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    Reabilitao UrbanaBaixa Pombalina:bases para uma intervenode salvaguarda

    Cmara Municipal de LisboaLicenciamento Urbanstico e Reabilitao Urbana

    Coleco de Estudos Urbanos Lisboa XXI 6

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    Ficha tcnica

    EDIOCmara Municipal de Lisboa Pelourosdo Licenciamento Urbanstico, Reabilitao Urbana,Planeamento Urbano, Planeamento Estratgicoe Espaos Verdes

    PRESIDENTE

    Pedro Santana LopesVEREADORA

    Maria Eduarda Napoleo

    TITULOBaixa Pombalina:bases para uma interveno de salvaguarda

    COORDENAO DA EDIOJoo Mascarenhas Mateus (ed.)

    TEXTOS

    Joo Mascarenhas MateusVtor Cias e SilvaRui Melo

    Jorge MascarenhasTiago Lus

    Joo SeixasMargarida Pereira

    Jos Afonso TeixeiraMaria Fernanda CruzeiroAntnio Srgio de CarvalhoMaria Clara VieiraCarla Ferreira BritoCristina Alves PereiraIsabel Amaro

    Joo CouceiroVtor Lopes

    Jos Manuel ViegasLus Malheiro da SilvaIsabel PereiraCarlos AndradeRita MgreHlia SilvaAna GonalvesRolando Borges MartinsRui Leito

    COORDENAO DA PRODUOHelena Caria

    EQUIPA TCNICACristiana Afonso

    Ana GracindoConceio PeixotoLeonor MartinsSandra Veiga

    DESIGN GRFICOSilva! DesignersREVISOHelena SoaresIMPRESSOEuro-Scanner

    Direco Municipal de Gesto UrbansticaDepartamento de Monitorizao e Difuso deInformao Urbana

    Diviso de Difuso de Informao UrbanaCampo Grande, n. 25 4. C, 1749-099 LisboaTel. 21 798 89 96 / Fax 21 798 80 34

    Tiragem: 1000 exemplaresISBN: 972-8877-04-8Depsito legal 229235/05Lisboa, Junho 2005Todos os direitos reservados, em todos os idiomas. Proibidaa reproduo total ou parcial, por qualquer forma ou meio,de textos e imagens, sem prvia autorizao da CmaraMunicipal de Lisboa. Qualquer transgresso ser passvelde penalizao, prevista na legislao portuguesa em vigor.

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    Reabilitao Urbana

    Baixa Pombalina:bases para uma intervenode salvaguarda

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    4 Prefcio

    A reabilitao urbana tem constitudo uma das linhasprioritrias da nossa actuao desde o incio do man-dato autrquico em 2002. Atrair novos residentes efixar as populaes dos bairros histricos da Cidadeserviu para criar dinmicas sociais e econmicas fortese geradoras de desenvolvimento nas zonas de Lisboacuja alma deve ser conservada.

    Temos centenas de edifcios reabilitados, uma novaconscincia da importncia e da riqueza do nosso patri-mnio e uma nova cultura de cidade. Os resultados sovisveis para quem se desloca ao longo das colinas deLisboa: conjuntos de edifcios, libertos dos sinais deabandono e da degradao lenta a que tinham sido dei-xados. Aces que nos permitem apreciar e redescobriros elementos que fazem de Lisboa uma cidade deHistria e com monumentos e construes menos eru-ditos combinados num equilbrio nico, irrepetvel. ABaixa Pombalina faz parte integrante e central destaLisboa histrica que se deve projectar no futuro e que

    deve ser reconhecida internacionalmente.Desde os tempos remotos da fundao da cidade, a

    zona da Baixa foi ocupando uma centralidade cres-cente da capital de pas. Nela estavam implantados,entre outros edifcios emblemticos, o Arsenal, aCasa da ndia, a Alfndega, o Pao da Ribeira, aPatriarcal e o Palcio da Inquisio. Smbolos de umaNao que se projectava no comrcio com frica, andia e o Brasil.

    O terramoto de 1755 e a reconstruo pombalinarecriaram esta centralidade do universo portugusnum plano urbanstico nico no Mundo. Com otempo, a Baixa foi sendo enriquecida com elementosda modernidade e hoje constitui um exemploexcepcional da associao contnua de vrios sculos,geraes, vontades e estilos.

    Encontrmos a Baixa Pombalina mais ou menosmal tratada e deixada sua sorte. Por isso, desde aprimeira hora, trabalhmos no sentido de actuarrapidamente nas situaes de urgncia.

    Crimos a Unidade de Projecto da Baixa-Chiadopara operacionalizar as intervenes de reabilitao.Recupermos os fundos destinados zona sinistradapelo incndio de 1988, estabelecendo o FundoRemanescente da Reconstruo do Chiado como ins-trumento de interveno numa rea mais alargada.Estabelecemos uma sociedade de reabilitao urbanaespecfica para a zona da Baixa.

    Inicimos o processo para a libertao da Praa doComrcio de parte das reparties ministeriais parapoder introduzir novas valncias e equipamentospara uma reabilitao sustentvel. A Praa do Comrciodeve deixar de ser um simples local de atravessamen-to entre a comutao de transportes ou um lugarcego de representao do poder sem uma alma dialo-gante com o resto da Cidade.

    Passmos depois ao sinal forte da mega-empreita-

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    da lanada para Rua da Madalena, marcando ummomento de viragem e retoma da vitalidade daBaixa. Pusmos em marcha o processo daCandidatura deste conjunto Lista do PatrimnioMundial depois de termos discutido publicamente asua excepcionalidade. Atramos a ateno dos lisboe-tas e dos portugueses para a sua importncia como

    lugar de memria.Paralelamente, fomos trabalhando no sentido de

    conhecer melhor as qualidades, os defeitos, as limita-es e os problemas com que a Baixa se debate, como objectivo de estabelecer um diagnstico capaz defundamentar uma interveno sustentada de salva-guarda.

    A presente obra reflecte o esforo desenvolvido naabordagem multidisciplinar necessria para compre-ender a complexidade de um centro histrico toimportante para Lisboa e para Portugal.

    Reunimos os melhores estudos que tm vindo a ser

    desenvolvidos sobre a Baixa Pombalina: levantamen-to do estado de conservao, monitorizao dos indi-cadores para a sua proteco, anlise socio-econmi-ca dos residentes e das actividades comerciais e estu-dos de regulamentao. Estudos que so acompanha-dos pelas reflexes de quem tem responsabilidadesdirectas na gesto urbanstica, no licenciamento e nareabilitao.

    Um documento que nos enche de orgulho peloenorme trabalho realizado pelos vrios departamen-

    tos da Cmara Municipal de Lisboa. Para todos osque contriburam na elaborao dos textos, na coor-denao do livro e para todos os que nele colabo-raram, vai a minha palavra de apreo e de felicitaopor uma obra que, estou certo, enriquece os estudosolisiponenses.

    Na Baixa devem ser conservadas todas as activi-dades e ofcios que sempre fizeram dela a sua alma.

    Os seus valores patrimoniais, artsticos e de paisa-gem urbana histrica precisam de ser preservados.Uma aco de salvaguarda que necessita ainda devrios anos, na senda dos resultados que alcanmos.

    A gesto de um stio histrico como a BaixaPombalina, que j conheceu tantos sculos de vonta-des, deve continuar no caminho da sua conservao,proteco e revitalizao para poder ser transmitidas geraes futuras. Lisboa merece!

    PEDRO SANTANA LOPESPresidente da Cmara Municipal de Lisboa

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    6 Apresentao

    A presente obra, integrada na Coleco de EstudosUrbanos Lisboa XXI, destina-se a divulgar umavez mais os estudos que a Cmara Municipal deLisboa tem desenvolvido em reas especficas relaci-onadas com o Urbanismo. Constitui o primeiro volu-me da coleco que integra textos dedicados exclusi-vamente ao mbito do Pelouro da ReabilitaoUrbana, e como tal, apresenta-se com uma capa decor diferente da dos estudos j publicados no mbitodos pelouros da Gesto Urbanstica e do Planea-mento Urbanstico. , no entanto, j a segunda obrapublicada pela presente Edilidade no campo da reabi-litao urbana e a terceira dedicada exclusivamente conservao da Baixa Pombalina, centro histricoemblemtico da cidade de Lisboa.

    O primeiro livro no sector da Reabilitao, inti-tulado Obras de Conservao e Restauro Arqui-tectnico e publicada em 2003, serviu para col-matar a lacuna importante da falta de um texto

    modelo para as condies tcnicas especiais destetipo de obras e para colocar a Cmara Municipalde Lisboa como a primeira do Pas a munir-se deum texto to inovador no sector da uniformizaoe da regulamentao das boas prticas de inter-veno.

    O texto que aqui dado estampa surge tambmcom objectivos ambiciosos e abrangentes e destina--se a servir de instrumento tcnico para melhorintervir na Baixa Pombalina, para a qual se tem tra-balhado esforadamente no sentido da sua protecocomo stio histrico monumental.

    Pela primeira vez, a Cmara Municipal de Lisboapublica os estudos e trabalhos recentes que temdesenvolvido para avaliar de forma integrada osvrios componentes que devero justificar e basear asintervenes de salvaguarda de que a Baixa Pom-balina necessita. Estas anlises foram classificadassegundo os seguintes temas principais:

    o levantamento do estado de conservao; a avaliao econmica;

    a problemtica da regulamentao; o relato de experincias recentes por partedos protagonistas com responsabilidades di-rectas na gesto urbanstica e na reabilitaourbana.

    Muito do trabalho que aqui apresentado d aconhecer estudos e anlises que podem parecer noter tido consequncias directas na operacionalidadedas intervenes e, como tal, aparentemente poucovisveis. Intervir de forma fundamentada, e nosegundo os impulsos e as exigncias do momento,tem constitudo o critrio que tem norteado a elabo-rao dos presentes estudos, que certamente passa-ro a constituir uma referncia incontornvel para afutura gesto da Baixa Pombalina porque se tratamdos primeiros estudos e porque se trata dos primei-ros elaborados de forma a integrar as mltiplas pro-blemticas que devem ser abordadas na complexida-

    de apresentada pela Baixa como stio histricomonumental excepcional.

    Nunca se falou tanto da Baixa Pombalina. O inte-resse profundo levantado pela expectativa da suacandidatura Lista do Patrimnio Mundial serviucomo um potente instrumento para desencadear umasrie de sinergias nunca antes dedicadas a uma reato vasta e com um significado histrico e patrimoni-al to importante para a nossa cidade.

    As jornadas de Outubro de 2003 dedicadas aodebate pblico sobre a importncia da BaixaPombalina para o Patrimnio Mundial permitiram

    uma vez por todas afirmar a vontade de a Autarquiaassumir a sua salvaguarda e impedir intervenesatentatrias da sua integridade e autenticidade.

    A aprovao desta iniciativa, por unanimidade dasforas polticas representadas na reunio da CmaraMunicipal, e a constituio de um ConselhoCientfico para acompanhamento do dossier final decandidatura permitiram inserir este centro histriconum projecto nacional de reconhecimento alm-fron-

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    teiras do patrimnio da cidade. Neste mbito foiorganizada a exposio Baixa Pombalina: 250 anosem imagens, no dealbar da evocao do Terramotode 1755, que atraiu um nmero superior a 5000 visi-tantes e chamou a ateno do pblico em geral paraa importncia da memria histrica da Baixa, contri-buindo certamente para identificar os lisboetas e osportugueses com este projecto de reconhecimentointernacional do nosso patrimnio.

