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DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA DA BEIRA LITORAL
Direcção de Serviços de Agricultura – Divisão de Protecção das culturas
ESTAÇÃO DE AVISOS DE LEIRIA
BALANÇO FITOSSANITÁRIO
E RELATÓRIO DE ACTIVIDADES DO ANO AGRÍCOLA DE 2006
José Heleno Batalha Marta Oliveira Caetano
LEIRIA, 2006
2
Índice Pág.
1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA 3
1.1- Historial 3
1.2- Recursos humanos e técnicos 3
1.3- Rede biológica/fenológica e meteorológica 3
2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS 5
DE LEIRIA
2.1- Boletins emitidos 5
2.2- Generalidades 6
2.3- Ciclo vegetativo das culturas 7
2.4- Evolução dos inimigos das culturas 10
2.4.1- Vinha 10
2.4.1.1 – Pragas 10
2.4.1.2 – Doenças 11
2.4.2- Pomóideas 15
2.4.2.1- Pragas 15
2.4.2.2- Doenças 21
2.4.3- Olival 23
2.4.3.1- Pragas 23
2.4.3.2- Doenças 26
2.5- Balanço fitossanitário 27
3- OUTRAS ACTIVIDADES 29
3.1 – Plano de fruticultura / Estágio curricular 29
3.2 – Concurso “A melhor vinha – 2006” 30
3.3 – Estudo da mosca da fruta 31
3.4 – Acções de sensibilização 33
3
1- ESTACÃO DE AVISOS DE LEIRIA
1.1- Historial
A Estação de Avisos de Leiria é um serviço da responsabilidade do Ministério
da Agricultura, está afecta à Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral
(DRABL) – Divisão de Protecção das Culturas – e é supervisionado pelo Serviço
Nacional de Avisos Agrícolas (SNAA).
Territorialmente inclui a área dos concelhos de Leiria, Ansião, Pombal, Marinha
Grande, Batalha e Porto de Mós e Alvaiázere, dispondo de uma rede meteorológica e
biológica/fenológica. As culturas abrangidas, desde o início, são as pomóideas, a vinha
e o olival.
1995 foi o ano de inauguração desta Estação de Avisos. Instalaram-se 7
Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs), foi adquirido material informático
(computador e impressora) e material de laboratório de apoio: frigorífico, estufa,
microscópio, lupa biocular, pinças, bistoris etc…
Em 1996 e 1997 decorreram as fases experimentais desta Estação através da
testagem do software das EMAS.
Em 1998 esta Estação de Avisos entrou oficialmente em funcionamento,
formada por dois técnicos e tendo contado nas campanhas de 1998 e 1999 com a
colaboração de uma técnica profissional.
Em 2001 e 2002 esta Estação teve a colaboração de uma estagiária mas desde
então restringe-se aos dois técnicos.
1.2- Recursos humanos e técnicos
Desde 1995, fazem parte desta Estação de Avisos 2 técnicos: Marta Maria Filipe de
Oliveira Caetano (Eng.ª Agrária) e José Manuel Heleno Batalha (Engº Técº Agrário).
4
A Estação de Avisos ocupa dois gabinetes do Edifício da DRABL em Leiria, sendo
um dos quais um pequeno laboratório onde se encontra o material técnico usado na
execução dos trabalhos:
- 1 microscópio Olympus Ch-2, lâminas e lamelas
- 1 lupa binocular Olympus SZ60
- 1 máquina dobradoura de papel
- 1 Estufa Heraeus
- 1 Frigorífico Edesa
- 1 computador Zenith Pentium II
- 1 impressora/ scanner/ copiadora hp750
- 8 Estações Meteorológicas Automáticas (EMAs): 6 da marca Campbell e 2 da
Vórtice
- 1 insectário
- 1 termopluviohumectógrafo
- Material de laboratório (pinças, agulhas, placas de petri, lâminas, lamelas…)
Está afecta à Estação de Avisos uma viatura marca Renault, modelo Clio de 1993.
1.3- Rede meteorológica e biológica/fenológica
Para a elaboração dos boletins fitossanitários, a Estação de Avisos de Leiria, a
mais recente da rede nacional, está equipada com 8 EMAs (não possuindo nenhuma
estação meteorológica clássica de apoio) e vários postos de observação biológicos para
as culturas que supervisiona (Fig. 1).
Em 2006, das 8 EMAS existentes, apenas foi possível aceder aos dados de 4
Estações da marca Campbell: uma em Pombal, uma em Leiria e duas em Porto de Mós,
situadas em propriedades de agricultores inscritos. As estações emitem dados diários e
horários de temperatura (máxima, mínima e média), humidade e precipitação que
chegam ao computador central da Estação de Avisos via modem. Até agora o sensor de
folha molhada não foi aferido de forma a permitir obter o número de horas de folha
molhada, sendo através do termopluviohumectógrafo que acedemos aquele valor.
A Estação de Avisos dispõe ainda de uma rede de postos de observação
biológicos (POB), onde são colocadas armadilhas para acompanhamento do voo das
5
pragas e onde se observam semanalmente os vários órgãos da planta de acordo com o
estado de desenvolvimento da planta e o dos seus inimigos. Esta informação é depois
cruzada com os dados climáticos extraídos das EMAS permitindo determinar as alturas
mais oportunas para a realização dos tratamentos.
Figura 1 – Rede meteorológica e biológica/fenológica da Estação de Avisos de Leiria em 2006
2- ACTIVIDADES REALIZADAS PELA ESTAÇÃO DE AVISOS DE
LEIRIA
2.1- Utentes inscritos e boletins emitidos
Em 2006 registaram-se 175 inscrições que se traduz num decréscimo de 15% na
adesão a este serviço comparativamente a 2005. Sente-se por parte dos agricultores um
desânimo, um desalento por esta actividade e as razões prendem-se fundamentalmente com
o baixo rendimento que ela mesmo lhes confere. A agricultura sempre foi uma actividade
dura e muito exigente em termos humanos, mas se antes sentiam esse trabalho compensado
através do rendimento que obtinham e eram muitos os que viviam exclusivamente dela,
6
actualmente não conseguem competir com a elevada concorrência do mercado externo e os
preços dos produtos não pagam, na maior parte das vezes, os encargos subjacentes.
Verificamos um abandono progressivo da agricultura, principalmente no sector da vinha e
esta situação, obviamente se traduz num decréscimo de inscrições. Num inquérito
efectuado por esta Estação de Avisos aos seus utentes, era-lhe reconhecido valor e
importância na sua actividade, no entanto, dada a conjuntura desfavorável que este sector
atravessa, teme-se que a quebra sentida na adesão a este serviço não se fique só por este
ano.
Os utentes incluem: agricultores, cooperativas, e serviços oficiais e particulares que
fazem chegar os avisos a outros agricultores. O valor da assinatura anual que era em 2004
de 5€, passou para 12,28€ em 2006 e apesar de alguma sensibilização que se fez, não foi
possível manter o mesmo número de utentes.
Foram emitidas 18 circulares contendo avisos para o tratamento das principais
pragas e doenças das pomóideas, vinha e olival, bem como a indicação dos produtos
homologados para o seu combate e informações para alguns inimigos do pessegueiro e
citrinos.
2.2- Balanço fitossanitário geral da campanha de 2006
Começando pela forma como decorreu o tempo, a precipitação ocorrida em 2006
foi significativamente superior à do ano anterior e esta diferença traduziu-se e bem, na
forma como as doenças se desenvolveram nos pomares, vinhas e olivais da região.
