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Boletim Informativo Clube Niteroiense de Montanhismo Ano VII – número 17 Edição especial Dia do Meio Ambiente – junho 2011 Fundado em 20/11/2004 O CNM na Semana do Meio Ambiente 2011, no PESET Pedra da Catarina Como se proteger de raios Travessia da Serra Fina Devemos nos alongar?! Código de Ética de Niterói

Boletim CNM 2011-1

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Boletim InformativoClube Niteroiense de MontanhismoAno VII – número 17

Edição especial Dia do Meio Ambiente – junho 2011Fundado em 20/11/2004

O CNM na Semana do Meio Ambiente 2011, no PESET

Pedra da Catarina

Como se proteger de raios

Travessia da Serra Fina

Devemos nos alongar?!

Código de Ética de Niterói

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força das águas de janeiro de 2011. Assim que se cruza este último, inicia-se uma subida íngreme com pedras meio soltas que levam a base da via. Tome cuidado neste último trecho.

No mapa para as vias da face norte aparece uma trilha ao longo da rocha exposta, passando pelas bases de todas as vias. Embora não a tenhamos visto. Assim que se chega a rocha podemos ver três vias muito próxi-

mas umas das outras: Face Norte 4V (A-O 5a E1; Cristaleira 4 VI + E1 e Vem Ca meu Nego 4 V E1) .

Há dezoito croquis das vias de pa-rede no guia. A variação das durações das vias varia de D1 a D3. Os autores recomendam que se leve 2 cordas. A maior parte das vias começa com um 4o grau. Percebemos que nesta época do ano as vias estão bem molhadas. Aconselhamos escalá-las somente no período da seca.

Há uma travessia pelos cumes dessas três pedras, que dura umas oito horas.

Foi uma boa aventura.

Por Neuza Ebecken e Eny Hertz

Com o Guia de Escaladas da Pedra da Catarina Mãe de Leonardo Amorim e Daniel Ferreira nas mãos, Neuza Ebe-cken e eu, Eny Hertz, fomos conhecer a base das vias locali-zadas na face norte, e se tivéssemos tempo, subir a Pedra Mãe.

O guia de escalada deixa a desejar em relação a orien-tação dentro da cidade até o inicio da trilha. Não há nome de ruas, só indicações de locais, no caso, mais especifi co o Condomínio Sitio da Pedra.

A trilha (que um dia foi uma estrada de terra) até a Pedra da Catarina está bem marcada, bem larga podendo passar um carro 4X4 ou moto. Fomos informados por um motoqueiro que esta trilha leva para a estrada Teresópolis x Friburgo (RJ-130). Parece ser boa tanto para uma cami-nhada quanto para mountain bike.

No começo da trilha a subida é um pouco íngreme, depois se torna suave. Após a entrada da trilha para o cume da Catarina Mãe, ela desce bem ao longo de um vale. O visual é muito bonito.

Pouco antes da trilha para o cume há um pequeno grupo de casas a direita com cães que resolveram recep-cionar as visitantes. Felizmente nossos calcanhares saíram intactos. Os cães intimidaram, porém não atacaram.

O mapa da trilha ao longo da pedra também não oferece boas indicações do início das trilhas para a base das vias de escalada. Não conseguimos achar o começo da trilha para os boulders e face leste, e passamos direto da entrada para a face norte, que está parcialmente fechado pelo mato. Felizmente um motoqueiro nos indicou.

A trilha para a face norte apresenta um córrego no início, logo a frente há outro que foi destruído pela

TENTANDO NOS ACHAR: PEDRA DA CATARINA – NOVA FRIBURGO, RJ

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Por Thiago Campos

De acordo com uma pesquisa do INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais) o Brasil é o país com a maior incidên-cia de raios do mundo. A frequência destas tempestades tem sido tão signifi cativa que o assunto merece um pouco mais de atenção, veja abaixo 10 dicas para se proteger. 1) Em lugares mais altos como montanhas e colinas, a

probabilidade de ser atingido por um raio é muito maior, descer durante a tempestade é arriscado, mas mesmo assim se houver condições é melhor desçer bem rápido, mas com atenção sem descuidar da segurança. Continuar no cume pode ser muito mais arriscado.