    Esta procura da excelncia na proteco e na con-servao da Baixa Pombalina foi acompanhada pelacriao da Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, doFundo Remanescente de Reconstruo do Chiado ede vrios Programas como o Chiado com Cor. Amega-empreitada lanada para a Rua da Madalenapermitiu, com carcter de urgncia, conter a degra-dao numa zona da Baixa particularmente abando-nada e reabilitar um total de 27 de edifcios. Fechar atotalidade de um eixo virio to importante signifi-

    cou uma iniciativa indita da Cmara Municipal pelaamplitude dos meios utilizados e permitiu dar umsinal forte para o incio de um novo marco na hist-ria da Baixa Pombalina.

    A criao destas estruturas e a implementao demedidas claras de interveno permitiram efectivarno terreno uma poltica mais precisa e afinada degesto que foi necessrio testar e para a qual neces-sria uma avaliao contnua de eficcia por parte doPelouro da Reabilitao Urbana.

    Depois desta primeira fase de experincias final-mente possvel passar a uma segunda fase na imple-

    mentao de um modelo de gesto para a BaixaPombalina. Com o estabelecimento da Sociedade deReabilitao Urbana (SRU) da Baixa Pombalina pre-tende-se agora que os cuidados na salvaguarda daintegridade e da autenticidade no conjunto histricosejam compatibilizados com as aces de dinamizaodo seu imobilirio e com a sua promoo como zonadinmica onde ser possvel investir segundo regrasde excelncia e qualidade.

    Neste ano de 2005, a evocao dos 250 anos doTerramoto de 1755, organizada pela Vereao daCultura, traduzir-se- em mais uma srie de iniciativasque aprofundaro os estudos olisiponeneses relativa-mente Baixa Pombalina e atrairo a ateno do pbli-co em geral e dos estudiosos para os aspectos pluraisenvolvidos na sua gnese urbanstica e cientfica: cir-cuitos temticos distribudos por toda a zona e umagrande exposio multidisciplinar num local especial-mente libertado na Praa do Comrcio para poderconstituir o futuro centro interpretativo deste centrohistrico. Iniciativas complementadas com a publicaode um conjunto de novas monografias e de reediesfac-similadas de obras fundamentais para a compreen-so do fenmeno Baixa Pombalina.

    Uma poltica coordenada, pois de integrao, dascomponentes fundamentais: Urbanismo, ReabilitaoUrbana e Cultura, na qual se insere no momentojusto, a presente publicao.

    Uma publicao que nos ajudar a todos a reflectir,decidir e intervir na Baixa Pombalina de forma atransmitir este stio histrico e monumental, heranade Lisboa e de Portugal, na sua forma mais ntegra eautntica s futuras geraes e a todo o Mundo.

    MARIA EDUARDA NAPOLEOVereadora dos Pelouros da Reabilitao Urbana,

    Licenciamento Urbanstico,

    Planeamento Estratgico e Espaos Verdes

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    8 Prlogo

    A presente recolha indita de textos reflecte o traba-lho multidisciplinar de vrias equipas que nos lti-mos anos se tm dedicado ao estudo e prtica quo-tidiana da gesto e da reabilitao da BaixaPombalina.

    Os textos foram organizados de forma a tratar osmomentos fundamentais de qualquer aco deConservao Arquitectnica: o estudo, o levantamen-to do estado da situao actual, o diagnstico, a deci-so e a interveno propriamente dita.

    O primeiro captulo aborda sucessivamente os ins-trumentos e os mtodos que tm vindo a ser aplica-dos pela Cmara Municipal de Lisboa no levan-

    tamento de todos os indicadores necessrios aodiagnstico e deciso de interveno. So sucessi-vamente tratados os temas do livrete do edifcio, quede forma experimental tem vindo a ser aplicado pelaUnidade de Projecto da Baixa-Chiado; as tcnicas delevantamento, inspeco e ensaio necessrias reabi-litao estrutural; a monitorizao dos nveis freti-cos e dos assentamentos no acompanhamento dascondies geotcnicas e de segurana das fundaesdos edifcios. Este primeiro captulo finalizado comdois artigos dedicados a sectores indispensveis paraum levantamento completo e ajustado s caracters-

    ticas prprias da Baixa Pombalina: a importncia daintegrao da investigao dos arquivos do processoda reconstruo e a necessidade da inventariao dariqueza dos interiores dos edifcios, como instrumen-to de base para a sua salvaguarda.

    Tratados os aspectos do levantamento arquitec-tnico, estrutural e patrimonial atravs da integra-o de mtodos baseados em inquritos, em testes eensaios in situ e em laboratrio, na investigao

    arquivstica e no registo fotogrfico documental,segue-se um captulo dedicado anlise scio-econ-mica da Baixa Pombalina, enquanto stio histricomonumental a proteger.

    Num centro histrico vivo como a Baixa, olevantamento do estado da situao actual deveabordar a complexidade no s da conservaoarquitectnica como tambm o estado de dinamis-mo e de sade do seu tecido scio-econmico. Narealidade, impossvel dissociar qualquer intenode conservao arquitectnica do estabelecimentode condies de sustentabilidade que permitam queessa conservao seja garantida ao longo do tempo.

    Essas condies passam no s por conservar asvariadas actividades comerciais tradicionais quefazem da Baixa um emprio nico no Mundocomo tambm por dinamiz-las. Uma dinmica quedeve permitir pela qualidade, pela excelncia epela localizao estratgica e interdependente dosvrios estabelecimentos comerciais manter umtecido comercial so, competitivo e mais indepen-dente das convulses e estratgicas cclicas demerchandising.

    O primeiro texto a abordar este aspecto ofereceum retrato da relao entre a demografia residencial

    e a economicamente activa e apresenta uma estrat-gia para a sua optimizao. Tudo baseado no censusde 2001 e nos dados actualizados recolhidos pelaCmara Municipal de Lisboa. O segundo textoreflecte as inciativas levadas a cabo pelos ltimosmandatos da Cmara Municipal de Lisboa para arevitalizao do comrcio tradicional e para os aspec-tos positivos e negativos da sua coexistncia com osnovos comrcios.

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    O captulo termina com o relato do trabalho deacompanhamento destinado a assegurar a exignciada mxima qualidade possvel na conservao dosinteriores de lojas tradicionais durante intervenesde reabilitao. Intervenes que sejam respeitadorasdo valor patrimonial do mobilirio, dos revestimen-tos, dos elementos ornamentais e decorativos e quesalvaguardem a memria das actividades comerciaisprecedentes e caractersticas de cada um dos quartei-res da Baixa Pombalina.

    Segue-se um cptulo dedicado ao trabalho que aCmara Municipal de Lisboa tem desenvolvido nocampo da uniformizao de critrios de interveno

    de salvaguarda nesta zona histrica da cidade. Soassim apresentados os estudos realizados para o esta-belecimento de um regulamento, de um plano decores, de normas de boa prtica para a conservaodos revestimentos das fachadas, do controlo faseadodo trfego rodovirio e para as estratgias de melho-ria das condies ambientais locais.

    Apresentados os resultados dos estudos multidis-ciplinares de levantamento de diagnstico e de meto-dologias de interveno, so descritas de forma sin-ttica as actuaes dos departamentos da CmaraMunicipal de Lisboa e dos organismos que directa-

    mente tm responsabilidades na Gesto Urbansticae na Reabilitao Urbana da Baixa Pombalina.

    A Gesto Urbanstica abordada a partir dasperspectivas do licenciamento urbanstico e do pontode vista da integrao dos resultados das vistoriaspatrimoniais no processo de deciso. A viso da pr-tica da Reabilitao Urbana dada a partir dos rela-tos da Unidade de Projecto da Baixa-Chiado e doFundo Remanescente de Reconstruo do Chiado,

    que aqui apresentam um resumo da sua experincia edos resultados obtidos at data. No futuro, a dina-mizao do mercado imobilirio competir Sociedade de Reabilitao Urbana (SRU) da BaixaPombalina, depois de os seus planos e documentosestratgicos serem aprovados. Por essa razo, tam-bm apresentado um texto sinttico sobre a estrat-gia desta empresa municipal.

    A partir da leitura de todo este conjunto variadode relatrios e relatos ser possvel compreendercomo se pode dar por terminada uma primeira fasede consolidao de conhecimentos e de avaliaogeral da situao da Baixa Pombalina. Uma primeira

    fase dedicada ao levantamento, ao diagnstico e sprimeiras intervenes de urgncia. Destinada aobter uma viso abrangente que permitiu identificara complexidade dos componentes e dos valores patri-moniais a conservar na Baixa Pombalina. Como ottulo da obra o indica, estudos indispensveis queconstituem as bases de uma interveno de salva-guarda que deve ser necessariamente constante, con-tnua, quotidiana e objecto de melhoramentos pro-gressivos.

    JOO MASCARENHAS MATEUSCoordenador da edio

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    11ndice

    O levantamento do estado da conservaoe a monitorizao de indicadores

    O livrete do edifcio: um instrumento parao diagnstico e a conservao da BaixaPombalinaJoo Mascarenhas Mateus (GVEN CML) 13

    Tcnicas de levantamento, inspeco e ensaiode edifcios antigos com vista sua reabilitaoestrutural. Aplicao ao caso dos edifciospombalinosVtor Cias e Silva (OZ) 19

    Um ano de monitorizao dos nveis freticose dos assentamentos na Baixa PombalinaRui Melo (DORS CML) 33

    Importncia da Dcima da Cidade de Lisboapara o entendimento do longo processode construo e evoluo dos edifciosde rendimento da Baixa PombalinaJorge Mascarenhas (Instituto Politcnico de Tomar) 47

    A importncia da conservao dos interioresda Baixa PombalinaTiago Lus (UPBC CML) 53

    A avaliao econmica e as perspectivasde dinamizao das actividades comerciais

    A Baixa Pombalina: anlise scio-econmicade um centro mercantil europeu no inciodo sculo XXIJoo Seixas (CET ISCTE) 69

    Revitalizao do comrcio tradicionale coexistncia com novas actividades comerciaisna Baixa PombalinaMargarida Pereira, Jos Afonso Teixeira,

    Maria Fernanda Cruzeiro (UNL e DMAE CML) 83

    As lojas tradicionais da Baixa. Desafios

    presentes e futurosAntnio Srgio de Carvalho (GVEN CML) 93

    Estudos para uma regulamentaode salvaguarda

    Uma proposta de regulamento para a BaixaPombalinaMaria Clara Vieira, Carla Ferreira Brito,

    Cristina Alves Pereira, Isabel Amaro,

    Joo Couceiro (DMCRU CML) 103

    O Plano de Cores para o territrio da Baixa e asargamassas para uma conservao das fachadasVtor Lopes (UTL, FRRC CML) 121

    Directivas para um Plano de Pormenorde controlo do trfego rodovirio na BaixaPombalinaJos Manuel Viegas (IST UTL) 139

    A melhoria das condies ambientaisLus Malheiro da Silva (LMSA) 147

    A experincia da gesto urbansticaO licenciamento na Baixa PombalinaIsabel Pereira, Carlos Andrade (DMGU1 CML) 157

    A gesto urbanstica e a salvaguardado patrimnio. A Baixa Pombalina tendnciase prticasHlia Silva, Rita Mgre (DMGU DMDIU CML) 165

    A actuao da Reabilitao Urbana

    A Unidade de Projecto da Baixa-Chiadoe a defesa do seu patrimnioAna Gonalves (UPBC CML) 179

    A SRU da Baixa PombalinaRolando Borges Martins

    (SRU Baixa Pombalina) 195

    Reabilitao Urbana do ChiadoRui Leito(FRRC CML) 203

    Anexo 211Siglas 239Agradecimentos 241

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    1O levantamento do estado

    de conservaoe a monitorizao

    de indicadores

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    13O livrete do edifcio:um instrumento parao diagnsticoe a conservao

    da Baixa PombalinaJoo Mascarenhas MateusGVEN CML

    Produzir um instrumento que permitisse avaliar oestado de conservao da Baixa Pombalina de formacompleta e sistemtica constituiu o enunciado dasolicitao que me foi feita, em 2002, pela Sra.Vereadora Maria Eduarda Napoleo.

