Upload
gustavo-menezes
View
16
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS
INTRODUO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPES
So Paulo SP Julho/2004
BOLSA DE MERCADORIAS & FUTUROS
INTRODUO AOS MERCADOS FUTUROS E DE OPES
Material de apoio ao 76 Curso de Introduo aos Mercados Futuros
e de Opes. Est dividido em duas partes: Mercados a Vista e
Mercados Futuros e de Opes.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
1
S U M R I O
Introduo............................................................................................ 04
Parte I: Introduo aos Mercados a Vista
Captulo 1: Os Ativos de Renda Fixa................................................................... 07
1.1 - Conceitos Bsicos........................................................................................... 07
1.2 - Como se operacionalizar as operaes de Mercado Aberto............................. 11
1.3 - Apreamento de ttulos de renda fixa............................................................. 13
1.4 - Apreamento de ttulos pblicos..................................................................... 15
1.5 - O Mercado de ttulos privados........................................................................ 21
Captulo 2: Os Mercados de Renda Varivel...................................................... 24
2.1 - Fundamentos do mercado de aes................................................................ 24
2.2 - ndice Bovespa................................................................................................ 26
2.3 - Metodologia de Clculo do IBOVESPA............................................................ 26
2.4 - O Coeficiente Beta.......................................................................................... 28
Captulo 3: Os Mercados Cambiais..................................................................... 30
3.1 - Taxas de Cmbio............................................................................................ 31
3.2 - O Balano de Pagamentos.............................................................................. 34
3.3 - Instrumentos Cambiais no Pas........................................................................ 36
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
2
Parte II: Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Captulo 4: Aspectos Institucionais BM&F.......................................................... 40
4.1 - Introduo...................................................................................................... 40
4.2 - A Bolsa de Mercadorias & Futuros................................................................... 40
Captulo 5: Derivativos, definies e conceitos................................................. 44
Captulo 6: Mercado a Termo.............................................................................. 47
6.1 - Problemas....................................................................................................... 50
Captulo 7: Mercados Futuros............................................................................. 52
7.1 - Caractersticas funcionais e operacionais dos Mercados Futuros...................... 53
7.2 - O Conceito de Posies no Mercado Futuro.................................................... 59
7.3 - Diferenas entre os Mercados Futuro e a Termo.............................................. 62
7.4 - Participantes do Mercado Futuro.................................................................... 62
7.5 - A Formao de Preos nos Mercados Futuros.................................................. 65
Captulo 8: Caractersticas Operacionais do Mercado de Opes.................... 71
8.1 - Definies....................................................................................................... 71
8.2 - Participantes do Mercado de Opes.............................................................. 72
8.3 - Diferenas entre os Mercados Futuros e de Opes......................................... 75
Captulo 9: Apresentao dos Principais Contratos Financeiros Negociados na
BM&F...............................................................................................................
84
9.1 - Mercado futuro de Dlar Comercial................................................................ 84
9.2 - Mercado futuro de Ibovespa........................................................................... 87
9.3 - Os Derivativos de Taxas de Juros..................................................................... 90
9.4 - O Contrato Futuro de DI de 1 dia.................................................................... 91
9.5 - O Contrato Futuro de Cupom Cambial........................................................ 101
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
3
9.6 - Forward rate Agreement de Cupom Cambial (FRC) 105
Captulo 10: Mercados Agrcolas...................................................................... 109
10.1 - Introduo................................................................................................. 109
10.2 - Riscos....................................................................................................... 109
10.3 - Sazonalidade dos Preos Agropecurios..................................................... 112
10.4 - Cdula do Produtor Rural (CPR)................................................................. 113
10.5 - Estratgias com Mercados Futuros............................................................. 114
Bibliografia..................................................................................................... 121
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
4
IINNTTRROODDUUOO
EEssttaa 7766 ttuurrmmaa ddoo CCuurrssoo ddee IInnttrroodduuoo aaooss MMeerrccaaddooss FFuuttuurrooss ee ddee OOppeess.. DDeessddee oo sseeuu
iinncciioo,, cceenntteennaass ddee eessttuuddaanntteess ee pprrooffiissssiioonnaaiiss ddoo mmeerrccaaddoo ffiinnaanncceeiirroo jj ppaassssaarraamm ppeelloo mmeessmmoo,,
ttoommaannddoo ccoonnhheecciimmeennttoo ddooss ffuunnddaammeennttooss bbssiiccooss ddooss mmeerrccaaddooss ddee ddeerriivvaattiivvooss bbrraassiilleeiirroo..
NNooss llttiimmooss aannooss eesstteess mmeerrccaaddooss aapprreesseennttaarraamm uumm ccrreesscciimmeennttoo ssiiggnniiffiiccaattiivvoo,, ddeessttaaccaannddoo
aa BBoollssaa ddee MMeerrccaaddoorriiaass ee FFuuttuurrooss ((BBMM&&FF)) nnoo cceennrriioo mmuunnddiiaall.. AA tteennddnncciiaa qquuee ooss mmeerrccaaddooss
ffuuttuurrooss ee ddee ooppeess ccrreessaamm ccaaddaa vveezz mmaaiiss,, aapprreesseennttaannddoo nnoovvooss ccoonnttrraattooss,, nnoovvooss mmooddeellooss ee nnoovvaass
ffoorrmmaass ddee nneeggoocciiaaoo.. MMaanntteerr--ssee aattuuaalliizzaaddoo ccoomm ooss pprriinncciippaaiiss ccoonncceeiittooss aabboorrddaaddooss nnaass
nneeggoocciiaaeess oo mmnniimmoo qquuee qquuaallqquueerr iinntteerreessssaaddoo ddeevvee ppoossssuuiirr ppaarraa rreeaalliizzaarr sseeuuss iinnvveessttiimmeennttooss ddee
ffoorrmmaa sseegguurraa..
OO oobbjjeettiivvoo ddeessttee ccuurrssoo aapprreesseennttaarr ooss ffuunnddaammeennttooss ddooss mmeerrccaaddooss ddee ddeerriivvaattiivvooss
nneeggoocciiaaddooss nnoo BBrraassiill ee sseeuu aammbbiieennttee ddee nneeggoocciiaaoo.. TTooddaa aa ssiisstteemmttiiccaa ooppeerraacciioonnaall ddooss pprriinncciippaaiiss
aattiivvooss ffiinnaanncceeiirrooss nneeggoocciiaaddooss nnooss mmeerrccaaddooss ffuuttuurrooss nnaacciioonnaall aannaalliissaaddaa,, ddiissccuuttiinnddoo--ssee aass
pprriinncciippaaiiss ooppeerraaeess ddee hheeddggee,, aarrbbiittrraaggeemm ee eessppeeccuullaaoo..
EEssttee ccuurrssoo ssee ddiivviiddee eemm ddooiiss ggrraannddeess ggrruuppooss ddee aassssuunnttooss:: MMeerrccaaddooss VViissttaa ee MMeerrccaaddooss
FFuuttuurrooss.. NNoo pprriimmeeiirroo ggrruuppoo ddee aassssuunnttooss ssoo aabboorrddaaddooss ooss mmeerrccaaddooss vviissttaa qquuee oorriiggiinnaarraamm ooss
pprriinncciippaaiiss ccoonnttrraattooss ddee ddeerriivvaattiivvooss nneeggoocciiaaddooss nnaa BBMM&&FF.. NNoo sseegguunnddoo ggrruuppoo,, jj ffooccaaddoo eemm
ddeerriivvaattiivvooss,, ssoo ddeessccrriittaass aass pprriinncciippaaiiss ccaarraacctteerrssttiiccaass ddooss ddeerriivvaattiivvooss..
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
5
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
6
PPaarrttee II
IInnttrroodduuoo aaooss MMeerrccaaddooss aa VViissttaa
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
7
C a p t u l o 1 - Os Ativos de Renda Fixa
Este primeiro captulo dedica-se a apresentar os fundamentos bsicos dos mercados de renda fixa. Um
bom estudo das caractersticas destes mercados essencial para a compreenso dos derivativos de taxas de juro,
uma vez que as taxas de juros da economia se formam nos mercados de renda fixa.
1.1 - Conceitos bsicos
Nesta seo apresentaremos alguns conceitos bsicos que fundamentam os mercados financeiros. Ser
feita uma conceituao do que so ativos, uma distino entre renda fixa e renda varivel e apresentados os
principais tipos de ativos financeiros.
O que so ativos?
Definimos ativos como sendo tudo aquilo que tem valor econmico ou seja, tudo que tem valor para troca.
Os ativos podem ser divididos em dois tipos bsicos:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
8
Ativos Reais
Os ativos reais so aqueles cujo valor depende de caractersticas fsicas e so utilizados na produo de
bens e servios. So exemplos de ativos reais (imveis, estoques, mquinas etc).
Ativos Financeiros
Os ativos financeiros so constitudos por uma relao contratual que estabelece pagamentos futuros de
uma parte, emissor do ativo, para uma outra parte, o investidor do ativo.
O Emissor vende o ativo no presente para o investidor prometendo pagamentos futuros.
A diferena entre Mercado Primrio e Secundrio
A primeira negociao do ativo chama-se Emisso. O mercado desta primeira negociao denominado
Mercado Primrio do ativo.
O Mercado Secundrio por sua vez o mercado no qual o ativo circula entre os investidores sem contudo
haver transferncia de recursos para o emissor.
A diferena entre Renda Fixa e Varivel
Os Ativos de renda fixa oferecem ao detentor do ativo um conjunto de pagamentos que so fixos e
determinados, ou seja, o detentor sabe exatamente qual a data e o tipo de remunerao que o ativo oferece.
