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XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO “Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis”
Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.
Benchmarking em startups: descrição de modelo
adaptado ao empreendedorismo digital
Lucas Morais Silva (PUC-Minas)
Letícia Alexandre Furletti (PUC-Minas)
Ana Carolina dos Santos Paes (UFMG)
Matheus Luiz Pontelo de Souza (PUC-Minas)
O benchmarking é uma ferramenta para a análise de mercado que tem
por objetivo encontrar melhores práticas, contribuir para percepção de
melhorias, aumento do conhecimento organizacional e busca por
vantagens competitivas. No contexto do empreendedorismo digital, as
startups podem se beneficiar com sua utilização, embora haja dúvidas
sobre a adaptabilidade dos modelos tradicionais em um ambiente novo
como o de empresas nascentes de base tecnológica. Para se aproximar
da resposta a essa dúvida, este artigo tem por objetivo descrever e
analisar um modelo de aplicação do benchmarking em startups de
tecnologia. Para tanto, foi realizado um estudo de casos múltiplos de
aplicação da ferramenta percorrendo quatro casos de aplicação em
duas startups. Um modelo foi construído a partir dos pontos comuns
encontrados, e então foi feita uma análise com base em cinco pontos:
comparação do modelo com práticas abordadas na literatura;
resultados obtidos; dificuldades percebidas com a utilização do modelo;
fatores que contribuíram para o sucesso da aplicação; e limitações do
modelo aplicado.
Palavras-chave: Benchmarking, Startups, Empreendedorismo Digital,
Empreendedorismo Tecnológico
XL ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
“Contribuições da Engenharia de Produção para a Gestão de Operações Energéticas Sustentáveis” Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil, 20 a 23 de outubro de 2020.
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1. Introdução
Ambientes Voláteis, Incertos, Complexos e Ambíguos (do inglês VUCA, de Volatility,
Uncertainty, Complexity e Ambiguity) são a realidade do empreendedorismo digital. Tomar
decisões estratégicas em ambientes como este é um desafio de pesquisadores e práticos, embora
o ambiente VUCA ofereça oportunidades, é importante aprender a lidar com suas
especificidades (BENNETT; LEMOINE, 2014). Para lidar com tais ambientes,
empreendedores frequentemente buscam estudar o mercado e concorrentes procedendo com
análises de Benchmarking.
Benchmarking é um processo de aprendizado e adaptação de práticas para o ambiente próprio
e compreende dois temas essenciais: o valor da aprendizagem a partir de contextos externos à
organização e a importância de conduzir este aprendizado usando uma abordagem estruturada
(WOLFRAM COX; MANN; SAMSON, 1997). O Benchmarking é utilizado pelos
empreendedores para conseguirem se estabelecer no mercado, competirem em seus
determinados ambientes de atuação e fortalecerem o processo de inovação (FERNANDEZ;
MCCARTHY; RAKOTOBE-JOEL, 2001; SOUZA et al., 2018) .
Oliva e Kotabe (2018) mostraram que o Benchmarking é uma das principais e mais importantes
práticas realizadas em startups no processo de aquisição de conhecimento. Além disso, Souza
(2018) recomenda o uso dessa ferramenta, pois ela contribui para o monitoramento de mercado,
de soluções existentes, possíveis substitutos e concorrentes. Assim, em consonância a outros
métodos, pode diminuir o risco no processo de geração de startups.
Ademais, é válido ressaltar que no ambiente do empreendedorismo tecnológico, apesar de
existirem estudos sobre aplicações de Benchmarking em contextos diversos (AMELIA et al.,
2017; SEO; HWANGBO; HA, 2014), o empreendedor iniciante pode ter dificuldades de
encontrar estudos sobre a prática que auxilie startups a desenvolverem seu produto/negócio.
Essas dificuldades são aprofundadas devido à amplitude de tipos, definições e passos (entre 4
e 15) disponíveis na literatura para realizar o Benchmarking (WOLFRAM COX; MANN;
SAMSON, 1997) e ausência de consenso sobre os passos a serem seguidos (BHUTTA; HUQ,
1999).
