamos utilizando os editais estaduais para pro-duzir mais e dar continuidade ao trabalho.

    Irenilda Galvo frente do Grupo Culturart

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    servimos como inspirao para as pessoas de nossa cidade. o prximo passo termos nossa prpria sede e equipamentos, explica a pedago-ga, diretora e atriz.

    reFernCia mundial - Criados para dar condies de sustentabilida-de a projetos e manifestaes culturais sem fins lucrativos que desenvolvem aes nas comunidades locais, os pon-tos de cultura principal instrumento do Cultura viva tornaram-se refern-cia mundial. na bahia, so 150 pontos de cultura em atividade em todos os 27 territrios de identidade. outros 128 devem ser conveniados nos pr-ximos meses. do norte do estado, em Campo Formoso, at itabuna, no sul

    da bahia, o dilogo entre os agentes culturais e o poder pblico um dos sinais dessa nova forma de pensar e fazer as polticas culturais.

    hoje, temos autonomia, protago-nismo e empoderamento nas pol-ticas pblicas. a experincia como ponto de cultura, desde 2008, tem sido muito rica. alcanamos um im-portante espao, que so as esco-las, onde falamos de nossa cultura e propomos o respeito diversida-de, atravs de oficinas de arte-edu-cao. a principal mudana que hoje temos uma interveno mais continuada. dessa forma, conquis-tamos maior representatividade na comunidade, estamos em todos os

    conselhos municipais e nos mobili-zamos para criar os que ainda no existem, afirma lula dantas, gestor cultural na associao do Culto afro itabunense e membro da Comisso nacional de pontos de Cultura.

    esse empoderamento das pessoas, decorrente da viso da cultura como elemento estruturante da socieda-de, um dos pontos destacados pelo professor da Faculdade de ar-quitetura e urbanismo da universi-dade Federal da bahia (ufba) e pes-quisador do grupo arquipop, que estuda arquitetura popular, eugnio lins. a cultura j gerava emprego, mas com essa dinamizao e po-tencializao ela vai gerar muito

    mais empregabilidade das pes-soas e aumento de renda. alm disso, vai exigir cada vez mais pessoas preparadas e qualifica-das para lidar com essas ques-tes, avalia.

    a formao e a qualificao de pessoas uma das questes centrais da institucionalidade do campo cultural, uma das diretri-zes da cultura na bahia (ver box). atravs de linhas centrais de atu-ao em consonncia com essa nova forma de pensar a cultura, o estado tem buscado avanar na construo de polticas pblicas que levem em considerao a di-versidade em todos os seus 27 territrios de identidade.

    importante, ainda, destacar que no se pode analisar a polti-ca cultural praticada nos ltimos 12 anos no brasil sem situ-la no contexto mais amplo dos go-vernos lula e dilma roussef. possvel dizer que a prioridade desses dois governos foi tirar do papel objetivos fundamentais inscritos na Constituio Fede-ral de 1988, particularmente: erradicar a pobreza, reduzir as desigualdades regionais, pro-mover o bem-estar de todos sem preconceitos de raa, cor, idade e quaisquer outras formas de dis-criminao e introduzir a gesto democrtica das polticas pbli-cas como mtodo de governo, afirma machado.

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    Dilogo na construo das novas polticas culturais

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    Debate na V Conferncia Estadual de Cultura

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    lgiCa do Favor nunCa mais

    romper a lgica do favor, que privilegiava poucas pessoas, e passar a desenvolver polticas cultu-rais amplas e democrticas. a travessia realizada pela cultura na bahia nos ltimos anos profun-da e cheia de desafios. parte, primeiro, da conso-lidao da ideia de que o estado precisa fomen-tar e desenvolver polticas culturais. essa ideia no automtica, porque muita gente buscava apoio para o seu projeto. sair dessa lgica um passo significativo, assim como construir polti-cas culturais atravs do dilogo com a sociedade, estabelecido atravs de conferncias municipais, territoriais e estadual, colegiados, Conselho de Cultura e fruns. a partir dessas polticas cultu-rais, passamos s polticas pblicas, construdas com a sociedade, afirma o secretrio de Cultura da bahia, albino rubim.

    desde 2007, a poltica cultural da bahia es-teve alinhada com os conceitos, programas e projetos do governo federal. pensar em aes e projetos para alm da capital foi outro desa-fio que tem feito a bahia se destacar diante de outros estados. penso mesmo que o estado avanou em relao ao pas quando adotou, para fins de planejamento, uma regionaliza-o baseada na identidade cultural. os terri-trios de identidade so uma experincia ni-ca e inovadora. pela primeira vez na histria do brasil, um governo adota critrios culturais identidade e diversidade para orientar suas polticas, e no somente a poltica cul-tural. do ponto de vista estritamente cultural, o mais impressionante foi a expanso das aes do governo para todo o estado, criando uma poltica de descentralizao da cultura das mais consistentes j experimentadas no brasil, avalia o secretrio de articulao ins-titucional do minC, bernardo mata machado.

    diretriZes - o desenvolvimento da cultura no estado nos ltimos quatro anos foi esta-belecido com base em diretrizes em sintonia com as polticas culturais do pas. so elas: o fortalecimento da institucionalidade cultural,

    a promoo de dilogos interculturais, a terri-torializao das polticas culturais, o fortaleci-mento da economia da cultura e o alargamen-to das transversalidades da cultura.

    pesquisador e professor da universidade Fe-deral da bahia, eugnio lins afirma que, pela primeira vez, temos uma poltica cultural e sua implementao na bahia. um projeto que acho encantador o mapeamento arque-olgico do estado da bahia, parceria do esta-do com a ufba, que envolve todo um processo de educao patrimonial. as aes do institu-to do patrimnio artstico e Cultural da bahia no interior esto sendo significativas, afirma eugnio lins.

    J o representante da regional do minC na bahia e em sergipe, lula oliveira, destaca o protagonismo da bahia no desenvolvimen-to do pensamento e da ao em torno dos processos criativos que desaguam nos pro-gramas de polticas pblicas para a Cultura em mbito nacional. esse protagonismo se deve a um pensamento intelectual que abre todas as discusses e caminhos apontados e praticados pelo governo de esquerda do brasil. tivemos dois baianos, ministros da Cultura, ao longo dessa gesto de 12 anos. uma revoluo aconteceu nesse perodo e gil (gilberto gil) e Juca (Juca Ferreira), os mi-nistros baianos, foram figuras pblicas his-tricas no seu tempo.

    avanos em campos como o da legislao (veja matria na pgina xx), entre eles a aprovao da lei orgnica da Cultura e, re-centemente, a aprovao do plano estadual de Cultura na assembleia legislativa, so significativos para o avano do setor. mas os desafios para uma cultura plenamente cidad ainda so grandes. destaco, sobretudo, a construo efetiva do sistema estadual de Cultura e a continuidade das polticas pblicas, pontua albino rubim.

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    V Conferncia Estadual de Cultura

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    Conhea as diretriZes que guiam a gesto da Cultura na bahia

    territorialiZao das poltiCas Culturais

    levar as polticas culturais ao interior e pe-riferia de salvador. este o objetivo do apro-fundamento da territorializao da cultura. a ateno com a diversidade de manifestaes culturais em todos os territrios da bahia um dos compromissos da secultba, que bus-ca elaborar polticas pblicos e projetos em sintonia com as necessidades locais.

    dilogos interCulturais

    busca ampliar os dilogos interculturais entre os estoques e fluxos culturais, os sotaques brasileiros e outras culturas do mundo, em especial latino-americanas e africanas. na bahia, so muitos os sotaques que configu-ram a cultura: afro-brasileiro, do serto, dos povos originrios, entre tantos. ou seja, uma identidade produzida pela diversidade. preciso, colocar esta diversidade em dilogo atravs de intercmbios regionais, nacionais e internacionais.

    instituCionalidade Cultural

    o fortalecimento da institucionalidade e da organizao do campo cultural busca conso-lidar polticas, estruturas, gesto democrti-ca e procedimentos republicanos de apoio cultura, como as selees pblicas e editais, e mecanismos de participao poltico-cultu-ral. a criao de novas instituies, a reforma de instalaes existentes, a qualificao da gesto, a formao de pessoal em cultura e a criao de novos cursos na rea de cultura so vitais para o desenvolvimento cultural. inclui o estmulo organizao de colegiados setoriais, de associaes de amigos de insti-tuies culturais, de consrcios intermunici-pais de cultura e de todas as modalidades de organizao do campo cultural.