Observando a figura n.º 2, é visível que tanto no Outono/Inverno, a que se referem os
meses de Outubro, Novembro e Dezembro, como na Primavera/Verão, meses de Abril e
Junho, foram aqueles onde os registos pluviométricos foram maiores atingindo-se um
pico em Novembro com 193mm de chuva. A ocorrência de granizo no mês de Junho
afectou pontualmente alguns pomares e vinhas da região, mas não se traduziu em
prejuízos de relevo.
Apesar do excesso de produção sentido, a precipitação ocorrida no Verão e a
monda de frutos à qual os fruticultores já aceitam como prática corrente, contribuíram
para que os calibres da fruta não fossem muito baixos, o mesmo já não se pode dizer na
vinha permanecendo ainda a ideia de produzir muito e as pessoas evitam deitar bons
7
cachos abaixo embora no final seja a qualidade que saia a perder e o rendimento
também.
A qualidade do vinho ressentiu-se não só pelo facto de não efectuarem monda de
cachos mas também a vindima acontecer numa altura em que as uvas não se encontram
completamente madura, antecipando quase 15 dias comparativamente com anos atrás.
Relativamente às temperaturas, o Inverno foi muito frio, como tem vindo a
suceder nos últimos dois anos o que facilitou a quebra de dormência. Nos meses de
Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro as temperaturas desceram abaixo dos 0ºC
durante vários dias tendo nevado em fins de Janeiro e que contribuiu para a diminuição
significativa da população da mosca da fruta. Por outro lado, os picos de calor que se
fizeram sentir entre Junho e Setembro provocaram escaldão em vinhas muito
desparradas vinha e nas pomóideas diminuindo a produção sensivelmente em 10%.
As boas condições de temperatura e precipitação ocorridas na altura da floração
favoreceram a boa produção que se fez sentir nas três culturas, apesar da pressão que as
doenças exerceram, principalmente no olival.
Em termos fitossanitários foi um ano favorável ao desenvolvimento do míldio na
vinha que apareceu no cedo nas folhas com grande intensidade por toda a região, mas
felizmente só atacou nos cachos um pouco mais tarde provocando o típico “rot brun”. O
bago negro “black rot” surgiu em algumas vinhas ficando os bagos mumificados, mas
não teve expressividade. O oídio continua a ser o principal inimigo na vinha.
Nos pomares, a produção foi boa, o pedrado atacou em força justificando em
média mais dois tratamentos comparativamente ao ano anterior. A mosca da fruta
sofreu, felizmente, um revés devido às condições climáticas terem sido desfavoráveis
não se registando prejuízos de relevo nas maçãs.
O olival floresceu muito e vingou melhor. A mosca pressionou pouco apesar do
voo ter estado alto em algumas alturas, mas as elevadas temperaturas mataram ovos e
larvas e baixaram a população. O maior problema surgiu mesmo no fim da campanha
devido à chuva ocorrida durante dias seguidos em Outubro e Novembro
impossibilitando a realização de tratamentos contra a gafa que provocou o
apodrecimento de muita azeitona mesmo em zonas onde este parasita não é considerado
um inimigo chave como é o caso de Castanheira de Pêra. Muitos olivicultores foram
obrigados a antecipar a colheita e a qualidade do azeite foi fraca.
Segue-se uma descrição mais em pormenor da forma como decorreu a campanha
para cada inimigo da vinha, maçã e olival.
8
2.3- Ciclo vegetativo das culturas
Vinha
Na figura 3 estão definidas as datas dos estados fenológicos da vinha em geral.
As datas representam uma média na região uma vez que a região é distinta e para além
disso as castas encontram-se misturadas.
Tal como em 2005, o abrolhamento foi tardio com diferenças em toda a região,
existindo zonas em que se chegou ao pintor em meados de Julho, 3 semanas antes
comparativamente a 2005, embora só na última semana de Julho a maioria das vinha
tenha atingido este estado. Até ao pintor existe uma coincidência quase total nas datas
dos diferentes estados fenológicos entre 2005 e 2006.
Vindima E. F. A C E F H I J K L M Data Fev 29-Mar 10 - Abr 17- Abr 8- Maio 22- Maio 5- Jun 12- Jun 20- Jun 10 – Jul 24- Jul 14 - Set Fig 3- Datas dos estados fenológicos (E. F.) dominantes nas vinhas da região de Leiria em 2006.
Dados meteorológicos de Leiria 2006
0
50
100
150
200
250
JAN
FEVM
ARABR
MAI
JUN
JUL
AGOSET
OUTNO
VDEZ
Meses
mm
-505101520253035
Prec
T. Min
T Máx
T. Med
ºC
Fig 2- Média da temperatura máxima, mínima e média e precipitação total registados no posto meteorológico da Profruta, concelho de Leiria, em 2006.
9
Macieira
Na figura 4 estão referenciadas as datas dos estados fenológicos da macieira.
Não se registaram diferenças relativamente ao ano anterior. Os calibres foram maiores
devido à chuva caída ao longo do ano. A maturação depende das variedades
encontrando-se as dominantes nesta região a decorrer entre fins de Julho e Outubro.
Oliveira
Na figura 5 pode observar-se os estados fenológicos da oliveira e respectivas
datas dominantes na região. Apesar do abrolhamento ter sido mais tardio, a partir da
floração foi quase coincidente comparativamente a 2005. Em meados de Novembro os
olivais da região de Leiria e Porto Mós estavam com a azeitona colhida, ao passo que
em Alvaiázere e Castanheira de Pêra só colheram 3 semanas depois.
E. F. A B C E F I I1 Data Mar 22 – Mar 29 – Mar 1 – Mai 15 – Mai 5 – Jun 19 – Jun Fig 5 – Datas dos estados fenológicos da oliveira dominantes na região de Leiria em 2006.
E. F. A C D E E2 F G I J Data Fev 22– Mar 29– Mar 3 – Abril 10- Abr 17–Abr 24 – Abr 1 – Mai 15- Mai Fig 4 – Datas dos estados fenológicos dominantes da macieira na região de Leiria em 2006.
10
2.4- Evolução dos inimigos das culturas
2.4.1- Vinha
2.4.1.1- Pragas Traça da uva (Lobesia botrana)
Esta praga teve 2 picos bem definidos: no decorrer do mês de Abril e no mês de
Junho e referem-se à primeira e segunda geração (Fig 6). O terceiro pico foi menos
intenso e muito escalonado com início em fins de Julho e a terminar em finais de
Setembro.
Como vem sendo habitual, o início do voo desta praga tem-se antecipado
relativamente ao desenvolvimento da cultura. Esta geração ataca as inflorescencias e o
seu ataque tem o efeito de monda natural impedindo que os futuros cachos não fiquem
demasiado compactos. O POB das Alcanadas foi onde o voo foi mais elevado, embora
no geral esta geração tenha sido menos intensa do que em 2005 e não se tenha atingido
o NEA (100-200 ninhos em 100 cachos) em nenhum posto.
Na segunda geração foram observadas numerosas posturas de ovos de traça em
todos os POBs tendo-se atingido o NEA (1-10% cachos atacados) em 12 de Junho e que
justificou a emissão do aviso a 13 de Junho com um produto de acção ovicida/larvicida,
RCI, por nos encontrarmos no início das eclosões, ou, para quem pretendesse utilizar
um produto normal, de acção larvicida, tratar uma semana depois.