2) Tente ir embora antes da tempestade começar. Ob-serve as nuvens e a velocidade do vento tanto na alti-tude que você se encontra como também no nível das nuvens. Uma bússola pode ajudar nessas horas, no Rio de Janeiro, ventos Sudoeste indicam aproximação de chuva, portanto ao perceber a formação de nuvens e a presença de vento cancele a escalada.

3) Evite áreas descampadas, tais como praia, campo de futebol e não fi que embaixo de árvores. Nesses locais a probabilidade de ser atingido por um raio é muito maior.

4) Caso esteja em uma área descampada evite fi car de pé, mas também não deite no chão, nessas posições suas chances de ser atingido aumentam. A posição correta é fi car abaixado e colocar a cabeça entre os joelhos, formando uma posição mais esférica e menos alta, o

que o tornaria menos vulnerável — a posição pode ser vista no desenho abaixo:

5) Se estiverem em grupo mantenham-se afastados uns dos outros. Isso evita que mais de uma pessoa seja atingida ao mesmo tempo caso um raio resolva cair sobre alguém.

6) Em muitas ocasiões, durante uma tempestade, uma pessoa pode sentir que vai ser atingida por um raio, porque a pele começa a formigar e os pelos do corpo se eriçam. Caso isso aconteça não pense duas vezes, faça os indivíduos do grupo de afastarem uns dos ou-tros e se abaixarem como na fi gura acima. Isso deve ser rápido e feito de forma automática, questionamentos numa situação dessas podem fazer alguém de vítima.

7) Barracas não protegem ninguém contra raios, as me-lhores proteções são construções com pára-raios e automóveis com os vidros fechados. Prefi ra fi car fora da barraca em uma posição mais baixa (algo como um vale).

8) Fique longe de qualquer objeto de metal — cercas, postes de fi ação, antenas. Cuidado ao carregar bastões de caminhada, bastões de ski ou varas de pescar, esses objetos podem servir como um “pára-raio” indesejado.

9) Não use aparelhos eletrônicos, como celulares e rádios. 10) É possível prever mais ou menos a distância entre

você e a tempestade usando uma técnica simples. Ao ver um raio caindo comece a contar os segundos, quando você ouvir um trovão pare a contagem e mul-tiplique o tempo contado (em segundos) por 300. O resultado será a distância em metros entre você e a tempestade. Isso acontece por que o som viaja a uma velocidade de 300 metros/segundo. Assim basta contar os segundos e fazer a conta para saber qual a distância. Um detalhe curioso, raios podem cair a uma distância de até 15km do local da tempestade, portanto cuidado.

SEGURANÇA: COMO SE PROTEGER DE RAIOS EM CASO DE UMA TEMPESTADE

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horas de caminhada por cristas, fi zemos uma boa parada para o lanche e partimos para o Alto do Capim Amarelo (2.491 m). Do cume, uma vista espetacular. Como já havia grupos acampados no topo, achamos melhor descer em direção ao Maracanã, área de acampamento situada entre o Capim Amarelo e a Pedra da Mina. Avançando um pou-co, ganharíamos tempo no dia seguinte, além de maiores chances de uma área melhor para acamparmos. Chegamos lá por volta das 15h30min, nenhum outro grupo no local. Montamos as barracas e, não demorou para que outros grupos começassem a chegar. Os termômetros chegaram a marcar 0° grau nesta madrugada.

