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ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2015 D esde que a professora Celina Guimarães Viana conseguiu seu registro para votar, há 88 anos (faz em 2015), a participação feminina no processo eleitoral brasileiro se consolidou. Celina é apon- tada como sendo a primeira eleitora do Brasil. Nascida no Rio Grande do Norte, ela requereu sua inclusão no rol de eleitores do município de Mossoró-RN, onde nasceu e vi- veu, em novembro de 1927. Foi naquele ano que o Rio Grande do Norte colocou em vigor lei eleitoral que determinava, em seu artigo 17, que no Estado poderiam “votar e ser votados, sem distinção de sexos”, todos os cidadãos que reunissem as condições exigidas pela lei. Com essa norma, mulheres das cidades de Natal, Mossoró, Açari e Apodi alistaram-se como elei- toras em 1928. Assim, o Rio Grande do Norte ingressou na História do Brasil como o Estado pioneiro no reconhecimento do voto feminino. Também no Rio Grande do Norte foi eleita a pri- meira prefeita do Brasil. Em 1929, Alzira Soriano elegeu- -se na cidade de Lages. Somente em 3 de maio de 1933, na eleição para a As- sembleia Nacional Constituinte, que pela primeira vez a mulher brasileira pôde votar e ser votada em âmbito na- cional. Oitenta anos depois, elas passaram a ser maioria no universo de eleitores do país. Marco inicial O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que não trazia qualquer impedi- mento ao exercício dos direitos políticos por mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à possibilidade desse exercício. Foi somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direi- to de votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação do Código Eleitoral de 1932, que, além dessa e de outras grandes conquistas, instituiu a Justiça Eleitoral, que passou a regulamentar as eleições no país. A conquista do voto feminino no Brasil Somente dois anos depois, em 1934, quando da inaugu- ração de um novo Estado Democrático de Direito, por meio da segunda Constituição da República, esses direi- tos políticos conferidos às mulheres foram assentados em bases constitucionais. No entanto, a nova Constituição restringiu a votação femi- nina às mulheres que exerciam função pública remunera- da. O voto secreto garantia o livre exercício desse direito pelas mulheres: elas não precisariam prestar contas so- bre seu voto aos maridos e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em 1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje. Estatística Com a consolidação da participação feminina nas elei- ções, a mulher passou a conquistar cada vez mais o seu espaço no cenário político brasileiro. Hoje, há mulheres em todos os cargos eletivos. Além da Presidência da Re- pública, exercem mandato duas governadoras, 11 sena- doras, 45 deputadas federais e 134 deputadas estaduais. Nas Eleições 2012, 134.296 mulheres se candidataram aos cargos de prefeito e vereador, o que representou um aumento de 9,56% em relação à eleição municipal de 2008. Destas mulheres, 132.308 (31,8% do total de can- didatos) estavam aptas a concorrer ao cargo de vereador. Para prefeito, os dados correspondem a 13,3%, o que equivale a um total de 1.988 mulheres candidatas. Cotas A Lei nº 9.100/1995, que regeu as eleições de 2006, trou- xe uma grande conquista feminina ao determinar que pelo menos 20% das vagas de cada partido ou coligação deveriam ser preenchidas por candidatas mulheres. A Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições) determinou que no plei- to geral de 1998 o percentual mínimo de cada sexo fosse de 25%. Já para as eleições posteriores, a lei xou em 30%, no mínimo, a candidatura de cada sexo. Fonte: Tribunal Superior Eleitoral: Série Inclusão - a conquista do voto feminino no Brasil Aumenta participação de mulheres no mercado de trabalho, constata IBGE A participação das mulheres no grupo de pessoas ocupadas nas 5,2 milhões de empresas e outras or- ganizações formais ativas no país registrou alta de 3,2% entre 2011 e 2012 – crescimento de 1,5 ponto percentual em relação ao aumento da participação dos ho- mens no período (1,7%). Além disso, a participação feminina na variação de pessoal ocupado assalariado, de um ano para outro, foi pela primeira vez superior à presença masculina. Enquanto os homens somaram 41,5% (438,9 mil pessoas), as mulheres, 58,5% (619,8 mil pessoas). Essa melhoria da participação das mulheres no mercado de trabalho também ocorreu em termos salariais. Embora em 2012 os homens tenham recebido, em média, R$ 2.126,67, e as mulheres, R$ 1.697,30, a pesquisa constatou, em relação a 2011, que em 2012 os salários das mulheres tiveram um aumento real superior ao dos homens: 2,4% contra 2%. A informação consta da pesquisa Cadastro Central de Em- presas (Cempre), que o Instituto Brasileiro de Geograa e Estatística (IBGE) divulga hoje (28), com informações cadas- trais e econômicas de empresas e outras organizações for- malmente constituída no país. No setor público, as mulheres já vêm ocupando a maioria dos postos de trabalho, como explicou à Agência Brasil, o gerente da pesquisa, Bruno Erbisti Garcia. Segundo ele, “58,9% das pessoas ocupadas na administração pública são mulheres e 41,1% são homens”. Os dados da pesquisa, ao analisar a escolaridade, indicam que apenas 17,7% haviam cursado nível superior. O pessoal assalariado com nível superior cresceu 6%, enquanto o pes- soal assalariado sem nível superior cresceu apenas 1,6%. A média salarial de quem cursou faculdade chegou, em média, a R$ 4.405,55, enquanto o pessoal sem nível superior rece- bou R$ 1.398,74 – diferença de 215%. A administração pública é o local onde há o maior predo- mínio de pessoal assalariado com nível superior: 35,8% em 2009 e 41,3% em 2012. “É possível observar, ao longo dos anos, aumento na participação dos assalariados com nível superior em todas as naturezas jurídicas. Nas entidades sem ns lucrativos, esse percentual subiu de 25,9%, em 2009, para 27,3% em 2012.”

