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Boletim EPIDEMIOLÓGICO O fenômeno das violências e acidentes pode ser considerado endêmico em muitos países, entre os quais o Brasil, tornando-se um grave problema de saúde pública (BRASIL, 2011). A violência constitui o “uso da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de desenvolvimento ou privação” (OMS, 2003). Podem acontecer várias formas de violência: Física; Psicológica/Moral; Tortura; Sexual; Tráfico de Seres Humanos; Financeira/Econômica; Negligência/Abandono; Trabalho Infantil; Intervenção Legal e Outras. A violência pode acontecer contra a criança e o adolescente, mulher, homem e idoso. (OMS, 2003). O Ministério da Saúde instituiu em 2006, o Sistema de Vigilância de Violências e Acidentes - VIVA, e por meio da Ficha de Notificação de Violência Doméstica, Sexual e/outras Violências, para conhecer as informações sobre os tipos de violência, os meios utilizados, lesões e óbitos, levantar o perfil das vítimas (idade, sexo, raça/cor, e outros), além de dados sobre o agressor, para que as ações de política pública no campo da prevenção e cultura da paz sejam direcionadas e para que os encaminhamentos legais aconteçam a partir do setor saúde. VOLUME I EDIÇÃO 5 2014 Conhecer, trabalhar fatores de risco e de proteção, articular e conseguir trabalhar em rede, enfim desenvolver prevenção, promoção da saúde e cultura da paz. As causas externas são representadas pelas Violências e Acidentes que são agravos à saúde que podem ou não levar ao óbito, causa lesões e/ou traumas, físicos ou psicológicos. No Brasil e no mundo, o impacto da morbimortalidade por causas externas (violências e acidentes) constitui uma das maiores preocupações. O incremento da mortalidade por violências e acidentes, assim como o número de internações e de sequelas devido, principalmente, a homicídios acidentes de transporte terrestre e quedas têm contribuído significativamente para a redução da expectativa de vida de adolescentes e jovens e diminuição da qualidade de vida da população (BRASIL, 2011). CAUSAS EXTERNAS

Boletim Epidemiológico Causas Externas€¦ · Tabela1. Frequência e taxa de mortalidade pelos capítulos da CID 10 por DANT em residentes em Palmas-TO, 2010-2013 (Tx por 100.000

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Boletim

EPIDEMIOLÓGICO

O fenômeno das violências e acidentes pode ser considerado endêmico em muitos países,

entre os quais o Brasil, tornando-se um grave problema de saúde pública (BRASIL, 2011).

A violência constitui o “uso da força física ou do poder, real ou em ameaça, contra si

próprio, contra outra pessoa, ou contra um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tenha

qualquer possibilidade de resultar em lesão, morte, dano psicológico, deficiência de

desenvolvimento ou privação” (OMS, 2003). Podem acontecer várias formas de violência:

Física; Psicológica/Moral; Tortura; Sexual; Tráfico de Seres Humanos; Financeira/Econômica;

Negligência/Abandono; Trabalho Infantil; Intervenção Legal e Outras. A violência pode

acontecer contra a criança e o adolescente, mulher, homem e idoso. (OMS, 2003).

O Ministério da Saúde instituiu em 2006, o Sistema de Vigilância de Violências e

Acidentes - VIVA, e por meio da Ficha de Notificação de Violência Doméstica, Sexual e/outras

Violências, para conhecer as informações sobre os tipos de violência, os meios utilizados,

lesões e óbitos, levantar o perfil das vítimas (idade, sexo, raça/cor, e outros), além de dados

sobre o agressor, para que as ações de política pública no campo da prevenção e cultura da

paz sejam direcionadas e para que os encaminhamentos legais aconteçam a partir do setor

saúde.

VOLUME I EDIÇÃO 5 2014

Conhecer, trabalhar fatores

de risco e de proteção,

articular e conseguir

trabalhar em rede, enfim

desenvolver prevenção,

promoção da saúde e cultura

da paz.

