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O destino é a linha da vida onde está escrito a missão que o espírito foi prepa- rado para vir cumprir na Terra. A pessoa que se desvia do fardo das provações e perverte-se na cupidez das tentações, descerá do alto de seu poder e se queima- rá no fogo da luz que a iluminara. Abre-se o fado na história da sorte que se fechou. A capina na roça, a terra dura, a enxa- da cega, as lambadas do calor murcham o milho nascendo nas covas, o sol mor- na o suor no rosto, livra-se da ferroada das formigas nos pés descalços esfre- gando a sola de um no peito de outro, o ar treme na reverberação da tarde árida, a água acabou na cabaça. De repente, o menino para. Escora o cabo da enxada no peito magro. Tira da cabeça o chapéu acabanado na aba. Abana os mosqui- tos-pólvora dos olhos e retira os engas- talhados nas pálpebras. Contempla um pássaro no assoalhado azul do céu alisa- do na claridade metálica. Vadia em pen- samento estar indo naquele voo embora da vastidão das pobrezas para o sonho de líder nas asas da vocação política. Nada é mais seco no mundo que o co- ração da pessoa sem esperança. No sertão bruto, as cercanias do atraso. No arco das lonjuras, nenhum horizonte. Observa a moita viçosa na melancolia do entardecer ressequido. Uma dioneia de- vora a abelha na colheita do pólen para o mel. Dá uma volta no olhar pelas distân- cias encurtadas nas colinas e empenadas nos vales. Volta a carpir. Aos golpes da en- xada, o pó rasteja no vácuo, os calos doem nas mãos. Mas o menino não está ali, nele. Voa com aquele pássaro na mente. Onde há paixão, tudo é belo até nas coi- sas feias do que se ama. No dia, o mormaço enfornalha as sombras ao vapor do solo crespo, as co- pas das árvores cabisbaixas nas folhas lânguidas, a estridência das cigarras no canto de saudade das chuvas. A enxada raspa devagar no eito. O ar abrasado re- ge a indolência ambiental. Inesperado, troveja longe. Arde um instante de cal- ma. Súbito, a natureza esbraveja. Ventos retorcem a paisagem. Coroas de folhas secas rodopiam suspensas na crosta dos cerrados, quais auréolas abrindo os feste- jos da vinda das nuvens aguarem o chão. Relâmpagos riscam luz nas redondezas. Raios estralam nos ermos. A alegria salta no menino. A emoção chora nele. Tira a camisa, roda-a várias vezes desfraldada para o alto, grita “Salve Santa Bárbara!”, o eco responde “Salve Santa Bárbara!” nas furnas. Bebe chuva. Cai a concha do cacho de coco de uma guariroba. Chuta-a no aguaceiro. Ela navega. Ele brinca de canoa. O galho de um cajueiro plantado pelo pai, embarca nela um caju. Saboreia-o. A sur- presa deixa nele o gosto da fruta mais doce nas lembranças de sua vida. Quando menos se espera, o sonho panha a pessoa, onde não se sabe em sua sina. A chuva passa. O sol tinge o crepúsculo. O menino olha, extasiado, a imagem de um pássaro no formato de uma nuvem. A noite cobre o ocaso. O menino permanece contemplativo, arrebatado, como se vis- lumbrasse o pássaro subindo para a estrela vésper no reflexo de sua luz. NA visão daquela apoteose no sideral, a vida abraçou o menino e o guiou no desti- no político para a estrela do líder. A sorte bafejou-o de glórias tão endeusantes, que Goiás ficou pouco para cabê-lo e que o Brasil quis tê-lo. O chão ajoelhava-se a seus pés ante os céus genuflexos no palco de suas obras. Por um desses mistérios do além-mundo, o