Boletim Especial Março Mulher

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Boletim Especial da Rede Estadual Março de 2015

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Page 1: Boletim Especial Março Mulher

ESPECIAL DIA INTERNACIONAL DA MULHER 2015

D esde que a professora Celina Guimarães Viana conseguiu seu registro para votar, há 88 anos (faz em 2015), a participação feminina no processo eleitoral brasileiro se consolidou. Celina é apon-

tada como sendo a primeira eleitora do Brasil. Nascida no Rio Grande do Norte, ela requereu sua inclusão no rol de eleitores do município de Mossoró-RN, onde nasceu e vi-veu, em novembro de 1927.

Foi naquele ano que o Rio Grande do Norte colocou em vigor lei eleitoral que determinava, em seu artigo 17, que no Estado poderiam “votar e ser votados, sem distinção de sexos”, todos os cidadãos que reunissem as condições exigidas pela lei. Com essa norma, mulheres das cidades de Natal, Mossoró, Açari e Apodi alistaram-se como elei-toras em 1928.

Assim, o Rio Grande do Norte ingressou na História do Brasil como o Estado pioneiro no reconhecimento do voto feminino. Também no Rio Grande do Norte foi eleita a pri-meira prefeita do Brasil. Em 1929, Alzira Soriano elegeu--se na cidade de Lages.

Somente em 3 de maio de 1933, na eleição para a As-sembleia Nacional Constituinte, que pela primeira vez a mulher brasileira pôde votar e ser votada em âmbito na-cional. Oitenta anos depois, elas passaram a ser maioria no universo de eleitores do país.

Marco inicial

O marco inicial das discussões parlamentares em torno do direito do voto feminino são os debates que antecederam a Constituição de 1824, que não trazia qualquer impedi-mento ao exercício dos direitos políticos por mulheres, mas, por outro lado, também não era explícita quanto à possibilidade desse exercício.

Foi somente em 1932, dois anos antes de estabelecido o voto aos 18 anos, que as mulheres obtiveram o direi-to de votar, o que veio a se concretizar no ano seguinte. Isso ocorreu a partir da aprovação do Código Eleitoral de 1932, que, além dessa e de outras grandes conquistas, instituiu a Justiça Eleitoral, que passou a regulamentar as eleições no país.

A conquista do voto feminino no BrasilSomente dois anos depois, em 1934, quando da inaugu-ração de um novo Estado Democrático de Direito, por meio da segunda Constituição da República, esses direi-tos políticos conferidos às mulheres foram assentados em bases constitucionais.

No entanto, a nova Constituição restringiu a votação femi-nina às mulheres que exerciam função pública remunera-da. O voto secreto garantia o livre exercício desse direito pelas mulheres: elas não precisariam prestar contas so-bre seu voto aos maridos e pais. No entanto, somente as mulheres que trabalhavam (aquelas que recebiam alguma remuneração) eram obrigadas a votar. Isso só mudou em 1965, com a edição do Código Eleitoral que vigora até os dias de hoje.

