Bento XVI e a Hermeneutica Da Continuidade

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    ANAIS DO II ENCONTRO NACIONAL DO GT HISTRIA DAS RELIGIES E DAS RELIGIOSIDADESRevista Brasileira de Histria das Religies ANPUHMaring (PR) v. 1, n. 3, 2009. ISSN 1983-2859.Disponvel em http://www.dhi.uem.br/gtreligiao/pub.html

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    ainda deve ser feito? Ningum pode negar que, em vastas partes daIgreja, a recepo do Conclio teve lugar de modo bastante difcil,mesmo que no se deseje aplicar quilo que aconteceu nestes anos adescrio que o grande Doutor da Igreja, So Baslio, faz da situaoda Igreja depois do Conclio de Niceia: ele compara-a com uma

    batalha naval na escurido da tempestade, dizendo entre outras coisas:"O grito rouco daqueles que, pela discrdia, se levantam uns contra osoutros, os palavreados incompreensveis e o rudo confuso dosclamores ininterruptos j encheram quase toda a Igreja falsificando,por excesso ou por defeito, a reta doutrina da f..." (De Spiritu Sancto,XXX, 77; PG 32, 213 A; Sch 17 bis, pg. 524). No queremos aplicarexatamente esta descrio dramtica situao do ps-Conclio,todavia alguma coisa do que aconteceu se reflete nele. Surge apergunta: por que a recepo do Conclio, em grandes partes da Igreja,at agora teve lugar de modo to difcil? Pois bem, tudo depende da justa interpretao do Conclio ou como diramos hoje da sua corretahermenutica, da justa chave de leitura e de aplicao. Os problemasda recepo derivaram do fato de que duas hermenuticas contrriasse embateram e disputaram entre si. Uma causou confuso, a outra,silenciosamente mas de modo cada vez mais visvel, produziu eproduz frutos. Por um lado, existe uma interpretao que gostaria dedefinir "hermenutica da descontinuidade e da ruptura"; no raro, elapde valer-se da simpatia dos mass media e tambm de uma parte dateologia moderna. Por outro lado, h a "hermenutica da reforma", darenovao na continuidade do nico sujeito-Igreja, que o Senhor nosconcedeu; um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve,permanecendo porm sempre o mesmo, nico sujeito do Povo deDeus a caminho. A hermenutica da descontinuidade corre o risco determinar numa ruptura entre a Igreja pr-conciliar e a Igreja ps-conciliar. Ela afirma que os textos do Conclio como tais ainda no

    seriam a verdadeira expresso do esprito do Conclio. (BENTO XVI,22 de dezembro de 2005)

    Aps este memorial discurso de posicionamento de coerncia com a histria e

    filosofia da Igreja, um processo gradual se arrostou at os dias atuais e que culminou na

    questo litrgica. Somente no terceiro ano do pontificado de Bento XVI que foi

    publicado o Motu Proprio Summorum Pontificum dando plena liberdade liturgia

    romana anterior reforma de 1970. A liturgia, de fato, parece ser o ponto nevrlgico

    para tal ao papal, pois ela reflete de maneira visvel, simblica, os pensamentos do

    papa e sua ao como modelo a ser imitado por toda a cristandade catlica. Dar plenaliberdade a uma forma litrgica anterior ao Conclio dar peso tradio, garantir que

    haja continuidade.

    O papa ao permitir a forma ritual tridentina se aproxima dos chamados

    tradicionalistas e busca corrigir os erros dos modernistas, muito embora ambos vejam o

    Vaticano II como uma ruptura. O atual papa parece seguir a frmula tomista, a de que a

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    Na manh do dia 8 de setembro de 2006 [...] o cardeal DarioCastrillon Hoyos, prefeito da Congregao para o Clero e encarregadoda ComissoEcclesia Dei, assinou o decreto de ereo do instituto dedireito pontifical do Bom Pastor. Trata-se de uma sociedade de vidaapostlica dependendo ao mesmo tempo da Comisso Ecclesia Dei e

    da Congregao para os Institutos de Vida Consagrada e asSociedades de Vida Apostlica. Nesse decreto, o cardeal Hoyosaprovou os estatutos do novo instituto que tem por superior geral umpadre excludo da Fraternidade So Pio X, o radiante padre PhilippeLagurie.Para fontes do Vaticano, a novidade reside no fato de que o prprioBento XVI desejou esse procedimento no qual o missal tradicionalde So Pio V no um missal a parte, mas, uma forma extraordinriado nico rito romano. O Vaticano, como entre os membros do novoinstituto, insiste em dizer que este acordo corresponde s solicitaesoutrora feitas por Dom Lefebvre, separado de Roma em 1988.(MONTFORT, 08 de setembro de 2006).