    eConomia da Cultura

    uma das reas econmicas de maior expan-so no mundo contemporneo a cultura. na bahia, o potencial enorme, e ele precisa ser compreendido para integrar seu processo de desenvolvimento. nesse contexto, o financia-mento uma das dimenses essenciais da economia da cultura e requer modalidades diferenciadas que envolvam, pelo menos, estado, pblicos e empresas. a secultba busca diversificar e tornar mais republica-nos e transparentes seus procedimentos de financiamento cultura, atravs de selees pblicas. hoje, existem na bahia quatro mo-dalidades de financiamento estatal: o Fundo de Cultura da bahia (FCba), o Calendrio das artes, o programa de incentivo cultural intitu-lado Fazcultura e o microcrdito cultural. alm do financiamento, a secultba desenvolve pro-gramas e projetos voltados para potencializar a dimenso econmica de reas culturais, nas quais isto pertinente e adequado.

    transversalidades da Cultura

    a cooperao no acontece apenas entre culturas e territrios distintos, mas tambm entre reas de reflexo e de prticas diferen-ciadas. para desenvolver a cultura, impres-cindvel considerar sua articulao, cada dia mais essencial, com campos afins. nesse sen-tido, a secultba busca desenvolver um traba-lho colaborativo com outras reas e secreta-rias, como educao, comunicao, cincia e tecnologia, turismo, economia, segurana pblica, sade, urbanismo e trabalho, entre outras. o trabalho colaborativo, com outras reas e suas instituies, emerge hoje como vital para fortalecer as polticas culturais e consolid-las como polticas integradas de governo e mesmo polticas de estado, que transcendam governos.

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    aGora De lei

    os marcos legais so cruciais para garantir recursos e aes que contemplem a diversidade cultural da bahia. por isso que, em 2014, as legislaes culturais ganharam aliados para atender demandas dos diferentes setores e dos 27 territrios de identidade Cultural. as novidades passaram por reas como museus e patrimnio, chegando s aes focadas no livro e na leitura. este ano, no dia nacional da Cultura, 05 de novembro, a bahia tornou-se o primeiro estado do brasil a ter um plano estadual de Cultura aprovado pela assembleia legislativa. um passo fundamental para a estabilidade das polticas culturais no estado, na medida em que dialoga com o plano nacional de Cultura e traa medidas prioritrias para os prximos dez anos.

    a questo das polticas culturais estruturante para a aplicao de recursos capazes de atender especificidades das matrizes culturais locais. no caso da bahia, a lei capaz de se voltar, por exemplo, s demandas dos povos quilombolas e da populao cigana. isso crucial para se contemplar a cultura alm das linguagens tradicionais,

    comenta o professor beto severino, membro do programa multi-disciplinar de ps-graduao em Cultura e sociedade, da univer-sidade Federal da bahia. nas prximas pginas, voc vai conhe-cer um pouco mais sobre as principais legislaes que fizeram a diferena no cenrio cultural. Confira!

    o contedo das legislaes da cultura na bahia, na ntegra, est disponvel no www.cultura.ba.gov.br

    plano transForma a Cultura em poltiCa de estado

    o documento tem o objetivo de melhorar a articulao, gesto e promoo da cultura, por meio de estratgias e aes que per-passam diversas reas. Considerado um avano entre marcos

    novos marCos legais protegem a diversidade Cultural na bahia

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    O financiamento das obras de preservao de prdios histricos ficar mais fcil a partir da nova lei

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    ipaC/secultba ipaC/secultba lzaro menezes

    Solar Ferro, Museu Tempostal e Museu Udo Knoff de Azulejaria e Cermica

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    legais do setor, o documento valoriza a di-versidade artstica e assegura o acesso de todo cidado aos bens e servios artsticos e culturais, alm de estimular a criao e a produo cultural.

    terminar o ano de 2014 com o plano esta-dual consolidado uma vitria comparti-lhada entre a gesto cultural e a sociedade civil. esse dois setores se uniram para a construo do plano estadual de Cultura a partir de debates entre os anos de 2007 e 2014, nas quatro conferncias estaduais, setoriais e territoriais de Cultura, que, jun-tas, reuniram cerca de 160 mil pessoas.

    alm disso, o desenvolvimento do plano contou com a colaborao de um grupo de trabalho (gt) criado a partir das quatro unidades vinculadas secretaria de Cultu-ra do estado da bahia (secultba): Fundao pedro Calmon (FpC), Fundao Cultural do estado da bahia (Funceb), instituto do pa-trimnio artstico e Cultural (ipac) e Centro de Culturas populares e identitrias (CCpi).

    as superintendncias de promoo Cultu-ral e de desenvolvimento territorial da Cul-tura tambm participaram do debate.

    Consulta pbliCa - o plano passou por consulta pblica e foi pauta de reunies com representantes da comisso da rede de pontos de Cultura da bahia e a diretoria da associao de dirigentes municipais de Cul-tura (adimcba). seu contedo final, antes do envio assembleia legislativa, foi aprovado na sesso plenria de novembro de 2013, no Conselho estadual de Cultura (CeC).

    o conselheiro de cultura sandro maga-lhes, superintendente de territorializao da cultura na secultba, fez parte da equipe que formulou o documento. a aprovao do plano transforma essa poltica de gover-no em poltica de estado. isso vai combater a falta de continuidade das polticas, aes e programas que esto sendo desenvolvi-das, alm de estabelecer diretrizes gerais das polticas culturais da bahia, explicou.

    algumas emendas foram acrescentadas ao texto original durante sua fase de apro-vao no Conselho estadual de Cultura, como, por exemplo, a que obriga o poder pblico a oferecer assessoria tcnica aos conselhos de cultura. isso beneficiar os agentes culturais do interior que precisam compreender como as polticas culturais so desenvolvidas. outra alterao impor-tante, oriunda da consulta pblica, a que determina a economia solidria no campo cultural como item que deve ser estimula-do por meio de parcerias com entidades da sociedade civil e do poder pblico.

    o plano divido em trs eixos. o primei-ro deles traa um diagnstico cultural, que objetiva fornecer subsdios para defi-nir aes prioritrias. o segundo discorre sobre os princpios e objetivos que de-vem orientar a sua construo, de acordo com lei orgnica da Cultura da bahia (n

    12.365/2011). o documento finalizado com as diretrizes, estratgias e aes, que devero ser executadas ao longo de uma dcada. agora, uma comisso ter 180 dias para elaborar as metas do plano e submet-las consulta pblica.

    leitura vista Como prtiCa soCial

    as pastas da educao e Cultura precisam andar juntas. essa mxima de trabalho crucial viabilizao de projetos que tran-sitem pelas duas reas. dentro dessa pers-pectiva, as duas secretarias estaduais se uniram para criao do plano estadual do livro e leitura da bahia (pell). o documen-to possui trs eixos principais: democra-tizao do acesso, valorizao da leitura como prtica social e desenvolvimento da economia do livro.

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    A valorizao da leitura como prtica social um dos objetivos do Plano Estadual do Livro e Leitura da Bahia.

    a construo do documento envolveu debates com represen-tantes da cadeia produtiva do livro, como editores e escrito-res, alm de educadores, prefeituras municipais, bibliotec-rios e universidades. o que se estabelece com o pell o compromisso de nos prximos dez anos, ao lado da socieda-de civil e do mercado, construir um estado de leitores, am-pliando os servios bibliotecrios de mediao do livro e da leitura, explicou o diretor do livro e da leitura da Fundao pedro Calmon, Joo vanderlei de moraes Filho.

    depois de aprovado pelos Conselhos de educao e de Cultura, o pell foi institudo em 2011. este ano, seu contedo foi definido pelo decreto 15.303 e publicado, em julho, no dirio oficial do estado. sua elaborao foi feita em harmonia com o plano nacio-nal do livro e leitura, o plano estadual de Cultura, o plano nacio-nal de Cultura (pnC) e plano nacional de educao (pne). agora, o desafio fazer com que as oito estratgias e 56 aes previstas

    ganhem fora e vigor em todos os 27 territrios de identidade da bahia.

    o pell institui um projeto a mdio e longo prazo para o desenvolvimento de aes que estimulem o hbito leitor como prtica social, alm da de-mocratizao e mediao do livro atravs do sis-tema estadual de bibliotecas pblicas e o desen-volvimento da economia do livro. tais iniciativas sero desenvolvidas com a participao de orga-nizaes colegiadas como o Colegiado do livro e da leitura e o Colegiado de bibliotecas, afirmou moraes Filho.

    leitura em Famlia - graas execuo das diretrizes do pell tem sido possvel investir em aes como o programa de agentes de leitura, hoje com 324 membros que atuam com 25 fam-lias, cada um. isso significa que h 8.100 grupos familiares com estmulos constantes leitura. outra ao so os 361 pontos de leitura, que di-namizam aes e estimulam a prtica do hbito leitor mediando livros e leituras de mundo.