2° DIA (22/04/2011) — PEDRA DA MINA (2.798 M)Acordamos não muito cedo, tomamos um cappucci-

no, desmontamos as barracas e começamos a caminhar às 08h30min, em direção à Pedra da Mina, ponto culminan-te da Serra da Mantiqueira e quarto mais alto do Brasil. A caminhada seguiu por cristas, num intenso desnível to-pográfi co. Do cume, uma vista de 360° de toda a região. O primeiro ponto de abastecimento de água encontra-se antes da subida à Pedra da Mina, na Cachoeira Verme-lha. Enchemos os cantis que já estavam vazios e tocamos pra cima, agora carregando mais peso ainda. Andamos!!! E chegamos ao topo por volta das 15h. Pouco abaixo do cume, no que chamam de “cratera”, alguns bons locais para montar a barraca. Ainda estava cedo e conseguimos arrumar nossas coisas em um pequeno areal ,protegido, em meio a tufos de capim. Assistimos em seguida, a um espetacular pôr do sol.

3° DIA (23/04/2011) — PICO DOS TRÊS ESTADOS (2.665 M)

Novamente levantamos tarde, pois fazia muito frio pela manhã. Muita preguiça de sair da barraca, mas como não tinha jeito e tínhamos muito chão pela frente, quando o sol começou a aparecer, começamos a desmontar acam-pamento. Iniciamos caminhada às 8h30min. Apesar de ter sido um dos últimos grupos a sair da “cratera”, ainda passamos por boa parte dos grupos que saíram à nossa frente, pois mantínhamos um bom ritmo. Neste dia nosso primeiro obstáculo foi vencer o enigmático vale do Ruah a 2.512m. Ali toda atenção era pouca, para não nos perder-mos entre as touceiras de capim de anta, que quase nos en-goliam. Havia muito charco nesse trecho. Atravessamos um

Há alguns anos ouvi o relato de alguns amigos sobre a travessia de Serra Fina, vi algumas fotos e bastante im-pressionado com o visual das montanhas, prometi a mim mesmo fazer esse circuito um dia. Esse ano, pra minha sorte, houve dois feriados em dias consecutivos no mês de abril (quinta e sexta). Era exatamente o que eu precisa-va para cumprir esta jornada. Chamei um amigo de trilha e escalada, Ary Carlos, com quem fi z a travessia Petro x Terê no ano passado e, ele topou na hora. Convidou a Alessandra Neves, uma amiga do nosso clube de mon-tanhismo (CNM) e, a equipe estava montada... Tivemos uma ou duas semanas para tentarmos planejar o mínimo e realizar a travessia. Na realidade, o planejamento não foi dos melhores, mas o importante é que no fi nal deu tudo certo!

SOBRE A TRAVESSIAA Serra Fina está localizada na Serra da Mantiqueira,

na região entre o Parque Nacional do Itatiaia e o Maci-ço Marins x Itaguaré. Neste conjunto de montanhas, com mais de 10 picos acima de 2.000 metros de altitude, lo-caliza-se a Pedra da Mina (2.798 m), quarto maior ponto culminante do Brasil e, o Pico dos Três Estados (2.665 m), com esse nome por estar exatamente na junção dos esta-dos de MG, SP e RJ, representando o décimo ponto mais alto do país. É considerada por muitos, a travessia mais difícil do Brasil, por ser bastante longa (mais de 45 km de extensão), apresentar subidas bem íngremes e exigentes, além de vários trechos de trepa-pedra e, principalmente, raros pontos de abastecimento de água, o que faz com que, normalmente, os trekkers carreguem muito mais peso em suas mochilas.