Portanto, este artigo tem por objetivo descrever de modo simples um modelo de aplicação da
ferramenta em startups. Para tanto, foi realizado um estudo de casos múltiplos de aplicação do
Benchmarking, no contexto de startups do setor de tecnologia da informação. A partir disso, foi
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descrito um modelo de aplicação da ferramenta e realizada uma análise crítica de sua utilização
nessas startups, com base em cinco pontos principais:
• Comparação do modelo com práticas abordadas na literatura;
• Resultados obtidos pelas startups;
• Dificuldades percebidas com a utilização do modelo;
• Fatores que contribuíram para o sucesso da aplicação;
• Limitações do modelo aplicado.
2. Referencial teórico
O empreendedorismo digital (ED), subconjunto do empreendedorismo tecnológico, é definido
como o processo de criação de uma startup digital como um novo negócio ou dentro de uma
empresa estabelecida (ZAHEER; BREYER; DUMAY, 2019). A importância do ED para a
economia mundial é inquestionável e crescente destaque a este fenômeno tem sido dado na
literatura e na prática. Do processo de empreendedorismo digital resultam as startups,
instituições humanas projetadas para criar novos produtos e serviços em condições de extrema
incerteza, tendo a inovação como o centro de suas operações (RIES, 2011).
2.1. Benchmarking
O Benchmarking é uma ferramenta da análise de mercado que consiste no levantamento das
melhores práticas e processos utilizados por outras companhias. A aplicação de Benchmarking
permite que haja uma maior concorrência, pois faz com que a empresa que realiza o estudo veja
o que seus concorrentes estão fazendo, perceba quais são suas vantagens competitivas, em quais
aspectos pode melhorar e para qual direção o mercado está indo. Além disso, ele também pode
contribuir com o desenvolvimento de um ambiente de inovação e de avanços criativos
(BHUTTA; HUQ, 1999).
De acordo com Fernandez; Mccarthy; Rakotobe-Joel (2001) existem 4 tipos de Benchmarking:
competitivo, interno, funcional ou de processos. A tabela 1, apresenta com mais detalhes cada
um, com vantagens e desvantagens associadas.
O estudo de Benchmarking é um processo contínuo, que pode ser aplicado seguindo o ciclo
PDCA (Plan, Do, Check, Action). Ou seja, a partir das quatro fases: planejamento (Plan) do
estudo, nela é definido o tipo de Benchmarking, quais os dados que serão coletados e quais
serão as métricas avaliadas durante o processo; execução (Do) do planejado, nela ocorre a coleta
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e documentação dos dados; fase de verificação (Check), comparação e análise dos dados; e ação
(Action), é nela em que são feitas as mudanças e melhorias que foram observadas como
necessárias durante a verificação dos dados. (BHUTTA; HUQ, 1999).
Tabela 1 – Tipos de Benchmarking
Fonte: Fernandez, McCarthy e Rakotobe-Joel (2001). Tradução livre.
Em relação às fases de aplicação, elas podem variar em quantidade, de acordo com o objetivo,
o tipo de Benchmarking e o segmento de atuação da companhia. Logo, não existe um consenso
sobre como deve ser feita a utilização da ferramenta (BHUTTA; HUQ, 1999). Cabe à empresa
que realizará a aplicação adequá-la à realidade da mesma, determinando o seu objetivo, o tipo
de Benchmarking e quais serão as etapas a serem seguidas (ELMUTI; KATHAWALA, 1997).
Apesar disso, Fernandez; Mccarthy; Rakotobe-Joel (2001) mostraram que a maioria dos
estudos seguem 5 passos:
a) Planejamento do Benchmarking: são definidos os objetivos e o que será comparado;
b) Coleta e análise de dados: é feita a pesquisa, coleta de dados e análise do que foi
encontrado;
c) Comparação e resultados: busca-se discutir sobre a adequação e adaptação das práticas
encontradas à empresa;
d) Aplicação de mudanças: é feito o planejamento e implementação de mudanças;
e) Verificação e consolidação das mudanças: realiza-se o monitoramento dos processos,
medição de resultados, e análise de retornos.