    Com o plano, ser possvel ampliar essas iniciativas e partir para novos desafios, como o de acessibilidade nas bibliotecas e campanhas de promoo e valori-zao da leitura e do livro. tivemos a insero de assuntos relacionados mediao do livro, da leitura e a biblioteca na agenda poltica do estado. a bahia insere-se em um contexto de construo de um espa-o leitor, tendo o estado assumido esse compromis-so, completa moraes Filho.

    previsto no pell que, apesar de traar metas para 10 anos, o documento deve ser avaliado a cada trs anos. a democratizao do acesso lei-tura prev aes que contemplem os 27 territ-

    rios de identidade Cultural. h ainda a meta de conquistar novos espaos de leitura com aes como o estmulo ao fomento de projetos de leitu-ra com crianas em situao de vulnerabilidade social, alm de criar linhas de financiamento para projetos sociais de leitura.

    iCms Cultural FavoreCe o patri-mnio histriCo

    o financiamento das obras de preservao de pr-dios histricos ficar mais fcil a partir da nova lei.

    preciso garantir que o patrimnio histrico, seja material ou imaterial, tenha respaldos legais que facilitem sua preservao. por isso, o instituto do pa-trimnio artstico e Cultural da bahia (ipaC) redigiu a minuta do projeto de lei que prope a incluso do patrimnio cultural nas normas da redistribuio do iCms, o imposto sobre operaes relativas Circula-o de mercadorias e servios de transporte interes-tadual, intermunicipal e de Comunicao.

    a Constituio Federal de 1988, em seu artigo 158, determina que 25% da arrecadao do iCms pertenam aos municpios. Cabe ao poder pblico definir os critrios dessa redistribuio. a minu-ta do projeto de lei vai inserir o item patrimnio cultural, ao que poder garantir aos municpios mais verbas para investir em polticas de prote-o e preservao de seus patrimnios.

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    As conferncias Estaduais, Setoriais e Territoriais foram fundamentais para a construo democrtica do Plano Estadual de Cultura.

    CULtUra de Cara NOva

    a proposta foi desenvolvida pela Fun-dao Joo pinheiro, que tomou como experincia base a implantao do iCms Cultural em minas gerais. em 20 anos de implantao, o estado possui adeso de cerca de 80% das suas cidades. a expe-rincia de minas sinaliza impacto positivo na preservao do patrimnio na bahia. municpios tero mais recurso para traba-lhar, assinalou a diretora-geral do ipac, elisabete gndara.

    ineditismo - essa uma inicia-tiva indita na bahia e conta com o apoio do ministrio pblico da bahia, por meio do ncleo de de-fesa do patrimnio histrico, arts-tico e Cultural (nudephac). o iCms Cultural foi construdo por meio de oficinas, com a participao de ges-tores municipais, tcnicos do setor

    cultural e interessados no patri-mnio. o objetivo estimular a territorializao, o fomento e o cui-dado preservao do patrimnio atravs do repasse financeiro, explicou elisabete.

    o projeto do iCms Cultural se-guir para a Casa Civil e, depois, para a assembleia legislativa do estado da bahia. aps sano do governador, os municpios que desejam o recebimento do repasse devem cumprir os crit-rios de pontuao e garantir que a metodologia seja cumprida de forma correta e dentro dos pra-zos estabelecidos.

    sua elaborao foi subsidiada pelo resultado de um censo apli-

    cado nos 417 municpios baianos. o material identificou a realidade de cada municpio relacionada ao patrimnio cultural, permitindo que os repasses dos recursos fi-nanceiros sejam feitos de forma justa, com ateno especial aos locais que praticam em sua ges-to aes de valorizao, educa-o e salvaguarda do patrimnio.

    poltiCa setorial de museus FortaleCe o setor

    lanado em maio de 2014, durante a 12 semana de museus, a poltica setorial de museus foi formulada com o objetivo de dar visibilidade ao setor. a ao voltada necessida-

    de de conservao e valorizao dos espaos, diante da aplicao de um maior entrosamento entre o estado e os museus. suas diretrizes so vlidas por 10 anos, sendo aplicadas em toda a bahia.

    frente da iniciativa est a diretoria de museus do instituto do patrimnio artstico e Cultural da bahia (dimus/ipac), com apoio de muselogos e profissio-nais da rea. queremos mais visibilidade ao setor e, com isso, fazer com que as comunidades conheam os acervos. espero que atravs deste plano e do esta-tuto dos museus, o setor se organize, modernize sua gesto e trabalhe focado na preservao e valorizao destes espaos to preciosos, afirmou a diretora da dimus, ana liberato.

    essa profunda transformao permitir que gestores trabalhem mais articulados e com a misso de pro-mover, desenvolver e fortalecer o campo de museus. outra linha de ao incentivar a visitao. isso per-mitir que museus ganhem mais espao e importn-cia sociocultural na vida da populao.

    aprendiZagem - ana liberato destaca que, alm de importantes preservao histrica, os museus con-tribuem no processo de ensino e aprendizagem de crianas e adolescentes. a poltica setorial nasceu com a funo implcita de desenvolver mecanismos que potencializem o papel educativo dessas insti-tuies e ajudem a desenvolver uma sociedade que valorize mais sua histria. nos museus as pessoas podem adquirir conhecimento sobre a sociedade e entender a contemporaneidade, defende a diretora.

    o conjunto de aes da dimus j tem aquecido a quantidade de pblico nos museus baianos. o desafio agora consolidar essa fase de crescimento e fortale-cer os laos com a sociedade. a histria presente nos museus colabora na formao de crianas e jovens. gratificante saber que a participao das escolas nos museus de salvador tem aumentado bastante nos l-timos anos, celebrou ana liberatto.

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    esColha de dirigentes por meio de eleies amplia partiCipao da soCiedade Civil na gesto Cultural

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    20 representantes dos Territrios de Identidade Cultural foram eleitos na V Conferncia Estadual de Cultura

    a participao da sociedade civil na gesto cultural da bahia ganhou fortes aliados em 2014. Foram institudas eleies para que agentes culturais dos 27 territrios de identidade Cultural tivessem a oportunidade de ingres-sar como membros do Conselho estadual de Cultura da bahia (CeC), dos Colegiados setoriais de Cultura e Cole-giados setoriais das artes. o objetivo estreitar cada vez mais os laos entre a comunidade e o poder pblico.

    a maior prova de eficcia das eleies est no Conselho esta-dual de Cultura. a partir de 2015, o rgo ter 30 membros titulares e igual nmero de suplentes, sendo dois teros agentes culturais da sociedade civil. o outro um tero ser indicado pelo poder pblico. o primeiro passo rumo s mu-danas ocorreu em 2013, quando 20 representantes dos territrios de identidade Cultural foram eleitos na v Confe-rncia estadual de Cultura, em Camaari.

    outros 20 conselheiros foram eleitos por meio de uma elei-o que aconteceu entre os dias trs e 23 de novembro. des-ta vez, foram escolhidos representantes dos segmentos cul-turais e processos do fazer cultural da bahia. a expectativa de que a nova gesto possa manter o fortalecimento cultural do estado, como afirma o presidente do Conselho estadual de Cultura, araken vaz galvo.

    espero que os futuros conselhei-ros mantenham acesa a vontade de trabalhar pela cultura. tenho priorizado nossa atuao como rgo importante nas decises da poltica cultural, afirma. vaz galvo lembra que um dos pontos que precisa ser priorizado no Con-selho sua Cmara de patrimnio histrico, artstico, arqueolgico e natural, formada por especialis-tas que emitem parecer sobre pro-cessos de tombamento e registro especial de patrimnios materiais e imateriais da bahia.