As causas externas são representadas pelas Violências e Acidentes

que são agravos à saúde que podem ou não levar ao óbito, causa

lesões e/ou traumas, físicos ou psicológicos. No Brasil e no mundo, o

impacto da morbimortalidade por causas externas (violências e

acidentes) constitui uma das maiores preocupações. O incremento da

mortalidade por violências e acidentes, assim como o número de

internações e de sequelas devido, principalmente, a homicídios

acidentes de transporte terrestre e quedas têm contribuído

significativamente para a redução da expectativa de vida de

adolescentes e jovens e diminuição da qualidade de vida da

população (BRASIL, 2011).

CAUSAS EXTERNAS

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

O município de Palmas aderiu ao Projeto VIVA em agosto de 2006, a Ficha de Notificação

de Violência Doméstica, Sexual e/outras Violências foi primeiramente implantada no Hospital

de Referência Dona Regina e Hospital Geral de Palmas. No ano de 2007 foi descentralizada

para o Pronto Atendimento Norte, e em 2008 para o Henfil, Centro de Atenção Psicossocial

(CAPS II), Pronto Atendimento Sul, e Policlínicas. A partir de 2009 houve a descentralização

para todas as unidades de saúde.

O ano de 2009 foi marcado pela inclusão da Ficha de Notificação de Violência no Sistema

Nacional de Agravos de Notificação – SINAN-net. Outro marco aconteceu em 2011, quando a

ficha de violência passou a ser de notificação compulsória através da Portaria Nº 104, de 25

de Janeiro de 2011, do Ministério da Saúde. Devem ser notificados casos confirmados ou

suspeitos. Para trabalhar as informações, o VIVA divide-se em dois componentes: Vigilância

contínua e Vigilância pontual.

Na vigilância epidemiológica atualmente temos a área técnica de Causas Externas, de

Acidentes de Transportes Terrestres e o NUPAV (Núcleo de Prevenção de Violências e

Acidentes), os quais monitoram e utilizam as informações para fazer a vigilância e

acompanhamento dos casos notificados, organização da rede de atenção aos pacientes,

encaminhamentos legais para a rede de proteção à criança e idoso, ou outros grupos

vulneráveis e construção do plano plurianual para trabalhar as ações de prevenção e

promoção da saúde. São produzidos também relatórios e elaborados projetos com o objetivo

de redução da morbimortalidade e prevenção da violência e estimulo à cultura de paz.

As causas externas são a terceira maior causa de mortes no Brasil, e essa realidade se

alarma ao compararmos com o município de Palmas onde as causas externas estão em

primeiro lugar no ano de 2013 (Tabela1), segundo dados do Sistema de Informação de

Mortalidade.

Os acidentes e violências atingem em sua maioria pessoas jovens e economicamente

ativas, representando assim um grande problema de Saúde Pública devido à alta mortalidade,

morbidade, custos, anos potenciais de vida perdidos e impacto para o indivíduo, sua família e

sociedade (CAIXETA, 2010).

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MORTALIDADE - Mortalidade por Causas

Externas

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Tabela1. Frequência e taxa de mortalidade pelos capítulos da CID 10 por DANT em residentes em Palmas-TO, 2010-2013 (Tx por 100.000 habitantes)

Fonte: SIM/ Palmas –TO, 2014

Apesar da cidade de Palmas possuir a particularidade de ter sido planejada, ser plana

e com avenidas largas, os acidentes de trânsito e transporte (ATT) estão em primeiro lugar no

número de óbitos entre as causas externas, representando 36,4% desse total no ano de 2013

segundo dados do Sistema de Informação de Mortalidade - SIM (Tabela 2), resultado do

aumento considerável do número de frotas de veículo, negligência, excesso de velocidade e a

ingestão de álcool.

Tabela 2 – Número de óbitos por causas externas em residentes de Palmas –TO no ano de 2013

CAUSA n %

ATT 69 36,4%

Quedas 9 4,7%

Suicídios 13 6,8%

Homicídios 64 33,6%

Outros Acidentes 35 18,5%

Fonte: SIM, Palmas-TO, agosto 2014.