1° DIA (21/04/2011) — PASSA QUATRO/MG — TOCA DO LOBO — CAPIM AMARELO

Começamos o trekking às 07h40min, partindo da fazenda Toca do Lobo (antigo abrigo dos garimpeiros da região). Logo no início conhecemos um montanhista — Isaías Schuindt — que estava sozinho, planejando en-contrar um grupo que havia começado a travessia no dia anterior. Ele seguiu com a gente, fazendo parte do nosso grupo até o fi m da travessia e nos ajudou bastante. Cru-zamos o rio onde abastecemos os cantis e iniciamos uma longa subida entre os arbustos, até o alto do espigão. Dali era possível avistar os vales e fazendas da região. Após três

RELATO DE ATIVIDADE

Travessia da Serra Fina MG/SP/RJ 21-24/04/2011Por Thiago Campos Pereira

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riacho e depois seguimos pela margem direita do rio Verde, no sentido da correnteza, quase até o fi nal do vale, quando abastecemos pela última vez na travessia. Dali para frente não havia mais pontos de água. Avistamos um totem bem no alto de um morro, à direita do riacho. E começamos um sobe e desce, passando pelo Cupim de Boi, de onde já é possível avistar o pico dos Três Estados. Uma parte muito bonita da travessia. Um guia nos aconselhou montar acampamento no bambuzal, que fi ca cerca de 1h20min do Pico dos Três Estados. Foi o que fi zemos. Chegamos no Bambuzal mais cedo, às 14h30min já montávamos acam-pamento. Fomos os únicos a acampar nesta área. Como era nossa última noite na travessia, fi zemos um jantar pra co-memorar, juntando tudo que tínhamos, a fi m de diminuir o peso das mochilas no dia seguinte.

4° DIA (24/04/2011) — PICO DOS TRÊS ESTADOS (2.665M) / ALTO DOS IVOS (2.513 M)

Último dia de travessia: o único em que levantamos cedo (às 5h). Dia em que mais andamos também. A bar-raca amanheceu bem molhada, pois choveu na madru-

gada. Como ainda estava escuro, arrumamos as coisas à luz da lanterna e, partimos às 6h30min. Chegamos ao Pico dos Três Estados em menos de uma hora e, co-meçamos a descer em direção ao Alto dos Ivos, antes dos outros grupos. Vários trechos de trepa-pedra até o cume , seguido de extensa descida até a fazenda onde termina a travessia. Nos deparamos com uma cobra na descida, tiramos umas fotos dela e depois a lançamos no meio do mato, para os outros grupos não terem proble-mas. Dúvidas na última bifurcação. Seguimos à esquer-da. E, quando finalmente chegamos à fazenda (final da travessia), já destruídos, ainda faltava caminhar por uns 3km até a rodovia, onde a caminhonete nos esperava para fazer o resgate. No caminho, observamos a Pedra do Picú, que se destacava da serra à frente, como uma barbatana de tubarão e, descemos pensando voltar, em breve, para escalá-la.

Chegamos bem graças a Deus. Mais uma travessia e mais uma oportunidade de reconhecer o quanto somos in-signifi cantes diante da imensidão de montanhas por onde passamos.

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REUNIÕES SOCIAIS

As reuniões sociais do CNM são realizadas sempre na primeira quinta-feira de cada mês ímpar e na primeira quarta-feira de cada mês par, às 19:30h, na Churrasqueira Branca do Condomínio Solar do Barão, na Av. Prof. João Brasil, 150 – Fonseca– Niterói.

Os encontros acontecem em clima de total descontra-ção e informalidade, quando os sócios e amigos do CNM aproveitam para colocar a conversa em dia, trocando expe-riências, relatando excursões e vivências ou, simplesmente, desfrutando a companhia de gente simpática e fraterna.

Periodicamente acontecem reuniões e seminários téc-nicos com o intuito de possibilitar miores detalhes e infor-mações atualizadas aos sócios e interessados.

Informem-se sobre os temas das palestras técnicas e reuniões acessando o site http://www.niteroiense.org.br.

Compareçam e sejam muito bem vindos!!!

os demais locais com vias diretamente expostas aos efeitos diretos da maresia.