    o Conselho um rgo colegia-do da secretaria de Cultura do estado (secultba). at antes das

    eleies, sua composio era for-mada por representantes da so-ciedade civil indicados pelo poder pblico. Criado em 1967, possui carter normativo e consultivo. sua misso contribuir com a formulao de polticas culturais e intermediar a relao entre so-ciedade e estado.

    para o secretrio de Cultura da bahia, albino rubim, as eleies sinalizam a importncia de que a comunidade cultural seja convi-dada para escolher pessoas que as representem nos rgos liga-dos gesto, como o conselho e os colegiados setoriais. este processo faz parte de um dos di-

    reitos culturais relevantes, que assegurar a todos a possibilidade de participar das definies das polticas culturais, afirma.

    gesto Colegiada institu-dos a partir da lei orgnica da Cultura da bahia (n 12.365), san-cionada em 2011, os Colegiados setoriais de Cultura e Colegiados setoriais das artes foram criados para que as demandas e o posi-cionamento das classes artsticas e culturais sejam organizadas e apresentadas politicamente por meio de planos setoriais. essas instncias funcionam como espao de consulta, participao e contro-le social das aes desenvolvidas pelo poder pblico.

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    A partir de 2015, o Conselho Estadual de Cultura ter 30 titulares e igual nmero de suplentes, sendo dois teros agentes culturais da sociedade civil.

    nos Colegiados setoriais das artes da bahia so contem-plados os setores das artes visuais, audiovisual, Circo, dana, literatura, msica e teatro. para o coordenador do processo de construo dos Colegiados setoriais das artes da bahia, Kuka matos, a consolidao dessa ins-tncia representa a materialidade do sistema estadual de Cultura e a efetivao da poltica estadual de Cultura.

    os colegiados contribuem na qualificao e garantia da efetividade dos mecanismos de participao e controle social. atuam na formulao, execuo, acompanha-mento e avaliao dos planos, programas, projetos e aes da poltica e aes culturais do estado, explica.

    integrados Fundao Cultural do estado da bahia (Fun-Ceb), vinculada secultba, os membros dos colegiados cumpriram seu primeiro mandato entre os anos de 2013 e 2014. o principal nesse perodo foi a elaborao dos planos setoriais das artes. Cada linguagem artstica representada pelo seu prprio Colegiado, que indivi-dualmente integrado por nove membros, sendo trs do poder pblico, nomeados pelo secretrio de Cultura, e seis da sociedade civil escolhidos a partir da eleio.

    todos os representantes possuem suplentes. os man-datos dos novos valem para a gesto 2015-2016. para

    gordo neto, membro do Colegiado setorial de teatro, as eleies garantem a continuidade de um trabalho que articula os agentes culturais e fortalece a repre-sentatividade no campo poltico. os colegiados so mais uma instncia de interlocuo da sociedade com o governo. estamos nos primeiros dois anos, mas acre-dito que o desempenho pode melhorar a depender da articulao e organizao da classe, assinala.

    aps a experincia dos Colegiados setoriais das artes da bahia, que iniciou a organizao dos setores de cul-tura do estado, 2014 marcou a criao dos Colegiados setoriais de Cultura da bahia. os dez setoriais represen-tam as reas de arquivos e memria, bibliotecas, Cultu-ras afrobrasileiras, Culturas indgenas, Culturas popula-res, design, livro e leitura, moda, museus e patrimnio.

    a composio e o perodo dos mandatos so idnticos aos dos setoriais das artes. a participao em colegiados setoriais no remunerada e seus membros tm suas despesas pagas apenas quando do exerccio de represen-tao fora dos respectivos municpios de domiclio.

    segundo o presidente do Colegiado setorial de msi-ca, Fernando teixeira, a ampliao dos colegiados sinnimo de mais participao dos agentes culturais na gesto. a grande importncia dos colegiados a participao direta da sociedade civil nas decises e formulaes das polticas culturais. a sociedade civil quem subsidia as decises, finaliza.

    os processos eleitorais dos Colegiados setoriais e do Conselho de Cultura aconteceram com transparncia, por meio de plataforma virtual disponvel no site da secultba, onde eleitores e candidatos realizaram seu cadastro para participar dos pleitos.

    LEI ORGNICA DEMOCRATIZA A GESTO CULTURAL

    a aprovao da lei orgnica da Cultura da bahia (n 12.365), sancionada em 2011, considerada um pas-so importante para que eleies acontecessem nos rgos de representao da sociedade civil.

    a norma prev a criao de instncias de consulta, participao e controle social no mbito da cultura. dentro desse contexto, esto os colegiados setoriais, as conferncias estaduais, fruns e debates.

    outra ao foi a criao do plano estadual de Cultu-ra, que aguarda votao da assembleia legislativa da bahia. o documento foi construdo a partir das discus-ses realizadas em quatro conferncias estaduais de cultura e colocado em consulta pblica. seu contedo estabelece metas que selam compromissos da poltica cultural do estado pelos prximos dez anos.

    a lei orgnica est disponvel no:www.cultura.ba.gov.br

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    seja nos passos de dana ou na luz sobre o palco, no olhar para a cmera ou no sorriso do palhao. na beleza que passa pelo figurino e pela maquiagem, e na emoo diante da arte rupestre ou das culturas digitais. na conscincia despertada pela educao patrimonial e pela leitura de um bom livro. Fazer cultura coisa sria, principalmente quando ela vista como um elemento fundamental de desenvolvi-mento socioeconmico da sociedade, que deve caminhar junto com a educao. por isso, a formao e a qualificao so prioridades para a secretaria de Cultura do estado da bahia, peas fundamentais para o fortalecimento da institucionalidade do campo cultural.

    entre 2011 e 2014, cerca de 12 mil pessoas participaram de cursos e treinamentos oferecidos pela secultba em mais de 220 cidades baianas. o programa de qualificao em artes da Fundao Cultural do estado da bahia (FunCeb), o pronatec, os cursos de educao pa-trimonial do instituto do patrimnio artstico e Cultural da bahia (ipaC)

    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    Gente Para BrilHaran

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    Curso no Escritrio Bahia Criativa

    adultos, Jovens e adolesCentes so beneFiCiados por proJetos de Formao e qualiFiCao gratuitos,

    Contribuindo para insero em novos merCados de trabalho

    e o qualicultura so as portas de en-trada para a vida profissional de mi-lhares de pessoas em todo o estado. a bahia reconhecida como um lugar privilegiado no que se refere produo cultural. a secultba elegeu a rea de formao em cultura como prioridade. nesses quatro anos, fo-ram criadas diversas aes e progra-mas que dinamizaram enormemente essa rea. o desafio para a prxima gesto ampliar e aprofundar estas aes, consolidando o estado da bahia como lugar de estudo e forma-o em cultura, diz o assessor de Formao em Cultura da secultba, henrique andrade.

    a secultba apoia, ainda, a abertu-ra de cursos de graduao e ps-graduao em reas afins em todo o estado. Foi assim com a criao do Centro de Cultura, linguagens e tecnologias da universidade do recncavo baiano.

    o compromisso histrico com a for-mao tambm foi o palco para for-tes emoes neste ano. a escola de dana da FunCeb, primeira escola

    pblica do gnero no brasil, celebrou seus 30 anos de atividades. o mar-co da comemorao foi o espetculo movimento escarlate, com direo de elsio lopes Jr., no dia 16 de outubro, no teatro Castro alves. na ocasio, foi aberta uma exposio tripla de fotos, figurinos e vdeos sobre a his-tria da escola, que integra hoje o Centro de Formao em artes (CFa) da Fundao, criado em 2011.

    um prazer e um orgulho estar vi-venciando e contribuindo como ges-tora-artista-educadora com o projeto poltico-pedaggico da escola de dana da FUNCEB. pude comprovar que a formao em dana prescinde a formao de corpos-sujeitos, sejam de crianas ou jovens, competentes, criativos e crticos. esta perspectiva projeta a arte e a educao como questes sociais e polticas priorit-rias, com possibilidade de dar res-postas a uma formao emancipa-tria da nossa sociedade brasileira, afirma a diretora da escola de dana da FunCeb desde 2007, beth rangel.entre os resultados dessa trajetria, a escola de dana j apresentou so-ciedade baiana 25 turmas de novos profissionais de dana atravs do

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    Escola de Dana da FUNCEB

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    Curso de educao profissional tcnico de nvel mdio em dana, que tem durao de dois anos e meio e reconhecido pelo ministrio da educao. estes alunos formados vm contribuindo de muitas maneiras para a produtividade das artes cnicas da bahia. um exemplo o atual coordenador de dana da FunCeb, matias santia-go, que fez parte da primeira turma do curso aos 16 anos de idade: todo o meu trabalho como bailarino e como agente poltico dentro da rea da dana foi plantado no momento que eu entrei na escola. l, voc compactua com vrias ambincias, no somente a do aprendizado da dana, mas tambm do mercado e das pessoas que fazem dana na bahia.