    J, mais recentemente, uma nova ao do papa Bento XVI chamou ateno da

    impressa internacional, quando o mesmo divulgou em 13 de maro de 2007, a

    Exortao Apostlica ps-Sinodal Sacramentum Caritatis, na qual o pontfice

    recomendou o uso do latim e do canto gregoriano na liturgia:

    [42] [...] em liturgia, no podemos dizer que tanto vale um cnticocomo outro; a propsito, necessrio evitar a improvisao genricaou a introduo de gneros musicais que no respeitem o sentido daliturgia. Enquanto elemento litrgico, o canto deve integrar-se naforma prpria da celebrao; consequentemente, tudo no texto, namelodia, na execuo deve corresponder ao sentido do mistriocelebrado, s vrias partes do rito e aos diferentes tempos litrgicos.Enfim, embora tendo em conta as distintas orientaes e as diferentese amplamente louvveis tradies, desejo como foi pedido pelospadres sinodais que se valorize adequadamente o canto gregoriano,como canto prprio da liturgia romana. (S.C. n. 41)[62] [...] A fim de exprimir melhor a unidade e a universalidade daIgreja, quero recomendar o que foi sugerido pelo Snodo dos Bispos,em sintonia com as diretrizes do Conclio Vaticano II: excetuando asleituras, a homilia e a orao dos fiis, bom que tais celebraessejam em lngua latina ... (S.C. n.62)

    Por fim, algo ocorrido no Brasil, na V Conferncia Episcopal da Amrica Latina

    e do Caribe, vem de encontro a este estudo. Uma interveno do cardeal. Daro

    Castrilln Hoyos, presidente da Pontifcia Comisso Ecclesia Dei, em 16 de maio de

    2007 deixou claro as intenes do papa atual no que tange a questo litrgica, pois,

    segundo Hoyos, foi constatado em todo o mundo, de um modo particular na juventude,

    um aumento de interesse pelo rito tridentino:

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    Por estas razes o Santo Padre tem a inteno de estender a toda aIgreja latina a possibilidade de celebrar a Santa Missa e osSacramentos segundo os livros litrgicos promulgados pelo BeatoJoo XXIII em 1962. Por esta liturgia, que nunca foi abolida, e que,como dissemos, considerada um tesouro, existe hoje um novo erenovado interesse e, tambm por esta razo o Santo Padre pensa quechegou o tempo de facilitar, como o quis a primeira ComissoCardinalcia em 1986, o acesso a esta liturgia fazendo dela uma formaextraordinria do nico rito Romano.H algumas boas experincias de comunidades de vida religiosa ouapostlica erigidas pela Santa S recentemente que celebram em paz eserenidade esta liturgia. Em torno delas se congregam assemblias defiis que freqentam estas celebraes com alegria e gratido. Ascriaes mais recentes som o Instituto de So Felipe Neri em Berlim,que funciona como um Oratrio e se fez presente tambm, com boa

    acolhida, na Diocese do Trveris; o Instituto do Bom Pastor deBurdeos que rene sacerdotes, seminaristas e fiis, alguns sados daFraternidade So Pio X. Esto muito adiantados os trmites para oreconhecimento de uma comunidade contemplativa, o Osis de JesusSacerdote, de Barcelona. (V CELAM, 2007)

    Esses acontecimentos tornam-se claros e interligados apenas quando se tem em

    mente a promulgao do referido Motu Proprio. Sendo assim, constata-se que a

    primeira questo favorece este estudo no sentido de que se prope uma reforma da

    reforma, ou melhor, uma restaurao da mentalidade litrgico-catlica, na qual o

    trabalho realizado pela Congregao para o Culto Divino elucida a realidade litrgica da

    Igreja Catlica, em que, no mpeto das reformas conciliares oriundas do Vaticano II,

    houve uma perda de referncia, pois, nota-se, que algumas tradues tornaram-se

    traies tradio.

    O fato de ter-se traduzido pro multis (por muitos) para uma verso no-literal:

    por todos, trouxe consigo um novo sentido interpretativo da Doutrina da Salvao,

    dando a entender que todos sero salvos por meio do sacrifcio de Cristo, o que abre

    margem para ignorar qualquer ao pessoal na busca pela graa salvfica.Tal questo evoca o adgio: lex orandi, lex credenti, ao rezar de uma

    determinada forma abriu-se caminho para uma nova forma de interpretao e de crena.

