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Física Quântica

Aula 05

Ondas

Alex Gomes Dias

8 de outubro de 2015

Física Quântica

Page 2: Bc0103 Aula 05 Ondas

• A dinâmica dos átomos com mais de um elétron, a estruturação dos orbitais,

e a intensidade das linhas espectrais são exemplos notáveis que indicam a

necessidade de se ter uma teoria quântica que dê conta da descrição dos

sistemas atômicos de maneira geral.

• Importantes desenvolvimentos teóricos e experimentais, que se seguiram após

o modelo de Bohr, deram origem a Mecânica Quântica.

• Uma contribuição determinante para a formulação da Mecânica Quântica

foi o trabalho de L. de Broglie sobre a dualidade onda-partícula como uma

propriedade geral também das partículas de matéria.

�Assim como a luz, a matéria também apresenta

o comportamento dual onda-partícula.�

• Mecânica ondulatória: equação de uma onda unidimensional

∂2

∂x2y (x, t) =

1

v2

∂2

∂t2y (x, t) v e a velocidade

Um tipo de solução da equação acima é a seguinte onda harmônica

y (x, t) = y0 cos

[2π

λ(x− vt)

]= y0 cos (kx− wt)

Essa onda tem amplitude y0 e se desloca para a direita (exemplo no Mathematica)

Física Quântica 1

Page 3: Bc0103 Aula 05 Ondas

vf = νλ

k =2π

λ

w = 2πν =2π

T

vf é a velocidade de fase, e k o número de onda (número de comprimentos de

onda na extensão 2π). A onda harmônica não tem localização espacial, tampouco

temporal.

20 40 60 80 100 120x

-1.0

-0.5

0.5

1.0

yHx,tL

Onda harmônica y(x, t = π

4w

)= cos

(0.1 x− π

4

), com k = 0.1

• Fórmula de Euler (a demonstração pode ser vista no adendo)

eiθ

= cos θ + i sin θ .

A exponencial

Física Quântica 2

Page 4: Bc0103 Aula 05 Ondas

ei(kx−wt)

= cos (kx− wt) + i sin (kx− wt)

é solução da equação de onda. Com isso, uma forma útil de se escrever a solução

senoidal é tomar a parte real ou imaginária. Para a solução y (x, t) acima

y (x, t) = y0Re[ei(kx−wt)

]= y0 cos (kx− wt)

As ondas harmônicas são uma idealização para diversas situações físicas.

Dado um número complexo z

z = x+ iy x, y ∈ <

denotam-se a parte real e a parte imaginária de z como

Re [z] = x , Im [z] = y .

O complexo conjugado de z é de�nido como

z∗

= x− iy .

Com isso o módulo quadrado de z é de�nido como

z∗z = x

2+ y

2

Física Quântica 3

Page 5: Bc0103 Aula 05 Ondas

O número complexo pode também ser escrito na forma

z =√x2 + y2 e

iarctan(yx)

= ρ eiarctan(yx)

Representação de z = x+ iy no plano complexo.

Física Quântica 4

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- Ondas estacionárias.

Considere uma corda esticada e cujas extremidades estão �xas, cada uma

presa a uma parede. Numa situação ideal as frequências de vibração da corda

são quantizadas (essa é a condição para que se tenha onda estacionária). Os

comprimentos de onda devem se relacionar com o comprimento L da corda

conforme

nλn

2= L

Fig. de Tipler.

e isso leva a

νn =v

λn= n

v

2L

Essas são as frequências dos estados estacionários da corda com as extremidades

�xas.

Física Quântica 5

Page 7: Bc0103 Aula 05 Ondas

• Superposição.

Sejan y1 e y2 soluções da equação de onda. A superposição

ys = y1 + y2

também é uma solução da equação de onda. Isso é uma consequência da equação

de onda ser linear.

• Por meio da superposição diversas formas de onda podem ser construídas. Um

pulso pode ser representado por um grupo de ondas em superposição.

Tal grupo e denominado pacote de ondas. A descrição de um pulso com extensão

�nita (localização) requer uma composição de ondas harmônicas com diferentes

amplitudes e números de onda e frequências. Há todo um desenvolvimento teórico

para se representar formas especí�cas através de superposições, as chamadas séries

de Fourier.