    J os Cursos preparatrios, para crianas a partir dos cin-co anos de idade e compostos por um total de 11 nveis anuais, acompanhando o crescimento de seus alunos at os 17 anos, iniciam jovens na formao em dana, como uma slida opo educacional, artstica e cultural para eles. realizados no turno vespertino, podem ser conside-rados como perodo complementar escola formal. este grupo de cursos deu origem, em 2010, primeira compa-nhia constituda por crianas e adolescentes da escola de dana: a j premiada Companhia infanto-Juvenil de dana da FunCeb, coreografada por denny neves e integrada por jovens de 13 a 17 anos. entre diversas experincias den-tro e fora da bahia, estes meninos e meninas mostraram a sua dana ao brasil na 27 edio do Criana esperana, projeto da rede globo em parceria com a unesCo.

    a escola de dana atende uma mdia anual de mil alu-nos, entre crianas, jovens e adultos, em especial afro-descendentes, oriundos de escolas pblicas e moradores de bairros populares. desde 2013, a escola tambm tem realizado cursos pronatec para as artes da bahia, tendo oferecido para 300 profissionais nos ltimos dois anos 200 em 2013, e 100 em 2014. entre as modalidades oferecidas, cursos de qualificao profissional de Fotgra-fo, operador de Cmera, editor de vdeo e assistente de produo Cultural.

    para completar, na celebrao de suas trs dcadas, a escola promoveu o indito edital de residncia artstico-e-ducativa para Jovens talentos em dana, visando forma-o e experimentao artstica em dana de crianas e jovens. nesta ao, esto sendo concedidas 28 bolsas de formao, de intercmbio e de difuso artstico-cultural.

    Centro de Formao em artes

    alm da experincia bem sucedida com a escola de dan-a, o Centro de Formao em artes da FunCeb j deu oportunidade a mais de 2 mil pessoas de iniciar ou se qualificar nas reas de artes visuais, audiovisual, circo, dana, literatura, msica e teatro. alinhado ao programa estadual pacto pela vida, tambm desenvolve aes atra-vs de ncleos de dana e msica nas comunidades dos bairros do nordeste de amaralina, alto das pombas e na Casa da msica, em itapu.

    o programa de qualificao em msica do CFa contribui para que jovens msicos e profissionais da rea possam enriquecer seus conhecimentos, aprimorar sua atuao profissional e obter melhores condies de insero no mercado de trabalho e na sociedade. atualmente, cerca de 300 msicos participam de cursos em diversos instru-mentos e prticas, alm de vivenciarem experincias ar-tsticas de grande relevncia.

    J o programa de qualificao em artes no interior da bahia promove cursos das sete linguagens artsticas, alm da modalidade brincante, relacionada a culturas popula-res, em diversas cidades de diferentes regies. a inicia-tiva fruto de parceria entre o CFa e a superintendncia de desenvolvimento territorial da Cultura, atravs de sua diretoria de espaos Culturais. em trs anos de ao, de 2012 a 2014, o programa alcanou todos os territrios de identidade da bahia. os cursos so gratuitos e acontecem nos espaos culturais da secultba ou em instituies par-ceiras. os alunos regulares obtm certificado reconhecido pelo meC. em 2014, foram 18 cidades participantes, for-mando 20 turmas, cada uma com 25 vagas, totalizando 500 profissionais contemplados pela ao.

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    Concerto do Programa de Qualificao em Msica

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    programa de qualiFiCao nos CirCos

    em sua segunda edio, o programa de qualificao nos Circos consolida uma iniciativa realizada em 2012, pela FunCeb, para a qualificao tc-nica dos artistas que circulam pelo interior baiano e a experincia de iti-nerncia para profissionais do novo Circo. o programa formado pelos editais de premiao dos Circos itine-rantes e o de oficinas e atividades de intercmbio nos Circos itinerantes. em 2014, o aporte foi de mais de r$ 214 mil. atravs do edital de oficinas e atividades de intercmbio, cinco pessoas ministraram aulas durante 15 dias em trs circos contemplados, com a realizao de um espetculo de encerramento com cada circo.

    pronateC

    567 vagas para cursos profissiona-lizantes gratuitos foram oferecidos pelo programa nacional de ensino tcnico e profissionalizante (prona-tec) na bahia em 2014. atravs de parceria firmada entre os ministrios da Cultura e educao, a secultba, a secretaria estadual de educao e o servio nacional de aprendizagem Comercial (senac), foram oferecidos 14 cursos gratuitos nas reas de fotografia, organizao de eventos, recepo de eventos, auxiliar de biblioteca, ingls, espanhol, entre outros. as aulas foram ministradas em salvador e em mais cinco munic-pios, a saber: porto seguro, Feira de santana, Juazeiro, ilhus, Camaari.

    bahia Criativa

    escritrio pblico de atendimento e suporte a profissionais e empre-endedores que atuam nos setores da economia da cultura, o bahia Criativa oferece informao, capa-citao, consultorias e assessorias tcnicas gratuitas. o equipamento, que funciona no Forte de servios Criativos, no barbalho, integra a rede de incubadores brasil Criativo, em parceria com o minC. o escritrio j ofereceu cursos de formao em marketing Cultural, exportao da msica baiana e desenvolvimento de projetos Criativos. entre as aes oferecidas, esto consultorias indi-viduais nas mais diversas reas da economia da cultura.

    qualiCultura

    por meio de sua diretoria de eco-nomia da Cultura, a secultba vem desenvolvendo aes voltadas es-pecificamente para a capacitao na chamada economia criativa. dentre essas aes, o programa qualicul-tura, desenvolvido em parceria com o sebrae, objetiva promover capaci-tao e formao tcnica aos setores criativos. entre 2012 e 2014, mais de 3 mil pessoas foram beneficiadas.

    eduCao patrimonial

    sensibilizar as comunidades para a preservao de seu patrimnio e de sua memria, atravs da adoo de posturas preservacionistas, o obje-tivo das aes educativas da diretoria de preservao do patrimnio (dipat) do instituto do patrimnio artstico e Cultural da bahia. as atividades so executadas por uma equipe multidis-ciplinar formada por tcnicos do ipaC e integram o projeto Circuitos arque-olgicos. em 2014, foram realizadas oficinas de educao patrimonial e Fotografia em diversos municpios, como lenois, iraquara, seabra, mu-cug, utinga, boninal, piat, palmei-ras e Wagner. Criado em 2006, via convnio com a universidade Federal da bahia, o projeto j sensibilizou 1,8 mil pessoas, treinou 450 mul-tiplicadores e mapeou 67 stios de pinturas rupestres.

    para a diretora de preservao do patrimnio do ipaC, etelvina rebou-as, as oficinas se configuram como um processo formativo e informativo que permite a difuso de conheci-mentos sobre o patrimnio e seus mecanismos de preservao. essas atividades objetivam a apropriao e valorizao do patrimnio cultural lo-cal, fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania, formao de agentes patrimoniais e utilizao dos bens culturais de forma susten-tvel, explica