    Pretendia-se, antes de mais, obter os indicadoresnecessrios para compreender os problemas com quea Baixa Pombalina se debate quotidianamente e esta-belecer uma viso o mais geral e completa possveldo seu estado de conservao.

    Modelos e experincias

    antecedentesNo momento em que deveriam ser iniciadas as

    primeiras campanhas de vistorias sistemticas dazona, revelou-se pertinente conhecer experin-cias equivalentes mais prximas no s geogrfi-ca como tipologicamente. Da ter sido efectuadauma anlise prvia do caso espanhol e do casoitaliano.

    Foi assim possvel constatar que em Espanha, eem particular em Madrid, desde 1999 obrigatria aInspeco Tcnica dos Edifcios1 (ITE), que certifica

    o seu estado de conservao relativamente a quatroaspectos:

    1. estado geral da estrutura e das fundaes;2. estado geral das fachadas exteriores, do tardoz

    e das paredes meeiras dos edifcios;3. estado geral da conservao das coberturas e

    do sistema de drenagem;4. estado geral das canalizaes e da rede de

    saneamento do edifcio.

    Esta inspeco, obrigatria para edifcios commais de 30 anos, baseia-se numa anlise visual masque prev a realizao de todos os testes e sondagenscomplementares que se considerem necessrios paraavaliar o estado de segurana construtiva de cada umdos elementos. O Municpio de Madrid tem o poder

    de definir quais os edifcios que devem ser sujeitos ITE, procedendo, para o efeito, ao envio de uma cartaregistada ao proprietrio em que fixado o prazopara cumprir esta obrigao.

    Paralelamente, o caso italiano, que tive a ocasiode acompanhar desde a publicao do primeiro diplo-ma legal em 1999, teve a ver com a instituio dodenominado Fascicolo del Fabbricato, ou Fascculo doEdifcio. Uma iniciativa que, na poca, esteve muitoassociada necessidade urgente de responder legal-mente a uma srie de numerosos casos de colapso deedifcios, cujas obras de alterao no tinham sidolicenciadas e que foram responsveis por um elevadonmero de vtimas mortais.

    O Fascicolo del Fabbricato nasceu assim em Romacomo uma ficha, a preencher por diversos especialistas(engenheiros civis, geotcnicos, arquitectos), para osquais foram publicadas tabelas de honorrios em funode cada especialidade e das caractersticas de cada frac-o, da sua rea, da sua antiguidade e da sua situaogeogrfica. Destinava-se a registar e manter actualiza-da uma base de dados em que todos os edifcios fosseminventariados relativamente sua situao estrutural.

    Na ltima pgina do documento era possvel certificara integridade estrutural do edifcio ou a necessidade darealizao urgente de obras de consolidao ou reforo.

    A adopo do modelo inicial deu origem noutrasregies italianas a outros instrumentos legais directa-mente ligados ao cadastro dos edifcios, uma espciede Conservatria do Registo da Incolumidade dosEdifcios2, como a instituda na regio da Campnia.

    O preenchimento do Fascicolo del Fabbricatopassoua ser obrigatrio em funo da data da construo decada edifcio, segundo a seguinte calendarizao:

    at 31de Maro de 2005, para os edifcios cons-

    trudos antes de 1939; at 31 de Maro de 2006, para os edifcios cons-

    trudos entre 1940 e 1971; at 31 Maro de 2008, para os edifcios constru-

    dos de 1972 em diante.

    Para os edifcios em construo e para os constru-dos depois da data de aprovao deste diploma legal(4 de Novembro de 1999), passou a ser obrigatria a

    1 A InspeccinTcnica de EdifcOrdenanza delAyuntamiento deMadrid, de29.1.1999 faz parda Ordenanza sConservacin,Rehabilitacin yEstado ruinosos las edificaciones

    2 Istituzione delRegistro Storico-Tecnico-Urbanisdei fabbricati ai fdella tutela dellaPubblica e PrivatIncolumit LegRegione Campan22 ottobre 2002.

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    14 na monitorizao, aps as intervenes estra-

    tgicas de reabilitao; na gesto corrente do stio histrico monu-

    mental, que se prev venha a ser classificadocomo Patrimnio Mundial.

    Foi com o objectivo de responder a estas vriasexigncias que elaborei ento, em 2002, um prottipode um documento que foi denominado Livrete doedifcio. Um livrete porque se compe de vrios fas-cculos, cada um deles dedicado a uma classe de infor-maes indispensveis avaliao do estado de con-servao do edifcio. Inspirado sobretudo no Fascicolodel Fabbricatoitaliano, este documento mais amplo etenta abraar a complexidade das vrias perspectivasde avaliao do patrimnio arquitectnico.

    O livrete iniciado pelo preenchimento de um con-junto de dados de carcter geral relativos localizao,uso, idade, morfologia geral, condies de habitabilidaderelativa a cada fraco, nveis de classificao e protecopatrimonial. Segue-se um conjunto de oito fascculos:

    Fascculo 1 aprofunda a situao jurdica e ins-titucional do edifcio, atravs de uma anlise pro-cessual. Em particular o registo cadastral, as li-cenas de habitao, as licenas existentes para oprojecto inicial, para as variantes e para as alte-raes e a identificao de servides;

    Fascculo 2 analisa a situao econmica doedifcio, sobretudo no que respeita s fraces

    devolutas e ao tipo de propriedade das mesmas; Fascculo 3 dedicado anlise do estado de con-

    servao arquitectnica, em particular s condiesdos revestimentos das fachadas, existncia de ele-mentos dissonantes, de elementos arquitectnicosacrescentados ou demolidos, conservao dascoberturas e dos sistemas de drenagem pluvial etambm ocupao abusiva de sagues e fachadas;

    Fascculo 4 recolhe a informao relativa segu-rana estrutural do edifcio, no que se refere a pro-jectos e a estudos estruturais e geotcnicos exis-tentes, orografia do terreno de implantao,

    tipologia e ao estado de conservao das estrutu-ras portantes, das estruturas horizontais, dascoberturas, dos terraos e das escadas, permitindotambm o registo das patologias e leses estrutu-rais mais importantes e a sua relao com altera-es introduzidas ao longo do tempo;

    Fascculo 5 avalia a segurana contra o risco deincndio, em especial o nmero e a localizao dasescadas e das bocas de incndio, o plano de eva-

    apresentao do fascculo devidamente preenchidopara a obteno da licena de habitao ou de uso.

    A partir da anlise destas duas experincias, foipossvel ento equacionar o tipo de instrumento queseria mais apropriado para a Baixa Pombalina.

    O mtodo italiano dava sobretudo nfase ao esta-do de conservao estrutural, segurana do edifica-do, possivelmente induzido pela realidade dos casosde desastre recentes.

    O exemplo espanhol apontava para a necessidadede constituir um observatrio das condies priorit-rias para a manuteno da integridade do edificado: asegurana estrutural, a envolvente ou envelope fsicodo edifcio (as paredes portantes exteriores, interio-res e as coberturas) e as infra-estruturas cuja menorconservao pode implicar o aumento considerveldo factor gua, responsvel pelos principais fen-menos de deteriorao.

    Na Baixa Pombalina, toda esta informao era ne-cessria para um diagnstico da situao actual, masrevelava-se insuficiente para obter a j referida visocompleta e de complexidade dos factores que neces-srio avaliar na sua conservao como centro histrico.

    Foi assim tomando forma a ideia de um Bilhete deIdentidade do edifcio, em que fosse registada a suaorigem, evoluo e caractersticas actuais, e que permi-tisse posteriores actualizaes, acompanhando a vida

    de cada edifcio. Um Bilhete de Identidade que, com otempo, passasse a constituir uma base de dados tilpara o inventrio arquitectnico da Baixa Pombalina.Uma fonte de informao actualizvel constantementeque em qualquer momento permitisse fornecer infor-maes diversas, segundo filtros diferentes, consoan-te a imagem instantnea, relativa a um determinadoaspecto, que fosse exigida para cada momento.

    A ideia de um Bilhete deIdentidade para cada edifcio

    A reabilitao da Baixa Pombalina necessita dedispor em tempo real de indicadores operativos denaturezas muito diversas. Estes indicadores perma-nentemente actualizados permitiro definir as priori-dades das intervenes a todos os nveis e momentos:

    na implementao das operaes a prever nosdocumentos estratgicos elaborados pela Socie-dade de Reabilitao Urbana Baixa Pombalina;

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    15cuao em caso de emergncia e a identificaodas fraces com problemas de segurana no querespeita presena de equipamentos e materiaisfacilmente inflamveis ou inexistncia de sadase de sinaltica de alarme e emergncia, bem comoa condio das chamins e dos sistemas de com-

    busto e aquecimento; Fascculo 6 reflecte a funcionalidade a nvel dos

    acessos, em particular a localizao, a capacidadedos elevadores, a presena de barreiras arquitec-tnicas para deficientes, a existncia de parques deestacionamento no interior do edifcio ou o nme-ro de lugares disponveis na via pblica;

    Fascculo 7 analisa a funcionalidade a nvel dosequipamentos. Neste fascculo so registados osdados relativos localizao e ao estado de conser-vao das redes de abastecimento de gua, de esgo-tos, das instalaes elctricas, de gs, das telecomu-nicaes, dos elevadores. Nele so tambm regista-dos dados que permitem a avaliao do nvel de con-forto trmico e acstico de cada fraco;

    Fascculo 8 recolhe a informao relativa scondies higinico-sanitrias dos edifcios, emparticular a situao dos certificados de inspec-o sanitria das fraces comerciais, das instala-es sanitrias e da exausto de fumos.

    Parte da avaliao efectuada ao longo dos oito fas-cculos feita por confronto com o exigido no Regu-lamento Geral de Edificaes Urbanas (RGEU). No

    que se refere classificao de mau, mdio e bomna avaliao do estado de conservao do edifcio, estimplcita a utilizao dos diversos nveis de reabilita-o (profunda, mdia ou ligeira). Estes nveis so ba-seados na percentagem de determinadas classes deobras (envelope exterior e interior das habitaes) em

    relao ao volume total das obras de que o edifcionecessita, semelhana das que foram simuladas nosestudos do Instituto dos Mercados de Obras Pblicase Particulares e do Imobilirio (IMOPII)3.

    O livrete termina com uma relao tcnica sinttica emque possvel resumir as principais classes de deficinciasencontradas e, se necessrio, o tipo de aces imediatas atomar de forma a garantir a segurana dos ocupantes doedifcio ou as condies sanitrias e de salubridade.

    Teste e implementaoNasceu assim um instrumento capaz de assegurar

    a monitorizao no s de uma fraco habitacionalou comercial, mas tambm de um edifcio singular ede um quarteiro no seu todo.

    Para a implementao do Livrete do Edifcio naBaixa Pombalina, para a qual foi estimada uma popula-o total de 897 edifcios, foram propostas duas fases.

    Uma primeira fase, iniciada em 2002 com as vis-torias efectuadas pela Unidade de Projecto da Baixa-Chiado (UPBC) (fig. 1 e 2).