Segundo Cartona (2008), a era industrial, a alta tecnologia, o aumento da velocidade

dos veículos, as condições socioeconômicas, a pobreza e a própria natureza humana são

fatores que contribuíram para o crescimento progressivo dos diferentes tipos de trauma, vale

CAPÍTULOS (CID10) 2010 2011 2012 2013

N TX N TX N TX N TX

II. Neoplasias

(tumores)

104 45,5 133 56,5 146 60,3 142 55,0

IX. Doenças do

Ap. Circulatório

180 78,8 169 71,8 200 82,6 181 70,2

X. Doenças do

Ap. Respiratório

37 16,2 58 24,6 63 26,0 80 31,0

XX. Causas externas 166 72,7 173 73,5 156 64,4 190 73,7

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

ressaltar ainda o número de óbitos (33,6%) por Homicídios, representando também grande

parcela entre as causas externas.

Figura 1: Série histórica dos óbitos por causas externas segundo grupamento por local de residência,Palmas.

Fonte: SIM, Palmas-TO, agosto 2014.

Considerando uma série histórica do ano de 2004 a 2013 acerca dos óbitos por causas

externas (Figura1), nota-se o crescente número de casos por violência, destacando–se o

óbito por agressão, que passou de 37% do total de casos em 2004 para 43,8% no ano de

seguinte. Em relação a mortalidade por acidente de trânsito, obteve seu pico no ano de 2007,

representando 69% do total, apresentando o menor índice no ano seguinte.

Para esta redução dos Acidentes de Trânsito temos como exemplo os projetos

intersetorias que o município vem desenvolvendo desde 2007, e mais especificamente a partir

de 2011 o “Projeto Vida no Trânsito” que visa uma mudança na cultura de segurança viária

em nossa capital, estão envolvidos saúde, trânsito, segurança pública, educação, justiça.

No caso da morbidade o destaque é para as violências que são de notificação

compulsória. A notificação está implantada em 100% das unidades de saúde de Palmas e no

ano de 2013 como podemos observar na figura 2, somente 13 unidades realizaram

notificações, com destaque para 4 serviços de urgência e emergência (UPAS e hospitais) e o

núcleo de assistência Henfil que é referência para violência sexual.

2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013

52 64 59

81 63 73 72 67 74 69

6 6 11

15

11 9 14

9 10 13 34

23 25

21

25 28

46 61 46 64

AT Suicídio Agressões

SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE NOTIFICAÇÃO-SINAN

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

O que já nos faz pensar por que as outras 31 unidades de saúde (63 ESF, 4 PACS E 3

NASF) não notificaram nenhum caso durante o ano todo. E esse é o primeiro desafio a ser

vencido pela área técnica capacitar e acompanhar esse trabalho em todas as unidades de

saúde do município (Figura 2).

Figura 2: Frequência de casos notificados de violências de residentes de Palmas no SINAN, em 2013

Fonte: SINAN-net, SESAU- PALMAS, 2014

Tipos de violência

Na figura 3 verifica-se a frequência dos tipos de violência notificados no VIVA/SINAN-

net em residentes de Palmas no ano de 2013, com destaque para a violência física. No ano

de 2013, as violências totalizaram 1.044 notificações, sendo que com maior incidência está a

violência física 52,3% (n=536), e em ordem decrescente a violência psico/moral 18% (n=192),

a violência autoprovocada 16% (n=168) que na Ficha de Notificação refere-se a outras

violências, a violência sexual 11% (n=115), tortura 2% (n=22), violência financeira 0,67%

(n=07), negligência 0,19% (n= 2), intervenção legal 0,09% (n=1) e tráfico de seres humanos

0,09% (n=1), (Figura 3).

Vale ressaltar que pelo tipo de violência a vítima pode ser notificada por mais de um

tipo de violência concomitante (ex: física e psicológica/moral). Portanto o número de

violências pelo tipo é maior do que o número de vítimas notificadas.