    Centro de memria da FpC

    o Centro de memria da bahia, uni-dade da Fundao pedro Calmon, atua na preservao e difusso da histria da bahia, atravs da guarda e conservao de acervos privados de personalidades pblicas, e na realizao de cursos e seminrios gratuitos. entre seus projetos, h o Conversando com a sua histria, re-alizado desde 2002, com palestras que visam debater questes e pro-blemas ligados histria da bahia, promovendo a interao entre pes-quisadores, historiadores, estudan-tes, professores e pblico em geral. o projeto, que j realizou mais de 220 palestras desde ento, conse-guiu atingir um universo de mais de 20 mil pessoas, acontecendo entre os meses de abril a novembro. no ano de 2013, as palestras comea-ram a ser transmitidas ao vivo pelo portal da Fundao pedro Calmon e, no ano de 2014, no site da biblio-teca virtual 2 de Julho (www.bv2de-julho.ba.gov.br). realiza-se tambm o Curso de ensino de histria da bahia, idealizado para capacitar estudantes e docentes da rea de histria a ensinar e debater ques-tes e problemas ligados histria colonial, imperial e republicana de nosso estado na educao bsica. mais de quatro mil profissionais da rea de histria j foram beneficia-dos com a iniciativa.

    taci

    la m

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    ascom ipaC

    Pirofagia no Encerramento do Pronatec

    Oficina de Educao Patrimonial

    CULtUra de Cara NOva

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    aS FalaS Do CorPo

    beth rangel ConduZ Centro de Formao de artes Com a pro-posta de instrumentaliZar dan-arinos para a vida Crianas e jovens moradores de bair-ros populares so o pblico alvo do Centro de Formao de artes diretora do Centro de Formao de artes (CFa) desde 2011, entidade vin-culada Fundao Cultural do estado da bahia (FunCeb), beth rangel tem uma trajetria na dana marcada pela interdisciplinaridade com outras lin-guagens artsticas e associada mili-tncia social. o sujeito social tambm tem se fortalecido com novas polticas sociais em andamento, em detrimen-

    beth rangel prope uma formao artstica alinhada educao integral e cidad

    to ao sujeito individual. no d mais para sermos felizes sozinhos. a arte, a esttica, a cultura tm papel funda-mental nas bases dessa nova forma de pensar e agir. sinto que agora uma questo de deciso, afirma. baiana, nascida em salvador h 61 anos, a atual diretora do CFa licenciou-se na escola de dana da universida-de Federal da bahia (uFba) em 1977, instituio onde tambm atuou como professora e assessora do reitor para assuntos de extenso, entre outras funes. Com tradio na militncia social, beth segue sua atual gesto com o olhar e a experincia da artista e da educadora. nosso projeto deve estar alinhado s instncias a que se

    articulam, para fortalec-lo enquanto polticas pblicas prioritrias. o CFa tem uma interface com a arte-educa-o e, de alguma forma, com o traba-lho, atendendo a dimenses diferen-tes do cidado, explica beth. Com uma perspectiva de iniciao arts-tica, alinhada educao integral e cida-d, a instituio que ela dirige atualmen-te atende uma mdia de 1500 a 1600 pessoas interessadas na dana. a ideia, j em desenvolvimento, de ampliar ain-da mais esse pblico e atender pessoas que tenham interesse na formao em outras linguagens artsticas, como a m-sica, por exemplo. propomos ir alm da formao para o mercado. o nosso discurso e prtica que formamos para a sociedade, na qual h um espao significativo voltado para o mer-cado, porm sabemos que exis-tem demandas e espaos em que podemos nos inserir e nos tornar-mos desejados. a ideia alm de sabermos quem somos, sa-bermos aonde podemos chegar, afirma a gestora. de acordo com a gestora, dos 60 alunos que costumam ingressar anualmente no curso tcnico em dana, em torno de 30 conseguem seguir o fluxo e concluir o curso dentro do prazo previsto. aps a formao na FunCeb, a trajetria dos alunos tm se diversificado. muitos vo para o curso superior na universidade, alguns se in-serem em grupos profissionais, passando por audies (a exem-

    plo do musical rei leo) e, cada vez mais, os alunos se reconhecem no s como intrpretes, mas como criadores e propositores, e assim criam, junto a outros, seus grupos e coletivos

    arte Cidad a compreenso de beth rangel em relao ao fazer arts-tico vai alm da esttica e permeia o universo social. na sua trajetria aca-dmica, fez escolhas e experincias baseadas no que ela considera como demandas e prioridades sociais.

    a partir deste engajamento, a pro-fissional encampou mais de dez projetos estruturantes, sempre arti-culando arte, educao, sade e di-

    reitos humanos. atuou como membro integrante do Frum Comunitrio de Combate a violncia (FCCv), coorde-nando projetos socioculturais para a busca da compreenso e interveno na questo da violncia enquanto sa-de pblica. o reconhecimento de seus projetos levou conquista de dois pr-mios nas categorias cultural e social: o prmio liF da Cmara Frana-brasil, e tambm o top social.

    prXimos desaFios na sua gesto, o Centro de Formao em ar-tes (CFa) j percorreu 30 municpios. e esteve presente nos 27 territrios de identidade Cultural da bahia, le-vando cursos de 60 horas das sete linguagens artsticas que abrangem a Fundao. mas beth sonha com mais: a ideia construir ncleos no interior a partir da primeira iniciativa conquis-tada junto ao edital do ministrio da Cultura e implantar programas pilotos nesses locais.

    rangel prev ainda a ampliao dos eixos de atuao (inicial, formao tcnica e qualificao profissional) do CFa e torce pela realizao de concurso pblico para professores no setor da dana. a escola de dana da Funceb faz 30 anos agora em 2014 e no h nenhum professor concursado. quem faz a instituio so seus profissio-nais, qualificados, comprometidos, sensveis, revela a diretora.

    BetH ranGel | PerFil

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    omaCULtUra de Cara NOva

    beth rangel acredita que a socieda-de contempornea vive um momento de transio e de construo, antes de tudo, poltica. esta mesma socie-dade tem convivido com problemas produzidos h sculos atrs, sob um pensamento regulador, colonizador que no se coaduna mais com o mo-mento atual. desde o final da dcada de 80 estamos vivenciando processos de mudanas que ganharam corpo a partir de 2002, conta ela.

    embora tenha se especializado na rea da dana, ela percebe que os desafios ultrapassam os problemas especficos de cada linguagem artstica. beth ran-gel espera que a arte possa vencer um desafio muito maior: ser reconheci-da e aceita pelo sistema da educao brasileira. sabemos, novamente, que uma questo de deciso. na minha viso, poltica, para se adotar outra forma de racionalidade baseada na arte. traz-la para o lado da educao e juntas dialogarem, se complemen-tarem, para intervirem em questes e acharem as respostas, finaliza.

    a escola de dana, assim como o CFa,

    so espaos pblicos responsveis por

    garantir educao em arte e produo

    de cultura para a sociedade, em especial ao pblico de crianas

    e jovens moradores de bairros populares,

    na sua grande maioria formada por

    afrodescendentes

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    teatro Castro alves passa por reForma e volta repaginado

    tuDo novo De novo

    Assim como h gente que tem medo do novo, h gente que tem medo do antigo. Eu defende-rei at a morte o novo por causa do antigo e

    at a vida o antigo por causa do novo.

    augusto de Campos.

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    Reforma da Concha Acstica integra primeira etapa das obras do Novo TCACom as obras finalizadas em julho de 1958, o maior e mais im-portante teatro da bahia seria entregue populao no dia 14 de julho daquele ano. Contudo, cinco dias antes, por conta de um incndio, o sonho foi adiado e o teatro Castro alves (tCa) s foi de fato inaugurado em maro de 1967, quase nove anos depois. agora, o espao projetado por Jos bina Fonyat Filho e pelo enge-nheiro humberto lemos lopes, premiado na iv bienal de so pau-lo por suas linhas e conceitos modernistas, alvo do projeto novo tCa. as obras foram iniciadas em dezembro de 2013 na Concha acstica e na rea onde ser construdo um novo estacionamento.

    a iniciativa no se restringe ampliao e qualificao fsica do teatro, que j nasceu com uma atmosfera vanguardista e logo se consolidou como um dos mais importantes do brasil. na verdade, ela atualiza um sonho que vem da dcada de 1940 com os proje-tos de ansio teixeira (1900-1971): retoma a ideia de um centro de formao em artes e avana no desenvolvimento de uma poltica cultural diversificada, ampla e acessvel. a reforma fsica deste

    grande conjunto arquitetnico a resposta a um dese-jo muito maior, que o de recolocar o tCa na condio de um espao artstico permeado por conceitos como acessibilidade e democratizao, afirma moacyr gra-macho, seu atual diretor.