Os Ativos de renda varivel por sua vez so ativos cuja data e o valor da remunerao no so conhecidos.
So exemplos de ativos de renda varivel: aes e contratos derivativos.
Neste captulo detalharemos as principais caractersticas dos ativos de renda fixa.
Tipos de Ativos de Renda Fixa
Os ativos de renda fixa se dividem em dois tipos bsicos:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
9
Ttulos de Renda Fixa ou Bnus: So ativos cuja negociao no se restringe somente entre o emissor do
ttulo e o investidor. Tambm so negociados entre os investidores, ou seja, so ativos que possuem um mercado
secundrio. So exemplos de ativos de renda fixa (ou bnus) os ttulos pblicos federais e ttulos privados.
Demais ativos de renda fixa: So ativos que no possuem mercado secundrio.
Os ativos de renda fixa podem ser classificados pelo tipo de remunerao que o ativo oferece ao seu
detentor:
Ativos de Renda Fixa pr-fixada: compreendem ttulos de renda fixa cuja remunerao previamente
conhecida e uma taxa de juro pr-fixada que incide sobre o valor do principal do ttulo.
So exemplos de ativos de Renda Fixa pr-fixada:
LFT: Letras Financeiras do Tesouro
LBC: Letras do Banco Central
Ativos de Renda Fixa ps-fixada: compreendem ttulos de renda fixa cujo tipo de remunerao
previamente conhecida, mas o valor est indexado a alguma outra taxa ou ndice que varia ao longo do tempo.
So exemplos de ativos de renda fixa ps-fixada:
NTN-D (Notas do Tesouro Nacional srie D): trata-se de um ttulo pblico federal remunerado pela variao
cambial.
NTN-H (Notas do Tesouro Nacional srie H): trata-se de um ttulo pblico federal remunerado pela variao
cambial.
O Mercado de Ttulos Pblicos
O Mercado de ttulos pblicos compreendido pelos ttulos emitidos pelo BACEN e pelo tesouro nacional. O
mercado de ttulos pblicos denominado Mercado Aberto (ou Open Market) e tem duas finalidades:
Financiar o dficit oramentrio Executar a poltica monetria do pas
A segunda finalidade merece mais ateno, pois a chave da formao de uma das principais taxas de
juros da economia brasileira: a taxa SELIC.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
10
No Brasil, a gesto da Poltica Monetria de responsabilidade do Banco Central do Brasil.
Para que haja uma gesto eficiente das taxas juros, o Banco Central promove intervenes no mercado
domstico de ttulos atravs da compra e da venda de ttulos pblicos a fim de regular a taxa de juros. Segundo o
modelo institucional do BACEN em vigor desde 1999, a taxa de juros a ser regulamentada a taxa SELIC.
Taxa SELIC: taxa mdia ponderada e ajustada das operaes de financiamento por um dia, lastreadas em ttulos
pblicos federais e cursadas no Sistema SELIC na forma de operaes compromissadas.
Na prxima seo sero apresentados os mecanismos de formao da taxa SELIC com maiores detalhes.
A Formao da Taxa de Juros SELIC
No curso de matemtica financeira conceitua-se a taxa de juros como sendo o custo da posse do dinheiro.
De acordo com a lei da oferta e da procura, quanto maior o preo menor a procura e vice-versa; logo quanto
maior a oferta monetria na economia menor ser a taxa de juros e quanto menor for a oferta monetria maior
sero estas taxas. Conclumos ento que a taxa de juros deve ser tal que equilibre a procura e a oferta de moeda.
As operaes de Mercado Aberto permitem a expanso ou retrao da oferta monetria de modo a
estabelecer uma taxa de juros que equilibre a oferta e a demanda por moeda garantindo a estabilidade do sistema.
A reduo das taxas de juros pode ser realizada da seguinte forma: o Banco Central compra ttulos
pblicos aumentando a oferta monetria, provocando assim uma queda na taxa de juros. Analogamente, uma
elevao das taxas de juros pode ser realizada atravs da venda de ttulos pblicos: o governo quando vende ttulos
pblicos est reduzindo a oferta monetria provocando assim um aumento nas taxas de juros.
Compra de Ttulos Pblicos Aumenta a Oferta Monetria Reduz a Taxa de Juros Venda de Ttulos Pblicos Reduz a Oferta Monetria Aumenta a Taxa de Juros Quadro Resumo: Mecanismo de formao das taxas de juro SELIC
1.2 - Como se operacionalizar as operaes de Mercado Aberto
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
11
O mercado primrio de ttulos pblicos acontece atravs de ofertas pblicas do BACEN em leiles formais
anunciados com antecedncia. Participam destes leiles bancos mltiplos e comerciais, corretoras e distribuidoras
de ttulos. O mercado secundrio, por sua vez, se desenvolve em leiles semanais.
O Sistema SELIC
Os ttulos pblicos so escriturais (no existem fisicamente). A sua emisso feita atravs do Sistema
SELIC - Sistema Especial de Liquidao e Custdia. Criado em 1979 pelo Banco Central em parceria com a ANDIMA, o
SELIC um sistema eletrnico que processa o registro, a custdia e a liquidao financeira das operaes
realizadas com ttulos pblicos. At o final da dcada de 70 as operaes financeiras implicavam o manuseio e a
movimentao fsica desses ttulos, com grande risco de fraude e extravio. A partir do SELIC, ttulos e cheques
foram substitudos por simples registros eletrnicos atravs dos quais as operaes so liquidadas na conta
reservas bancrias que as instituies financeiras mantm junto ao BACEN no mesmo dia, gerando enorme ganho de
eficincia, j que as operaes so fechadas no mesmo dia em que ocorrem.
Posteriormente, estes ttulos so renegociados no mercado secundrio com outras instituies
financeiras e com o pblico em geral.
O Banco Central sempre que julga necessrio injetar ou retirar recursos do mercado financeiro realiza
leiles informais (go around). Nestes leiles s so permitidas as participaes dos dealers (bancos comerciais e
mltiplos credenciados no BACEN).
As operaes de Mercado Aberto com ttulos pblicos ocorrem em quase sua totalidade por apenas um dia;
por isso, so denominadas overnight. A partir das operaes de mercado aberto, ou seja, da demanda e oferta de
ttulos pblicos, forma-se a taxa SELIC.
Operaes Compromissadas
Operaes compromissadas so operaes nas quais as instituies financeiras vendem ttulos ao BACEN por
apenas um dia com um compromisso de recompr-lo no dia seguinte por um preo acertado no momento da venda.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Para as instituies financeiras as operaes com compromissos de recompra e de revenda podem ser
utilizadas nas seguintes aplicaes:
Financiamento de posies compradas Cobertura de posies de venda a descoberto (short selling) Operaes de arbitragem Atender outras demandas de seus clientes
Em poucas palavras podemos dizer que uma operao compromissada uma operao com a qual as
instituies financeiras captam recursos por apenas um dia, utilizando ttulos pblicos como garantia.
1.3 - O Apreamento de ttulos de renda fixa
Como se determina o preo de um ativo?
O preo de um ativo qualquer dado pela somatria dos fluxos de caixa futuros que esse ativo oferece a
seu detentor datados (C1, C2, C3,, CT).
No entanto os ativos financeiros no podem ser precificados pois os fluxos monetrios que estes ativos
oferecem so distribudos ao longo do tempo.
A simples soma dos valores dos fluxos futuros de um Ativo Financeiro s correta se os fluxos estiverem em uma
data nica de referncia. Para ativos financeiros cujos fluxos se distribuem ao longo do tempo, os seus preos so
dados pela somatria do valor presente dos fluxos futuros descontados por uma taxa de desconto.
Em termos formais o preo de um ativo dado pela equao abaixo:
( ) += ttrCP
1
Onde:
Ct = fluxo monetrio na data t
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 12
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
rt = taxa de desconto, por perodo, da data t
A taxa de desconto correta deve ser igual ao custo de carregamento de um ativo sem risco mais um
prmio pelo risco especfico do carregamento em questo.
rt = it + mt
Onde :
rt = taxa de desconto
it = taxa de juros sem risco
mt = prmio de risco do ativo especfico
Qualquer preo diferente da frmula acima gera possibilidades de arbitragem.
Uma das principais caractersticas dos preos dos ativos de renda fixa a relao inversa entre preo e a
taxa de rentabilidade. Observe novamente a frmula que nos d o preo de um ativo financeiro de renda fixa:
( ) += ttrCP
1
Note que a varivel taxa de desconto, encontra-se no denominador. Logo, quanto maior a taxa de desconto
menor o preo do ativo e quanto menor for a taxa de desconto maior ser o preo do ativo.
A partir da anlise feita acima podemos tirar as seguintes concluses:
O preo de um ttulo corresponde ao fluxo de pagamentos futuros (cupons e resgates) descontados para valor presente por uma taxa de juros constante (que a rentabilidade do ttulo).
Nos ativos financeiros de renda fixa, os cupons, o valor do resgate e o prazo so fixos. Apenas a taxa de rentabilidade pode variar e provocar alteraes de preo.
O quadro a seguir sintetiza o efeito da relao inversa entre preo e taxa de rentabilidade:
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 13
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Aumento na taxa de juro Queda no preo do ttulo O investidor recebe um rendimento maior para um mesmo investimento inicial.
Queda na taxa de juro Aumento no preo do ttulo O investidor recebe um rendimento menor para um mesmo investimento inicial.
Nas prximas sees apresentaremos as caractersticas dos ttulos pblicos federais e dos ttulos
privados brasileiros.