• Ilustração: superposição de duas ondas de mesma amplitude y0 real

y = Re[y0e

i(k1x−w1t) + y0ei(k2x−w2t)

]= y0 cos (k1x− w1t) + y0 cos (k2x− w2t)

Física Quântica 6

Page 8: Bc0103 Aula 05 Ondas

Por conveniência escrevemos f1 = k1x−w1t e f2 = k2x−w2t de modo

que

y = Re[y0

(eif1 + e

if2)]

= Re

[y0

(e−if2−f12 + e

if2−f1

2

)eif1+f2

2

]

= Re

[2y0cos

(f2 − f1

2

)eif1+f2

2

]

= 2y0cos

(f2 − f1

2

)cos

(f1 + f2

2

)

= 2y0cos

((k2 − k1)

2x−

(w2 − w1)

2t

)cos

((k2 + k1)

2x−

(w2 + w1)

2t

)

= 2y0cos

[(∆k

2

)x−

(∆w

2

)t

]cos[kx− wt

]com

4k = k2 − k1, ∆w = w2 − w1

k =k1 + k2

2, w =

w1 + w2

2Para um intervalo de tempo �xo a dependência em x se dá na forma

Fig. de Tipler.

Nesse caso a função

Física Quântica 7

Page 9: Bc0103 Aula 05 Ondas

2y0cos

[(∆k

2

)x−

(∆w

2

)t

]=

2y0cos

{∆k

2

[x−

(∆w

∆k

)t

]}

é o envelope, i. e., a moduladora das oscilações, da função de onda

y = 2y0cos

{∆k

2

[x−

(∆w

∆k

)t

]}cos

{k

[x−

w

kt

]}

= 2y0cos

{2π

λ−

[x−

(∆w

∆k

)t

]}cos

{2π

λ+

[x−

w

kt

]}

λ− é o comprimento da função da estrutura moduladora, que varia lentamente, e

λ+o comprimento de onda da estrutura interior e que varia rapidamente

λ− =4π

| k2 − k1 |, λ+ =

| k2 + k1 |

Observe também que a função moduladora propaga-se com velocidade

vg =∆w

∆k

Essa é chamada de velocidade de grupo.

A onda interior a função moduladora tem velocidade

vf =w

k

Física Quântica 8

Page 10: Bc0103 Aula 05 Ondas

e essa é a velocidade de fase (veja exemplo �velocidades� no Mathematica).

100 200 300 400 500 600� x

-2

-1

1

2

yHx,tL

Função de onda resultante da superposição de duas ondas planas:

y (x, t) = 2 cos [0.01 (x− 4t)] cos [0.11 (x− 8t)]

Para um pacote de ondas geral a velocidade de grupo é de�nida como

vg =dw

dk|k

Sendo

w = k vf

tem-se

vg = vf + kd vf

dk|k

Quando

d vf

dk= 0

Física Quântica 9

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a velocidade de grupo e de fase são iguais (veja exemplo �velocidades� no Mathe-

matica onde as velocidades de grupo e de fase são iguais).

Meios não dispersivos: são aqueles onde a velocidade de fase é a mesma

para todas as frequências.

As ondas eletromagnéticas se propagam com mesma velocidade no vácuo, c.

d vf

dk=

c

d vf

dν= 0

onde utilizou-se que

k =2π

λ=

cν e dk =

cdν

=⇒ vácuo é um meio não dispersivo para ondas eletromagnéticas.

Um pacote de ondas eletromagnéticas que se propaga no vácuo mantém,

portanto, sua forma pois a velocidade de grupo e de fase são iguais nesse caso.

Um prisma é um meio dispersivo.

Física Quântica 10

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• Relação entre ∆k e ∆x.

Fig. de Tipler

Para um tempo �xo t a função moduladora é nula para xn

∆k

2

[xn −

(∆w

∆k

)t

]=

2n+ 1

A diferença entre dois pontos consecutivos da função moduladora é

∆k

2

[xn+1 −

(∆w

∆k

)t

]−

∆k

2

[xn −

(∆w

∆k

)t

]=

2 (n+ 1) + 1

2π −

2n+ 1

∆k

2

(xn+1 − xn

)= π

∆k

2∆x = π

Ou seja,

∆k∆x = 2π

De fato para a função moduladora na �gura

∆x =λ

2

∆k

2=

λ⇒ ∆k∆x = 2π

Física Quântica 11

Page 13: Bc0103 Aula 05 Ondas

Da mesma forma �xando x

∆t∆w = 2π

• Um pacote de ondas geral pode ser construído com a superposição de ondas

harmônicas de diferentes amplitudes, número de onda e frequências

y (x, t) =∑n

Ancos(knx− wnt)

Para se representar um pulso que é não nulo em uma região do espaço (i.

e. localizado) é necessário uma superposição de in�nitas ondas. Isso porque

com uma superposição de um número �nito de ondas pode fazer a função

moduladora pequena fora de uma dada região, onde há interferência destrutiva

das ondas do grupo, mas haverão outros pontos onde as ondas estarão em fase

resultando em nova repetição. Vimos isso na superposição de duas onda acima.