    De modo significativo, este, tornou-se o ponto culminante para a ao de Arinze, o que

    parece ser o incio de uma nova reforma.

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    Quanto ao segundo ponto, a ao de Bento XVI em criar o Instituto Bom Pastor

    preservando o direito de se celebrar a Missa Tridentina, percebe-se uma continuao da

    reaproximao com os Lefebvristas2 e mais uma crtica ao atual Rito Paulino, pois

    mantm-se o direito aqueles que desejarem assistir o rito Catlico sem as reformasconciliares.

    J o terceiro ponto, as recomendaes de Bento XVI, apoiadas no Snodo dos

    Bispos que decorreu de 2 a 23 de Outubro de 2005 no Vaticano e na interpretao

    oficial do II Conclio Ecumnico do Vaticano, esboam a vontade pessoal do atual

    Pontfice. Ao recomendar o Canto Gregoriano e o Latim na liturgia, recuperam-se duas

    caractersticas marcantes do Rito Tridentino que praticamente desapareceram no Novus

    Ordo.

    Por fim, o quarto aspecto levantado nesse breve esboo expressa bem em que

    sentido Bento XVI e a Cria Romana vinham trabalhando, o que comprova as intenes

    de um papa preocupado com as questes internas da Igreja. Sua experincia, por anos,

    como principal defensor da f transparece em suas atuaes no campo da liturgia, a

    liberao do rito tridentino para qualquer padre que nele queira celebrar sem

    consentimento de seu bispo expressa medidas que num passado no muito distante

    seriam chamadas de ultramontanas.

    Ivan Manoel lembra que de 1800 a 1960 a Igreja Romana assumiu uma poltica

    de centralizao e tradicionalismo, onde Roma figurava como a soluo para os

    problemas enfrentados pela Igreja. Segundo Manoel tal postura caracterizava-se por:

    Em uma definio bastante esquemtica, entende-se por catolicismoromanizado ou ultramontano aquele catolicismo praticado de 1800 a1960, nos pontificados de Pio VII a Pio XII, informado por umconjunto de atitudes tericas e prticas, cujo eixo de sustentao seapoiava em: 1) reforo do tradicional magistrio, incluindo-se aretomada do tomismo como nica filosofia vlida para o cristo eaceitvel pela Igreja; 2) condenao modernidade em seu conjunto

    (sociedade, economia, poltica, cultura); 3) centralizao de todos osatos da Igreja em Roma, decretando-se para isso, a infalibilidade doPapa, no Conclio Vaticano I, em 1870, de modo a reforar ahierarquia, onde o episcopado foi bastante valorizado, submetendotodo o laicato ao seu controle; 4) adoo do medievo como paradigmade organizao social, poltica e econmica. O objeto dessa poltica

    2 Corrente ligada ao falecido mons. Lefebvre que em 1988 iniciou-se em um processo cismtico por noaceitar as reformas conciliares e ordenar bispos sem o consentimento papal, sob a escusa de suaconscincia para defender a tradio catlica contras inovaes ps-conciliares.

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    era, de imediato, preservar a instituio em face das ameaas domundo moderno e, a mdio e longo prazo, recristianizar a sociedade,de modo a recolocar a Igreja como centro do equilbrio mundial(MANOEL, 2004, p.45).

    O que se processou aps o Vaticano II, de modo particular no pontificado de

    Paulo VI gerou o rompimento de tal poltica. No entanto, as recentes atitudes oriundas

    da Santa S expressam caractersticas que tendem a um retorno de aspectos

    ultramontanos, como o caso da permisso que se deu a qualquer padre para celebrar

    no rito tradicional sem autorizao especial do bispo local, por meio do Moto proprio

    Summorum Pontificum.

    Mesmo antes de se tornar papa, o ento cardeal Ratzinger, sob a tutela de Joo

    Paulo II, mantinha contato com os lefebvristas; seus inmeros escritos demonstram seu

    posicionamento; o atual Pontfice foi um dos lderes do processo de reaproximao

    entre as partes em questo quando era o prefeito da Congregao para Doutrina da F. O

    cardeal Ratzinger junto a outros membros da Cria romana demonstrou suas restries

    ao rito de Paulo VI e sua afeio pelo rito de So Pio V conforme pode-se observar em

    seu livro O sal da Terra de 1996.