1.4 - Apreamento de ttulos pblicos
Existem diferentes mtodos de apreamento de ttulos pblicos. O quadro abaixo descreve sucintamente
cada uma destas metodologias:
Metodologia de Apreamento
Descrio
Preo de Mercado o preo que equilibra a oferta e a procura por um determinado ttulo. De todos os preos o que melhor reflete o verdadeiro valor do ttulo, por isso, o preo utilizado nos procedimentos de mark-to-market (marcao a mercado) das instituies que detm ttulos pblicos.
Preo ao Par ou Valor Nominal Atualizado
o preo obtido atravs da atualizao do valor de face do ttulo.
Preo de Curva um preo obtido atravs de uma operao de desconto atravs de um critrio exponencial de descapitalizao do fluxo de caixa em questo.
Preo de Carregamento o preo obtido atravs da atualizao do valor efetivamente pago na compra do ttulo. Preo de Lastro Preo pelo qual o BACEN aceita comprar ou vender um ttulo em uma operao
compromissada. conhecida como PU 550.
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 14
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
15
O Clculo de preos dos ttulos pblicos
a) Caractersticas dos Ttulos Pblicos Federais
Na tabela a seguir esto relacionados os principais ttulos pblicos federais:
DDeennoommiinnaaoo ddooss TTttuullooss RReennddiimmeennttoo//AAttuuaalliizzaaoo ddoo VVaalloorr NNoommiinnaall
LFT Letras Financeiras do
Tesouro
Rendimento ps-fixado definido pela Taxa SELIC
LFT-A Letras Financeiras do
Tesouro Srie A
Rendimento ps-fixado definido pela Taxa SELIC acrescida de 0,0245% a.m.
LFT-B Letras Financeiras do
Tesouro Srie B
Rendimento ps-fixado definido pela Taxa SELIC
LTN Letras do Tesouro Nacional Rendimento prefixado definido pelo desgio sobre o valor nominal
NBC-E Notas do Banco Central do
Brasil Srie E
Juros de cupom e valor nominal atualizado pela variao da cotao de venda do
dlar dos Estados Unidos
NTN-B Notas do Tesouro Nacional Srie B
Juros de cupom de 6% a.a. e valor nominal atualizado pela variao do IPC-A
NTN-C Notas do Tesouro Nacional
Srie C
Juros de cupom de 6% a.a. e valor nominal atualizado pela variao do IGP-M
NTN-D Notas do Tesouro Nacional
Srie D
Juros de cupom e valor nominal atualizado pela variao da cotao de venda do
dlar dos Estados Unidos
NTN-R2 Notas do Tesouro Nacional
Srie R2
Juros de cupom de 6% a.a. e valor nominal atualizado pela variao da cotao de
venda do dlar dos Estados Unidos
Nas prximas sees apresentaremos alguns dos ttulos acima citados com mais detalhes e
exemplificaremos o clculo de seus preos.
Taxa de rentabilidade prefixada
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Os principais ttulos pblicos de rentabilidade prefixada so a LTN e o Bnus do Banco Central (BBC). So
ttulos negociados com desconto em relao ao valor de face, de modo que o detentor do ttulo conhece
antecipadamente a rentabilidade do valor inicialmente investido.
Exemplo:
Calcule o preo unitrio de uma LTN cujo prazo de 268 dias teis, a taxa de rentabilidade (taxa de juro
prefixada) de 23,12% a.a e o valor nominal (valor de face) de R$1.000,00.
a) Representao grfica do fluxo de caixa:
R$1.000,00
PU=?
i=23,12
n=268/252
b) Clculo do Preo:
56,801
10012,231
1000
252
268 =
+=PU
Resposta: O preo unitrio da LTN de R$801,56
Taxa de rentabilidade ps fixada sem pagamento de cupom
O principal representante desta categoria de ttulo a LFT (Letras Financeiras do Tesouro Nacional).
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 16
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
As LFTs so ttulos de curto prazo que tem como remunerao a taxa SELIC acumulada entre a data da
emisso e de resgate.
No mercado secundrio as LFTs podem ser negociadas ao par (pelo valor de face) ou com um gio/desgio
(o que mais comum no mercado de LFTs).
Exemplo:
Uma LFT de 183 dias corridos e 126 dias teis foi adquirida em um leilo pelo preo de R$982,00. Sabendo
que a taxa SELIC mdia ficou em R$19,10 a.a., calcule o valor resgatado, a taxa de juros efetiva e a taxa de desgio.
Valor de resgate:
1262521000(1 0,191) 1.091,33VR = + =
Rentabilidade efetiva:
( ) 252126133,091.1982
r+= r = 23,51% a.a.
Taxa de desgio:
(1 0, 2351) 1 100 3,7%(1 0,191)
d a+ = = + a
Cupons de Indexadores
Embora recebam a mesma denominao, os cupons de indexadores no possuem qualquer relao com os
cupons de juros dos papis de renda fixa.
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 17
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Definimos cupom de indexador como sendo o diferencial entre uma taxa de juro e o valor de um outro ativo ou de
alguma outra taxa de juro.
Existem diversos tipos de cupons entre os quais podemos destacar: o cupom de IGPM, o cupom de TR e o
cupom cambial.
Cupom de IGPM: o diferencial entre a taxa de juros domstica e a variao da inflao para um
determinado perodo.
Cupom de TR: o diferencial entre a taxa de juros domstica e a taxa de juros referencial.
Cupom Cambial: diferena entre a taxa de juros domstica e a variao cambial para um determinado
perodo.
Os Cupons de Indexadores so utilizados na avaliao da rentabilidade de ativos ps-fixados. Por exemplo,
utilizando-se o cupom de IGPM possvel verificar se a taxa de juros domstica est remunerando mais ou menos
do que a inflao no perodo em questo. O mesmo vlido para os demais indexadores.
Neste texto trataremos o cupom cambial com mais detalhes porque o ativo objeto de um dos dois
principais contratos referenciados em taxas de juros negociados na BM&F: o contrato futuro de cupom cambial e o
FRA de Cupom.
O cupom cambial determinado pelo excedente da taxa de juros domstica sobre a variao cambial.
utilizado para avaliar se um investimento em moeda estrangeira est pagando um juro mais interessante do que um
similar em moeda nacional.
Em termos formais o Cupom Cambial representado pela seguinte equao:
+=
2
1
1001
t
t
PtaxPtax
CDI
CC
Onde:
CC = Cupom Cambial
CDI = taxa de juros CDI Cetip expressa por dia til
Ptaxt-1 = ptax de 1dia
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 18
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
19
Ptaxt-2 = ptax de 2dias
Caractersticas dos Cupons Cambiais
O Cupom Cambial uma taxa de juro linear. expresso em taxas anuais base 360 dias (dias corridos) utilizado na avaliao da rentabilidade de investimentos em moeda domstica com relao ao dlar
americano.
Cupom Sujo X Cupom Limpo
O cupom cambial de que tratamos at o momento o cupom cambial sujo e recebe esta denominao
porque sofre uma distoro causada pela variao cambial do dia seguinte que trazida para a data da operao.
O cupom limpo portanto o cupom cambial sem a distoro causada pela defasagem de um dia da PTAX
800.
1.5 - O Mercado de ttulos privados
Nas sees anteriores discutimos o funcionamento do mercado de ttulos pblicos e as formas como as
instituies financeiras captam recursos atravs de operaes com os mesmos no chamado mercado SELIC.
Nesta seo apresentaremos as formas como as instituies financeiras captam recursos sem a
participao do governo, ou seja, as caractersticas do mercado privado de crdito.
O Mercado Interbancrio
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
O mercado interbancrio de crdito o mercado onde as instituies financeiras trocam recursos entre si
ou seja as prprias instituies emitem ttulos de dvida.
No Brasil, o mercado interbancrio de crdito ocorre atravs das operaes vista de CDI (Certificado de
Depsito Interbancrio).
O mercado vista de CDI foi criado em 1986 junto com a implantao do Plano Cruzado e tem como
finalidade a transferncia gil de recursos e de liquidez entre as instituies financeiras que constituem o sistema
financeiro.
Apenas s instituies financeiras permitida a participao neste mercado. O sucesso desse tipo de
operao deve-se ao fato de ser uma fonte rpida de captao de recursos, em que o mercado redistribui a liquidez
do sistema sem a participao do Banco Central. Quando o BACEN interfere diretamente nas operaes de
transferncia de recursos entre bancos geram-se vrias implicaes como alterao da Base Monetria ou criao
de moeda, enfim, efeitos colaterais poltica monetria do pas que so ausentes no mercado CDI.
Como se operacionalizam as operaes de CDI
O CDI Over um ttulo de dvida emitida por uma instituio financeira por apenas um dia. Podem ser
emitidos ttulos com prazos de vencimento maiores que 1 dia: 30, 60, 360 dias, por exemplo.
As operaes de CDI so registradas pela CETIP (Central de Liquidao e Custdia de Ttulos) que uma
instituio que se constitui sob a forma de um mercado de balco organizado, que se incumbe do registro de
operaes dessa natureza e divulga diariamente as taxas mdias do CDI, denominadas taxa CDI-CETIP.
Um dos principais componentes de formao taxa CDI/CETIP o prmio pelo risco. Dado que uma
instituio que concede o emprstimo nunca tem certeza da devoluo do valor concedido, as taxas de juros so
acrescidas de um gio de risco que aumenta ou diminui o risco de acordo com a confiana na concesso de crdito.
Exemplo de operao de CDI
Valor de ida = R$ 10.000.000,00
Valor de Volta = R$ 09,302.008.10$100
26,231000.000.102521
R=
+
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 20
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
21
Caractersticas da Taxa de Juros CDI/CETIP:
uma Taxa de juros composta expressa em taxas anuais na base 252 uma taxa referencial do Custo interbancrio
Devido ampla generalizao do uso nas instituies financeiras do mercado de CDI como fonte de captao de
recursos, podemos dizer que o CDI uma operao de emprstimo entre bancos e a taxa mdia CDI/CETIP a taxa
referencial bsica do custo interbancrio.