Fig. de Tipler

A representação do pulso é feita por meio de uma distribuição contínua, subs-

tituindo An por

Física Quântica 12

Page 14: Bc0103 Aula 05 Ondas

A (k) dk ,

e integrando em dk. De maneira geral a superposição é da forma

y (x, t) =

ˆ +∞

−∞A (k) e

i(kx−wt)dk

A determinação dos An no caso discreto, bem como A (k) no caso contínuo é

feita por métodos da análise de Fourier.

• Interferência.

Um fenômeno característico das ondas é a interferência. Observa-se ao analisar

o caso particular da superposição de duas ondas que em certos pontos, onde as

ondas estão em fase, a amplitude da onda resultante é o dobro de cada onda da

composição. Nos pontos onde a diferença de fase é de 180o a amplitude da onda

resultante é nula. De fato, escrevendo

y = y0 cos (k1x− w1t) + y0 cos (k2x− w2t)

= y0 cos (k1x− w1t)

+ y0 cos (k1x− w1t+ (k2 − k1) x− (w2 − w1) t)

e o valor y = 0 é obtido quando

(k2 − k1) x− (w2 − w1) t = (2n+ 1)π

com n = 0, 1, 2, .... Nesses pontos a superposição é nula, pois neles

cos (k1x− w1t+ (k2 − k1) x− (w2 − w1) t)

= cos (k1x− w1t+ (2n+ 1)π) = −cos (k1x− w1t)

Física Quântica 13

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Imaginemos duas fontes, S1 e S2 separadas por uma distância d e que emitem

ondas de mesma amplitude e em fase. As ondas são coerentes, i. e., mantém uma

diferença de fase constante entre elas.

yS1 = y0cos (k x1 − wt)

yS2 = y0cos (k x2 − wt)

Uma quantidade importante de uma onda que se propaga com velocidade v é sua

intensidade

I = ρv

onde ρ é a densidade de energia (energia por unidade de volume) da onda. Essa

densidade de energia é proporcional ao quadrado da sua amplitude y0, i. e.,

ρ ∼ y20

Consequentemente, a intensidade é também proporcional ao quadrado da ampli-

tude. Para ver a proporcionalidade com o quadrado da amplitude em ρ observe o

caso da densidade de energia de uma onda eletromagnética

ρ ∝| −→E |2= E20 cos

2(kx− wt)

Física Quântica 14

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Em um anteparo distante (L� d) das fontes a intensidade da onda resul-

tante da superposição é registrada em função do ângulo θ. As ondas emitidas

pelas fontes são esféricas mas para essa discussão pode-se considerar, sem perder

sua essencialidade, que as ondas são planas.

Fig de Tipler.

Para que a onda resultante da superposição no ponto P , correspondente ao ângulo

θ, no anteparo seja construtiva máxima a diferença do percurso deve ser um

múltiplo inteiro do comprimento de onda. A diferença de percurso é

x2 − x1 = ∆x = d sinθ

- Interferência construtiva

Nos pontos de interferência construtiva máxima

∆x = d sinθmax = nλ n = 0,±1,±2...

Isso porque em tais pontos a diferença de fase das duas ondas é um múltiplo inteiro

Física Quântica 15

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de 2π e, assim,

yS2 = y0cos (k x2 − wt)

= y0cos (k x1 + k∆x− wt)

= y0cos (k x1 + nλk − wt)

= y0cos (k x1 + 2nπ − wt) = yS1

Na segunda linha utilizou-se que k = 2π/λ. Com isso,

yTotal = yS1 + yS2 = 2yS1

Nesse caso a intensidade é quatro vezes maior uma vez que a amplitude da onda

resultante nos pontos considerados seria o dobro da amplitude das ondas yS1 e yS2.

- Interferência destrutiva

∆x = d sinθmim =2n+ 1

2λ n = 0,±1,±2...

Nos pontos correspondentes a esses ângulos no anteparo a interferência é destrutiva

máxima

yS2 = y0cos (k x1 + (2n+ 1)π − wt) = −yS1

de modo que

yTotal = yS1 + yS2 = 0

Em tais pontos a intensidade é sempre nula.

O que se registra no anteparo é um padrão típico de interferência.

Física Quântica 16

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• Interferência de ondas advindas de fontes que emitem em fase e

com mesma amplitude.

Avaliemos a interferência de ondas coerentes advindas de N fontes. O número

wt é o mesmo para todas as ondas e será omitido por simplicidade (este pode ser

reintroduzido ao �nal fazendo kx→ kx− wt).