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2.2. Benchmarking no contexto de Startup
Dada as condições de incerteza e ambiguidade às quais estão sujeitas as startups, é útil a
utilização de métodos e ferramentas que minimizem incertezas em seu processo de
desenvolvimento. Com efeito, o uso de métodos apresenta correlação positiva com o sucesso
de startups (PEREIRA; LOPES; PORTO, 2018). Uma das ferramentas recomendadas é o
Benchmarking, para que a equipe de empreendedores conheça melhor o ambiente em que está
inserida (SOUZA, 2018). O mercado evolui muito rapidamente, e uma das maneiras das
organizações acompanharem as mudanças é fazendo estudos de Benchmarking interno e
externo (AMELIA et al., 2017).
Oliva e Kotabe (2018), realizaram um estudo com diversas startups e especialistas para
levantarem as principais barreiras, práticas, métodos e ferramentas de gerenciamento de
conhecimento em startups. Nesse estudo, o Benchmarking foi apontado como uma das
principais e mais importantes práticas que são realizadas em startups no processo de aquisição
de conhecimento. Além disso, mostraram que as startups com maior maturidade em seu
desenvolvimento também eram as que tinham maior maturidade no uso dessas práticas,
métodos e ferramentas.
De forma a orientar a realização de Benchmarking, Souza (2018) sugere que sejam feitos alguns
questionamentos, como: quem já oferece a proposta de valor que a startup deseja oferecer?
Quem buscou oferecer e não obteve êxito? Quais as causas de sucesso e, principalmente
fracasso deles? Propõe ainda que uma startup utilize a ferramenta seguindo três etapas:
a) Levantamento de concorrentes, possíveis substitutos e soluções de outros mercados;
b) Seleção dos grupos de soluções que serão analisados de modo rápido;
c) Seleção dos principais benchmarks e posterior análise aprofundada.
Além disso, Souza (2018) recomenda que a startup liste e agrupe em níveis dentro de tabelas
as propostas de valor que ela oferece e as que são oferecidas pelos alvos do estudo. Em seguida,
sugere que seja feita uma matriz que relacione essas propostas de valor. Assim, a Startup poderá
visualizar aspectos que podem contribuir para o desenvolvimento dela.
3. Metodologia
Segundo Yin (1989), o estudo de caso é importante pois permite a realização de observações
diretas e entrevistas sistemáticas sobre eventos contemporâneos. Portanto, sua capacidade de
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lidar com ampla variedade de evidências (documentos, entrevistas e observações) e extrair
aprendizagem de tais evidências é útil. Assim, a pesquisa pautou-se na realização de um estudo
de casos múltiplos, por ser vantajoso na redução da vulnerabilidade ao viés do pesquisador e
por reduzir a possibilidade de inclinação para características específicas de casos únicos
(VOSS; TSIKRIKTSIS; FROHLICH, 2002).
O estudo foi realizado buscando levantar informações sobre quatro aplicações de
Benchmarking, no contexto de duas startups. Na startup 1 (St1), foi feita uma primeira aplicação
(Ap.1) de Benchmarking no início do seu desenvolvimento. Após 4 anos, com a startup mais
madura e estabelecida no mercado, ocorreu uma segunda aplicação (Ap.2). Vale ressaltar que
durante esse tempo houve mudança de CEO e a segunda aplicação foi feita durante a nova
gestão. Logo, para este artigo foram realizadas entrevistas com ambos, visto que foram os
responsáveis pela condução das aplicações da ferramenta.
Na startup 2 (St2) também houve duas aplicações, ambas durante seu estágio inicial de
desenvolvimento. Em sua primeira aplicação (Ap.3), a St2 não possuía algumas decisões
estratégicas definidas e tinha como objetivo conhecer melhor o mercado em que iria se inserir,
seus principais concorrentes e possíveis substitutos. Cerca de quatro meses depois, a St2
realizou sua segunda aplicação (Ap.4) para entender como seus concorrentes e substitutos
lançaram seus produtos no mercado, quais canais e estratégias de marketing utilizaram.