Debntures
Debnture um valor mobilirio emitido pelas sociedades annimas, representativo de uma frao de um
emprstimo. Cada debnture oferece ao debenturista idnticos direitos de crdito contra a sociedade Emissora,
direitos esses estabelecidos na Escritura de Emisso.
A debnture atualmente o principal instrumento de captao de recursos pelas empresas.
As debntures podem ser emitidas tanto por empresas de capital aberto ou fechado. No entanto, apenas as
companhias abertas com registro na CVM (Comisso de Valores Mobilirios) podem realizar ofertas pblicas de
debntures.
Podem ser emitidas para diversos vencimentos ou ainda no possuir data de resgate (debntures
perptuas).
O sucesso das debntures no Brasil deve-se sua grande flexibilidade, pois permitem s empresas
emissoras ajustar o seu fluxo de caixa ao projeto que esta emisso est financiando.
H um tipo especial de debntures que podem ser trocadas por aes da companhia emissora. So
denominadas debntures conversveis.
A distribuio primria (primeira venda aps a emisso) denominada underwriting.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
22
O mercado secundrio de debntures se desenvolve num mercado de Balco organizado (supervisionado
por uma entidade auto-reguladora autorizada pela CVM). O principal deles a SND (Sistema Nacional de
Debntures).
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
23
C a p t u l o 2 - Os Mercados de Renda Varivel
2.1 - Fundamentos do mercado de aes O que so aes?
Definem-se aes como sendo a menor parcela do capital social de uma empresa. As aes podem ser negociadas
tanto na Bolsa de Valores como tambm em Balco.
Existem dois tipos de aes:
Aes Preferenciais: no concede ao seu detentor o direito a voto em assemblia mas sim o direito de preferncia na distribuio dos resultados e na distribuio do capital no caso de liquidao da companhia.
Aes Ordinrias: concedem aos seus detentores o direito a voto nas assemblias deliberativas. As empresas que promovem a negociao de aes (ou de outros valores mobilirios como debntures,
bnus de subscrio e commercial papers), so denominadas Companhias Abertas.
A regulamentao do mercado de aes da alada da CVM (Comisso de Valores Mobilirios). Todas as
Companhias Abertas devem seguir normas, instrues e resolues da CVM.
O mercado de aes consiste num mecanismo de transferncia de recursos dos aplicadores para as
empresas, ou seja, a transformao da poupana dos indivduos em investimento na ampliao da capacidade
produtiva das empresas.
Esta primeira negociao onde a empresa emite uma ao a fim de captar recursos denominada
negociao primria de aes. As negociaes primrias de aes em seu conjunto constituem o mercado primrio
de aes.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
24
Em seguida, quando as aes circulam entre os investidores, passam a constituir o mercado secundrio da
ao.
Diferentemente dos ativos de renda fixa, as aes no possuem uma data de resgate e a sua remunerao
no conhecida pelos seus detentores, por isso, se enquadram na categoria de ativos de renda varivel.
No Brasil, o maior centro de negociao de aes a Bolsa de Valores de So Paulo. Na Bovespa aes
podem ser negociadas tanto no mercado vista como tambm no mercado a termo e de opes.
Os riscos envolvidos na Negociao de Aes
Sendo o mercado mobilirio um mercado de acentuada flutuao de preos, o risco do investimento em
aes, intrnseco ao mercado, dado pelo fato de que o retorno esperado pode no se realizar. Tal situao pode
estar associada ao setor ou empresa (risco no sistemtico) ou a fatores como mudanas econmicas, riscos
globais (riscos sistemticos).
O risco no sistemtico: o risco possvel de ser administrado atravs da diversificao do portflio. o risco que est associado a fatores que afetam um setor ou uma empresa isoladamente. possvel minimizar o risco
por meio da diversificao do patrimnio de uma carteira, fazendo uso, por exemplo, de diversos setores,
procurando, inclusive, um equilbrio entre as quantidades diferentes de cada papel, reduzindo-se assim o risco
individual das empresas.
O risco sistemtico: aquele de natureza geral, o risco macroeconmico. dado em funo de fatores que afetam a economia como um todo, como por exemplo, a taxa de juros, inflao, poltica monetria etc. Esse um
tipo de risco que no pode ser coberto pela diversificao de portflio. justamente nesse ponto que surge a
necessidade dos mercados futuros.
2.2 - ndice Bovespa
O ndice Bovespa foi implementado em 1968 e o mais importante indicador do desempenho mdio das
cotaes do mercado de aes brasileiro. Isto se deve tanto pela sua tradio (o ndice no sofreu nenhuma
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
25
modificao metodolgica significativa desde a sua criao) e tambm pelo fato da BOVESPA ser responsvel por
mais de 90% do volume de aes negociadas no mercado brasileiro.
O que o ndice Bovespa?
ndice Bovespa o valor em moeda corrente de uma carteira terica constituda pelas aes mais representativas
que so negociadas nos preges da Bovespa. O objetivo do ndice ser um indicador mdio do comportamento do
mercado de aes.
Na prxima seo apresentaremos com mais detalhes a metodologia do clculo do ndice Bovespa.
2.3 - Metodologia de Calculo do IBOVESPA
A carteira terica que constitui o ndice integrada pelas aes que, em conjunto, representaram 80% do
volume transacionado a vista nos doze meses anteriores; a critrio adicional exige-se que a ao apresente, no
mnimo, 80% de presena nos preges do perodo.
A participao de cada ao na carteira tem relao direta com a representatividade desse ttulo no
mercado vista - em termos de nmero de negcios e volume em moeda corrente - ajustado ao tamanho da
amostra.
Abaixo esto relacionados os principais critrios utilizados na escolha das aes que compe a carteira
terica do ndice:
Participao individual no volume financeiro superior a 0,1% do total transacionado; Presena constante no prego da BOVESPA, acima de 80% dos preges realizados; A cesta de aes que compe o ndice representa cerca de 80% do volume transacionado nos ltimos 12
meses;
Ponderao fiel ao perfil do mercado, refletindo o peso das aes mais negociadas e Reviso quadrimestral da participao ou seleo das aes mais representativas do mercado
A quantidade terica para o quadrimestre fixa e sero registradas na carteira terica as variaes de
preo; somente haver alterao da quantidade terica se houver:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Fechamento de capital; Ocorrer bonificao; Ocorrer subscries. Em termos formais o ndice Bovespa definido pela seguinte equao:
=
=n
tttt QPIbovespa
1
Onde: Ibovespat = Ibovespa no instante t
Pt = preo da ao no instante t
Qt = quantidade da ao no instante t
Em poucas palavras podemos dizer que o ndice BOVESPA a mdia dos preos das aes ponderada pela
participao relativa de cada uma das aes que constitui a carteira terica.
2.4 - O Coeficiente (Beta)
O Coeficiente Beta mede a sensibilidade das taxas de retorno de um portflio, ou de um ttulo individual, em relao
aos movimentos do mercado.
O Coeficiente Beta um indicador do comportamento esperado das aes da carteira do investidor em
relao ao Ibovespa, com base em uma observao histrica, ou seja, a parcela da lucratividade da carteira do
investidor decorrente das variaes do Ibovespa. O Beta diz quanto da variao da lucratividade da carteira do
investidor explicado para cada 1% de variao da lucratividade do ndice Bovespa.
Apesar do coeficiente Beta poder assumir valor positivo ou negativo, este ltimo pouco provvel, pois
indicaria um comportamento sistematicamente contrrio tendncia do mercado como um todo.
O Beta do mercado igual a 1 (um) - CAPM
O valor de Beta mede a sensibilidade ou capacidade de reao
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 26
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
27
a) NEUTROS quando o = 1,0
b) AGRESSIVOS quando o > 1,0
c) DEFENSIVOS quando o < 1,0
d) < 0: INVERSAMENTE AO MERCADO
Aes muito volteis possuem Beta maior que um; aes ou carteiras de aes com Beta prximo de um
tm elevada correlao com o Ibovespa e so as melhores oportunidades de hedge perfeito; aes pouco volteis
tm Beta menor que um.
O conhecimento do Coeficiente Beta das aes melhora em muito a estratgia operacional dos hedgers.
Por exemplo, os hedgers que possuem uma carteira de Beta elevado devem vender proporcionalmente mais
contratos futuros para viabilizarem uma operao eficaz, pois espera-se uma perda proporcionalmente maior na
sua carteira no caso de uma baixa no mercado.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
28
C a p t u l o 3 - Os Mercados Cambiais
Seguem abaixo algumas citaes extradas da obra Cmbios no Brasil de autoria de Emlio Garfalo, que
nos auxilar a definir o que so Mercados Cambiais.
Conjunto de normas, aes, tradies (usos e costumes) e tcnicas aplicveis s trocas (ou ao cmbio)
de moedas de diferentes pases e de quase moedas, no mbito do mercado financeiro e de operaes
internacionais, e operaes que disso derivam (por isso chamada derivativas)
O fato de no se aceitarem moedas estrangeiras em pagamentos das exportaes, nem moeda nacional
em pagamentos das importaes, constitui a base de um mercado onde so compradas e vendidas as moedas dos
diversos pases, mercado esse denominado mercado Cambial
A partir das citaes acima, podemos concluir que os mercados cambiais so os mercados onde ocorrem
transaes de compra e venda de moedas internacionais.
Nas prximas sees apresentaremos o funcionamento desses mercados.