encanto dotou-o com a mística do carisma que enfeitiça as multi- dões e ele se montou na paixão do povo como redentor dos humildes e restaurador da terra arrasada no jugo dos abastados. Iluminado na inteligência dos prodígios, se bastou dispensado do conhecimento e gastou seus anos fugindo dos livros. O atraso é a escola dos erros nos moços e o templo dos velhos arrependidos. O menino que a estrela de seu destino buscou na roça da Cristianópolis para cele- brá-lo na conquista triunfal do sonho políti- co, rendeu-se à cobiça faminta do materialis- mo avarento que o mancha nas derrotas do líder no sucesso do empresário. Sairá da que- da vertiginosa do prestígio em sua última eleição, arrastando nesse domingo, saudades doloridas nos caminhos apagados, tristezas machucadas nos sonhos destruídos e espe- ranças esmagadas nos horizontes caídos. O líder sem ideal é ave sem asas. A razão da vitória de Marconi Perillo nessa eleição para governador de Goiás está no motivo da derrota de Iris Rezende nas urnas amanhã. O homem dos muti- rões tinha o sonho de ser presidente da República. O moço da camisa azul tem a esperança de ser presidente do Brasil. A saída de um do erro e a volta de outro para o errado faz diferença entre os dois candidatos. Marconi foi deixado do lado de fora de seu governo no início do mandato, penou para se livrar dos agrados perni- ciosos da companheirada guandira, quais morcegos que abanam as asas acalentadoras enquanto sugam o san- gue das presas, e chega ao fim da gestão abrindo avenidas nas rodovias, semean- do o bem onde nascia ódio, indo para o 4º mandato como candidato único no coração do eleitorado goiano. Iris entrou no tempo das mudanças sem renascer-se na modernidade e acer- cou-se de convicções matutas vagantes nos bolores de ódio na cabeça, e com voos de baratas nos porões da política, quais or- tópteros humanos, e jogou a sua derradei- ra candidatura onde se amontoa o esque- cimento no povo. Ele começou a decadên- cia política ao descer do sonho no menino pobre e subir para o homem rico e não te- ve a força dos obstinados para libertar-se dos que roem luz na sua estrela. MEDE-SE a grandeza de um líder pela grandiosidade do adversário e se torna imenso no vencedor que não tripudia no vencido, pois, quanto mais exaltar-se o mérito do perdedor, tanto mais ressalta-se o merecimento do vencedor. O coração de Iris e o de Marconi são feitos de duas car- nes, divididas ao meio. O de Iris com car- ne de sogra ranzinza e de madrasta ranco- rosa. Embirra-se. O de Marconi com carne de mãe dengosa e de namorada manho- sa. Emburra-se. Tanto um quanto o outro carecem ouvir esse conselho: “Bendizei os que vos amaldiçoam, orai por aqueles que vos difamam.” (Jesus Cristo) Dilma Rousseff Marconi Perillo CHEGOU a hora de os pobres começa- rem a ter medo de ficarem ricos e de os ri- cos passarem a ter medo de não estarem pobres. Amanhã manterei meu voto para Dilma Rousseff, na esperança de que no segundo mandato na presidência do Bra- sil, ela tenha coragem de assumir que é brizolista para os lulistas. E repetirei o meu voto para Marconi Perillo, no sonho de que no 4º mandato como governador de Goiás, ele tenha coragem de romper-se com os morcegos e as baratas do poder. O ABRAÇO DA VIDA Iris Rezende Marconi Perillo RUBER COUTO LÉO IRAN ROBERTO STUCKERT FILHO EDILSON PELIKANO Batista Custódio Editor-geral do Diário da Manhã