O total de notificações por agressão física supera as outras violências. Como hipótese

está o desconhecimento dos profissionais em identificar os sinais das outras violências ou o

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89 79

6 1 1 2

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

receio da notificação, assim como muitos tipos de violências não possuem visibilidade como

exemplo a negligência e a violência financeira, decorrendo disso as subnotificações.

Figura 3: Frequência dos tipos de violência, notificados no SINAN-net em residentes de Palmas, 2013

Fonte: SINAN-net, SESAU-Palmas, 2014

A violência auto provocada (suicídio e tentativa de suicídio) representa uma demanda

significativa para a saúde pública de Palmas, por atingir populações jovens e, principalmente,

por ser um evento previsível e previnível, quando são trabalhadas as pessoas com fatores de

risco e/ou com sinais de comportamento suicida. Foram a óbito por lesão autoprovocada em

2013, 11 pessoas. Ou seja, no ano de 2013, de 168 pessoas que tentaram suicídio, 11 foram

a óbito.

No caso de Violência sexual a rede de atenção à saúde deve estar apta a identificar

acolher e encaminhar para atendimento de profilaxia em ate 72 horas após o ocorrido, sendo

o serviço de referência o SAVIS no Hospital Dona Regina. O estupro é o tipo de violência

sexual mais frequente. Os problemas decorrentes desse tipo de violência vão além dos

aspectos físicos e demandam apoio de equipe multiprofissional de saúde, não só para a

vítima como também para a família. A literatura nos indica que muitas vezes o agressor

também pode ter sido vítima desse tipo de violência em algum momento da vida e dessa

forma também deve ser acompanhado.

É importante identificar os tipos de violência assim como as faixas etárias mais

acometidas, como a violência contra a criança e o adolescente, mulher e idoso, (Figura 4),

que representam o maior número de vítimas e considerados em grupos de vulnerabilidade. A

mulher em todos os anos é que apresenta maior número de casos absolutos.

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Figura 4: Distribuição dos casos de violências por grupos mais acometidos em residentes de Palmas, SINAN-

NET, 2013

Fonte: SINAN-net, SESAU-Palmas, dados até 31 de agosto de 2014

Deve-se destacar que a notificação de violências contra crianças, adolescentes,

mulheres e pessoas idosas é uma exigência legal, fruto de uma luta continua para que a

violência perpetrada contra esses segmentos da população saia do “silêncio e do medo”,

revelando sua magnitude, tipologia, gravidade, perfil das pessoas envolvidas (vítimas e

autores das agressões), localização de ocorrência e outras características dos eventos

violentos (BRASIL, 2011).

Como exposto na figura acima, a violência contra a mulher representa maiores índices,

seguido da violência contra a criança e adolescente. A violência contra o idoso há pouca

representatividade no município, porém não menos importante no que tange a promoção e

prevenção e proteção. Salienta-se o aumento de vítimas adultas e do sexo masculino no

banco de dados, que nos exige uma análise mais profunda quanto ao fenômeno e nos reporta

a um olhar mais atento quanto a violência urbana.

A figura 5 representa a frequência das Violências, por faixa etária no ano de 2013. O

ano de 2013, totalizou 611 vítimas dentre todas as faixas etárias. A faixa etária com maior

incidência está de 20 a 29 anos, totalizando 34,6 (n=212). Contudo, as faixas etárias de 10 a

49 anos representam números absolutos mais altos, totalizando 57% (n=531). Na faixa etária

de 1 a 9 anos, 8%(n=51) e na faixa etária de 50 a 79 anos, 5% (n=29) os números absolutos

são menores (Figura 5), contudo já aparecem significativamente nas estatísticas, sendo

necessários ações de promoção e prevenção.

180

280

12

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Criança e adolescente Mulher Idoso

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

A violência sexual é mais frequente em crianças na faixa etária de 1 a 9 anos, e na

faixa de 50 a 79 anos é a violência física e a negligência, porém a negligência é bastante

subnotificado.

