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Nº5: março - abril de 2015 | Biblioteca EFEMÉRIDES DO MÊS (março) 01 | Dia Internacional da Proteção Civil; 08 | Dia da Mulher; 15 | Dia Mundial dos Direitos do Consumidor; 21 | Dia Mundial da Árvore e da Poesia; 22 | Dia Mundial da Água; EFEMÉRIDES DO MÊS (abril) 07| Dia Mundial da Saúde; 18| Dia Mundial dos Sítios e Monumentos; 22| Dia Nacional do Património Geológico; Dia Mundial da Terra; 23| Dia Mundial do Livro; 25| Dia da Liberdade; 29| Dia Mundial da Dança; 30| Dia Nacional do Associativismo; DESTAQUE DO MÊS – Ler – o seu significado O livro é um dos objetos raros, por onde se construíram cami- nhos, fronteiras que fundaram novas realidades. O livro alimen- ta a imaginação, cria a fantasia e concede-nos a possibilidade de alimentar novos territórios para uma esperança, feita de mundos alternativos aos critérios da econometria. O livro constrói, no universo das ideias, um realismo superior à realidade, pois dá- nos as fronteiras ilimitadas da leitura. Embora muitos dispensem esta chave de abrir tesouros e vidas infindáveis, ela é um imenso privilégio. É-o, pois significa que superámos as mais baixas condições da utilidade dos dias, que já não vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura permite ter acesso a um espaço de recolhimento, para desfrutar momentos de lazer e de conhecimento. O que faz a grandeza do livro é a sua essência, isto é, não a leitura em si, mas a criação das imagens que ela suscita. O livro é o único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo. Ler é, assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, “o levantar a cabeça”, imaginando essas imagens que a leitura trouxe. A leitura, a sua essência, repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual. NOVIDADES OS LIVROS DA SEMANA Isto é, palavras, formas indecisas procurando um eixo que lhes dê peso, um sentido capaz de conter a sua inocência uma voz (uma palavra) a que se prender antes de se despedaçarem contra tanto silêncio. Manuel António Pina, “Tanto silêncio”.

Boletim - Biblioteca - Março/Abril 15

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Boletim da Biblioteca (ESRDA) relativo aos meses de março-abril.

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Page 1: Boletim - Biblioteca - Março/Abril 15

Nº5: março - abr i l de 2015 | B ib l ioteca

EFE MÉ RI DES DO MÊS (m arço )

01 | Dia Internacional da Proteção Civil; 08 | Dia da Mulher; 15 | Dia Mundial dos Direitos do Consumidor; 21 | Dia Mundial da Árvore e da Poesia; 22 | Dia Mundial da Água;

EFE MÉ RI DES DO MÊS (abr i l )

07| Dia Mundial da Saúde; 18| Dia Mundial dos Sítios e Monumentos; 22| Dia Nacional do Património Geológico; Dia Mundial da Terra; 23| Dia Mundial do Livro; 25| Dia da Liberdade; 29| Dia Mundial da Dança; 30| Dia Nacional do Associativismo;

DESTAQUE DO MÊS – Ler – o seu significado

O livro é um dos objetos raros, por onde se construíram cami-nhos, fronteiras que fundaram novas realidades. O livro alimen-ta a imaginação, cria a fantasia e concede-nos a possibilidade de alimentar novos territórios para uma esperança, feita de mundos alternativos aos critérios da econometria. O livro constrói, no universo das ideias, um realismo superior à realidade, pois dá-nos as fronteiras ilimitadas da leitura. Embora muitos dispensem esta chave de abrir tesouros e vidas infindáveis, ela é um imenso privilégio. É-o, pois significa que superámos as mais baixas condições da utilidade dos dias, que já não vivemos num quotidiano de carências, de sobrevivência e de medo. A leitura permite ter acesso a um espaço de recolhimento, para desfrutar momentos de lazer e de conhecimento. O que faz a grandeza do livro é a sua essência, isto é, não a leitura em si, mas a criação das imagens que ela suscita. O livro é o único suporte de leitura que se basta a si próprio, pelo que só depende do leitor, do seu tempo privado, ao contrário da televisão, ou do cinema. O livro chama-nos, carece do nosso entusiasmo. Ler é, assim, acima de tudo, o momento de construção de imagens, “o levantar a cabeça”, imaginando essas imagens que a leitura trouxe. A leitura, a sua essência, repousa na construção dessa reflexão, nesse tempo individual.