BATISTA CUSTODIO - O ABRACO DA VIDA

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O jornalista editor-geral do jornal Diário da Manhã de Goiânia, Batista Custódio, repetiu em artigo veiculado hoje (25), véspera de eleição, os candidatos a quem confirmará voto nas urnas amanhã. Ao contrário do artigo anterior, que virou um suplemento de 8 páginas (http://www.dm.com.br/texto/192966), Batista ocupou menos de uma página e faz pequena "incursão" na mentalidade de Iris Rezende. E ao final, contou de novo aos leitores em que vai votar.

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Page 1: BATISTA CUSTODIO - O ABRACO DA VIDA

1Diário da Manhã ESPECIAL GOIÂNIA, SÁBADO, 25 DE OUTUBRO DE 2014

O destino é a linha da vida onde estáescrito a missão que o espírito foi prepa-rado para vir cumprir na Terra. A pessoaque se desvia do fardo das provações eperverte-se na cupidez das tentações,descerá do alto de seu poder e se queima-rá no fogo da luz que a iluminara.

Abre-se o fado na história da sorteque se fechou.

A capina na roça, a terra dura, a enxa-da cega, as lambadas do calor murchamo milho nascendo nas covas, o sol mor-na o suor no rosto, livra-se da ferroadadas formigas nos pés descalços esfre-gando a sola de um no peito de outro, oar treme na reverberação da tarde árida,a água acabou na cabaça. De repente, omenino para. Escora o cabo da enxadano peito magro. Tira da cabeça o chapéuacabanado na aba. Abana os mosqui-tos-pólvora dos olhos e retira os engas-talhados nas pálpebras. Contempla umpássaro no assoalhado azul do céu alisa-do na claridade metálica. Vadia em pen-samento estar indo naquele voo emborada vastidão das pobrezas para o sonhode líder nas asas da vocação política.

Nada é mais seco no mundo que o co-ração da pessoa sem esperança.

No sertão bruto, as cercanias do atraso.No arco das lonjuras, nenhum horizonte.Observa a moita viçosa na melancolia doentardecer ressequido. Uma dioneia de-vora a abelha na colheita do pólen para omel. Dá uma volta no olhar pelas distân-cias encurtadas nas colinas e empenadasnos vales. Volta a carpir. Aos golpes da en-xada, o pó rasteja no vácuo, os calos doemnas mãos. Mas o menino não está ali, nele.Voa com aquele pássaro na mente.

Onde há paixão, tudo é belo até nas coi-sas feias do que se ama.

No dia, o mormaço enfornalha assombras ao vapor do solo crespo, as co-pas das árvores cabisbaixas nas folhaslânguidas, a estridência das cigarras nocanto de saudade das chuvas. A enxadaraspa devagar no eito. O ar abrasado re-ge a indolência ambiental. Inesperado,troveja longe. Arde um instante de cal-ma. Súbito, a natureza esbraveja. Ventosretorcem a paisagem. Coroas de folhassecas rodopiam suspensas na crosta dos

cerrados, quais auréolas abrindo os feste-jos da vinda das nuvens aguarem o chão.Relâmpagos riscam luz nas redondezas.Raios estralam nos ermos. A alegria saltano menino. A emoção chora nele. Tira acamisa, roda-a várias vezes desfraldadapara o alto, grita “Salve Santa Bárbara!”, oeco responde “Salve Santa Bárbara!” nasfurnas. Bebe chuva. Cai a concha do cachode coco de uma guariroba. Chuta-a noaguaceiro. Ela navega. Ele brinca de canoa.O galho de um cajueiro plantado pelo pai,embarca nela um caju. Saboreia-o. A sur-presa deixa nele o gosto da fruta mais docenas lembranças de sua vida.

Quando menos se espera, o sonho panhaa pessoa, onde não se sabe em sua sina.

A chuva passa. O sol tinge o crepúsculo.O menino olha, extasiado, a imagem deum pássaro no formato de uma nuvem. Anoite cobre o ocaso. O menino permanececontemplativo, arrebatado, como se vis-lumbrasse o pássaro subindo para a estrelavésper no reflexo de sua luz.