    Na nossa reforma litrgica h uma tendncia, a meu ver errada, quevisa inculturao total da liturgia no mundo moderno... dever sertransferido linguagem trivial. Mas desse modo, no se compreende a

    essncia da liturgia e da celebrao litrgica. [...] O padre no nenhum showmasterque hoje inventa qualquer coisa e transmite comhabilidade. (RATZINGER, 1996, p.140).

    Quanto a um retorno forma tridentina como soluo para os problemas

    litrgicos, o ento cardeal no a descarta, mas completa:

    S isso no seria a soluo. A meu ver, devia-se deixar seguir o ritoantigo com muito mais generosidade queles que o desejam. [...] Doque precisamos de nova educao litrgica, especialmente tambmos padres. preciso que volte a ser claro que a cincia da liturgia no

    existe para produzir constantemente novos modelos, como prprioda indstria automobilstica. [...] Infelizmente, entre ns, a tolernciada liturgia antiga praticamente inexistente. Desse modo, est-secertamente no caminho errado (RATZINGER, 1996, p.141).

    O cardeal prefeito da Congregao para a Doutrina da F, celebrou inmeras

    vezes e em diversas comunidades ligadas Roma e aos ideais de Lefebvre a Missa no

    Ritual de So Pio V, quando o mesmo j estava quase esquecido pelo restante do mundo

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    catlico que, por sua vez, transformara o rito de Paulo VI em regra, conforme se pode

    observar na foto abaixo.

    FIGURA I3

    Ratzinger chegou a defender que a posio correta da celebrao da Missa a do

    celebrante voltado para a Cruz, de preferncia com o altar fixo parede. Para tanto em

    seu artigo publicado na revista 30 Giorni e introduo ao livro de Uwe Michal Lang, o

    cardeal decano do Sacro Colgio chama a ateno para m interpretao do Vaticano II

    e da Instruo Geral do Missal Romano de Paulo VI.

    A direo ltima da ao litrgica, nunca totalmente expressa nasformas exteriores, a mesma para o sacerdote e para o povo: voltadospara o Senhor.Para o catlico praticante normal, dois parecem ser os resultados maisevidentes da reforma litrgica do Conclio Vaticano II: odesaparecimento da lngua latina e o altar orientado para o povo.Quem ler os textos conciliares poder constatar, com espanto, quenem uma nem outra coisa se encontram neles desta forma.Claro, seria preciso dar espao lngua vulgar, segundo as intenes

    do Conclio (cf. Sacrosanctum Concilium 36, 2) - sobretudo no mbitoda liturgia da Palavra - mas, no texto conciliar, a norma geralimediatamente precedente reza: O uso da lngua latina, salvo quandose tratar de um direito particular, seja conservado nos ritos latinos(Sacrosanctum Concilium 36, 1).

    3 Missa celebrada pelo cardeal Ratzinger no Rito Tridentino, disponvel em:http://bp3.blogger.com/_IfsLqzMaeD8/RfydaThIR3I/AAAAAAAAAYQ/x6JqyvnMhZM/s1600-h/Cardinal+Ratzinger+%26+Tridentine+Rite.jpg

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    Sobre a orientao do altar para o povo, no h sequer uma palavrano texto conciliar. Ela mencionada em instrues ps-conciliares. Amais importante delas a Institutio generalis Missalis Romani, aIntroduo Geral ao novo Missal Romano, de 1969, onde, no nmero262, se l: O altar maior deve ser construdo separado da parede, de

    modo a que se possa facilmente andar ao seu redor e celebrar, nele,olhando na direo do povo [versus populum]. A introduo novaedio do Missal Romano, de 2002, retomou esse texto letra, mas,no final, acrescentou o seguinte: Isso desejvel sempre quepossvel. Esse acrscimo foi lido por muitos como um enrijecimentodo texto de 1969, no sentido de que agora haveria uma obrigao geralde construir - sempre que possvel - os altares voltados para o povo.Essa interpretao, porm, j havia sido repelida pela Congregaopara o Culto Divino, que tem competncia sobre a questo, em 25 desetembro de 2000, quando explicou que a palavra expedit [desejvel] no exprime uma obrigao, mas uma recomendao. Aorientao fsica deveria - assim diz a Congregao - ser distinta daespiritual. Quando o sacerdote celebra versus populum, sua orientaoespiritual deveria ser sempre versus Deum per Iesum Christum [paraDeus, por meio de Jesus Cristo]. Sendo que ritos, sinais, smbolos epalavras nunca podem esgotar a realidade ltima do mistrio dasalvao, devem-se evitar posies unilaterais e absolutizantes arespeito dessa questo. (RATZINGER, 2004)

    O prefeito da Congregao da Doutrina da F buscou defender e propagar uma

    conscientizao acerca do magistrio e do patrimnio litrgico latino. Os

    pronunciamentos do Ratzinger cardeal permaneceram nas aes do papa.