    3 PONTES, J.Pereira (2003)Frmulas de revde preos paratrabalhos dereabilitao deedifcios de habit

    Actas do 3 Encorsobre conservaoe reabilitao deedifcios, Lisboa,LaboratrioNacional deEngenharia Civi26-30 Maio de 2pp. 1341-1346.

    Fig.1-

    Zonamento

    preliminar usa

    pela Unidade

    de Projecto da

    Baixa-Chiado

    durante a

    primeira fase

    de implementa

    do livrete

    do edifcio.

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    Desde o incio da concepo do livrete que foi pre-vista a sua informatizao, em duas verses: uma ver-so mais completa para estaes desktop e outra,mais leve, de possvel utilizao em computadorespalmares, a empregar pelas vrias equipas das visto-rias. Tambm, desde a primeira hora, houve a preo-

    cupao de permitir o intercmbio de informao dee para os sistemas de bases de dados suportados porsistemas de informao geogrfica (SIG), j usadospela Cmara Municipal de Lisboa.

    A primeira verso do Livrete do Edifcio, em quej foi considerada a denominao dos campos usadospelo SIG4 implementado pela CML, a que se apre-senta em anexo a este texto, depois de trabalhadapela Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, em parti-cular pelo topgrafo Lus de Sousa Martins e pelaarquitecta Patrcia Lago.

    Tendo em conta estes critrios de pragmatismo ede utilidade, esta primeira fase foi dedicada a uma

    aplicao experimental do livrete e serviu sobretudopara utilizar o prottipo como check-list ou matrizpara a elaborao de fichas simplificadas. Estas fichas,destinadas a recolher essencialmente os dados fora dogabinete, durante as vistorias, limitaram-se a abordaros aspectos que se revelaram prioritrios para as

    intervenes que tm vindo a ser realizadas na zona,entre as quais a mega-empreitada para a Rua daMadalena. As fichas permitiram recolher a informa-o relativa sobretudo ao fascculo 3 e ao fascculo 6.

    Para o preenchimento dos restantes fascculosser agora necessria a contribuio de tcnicos dosdomnios da engenharia estrutural, geotcnica, elec-trotcnica e mecnica, assim como de tcnicos dosBombeiros e de tcnicos especializados na inspecosanitria de imveis.

    Presentemente, com os dados recolhidos noutrascampanha de vistorias realizadas pela Unidade deProjecto da Baixa Pombalina, ser j possvel preen-

    Fig. 2 Primeira fase das vistorias efectuadas pela Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, at Maio de 2004.

    4 PINA Susana,SEABRA Ana Lusa

    (2000) Manual deutilizao do SIG da

    reabilitao urbana,Cmara Municipal de

    Lisboa, DirecoMunicipal de

    Reabilitao Urbana,Diviso de

    PlaneamentoUrbano da

    Reabilitao Urbana,Lisboa.

    16

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    Em anexo no final do livro:Uma cpia do livrete na sua verso mais recente depois de o

    layout do prottipo ter sido tratado pelos tcnicos da UPBC.

    17cher parte dos fascculos 1, 2, 4, 7 e 8 e grande partedos fascculos 3 e 6 do Livrete do Edifcio. Uma novainspeco sistemtica levada a cabo pelo Servio deBombeiros permitir o preenchimento do fascculo 5.

    Para a segunda fase de desenvolvimento do livrete necessrio tambm simplificar as perguntas de

    forma a obter um leque limitado de respostas poss-veis. A base de dados ser assim composta essencial-mente de campos fechados e de mais fcil gesto.

    Com o processo de candidatura da Baixa Pom-balina a Patrimnio da Humanidade, o livrete deverser completado com campos que integrem a recolhade indicadores capazes de avaliar a integridade e aautenticidade deste stio histrico e monumental.Esta classe de indicadores dever incluir, entre ou-tros aspectos, a observao da conservao:

    da cornija do 3 piso; das escadas originais dos edifcios; da percentagem dos vos em relao superfcie

    total das fachadas; da percentagem de reas com interiores originais.

    Mais recentemente, em Portugal, tambm foi ela-borada, durante o ano de 2003-2004, pela Secretariade Estado da Habitao, uma ficha de avaliao dosedifcios, para validar a proposta da nova Lei doArrendamento.

    Espera-se com o presente estudo contribuir para

    que a Baixa Pombalina, pioneira no urbanismo por-tugus, o seja agora nos mtodos aplicados ao seudiagnstico, sua monitorizao e sua conservao.

    Referncias

    MATEUS Joo Mascarenhas Il libretto del fabbricato:

    uno strumento per la conservazione della Baixa

    Pombalinaa Lisbona. Revista Arkos: scienza e restaurodellarchitettura, Milano, Nardini Editori, Nuova

    serie, 2003, Anno 4, N 2, p. 68-69.

    A.A.V.V. Levantamento do conjunto edificado da UPBC,

    relatrio n 01/2004 (2004), Cmara Municipal de

    Lisboa, Unidade de Projecto da Baixa-Chiado, Diviso

    de Estudos, Planeamento e Informao.

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    19Tcnicasde levantamento,inspeco e ensaiode edifcios antigos com

    vista sua reabilitaoestrutural. Aplicaoao caso dos edifcios

    pombalinosVtor Cias e Silva

    Oz, Lda.

    IntroduoReferem-se as principais tcnicas no destrutivas,

    semi-destrutivas e destrutivas de levantamento, ins-peco e ensaio tendo em vista intervenes de rea-bilitao estrutural e construtiva. Apresenta-se ametodologia e os procedimentos a adoptar com vista recolha de informao que necessrio fazer antesde intervir, nesse mbito, num edifcio existente.Descreve-se, sumariamente, um conjunto de levanta-

    mentos, inspeces e ensaios levados a cabo emvrios edifcios da Baixa Pombalina, visando osaspectos construtivos e estruturais, e a caracteriza-o dos materiais e das suas anomalias.

    Metodologia e tecnologia

    Generalidades

    Ao contrrio da construo nova, em que, paraalm da recolha documental, a informao a obter

    localmente visa apenas a topografia e as caracte-rsticas do terreno, as intervenes de reabilitaoou de simples manuteno fazem apelo ao conhe-cimento da geometria, das propriedades, do esta-do de conservao das construes, dos materiaisque as constituem e das aces a que esto sub-metidas.

    No caso mais geral, a avaliao do estado ou docomportamento de uma estrutura, atravs de uma

    1 Podeconsiderar-se quconstituem umainspecotecnolgica poroposio a umasimples (masimprescindvel)inspeco visual(Luca Uzielli).

    interveno de inspeco ou monitorizao, pode serditada por vrias razes, entre as quais sobressaem:

    a) Inspeces regulamentares ou de rotina;b) Existncia de sintomas, de deterioraes oudefeitos visveis ou suspeitos;c) Ocorrncia de danificaes;

    d) Alterao da geometria, do uso da estrutura oudas aces que sobre ela actuam;e) Exigncias de maior capacidade resistente.

    O estudo do comportamento de uma estrutura exis-tente e a avaliao da sua capacidade de desempenhopassa pela construo de um modelo que a descreva (e sua envolvente fsica), com o necessrio rigor, no todoou em parte, em termos dos conhecimentos tericosactualmente disponveis. A recolha de informaosobre uma construo ou estrutura e a sua envolvente, portanto, ditada pela necessidade de construir eexplorar esse modelo. Tal recolha pode iniciar-se pelolevantamento da prpria definio geomtrica daestrutura, no raro inexistente ou desprovida da neces-sria fiabilidade, e das caractersticas dos materiais quea constituem. Essa recolha tanto pode ser feita sobreuma estrutura s e intacta, tendo em vista o estudo deeventuais alteraes da sua prpria constituio ou dasaces a que est sujeita, como sobre uma estruturaafectada na sua capacidade de desempenho por modifi-caes, acidentes ou outras formas de deteriorao.

    Existem muitas tcnicas para obter a informao

    necessria para uma avaliao do estado de uma cons-truo, desde a simples (mas fundamental) inspecovisual, at aos ensaios, em laboratrios especializados,sobre amostras de materiais ou partes da construorecolhidas em obra. Esta ltima opo tem sido a tra-dicionalmente adoptada1. Os ensaios laboratoriaispermitem, usando mtodos consagrados pela expe-rincia, obter valores para a resistncia compresso, flexo e ao corte, bem como das caractersticas els-ticas dos materiais. Esta abordagem destrutiva no, no entanto, vivel, no caso de:

    a construo possuir um elevado valor histrico,no sendo aceitvel a remoo de amostra degrandes dimenses;

    as caractersticas do material a estudar serem taisque no fcil a remoo de amostras: caso, porexemplo, das argamassas;

    a grandeza em estudo no poder ser medida emamostras: por exemplo, a tenso.

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    20 Nestes casos recorre-se a determinaes indirectasque permitem estimar as propriedades em causa,baseando-se, sobretudo, na inspeco e ensaio do pr-prio objecto de estudo: a estrutura propriamente dita,as suas fundaes e as aces a que est sujeita emfuno da sua utilizao e do ambiente que a envolve.

    A inspeco mais simples a feita visualmente, aolho nu ou com o auxlio de dispositivos pticos quepotenciem a capacidade visual. Este tipo de inspecoaplica-se, sobretudo, avaliao das caractersticas geo-mtricas da estrutura e identificao genrica dosmateriais que a constituem e dos sintomas patolgicoseventualmente presentes. No entanto, dada a intensifi-cao do esforo de investigao a que se tem assistidonos ltimos anos para ampliar o alcance e a eficcia dastcnicas no-destrutivas ou semi-destrutivas de inspec-o e ensaio das construes, hoje possvel recorrer atoda uma panplia de tcnicas e instrumentos, da maisvariada natureza, que facilitam as observaes ou mul-tiplicam o seu alcance e rigor. Estas tcnicas e instru-mentos proporcionam aos responsveis pela concepodas intervenes de conservao, reparao e recupera-o de construes, os dados indispensveis para:

    Avaliar a capacidade de desempenho da construo; No caso de existirem danos, deficincias ou ano-

    malias, determinar as suas causas, possibilitando,assim, uma interveno mais adequada;

    Avaliar correctamente a importncia e a extenso

    das degradaes existentes; Adoptar medidas correctivas menos intrusivas e

    melhor adaptadas; Definir e planear atempadamente as intervenes; Monitorizar o comportamento dessas intervenes.

    A norma italiana de 19812 recomenda expressa-mente a realizao de ensaios de caracterizao daspropriedades dos materiais em presena. A norma daASCE3 recomenda-o igualmente, definindo quais ostipos de ensaios e as quantidades a realizar, em fun-o das reas dos diferentes elementos e componen-

    tes. Esta norma especifica, igualmente, os ensaios arealizar sobre os elementos de ligao entre a alve-naria e os pavimentos chamados a desempenhar afuno de diafragma, com vista a avaliar a sua capa-cidade de resistncia ao arrancamento.

    Para possurem a necessria fiablidade, as inspec-es, ensaios ou outras actividades devem obedecer aum conjunto de requisitos, em particular no que con-cerne qualificao dos operadores e manuteno e

    calibrao dos instrumentos. A adequada garantia deconformidade com tais requisitos s possvel noseio de uma organizao dotada de um sistema degesto da qualidade suficientemente eficaz. Existemnormas internacionais que definem quais os requisi-tos a que, neste sentido, devem obedecer as entidades

    e o respectivo pessoal4.

    reas de inspeco

    Podem distinguir-se trs grandes reas de recolha deinformao, tendo em vista o estudo e a caracterizao:

    I) Da construo, seus elementos e materiais;II) Da envolvente e das aces sobre a construo;III) Do comportamento da construo face a essasaces.