3. Atualmente, o GT Inox já está analisando o grampo que sofreu ruptura em Guaratiba.

4. Com o avanço dos trabalhos do GT Inox estaremos divulgando outros comunicados sobre o assunto.

5. Lembramos que, em última análise, o próprio es-calador é o responsável por suas decisões e ações relativas à avaliação da qualidade e do estado de integridade das proteções fi xas.

6. Para titulo desse informe, a FEMERJ considera vias à beira-mar aquelas que estão expostas diretamente ao efei-to da água do mar, como as vias em falésias, praias e ilhas costeiras, podendo inclusive receber respingos e ondas no seu trajeto.

7. Encorajamos a participação dos escaladores no GT Inox através do envio de informações e sugestões sobre o referido assunto através do [email protected]

Diretoria da FEMERJ

PROTEÇÃO DE INOX EM VIAS DE ESCALADA

1. A FEMERJ constituiu o Grupo de Trabalho (GT Inox) para analisar detalhadamente a questão de utilização de proteções fi xas (grampos e chapeletas) em inox em vias de escalada em função do recente acidente ocasionado pela quebra de um grampo de aço inox nas falésias de Barra de Guaratiba (RJ) e dos resultados iniciais de um estudo desenvolvido pela UIAA e Petzl com chapas em aços inox fi xadas próximas a ambiente marinho, que mostrou que 10 a 20% dessas proteções podem falhar com força aplicada entre 1 a 5 KN, enquanto que o padrão da UIAA para proteções fi xas é de 22 KN.

Destaca-se que algumas dessas proteções não apresen-tavam trincas visíveis e romperam tendo apenas o peso de um escalador.

Veja o que diz a UIAA

2. Os trabalhos do GT Inox se concentrarão nos se-guintes pontos:

a. Comportamento do aço inox como material de pro-teções fi xas em vias de escalada, observando: (i) a difi -culdade de avaliação do estado de corrosão das prote-ções em inox, situação particularmente critica nas vias localizadas a beira-mar; e (ii) o processo de soldagem na fabricação de grampos inox, que pode infl uir signi-fi cativamente na redução da sua resistência;

b. Levantamento das vias equipadas por proteções em inox;

c. Estudo das alternativas disponíveis à proteção de inox para os locais próximos a ambientes marinhos, onde foram registradas as ocorrências de rupturas das pro-teções em inox. Alguns locais com essa característica são listados a seguir:

- Barra de Guaratiba, Urca (Pão de Açúcar, Morro da Urca, Morro da Babilônia, falésias e blocos), Ilhas costeiras do Rio de Janeiro, Falésias da Niemeyer e do Vidigal, Falésia do Pepino, Falésias e blocos da Joatinga, Morro do Leme, Morro do Urubu e Par-que Estadual da Serra da Tiririca.

Lembrando, porém, que a relação acima é preliminar, à qual pode ser ajustada e devem ser considerados todos

TÉCNICA

Comunicado Femerj 01/2011 — Março/2011http://www.femerj.org/destaques/Protecao_inox_vias_escalada.htm

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Não é incomum observarmos, na prática de qualquer esporte, tradicionais rotinas de alongamento durante o aquecimento. Sabe-se que antes do exercício, o alonga-mento aumenta a fl exibilidade musculo-tendínea, mas ao contrário do que se imagina, publicações científi cas recen-tes têm questionado o alongamento pré- exercício como fundamental para reduzir a dor muscular de início tardio e/ou evitar lesões.

São várias as técnicas de alongamento, todas com o mesmo objetivo. Importa saber, no entanto que, ao optar-mos pelo alongamento estático, sua duração deverá ser de 15- 30s, para que seja efi caz. Dentro de um alinhamento biomecânico satisfatório e mantendo alongados apenas os grupos específi cos, pode se obter melhora, ainda que temporária, da fl exibilidade, após uma única sessão de alongamento. Se o objetivo for melhorar a fl exibilidade, gradativamente, semana após semana, então os esquemas de alongamento precisarão ser realizados regularmente, 3-5 dias por semana, independente de se realizar ou não a atividade física.