NOVI DADES

OS LIVROS DA SEMANA

Isto é, palavras,

formas indecisas

procurando um eixo que

lhes dê peso, um sentido capaz de conter

a sua inocência

uma voz (uma palavra) a que se prender

antes de se despedaçarem

contra tanto silêncio.

Manuel António Pina, “Tanto silêncio”.

Manuel António Pina, “Tanto silêncio”.

Page 2: Boletim - Biblioteca - Março/Abril 15

| B ib l i o te ca Esco l a r | Esco la Se cu n d á r i a Ra i n h a Do n a Amé l i a | Bo le t i m Nº 5 – ma rço /a b r i l d e 2 0 15 |

Para ser grande, sê inteiro: nada Teu exagera ou exclui. Sê todo em cada coisa. Põe quanto és No mínimo que fazes. Assim em cada lago a lua toda Brilha, porque alta vive. Segue o teu destino, Rega as tuas plantas, Ama as tuas rosas. O resto é sombra De árvores alheias. (...) Viver simplesmente. Deixa a dor nas aras Como ex-voto aos Deuses. Vê de longe a vida. Nunca a interrogues. (…) Mas serenamente /Imita o Olimpo No teu coração. Os deuses são deuses Porque não se pensam. Fernando Pessoa, Heterónimo, Ricardo Reis - «Para ser Grande», «Segue o Teu Destino»

CONCEÇÃO E ELABORAÇÃO :

E-mail | [email protected] |

Blogue | http://biblioteca-rainha.blogspot.pt |

Redes sociais | https://twitter.com/Bibliorainha |

Autores do mês

AGUSTINA BESSA-LUÍS

Agustina Bessa Luís é um dos grandes

nomes da literatura portuguesa

contemporânea. Agustina, mais do que

uma escritora é uma força da natureza,

uma respiração sublime sobre os

elementos desconexos e contraditórios

que se refletem na vida.

De uma lucidez desconcertante, a sua

obra constrói uma catarse sobre o papel

do homem na sociedade humana. Com

ela, descobrimos em diversos livros os

alicerces históricos e biográficos de uma

cultura, nomeadamente nos seus

timings contemporâneos. Se todos

somos a circunstância geográfica e

cultural do sítio onde nascemos e

vivemos, a obra de Agustina é o produto

de uma região. Conhecedora da comédia

humana, encontra-mos nela aforismos

representativos de uma simplificação da

vida.

EÇA de QUEIROZ

José Maria de Eça de Queiroz

nasceu na Póvoa do Varzim em

1845. Estudou entre o colégio da

Lapa, na cidade do Porto, e a

Universidade de Coimbra, onde

entrou no primeiro ano, em 1861.

Aqui, ligou-se a uma geração

académica, admiradora das ideias

de Proudhon e de Comte. Travou

conhecimento com Antero de

Quental e iniciou a sua carreira

literária, com a publicação de

folhetins que mais tarde seriam

agrupados nas Prosas Bárbaras

(1905). Em 1866, formou-se em

Direito e passou a viver em

Lisboa, onde exerceu a profissão

de advogado. Cimentou a sua

ligação a Antero de Quental e ao

grupo do Cenáculo (1868), após

ter dirigido o Distrito de Évora

(1867).

Em 1869, viajou até ao Egito, para

fazer a reportagem sobre a

inauguração do Canal do Suez, de

que resultará O Egipto, publicado

apenas em 1926. Em 1871,

participou nas Conferências do

Casino Lisbonense. Entre 1869 e

1870, publicou diferentes obras,

tais como Os Versos de Fradique

Mendes, O Mistério da Estrada de

Sintra, em parceria com Ramalho

Ortigão e iniciou a publicação das

Farpas. Em 1871, foi nomeado 1.º

Cônsul nas Antilhas espanholas,

transitando depois para Cuba,

onde permaneceu dois anos.

Entre 1883 e 1887, refez algumas

das suas obras e publicou o Conde

D’Abranhos e Alves & Companhia.

Em 1874, passou a desempenhar a

sua atividade em Inglaterra, foi em

Newcastle que terminou O Crime

do Padre Amaro (1875), ali ficando

até 1878. Após esta data, foi para

Paris, onde se dedicou à criação

literária e onde faleceu em 1900.

Em 1888, publicou a sua grande

obra Os Maias e foi nomeado

Cônsul em Paris. Continuou a

escrever diferentes textos e obras,

como A Ilustre Casa de Ramires ou

a publicação na Revista Moderna,

em Paris.