    a atual gesto capitaneada por moacyr gramacho na direo geral e rose lima na direo artstica vem, desde 2007, investindo na criao de propostas que o conduzam por este caminho. projetos que investem na ampliao do acesso e no dilogo com os diversos pbli-cos, como o caso domingo no tCa e Conversas plugadas foram criados, e outros como o tCa.nCleo e a srie tCa foram repensados, a partir da premissa de que o acesso cultura e informao so componentes bsicos para o desenvolvimento de uma sociedade. estas aes rea-firmam o papel decisivo de um estado atuante e garanti-dor dos direitos de expresso artstica e culturais.

    avano - para a atual gesto, requalificar este equipa-mento, tornou-se palavra de ordem desde o incio em 2007. o tCa encontrava-se em condies fsicas prec-rias. o tempo e o descaso mostravam seus sinais, de-mandando intervenes emergenciais. entretanto, no bastava apagar o fogo, era preciso ir alm. era preci-so pensar o espao em todo seu potencial, ampli-lo e moderniz-lo. Contextualiz-lo e sintoniz-lo com o seu tempo, justifica moacyr.

    a adequao das instalaes do tCa ao avano tec-nolgico dos ltimos anos em curso resulta de um amplo dilogo realizado com a sociedade, os artis-tas e entidades representativas. resulta tambm de uma srie de estudos e diagnsticos, elaborados por consultorias especializadas em arquitetura, ce-notecnia e acstica avanadas.

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    Bahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da CulturaBahia: Terra da Cultura

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    Ray Lema e OSBA

    a interveno e estruturao fsica foram concebidas a partir dos mais modernos e exigentes padres de qua-lidade em equipamentos culturais. o Concurso pblico nacional de anteprojetos arquitetnicos, realizado em 2010, fruto de uma parceria com o instituto de arqui-tetos do brasil (iab/ba), premiou o projeto do estdio amrica/sp, focado na preservao dos valores arquite-tnicos originais do teatro.

    esta primeira etapa de obras inclui a requalificao da Concha acstica, a construo de um estacionamento para 300 veculos e as bases estruturais para melhorar o acesso e utilizao da sala de Concertos que ser cons-truda na segunda etapa, alm da ampliao do Centro de referncia em engenharia do espetculo (Cree). alm destas novidades e da requalificao dos espaos j exis-tentes, faz parte desta etapa a implantao do Complexo de uma sala de Cinema e de um laboratrio Cenogrfico.

    transFormar por Fora e por dentro

    a reforma do teatro Castro alves (tCa) foi cuidadosamente planejada para ser executada em etapas, de modo que as atividades do espao no sejam completamente paralisa-das. o tCa dotado de uma demanda artstica intensa e, em respeito a isso, encaramos o desafio de tocar esta obra sem que fosse necessrio fecharmos as portas, pontua rose lima, diretora artstica e responsvel por montar a programao do tCa. mais do que manter abertas as por-tas do teatro, o projeto provoca os atores e personagens que vivenciam sua rotina e o frequentam diariamente a fazerem parte desta transformao que vai alm das in-tervenes estruturais. tambm cultural.

    um exemplo emblemtico deste movimento que toma corpo o projeto sob rasura, gestado e realizado pelo bal teatro Castro alves - btCa entre os anos de 2013 e 2014, que revela um corpo artstico integrado a esta at-

    mosfera de mudanas. ao adentrar o canteiro de obras e compartilhar este espao com ope-rrios e mquinas, o btCa buscou reformar-se e compreender o que mudou nestes mais de 33 anos de trajetria. o resultado desta investiga-o associa o universo da dana com outras linguagens que se materializam em duas obras de videodana e tambm em um livro.

    a orquestra sinfnica da bahia osba ga-nha, com o novo tCa, uma sala de Concertos planejada pela mesma equipe que projetou a sala so paulo (espao que abriga a orques-tra do estado de so paulo osesp), refern-cia em qualidade acstica no mundo, garan-tindo um padro de qualidade internacional. so incontveis os ganhos para sinfnica da bahia, que vo desde qualificao artstica formao de plateias. Junto com o ncleo de orquestras Juvenis e infantis da bahia neo-Jib, a osba poder intensificar o seu com-promisso com a formao de jovens msicos.

    novas alternativas de oCupao dos espaos

    mas as transformaes e conquistas no se esgotam a. o projeto tCa.nCleo, por exem-plo, deixou de ser um edital de montagem de espetculo e se transformou num edital de ocupao artstica. o novo conceito foi criado com o objetivo de propor alternativas de ocu-pao dos espaos do teatro durante o pero-do da reforma.

    as experincias com o grupo nata - ncleo afro-brasileiro de teatro de alagoinhas em 2013, e com o teatro popular de ilhus (tpi) em 2014, mostraram-se iniciativas promis-soras. mais do que um ato de adequao, a aposta revelou um novo potencial e dinami-zou ainda mais o edital, aumentando o nme-ro de atividades artsticas no complexo e esta-belecendo dilogos significativos com grupos do interior e companhias de outros estados, conta rose lima, diretora artstica do tCa.

    Obras do Novo TCA

    Obras do Novo TCA

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    Bobby Mc Ferrin - Srie TCA

    Zulmira - BTCA

    o objetivo central de todo o esforo empreen-dido nestes sete anos de gesto culmina com a materializao do novo tCa. a inteno su-perar a ideia do teatro Castro alves como um espao frequentado pelas elites e que opera-va antigamente apenas como uma grande e disputada casa de pautas. a ideia devol-ver ao teatro sua verdadeira vocao. ser de fato um espao que alia qualidade tcnica e excelncia artstica, mas que tambm poten-cialize o seu carter formativo, afirma gra-macho. o teatro Castro alves caminha para se tornar o que nunca deveria ter deixado de ser: um centro cultural em ebulio, um complexo cultural vivo. e como tudo que vivo, em con-tnuo processo de transformao.

    Compra de ingressos FiCou mais FCil

    a modernizao do tCa vai almde sua estrutura fsica. desde setembro de 2014, o teatro Castro alves passou a comercializar ingressos tambm pela internet e pelo telefone. Com isto, tornou-se o primeiro equipamento cultural pblico no estado a oferecer estes servios. a implantao do novo sistema possibilita que o pblico compre seus ingressos de qualquer lugar com comodida-de e segurana. o horrio de funcionamento das bilheterias fsicas tambm foi ampliado. para comprar ou saber mais, acesse www.tca.ba.gov.br ou ligue (71) 2626-5071.

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    vai CarloS...

    Curador artstiCo da orques-tra sinFniCa da bahia tem traJetria Familiar de total de-diCao msiCa erudita a cultura e arte sempre fizeram parte do ambiente familiar de Car-los prazeres. Filho de me canto-ra e sobrinho do produtor cultural perfeito Fortuna, um dos funda-dores do Circo voador, o carioca vive na bahia desde 2011, quan-do assumiu o desafio de se tornar curador artstico da orquestra sinfnica da bahia. Carlos tam-bm filho do maestro armando prazeres (1934-1999), criador da orquestra petrobras sinfnica.

    Com tantas influncias ao seu re-dor, ele j sabia desde cedo que rumo profissional tomaria.