O mesmo raciocínio foi empregue para a terceira geração onde se aconselhou a
tratar a 3 de Agosto, depois de atingido o NEA (1-10% de cachos atacados) com um
RCI, depois de observadas numerosas posturas, ou, com um produto de acção larvicida
uma semana mais tarde. Esta geração foi significativamente menos intensa
comparativamente às outras duas e também a 2005, mas prolongou-se por muito mais
tempo do que é habitual devido à temperatura favorável que se fez sentir no final do
Verão. Esta situação permitiu que a praga colonizasse à vontade os bagos e que o nível
de infestação tenha subido consideravelmente aumentando também a pressão da botrytis
nesta fase.
Vinha
11
2.4.1.2- Doenças Míldio (Plasmopora viticola)
Este ano o míldio atacou com maior intensidade, contrariamente ao que vem
sendo habitual para esta região, justificando mais três tratamentos comparativamente a
2005 que totalizaram 8 tratamentos nas situações piores, uma vez que 3 foram
condicionados. Constatou-se que a oportunidade dos primeiros tratamentos foi
determinante na evolução da doença.
A maturação do fungo que se atinge quando os oósporos germinam em menos de
24 horas a uma temperatura de 22ºC, sucedeu no início de Abril tal como em 2005 e
com uma germinação ainda mais fraca que em 2005. O primeiro aviso foi emitido em
10 de Abril devido à precipitação ocorrida em quantidade suficiente para causar
infecção e era dirigido às vinhas cujos pâmpanos já tivessem atingido 10cm de
comprimento.
Devido às chuvas ocorridas a 20 de Abril, foi emitido um aviso a 24 de Abril, já
para as vinhas todas, onde se recomendava tratarem até ao dia 30 com um produto
sistémico dada a instabilidade do tempo que se previa, impedindo que o produto seja
lavado pela chuva e que ocorram contaminações sucessivas.
As primeiras manchas foram observadas a 3 de Maio já com esporulação na
página inferior. Nos nossos POBs, o posto da Mourã foi o primeiro onde apareceram
0
50
100
150
200
250
22-Mar
03-Abr
17-Abr
02-Mai
15-Mai
29-Mai
12-Jun
26-Jun
10-Jul
24-Jul
07-Ago
21-Ago
04-Set
18-Set
02-Out
N.º
de
ca
ptu
ras
Mourã
P. Mós
Alcanadas
Pombal
Fig 6 - Curva de voo da traça da uva em postos biológicos na região de Leiria em 2006.
12
manchas de míldio, mas esta doença esteve presente em todas as vinhas por nós
observadas.
Os tratamentos do dia 19 de Maio e 1 de Junho deveram-se ao tempo instável e à
elevada quantidade de manchas de míldio activo presentes em todos os vinhedos da
região. Pretendia-se impedir que estas atingissem os cachos, o que acabou por acontecer
mas numa fase mais adiantada da cultura originando o típico “rot brun” que se identifica
pelas manchas castanhas nos bagos com depressão a lembrar uma dedada. Estes danos
foram mais expressivos em vinhas situadas em zonas húmidas e onde descuraram os
tratamentos iniciais, provocando a queda dos bagos.
As chuvas ocorridas na segunda semana de Junho obrigaram à emissão de 1
SMS seguido do aviso no dia 14 principalmente em vinhas com focos activos. A
repetição deste tratamento surgia a 29 de Junho, devido aos orvalhos matinais e à
pressão de ocorrência de chuva a partir do fim-de-semana, aconselhando-se já a
aplicarem um produto à base de cobre.
Em algumas vinhas da região começou a aparecer o bago negro “black rot”, que
se distingue do “rot brun” por apresentar umas pontuações negras na película
(picnídios). Os bagos acabam por dessecar completamente ficando como passas. Esta
situação levou a que a 12 de Julho se emitisse um aviso a aconselhar sulfato de cobre
pela sua eficácia, efeitos na podridão ácida e atempamento das varas.
Oídio (Uncinula necator)
É um inimigo chave da vinha, ataca todos os anos com grande intensidade se não
se tratar logo de início nas fases de maior susceptibilidade. Com o tempo húmido que se
fez sentir foram bem visíveis os ataques causados por este fungo cujos danos indirectos
se sentem mais tarde na incidência da podridão cinzenta.
Foram emitidos 8 avisos para o controlo desta doença, mais 3 do que o ano
anterior, o que revela a pressão sentida nesta campanha.
O primeiro tratamento surgiu a 10 de Abril na fase de cachos visíveis com
enxofre em pó tendo-se aconselhado a sua repetição a 24 de Abril nas vinhas onde a
pressão desta doença tivesse sido maior em 2005.
O tratamento emitido a 8 de Maio, fase da floração dirigia-se às vinhas mais
susceptíveis a esta doença e o de 19 de Maio, fase da floração-alimpa, muito sensível a
13
esta doença foi aconselhado para todas as vinhas. Em ambos os avisos se indicou o
enxofre em pó.
A quinta recomendação surgiu a 1 de Junho, fase de grão de chumbo / bago de
ervilha, muito sensível desde que os orvalhos e neblinas criem um clima de humidade
favorável, alertando para o uso de sistémicos em situações mais gravosas.
Os avisos do dia 13 e 29 de Junho alertavam para os focos de oídio já
observados na região e para as condições muito favoráveis para o seu desenvolvimento,
nomeadamente as neblinas matinais seguidas de tempo quente. Aconselhava-se a usar
produtos curativos: dinocape ou enxofre em pó nos casos em que o oídio já se
encontrasse instalado e usar sistémicos antes do pó branco ser visível ao nível dos
órgãos da videira, nomeadamente os cachos.
No dia 12 de Julho era visível o alastramento desta doença e recomendava-se
tratar com produtos de acção curativa evitando as horas de maior calor
Podridão cinzenta (Botrytis cinerea)
A elevada precipitação ocorrida na Primavera, os ataques de oídio e traça e o
pedraço caído em Junho contribuíram para que esta doença se expressasse em maior
intensidade este ano.
Para além de ataques no pâmpano, sem expressão, detectaram-se ataques nos
cachos no cedo cujas extremidades principiavam a secar nas extremidades.
O primeiro tratamento foi aconselhado a 19 de Maio assim que a vinha fosse
atingindo o estado de floração-alimpa, fase muito sensível aos ataques desta doença
devido ao risco de poder arrastar o fungo para as sementes.
As elevadas temperaturas aceleraram o desenvolvimento final da vinha,
nomeadamente a sua entrada no pintor tendo-se observado algumas vinhas a começar a
pintar a 10 de Julho e que motivou a emissão do aviso a 12 de Julho a chamar a atenção
para esta situação principalmente em vinhas atingidas pelo granizo devido ao perigo de
ter provocado o aparecimento de feridas e destas agravarem os ataques desta doença.
O último tratamento foi aconselhado a 3 de Agosto, 3 a semanas antes da
vindima. O agravamento desta doença na fase final da cultura justificou a realização
deste tratamento que dentro dos tratamentos standard preconizados para esta doença é o
14
último e um dos que se pretende eliminar devido aos efeitos que pode induzir na
qualidade do vinho.