3.1 - Taxas de Cmbio
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
29
A Taxa de cmbio pode ser definida como o valor de uma moeda em funo de outra, ou seja o valor da moeda
estrangeira em termos da moeda domstica ou em outras palavras, a taxa de converso de uma moeda em outra.
Exemplos:
US$ 1,00 = R$ 2,94; onde lemos que so necessrios R$ 2,94 para se comprar um dlar.
1 Euro= R$ 3,57; onde lemos que so necessrios R$ 3,57 para se comprar um euro.
A taxa de cmbio um preo e assim como os demais preos da economia so determinados pela
interao conjunta entre compradores e vendedores que negociam moeda estrangeira, ou seja a taxa de cmbio a
taxa que equilibra a demanda e a oferta de divisas (moeda estrangeira) e determinada nos mercados cambiais.
Participantes do Mercado de Cmbio
Os principais participantes do Mercado de Cmbio so os bancos comerciais, as empresas que participam
do comrcio internacional, instituies financeiras no bancrias e os Bancos Centrais. Segue abaixo uma breve
descrio das caractersticas de cada um desses participantes.
Bancos Comerciais
Praticamente todas as transaes internacionais envolvem dbito e crdito das contas de bancos
comerciais e a grande maioria das transaes de cmbio envolvem trocas de depsitos bancrios denominados em
moedas diferentes.
Alm disso, atualmente, a maior parte das atividades no mercado de cmbio so realizadas no mercado
interbancrio (negociaes entre bancos). Nesse mercado nenhuma quantidade inferior a R$1.000.000,00
comercializada.
As taxas de cmbio disponveis s empresas, denominadas taxas de varejo, so em geral bem menos
favorveis do que as taxas de atacado. O diferencial entre as taxas de varejo e de atacado a remunerao dos
bancos para realizar negcios.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
30
Isso faz com que os bancos comerciais estejam sempre no centro do Mercado de Cmbio.
Empresas
Empresas multinacionais efetuam pagamentos ou recebem suas receitas em moedas diferentes daquelas
dos pases no qual esto sediadas. Empresas exportadoras e importadoras tm suas atividades extremamente
ligadas ao mercado cambial.
Instituies financeiras no bancrias
Compreendem corretoras, fundos de investimento, fundos de penso, ou melhor, investidores
institucionais que no captam seus recursos a partir de depsitos a vista (como fazem os bancos comerciais), e que
oferecem uma gama de servios a seus clientes muito semelhantes aos dos bancos.
A participao das instituies financeiras no bancrias nos mercados cambiais recente e ocorreu em
consequncia da desregulamentao dos mercados financeiros nas ltimas dcadas. Desde ento essa participao
tem aumentado progressivamente.
Bancos Centrais
Os Bancos Centrais intervm no mercado de cmbio, em alguns casos atravs da compra ou venda de
divisas para executar a poltica monetria.
Embora o volume das transaes realizadas pelos Bancos Centrais no seja considervel, os efeitos
dessas transaes podem ser grandes, pois os demais participantes dos mercados cambiais vem as decises dos
Bancos Centrais como sinais das polticas macroeconmicas que podero influenciar as taxas de cmbio.
A demanda por moeda estrangeira
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
31
A demanda por moeda estrangeira pode ser impulsionada por diversos motivos. Nesse texto nos
concentraremos nos motivos transao e especulao.
Os participantes que demandam moeda estrangeira para transaes so importadores de bens e servios,
como por exemplo:
Turismo Remissivo Pagamentos ao exterior Amortizaes e emprstimos ou financiamentos
Os participantes que demandam moeda para fins de especulao so investidores que vislumbram obter
ganhos do seu capital atravs de aplicaes em moeda estrangeira. A demanda desses participantes por um
depsito em moeda estrangeira determinada pelas mesmas consideraes que determinam a demanda de
qualquer outro ativo, mas o principal dessas consideraes a viso de quanto valer o depsito no futuro. O valor
futuro de um depsito em moeda estrangeira depende de dois fatores: a taxa de juros que um depsito nessa moeda
oferece e a expectativa de mudana na taxa de cmbio em relao a outras moedas.
A Oferta por moeda estrangeira
A oferta de moeda estrangeira influenciada por razes anlogas demanda, ou seja, por exportadores de
bens e servios que tm suas receitas em moeda estrangeira, turismo receptivo, recursos captados no exterior
(emprstimos, financiamentos e pagamentos antecipados) ou ainda, recebimentos diversos como lucros, doaes ,
heranas, juros e dividendos.
3.2 - O Balano de Pagamentos
O Balano de Pagamentos o registro sistemtico das operaes financeiras e comerciais entre um pas e o
resto do mundo.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
32
Introduzimos o balano de pagamentos em nossa anlise, pois nele so registradas muitas das operaes
que alteram a reserva de divisas de um pas e portanto, a demanda e oferta de moeda estrangeira.
O balano de pagamentos elaborado pelo BACEN e divulgado todos os meses.
Estrutura do Balano de Pagamentos
O Balano de Pagamentos se divide em duas contas principais: a conta de capital e a conta de transaes
correntes.
A conta de transaes correntes se subdivide em trs outras contas:
Balana Comercial: Contabiliza a exportao e importao de Bens Balana de Servios: Contabiliza servios prestados entre pases, inclui os seguintes itens: juros,
viagens internacionais, transportes, seguros, lucros e dividendos e lucros reinvestidos.
Transferncias Unilaterais: so transferncias que no tm contrapartida em nenhum bem ou servio, (Ex: os donativos).
A conta de capital por sua vez constituda por trs itens:
Investimentos Emprstimos Financiamentos
A seguir o Balano de Pagamentos do Brasil:
Balana de Transaes Correntes (em US$ milhes)
2002 2001 2000
Balana Comercial 13.126 2.644 -636
Exportaes 58.222 55.086
Importaes 55.580 55.722
Servios e Rendas -23.273 -27.493 -25.460
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
33
Juros Lquidos -13.130 -14.877 -14.649
Outros -10.143 -12.616 -10.811
Viagens Internacionais -398 -1.468 -2.084
Transportes -2.956 -3.308
Lucros e Dividendos -4.961 -3.316
Demais Servios -3.213 -2.103
Transferncias Unilaterais 1.638 1.521
Saldo em Transaes Correntes -7.757 -23.213 -24.669
Movimentos de Capitais (em US$ milhes)
2002 1 200 2000
Movimento de Capitais 12.003 27.925 19.358
Investimentos 33.103
Diretos 16.566 22.457 30.268
Portflio (lquido) 2.722
Amortizaes -34.690
Emprstimos e financiamentos 42.494
Como podemos observar, no balano de pagamentos so registradas diversas operaes que envolvem
trocas de moedas e que influenciam os mercados cambiais.
3.3 - Instrumentos Cambiais no Pas
Os instrumentos cambiais utilizam o dlar ptax800 de venda do dia anterior como parmetro de variao
cambial. No entanto comeam a aparecer instrumentos para os clientes nos quais o ponto de partida o dlar do
momento e no o dlar do dia anterior e tambm produtos onde o preo do dlar que ir liquidar o contrato o
dlar do fechamento de cmbio.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Export notes
Ttulo emitido por um exportador que tem uma exportao cujo vencimento em uma data futura. Para que
se possa negoci-la, o pedido ou contrato mercantil dever ser registrado no CETIP.
O exportador no poderia captar recursos via ACC/ACE? Por que ele emitiria uma export note, cujos juros
so maiores?
ACC/ACE so operaes de emprstimos controladas pelo BACEN, pois so lanadas no SISBACEN. Caso
este contrato no seja cumprido o exportador ter de pagar uma multa, pois o Banco Central entende que este
recurso foi utilizado para uma arbitragem de juros e no para sua finalidade que atender o exportador dentro de
sua atividade. J a export note pode ser emitida por prazos fracionados dentro do prazo da exportao e no existe
a obrigatoriedade de que a mercadoria seja exportada no vencimento da mesma.
Exemplo de clculo :
Valor = US$ 1.000.000,00 Juros = 11% a.a. Prazo = 30 dias PTAX800 do dia anterior ao da operao = R$ 1,875 PTAX800 do dia anterior ao do vencimento = R$ 1,900
62,968.857.1$875,1*30*
36011,01
000.000.1 RPV =
+=
FV = (1.000.000 * 1,90) = R$ 1.900.000,00
NTN - D, NBC - A e NBC - E
NTN-D - Ttulo emitido pelo Tesouro Nacional atrelado variao cambial mais juros.
NBC-E Ttulo emitido pelo Banco Central atrelado variao cambial mais juros.
NBC-A - Ttulo emitido pelo Banco Central hbrido: remunera no primeiro perodo dlar + juros e no
segundo perodo SELIC.
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 34
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
So ttulos indexados ao cmbio onde o ano base 30/360 dias e a taxa linear com os juros pagos
semestralmente. Os novos ttulos pagam juros semestrais de 12% aa.
Caractersticas dos novos ttulos:
Atual:
O Cupom de 12% aa; O Cupom negociado sempre cheio; O Cupom negociado base linear isto , 12% aa equivale a 6% ao semestre. A conveno de negociao passa a ser 30/360; O Fator de desconto do fluxo :
+= 360"360/30"
21
2
prazo
TaxaNovaFator
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 35
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
36
PPaarrttee IIII
IInnttrroodduuoo aaooss MMeerrccaaddooss FFuuttuurrooss ee ddee OOppeess
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
37
Captulo 4 - Aspectos Institucionais da BM&F
4.1 - Introduo
O mundo moderno tem se mostrado altamente instvel ao comportamento dos preos das mercadorias
agrcolas, das taxas de juros e do cmbio, em qualquer economia. Essa realidade tambm se aplica a economia
brasileira, o que traz consigo elevados riscos para os agentes econmicos.