Tabela 2 – Especificações das empresas analisadas
Fonte: Elaborada pelos autores
De forma a obter dados para análise deste artigo, foi feita a aplicação de um questionário
semiestruturado através de entrevistas presenciais e gravadas. Essas entrevistas tiveram cerca
de 2 horas no total e foram realizadas com os responsáveis pelas aplicações do Benchmarking
dentro das startups, conforme tabela 2. Alguns dos questionamentos feitos nas entrevistas
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foram: Quais etapas foram percebidas como mais relevantes na aplicação da ferramenta? Quais
resultados foram obtidos? Quais as limitações percebidas?
Os dados coletados nas entrevistas permitiram a elaboração de um modelo descritivo de
aplicação de Benchmarking. Posteriormente, foi feita uma análise crítica desse modelo,
buscando compará-lo com as práticas descritas na literatura, evidenciar as contribuições dele
nos resultados obtidos pelas startups, dificuldades percebidas com sua utilização, fatores que
contribuíram para o sucesso da aplicação da ferramenta, e limitações verificadas no modelo
aplicado.
4. Resultados e discussão
4.1. Descrição do modelo
O modelo de Benchmarking está apresentado na tabela 3. Nela são descritas as fases presentes
em sua aplicação e os passos que foram seguidos pelas startups pesquisadas. A seguir, essas
fases serão detalhadas.
Tabela 3 - Descrição dos passos a serem seguidos em cada fase de aplicação do Benchmarking
Fonte: Elaborada pelos autores
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Na tabela 3, a etapa de planejamento dá início a todo o processo de Benchmarking e se inicia
com a determinação do objetivo (fase 1.1). Nas Ap.1, 2 e 3 o propósito foi competitivo, na Ap.4
foi estratégico. Em seguida, define-se o(s) segmento(s) de mercado para análise (fase 1.2)
como, por exemplo, Ap.3 foi escolhido um único mercado, já na outras aplicações a análise se
expandiu à mercados distintos.
Na fase 1.3 universo de análise é definido, podendo ser os concorrentes, possíveis substitutos
(empresas que oferecem serviços/produtos similares) e/ou inspirações (empresas que possuem
alguma(s) característica(s) que interessa(m) à startup como fonte de insights e criatividade). Na
fase 1, também são definidos: os responsáveis por realizar o Benchmarking; as fases e etapas
que serão seguidas; definição inicial de como os dados serão coletados; organizados e
analisados; e definição de prazos.
Posteriormente, na fase 2 ocorrem: a pesquisa e coleta de dados inicial, em alta escala e com
baixa precisão (fase 2.1). Isso é feito com o objetivo de levantar informações sobre uma grande
quantidade de concorrentes e possíveis substitutos antes de aprofundar na análise. De acordo
com o grau de dificuldade percebido na busca inicial, discute-se a necessidade de se utilizar
ferramentas de suporte na pesquisa. Então, ocorre a definição de como novos dados serão
pesquisados (fase 2.2) e a pesquisa realizada na fase 2.1 é complementada. Os dados
encontrados nas pesquisas são registrados de forma desestruturada, ou seja, sem uma estrutura
padrão definida (fase 2.3). Por exemplo, nas aplicações analisadas nesse artigo, como
ferramenta auxiliar houve a utilização da técnica de cliente oculto e o registro das informações
foi feito de maneira escrita e através de imagens em slides, sendo a desestruturação útil para a
criatividade.
É então realizada a escolha de quais concorrentes ou substitutos dentre todos os levantados
serão detalhados (fase 2.4). Caso se perceba a necessidade de redefinir os alvos da pesquisa,
essa fase pode ser repetida. Além disso, se após o estudo de Benchmarking a startup descobrir
novos concorrentes, ela pode atualizar o documento final.