Escoriose (Phomopsis vitícola) É uma doença que deixou de ser exclusiva de vinhas velhas. A proliferação de
viveiristas que vivem à margem da lei e que não cumprem os requisitos necessários na
produção de garfos sanitariamente isentos de doenças, tem favorecido a disseminação
desta doença. Vinhas com dois e três anos apresentam já sintomas de escoriose
comprometendo logo de início o vigor da videira, a sua formação e o rendimento. No
que respeita à poda, a poda curta, a talão, a mais generalizada na região e a que
apresenta menos custos por não necessitar de empa, pode ser muito prejudicial para o
rendimento da vinha uma vez que em árvores com escoriose, os gomos da base podem
não abrolhar e, a acontecer em talões, a produção fica logo comprometida.
Este ano, a Primavera chuvosa que se fez sentir favoreceu o desenvolvimento
desta doença pelo que se insistiu novamente nas medidas profilácticas na altura da poda
de forma a evitar a sua propagação e, tratamentos químicos preventivos no estado D –
E.
Para as medidas profilácticas foi emitido um boletim informativo a 20 de Janeiro
onde se chamava a atenção para:
a) podar as videiras mais infectadas no fim, deixando nestas mais dois gomos
para o caso dos da base não rebentarem,
b) queimar a lenha da poda,
c) não enxertar com garfos infectados,
d) desinfectar com lixívia o material de poda depois de podar videiras infectadas
para videiras sãs.
Na luta química preventiva, aconselhou-se tratar a 27 de Março dando à escolha
duas estratégias:
a) duas intervenções com produtos não sistémicos (enxofre, folpete, mancozebe,
metirame, propinebe), sendo uma no estado D (saída das folhas) e outra no estado E
(folhas livres), ou
b) uma só intervenção com um produto sistémico (azoxistrobina, famoxadona +
fosetil de alumínio, folpete + fosetil de alumínio, mancozebe + fosetil de alumínio) no
estado E (folhas livres).
15
Cochonilha algodão (Planococcus ficus)
É uma praga que se apresenta muito localizada nas vinhas da região. O
tratamento de Inverno passa pela descamação da casca, uma vez que elas se instalam
debaixo do ritidoma, seguida de uma pulverização molhando bem o tronco com
Malatião + Óleo Mineral ou Óleo de Verão. Na altura das vindimas deve-se marcar as
árvores que apresentem sintomas de ferrujão – presença de fumagina. Esta indicação foi
transmitida a 20 de Janeiro e 1 de Março.
No aviso de 13 de Junho uma vez iniciada a saída das larvas aconselhou-se a
tratar com um produto à base de malatião, metidatião, clorpirifos, azinfos-metilo
dirigido ao tronco e ramos do interior da videira.
2.4.2 - Pomóideas
2.4.2.1- Pragas
Bichado (Laspeyresia pomonella)
O bichado é uma praga importante nos pomares, mas tem sido perfeitamente
controlada pelos produtos existentes no mercado e também pela fauna auxiliar.
O seu controlo baseado na curva de voo tem-se revelado insuficiente, uma que
as capturas registadas não correspondem aos estragos causados. É difícil através da
curva de voo diferenciar as duas a três gerações que o caracterizam uma vez que a
emergência dos adultos é continua o que provoca sobreposição de gerações.
A pressão desta praga tem vindo a aumentar desde 2004. Este ano a curva de
voo é composta por sucessivos altos e baixos mantendo-se quase contínua, no entanto,
só se atingiu o NEA mesmo no final da campanha.
O primeiro pico de voo ocorreu em 2 de Maio em todos os postos (fig 7). Como
a saída dos adultos ocorreu primeiro no campo e só depois no insectário, não se
aconselhou nenhum tratamento ovicida/larvicida mas apenas larvicida a 8 de Maio.
Tinha-se atingido um pico de voo, e apesar de não se ter atingido o NEA nos nossos
postos, as condições de acasalamento e postura eram muito favoráveis.
No dia 1 de Junho com o voo a manter-se activo foi emitido novo aviso
aconselhando a tratarem com um produto que combatesse simultaneamente os afídios.
POMÓIDEAS
16
No tratamento de 12 de Julho, à segunda geração, avisava-se para tratar com um
produto de acção larvicida. O voo apresentava tendência para aumentar e estava a
aumentar o número de penetrações.
A 3 de Agosto a terceira geração já tinha iniciado e o voo estava intenso, tendo-
se aconselhado um produto ovicida/larvicida ou um larvicida para quem quisesse tratar
mais tarde.
Apesar do voo ter sido mais intenso do que em 2005 só se atingiu o NEA no fim
da campanha (Agosto) muito mais tarde do que em 2005 onde o último tratamento
ocorreu a 6 de Junho.
Na luta cultural no controlo do bichado através da monda de frutos bichados é
fundamental para diminuir a pressão da praga para o ano seguinte.
Lagarta mineira (Lithocolletis blancardella)
Tal como em 2005, existe algum sincronismo entre os picos de voo nos vários
POBs onde é possível distinguir 4 gerações (Fig 8), tal como no ano passado, apesar
desta praga apresentar várias gerações que normalmente se sobrepõem, sendo o posto
das Cortes aquele que registou maior número de capturas, também por ser este posto
onde os tratamentos são efectuados com produtos mais agressivos.
Nos nossos POBs o voo deste ano foi ainda mais baixo do que no ano passado e
isto deve-se às boas práticas culturais aplicadas, nomeadamente utilização de produtos
0
5
10
15
20
25
30
35
24-Abr
08-Mai
23-Mai
05-Jun
19-Jun
03-Jul
17-Jul
31-Jul
14-Ago
28-Ago
11-Set
25-Set
N.º
de
ca
ptu
ras
P. Mós
Conqueiros
Cortes
Fig 7 - Capturas de bichado em postos biológicos da região de Leiria em 2006.
17
pouco agressivos, rotação de famílias químicas e tratamentos oportunos. Em nenhum
dos nossos POBs se atingiu o NEA (100 galerias/100folhas), no entanto foi emitido um
aviso a 13 de Junho para pomares cuja presença fosse superior aqueles valores.
Verificamos que a sua presença não é directamente proporcional aos prejuízos
causados o que significa que mesmo com elevadas capturas, como vem sendo habitual
nos nossos pomares, a limitação natural tem sido eficaz.
Quase sempre se recomenda um produto que combata simultaneamente o
bichado.
Mosca da fruta (Ceratitis capitata)
A mosca da fruta comportou-se de forma atípica nesta região. Sendo considerada
por muitos fruticultores a praga mais difícil de combater por atacar muito em cima da
colheita, com grande intensidade inviabilizando qualquer estratégia química devido ao
I.S. dos produtos disponíveis. Este ano, felizmente, a mosca não causou grandes
estragos na região. Nos nossos POBs o voo teve início em meados de Agosto, um mês
depois do que é habitual (Fig 9) e intensificou-se em meados de Setembro numa altura
em que a maioria das variedades de fruta produzidas aqui na região já foi colhida.
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22-Mar
03-Abr
17-Abr
02-Mai
15-Mai
29-Mai
12-Jun
26-Jun
10-Jul
24-Jul
07-Ago
21-Ago
04-Set
18-Set
02-Out
16-Out
30-Out
N.º
de
cap
tura
s
P. Mós
Conqueiros
Cortes
Fig 8- Capturas de lagarta mineira pontuada em postos biológicos da região de Leiria em 2006.
18
Em meados de Setembro de 2005 o nível de capturas no posto dos Conqueiros
era de quase 200 adultos/semana e estava em ascensão enquanto que este ano para o
mesmo posto, o nível de capturas era de 5/semana.