    O estudo e caracterizao da construo envolve: O levantamento da sua geometria, dos materiais

    constituintes e das suas anomalias; A caracterizao desses mesmos materiais cons-

    tituintes, o que pressupe a avaliao das suaspropriedades e a deteco e caracterizao dassuas alteraes e anomalias.

    O estudo e caracterizao da envolvente da constru-o visa o conhecimento da aces fsicas e qumicas

    que se exercem sobre a construo e que determinam asua resposta, instantaneamente ou ao longo do tempo.

    O estudo e caracterizao do comportamento daconstruo tem por objecto conhecer a forma comoela interaje com a envolvente, em particular, doponto de vista estrutural, quando submetida a forase aceleraes.

    O Eurocdigo 85 descreve qual a informao que,em princpio, necessrio recolher para a avaliaoestrutural de um edifcio existente.

    Tcnicas no destrutivas, semi-

    -destrutivas e destrutivas

    Embora as tcnicas em estudo sejam agrupadassob a designao geral de ensaios no destrutivos,na realidade muito poucas o so completamente. Amaior parte pode, com mais propriedade, ser desig-nada por ensaios reduzidamente destrutivos, poisprovocam na construo alguns danos localizados,em geral facilmente reparveis.

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    21O Quadro 1 apresenta uma proposta de classificaodos danos que podem ser causados atravs de ensaiosno totalmente no destrutivos, com exemplos1.

    A noo do carcter destrutivo dos mtodos deensaio notria no caso das construes antigas,s se podendo obter informao fidedigna sobre

    as caractersticas mecnicas das alvenarias que asconstituem atravs de ensaios semi-destrutivosou destrutivos, levados a cabo quer in situ, quersobre provetes retirados do edifcio e ensaiadosem laboratrio6.

    Quadro 1 Classificao dos danos causados por ensaios no totalmente no destrutivos

    CLASSIFICAO

    DOS DANOS

    Irrelevantes=1

    Ligeiros=2

    Mdios=3

    Significativos=4

    Srios=5

    DESCRIO

    Visveis apenas se

    procurados, no

    visveis s distncias

    normais de

    observao.

    Visveis de perto,

    mas geralmente

    imperceptveis.

    bvios, mas sem

    relevncia estrutural

    ou para

    a durabilidade,a curto prazo.

    Muito bvios. Podem

    exigir medidas de

    segurana se no

    forem reparados

    (por exemplo,

    preenchimento,

    provisrio, barreiras

    para o pblico).

    Muito bvios.

    Exigem

    necessariamnete

    medidas de segurana

    se no forem reparados

    (por ex., escoramentos,

    barreiras). Podem

    requerer estudo de

    redistribuio

    temporria das cargas.

    EXEMPLOS

    Marcas de martelo,

    riscos, manchas de

    gua.

    Furos de pequeno

    dimetro, danos

    de pequenos

    penetrmetros.

    Remoo de material

    de juntas, remoo

    de pequenas unidades

    de alvenaria, carotesde pequeno dimetro.

    Remoo de pequenas

    reas de alvenaria.

    Carotes de grande

    dimetro.

    Extensas reas de

    alvenaria removidas

    ou realizao de

    ensaios pesados.

    MEDIDAS

    DE REPARAO

    Nenhumas.

    Escovagem.

    Reparao com

    argamassa

    da mesma cor.

    Substituio

    da unidade e

    reparao da junta

    com argamassaexpansiva.

    Reconstruo com

    materiais idnticos

    ou costura sobre a

    carotagem.

    Reconstruo com

    materiais idnticos.

    CONSTRUES

    EM QUE ACEITVEL

    Todas.

    Todas, excepto em

    edifcios classificados,

    em zonas prximas

    dos utentes.

    Todas, excepto em

    edifcios classificados,

    em zonas prximas

    dos utentes.

    Aceitvel

    temporariamente em

    edifcios recentes

    e estruturas

    classificadas no

    acessveis.

    Aceitvel apenas

    se impedido o acesso

    do pblico.

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    22 As inspeces e ensaios ao longoda interveno

    A caracterizao de uma construo antiga paraavaliar o seu actual estado e prever o seu comporta-mento uma tarefa muito complexa que requer

    engenheiros experientes e conhecedores desta rea,dotados de modernas ferramentas de anlise e de umconhecimento adequado das caractersticas relevan-tes do prottipo.

    Os mtodos no destrutivos ou reduzidamenteintrusivos podem ser utilizados no s na preparaode uma interveno de reabilitao, mas tambmdurante e aps essa interveno. Podem ser identifi-cadas cinco fases, com objectivos bem definidos:

    I) Entre a deteco da necessidade de intervir e adeciso de intervir;II) Entre a deciso de intervir e a seleco daestratgia de interveno;III) Da seleco da estratgia at interveno;IV) Durante a interveno;

    V) Depois da interveno.

    Excluindo a fase III que alm da deciso quanto estratgia a seguir, consiste na elaborao do pro-jecto de execuo da interveno desenvolvido emgabinete e num conjunto de procedimentos adminis-trativos que conduzem seleco da empresa execu-tante todas as outras fases recorrem, em maior oumenor grau, aos mtodos em anlise (Quadro 2):

    Quadro 2 Fases da interveno em que os mtodos de inspeco e observaoso aplicveis

    FASE

    I) Da deteco da necessidade de

    intervir at deciso de intervir.

    II) Da deciso de intervir at seleco da estratgia

    de interveno.

    III) De seleco da estratgiaat interveno.

    IV) Durante a interveno.

    V) Depois da interveno.

    ACTIVIDADES

    Recolha documental.

    Inqurito aos utentes.

    Anlise da regulamentao aplicvel:

    1. I&E preliminares.

    2. Monitorizao preliminar.

    3. Levantamento da geometriae das anomalias.

    4. I&E complementares.

    Modelao do comportamento.

    Modelao das medidas correctivasElaborao do projecto.

    5. Ensaio das tcnicas e materiais

    a adoptar.

    6. I&E de controlo da qualidade.

    7. I&E finais.

    8. Monitorizao permanente.

    OBJECTIVOS

    Caracterizao preliminar

    da construo, incluindo

    as eventuais anomalias.

    Caracterizao preliminar

    das propriedades dos materiais,

    incluindo as eventuais anomalias.

    Caracterizao preliminar

    da envolvente.

    Caracterizao da geometriada construo e das suas

    componentes, incluindo

    o mapeamento

    das anomalias.

    Caracterizao das propriedades

    dos materiais, incluindo

    as anomalias.

    Caracterizao da envolvente.

    Validao do modelo.

    Validao das tcnicas e materiais

    a adoptar.

    Avaliao dos efeitos

    da interveno.

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    23O Quadro 3 sintetiza os campos de aplicao dosprincipais mtodos actualmente disponveis paraedifcios antigos. No se consideraram, nesse qua-dro, os ensaios laboratoriais. Podem, no entanto,durante os trabalhos de campo, ser recolhidas

    amostras dos elementos da construo e submet-las a uma gama adicional de ensaios realizados emlaboratrio, ampliando a informao disponvelsobre as propriedades dos materiais e elementosconstituintes.

    Quadro 3 Principais inspeces e ensaios para intervenes estruturais em edifciosantigos, com referncia s tcnicas e aos dispositivos utilizados

    INSPECES

    E ENSAIOS,TCNICAS

    E DISPOSITIVOS

    I&E COMPLEMENTARES

    Alongmetro mecnico X X

    Boroscopia e videoscopia X X X X

    Clula de carga X X

    Corte semi-destrutivo X

    Ensaio de carga X X X

    Ensaio snico e ultra-snico X X X

    Extensmetro de corda vibrante X X

    Extensmetro elctrico X X

    Extraco de uma hlice X X

    Fissurmetro de corda vibrante X X

    Fissurmetro telltale X

    Higrmetro X X X X X

    Identificao expedita de sais X X

    Impulso mecnico X X X

    Inclinmetro X X

    Inspeco visual por especialista X

    Levantamento visual de anomalias X X X X

    Macaco plano X X X

    Martelo de Schmidt pendular X X

    Medio expedita da porosidade X

    Medio de vibraes X X X

    Medidor ptico de fissuras X

    Pndulo e telecoordinmetro X X

    Penetrao X X

    Penetrmetro e SPT X

    Percusso X

    Radar X X

    Resistografia X

    Teodolito automtico X X

    Termografia X

    Termopar e termmetro X X X

    Topografia e fotogrametria X

    Vibrao forada X X X

    I&EPRELIMINAR

    LEVANTAMENTODAGEOM.E

    DASANOMALIAS

    CARACTERIZAODAS

    PROPRIED.DOSMATERIAIS

    CARACTERIZAODA

    ENVOLVENTE

    VALIDAODOMODELO

    I&EDETCNICAS

    EMATERIAIS

    I&EDECONTROLO

    DAQUALIDADE

    I&EFINAIS

    MONITORIZAO

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    25/246

    24 Alguns estudosna Baixa Pombalina

    Introduo

    A partir de 1993 foi levado a cabo, por iniciativa de

    proprietrios, de promotores ou da prpria autar-quia, um conjunto de levantamentos, inspeces eensaios de caracterizao dos edifcios da Baixa e dasanomalias por eles apresentadas, que, geralmente,foram precedidos e acompanhados da recolha docu-mental sobre os edifcios. Os ensaios destrutivosseguidamente mencionados foram realizados em ele-mentos construtivos e estruturais cuja demoliohavia sido autorizada pela autarquia.

    Os estudos em apreo podem ser teis para ajudara definir estratgias de interveno construtiva eestrutural. O estabelecimento dessas estratgias pres-supe uma avaliao, com base em modelos de anlise,da aptido estrutural actual dos edifcios, tendo emconta o decaimento, natural ou provocado, das pro-priedades dos materiais estruturais originais e as alte-raes estruturais neles efectuadas ao longo do tempo.

    Com a introduo de critrios de natureza cons-trutiva e estrutural na estratgia de interveno nosedifcios da Baixa Pombalina, torna-se possvel asse-gurar a preservao da sua autenticidade enquantopatrimnio histrico e, ao mesmo tempo, melhorar assuas condies de segurana.

    Concretizando, teve-se em vista recolher e sistema-tizar a informao destinada a servir de suporte cons-truo e validao dos modelos a utilizar na avaliaoda aptido estrutural atrs referida, designadamente:

    a) Recolha documental sobre os edifcios;a) Levantamento geomtrico da arquitectura

    dos edifcios, corrigindo discrepncias resultan-tes, por exemplo, de alteraes no documentadasou incorrectamente documentadas e preenchendoeventuais lacunas;

    b) Levantamento geomtrico da estrutura, ou

    confirmao dos elementos de definio geom-trica existentes, no sentido, tambm, de corrigirdiscrepncias e preencher lacunas de informao,no que se refere, por exemplo, s fundaes;

    c) Realizao de ensaios de caracterizao docomportamento da estrutura e das propriedadesdos elementos estruturais e dos materiais que osconstituem, quer do ponto de vista do decaimen-to dessas propriedades e das anomalias por eles

    apresentadas, quer do ponto de vista da modela-o da estrutura;

    d) Realizao de ensaios complementares devalidao da modelao estrutural adoptada.

    A recolha de informao nos edifcios estudados foi

    feita ao longo de vrias intervenes de levantamentoe diagnstico de situaes concretas. Exceptuando osedifcios cujo interior se destinava a ser demolido, foidada preferncia, na medida do possvel, a mtodosno destrutivos de observao e ensaio.