Mas quais seriam os efeitos do alongamento na força muscular? Alguns estudos afi mam que antes do exercício, o aumento da fl exibilidade pode causar um défi cit temporário de força, indesejado em alguns esportes. Relaciona-se pois, menor fl exibilidade com economia de energia, no caminhar e correr, por exemplo. Restrições a alongamentos das arti-culações críticas, antes dos exercícios também são feitas nos esportes em que a estabillidade articular é absolutamente necessária. Entretanto, cabe dizer que, a maior parte dos estudos que correlacionam fl exibilidade e força, apresentam limitações metodológicas e/ou dados inconsistentes. Logo, ainda é prematuro contra indicar de forma absoluta o alon-gamento antes do exercício, especifi camente nesses esportes.

O que se pode afi rmar com certeza é que o alonga-mento regular, realizado inclusive fora do contexto de ati-vidades é altamente benéfi co, sendo capaz de melhorar tan-to a força, quanto o desempenho, em quaisquer atividades. E que, o nível de preparo aeróbico, mais do que as rotinas de alongamento estático, é fator imperativo na diminuição dos riscos de lesão associadas ao esporte.

As evidências científi cas parecem ainda fracas para corroborar o benefício do alongamento antes dos exercí-cios, mas seria este o motivo para tantos esportistas con-tinuarem a manter a rotina de alongamentos tão rígidas?

Acredita-se que a ciência, através de estudos randomi-zados e controlados venha ajudar a esclarecer o papel do alongamento, ainda bastante controverso. Mas até que a contribuição específi ca do alongamento pré e pós ativida-des seja elucidada, cabe-nos uma abordagem mais prática e claro, a tomada da decisão, de incluir, ou não, o alonga-mento nesse esquema.

Se optarmos pelo alongamento, cautela! Especialmen-te se for realizado antes dos exercícios, pois a musculatu-ra “não aquecida” possui mais riscos de sofrer lesão, pelo próprio alongamento. Repita-o 3x em cada grupamento muscular, sentindo o “repuxamento” — nunca a dor – e, tentando obedecer o tempo de duração mínima, para que realmente seja efi caz.

E por último, conscientes de que a condição car-diovascular e os exercícios de aquecimento podem me-lhorar seu desempenho e diminur risco de lesões, não deixe de enfatizá-los, associando-os ou não a sua rotina de alongamentos.

Enfi m, devemos ou não devemos nos alongar antes das práticas de montanha?

A DECISÃO É SUA!

SAÚDE

Devemos nos alongar?!Por Alessandra Neves

Vem aí o III Curso Básico de EscaladaSua chance de aprender a escalar

com segurança

Informações: [email protected]

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8 Clube Niteroiense de Montanhismo – Boletim Informativo nº 17

Em 21/10/2006, ocorreu o 1º Encontro Niteroiense de Escalada, onde juntos, FEMERJ, CNM e escaladores in-dependentes, aprovaram as seguintes recomendações gerais do Código de Ética de Niterói:

1) Durante a escalada ou rapel faça o possível para re-duzir os danos sobre a vegetação. Quando existir esta opção, escolha sempre a descida pela caminhada, pois o rapel é bas-tante impactante. Se após uma ascensão, o rapel for inevitável, procure não realizá-lo emendando duas cordas, caso exista esta opção. Opte sempre pela descida menos impactante.

2) Evite a colocação de grampos em cumes acessados por caminhadas, evitando assim a prática exclusiva de rapel (prática extremamente danosa à vegetação de paredes).

3) O esforço exigido pela colocação de proteção fi xa de for-ma tradicional (talhadeira e marreta), em geral, leva a uma maior refl exão da validade e da qualidade da rota escolhida. Privilegie esta forma de conquista. Pelos mesmos motivos, não conquiste com corda de cima, especialmente em vias não esportivas.