Este ano o máximo n.º de capturas/semana não foi além dos 160 adultos/semana
no início de Novembro em Porto Mós, ao passo que em 2005, o pico neste posto foi
atingido na segunda e terceira semana de Outubro com mais de 250 adultos/armadilha.
No início de Novembro o voo em todos os POBs estava a decrescer. Esta
situação levou à redução do número de aconselhamentos enviados. O primeiro foi
emitido a 3 de Agosto onde se alertava para o registo de capturas desta praga e era
dirigido às variedades que ainda não iam ser colhidas chamando a atenção para o
cumprimento de I.S.. Em 6 de Setembro como era muito ligeira a subida do voo fazia-se
referencia para o facto do voo estar muito abaixo do que é normal para a época e
aconselhava-se os senhores fruticultores a observarem frutos picados mas a ter atenção
ao I.S. dos produtos a aplicar.
Este ano só se começaram a observar frutos picados em meados de Agosto e o
número de frutos em 1000 colhidos nos nossos POBs era quase nulo.
É considerada a praga chave para esta região. O clima que aqui predomina é-lhe
muito favorável. Existem muitas fruteiras que lhes servem de hospedeiro e que mantêm
a mosca durante quase todo o ano.
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31-Jul
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4-Set
11-Set
18-Set
25-Set
2-Out
9-Out
16-Out
23-Out
30-Out
6-Nov
Cortes
P. Mós
Conqueiros
Fig 9 - Capturas de mosca da fruta em postos biológicos da região de Leiria em 2006.
19
Cochonilha S. José (Quadraspidiotus perniciosus) Os ataques desta praga são muito localizados, mesmo dentro do pomar, sendo o
seu combate feito pomar a pomar obrigando o agricultor a fazer observações.
O tratamento de Inverno às formas hibernantes é essencial para minorar o ataque
desta praga e deve ser o mais próximo possível da rebentação, altura em que elas estão
mais susceptíveis, devendo ser dirigido ao tronco e pernadas com Óleo de Verão a 4%.
Este ano este tratamento foi aconselhado a 1de Março.
A monitorização desta praga passa pelo acompanhamento da emergência das
larvas ao mesmo tempo que se acompanha a temperatura acumulada acima dos 7,3ºC a
partir de 1 de Janeiro. Normalmente a emergência das larvas é coincidente com a
temperatura acumulada entre os 500 – 525º para a primeira geração. Em 2005 as
temperaturas acumuladas por esta altura situavam-se acima dos 509ºC em todas as
estações meteorológicas, no entanto, este ano, à emergência das larvas, observada a 31
de Maio, aquelas temperaturas situavam-se nos 409º. A emergência das larvas móveis é
monitorizada semanalmente através de cintas adesivas brancas instaladas à volta de
ramos atacados com cochonilha . A saída prolongou-se por um período longo tendo-se
atingido um pico a 10 de Maio. O aviso foi emitido a 8 de Maio aconselhando-se um
produto sistémico devido à instabilidade do tempo.
A eclosão das larvas da segunda geração é normalmente e foi mais fraca do que
a primeira. Este ano a eclosão teve início no fim de Junho, mais cedo do que em 2005 e
o aviso foi emitido a 29 de Junho. As temperaturas acumuladas acima dos 7,3º que estão
estudadas para a eclosão desta geração rondam os 1270º e este ano, ao contrário de 2005
que foi ultrapassado atingindo os 1400ºC, este ano esteve abaixo daquele valor, nos
1050ºC, sugerindo um estudo mais pormenorizado desta metodologia.
Afídeos (Aphis spp.; Dysaphis plantaginea Pass)
O afídeo cinzento que embora não aparecendo em elevado número é sempre um
inimigo a ter em conta pelo seu difícil combate, e que a simples presença obriga ao
tratamento, os outros afídeos seja o verde ou o preto apareceram, como sempre, mas de
forma pouco intensa de tal forma que nos nossos POBs nunca se atingiu o NEA e não se
mandou efectuar qualquer tratamento.
20
Registou-se um ataque mais intenso por parte destes inimigos mas foi bem
controlado com os tratamentos aconselhados. Para além do tratamento às formas
hibernantes a 1 de Março, emitiu-se mais dois avisos: a 10 de Abril e 1 de Junho, este
último coincidia com o tratamento para o bichado alertando-se para usar produtos que
combatessem estas duas pragas.
Ácaros (Panonychus ulmi Koch)
O aranhiço vermelho é uma praga para a qual é necessário ter algum cuidado
uma vez que quando encontra boas condições para o seu desenvolvimento multiplica-se
rapidamente tornando-se difícil e oneroso combater. O seu controlo passa pela detecção
das eclosões das larvas e tratamentos imediatamente após o pico das eclosões de forma
a cobrir o máximo de larvas. Infelizmente não existe um produto no mercado que ataque
simultaneamente ovos, larvas e adultos pelo que a estratégia ao longo da campanha
passa pela alternância de produtos, até para não criar fenónemos de resistência.
No geral, o ataque desta praga situou-se em níveis baixos. Por um lado o inoculo
do ano anterior era baixo e quem controlou logo de início baixou ainda mais o nível
populacional.
Em fins de Maio verificou-se um aumento preocupante da população em alguns
pomares e nesses pomares mesmo baixando um pouco a pressão da praga, ela voltou a
atacar com força em Julho, mas mais nas variedades vermelhas deixando nesses uma
carga de ovos elevada para o ano que vem.
O primeiro tratamento às formas hibernantes foi emitido a 1 de Março, também
para cochonilhas e afídeos. O pico das emergências foi atingido entre 28 de Março e 5
de Abril e o aviso de 10 de Abril aconselhava os agricultores a observarem a página
superior e inferior das folhas de preferência com lupa de bolso.
A terceira, quarta, quinta e sexta recomendações, respectivamente a 8 de Maio,
1 de Junho, 29 de Junho e 3 de Agosto, estiveram condicionados às observações
efectuadas em 100 folhas nos pomares e a tratar se fossem atingidas as percentagens de
folhas ocupadas com formas móveis recomendadas para a macieira e pereira.
21
2.4.2.2- Doenças
Pedrados (Venturia spp.)
Foi uma doença que atacou de forma intensa na generalidade dos pomares, tendo
para isso concorrido a Primavera chuvosa, que fomentou a disseminação da doença e
dificultou o seu controlo devido às lavagens sucessivas de produtos e, para quem
mobilizou o terreno, à impossibilidade de realizar tratamentos devido ao estado do
mesmo quando algumas abertas o permitiam. No entanto, o ataque não se repercutiu de
forma negativa sobre a qualidade uma vez que dada a taxa de vingamente elevada, a
monda dos frutos incidiu, obviamente, em frutos com manchas.
Foram emitidas 10 recomendações, mais 2 comparativamente a 2005, sendo que
os primeiros e os últimos tratamentos estavam condicionados respectivamente ao estado
de desenvolvimento das culturas e à existência de manchas activas nos pomares.
Foram recolhidas folhas de macieira com peritecas de pedrado e colocadas no
chão, para acompanharmos a evolução do fungo em condições naturais. A maturação do
pedrado não se dá em simultâneo tendo sido a partir de meados do mês de Março que se
deu início à maturação das peritecas.