    Ainda assim, a palavra do papa de continuidade e no de retorno. Mas, novas

    atitudes de Bento XVI fazem retomar este passado de modo simblico. Apspromover mons. Piero Marini e convocar um novo mestre de cerimnias pontifcias,

    mons. Guido Marini, as celebraes papais ganharam novo adorno. As imagens que

    seguem abaixo mostram o papa celebrando no Rito Paulino Versus Deum, usando

    casulas gticas e com um novo bculo, o de Pio IX. O fato de usar paramentos de

    seus antigos predecessores evoca de maneira concreta seu pensamento; ao se

    paramentar com a mitra de Pio IX, a estola de So Pio V e o trono usado por So Pio X,

    Bento XVI parecia dizer que em sua mente estavam as idias do papa anti-modernista,

    Pio IX, em seus ombros o poder sacerdotal como na Missa de So Pio V e o Governo da

    Igreja como Pio X.

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    FIGURA II4

    esquerda do papa, o novo cerimonirio pontifcio, mons. Guido Marini, muito

    mais afinado com os posicionamentos litrgicos de Bento XVI que seu antecessor, o

    arcebispo Piero Marini, que foi nomeado presidente do Pontifcio Comit para os

    Congressos Eucarsticos Internacionais no dia 1 de outubro de 20075. Piero Marini

    autor de vrios artigos sobre a atuao da reforma litrgica do Conclio Vaticano II e

    colaborou de modo particular na redao do novo Cerimonial dos Bispos (CremonialeEpiscoporum).

    Foram vinte e dois anos de trabalho nos organismos da S Apostlica dedicados

    reforma da liturgia e durante os 15 anos de servio junto ao Ofcio das Cerimnias

    Pontifcias, mons. Piero Marini tomou parte de vrios acontecimentos importantes da

    histria recente da Igreja Catlica; como os ltimos conclaves de 1978 e 2005, que

    elegeram os papas Joo Paulo I, Joo Paulo II e Bento XVI.

    Esse histrico ligado diretamente reforma litrgica parece ter sido o grande

    empecilho de sua continuidade como cerimonirio.

    4Consistrio Ordinrio Pblico de 24 de Novembro de 2007, disponvel em:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2007/24112007/index.html5 Promoes assim, parecem tender a uma forma educada de remover aqueles que no compartilham dasmesmas idias e se tornam empecilhos para a realizao de certos projetos.

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    FIGURA III6

    FIGURA IV7

    Mons. Guido, tambm um Marini, parece responder aos anseios litrgicos de

    Bento XVI, preparando cerimnias que retomam a grandeza da liturgia papal sem

    invencionices e que procuram transmitir a idia de continuidade pregada por Bento

    XVI. Acima a festa do Batismo do Senhor celebrada na Capela Sistina e com o papavoltado para o altar fixo da capela. Ao lado A Quarta-feira de Cinzas, na qual o papa

    6 Festa do Batismo do Senhor aos 13 de janeiro de 2008, disponvel em:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2008/13012008/index.html7 Beno e imposio de Cinzas aos de 06 de fevereiro de 2008, disponvel em:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2008/06022008/index.html

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    Come un Papa cita nei suoi documenti i Pontefici che lo hannopreceduto, in modo da indicare la continuita' del Magistero dellaChiesa, cosi' nell'ambito liturgico un Papa usa paramenti e suppellettili

    sacre dei predecessori per indicare la stessa continuita' anche nellacelebrazione (PETRUS, 10-05-08)

    Ainda quanto atuao do novo mestre de cerimnias de Bento XVI, vale

    observar a montagem do altar no qual o papa iria celebrar.

    FIGURA VII10

    FIGURA VIII11

    10 Altar preparado sob os moldes de mons. Piero Marini em 17 de junho de 2007 durante a Visita Pastorala Assis. Disponvel emhttp://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2007/17062007/index.html. Acesso em 23-05-0811 Altar preparado sob os moldes de mons. Guido Marini, em conformidade com a vontade papal durantea Solenidade de Maria SS.ma, Me de Deus no dia primeiro de janeiro de 2008. Disponvel em

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    As fotos da ornamentao dos altares para as celebraes pontifcias so

    exemplos dos contrastes entre os dois mestres de cerimnias e da idia de continuidade

    sustentada pelo papa. Observe como a figura VIII remete ao altar fixo da Missa

    Tridentina com o crucifixo ao centro e cercada por seis velas, enquanto que no altarpreparado pelo arcebispo Piero nota-se a ausncia at de um crucifixo em seu centro.