Consideremos a situação na qual a diferença de fase entre dois pares de ondas

consecutivas é δ = ϕN , e determinemos a condição para interferência completa-

mente destrutiva. A superposição é a das seguintes ondas

y1 = y0cos

(kx+

ϕ

N

)y2 = y0cos

(kx+ 2

ϕ

N

)...

yn = y0cos

(kx+ n

ϕ

N

)yN = y0cos (kx+ ϕ)

Isto é,

Física Quântica 17

Page 19: Bc0103 Aula 05 Ondas

yT = y0

N∑n=1

cos

(kx+ n

ϕ

N

)

= y0ReN∑n=1

ei(kx+n

ϕN ) = y0Re

[eikx

N∑n=1

einϕN

]

= y0Re

[eikx

(eiϕN − ei(N+1)

ϕN

1− eiϕN

)]

= y0Re

eikxeiϕN

+iϕ2

(e−i

ϕ2 − ei

ϕ2

)ei

ϕ2N

(e−i

ϕ2N − ei

ϕ2N

)

= y0Re

[ei(kx+

ϕN

+ϕ2−

ϕ2N ) e−i

ϕ2 − ei

ϕ2

e−iϕ

2N − eiϕ

2N

]

= y0Re

[ei(kx+N+1

2Nϕ)sinϕ2sin ϕ

2N

]

= y0cos

(kx+

N + 1

2Nϕ

)sinϕ2sin ϕ

2N

Quando δ = ϕN = 2π

N (ou um múltiplo inteiro disso) a interferência é comple-

tamente destrutiva. A diferença de fase entre a onda da primeira e da última fonte é

δN − δ1 = N2π

N−

N= 2π

N − 1

N

Para N grande N−1N ≈ 1, e a condição para interferência destrutiva é que a

diferença de fase entre a onda da primeira e última fonte seja 2π.

Física Quântica 18

Page 20: Bc0103 Aula 05 Ondas

• Difração.

Uma onda ao passar por um orifício ou contornar um objeto pode apresentar o

fenômeno de difração. Tal fenômeno ocorre quando o comprimento de onda é da

ordem do tamanho do orifício ou objeto que atravessa.

O fenômeno da difração pode ser visto ao se considerar ondas harmônicas que

atravessam uma fenda cujo tamanho é da ordem do comprimento de onda.

Esse padrão observado é explicado pelo princípio de Huygens (1678).

A explicação da difração se dá pela superposição. De acordo com o princípio

de Huygens aplicado a essa situação o padrão observado é o mesmo gerado por

fontes no lugar da fenda.

Conforme observamos anteriormente tem-se um ponto de interferência destru-

tiva total quando a diferença de fase entre as ondas da primeira e da última fonte

Física Quântica 19

Page 21: Bc0103 Aula 05 Ondas

é aproximadamente 2π. Assim, o primeiro mínimo ocorre quando a diferença no

percurso entre a onda da primeira e da última fonte é igual a um comprimento de

onda

∆x = a sinθ = λ

Isso porque para a primeira e para a última

y1 = y0cos (kx+ δ1)

yN = y0cos (kx+ δN)

= y0cos (kx+ δ1 + (δN − δ1)) = y0cos (kx+ δ1 + k∆x)

δ = δN − δ1 = k∆x =2π

λa sinθ

e a condição observada é assim satisfeita com ∆x acima, i. e. λ = a sinθ.

Repare que a largura do padrão de difração (tamanho da distância entre os

dois primeiros mínimos) cresce a medida que a largura da fenda, a, diminui, i. e.,

θ aumenta, pois

Física Quântica 20

Page 22: Bc0103 Aula 05 Ondas

a sinθ = λ = constante

Padrão de difração que observado. A �gura resulta da passagem da laser por

uma fenda simples.

• Difração de Fraunhofer.

Luz que atravessa um orifício circular apresenta a difração de Fraunhofer.

Física Quântica 21

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• A síntese de toda essa discussão é que ondas apresentam os fenômenos

peculiares de difração e interferência.

Física Quântica 22

Page 24: Bc0103 Aula 05 Ondas

Adendo

A prova da fórmula de Euler é dada com a expansão da exponencial

ex

=∞∑n=0

xn

n!

Com isso,

eiθ

=

∞∑n=0

(i θ)n

n!

=

∞∑n=0

(i θ)2n

(2n)!+

∞∑n=0

(i θ)2n+1

(2n+ 1)!

=

∞∑n=0

(−1)n θ2n

(2n)!+ i

∞∑n=0

(−1)n θ2n+1

(2n+ 1)!

= cos θ + i sin θ

Física Quântica 23