Na fase 3 é realizada a definição definitiva de como os dados serão organizados, pois após ter
os dados coletados, a startup pode decidir por redefinir qual forma atenderá suas necessidades
(fase 3.1). Depois, os dados registrados de maneira desestruturada são organizados (fase 3.2),
para que seja possível a visualização e comunicação de insights e/ou características que podem
não ser inseridas/percebidas em uma análise estruturada. Logo após, são determinadas as
principais informações que serão comparadas de modo estruturado (fase 3.3). Adiante, os dados
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são organizados de forma estruturada para análise (fase 3.4). Nas aplicações analisadas, essa
organização foi feita, através de uma matriz, vide figura 1. Em seguida, de acordo com o
objetivo da análise, os concorrentes/substitutos podem ser classificados.
Nessa matriz, as linhas devem ser preenchidas com as categorias definidas na fase 1 como
pontos principais de análise (ex.: funções, propostas de valor e estratégias). Em seguida, as
colunas são preenchidas com o nome da startup e com os nomes dos alvos selecionados na fase
2.4.
Adiante, as células são preenchidas com os seguintes valores:
• 0, utilizado quando a empresa não possui determinado elemento;
• 1, empregue caso não seja possível determinar se a empresa possui ou não o elemento;
• 2, caso a companhia possua o elemento;
• /, para sinalizar que o elemento não se aplica à companhia.
Para melhor visualização dos dados, os valores inseridos nas células são reconhecidos pelo
software e formatados nas suas respectivas cores, conforme a legenda presente na figura 1.
Como resultado das funções (nas linhas), há a coluna relativa ao nível de oferta de cada
funcionalidade (ver figura 1, à direita), em porcentagem, descontadas do total as células com
valores “1 - amarelo” ou “/”. Estas células não são avaliadas, o que é demonstrado na coluna
(Não sabe / N.A.) e nas linhas: “% de subcategorias avaliadas”. A lógica nas linhas é
semelhante, embora a célula mostre o número de funcionalidades ofertadas (em azul, acima) e,
abaixo (em verde), quantas subcategorias foram avaliadas dentre um grande universo. Valores
baixos em verde representam que a análise teve cobertura baixa em termos das funções versus
os concorrentes.
A fase de análise dos dados (fase 4) encerra a aplicação e não possui estrutura fixa, ou seja,
pode variar de acordo com cada startup e deve ser feita de forma a atender às suas necessidades
individuais. Por exemplo, nas aplicações 1,2, e 3, as funções que as startups não possuíam, e
estavam presentes na maioria das outras empresas, foram percebidas com alto grau de
significância.
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Figura 1 – Matriz para análise e comparações
Fonte: elaborada pelos autores
4.2. Análise do Modelo
Com a análise das aplicações do Benchmarking, foi possível perceber que nas aplicações Ap.1,
Ap.2 e Ap.3, o foco do Benchmarking eram os concorrentes e possíveis substitutos. Logo,
conforme descrito na literatura (FERNANDEZ; MCCARTHY; RAKOTOBE-JOEL, 2001),
percebe-se que o tipo de Benchmarking utilizado foi o competitivo. Essas aplicações tinham
como objetivos: conhecer melhor o mercado em que as startups estavam inseridas ou buscando
se inserir, conhecer seus concorrentes e possíveis substitutos, comparar suas propostas de valor,
mapear tendências e descobrir quais poderiam ser suas vantagens competitivas.
Além disso, como foi exposto por Fernandez; Mccarthy; Rakotobe-Joel (2001), houve na
aplicação do modelo de Benchmarking dificuldade no acesso e coleta de informações.
Buscando superar essa barreira, as startups realizaram, em suas aplicações, pesquisas por meio
de cliente oculto, buscas e análises de sites, redes sociais e plataformas.