    Ainda nessas inovaes, pode-se observar o retorno comunho na boca e de

    joelhos, como no rito tridentino, e uso do plio tradicional romano em substituio ao

    usado por Bento XVI desde seu incio de Pontificado. O retorno do genuflexrio nas

    missas papais busca retomar o sentido do sagrado, da presena real de Cristo na

    Eucaristia, fato no to claro na Missa Nova, que como o prprio papa dizia degenerou-

    se em show.

    FIGURA IX12

    http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2008/01012008/index.html. Acesso em 23-05-08.12 Celebrao de Corpus Christi aos 22 de maio de 2008, disponvel em:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2008/22052008/index.html. Acesso em 16-08-08.

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    FIGURA X13

    Dessa forma visual obtm-se de maneira concreta o pensamento de Bento XVI

    acerca da liturgia e dos efeitos do Rito Paulino. A Missa Nova e o Conclio, demonstraBento XVI, no devem ser sinnimos de ruptura, mas antes, devem ser entendidos como

    continuidade. Sendo assim, a liberao da Missa Tridentina , pois uma ponte para o

    resgate de elementos, que segundo o pontfice, no deveriam ter sido perdido.

    Tendo em vista as particularidades da questo litrgica e a escassez de

    bibliografia especfica, buscou-se ir direto s fontes. A anlise documental e das aes

    pontifcias se amalgamam na sustentao deste trabalho e, at o momento, os resultados

    obtidos conduzem o raciocnio a certas consideraes: desde cardeal, Ratzinger, j havia

    se posicionado receosamente quanto aos efeitos da Missa Nova e das interpretaes do

    Conclio Vaticano II, vendo sempre o Rito Tridentino com olhos benevolentes. Suas

    aes como papa levaram concretizao do que ele, pouco tempo aps ser eleito para a

    S de Pedro, chamou de Hermenutica da Continuidade, o que fundamentou a

    promulgao do Motu Proprio Summorum Pontificum dando plena liberdade Missa

    Tridentina e sua busca de restaurao da tradio.

    A idia de as duas formas rituais contriburem para um enriquecimento mtuo

    parece ser seu principal objetivo, com ele tem demonstrado em suas celebraes

    litrgicas, com vestes que pertenciam a papas anteriores reforma ps-conciliar, com

    Missas rezadas em um altar fixo, voltado para a Cruz e no para o povo, ainda que no

    Rito Paulino; ou com sua troca de mestre de cerimnias que sempre ornamenta o altar

    13 Solenidade de So Pedro e So Paulo aos 29 de junho de 2008, disponvel em:http://www.vatican.va/news_services/liturgy/photogallery/2008/29062008/index.html. Acesso em 16-08-08.

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    como no Rito Tridentino, apenas com uma vela mais atrs do crucifixo. A troca de seu

    bculo pastoral, anteriormente usado por Paulo VI, Joo Paulo I e Joo Paulo II, pelo de

    Pio IX, papa anti-modernista e ultramontano, evidenciam fortes sinais do

    posicionamento litrgico e eclesial desde papa. A prpria escolha de seu nome, Bento,quebrou o costume dos nomes papais ligados ao Vaticano II: Joo (XXIII) e Paulo (VI).

    O movimento litrgico de Bento XVI expressa tentativa da criao de uma nova

    mentalidade catlica; nova, mas baseada na continuidade com a tradio anterior ao

    Conclio, e no em uma idia de ruptura como muitos entenderam ter sido o Vaticano II.

    Sua preocupao re-catequizar grande parte do clero e dos fiis catlicos que

    perderam sua identidade e a conscincia de sua histria.

    DOCUMENTOS:

    Catecismo da Igreja Catlica. Petrpolis: Vozes, 1993.

    Catecismo Romano: nova verso portuguesa baseada na edio autntica de 1566.Petrpolis: Vozes, 1951.

    Cdigo de Direito Cannico. 10 ed. So Paulo: Loyola, 1997.

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    InstruoRedemptionis sacramentum. Disponvel em:www.vatican.va/roman_curia/congregations/ccdds/documents/rc_con_ccdds_doc_20040423_redemptionis-sacramentum_po.html Acesso em 18-01-2006.

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