O primeiro aviso foi emitido a 16 de Março, antes da chuva prevista nesse fim
de semana, e era dirigido às pereiras por estas se encontrarem no estado fenológico C3-
D (abrolhamento-botão verde), fase muito sensível ao desenvolvimento desta doença e
já existirem peritecas maduras
A 27 de Março quando todas as macieiras estavam a entrar no C3-D e o tempo
continuava chuvoso, aconselhou-se novamente um tratamento preventivo para as
variedades mais precoces de macieira, alertando, no caso de tratarem com um produto
de contacto, para o risco de ser lavado a partir de 20-25Lt de chuva/m2.
O segundo aviso saiu a 10 de Abril devido à chuva caída na semana anterior.
Aconselhava-se a tratar até ao fim dessa semana antes do aparecimento das manchas
com um produto sistémico caso o tempo continuasse chuvoso.
Foram observadas as primeiras manchas a 17 de Abril nas folhas e frutos de
macieiras mais adiantadas (galas) e nas pereiras.
No tratamento de 24 de Abril aplicou-se novamente a estratégia dos avisos e
aconselhava-se a tratar até ao fim do mês de forma a evitar a repicagem das manchas,
com um produto de acção curativa. A conjugação da chuva caída com a média de
temperatura desse período dava na curva de Mills uma infecção grave.
22
O segundo tratamento foi emitido a 30 de Março pois a chuva caída lavou o
produto do primeiro tratamento aconselhando-se a sua repetição usando um produto
curativo que actuasse bem a baixas temperaturas. Tínhamos observado projecção de
ascósporos com intensidade a 27 de Março.
Os avisos de 8 e 19 de Maio alertavam para os fortes ataques desta doença
observados nos pomares da região e dada a sua elevada pressão recomendava-se para
tratarem com produtos de acção mista (preventivo + curativo).
A 1 de Junho o tratamento era dirigido aos pomares que apresentassem manchas
de pedrado activas com um produto de contacto.
A forte intensidade das chuvas de 13 e 14 de Junho obrigaram à emissão de um
SMS, seguido do aviso a 14, alertando para a necessidade de repetirem o tratamento
para quem tivesse tratado com um produto de contacto.
Os orvalhos tardios e o facto da doença se encontrar já muito generalizada na
região justificou a emissão do aviso de 29 de Junho e 12 de Julho, mas só em pomares
que apresentassem manchas de pedrado.
O último tratamento, a 2 de Novembro, foi aconselhado em pomares onde se
registaram ataques de pedrado tardio utilizando uma solução de ureia a 5% molhando
bem as folhas que se encontrassem na árvore e no chão.
Cancro (Nectria galigena ) Como esta doença não tem cura, o modo de actuação passa por medidas que
controlem a sua disseminação, especialmente em pomares com variedades mais
sensíveis, tais como as variedades vermelhas, ou situados em locais mais húmidos. O
Inverno e Primavera mais húmidos do que é habitual contribuíram para o agravamento
desta doença.
Recomendou-se um tratamento a 20 de Janeiro, aconselhando os agricultores a
desinfectarem as feridas da poda com um produto à base de cobre de forma a impedir a
entrada dos esporos e no dia 2 de Novembro chamava-se a atenção para os cortes da
poda e as feridas deixadas pela queda das folhas, recomendando tratar com calda
bordalesa ou produtos cúpricos depois da poda ou após a queda da maioria das folhas.
Os tratamentos primaveris contra o pedrado conferem boa protecção contra o
cancro.
23
2.4.3- Olival 2.4.3.1- Pragas
Traça (Prays olea)
O voo desta praga foi normal não se verificando diferenças significativas
comparativamente a 2005. Os adultos da geração filófaga surgiram em fins de Março e
desenvolveram-se no mês de Abril (Fig 10). Estes adultos vão fazer posturas nos botões
florais onde as larvas tecem ninhos originando os adultos da geração que irão fazer as
posturas no fruto e dar lugar à geração carpófaga.
À excepção do posto de Alvaiázere que registou um voo mais baixo, os restantes
POBs mantiveram sensivelmente a mesma intensidade de voo.
As larvas da geração filófaga começaram a aparecer em meados de Fevereiro,
altura em que começam a roer as folhas e os rebentos dos ramos jovens para
completarem o seu desenvolvimento. Na observação de 100 raminhos, o número de
galerias observadas atingiu um máximo em meados de Março. O tratamento a esta
geração só se justifica em olivais novos por poder comprometer a sua formação.
A geração antófaga, que ataca os botões florais não foi muito intensa. Como a
oliveira floresce muito e este ano as boas condições ocorridas na altura da
floração/vingamento assim o proporcionaram não foi necessário mandar tratar. Esta
geração funciona como uma monda natural dos frutos.
Foi emitido um aviso no dia 13 de Junho para tratarem à geração carpófaga, que
ataca os frutinhos provocando a sua queda quer à entrada como à saída da larva no
fruto. Este tratamento deve posicionar-se logo a seguir ao pico do voo antes da
lenhificação do caroço.
O tratamento para a mosca em Outubro coincide com a postura dos ovos nas
folhas que originará a geração filófaga, pelo que se no referido tratamento se usarem
produtos sistémicos poderá diminuir essa geração.
Oliveira
24
Mosca da azeitona (Bactrocera oleae)
O voo desta praga foi superior este ano comparativamente a 2005, no entanto, os
estragos causados não se converteram em prejuízos devido aos golpes de calor que
esterilizaram ovos e larvas (fig 11).
O voo começou com alguma pressão justificando o tratamento de 3 de Agosto
para a região de Porto de Mós e Leiria e mais tarde para os concelhos de Pombal,
Ansião e Alvaiázere. Durante o mês de Agosto todos os POBs registaram um baixo
nível de capturas e não se observaram frutos picados. Em Setembro foi emitido um
aviso no dia 6 porque se previa um abaixamento de temperatura e o voo apresentava
tendência para subir, no entanto isto não aconteceu e este tratamento poderia ter sido
evitado. A partir de meados de Setembro o número de capturas começou a aumentar
assim como os frutos picados e o número de ovos e larvas viáveis atingindo-se o NEA
em 25 de Setembro altura em que foi emitido mais um aviso aos olivicultores que
pensassem colher em meados de Outubro. Para colheitas mais tardias aconselhava-se a
tratarem mais tarde a 16 de Outubro.
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31-Jul 14-Ago 28-Ago 11-Set 25-Set 09-Out 23-Out 06-Nov
N.º
de c
apt
uras
Alcanadas
P.Mós
Pombal
Alvaiàzere
Fig 11- Curva de voo da mosca da oliveira nos postos biológicos da região de Leiria em 2006.
25
Caruncho (Phloeotribus scarabaeoides Bernard) O caruncho é uma praga para a qual não existem produtos químicos
homologados, o seu controlo passa pela aplicação de medidas culturais. Neste sentido
foi aconselhado a 1 de Março e 24 de Abril a retirar e queimar a lenha da poda para
impedir a intensificação do ataque, mas deixando alguma espalhada como isco
queimando logo que se observasse a presença de serrim sinal que já tinha efectuado as
posturas e se preparava para atacar a rebentação nova, na axila dos ramos, prejudicando
a formação e comprometendo a produção principalmente em árvores jovens. Esta
operação deve ser efectuada depois do caruncho perfurar a lenha para fazer as posturas e
antes de saírem os adultos, de forma a diminuir a pressão da praga.
Este ano não se observaram nos nossos POBs tantos raminhos partidos e isto
deve-se à aplicação das medidas profilácticas.
Cochonilhas
As cochonilhas atingem normalmente de forma localizada os olivais, estando
mais presentes em zonas húmidas e em árvores com copas densas. Deve-se promover o
arejamento da copa e não abusar de adubações azotadas.