Dimensões Funções/propostas de valor Co
nco
rren
te 1
Co
nco
rren
te 2
Co
nco
rren
te 3
Co
nco
rren
te 4
Co
nco
rren
te 5
Co
nco
rren
te 6
Co
nco
rren
te 7
Co
nco
rren
te 8
Co
nco
rren
te 9
Co
nco
rren
te 1
0
Co
nco
rren
te 1
1
Co
nco
rren
te 1
2
Co
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e (%
,UR
)
Função 1 / 1 2 10 33,3%
Função 2 / 3 2 8 60,0%
Função 3 3 5 5 37,5%
Função 4 3 5 5 37,5%
Função 5 6 3 4 66,7%
Função 6 / / 2 4 7 33,3%
Nº de funcionalidades p/ grupo ofertadas p/ empresa (%, UR): 100% 33% 0% 0% 33% 40% 50% 50% 75% 33% 67% 100% 0%
% de subcategorias avaliadas (UR): 33% 50% 50% 33% 50% 83% 67% 67% 67% 50% 50% 33% 17%
Função 1 5 5 3 50,0%
Função 2 3 5 5 37,5%
Função 3 5 4 4 55,6%
Função 4 5 6 2 45,5%
Função 5 6 6 1 50,0%
Função 6 / 7 3 3 70,0%
Função 7 / 0 3 3 0,0%
Função 8 4 5 4 44,4%
Função 9 4 5 5 44,4%
Função 10 / 0 4 4 0,0%
Função 11 / 6 4 3 60,0%
Nº de funcionalidades p/ grupo ofertadas p/ empresa (%, UR): 33% 33% 44% 56% 22% 33% 67% 67% 67% 60% 88% 71% 20%
% de subcategorias avaliadas (UR): 82% 55% 82% 82% 82% 55% 82% 82% 82% 91% 73% 64% 45%
Função 1 2 8 3 20,0%
Função 2 5 4 4 55,6%
Função 3 6 3 4 66,7%
Função 4 5 5 3 50,0%
Função 5 7 3 3 70,0%
Função 6 3 6 4 33,3%
Função 7 7 3 3 70,0%
Nº de funcionalidades p/ grupo ofertadas p/ empresa (%, UR): 67% 50% 33% 40% 0% 14% 100% 80% 100% 60% 50% 60% 75%
% de subcategorias avaliadas (UR): 43% 86% 86% 71% 71% 100% 57% 71% 71% 71% 86% 71% 67%
Dimensão 3
Concorrentes/Substitutos
Dimensão 2
Dimensão 1STARTU
P
LEGENDA:
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Em relação às fases seguidas no modelo, elas não são iguais às descritas por Fernandez;
Mccarthy; Rakotobe-Joel (2001). No entanto, algumas estão em consonância com as que foram
apresentadas por eles, são elas: planejamento do Benchmarking (fase 1), levantamento de dados
(fase 2), e a análise dos dados (fase 4). Além disso, percebe-se que as fases presentes no modelo
se aproximam fortemente do que é sugerido por Souza (2018).
Em consonância com Bhutta e Huq (1999), o estudo de Benchmarking em ambas as startups
não se limitou a apenas um momento, pois conforme relatado houve duas aplicações da
ferramenta, em ambas. Alinhado a isso, é percebido na St1, que após a primeira aplicação da
ferramenta (Ap.1), sempre que o time de vendas descobria um concorrente/possível substituto
novo, eles o estudavam e complementavam o material do estudo de Benchmarking.
Um dificuldade percebida pela St1, em sua segunda aplicação (Ap.2), foi na etapa de disposição
das informações de forma desestruturada, pois em alguns momentos foi necessário realizar
retrabalhos excessivos nas pesquisas. Com isso, foi ressaltada a importância de as etapas serem
seguidas com muita dedicação pelos envolvidos, já que caso bem feitas esses retrabalhos podem
ser evitados.
Outra dificuldade percebida, durante o preenchimento da matriz na aplicação Ap.3, foi a grande
quantidade de tempo gasto para o preenchimento da matriz e isso foi visto como um ponto
negativo. Apesar dessa etapa da análise estruturada ter gastado certa quantidade tempo para sua
realização, isso se mostrou muito importante. Pois, após sua execução ela foi percebida como
muito positiva nas aplicações, já que permitiu que fossem comparadas de forma quantitativa as
funções e propostas de valor das startups com as de seus concorrentes/possíveis substitutos.