    Paralelamente, foram efectuados levantamentosfotogrficos exaustivos, e, em edifcios demolidos, umlevantamento sob a forma de desenhos esquemticoscotados, acompanhado da recolha de amostras dosprincipais elementos. O conjunto de informaorecolhida e os vrios ensaios in siturealizados, junta-mente com os ensaios laboratoriais sobre amostras,permitiram, por outro lado, ter uma ideia razoavel-mente aproximada das propriedades relevantes parauma avaliao genrica do desempenho estruturalprevisvel dos edifcios.

    Recolha documental

    Nos casos em que foi possvel uma anlise maisprofunda, os trabalhos partiram da recolha do mxi-mo de informao documental sobre os edifcios.Nesse sentido, recorreu-se, por um lado, documen-

    tao bibliogrfica e iconogrfica existente sobre aconstruo pombalina e, por outro lado, documen-tao disponvel no arquivo municipal.

    Levantamento geomtricoda arquitectura

    Os elementos de projecto existentes foram trans-postos para suporte digital vectorizado e compara-dos com a geometria real. Foram introduzidas asalteraes e tambm assinaladas e caracterizadasoutras discrepncias encontradas. Para alm das tc-

    nicas de levantamento tradicionais, recorreu-se,nesta fase, de forma supletiva, a uma ou mais dasseguintes tcnicas: Observao visual, directa ou por tecnoscopia,

    por processos semi-destrutivos; Deteco de metais; Termografia; Ultra-sons.

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    tadas utilizando os meios tradicionais, com apoio defotografia isomtrica.

    Foram recolhidos dados referentes s fundaes,atravs de realizao de furos ou de poos de sonda-gem que permitiram, por amostragem, definir a geo-metria dos respectivos macios.

    Fig. 1 Observao termogrfica de paredes pombalinas.

    Vista da parede em observao.

    Imagens termogrficas da estrutura das paredes em frontal.

    Levantamento das anomaliasestruturais e construtivas

    Seguiu-se o levantamento e a sistematizao dasprincipais anomalias apresentadas pelas estruturas,com relevncia para o seu desempenho, em particulara sua resistncia e durabilidade.

    Utilizando suporte digital, foram produzidos:

    25Foi feito um levantamento e uma sistematizao datipologia das paredes e dos pavimentos e recolhidos da-dos geomtricos de pormenor quanto sua constituio.

    Foram recolhidos dados referentes s fundaes,atravs de realizao de furos ou de poos de sonda-gem que permitiram definir com suficiente rigor a

    geometria dos respectivos macios.Foi feito um levantamento e uma sistematizao

    da tipologia das alteraes encontradas, tendo emconta, particularmente, a presena de: Vos no previstos no projecto original; Estruturas de ao; Estruturas de beto armado; Acrscimo de pisos.

    Com base nesta recolha foram produzidos osseguintes elementos: Plantas de localizao na Baixa; Plantas de localizao no quarteiro; Plantas dos pisos e da cobertura; Alados frontais, laterais e tardoz; Alados das paredes interiores.

    Neste levantamento no foram considerados asdeformaes. Tomaram-se cotas de referncia bem defi-nidas, por forma a obter a geometria ideal do edifcio.

    Por amostragem, foram recolhidos dados geom-tricos de pormenor quanto constituio dos dife-rentes tipos de parede (alvenaria, gaiola, tabique,

    tijolo, etc.) e dos pavimentos encontrados, produzin-do-se os respectivos desenhos de pormenor.

    Com base nestes elementos, foi produzido ummodelo tridimensional de um edifcio idealizado, emsuporte informtico7.

    Levantamento geomtricoda estrutura

    Utilizando o mesmo suporte digital do levanta-mento da arquitectura, foi feito o levantamento daestrutura de: Paredes; Pavimentos; Caixas de escada; Coberturas.

    As estruturas das paredes, dado que se encontra-vam ocultas por rebocos, foram levantadas recorren-do a termoviso (fig. 1), tecnoscopia, ultra-sons, etc..As estruturas dos restantes elementos foram levan-

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    26 A simples representao grfica das anomaliasobservadas pode ser de grande utilidade, dada apossibilidade de serem detectados padres que,em si, contm, informao preciosa para a com-preenso dos mecanismos de deteriorao empresena. o caso do padro da fendilhao numa

    parede de fachada, que pode mostrar uma orien-tao dominante, por exemplo, paralela s com-presses, ou o padro de distribuio da humida-de, cuja concentrao pode ajudar a referenciar arespectiva origem.

    As figuras 2 e 3 mostram um exemplo de levanta-mento das anomalias de um edifcio pombalino. Opadro das anomalias pode constituir um elementoprecioso de interpretao e diagnstico.

    > Alados de paredes, representando: Deformaes de pavimentos e tectos; Deformaes de paredes (assentamentos dife-

    renciais, desaprumos, empenos, enfolamentos,desligamentos);

    Fissuras, incluindo localizao e abertura; Zonas afectadas por humidade, ascendente ou

    infiltrada; Zonas com a estrutura de madeira degradada

    por agentes biolgicos.

    > Plantas dos pavimentos e tectos, representando: Zonas afectadas por humidade; Zonas com a estrutura de madeira degradada

    por agentes biolgicos; Altimetria das deformaes.

    Fig. 2 Levantamento das anomalias de um edifcio pombalino.

    LEGENDA

    Humidade

    fissura com abertura de 1 mm

    destacamento de tinta

    formaes salinas sob a camada de tinta

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    Fig. 3.a Plantas do terceiro andar do mesmo edifcio, mostrando as deformaes dos pavimentos e as vistas para a anlise

    das deformaes das paredes.

    fissura comfungos comoos da parede

    fissura reparadae reaberta

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    Fig. 3.b Vistas do terceiro andar do mesmo edifcio, mostrando as deformaes das paredes.

    marca muito deteriorada

    do outro lado da paredeexistem as mesmas fissuras,tambm com fungos

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    29A figura 4 mostra o levantamento das zonas compresena de humidade.

    Fig. 4 Avaliao qualitativa do teor de humidade em paredes.

    As anomalias estruturais mais frequentes nos edi-

    fcios pombalinos foram, mais tarde, objecto de umasistematizao8.

    Caracterizao estrutural

    A caracterizao estrutural incidiu sobre os mate-rais e os elementos estruturais dos edifcios. Para tal,recorreu-se, sobretudo, a ensaios no destrutivos oureduzidamente invasivos realizados in situ. Nalgunsedifcios onde tinham sido autorizadas demolies,foram, tambm, realizados ensaios destrutivos, local-mente e em laboratrio, a partir de amostras de

    grandes dimenses.

    Caracterizao dos materiais

    Os estudos com vista caracterizao das proprieda-des relevantes para o comportamento estrutural incidi-ram sobre os vrios materiais estruturais em presena:

    Madeira:Identificao das espcies;

    Resistografia;Ensaios laboratoriais sobre amostras;

    Alvenaria:Ensaios in situe sobre amostras de grandesdimenses;Ensaios sobre argamassas de assentamento,

    enchimento e reboco.Beto:Ensaios escleromtricos e ensaios laboratoriaissobre carotes.

    Ferro e ao:Ensaios laboratoriais sobre amostras.

    Solos de fundao:Anlise granulomtrica;Densidade aparente;Teor em gua natural;Limites de consistncia de Atterberg (LL,LP);Corte em compresso triaxial do tipo no drena-do com consolidao.

    Ensaios no destrutivosou reduzidamente destrutivos

    Recorreu-se, sempre que possvel, a ensaios nodestrutivos ou reduzidamente destrutivos. Do pontode vista da caracterizao das alvenarias em presen-a, assumiram particular importncia os resultadosobtidos com os ensaios de macacos planos (fig. 5).

    Estes ensaios permitiram, tambm, aferir as ten-

    ses instaladas nas paredes de alguns edifcios.

    Fig. 5 Edifcio da Baixa Pombalina.

    Ensaio de macaco plano duplo para avaliao das propriedades

    mecnicas da alvenaria.

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    30 Ensaios destrutivos in situ

    Aproveitando a demolio de alguns edifcios,autorizada pela CML, foram realizados algunsensaios destrutivos sobre elementos de alvenaria esobre elementos de madeira. Alguns desses ensaios

    foram realizados in situ(fig. 6), outros foram realiza-dos sobre amostras de grandes dimenses retiradasquer de paredes principais de alvenaria, quer de pare-des em frontal pombalino. Descrevem-se, em segui-da, sumariamente esses ensaios e apresentam-se osresultados.

    Fig. 6 Ensaio de corte destrutivo.

    Ensaios laboratoriais sobre amostrasde paredes de alvenaria

    Estes ensaios foram realizados sobre provetesprismticos com cerca de 1,5 m de altura e 0,75 m delado. Permitiram estabelecer curvas tenso/defor-mao para este material, a partir das quais foi poss-vel definir valores para o mdulo de elasticidade e atenso de rotura compresso.

    Caracterizao do comportamentodos elementos estruturais

    Para elm dos ensaios in situcom macacos planos, edestrutivos, de corte, realizados nas paredes mestras,foram realizados ensaios sobre as paredes de frontal.

    Tratou-se de ensaios de traco in situe de ensaios emlaboratrio sobre painis de dimenso suficiente.

    Adicionalmente, sobre os elementos de betoarmado resultantes das vrias modificaes encon-tradas, foram realizados ensaios ultra-snicos; proce-deu-se deteco no destrutiva de armaduras commedio do seu recobrimento e a ensaios laborato-riais sobre carotes.

    2.8.1 Ensaios destrutivos sobre elementos defrontal pombalina

    Fig. 7 Ensaios destrutivos de arrancamento, realizados in

    situ. (a) Sistema de carga; (b) Clula de carga.

    A figura 7 mostra a realizao de um conjunto deensaios de arrancamento de peas de madeira dereforo das paredes, tendo em vista a avaliao daresistncia das respectivas ligaes.

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    Fig. 8 Ensaio de carga de uma estaca curta de madeira.

    Sistemas de carga e de leitura.

    Ensaios destrutivos sobre estacas curtas

    Fora realizados ensaios expeditos de carga e dearrancamento sobre trs estacas curtas de madeira.

    A figura 8 mostra o dispositivo utilizado nos ensaiosde carga.

    Fig. 9 Painel de frontal pombalino pronto para ensaio

    e sistema de carga utilizado.

    Ensaios laboratoriais sobre painis de paredeem frontal pombalino

    Os provetes foram ensaiados atravs da aplicaode uma fora horizontal cclica actuando ao longo daaresta superior do painel (fig. 9).

    Estes ensaios permitiram detectar uma deforma-bilidade aprecivel dos painis. Constatou-se queessa deformabilidade dos painis aumentou de ciclopara ciclo, em resultado da cedncia dos pregos defixao das peas de madeira nos ns9.

    Referncias bibliogrficas

    1 VEKEY B. In-situ evaluation of the physical andchemical state of masonry structures. Proceedings of

    the international RILEM worsKhop On-site

    control and evaluation of masonry strutctures.

    Mntua, Nov. 2001.2 Decreto Ministeriale 2/7/1981 Normativa per lariparazioni ed il rafforzamento degli edifici danneggiati

    dal sisma nelle regioni Basilicata, Campania e Puglia.