Foi emitido um aviso para tratarem a cochonilha algodoeira (Euphyllura olivina
Costa) a 8 de Maio, depois de se observar a sua presença nos olivais, com a condição de
tratarem, com um produto à base de dimetoato, se 25 das 100 inflorescências a observar
estivessem apresentassem secreções de algodão.
Uma fêmea de cochonilha preta (Saissetia oleae) é capaz de produzir perto 1000
ovos. Ela está madura quando ao esmagar sai líquido viscoso, ou ao destacá-la os ovos
têm cor alaranjada.
Aconselhou-se tratar a 29 de Junho quando observámos um pico de eclosão das
larvas em olivais abandonados. Deve-se tratar antes da cochonilha se fixar e ganhar
carapaça que a protege dos tratamentos. As árvores adquirem um tom negro, tanto as
folhas como os ramos, a fumagina, mais conhecido como ferrujão e que é um fungo
saprófita que se alimenta da melada, secreção açucarada que a cochonilha segrega. A
26
presença de formiga é também um indicador desta praga, cuja expressão também é
localizada.
2.4.3.2- Doenças
Gafa (Gloeosporium olivarun)
Esta doença ataca a azeitona no final da campanha, quando esta começa a mudar
de cor, e a sua pressão faz-se sentir até à colheita estando dependente do estado do
tempo e correlacionada com os ataques de mosca.
Este ano o Outono foi muito chuvoso e apesar da pressão da mosca ter sido
baixa, a gafa atacou de forma muito intensa obrigando muitos olivicultores a colher a
azeitona mais cedo que o esperado, alguma ainda em verde. A chuva caiu de forma
intensa e contínua impedindo a realização dos tratamentos.
Foram emitidas 3 circulares de avisos: 25 de Setembro, 16 de Outubro e 2 de
Novembro (Quadro 3), para tratarem com um produto à base de cobre insistindo-se na
incorporação de um aderente de forma a travar a lavagem do produto pela chuva.
O ataque de gafa ter sido intenso, mesmo em zonas como Castanheira de Pêra
onde não é habitual o tratamento da gafa, originou um azeite de má qualidade. A
temperatura no lagar subiu uns 5 a 6 graus e o azeite foi de má qualidade.
Olho de pavão (Spiloceae oleagineae)
Continuamos a assistir a desfoliações provocadas por este fungo, principalmente
em olivais novos ou em variedades mais susceptíveis como é o caso da cobrançosa, no
entanto, apesar da Primavera chuvosa, as desfoliações não foram tão intensas como em
2005, talvez porque as temperaturas nesta fase se mantiveram muito baixas. Foi
aconselhado 1 tratamento à base de cobre na Primavera (16 de Março) de forma a não
comprometer a produção logo desde o início. Em Setembro, a aplicação de cobre à gafa
também é extensiva ao olho de pavão (25 de Outubro e 2 de Novembro). Verificamos
que quem tratou teve pouco prejuízo com esta doença.
27
Cercosporiose (Cercospora cladosporioides)
Verifica-se sempre grande incidência desta doença em olivais não tratados. Tal
como as doenças anteriores, actua-se preventivamente antes da ocorrência de chuvas. É
no Outono que esta doença ganha particular expressão. O tratamento para a gafa com
produtos cúpricos combate simultaneamente a cercosporiose (Quadro 3). Em Ansião
esta doença está presente em quase todos os olivais por ser uma região húmida, os
olivais serem já muito velhos e a variedade galega, que é a predominante, ser muito
susceptível originando também desfoliações.
2.5 – Balanço fitossanitário
Quadros resumo dos tratamentos
Nos quadros abaixo (n.º1, 2 e 3) estão indicadas todas as datas em que foram
feitas referências a tratamentos em toda a campanha incluindo, portanto, todas as
estratégias de luta e respectivo número de tratamentos. Os tratamentos condicionados
estão designados por um asterisco e por M. P. medidas profilácticas.
Quadro 1- Quadro resumo dos tratamentos mandados efectuar para a vinha na campanha de 2006.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de trat.
Míldio 10* 24
8 19
1* 14,29
29* 5+3*
Escoriose
M.P 20
27 M.P. 1
Botrytis 19 12 3* 2+1* Oídio 10
24 8 16
1 13,29
12* 7+1*
Traça 13 3 2
Coch. Algodão
20* 1 13 2+1*
*-Tratamento condicionado M.P. –Medidas Profilácticas
VINHA
28
Quadro 2 - Quadro resumo dos tratamentos mandados efectuar para as pomóideas na campanha de 2005. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de
trat. Cancro 20 2 2 Pedrado 16*
27* 10 24
8 19
1, 14 29*
12* 2 7+4*
Aranhiço vermelho
INV 1
10 8* 1 29
3* 4+2*
Piolho cinzento
INV 1
10 1 3
Coch. S. José
INV 1
8 29 3
Bichado 8 1 12 3 4 Lagarta Mineira
13 1
Mosca da Fruta
3 6 2
Antónomos
10
* -Tratamento condicionado INV. -Inverno
Quadro 3- Quadro resumo dos tratamentos mandados efectuar para a oliveira na campanha de 2005. Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º de
trat. Cercospori- ose
25 16 2
Gafa 25 16 2 3 Olho de pavão
16 25 16 3
Mosca
3 6 25
16 3+1*
Traça 13 1 Caruncho MP
1 MP 24
Coch. negra 29 1 Coch. Algodão
8 1
M.P.- Medidas Profilácticas
Pomóideas
Oliveira
29
3- OUTRAS ACTIVIDADES 3.1 – Plano de fruticultura / Estágio curricular O Plano de fruticultura surgiu em 2004, por um período de 2 anos, para dar
resposta a alguns estrangulamentos do sector na região que se prendem principalmente
com o abandono da actividade e a pequena dimensão das parcelas que dificultam a
utilização de determinadas máquinas e a adopção de certas práticas agrícolas (produção,
protecção integrada).
Na implementação das práticas agrícolas que visem o controlo das pragas e
doenças com maior expressão nas pomóideas: bichado, mosca da fruta e pedrado, as
parcelas devem ter uma área mínima para que as tecnologias de controlo se tornem
eficazes e simultaneamente não sobrecarregar em demasia os custos da sua adopção.
Por outro lado, a existência de substâncias activas pouco eficazes e a falta de
alternativas técnicas face a alguns problemas fitossanitários, causam prejuízos pondo
em risco a viabilidade desta actividade.
O Plano de acção apresenta também uma componente didáctica fomentando a
partilha de informações, experiências e conhecimentos entre os vários agentes que
actuam no sector tendo em vista ultrapassar algumas destas dificuldades, mas também
para melhorar os serviços e informações que são disponibilizados e aos quais os
agricultores deverão ter acesso.
A mosca da fruta é uma das pragas chave da região e foi sobre ela que a Estação
de Avisos, em parceria com determinadas organizações de produtores da região:
AVAPI, Cooperativa Agrícola da Profruta da Batalha e de Porto Mós (Lusofruta)
desenvolveu a sua actividade.
O trabalho foi iniciado em 2005 e terminou em 2006 contando este ano com a
colaboração de uma estagiária da Escola Superior Agrária de Beja. O seu estágio
curricular versou sobre a mosca do mediterrâneo e dentro deste âmbito, os objectivos
vão ao encontro dos do Plano de Acção.