Atualmente tais agentes podem transferir seus riscos atravs de operaes de hedge nos mercados
derivativos da BM&F, garantindo antecipadamente um nvel adequado de rentabilidade esperada. O mercado de
derivativos atende a um s tempo s necessidades de segurana e proteo dos hedgers e aos objetivos dos
investidores quanto administrao do risco.
A partir deste captulo este curso procura trazer esclarecimentos bsicos sobre o funcionamento do
mercado de derivativos, a fim de divulgar uma compreenso mais abrangente da mecnica desse mercado, dos
direitos e deveres dos participantes e dos riscos envolvidos nas operaes.
4.2 - A Bolsa de Mercadorias & Futuros
A Bolsa de Mercadorias e Futuros - BM&F uma associao civil sem finalidade lucrativa, cujo principal
objetivo desenvolver um centro de liquidez de contratos derivativos, voltados essencialmente para as
necessidades de cobertura de risco. A BM&F gerida por um Conselho de Administrao composto por membros
eleitos por seus associados. A execuo das diretrizes do Conselho e a administrao diria da Bolsa so realizadas
pela sua diretoria, liderada pelo Diretor Geral, que tambm integra o Conselho de Administrao.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
38
A BM&F tem a funo central de prover um lugar adequado para a negociao diria de contratos
derivativos. As transaes so realizadas na sala de negociao prego em locais especificamente designados
(pits de negociao) atravs de apregoao de viva voz. No prego atuam os representantes das corretoras de
mercadorias que executam as ordens de seus clientes. Os operadores acolhem as ordens diretamente das mesas
de operaes de suas respectivas corretoras. A BM&F prev ainda a participao dos operadores especiais que
agem por conta prpria e so elementos essenciais na gerao de atividades.
Para participar do mercado de derivativos da BM&F, a primeira providncia selecionar uma corretora
membro da Bolsa, mediante critrios de confiabilidade e capacitao tcnica e financeira. A Bolsa acompanha de
perto as atividades de seus associados, exigindo que os operadores submetam-se a um exame de qualificao e
solicitem seu credenciamento junto Bolsa, antes de serem autorizados a receber e executar ordens de clientes. A
abertura de uma conta em uma corretora implica em firmar um contrato, um documento que obriga o cliente a
saldar eventuais perdas incorridas ao longo de uma transao. Deve haver suficiente disponibilidade de recursos
para o depsito de margem inicial e para atendimento dos ajustes dirios. A BM&F estabelece exigncias mnimas de
margem, entretanto as corretoras esto autorizadas a requerer depsitos mais elevados de acordo com cada caso.
Pela execuo de uma operao em prego as corretoras cobram uma taxa de corretagem fixada pela Bolsa.
Aps comprar ou vender um contrato, pode haver liquidao fsica ou financeira. A liquidao fsica (ou por
entrega) o cumprimento de um contrato futuro pela entrega ou pelo recebimento do objeto do contrato, e
liquidao financeira o pagamento correspondente ao valor do contrato, na data de vencimento. Fechar uma
posio significa compens-la ou zer-la, a qualquer tempo, pela realizao de uma operao de natureza inversa.
Assim, uma posio compradora fechada pela venda de um contrato idntico; uma posio vendedora zerada
pela compra de um contrato idntico. Uma operao day trade realizada pela compra e venda de contratos
idnticos, no mesmo dia, atravs da mesma corretora ou operador especial e mesmo membro de compensao. A
bolsa no determina e nem afeta os preos. Suas funes so: prover as instalaes para que os operadores faam
as suas operaes, coletar as informaes, estabelecer e implementar a regulamentao para seu prego e
disseminar prontamente os preos ali praticados. Atravs da bolsa, oferta e demanda determinam a formao dos
preos para uma determinada mercadoria ou ativo financeiro. Portanto os mercados da BM&F so mercados livres
onde as foras que influenciam os preos se confrontam em prego.
Aps acolher a ordem do seu cliente, a corretora a transmite da sua mesa de negociaes para o prego.
Recebida e executada, a ordem levada ao posto de negociao pelo auxiliar de prego para registro. Os contratos
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
39
futuros so transacionados em reas especficas da sala de negociaes. Nenhuma operao pode ser efetuada
fora da rea ou do horrio designados pela bolsa.
O quadro associativo da BM&F
O quadro associativo da BM&F composto pelas seguintes categorias:
Scios detentores de ttulos patrimoniais da BM&F Scios efetivos em nmero limitado a 2.000, Corretoras de Mercadorias em nmero limitado a 160 ttulos,
Membro de Compensao em nmero limitado a 120 ttulos podendo ser: Bancos Comerciais, Mltiplos,
Investimentos, Corretoras de Ttulos e Valores Mobilirios e Distribuidoras de Ttulos e Valores Mobilirios e
finalmente Operadores Especiais em nmero de 200 ttulos.
Scios detentores de ttulos no patrimoniais Scio honorrio que pertence a Bovespa, Corretoras de Mercadorias e Operadores Especiais dos
Mercados Agrcolas e Corretores de Algodo.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
40
C a p t u l o 5 - Derivativos: definies e conceitos
A palavra derivativos encontra-se na literatura em diversas definies. Seguem abaixo algumas delas:
Os derivativos so contratos firmados entre partes, com objetivo de trocar valor, e somente valor de
ativos ou ndices ou at mesmo Commodities (agrcolas, minerais etc).
Silva Neto, Lauro de Arajo
Derivativos: definies, emprego e risco. Atlas, 1977
Instrumentos financeiros cujo preo de mercado deriva, da o nome, do preo de mercado de um ativo
real ou um outro instrumento financeiro.
Santos, Jos Evaristo dos
Dicionrio de derivativos. Atlas, 1988
em termos gerais, um contrato bilateral ou um acordo de troca de pagamentos cujo valor deriva, como
seu nome indica, do valor de um ativo objeto referenciado em uma taxa ou ndice.
Global Derivatives Group Grupo de estudo no mbito do G30
Contrato ou ttulo conversvel cujo valor depende integral ou parcialmente, do valor de outro instrumento
financeiro.
Na mdia financeira qualquer instrumento que gere prejuzo.
Gastineau, Gary e Kritzman, Mark
Dicionrio de administrao de risco financeiro
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
A partir das citaes acima podemos extrair algumas concluses:
Os derivativos so ativos que derivam de outros ativos ou seja, a formao do seu preo est sujeita
variao de preos de outros ativos. So instrumentos que foram criados com o objetivo de se transferir riscos
entre os participantes do mercado. Os derivativos so uma forma de se negociar apenas a oscilao de preos dos
ativos sem existir necessariamente a negociao fsica da commodity.
Na BM&F negociam-se derivativos de duas naturezas distintas:
a. Derivativos agropecurios: tm como ativo objeto as commodities agrcolas, tais como caf, boi ,milho e
soja.
b. Derivativos financeiros: tm o seu valor de mercado referenciado em alguma taxa ou ndice financeiro:
taxa de juros, taxas de inflao, taxas de cmbio, ndices de aes, entre outros.
So quatro os principais tipos de derivativos. A tabela abaixo apresenta essas modalidades e as suas
principais caractersticas.
Modalidade Caracterstica
Mercado a termo Negociaes de compra e venda de ativos customizados para liquidao futura que podem ocorrer tanto em Bolsa como tambm em Balco.
Mercado futuro Negociaes de compra e venda de contratos padronizados para liquidao futura, que ocorrem apenas em Bolsa.
Opes Negociao do direito de comprar ou de vender um ativo.
Swaps Acordos de troca futura de fluxos de caixa.
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 41
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
42
Captulo 6 - O Mercado a Termo
Mercado Termo: mercado em que so realizados acordos privados de compra e venda de um ativo para
liquidao em uma data futura por um preo determinado.
Os mercados termo tem uma origem muito remota e seu surgimento est associado a um problema de
sazonalidade dos mercados agrcolas.
Para descrever a funcionalidade dos mercados a termo utilizaremos o exemplo de um produtor e um
torrefador de caf:
Imagine a situao do produtor de caf no incio da produo. O produtor no tem nenhuma garantia do
preo que poder ser praticado ao final da safra, pois simplificadamente, podem ocorrer duas situaes:
Situao A:
Safra Recorde: As condies climticas favoreceram muito o cultivo de caf e ocorreu superproduo no
perodo. O excesso de oferta levar a uma queda acentuada de preos de venda, reduzindo a margem de lucro do
produtor. Algumas vezes, o valor de venda insuficiente at para cobrir os custos de produo e nesses casos, o
produtor poder preferir destruir o caf a coloc-lo no mercado, pois dessa forma ele minimizar seus custos com
armazenagem e transporte e ao mesmo tempo poder conter a presso da oferta.
Situao B:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
43
Escassez de caf: Ocorrncia de pragas, geadas ou outras intempries que dificultem o cultivo de caf
provocando escassez. Nesse caso haver alta nos preos do caf e o produtor conseguir vender sua produo por
um preo mais elevado do que ele imaginava anteriormente.
Imagine agora a situao do torrefador de caf. O torrefador compra o caf do produtor, torra e vende
para o consumidor final. Ele tambm no sabe a que preo poder negociar o caf no final da safra, pois no caso da
situao B, os preos podem se elevar drasticamente e atingir um nvel superior ao que a sua atividade permite.
No exemplo acima o vendedor estar correndo o risco de uma queda acentuada nos preos e o comprador
de uma alta nos preos do caf no mercado a vista no final da safra.