Figura 5: Frequência dos casos notificados de violência doméstica, sexual e outras violências, por faixa etária, em residentes, Palmas, 2013.

Fonte: SINAN-net, SESAU- PALMAS, 2014

A figura nos mostra que as crianças a partir de 10 anos, os adolescentes e os adultos

jovens são as maiores vítimas da violência. A vulnerabilidade das pessoas nessas faixas

etárias traz maior responsabilidade para o serviço público no que se refere ao

desencadeamento de ações protetoras, relacionadas principalmente à saúde e segurança.

Quando a violência é praticada contra crianças e adolescentes devem ser encaminhadas as

denúncias (comunicação) ao Conselho Tutelar, que realizará a investigação e se necessário

fará os devidos encaminhamentos.

Em casos de violência contra a pessoa idosa deverá ser enviada a comunicação da

violência para o Ministério Público e Conselho de Direito da Pessoa Idosa para que sejam

tomadas as devidas providências.

Cabe ressaltar que a notificação por violências no SINAN, qualquer que seja o tipo,

deve ser realizada mediante a suspeita de sua ocorrência e, todos os casos de adolescentes

que são atendidas em decorrência de pré-natal ou parto são notificados, havendo um

aumento dessas notificações nos últimos anos também por haver entendimento de que as

pessoas nessa faixa etária são vulneráveis e podem ter sido vítimas de violências, muitas

vezes sem ter a consciência do que aconteceu.

0

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100

150

200

250

300

1-4 5-9 10-14 15-19 20-34 35-49 50-64 65-79

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

Os acidentes de trânsito são a terceira causa de incapacidade física, responsáveis por

mais de um milhão de mortes e deixam entre 20 e 50 milhões de pessoas feridas por ano em

todo o mundo. Em Palmas, 64% dos acidentes de transporte ocorreram em motociclistas,

onde o aumento da frota somado ao excesso de velocidade com ou sem álcool e a ausência

de habilitação, tem resultado no grande número de internações hospitalares

.

Tabela 3 - Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas em Palmas, Jan/2013 a Jun/2014

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), 01/09/2014

Apesar do alto número de casos de acidentes de trânsito na capital, foi observado uma

subnotificação através das informações de Autorização de Internação Hospitalar (AIH) no

DATASUS, onde a maioria dos casos de acidentes de trânsito eram codificados como

“Sequela de causas externas”. Em vista disso, em outubro de 2013 foi implantado no Hospital

Geral de Palmas – HGP um carimbo utilizado no preenchimento da ficha de admissão

contendo a informação do tipo de acidente de trânsito. Esse simples instrumento proporcionou

a elevação dos casos de acidentes de trânsito, fato observado no gráfico abaixo.

Figura 6 – Morbidade Hospitalar do SUS por Causas Externas em Palmas, Jan/2013 a Jun/2014

Grupo de Causas 2013 % 2014 %

Pedestre traum. em AT 9 7,0 3 2,1

Ciclista traum.AT 3 2,3 5 3,5

Motociclista traumatizado AT 73 56,6 100 70,4

Ocupante de triciclo traum. AT 2 1,6 0 0

Ocupante de automóvel traum

AT

6 4,7 2 1,4

Outros acidentes de transporte

terrestre

11 8,5 8 5,6

Outros acidentes de transporte

e os não especificados

25 19,4 24 16,9

Total 129 100 142 100

SISTEMA DE INFORMAÇÃO HOSPITALAR – SIH

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

Fonte: Ministério da Saúde - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS), 01/09/2014

É importante notificar, identificar e principalmente dar assistência às vítimas

(acolhimento, orientação e encaminhamentos para a rede de atendimento se necessário).