Os objectivos principais foram a avaliação da incidência da mosca da fruta em
pomares da região e a comparação de métodos de controlo biotécnicos nomeadamente
captura em massa com garrafas contendo fosfato di-amónio e captura em massa com
armadilhas tephry em 7 pomares de mação nas variedades golden e jonagored.
30
O trabalho decorreu entre Julho e Outubro e envolveu a observação semanal das
armadilhas de monitorização do voo da mosca da fruta, de 10 garrafas previamente
marcadas contendo a solução atractiva de fosfato diamónio, de 10 armadilhas tephry e
de 150 frutos ao acaso. Em cada colheita eram efectuadas observações a 1000 frutos
para analisar os prejuízos à colheita e poderem ser tiradas conclusões quanto à eficácia
de cada um dos métodos aplicados. Paralelamente eram também efectuadas as mesmas
observações num pomar testemunha, não sujeito a qualquer destes métodos de controlo.
Felizmente para os agricultores, mas infelizmente para as conclusões quer do
Plano da Acção quer do estágio curricular, a mosca não exerceu a pressão suficiente
para se poderem tirar conclusões quanto à metodologia aplicada, pelo que não foi
possível testá-la, apesar do trabalho envolvido e que deve ser valorizado. Para
enriquecer o estágio surgiu um outro objectivo que se prendeu com as razões para esta
baixa incidência de mosca.
Ao analisar os factores climáticos, nomeadamente a temperatura máxima e
mínima ocorrida entre Novembro e Dezembro de 2005 e durante o ano de 2006,
ressaltou o número elevado de dias em que a temperatura foi abaixo dos 5ºC e dos 0ºC.
Segundo a bibliografia consultada existem zonas favoráveis e desfavoráveis ao
desenvolvimento desta praga e esta situação comprovou-se pelo climatograma feito
onde é possível observar que a praga se desenvolveu em zonas desfavoráveis no Inverno
e Verão. Como nevou, o degelo provocou uma elevada mortalidade de pupas
diminuindo a população para este ano. No Verão, os picos de temperatura registados
durante vários dias seguidos também favoreceram a mortalidade de larvas e ovos uma
vez que dentro das maçãs as temperaturas chegaram a atingir os 60ºC tendo ficado
cozidas.
3.2 - Concurso “A melhor vinha – 2006” O concurso “A Melhor Vinha – 2006”, nos de concelhos: Leiria, Batalha e Porto
Mós, foi promovido pelo Plano de Acção para a Vitivinicultura da Alta Estremadura e
teve como objectivo a melhoria das práticas culturais conducentes ao aumento da
qualidade das uvas produzidas na área dos concelhos da Alta Estremadura. Pretendia-se
premiar as explorações vitícolas que pela sua apresentação e gestão técnica ao longo do
ciclo vegetativo da videira fossem uma referência na região e promover um aspecto
pedagógico através do intercâmbio de conhecimentos entre técnicos e participantes.
31
As parcelas de vinha a concurso teriam que estar legalizadas, ter mínimo de 4
anos, uma área mínima de 0,5 ha, estarem aramadas e possuírem castas autorizadas para
Vinho Regional Estremadura e/ou VQPRD Encostas de Aire. Das 11 parcelas inscritas,
10 cumpriam estes requisitos mínimos.
Os critérios de avaliação exigidos prendiam-se com a condução e qualidade do
maneio do coberto vegetal, a cargo da Comissão Vitivinícola Regional da Estremadura
(CVRE) e da Estação Vitivinícola da Bairrada, e com o aspecto fitossanitário, a cargo
da Estação de Avisos de Leiria. Estas três entidades completam o júri técnico.
Esta Estação de Avisos realizou com os outros membros do júri técnico, 2 visitas
às vinhas a concurso: em Julho e em Setembro onde foi avaliado a incidência de traça, a
podridão, míldio, oídio, cochonilha e escoriose e atribuída uma classificação final para
cada vinha.
3.3- Estudo da mosca da fruta A Estação de Avisos de Leiria realizou um pequeno estudo à mosca da fruta
num pomar de maçãs situado nas Cortes, numa área de perto de 1 ha, composto pelas
variedades golden e starking.
Foram colocadas 8 armadilhas tephry e 4 armadilhas “easy trap” para captura de
adultos de mosca. O estudo decorreu entre Agosto e início de Novembro e pretendia
analisar o comportamento da mosca no interior do pomar, nomeadamente portas de
entrada, e comparar a eficácia na captura de adultos por dois tipos de armadilhas
diferentes. Como a densidade de armadilhas foi tão baixa não é possível falar aqui de
captura em massa.
Observando a figura 12 , estão representados os totais de moscas capturadas por
cada uma das armadilhas colocadas. As armadilhas a cheio foram aquelas que serviram
para monitorizar o voo da mosca da fruta. A este respeito é nítida a diferença entre as
capturas registadas pela garrafa mosqueira (396) e a armadilha tephry (776). Como se
pode observar na figura, esta diferença é muito maior do que a observada entre a garrafa
e a tephry imediatamente a seguir (445) que poderá ser explicada pela saturação da
feromona no ar provocando uma diluição dessa diferença.
Os resultados sugerem, à semelhança do que também aconteceu nos outros
pomares com estes dois tipos de armadilhas, que as tephry capturam mais adultos do
que qualquer dos outros dois tipos de armadilhas (garrafas e easy trap). Na comparação
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Fig 12 – Distribuição das armadilhas para o estudo da mosca da fruta, no pomar das Cortes.
da média de adultos de mosca capturadas por cada uma das armadilhas testadas (uma
vez que as suas densidades são diferentes): 348, 25 nas tephry e 235,75 nas garrafas
mosqueiras, verifica-se que a armadilha tephry registou uma captura 48% superior às
“easy trap”, tendo estas últimas capturado muitas abelhas.
No que respeita à distribuição da mosca no pomar para determinação de
eventuais portas de entrada, é arriscado tirar conclusões até porque se trata de 2
armadilhas diferentes com diferentes poderes de atracção e estas diferenças podem não
revelar o verdadeiro comportamento da mosca dentro do pomar. No entanto,
comparando os valores totais de capturas registados nas bordaduras (lado do portão e
lado direito da figura) com o interior, verifica-se uma tendência para maiores capturas
na periferia (496, 492) comparativamente ao interior (131, 124). Apesar das capturas de
445 e 358 de adultos se referirem ao interior do pomar, trata-se de uma bordadura
relativamente à parte do pomar em estudo e deverá ter atraído adultos do lado do pomar
não sujeito ao efeito das armadilhas.
Portão
Ο Ο Ο � 496 C 285 492 300 A M I � N � Ο Ο 250 H 269 131 333 O
●monitorização –garrafa mosqueira
396
Ο Ο � Ο 358 445 124 246
▪monitorização -tephry
Armadilhas easy trap -� Armadilhas tephry- Ο
POMAR
POMAR
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3.4 – Acções de sensibilização
A Estação de Avisos de Leiria fez parte em 4 sessões de sensibilização:
- 2.º Encontro da Estação de Avisos de Leiria -23 de Fevereiro
- Pragas e doenças da vinha – Batalha – 10 de Maio
- Pragas e doenças da vinha – Alvaiázere – 21 de Junho
- Dia Aberto do Olival – Castanheira de Pêra
Esta Estação de Avisos fornece assistência técnica aos agricultores no domínio
da sanidade vegetal, quer em gabinete quer no campo, e apoia projectos da DRABL no
que se refere à protecção fitossanitária das culturas.