A fim de eliminar os riscos de variaes adversas de preos o cafeicultor e o produtor podero realizar
um contrato a termo que ocorrer da seguinte forma:
Suponha que ao preo de R$100,00 para cada saca de 60 quilos, o produtor consiga pagar todos os seus
custos de produo e ainda obter lucratividade razovel dentro de sua atividade. Suponha tambm que R$100,00
seja o preo mximo que o torrefador possa pagar para auferir lucro e no realizar prejuzo em sua atividade.
Para ambos R$100,00 um preo de negociao razovel. Logo, o torrefador e o cafeicultor, atravs de
um contrato a termo, podero fazer um compromisso de compra e venda, em que o produtor se compromete a
vender o caf a esse preo no final da safra e o torrefador se compromete a comprar esse caf por essa quantia
na data pr-determinada.
Dessa forma, independentemente do resultado da safra e dos preos estabelecidos no mercado a vista no
perodo da entrega, ambos tero seus preos de compra e de venda travados em R$100,00 por saca.
Resultados da Operao
Situao A:
Safra Recorde e conseqente queda nos preos.
Suponha que o preo estabelecido no final da safra seja de R$90,00.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
44
O produtor obter xito nessa operao, pois conseguir vender sua produo por R$100,00, um preo
superior ao estabelecido pelo mercado (R$90,00). Os custos de produo sero cobertos e a lucratividade
garantida.
O torrefador pagar um preo mais alto do que o preo estabelecido pelo mercado vista, mas que ainda
lhe convm, pois R$100,00 um preo que o torrefador considera razovel dentro da sua atividade.
Situao B:
Escassez de caf no mercado e conseqente alta nos preos.
Suponha que o preo estabelecido pelo mercado a vista no final da safra seja de R$120,00:
Neste caso quem obter xito ser o torrefador que comprar por R$100,00, uma mercadoria cujo valor
de mercado de R$120,00. O produtor vender a mercadoria para o torrefador a um preo inferior ao estabelecido
pelo mercado, mas que ainda assim cobre todos os seus custos de produo e garante uma lucratividade razovel
para sua atividade.
Concluso: Tanto para o comprador como para o vendedor no mercado termo e em ambas as situaes (alta ou
queda de preos), o prejuzo realizado no ser encarado propriamente como um prejuzo e sim como algo que se
deixou de ganhar, como um prmio de seguro. No exemplo Cafeicultor-Torrefador, ao preo de R$100,00 a saca,
ambos tinham seus custos cobertos e a lucratividade dentro de suas atividades garantida. Quando o participante
entra no mercado com a finalidade de obter proteo ele estar abrindo mo de um possvel ganho para no
incorrer num prejuzo efetivo.
6.1 - Problemas
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
45
Abaixo esto relacionadas as principais deficincias dos mercados termo, que fizeram com que os
contratos termo tivessem baixa liquidez e que determinaram sua transio para os Mercados Futuros.
a. Falta de padronizao:
Nos mercados a termo no existe a determinao de uma qualidade mnima do que deve ser entregue.
Como as commodities fsicas apresentam muitas diferenas em relao ao peso e qualidade, isto pode vir a
causar muitos problemas na liquidao do negcio. Em conseqncia, pode-se gerar um custo de transao muito
alto e um desestmulo a esse tipo de negociao.
b. Falta de transparncia na formao de preos:
Como os mercados a termo so negociaes privadas, os demais participantes do mercado no tm
informaes em relao ao fechamento dos negcios. No existe nenhum tipo de divulgao formal dos preos que
so praticados, logo nenhum participante do mercado estar certo se est realmente negociando pelo preo mais
justo. Ele no sabe como est se dando a formao de preos da commodity no mercado como um todo.
c. Impossibilidade de recompra e revenda:
Os contratos a termo no oferecem a possibilidade de intercambialidade de posies ou seja, nenhuma das
partes consegue encerrar sua posio antes da data da liquidao. Estes contratos so particulares e pessoais, ou
seja, suas especificaes s atendem s necessidades dos seus detentores; logo o detentor dificilmente encontrar
um outro participante que aceite assumir sua posio, o que o obriga a permanecer no mercado at o vencimento
do contrato.
d. Risco de inadimplncia e de no Cumprimento do Contrato:
O risco de Crdito e o risco de no cumprimento do contrato esto relacionados com a ausncia de um
sistema de garantias adequado.
Os negcios para liquidao futura envolvem elevados riscos dessa natureza. A incerteza com relao ao
crdito e o cumprimento do contrato tambm representam grandes fatores de desestmulo a esse tipo de
negociao.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
46
No sentido de aprimorar os negcios para liquidao futura e sanar os problemas acima citados surgiram
os mercados futuros cuja funcionalidade ser apresentada no prximo captulo.
Vale a pena frisar que os mercados a termo no foram extintos e alguns deles apresentam substancial
liquidez, como por exemplo, os contratos termo de aes da Bovespa.
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
47
C a p t u l o 7 - Mercados Futuros
Os contratos futuros so uma modalidade operacional muito semelhante aos contratos a termo, mas que
so negociados somente em bolsa.
Assim como nos mercados a termo, nos mercados futuros tambm so realizadas operaes de compra e
venda de um ativo para uma data futura por um preo determinado, porm as operaes so realizadas atravs de
prego de bolsa (sistema de leiles mltiplos onde ofertas de compra e de venda so realizadas simultaneamente e
em que os preos so divulgados publicamente a todos os participantes do mercado).
Os Mercados Futuros revestiram os mercados a termo de algumas caractersticas que os aproximaram
muito dos modelos de competio perfeita (atomizao do mercado, homogeneidade dos produtos, informao livre
e livre mobilidade de recursos), de modo a permitir que os preos possam se ajustar conforme as leis de mercado
ou seja de acordo com as presses da oferta e da procura, que por sua vez so orientadas pelas informaes
disponveis aos participantes do mercado. Nas prximas sees apresentaremos com mais detalhes todos os
aspectos mencionados aqui sucintamente.
7.1 - Caractersticas funcionais e operacionais dos Mercados Futuros
O conceito de padronizao de contratos e sua importncia para os Mercados Futuros:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
48
Entende-se por um contrato padronizado, um contrato que possua uma estrutura previamente padronizada por
regulamentao de bolsa, estabelecendo limites quanto especificao do produto, qualidade, aos locais e meses
de entrega, embalagem, meios de transporte e formalidades de entrega e pagamento.
A seguir esto relacionadas as principais especificaes contratuais:
1. Objeto de negociao
a descrio do ativo cuja oscilao de preos est em negociao. Exemplo: Caf, Dlar, Boi...
2. Cotao
a unidade de valor atribuda a cada unidade fsica da commodity em negociao. Exemplo: reais por saca,
reais por dlares...
3. Unidade de negociao
o tamanho do contrato. Exemplo: O tamanho do contrato de caf de 60 sacas de 100Kg; o de dlar de
cinquenta mil dlares.
4. Meses de vencimento
Meses em que sero liquidados os contratos. So determinados de acordo com a sazonalidade dos
mercados.
A seguir um exemplo de um contrato padronizado, negociado na BM&F:
Especificaes do Contrato Futuro de Taxa de Cmbio de Reais por Dlar Comercial
1. Objeto de negociao
A taxa de cmbio de reais por dlar dos Estados Unidos, para entrega pronta, contratada nos termos da
Resoluo 1690/90, do Conselho Monetrio Nacional-CMN.
2. Cotao
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
49
Reais por US$1.000,00, com at trs casas decimais.
3. Variao mnima de apregoao
R$0,001 por US$1.000,00.
4. Oscilao mxima diria
5% sobre o valor do vencimento negociado, calculados sobre o preo de ajuste do prego anterior.
Os dois primeiros vencimentos abertos negociao no esto sujeitos a limites de oscilao.
A Bolsa poder, a qualquer momento, alterar os limites de oscilao, bem como sua aplicao aos diversos
vencimentos, inclusive para aqueles que habitualmente no tm limites.
5. Unidade de negociao
US$50.000,00 para os vencimentos at outubro/97, inclusive, e US$100.000,00 para os vencimentos
posteriores.
6. Meses de vencimento
Todos os meses.
7. Nmero de vencimentos em aberto
No mximo 24 meses, conforme autorizao da BM&F.
8. ltimo dia de negociao ltimo dia til (dia de prego) do ms anterior ao ms de vencimento do contrato. 9. Data de vencimento Primeiro dia til (dia de prego) do ms de vencimento do contrato. 10. Day trade So admitidas operaes de compra e venda para liquidao diria (day trade), desde que realizadas no
mesmo prego, pelo mesmo cliente (ou operador especial), intermediadas pela mesma corretora de mercadorias e registradas pelo mesmo membro de compensao. Os resultados auferidos nessas operaes so movimentados financeiramente no dia til seguinte ao de sua realizao.
11. Ajuste dirio
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
50
As posies em aberto ao final de cada prego sero ajustadas com base no preo de ajuste do dia, estabelecido conforme regras da Bolsa, com movimentao financeira em D+1. Para os dois primeiros vencimentos, o preo de ajuste ser estabelecido pela mdia ponderada dos negcios realizados nos ltimos 15 minutos do prego ou por um preo arbitrado pela BM&F; para os demais o preo de ajuste ser estabelecido no call de fechamento.
O ajuste dirio ser calculado de acordo com as seguintes frmulas: a) ajuste das operaes realizadas no dia
AD = (PAt - PO) x M x n b) ajuste das posies em aberto no dia anterior
AD = (PAt - PAt-1) x M x n onde:
AD = valor do ajuste dirio; PAt = preo de ajuste do dia; PO = preo da operao; M = multiplicador do contrato, estabelecido em 50 para os vencimentos at outubro/97,
inclusive, e em 100 para os vencimentos posteriores; n = nmero de contratos; PAt-1 = preo de ajuste do dia anterior.