    3 ASCE/SEF 31-03 Seismic Evaluation of existingbuildings. American Society of Civil Engineers, 2003.4 ISO 9712: Non-destructive testing Qualificationand certification of personnelE 1359-99. Standard

    Guide for Evaluation Capabilities of Nondestructive

    Testing Agencies.5 ENV 1998 Part 1-4 Regras Gerais Reforoe reparao de edifcios.6 TOMAZEVIC M. Structural assessment, monito-ring and evaluation of existing masonry buildings in

    seismic regions. Proceedings of the international

    RILEM Worskhop On-site control and evaluation of

    masonry strutctures. Mntua, Nov. 2001.7 Baixa Pombalina: Modelo descritivo tridimensionalda estrutura de um quarteiro. Edio em DVD.

    Gecorpa, 2004.8 SILVA V.C. Patologia estrutural dos edifcios

    pombalinos. Monumentos, n. 21, Lisboa, DGEMN,

    Setembro de 2004.9 SANTOS S.P. Ensaio de paredes pombalinas. Notatcnica n. 15/97-NCE, Lisboa, LNEC, Julho de 1997.

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    33Um ano demonitorizaodos nveis freticose dos assentamentos

    na Baixa Pombalina Rui MeloChefe de Diviso de Ordenamento de Rede de Subsolo - CML

    Introduo

    A rea de Lisboa hoje conhecida como BaixaPombalina foi alvo de ocupao por diversas civi-lizaes ao longo do tempo, tendo tomado a suaforma actual aps o terramoto de 1755. Da ocupa-o continuada desta rea da cidade resultaramalgumas alteraes na sua morfologia, bem comonos materiais que hoje encontramos superfcie.

    Estas modificaes, em particular as ocorridasdurante os sculos XIX e XX, levaram a uma mu-dana no sistema de circulao das guas superficiaise subterrneas, resultado da impermeabilizao dos

    terrenos, devido pavimentao e asfaltagem dasartrias da cidade, da canalizao de linhas de gua,da construo de caves e parques subterrneos, darede do Metropolitano, etc.

    Este conjunto de aces poder ter originado algu-mas alteraes ambientais, nomeadamente ao nvel dacirculao e dos caudais das guas subterrneas.

    Como no existia em Lisboa um conhecimentodo comportamento da circulao da gua subter-rnea, e em particular nesta rea nobre da cidade,decidiu a Cmara Municipal de Lisboa dar incio,durante o ano de 2003, implementao de um

    sistema de monitorizao dos nveis freticos,composto por um conjunto de piezmetros, insta-lados ao longo dos diversos arruamentos da BaixaPombalina, numa faixa que poderemos considerarser delimitada, a norte pela Praa dos Res-tauradores Praa da Figueira Praa doMartim Moniz, a sul pelo rio Tejo, a este pela Ruados Fanqueiros e a oeste pela Rua do Carmo/ RuaNova do Almada.

    O sistema instalado destina-se observao, aolongo de um perodo alargado, das variaes do nvelfretico e da existncia ou no de interaces com asmars sentidas no esturio do Tejo, bem como defi-nio da rea de influncia das mars.

    Este tipo de observao permitir posteriormente

    desenvolver um modelo matemtico de circulaodas guas subterrneas nos terrenos da Baixa deLisboa quer ao nvel dos materiais aluvionares(essencialmente lodos, areias e misturas de ambos ostipos litolgicos), quer dos materiais in situde idademiocnica (essencialmente argilas, areias e misturasentre elas).

    Complementarmente ao sistema de observaodos nveis freticos, e porque existe uma relaodirecta entre a diminuio das tenses neutras nosolo (ou seja, a diminuio da gua no solo) e a ocor-rncia de assentamentos ao longo do tempo, aCmara Municipal de Lisboa instalou um outro dis-positivo para monitorizao de possveis assenta-mentos no s ao nvel do solo (marcas de superfcie),mas tambm num conjunto de edificaes escolhidasem funo da sua importncia e tipo de fundao(rguas de nivelamento).

    Geologia local

    A Baixa Pombalina caracteriza-se por uma zona

    aplanada central, encaixada entre as colinas doCastelo de S. Jorge e do Carmo, correspondendo auma faixa situada entre as ruas dos Fanqueiros eas do Crucifixo/Ouro (aproximadamente 200 m delargura) e entre o rio Tejo e a Praa D. Pedro IV(Rossio).

    As linhas de gua actualmente aterradas oucanalizadas estavam inicialmente entalhadas emterrenos miocnicos. Na zona do Rossio confluamos caudais que circulavam nas agora Avenidas daLiberdade e Almirante Reis.

    Na totalidade da rea estudada possvel encon-

    trar um conjunto de depsitos de aterro de idadesvariadas, que foram sendo aqui instalados com a ocu-pao desta rea da cidade, nas diferentes pocas his-tricas. A espessura varivel, muito embora noultrapasse geralmente cerca de 3 m.

    Subjacente aos aterros encontra-se uma coberturade materiais de origem aluvionar de espessura vari-vel, que atinge um mximo de cerca de 50 m no estei-ro da Baixa e menos de 10 m na zona do Rossio, onde

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    Fig. 1- Extracto da Folha

    4 da Carta Geolgica

    do Concelho de Lisboa,

    Escala 1/10.000,

    Servios Geolgicos

    de Portugal.

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    35se encontra a confluncia da ribeira do Rossio e daribeira de Arroios. Estes materiais so de naturezadiversa, sendo possvel encontrar lodos, areias, argi-las e misturas destes trs tipos litolgicos.

    O substrato miocnico onde se encontravamencaixadas as linhas de gua, que ocorre sob os mate-

    riais aluvionares, possui uma natureza igualmentediversa. composto de diferentes formaes, comoas Areias da Quinta do Bacalhau, as Argilas doForno do Tijolo, os Calcrios de Entrecampos, asArelas da Estefnia e as Argilas e Calcrios dosPrazeres.

    Poderemos, por isso, definir para esta rea da cida-de, trs constituintes fundamentais da geologia local:

    1. Aterros (materiais recentes);2. Complexo aluvionar (Holocnico);3. Substrato miocnico.

    De forma muito simplificada, estruturalmente aregio poder ser considerada como um monoclinal,

    com inclinao de 6 a 10 para SE, dominado funda-mentalmente pelas formaes tabulares do Miocnico,que assentam sobre terrenos variados com idadesdesde o Paleognico, o Neocretcico at ao Cretcico.

    Na figura que se segue podem observar-se as suasdistribuies espaciais nos perfis geolgicos inter-pretativos, incluindo-se igualmente a localizao dospiezmetros instalados.

    Fig. 2 Perfis esquemticos ilustrando a distribuio de unidades hidrogeolgicas presentes na zona da Baixa.

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    Fig. 2.a Perfis esquemticos ilustrando a distribuio

    de unidades hidrogeolgicas presentes na Zona da Baixa.

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    Fig. 2.b Perfis esquemticos ilustrando a distribuio de unidades hidrogeolgicas presentes na zona da Baixa.

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    Sistemas instaladose trabalhos realizados

    3.1 Piezmetros

    Para a observao dos nveis freticos foram insta-

    lados 16 piezmetros de tubo aberto, com cmaraspiezomtricas (zona de afluncia de gua ao piezme-tro) localizadas quer nas aluvies (materiais lodosos,arenosos, argilosos ou misturas deste tipos litolgi-cos), quer nos terrenos miocnicos (essencialmenteargilosos ou areno-argilosos, por vezes com passa-gens calcrias). Para a sua instalao foram executa-dos furos de sondagem, acompanhados de recolha

    contnua de amostra, e efectuados tambm ensaios insitude permeabilidade e SPT. Sobre as amostras col-hidas de solo e gua foram realizados ensaios granu-lomtricos dos diferentes tipos litolgicos encontra-dos e determinaes fsicas e qumicas da gua.

    No final de Dezembro de 2003 e no incio de

    Janeiro de 2004, procedeu-se leitura dos nveis fre-ticos, com uma campanha de zeragem. A partir deMaro de 2004 passaram a ser realizadas campanhasde leituras mensais. Antecedendo estas campanhasforam obtidas topograficamente as cotas altimtricasdas bocas dos piezmetros, para que os valores daposio do nvel fretico fossem cotados em cada umdeles permitindo a sua posterior comparao.

    Fig. 3 Esquema de instalao de piezmetro de tubo aberto.

    38

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    Fig. 4 Esquema de instalao das marcas de superfcie.

    Marcas de superfcie

    O sistema de observao de assentamentos, ins-talado em simultneo com o sistema de observaodos nveis freticos, composto por 54 marcas desuperfcie e por 15 rguas de nivelamento em edi-

    fcios. complementado por um conjunto de 3marcas de referncia (benchmark), com 15 m decomprimento, para apoio topogrfico.

    As marcas de superfcie so aquelas que proporcio-nam a deteco de eventuais deslocamentos ao nvel dosolo, se forem observadas variaes das cotas altim-tricas ao longo dos diversos perodos de observao.

    As marcas superficiais instaladas, so generica-mente constitudas por um varo em ao com 25 mm

    de dimetro e 0,5 m de altura, provido de uma baseem chapa rgida, quadrangular de 0,3 x 0,3 m.

    Todo este conjunto foi assente no solo, no fundode um pequeno poo aberto manualmente, com cercade 0,6 m de profundidade e com 0,5 m de lado. Notopo do varo foi instalada uma cabea esfrica em

    lato, de modo a que a mira topogrfica se possaapoiar num s ponto. Ao nvel da calada foi coloca-da uma tampa de proteco.

    Estas marcas encontram-se essencialmente distri-budas na rea aluvionar, existindo no entanto algu-mas marcas de superfcie instaladas nas reas margi-nais, ou seja j em terrenos do Miocnico.

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    40 A seleco dos edifcios que integram esta amos-tragem foi efectuada aps observao no local, em fun-o da idade do edifcio, da sua localizao, do estadode conservao, e, obviamente, do tipo de fundao.

    A materializao destas marcas foi efectuada atravsde uma pequena chapa em ao inox, fixado s fachadas,

    por aparafusamento. Esta chapa munida de umpequeno gancho de suspenso, para a aplicar umargua graduada amovvel, tambm em inox. Depois decada campanha de leitura, a rgua removida, per-manecendo simplesmente o esquadro instalado.

    Rguas de nivelamento

    As rguas de nivelamento destinam-se detecode eventuais deslocamentos verticais em edifcios.Estes podem apresentar fundao directa, serem fun-dados em estacas de madeira, e outros, mais moder-

    nos, assentarem sobre estacas de beto.Foram instaladas 15 marcas deste tipo permitindo

    fazer uma amostragem do comportamento da gene-ralidade dos edifcios, por comparao com aquelesque forem instrumentados.

    Fig. 5 Esquema de instalao de

    rgua de nivelamento num edifcio.

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    Fig. 6 Planta de localizao da instrumentao,

    no territrio da Baixa Pombalina.

    LEGENDA

    BAIXA DE LISBOA

    MONITORIZAO TOPOGRFICA E PIEZOMTRICA

    LOCALIZAO DA INSTRUMENTAO

    (SEM ESCALA)

    MARCA PROFUNDA (BENCHMARK)

    MARCAS DE SUPERFCIE

    PIEZMETRO

    RGUAS DE NIVELAMENTO

    LIMITES APROXIMADOS DA BAIXA ALUVIONAR05.01.2004 rectificao da localizao de algumas marcas

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    42 Concluses obtidas

    Nveis freticos

    Analisando os nveis piezomtricos aps um ano deobservaes mensais, e adoptando-se como referncia

    as medies efectuadas a 30 de Maro de 2004, verifi-ca-se que em 10 piezmetros continuam a registar-sedecrscimos do nvel piezomtrico (ver quadro abaixo).