    Creio que o momento chave para eu entender que seria um msico, foi acompanhar, com apenas dez anos de idade, todos os ensaios de coro e orquestra que o meu pai fazia, conta ele. naquela poca, manifestou a fa-mlia o seu interesse de estudar obo, instrumento que o encantou desde o princpio. a partir da foi tudo muito natural, como a gua que segue o curso de um rio, relembra Carlos.

    prazeres comeou na msica aos nove anos estudando piano clssico numa

    escola localizada no bairro de laran-jeiras, zona sul do rio de Janeiro. por achar o piano um instrumento muito solitrio, aos treze comeou a estudar obo e em pouco tempo j estava na classe do professor lus Carlos Justi, na universidade do rio de Janeiro. a partir de ento comecei a participar de orquestras jovens e festivais de msi-ca, o que me incentivou muito a estu-dar, diz o maestro. Conhecido como um dos mais requisitados maestros brasileiros de sua gerao, ele hoje o regente titular da sinfnica da bahia, corpo artstico integrado ao teatro Cas-tro alves e mantido pelo governo esta-dual atravs da secretaria de Cultura (secultba).

    graduado em obo pela universida-de Federal do estado do rio de Ja-neiro, prazeres acumula no currcu-lo uma ps-graduao realizada na academia da orquestra Filarmnica de berlim/Fundao Karajan, uma das instituies mais respeitadas do mundo nesta rea.

    do instrumento batuta - im-budo do desejo de expandir os hori-zontes musicais e viver experincias novas, sensibilizado pelas experin-cias acumuladas na temporada que passou na alemanha, decidiu arriscar novos voos: tornar-se maestro. ento, foi estudar regncia com o maestro isaac Karabtchevsky, um dos nomes mais respeitados no brasil e no mun-do. acho que foi algo muito natural. tambm pensei muito no lado insti-tucional. ter um projeto concreto para uma instituio e transform-la era

    CarloS PraZereS | PerFil

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    Maestro Carlos Prazeres

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    um sonho. realizo esse sonho a cada dia na orquestra sinfnica da bahia (osba).

    quando atuava como regente assis-tente da orquestra petrobras sinfnica (opes), em 2009, Carlos foi convidado pelo maestro ricardo Castro (ento diretor artstico da osba), para reger a sinfnica da bahia no tCa. aconte-ceu algo especial que no sei explicar. uma relao de cumplicidade com esta instituio fantstica que possui nomes to respeitados do meio musi-cal como os irmos robatto e o trom-petista heinz schwebel, s para citar alguns, explica. dois anos depois, re-cebeu o convite de moacyr gramacho, diretor do tCa, com recomendaes do prprio ricardo e destes msicos inte-grantes da osba. eles me alertaram para as dificuldades, mas elas s me fizeram me sentir mais atrado por este desafio, completa. o Comeo de uma nova osba nestes mais de quatro anos a frente da osba, prazeres desenvolveu como proposta central a redefinio do pa-pel da orquestra na sociedade. suas primeiras aes tiveram o objetivo de estabelecer novos dilogos e criar novos vnculos entre a orquestra e a cultura do estado. Com isto, a osba dobrou sua mdia de pblico e passou a lotar vrios dos seus concertos.

    para Carlos, as conquistas se devem a um conjunto de foras que deu certo. acho que o pblico foi a nossa maior recompensa por toda esta seriedade. hoje, a sociedade baiana se orgulha da osba e o carinho sentido em cada concerto, comenta.

    logo que chegou orquestra baiana, ele criou e batizou a programao anu-al dividida em sries de concertos com nomes de importantes persona-lidades da bahia, artistas que atravs do seu trabalho difundiram o nome e a cultura do estado para todo o mundo. assim surgiram as sries Jorge amado, glauber rocha, Caryb e manuel incio da Costa.

    tenho muito orgulho, mas ressalto que o

    resultado no se deve s ao meu empenho. poucas vezes na mi-

    nha vida profissional vi um grupo to srio

    e compenetrado no seu trabalho. a dis-ciplina, a entrega, a

    determinao destes msicos no poderia

    ter outro resultado.

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    Osba - Cine conerto Srie Glaueber Rocha

    alm da temporada de Concertos, a osba po-tencializou tambm a difuso da msica de cmara com o projeto Cameratas, realizando uma programao mensal de apresentaes gratuitas em diversas reas da capital baia-na, com foco principal na formao de novos pblicos. no incio da sua empreitada como gestor, colaborou para realizao do semi-nrio.osba, num encontro que reuniu, em 2011, grandes nomes na sala do Coro do tCa. especialistas e gestores de destaque no atual cenrio orquestral brasileiro discutiram e refletiram sobre os principais desafios das orquestras na atualidade.

    Foi a partir dos debates desse encontro, que se consolidou a ideia de publicizar a osba, que enfim se materializa neste ano de 2014. seria difcil enumerar as enormes vanta-

    gens deste processo para a instituio, mas entre elas uma maior agilidade de gesto, a possibilidade de captar patrocnios, lidar com estatutos e regras pensadas para a nossa pro-fisso, pontua prazeres.

    esta iniCiativa, J em Curso, transFere a partir de um edital pblico a gesto da orquestra das mos do governo estadu-al para os cuidados de uma organizao social, sem fins lucrativos. neste novo sis-tema, que deve vigorar a partir de 2015, o estado continuar repassando uma verba mensal para a manuteno da orquestra, mas a instituio, a partir de uma parceria com a sociedade civil, ter que buscar, jun-to a empresas e entidades interessadas, mais recursos para atingir as metas deter-minadas pelo estado. no tenho dvidas de que ser um marco fundamental para a

    orquestra e o incio de uma grande era para esta instituio, aposta.

    a partir desta nova realidade, prazeres enumera os desafios que esperam a sin-fnica: o maior deles o de se conhecer musicalmente. para isso ser necessrio um enfoque em pilares fundamentais da msica sinfnica, como a obra de bee-thoven, por exemplo. a osba precisa ser um organismo plural, capaz de incenti-var os novos compositores, registrar o que h de melhor (e h muita coisa boa) na msica de concerto da bahia.

    para o maestro, fundamental que osba te-nha estrutura adequada e condies dignas de levar sua arte para toda a bahia e, no mo-mento seguinte, para o brasil e para o mundo. e neste novo contexto, investir em educao e acessibilidade. precisa ter um programa educacional que faa a diferena, ter um vis social ainda mais eficaz e, sobretudo, conti-nuar arrebanhando legies cada vez maiores de fs para a msica de concerto, tornando o acesso a ela cada vez mais democrtico. so muitos os desafios, mas no tenho dvidas de que a osba vai venc-los.

  • Bahia: Terra da Cultura

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    FleGo renovaDo

    Jorge vermelho modiFiCa de-senho da gesto e d novo nimo aos bailarinos do bal do teatro Castro alves Jorge vermelho sempre atuou nas re-as do teatro e da dana, mas foi na fundao da sua Companhia de teatro, a azul Celeste, no interior de so pau-lo, que sua carreira ganhou projeo. alm disto, por nove anos foi diretor geral do Festival internacional de tea-tro de so Jos do rio preto. em 2009, convidado para assumir a curadoria artstica do bal teatro Castro alves (btCa), aceitou o desafio de propor um desenho de gesto que colocasse a experiente companhia de dana num novo caminho.

    no btCa, Jorge vermelho consegue dialogar com as duas linguagens (dana e teatro), fruto da sua ex-perincia na azul Celeste, o que possibilitou uma investigao pro-funda acerca do papel do intrprete e seus desdobramentos artsticos. a linguagem da dana o corpo e, cada vez mais, outras formas de ex-presso compem esse arsenal de ferramentas criativas disposio do intrprete e dos criadores, ex-plica vermelho, reconhecendo que o contato com o btCa revelou um novo olhar sobre como o teatro poderia re-verberar neste corpo da dana.

    Com mais de cinco anos frente da companhia de dana, verme-

    lho constata que a diversidade o grande propulsor dos resultados atuais do btCa. Com este pensa-mento, ele tem encarado o desafio de trabalhar com um grupo atual-mente composto por 36 bailarinos, cuja faixa etria varia entre 25 e 60 anos, sendo que alguns atuam des-de a fundao do bal, em 1981.

    ao assumir a figura de gestor, ver-melho passou a desenvolver cin-co ncleos de trabalho no btCa: difuso e Circulao; Formao de plateia e projetos especiais; extenso; pesquisa, memria e documentao; alm da produo tcnica. a ideia era apostar em novas perspectivas e mobilizar os bailarinos a experimentarem outras funes que no os limi-tassem a serem apenas intrpre-tes. acredito que a dana pode proporcionar experincias diver-

    Jorge Vermelho o curador artstico do BTCA

    JorGe vermelHo | PerFil

    Com a chegada da matu-ridade, os intrpretes do

    btCa apresentam uma forte experincia de palco e de vida. entender este corpo

    como um veculo de expres-so faz com que

    descubramos a real necessidade do encontro

    nesta diversidade.

    aden

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    rade

    CULtUra de Cara NOva

    sas, no somente vinculadas interpretao, mas pensando tambm na atuao dos profissionais em outras frentes, explica. algumas das mais recentes propostas artsticas so frutos de experincias e pesquisas dos prprios bailarinos da companhia, a exemplo de lbum de Famlia (2013) e gre-tas do tempo (2014), que atravs do dilogo com outras linguagens, propuseram resgatar memrias e fortalecer as relae