NA visão daquela apoteose no sideral, avida abraçou o menino e o guiou no desti-no político para a estrela do líder. A sortebafejou-o de glórias tão endeusantes, queGoiás ficou pouco para cabê-lo e que oBrasil quis tê-lo. O chão ajoelhava-se aseus pés ante os céus genuflexos no palcode suas obras. Por um desses mistérios doalém-mundo, o encanto dotou-o com a

mística do carisma que enfeitiça as multi-dões e ele se montou na paixão do povocomo redentor dos humildes e restauradorda terra arrasada no jugo dos abastados.Iluminado na inteligência dos prodígios, sebastou dispensado do conhecimento egastou seus anos fugindo dos livros.

O atraso é a escola dos erros nos moçose o templo dos velhos arrependidos.

O menino que a estrela de seu destinobuscou na roça da Cristianópolis para cele-brá-lo na conquista triunfal do sonho políti-co, rendeu-se à cobiça faminta do materialis-mo avarento que o mancha nas derrotas dolíder no sucesso do empresário. Sairá da que-da vertiginosa do prestígio em sua últimaeleição, arrastando nesse domingo, saudadesdoloridas nos caminhos apagados, tristezasmachucadas nos sonhos destruídos e espe-ranças esmagadas nos horizontes caídos.

O líder sem ideal é ave sem asas.

A razão da vitória de Marconi Perillonessa eleição para governador de Goiásestá no motivo da derrota de Iris Rezendenas urnas amanhã. O homem dos muti-rões tinha o sonho de ser presidente daRepública. O moço da camisa azul tem aesperança de ser presidente do Brasil.

A saída de um do erro e a volta de outropara o errado faz diferença entre os doiscandidatos.

Marconi foi deixado do lado de forade seu governo no início do mandato,penou para se livrar dos agrados perni-ciosos da companheirada guandira,quais morcegos que abanam as asasacalentadoras enquanto sugam o san-gue das presas, e chega ao fim da gestãoabrindo avenidas nas rodovias, semean-do o bem onde nascia ódio, indo para o4º mandato como candidato único nocoração do eleitorado goiano.

Iris entrou no tempo das mudançassem renascer-se na modernidade e acer-cou-se de convicções matutas vagantesnos bolores de ódio na cabeça, e com voosde baratas nos porões da política, quais or-tópteros humanos, e jogou a sua derradei-ra candidatura onde se amontoa o esque-cimento no povo. Ele começou a decadên-cia política ao descer do sonho no meninopobre e subir para o homem rico e não te-ve a força dos obstinados para libertar-sedos que roem luz na sua estrela.

MEDE-SE a grandeza de um líder pelagrandiosidade do adversário e se tornaimenso no vencedor que não tripudia novencido, pois, quanto mais exaltar-se omérito do perdedor, tanto mais ressalta-seo merecimento do vencedor. O coração deIris e o de Marconi são feitos de duas car-nes, divididas ao meio. O de Iris com car-ne de sogra ranzinza e de madrasta ranco-rosa. Embirra-se. O de Marconi com carnede mãe dengosa e de namorada manho-sa. Emburra-se. Tanto um quanto o outrocarecem ouvir esse conselho: “Bendizei osque vos amaldiçoam, orai por aquelesque vos difamam.” (Jesus Cristo)

Dilma Rousseff Marconi Perillo

CHEGOU a hora de os pobres começa-rem a ter medo de ficarem ricos e de os ri-cos passarem a ter medo de não estarempobres. Amanhã manterei meu voto paraDilma Rousseff, na esperança de que nosegundo mandato na presidência do Bra-sil, ela tenha coragem de assumir que ébrizolista para os lulistas. E repetirei o meuvoto para Marconi Perillo, no sonho deque no 4º mandato como governador deGoiás, ele tenha coragem de romper-secom os morcegos e as baratas do poder.

O ABRAÇO DA VIDA

Iris Rezende Marconi Perillo

Diário da Manhã A VIDA MANDA-ME DIZER CONTINUA

RUBER COUTO

LÉO IRANROBERTO STUCKERT FILHO

EDILSON PELIKANO

BatistaCustódioEditor-geral doDiário da Manhã