    As condies de pluviosidade anormalmente baixasque se observaram durante todo este perodo de leiturasso provavelmente responsveis pelo decrscimo de pie-zometria em toda a zona a norte da Rua de S. Nicolau.

    Desta forma, a diminuio de recarga directa e doscaudais provenientes de zonas a montante da rea emestudo reflectem a reduzida pluviosidade, sendo res-ponsveis pelo decrscimo dos nveis de gua subter-rnea. Dada a sazonalidade da recarga de esperar

    que os nveis recuperem rapidamente assim que severificar um aumento da precipitao.

    A figura 7 representa a variao de piezometriaem relao a 30 de Maro de 2004 nos nveis aluvio-nares, sendo notrio que o nvel piezomtrico se

    Fig. 7 Variao do nvel fretico

    nas aluvies entre Maro de 2004 e Fevereiro de 2005.

    P2 1,89 1,94 0,05 0,19 Aluvies

    P3 1,95 2,06 0,11 0,35 Aluvies

    P4 1,7 1,71 0,01 -0,13 Aluvies

    P5 1,84 1,94 0,1 -0,03 Miocnico

    P6 4,28 4,28 0 -0,16 MiocnicoP7 2,48 2,41 -0,07 -0,21 Aluvies

    P8 2,25 2,25 0 -0,12 Aluvies

    P9 2,25 2,23 -0,02 -0,54 Miocnico

    P10 4,07 4,01 -0,06 -0,53 Miocnico

    P11 4,21 3,98 -0,23 -0,49 Aluvies

    P12 4,07 3,95 -0,12 -0,32 Aluvies

    P13 5,57 5,39 -0,18 -0,53 Aluvies

    P14 5,48 5,44 -0,04 -0,74 Aluvies

    P15 5,57 5,47 -0,1 -0,48 Miocnico

    P16 9,16 9,09 -0,07 -0,31 Miocnico

    P17 7,26 7,37 0,11 -0,07 Miocnico

    PIEZMETRO NVEL PEZ.6 JAN. 05

    (M)

    NVEL PEZ.12 FEV. 05

    (M)

    VARIAOJAN. - FEV. 05

    (M)

    VARIAOMAR. 04 - FEV. 05

    (M)

    FORMAOGEOLGICA

    0,4

    0,3

    0,2

    0,1

    0

    -0,1

    -0,2

    -0,3

    -0,4

    -0,5

    -0,6

    -0,7

    -0,8

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    44/246

    43situa actualmente a nveis inferiores aos registadosna data inicial, na maior parte da rea abrangida pelamonitorizao.

    Exceptua-se a zona mais prxima do rio Tejo(Praa do Comrcio), em que o nvel piezomtrico

    igual ou superior ao de Maro de 2004, traduzindo ainfluncia da fronteira de potencial constante que oTejo. Aqui o decrscimo acumulado da piezometriaaumenta com o afastamento do rio Tejo.

    P2 Praa do ComrcioVariao do nvel fretico

    P13 Praa D. Pedro IVVariao do nvel fretico

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    44 Importa ainda salientar que na zona do piezme-tro P14, situado na Praa da Figueira, se registaramdecrscimos da ordem dos 74 cm na piezometria, oque traduz j um valor considervel. Dada a nature-za atpica do ano hidrolgico, com precipitao muitoreduzida, no possvel verificar se o decrscimo

    registado apenas resultado da escassez de precipi-tao ou se existir uma diminuio irreversvel deafluxos subterrneos provenientes da zona da antigaribeira de Arroios.

    A figura 8, referente variao de piezometria nosubstrato miocnico, apresenta em todos os piezme-tros um nvel de gua inferior ao registado em Marode 2004. Na zona dos piezmetros P9, P10 e P15 osnveis so inferiores aos de Maro de 2004 em 54 cm,53 cm e 48 cm, respectivamente.

    possvel verificar que nos piezmetros implan-tados em mais prximo do rio Tejo (P2, P3, P5, P6,P7 e P8) parece evidente a variao nos nveis piezo-mtricos imposta pelo ciclo das mars.

    Nos restantes piezmetros a informao recolhidaainda no conclusiva, embora seja possvel constatara existncia de variao da piezometria ao longo do dia.

    Existe uma relao hidrulica entre aluvies esubstrato miocnico, ou seja, as trocas de gua entreo sistema aluvionar e o miocnico parecem sofrer

    alguma influncia do regime de mars, pois o subs-trato miocnico parece ser mais sensvel ao efeito demars, criando-se situaes de imposio de um gra-diente hidrulico vertical indutor de fluxo do mio-cnico para as aluvies, isto , recarga de gua domiocnico para as aluvies.

    Os dados do quimismo das guas recolhidas mos-tram que as guas tm uma mineralizao que noultrapassa, geralmente, 1800 mg/l. Geralmente oquimismo do tipo bicarbonato clcico, como seriade esperar em formaes deste tipo.

    As influncias antrpicas so importantes mas ofacto de haver numerosas amostras sem nitrato enitrito pode indiciar recarga preferencial por perdasda rede de distribuio de gua potvel.

    Fig. 8 Variao do nvel fretico no substrato miocnico entre

    Maro e Fevereiro de 2005.Fig. 9 Variao da condutividade elctrica em

    Fevereiro de 2005.

    0,4

    0,3

    0,2

    0,1

    0

    -0,1

    -0,2

    -0,3

    -0,4

    -0,5

    -0,6

    -0,7

    -0,8

    3200

    3000

    2800

    2600

    2400

    2200

    2000

    1800

    1600

    1400

    1200

    1000

    800

    600

    400

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    45do perodo de observao ocorreu nas reas mais anorte e mais a sul da zona monitorizada, ou seja, res-pectivamente nas marcas instaladas na Praa dosRestauradores e nas marcas da Praa do Comrcio.

    A zona observada onde se consideram como con-firmados assentamentos mantm sensivelmente uma

    rea equivalente observada desde Setembro de2004 (rea Sul limitada pelas ruas da Vitria, Ouro,Prata, rio Tejo; rea Norte Praa dos Restaura-dores), encontrando-se os valores ligeiramente ate-nuados em relao a perodos anteriores na zona sule mais significativos no topo norte da rea estudada.

    As marcas instaladas sobre materiais do Mio-cnico registaram um comportamento semelhante aoregistado nas marcas instaladas na zona aluvionar,como tem sido observado desde o incio das leituras,encontrando-se acumulados deslocamentos quevariam entre -2,4mm e +1,7mm.

    No controlo dos edifcios verificou-se que, nesteperodo de observao, ocorreram deslocamentospositivos na quase generalidade dos edifcios instru-mentados, encontrando-se, de Janeiro 2004 a Janeiro2005, os valores acumulados entre -1,7mm e +1,6mm,com os valores ao nvel do solo e dos edifcios namesma ordem de grandeza.

    Apesar de este ser apenas o primeiro ano de obser-vaes topogrficas, da anlise que tem vindo a serfeita aos resultados obtidos nas leituras das marcas desuperfcie e rguas de nivelamento em edifcios tem

    sido possvel verificar que os valores de deformaoentre leituras e de deformao acumulada possuemtaxas de evoluo muito reduzidas, mantendo-se ageneralidade da zona observada estabilizada.

    Na planta da figura 9 apresenta-se a distribuioda condutividade medida no conjunto dos piezme-tros instalados.

    A influncia das mars em termos de salinidade epiezometria (com oscilaes centimtricas) parecefazer sentir-se sem dvida at Rua da Vitria,

    podendo no entanto existir ainda a possibilidade deesta se fazer sentir at ao Rossio.

    Assentamentos

    Da anlise dos resultados obtidos durante esteprimeiro ano de observaes verifica-se que ocorre-ram de uma forma geral, na maioria dos locais ins-trumentados, oscilaes entre leituras quer no que serefere s marcas de superfcie, quer no que diz res-peito s rguas de nivelamento em edifcios.

    Em relao s observaes realizadas nas marcasde superfcie (ver figura 10), verificou-se que, nesteprimeiro ano, a distribuio dos locais onde foramregistados ligeiros assentamentos regulares ao longo

    Fig. 10 Mapa de isolinhas de deformao

    acumulada em Janeiro de 2005.

    1,2

    1

    0,8

    0,6

    0,4

    0,2

    0

    -0,2

    -0,4

    -0,6

    -0,8

    -1-1,2

    -1,4

    -1,6

    -1,8

    -2,4

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    47Importncia da Dcimada Cidade de Lisboa

    para o entendimentodo longo processo

    de construoe evoluo dos edifciosde rendimento da BaixaPombalina de Lisboa

    Jorge Mascarenhas

    Instituto Politcnico de Tomar

    Introduo

    Os trabalhos de reconstruo iniciados em 1759na parte baixa da cidade de Lisboa arrastaram-se porum longo perodo de tempo, muito para alm do regi-me de Pombal.

    Nesta parte da cidade, por detrs das fachadas cont-nuas e repetitivas dos quarteires, encerra-se a evoluo

    das tipologias do edifcio de rendimento. Encontram-sedesde modelos idnticos aos existentes em partes medie-vais da cidade, com um fogo por piso, at modelos seme-lhantes aos que existem em zonas mais tardias, do scu-lo XIX, com dois fogos por piso.

    Atravs do fundo da Dcima da Cidade de Lisboa1

    possvel estimar a data de construo dos edifcios,conhecer quais os edifcios mais genunos, entendercomo decorreu o processo de reconstruo e a suarelao com aspectos scio-econmicos, tratando-sepor isso de um instrumento importante para a estru-turao de um processo de salvaguarda desta zona da

    cidade.

    Importncia da Dcima

    A partir do exterior, os edifcios de rendimento daparte baixa da cidade apresentam pequenas variaesque os distinguem pela hierarquia das ruas a que per-tencem. No entanto uma anlise mais cuidada do

    interior dos edifcios, no estudo efectuado entre1987 e 1997, A Study of the Design and Constructionof Buildings in the Pombaline Quarter of Lisbon2,permite observar que certos tipos de escadas (12tipos), e respectiva localizao, aparecem de formaindiferenciada tanto em ruas principais como em

    ruas secundrias, no s nos lotes de maior comotambm nos de menor dimenso. Os tipos de escadasesto relacionados com formas de distribuio inter-na e ocupao dos espaos prprios, alguns em tudosemelhantes a edifcios localizados em zonas maisantigas da cidade e outros em zonas mais recentes.Tambm algumas caractersticas construtivas e aca-bamentos surgem claramente associados a determi-nados tipos de escadas.

    De uma forma sinttica, poderei dizer que, nosprimeiros edifcios, alguns tipos de escadas de acessos habitaes se desenvolvem volta de uma parede(mais fcil de se construir) e localizam-se junto sfachadas da rua para serem iluminadas pelas janelas.Nestes edifcios, os fogos apresentam uma circulaointerna caracterizada pelo atravessamento centraldas divises e uma forma de construo das escadasmuito elementar, tal como acontece nos edifcios emzonas mais antigas da cidade. Nos modelos mais tar-dios, a escada aparece localizada no centro do edifciopossuindo uma clarabia de iluminao (de complexae onerosa construo dada a raridade do vidro) e de-senvolve-se com uma bomba (mais difcil de cons-

    truir por ter lances e patamares em consola). Nestescasos, a distribuio interna dos fogos feita por umcorredor bem definido1.

    A deslocao das escadas, inicialmente adossadas sfachadas, para o centro do edifcio teve em conta diver-sas condicionantes, como o rigoroso alinhamento dosvos das fachadas das ruas, a iluminao das