Observamos que houve um aumento das notificações em 2013, que podem ter acontecido

devido à inclusão da Ficha de Violência Doméstica, Sexual e Outras violências (Violência auto

provocada) na lista de notificação compulsória. Mas há também a possibilidade de tendência

de aumento, acompanhando dados brasileiros e do mundo. É válido ressaltar que todas as

Unidades Notificadoras foram capacitadas para o preenchimento da Ficha.

Diante das informações apresentadas reafirmamos a necessidade do fortalecimento da

Rede de Atendimento à Vítima de Violência e de ações de prevenção que sejam efetivas,

eficazes que causem impactos para a mudança de comportamento comunitário. Diante dos

dados e a situação de saúde local, a Área Técnica tem como meta a redução da morbi-

mortalidade decorrente dos agravos por causas externas e prevenção da violência e estímulo

à cultura de paz.

Contudo, há a necessidade de capacitação continua dos profissionais nas Unidades

Notificadoras, pois há inconsistência nos campos da ficha, erro de preenchimento da ficha,

dificuldades no acolhimento do usuário dentre outros entraves que estão muito presentes na

rede de saúde e como tal dificulta a criação de estratégias para lidarmos com esse agravo de

saúde pública tão emergente e que necessita de ações de vigilância e de políticas públicas.

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CONSIDERAÇÕES E COMENTÁRIOS

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REFERÊNCIAS Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de

Saúde.Viva : instrutivo de notificação de violência doméstica, sexual e outras violências / Ministério da

Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Análise de Situação de Saúde. – Brasília :

Ministério da Saúde, 2011. 72 p. : il. – (Série F. Comunicação e Educação em Saúde.

Caixeta CR, Minamisava R, Oliveira LMAC, Brasil VV. Morbidade por acidentes de transporte entre jovens de

Goiânia, Goiás. Ciênc saúde coletiva, 2010.

Cardona D, Peláez E, Aidar T, Ribotta B, Alvarez MF. Mortalidade por causas externas em três cidades latino-

americanas: Córdoba (Argentina), Campinas (Brasil) e Medellín (Colômbia), 1980-2005. Rev bras estud popul,

2008.

FLORIANÓPOLIS. Secretaria de Estado da Saúde. Boletim Epidemiológico nº2, Set 2013.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE (OMS). Informe mundial sobre La violência y la salud. Whashington,

D.C.,Organización Panamericana de La Salud, Oficina Regional para las Américas de La Organizacion Mundial

de La Salud, 2003.

___________________. CID 10 Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à

Saúde. 10° ed revista. São Paulo: Universidade de São Paulo, 2007

REFLEXÃO

“Os analfabetos do próximo século

não são aqueles que não sabem ler ou

escrever, mas aqueles que se recusam

a aprender, reaprender e voltar a

aprender” (Alvin Toffler)

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Boletim Epidemiológico, Volume I, Edição 5 - 2014

Carlos Enrique Franco Amastha

Prefeito de Palmas

Luiz Carlos Alves Teixeira

Secretário Municipal de Saúde

Renata de Oliveira Peres Chaves

Diretora de Vigilância em Saúde

Giselly Eve Sette Cintra

Gerente de Vigilância Epidemiológica

Equipe Técnica

Daniela A. Araujo Fernandes – Psicóloga, residente do Programa de Saúde Coletiva com

ênfase em Vigilância em Saúde

Maria do Socorro Rocha Sarmento – Bióloga, preceptora do Programa de Saúde Coletiva

com ênfase em Vigilância em Saúde

Marta Maria Malheiros Alves – Bióloga, coordenadora da Residência Multiprofissional em

Saúde Coletiva com ênfase em Vigilância em Saúde

Patrícia A. Mendonça Cavalcante – Enfermeira, residente do Programa de Saúde Coletiva

com ênfase em Vigilância em Saúde.

Rayssa Louza Cruz- Fisioterapeuta, residente do Programa de Saúde Coletiva com ênfase

em Vigilância em Saúde.

Endereço

Secretaria Municipal de Saúde

Quadra 502 Sul, Av. Teotônio Segurado – Paço Municipal

EXPEDIENTE