O valor do ajuste dirio, se positivo, ser creditado ao comprador e debitado ao vendedor. Caso o valor seja negativo, ser debitado ao comprador e creditado ao vendedor.
12. Hedgers
Instituies autorizadas pelo BACEN a operar no mercado de cmbio comercial e outras pessoas jurdicas,
cuja atividade bsica esteja relacionada com as transaes, regulamentadas pelo BACEN, nesse mercado.
13. Margem de garantia
Valor fixo por contrato, devida em D+1, com reduo de 20% para hedgers. A margem de garantia
altervel a qualquer momento, a critrio da Bolsa.
14. Ativos aceitos como margem
Dinheiro, ouro e, a critrio da Bolsa, ttulos pblicos e privados, cartas de fiana, aplices de seguro, aes
e cotas de fundos fechados de investimento em aes.
A padronizao dos contratos uma condio imprescindvel para que uma negociao possa ser
realizada na bolsa. Isso se deve a duas razes:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
51
a. Viabiliza a negociao em prego
Imagine um prego onde cada um dos participantes estivesse negociando um tipo de boi, de caf, de
variedades diferentes ou as cotaes e unidades de negociao diferentes. A negociao de prego seria
impraticvel. Graas padronizao, os produtos em negociao se tornam completamente homogneos, tornando
indiferente quem est comprando ou vendendo a mercadoria. Essa uma caracterstica que aproxima os mercados
futuros do modelo de competio perfeita.
Todas as condies sob as quais os ativos sero transferidos de uma contraparte para outra so atravs das
especificaes do contrato, definidas pela Bolsa. Apenas duas variveis esto em negociao num contrato: o
nmero de contratos e seu preo.
b. Intercambialidade de posies
Os contratos negociados em balco (contratos cujas especificaes, como preo, quantidades, cotaes,
locais de entrega, etc. so determinadas diretamente entre as contrapartes) no so intercambiveis. Dificilmente o
participante conseguir transferir sua obrigao a outro participante porque esse contrato s satisfaz as
necessidades dos participantes que o criaram, de modo que as contrapartes ficam amarradas umas s outras at a
data do vencimento do contrato.
J os contratos padronizados por regulamentao de bolsa so muito mais lquidos, pois sendo uniformes,
atendem s necessidades de todos os participantes do mercado. Assim sendo, nenhum participante precisa
carregar sua posio at a data do vencimento do contrato, podendo encerrar sua posio a qualquer momento,
desde o momento da abertura do contrato at a data do vencimento. Este encerramento feito atravs de uma
operao inversa original, o que o mesmo que transferir sua obrigao para outro participante. Os mecanismos
de encerramento de posies no mercado futuro sero apresentados com maiores detalhes na prxima seo (7.2).
Liquidao Fsica X Liquidao Financeira
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
52
A liquidao das operaes, tanto nos mercados a termo como nos mercados futuros podem ocorrer de
duas formas: Liquidao Fsica: o negcio liquidado mediante a entrega fsica da commodity e Liquidao
Financeira: a liquidao feita atravs de um acerto financeiro, pelo diferencial entre compra e venda sem haver a
entrega fsica da commodity.
Na liquidao fsica h a entrega efetiva do ativo objeto do contrato. Este tipo de liquidao comum nos
mercados agrcolas e consiste na entrega fsica do ativo em negociao na data do vencimento do contrato.
Em muitos casos a liquidao fsica pode ser muito dispendiosa ou ainda indesejvel, pois o participante
pode no ter nenhum interesse no ativo objeto, sendo o seu nico intuito a obteno do valor do diferencial entre
compra e venda desse ativo (especuladores). Nesses casos opta-se pela liquidao financeira que consiste em um
acerto financeiro em relao ao preo vista do ativo. Se o preo vista se movimentou favoravelmente o
participante receber um valor correspondente ao saldo positivo obtido do diferencial entre compra e venda. Caso
contrrio o participante pagar o saldo negativo sua contraparte.
Alguns contratos, como os futuros de caf e milho admitem ambas as formas de liquidao, mas a maior
parte dos contratos futuros admite apenas a liquidao financeira.
Os exemplos abaixo ilustram a liquidao de um contrato por diferena:
Negociao de dez contratos de compra e venda de caf a R$100,00 a saca. O tamanho do contrato de
100 sacas de 60Kg. A cotao da saca no final da safra de R$90,00. Qual o resultado da operao para o
comprador e para o vendedor?
Resultado da operao para o comprador:
10 x (100 x R$90) 10 x (100 x R$100) = -R$10.000,00
Resultado da operao para o vendedor:
10 x (100 x R$100) 10 x (100 x R$90)= +R$10.000,00
O COMPRADOR PAGAR R$10.000,00 PARA O VENDEDOR
Mas se a cotao no mercado a vista fosse a R$110,00?
Resultado da operao para o comprador:
10 x (100 x R$110) 10 x (100 x R$100)= + R$10.000,00
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
53
Resultado da operao para o vendedor:
10 x (100 x R$100) 10 x (100 x R$110)= - R$10.000,00
O VENDEDOR PAGAR R$10.000,00 PARA O COMPRADOR
Nos mercados futuros a liquidao fsica muito rara e s est presente em alguns contratos agrcolas.
Nesses mercados apenas duas variveis (preo e n de contratos esto em negociao). As demais variveis esto
definidas pelo contrato em questo. Poucos so os participantes que esto preocupados em receber ou entregar a
mercadoria no futuro, mas sim garantir o preo da mercadoria para uma data futura. Uma vez que os mercados
futuros no tm como objetivo proteger os agentes econmicos de problemas de abastecimento e sim de variaes
adversas de preos, a liquidao financeira se tornou a mais vantajosa.
7.2 - O Conceito de Posies no Mercado Futuro
Segue abaixo a definio de Posio no Mercado Futuro que se encontra no regulamento das operaes da
BM&F:
Posio: O saldo numa determinada data, resultante das operaes realizadas por um mesmo cliente, com
o mesmo contrato, intermediadas pela mesma corretora de mercadorias e registradas pelo mesmo Agente de
Compensao.
Uma posio pode ser definida simplificadamente como sendo o saldo lquido dos contratos negociados por
um mesmo contratante para um mesmo vencimento atravs de operaes no mercado futuro.
Abertura de posies
A abertura de uma posio no mercado futuro se d atravs da compra ou venda de contratos futuros.
Assim sendo pode-se afirmar que um participante est abrindo uma posio quando toma para si uma posio
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado
54
comprada ou vendida em um determinado vencimento no mercado futuro que anteriormente ele no possua. No
jargo do mercado, diz-se que o comprador do contrato est long e o vendedor short.
Assim, classifica-se um participante como short (vendido) ou long (comprado) de acordo com sua posio
lquida para um determinado vencimento no mercado futuro. Se o nmero de contratos vendidos maior do que o
nmero de contratos comprados sua posio vendedora, caso contrrio a posio compradora.
importante frisar que a posio lquida determinada para um nico vencimento.
Exemplos:
a. Suponha que um participante tenha comprado 30 contratos futuros de taxa de cmbio reais por
dlar para o vencimento no ms de abril e vendido a mesma quantidade de contratos para o ms de maio. Qual a
sua posio lquida?
Esse participante estar assumindo uma posio comprada para abril em 30 contratos e vendida para
maio em 30 contratos.
b. Mas se o participante do exemplo anterior tivesse comprado 30 contratos de dlar para
vencimento no ms de maro e vendido apenas 20 contratos para esse mesmo vencimento, qual seria sua posio
lquida?
Resposta: A posio lquida ser comprada em 10 contratos.
Encerramento das posies
O encerramento de uma posio no mercado futuro se d atravs de uma operao de natureza inversa
original. Dessa forma o participante estar transferindo seus direitos e haveres para outro participante.
O quadro a seguir sintetiza os procedimentos de abertura e encerramento das posies:
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
Abertura da Posio Encerramento da Posio
Compra
Vende
Vende Compra
Exemplo:
Suponha que um participante tenha assumido uma posio comprada em 30 contratos de IBOVESPA Futuro
para o vencimento no ms de maro e deseja encerrar sua posio antes da data do vencimento. Como esse
participante deve proceder?
O participante dever vender 30 contratos de IBOVESPA Futuro para o vencimento no ms de maro.
Sendo a posio final igual ao saldo lquido do nmero de contratos comprados e vendidos para o mesmo
vencimento, sua posio ser igual a zero.
Ajuste dirio
O ajuste dirio um sistema de equalizao de todas as posies no mercado futuro, com base no preo
de compensao do dia, e com conseqente movimentao diria de dbitos e crditos nas contas dos Clientes, de
acordo com a variao negativa ou positiva no valor das posies por ele mantidas.
Assim sendo, os participantes recebem os seus lucros e pagam os seus prejuzos de modo que o risco
assumido pela Clearing se decompe diariamente.
Alm disso, o ajuste dirio uma forma de obrigar os participantes a reavaliar suas posies diariamente,
de modo a expulsar do mercado participantes que esto acumulando grandes perdas.
O ajuste dirio uma das grandes diferenas entre os Mercados Futuros e a Termo. Nesses ltimos h um
nico ajuste na data do vencimento; dessa forma toda a perda acumula-se para o ltimo dia, com isso o risco de no
Diviso de Cursos e de Informaes ao Mercado 55
Introduo aos Mercados Futuros e de Opes
Departamento de Educao e de Cultura
cumprimento do contrato muito maior do que nos mercados futuros, no qual os prejuzos so acertados
diariamente.
O mecanismo de ajuste dirio ser ilust