Além disso, a matriz também pôde servir como um material de consulta rápida. Visto que, caso
fosse necessário consultar quais concorrentes/possíveis substitutos ofertavam determinada
função ou proposta de valor, isso era feito rapidamente por meio dela.
Ademais, ambas as startups apontaram as etapas de disposição das informações de forma
desestruturada como as mais importantes do estudo de Benchmarking, porque essas etapas
permitiram que fosse feita uma análise mais criativa dos dados e perceber diversas informações
e insights sobre os concorrentes, possíveis substitutos e o mercado.
Além disso, durante as aplicações de Benchmarking analisadas neste artigo, algumas
informações a serem comparadas eram subjetivas, por exemplo, caso fosse necessário avaliar
se um aplicativo apresentava um design de fácil utilização, cada membro da equipe responsável
pelo estudo poderia ter uma percepção a respeito. Apesar dessa subjetividade poder ser
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problemática, caso não haja outra forma que auxilie na comparação desejada ela se mostra
muito útil.
Outra situação relatada, foi que na segunda aplicação do modelo pela St1 (Ap.2), parte da
equipe que realizou o estudo de Benchmarking eram de pessoas oriundas de uma empresa
terceirizada, com isso houve dificuldades de realização desse estudo. Por exemplo, relacionadas
a falta de conhecimento aprofundado dos envolvidos sobre algumas funções oferecidas pela
startup. Parte disso, se deve a questões relativas à gestão de projetos (não sendo o foco do
estudo). Outra parte, porque para uma boa aplicação do Benchmarking é importante que a
equipe esteja bem integrada e com bons conhecimentos em relação ao produto oferecido e as
estratégias da empresa. Logo, pode ser interessante que em aplicações futuras do modelo
presente no artigo, seja acrescentado na fase 1, uma etapa de preparação da equipe, para garantir
a paridade e profundidade do conhecimento dos envolvidos no estudo.
Vale ressaltar que houve relatos sobre a utilização do Benchmarking em conjunto com outras
ferramentas e métodos, principalmente as provenientes do desenvolvimento de produto. Pois,
apenas o Benchmarking não era suficiente para tomada de algumas decisões estratégicas.
Dentre elas, as determinações de como seriam feitas as implementações de mudanças que eram
decididas após análises dos materiais do estudo. Apesar disso, foi relatado que o estudo de
Benchmarking foi muito útil para obter informações que serviram de entrada para a utilização
dessas outras ferramentas e métodos.
4. Conclusão
Esse estudo descreveu e analisou as aplicações de um modelo de Benchmarking em startups.
Para isso, foi realizado um estudo de casos múltiplos com duas startups de tecnologia da
informação que utilizaram a ferramenta em quatro momentos, durante suas trajetórias. Assim,
foi percebido que as startups utilizaram o modelo para realizar Benchmarking competitivo na
maioria dos casos.
Com a aplicação do modelo, elas alcançaram resultados que consideraram satisfatórios, pois
permitiram o alcance dos objetivos estabelecidos. Além disso, em consonância com Oliva e
Kotabe (2018), percebeu-se que conforme o grau de maturidade das startups aumentava, elas
desenvolviam mais experiência na aplicação da ferramenta, o que contribuiu para sua evolução
e o alcance de seus objetivos.
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Apesar das startups analisadas terem utilizado o modelo descrito para realizar Benchmarking
competitivo, pode ser que o modelo se adeque bem a outros tipos de Benchmarking. Portanto,
como recomendações para pesquisas futuras, propõe-se o estudo da adequação desse modelo
em outros tipos, e a aplicação dele em empresas de outros segmentos.
Por fim, conclui-se que o modelo apresentado possibilitou às startups resultados compatíveis
aos objetivos estabelecidos por elas no início do Benchmarking, com a utilização dele elas
conseguiram conhecer bem o mercado, ter um robusto material de apoio e guia na tomada de
decisões. Portanto, o modelo apresentado nesse artigo pode contribuir para a literatura sobre
Benchmarking e em aplicações futuras dessa técnica em outras startups.
REFERÊNCIAS
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