4) Na base, evite se arrumar ou se aglomerar para a escalada em platôs de vegetação. Da mesma forma, não uti-lize a vegetação como apoio, proteção natural ou ancoragem.

5) Utilize as trilhas existentes, não abra ou utilize ata-lhos. Contribua para a manutenção das trilhas existentes. No caso da necessidade de abertura de uma nova trilha, entre em contato com o Clube Niteroiense de Montanhismo.

6) Destaca-se que o compromisso com o baixo impacto de uma via conquistada não se refere somente ao ato da con-quista, que deve ser feita em linhas sem vegetação. Neste sen-tido, as conseqüências das repetições e das descidas futuras também devem ser pensadas. Por exemplo: se numa parede com vegetação, deixarmos uma via bem equipada, com pos-sibilidade de rapel, e ainda juntarmos a facilidade de acesso, temos que pensar que as repetições serão muitas, bem como as descidas pela via. Assim, pouco vai sobrar daquele cuida-do inicial de não remover a vegetação durante a conquista.

7) Ao pensar em realizar uma conquista explore o poten-cial oferecido pelas vias já existentes no setor (escale!). Conhe-ça um pouco da história dessas vias (informe-se nos guias já publicados para área ou com escaladores locais mais experien-tes). Isto pode evitar que se cometam alguns equívocos como: abertura de variantes de variantes, rotas muito próximas ou atravessando (e por vezes intermediando) vias clássicas, etc.

8) Não promova e nem participe de escaladas com um grande grupo de pessoas (um grupo de oito pessoas já é sufi cientemente grande para uma escalada). Estas excursões causam grande impacto nas trilhas e nas vias. Aprecie o as-

pecto refl exivo e contemplativo da escalada, que só são pos-síveis longe da multidão. A parede não é o melhor lugar para festas, deixa as comemorações para locais mais apropriados que vias de escalada.

9) Lembre-se que se o objetivo é o mínimo impacto, restrinja ao estritamente essencial sua passagem na parede. Não coloque grampos exageradamente (estes são a última opção de proteção, não os transforme na única opção), pri-vilegie as proteções móveis não grampeando fendas. Não bata grampo ou chapeletas em boulders. Não coloque agar-ras artifi ciais, bem como não quebre ou cave agarras na ro-cha. Não faça pinturas, pichações ou outras marcações na parede. Leve todo o seu lixo para casa.

10) Certos locais apresentam indícios de que não com-portam mais vias sem que ocorra um dos seguintes casos: vias coladas umas nas outras ou muita vegetação destruída. Estas situações não acrescentam nada de positivo para a his-tória da escalada em Niterói.

11) Dê preferência às proteções fi xas em inox em áreas que sofram infl uência de maresia. (Ver matéria da pág. 6)

12) Utilize sempre chapeletas e fi xadores de material idêntico. Materiais metálicos diferentes, quando em conta-to, causam uma diferença de potencial eletroquímico, o que acelera consideravelmente a corrosão. O mesmo vale para os grampos e palhetas.

DESTAQUE

Recomendações Gerais do Código de Ética de Niterói

EXPEDIENTE

CNM - CLUBE NITEROIENSE DE MONTANHISMOInício das Atividades em 26 de Março de 2003Fundado em 20 de Novembro de 2004Website: www.niteroiense.org.bre-mail: [email protected]: 8621-5631(Alex Figueiredo)

DiretoriaPresidente: Alex FigueiredoVice Presidente: Eny HertzDiretor Técnico: Luis AndradeDiretor de Meio-Ambiente: Ary CardosoConselho Fiscal: Alan Marra, Adriano Paz, Neuza EbeckenTesouraria: Leandro Collares

Informativo Nº 17As matérias aqui publicadas não representam necessariamente a posição ofi cial do Clube Niteroiense de Montanhismo. Ressalta-mos que o boletim é um espaço aberto a todos aqueles que quei-ram contribuir. Envie sua matéria para [email protected].