Estatística

Com a consolidação da participação feminina nas elei-ções, a mulher passou a conquistar cada vez mais o seu espaço no cenário político brasileiro. Hoje, há mulheres

em todos os cargos eletivos. Além da Presidência da Re-pública, exercem mandato duas governadoras, 11 sena-doras, 45 deputadas federais e 134 deputadas estaduais. Nas Eleições 2012, 134.296 mulheres se candidataram aos cargos de prefeito e vereador, o que representou um aumento de 9,56% em relação à eleição municipal de 2008. Destas mulheres, 132.308 (31,8% do total de can-didatos) estavam aptas a concorrer ao cargo de vereador. Para prefeito, os dados correspondem a 13,3%, o que equivale a um total de 1.988 mulheres candidatas.

Cotas

A Lei nº 9.100/1995, que regeu as eleições de 2006, trou-xe uma grande conquista feminina ao determinar que pelo menos 20% das vagas de cada partido ou coligação deveriam ser preenchidas por candidatas mulheres. A Lei nº 9.504/1997 (Lei das Eleições) determinou que no plei-to geral de 1998 o percentual mínimo de cada sexo fosse de 25%. Já para as eleições posteriores, a lei fi xou em 30%, no mínimo, a candidatura de cada sexo.

Fonte: Tribunal Superior Eleitoral: Série Inclusão - a conquista do voto feminino no Brasil

Aumenta participação de mulheres nomercado de trabalho, constata IBGE

A participação das mulheres no grupo de pessoas ocupadas nas 5,2 milhões de empresas e outras or-ganizações formais ativas no país registrou alta de 3,2% entre 2011 e 2012 – crescimento de 1,5 ponto

percentual em relação ao aumento da participação dos ho-mens no período (1,7%). Além disso, a participação feminina na variação de pessoal ocupado assalariado, de um ano para outro, foi pela primeira vez superior à presença masculina. Enquanto os homens somaram 41,5% (438,9 mil pessoas), as mulheres, 58,5% (619,8 mil pessoas).

Essa melhoria da participação das mulheres no mercado de trabalho também ocorreu em termos salariais. Embora em 2012 os homens tenham recebido, em média, R$ 2.126,67, e as mulheres, R$ 1.697,30, a pesquisa constatou, em relação a 2011, que em 2012 os salários das mulheres tiveram um aumento real superior ao dos homens: 2,4% contra 2%.

A informação consta da pesquisa Cadastro Central de Em-presas (Cempre), que o Instituto Brasileiro de Geografi a e

Estatística (IBGE) divulga hoje (28), com informações cadas-trais e econômicas de empresas e outras organizações for-malmente constituída no país.

No setor público, as mulheres já vêm ocupando a maioria dos postos de trabalho, como explicou à Agência Brasil, o gerente da pesquisa, Bruno Erbisti Garcia. Segundo ele, “58,9% das pessoas ocupadas na administração pública são mulheres e 41,1% são homens”.

Os dados da pesquisa, ao analisar a escolaridade, indicam que apenas 17,7% haviam cursado nível superior. O pessoal assalariado com nível superior cresceu 6%, enquanto o pes-soal assalariado sem nível superior cresceu apenas 1,6%. A média salarial de quem cursou faculdade chegou, em média, a R$ 4.405,55, enquanto o pessoal sem nível superior rece-bou R$ 1.398,74 – diferença de 215%.

A administração pública é o local onde há o maior predo-mínio de pessoal assalariado com nível superior: 35,8% em

2009 e 41,3% em 2012. “É possível observar, ao longo dos anos, aumento na participação dos assalariados com nível superior em todas as naturezas jurídicas. Nas entidades sem fi ns lucrativos, esse percentual subiu de 25,9%, em 2009, para 27,3% em 2012.”

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A evolução da participação da mulher no mercado de trabalho

Mulher: luta, igualdade, espaço de trabalho e valorização

Artigos

*Rose Assis Amorim Aleluia

A participação efetiva das mulheres no merca-do de trabalho começou a ganhar signifi cati-va importância, com o advento das primeira e segunda guerras mundiais, (1914 – 1918 e

1939 – 1945 respectivamente), momentos estes em que os homens saíam para as batalhas e as suas esposas e fi lhas passavam a gerenciar os negócios da família, con-sequentemente assumindo o lugar que outrora era ex-clusivo dos homens.

Com o fi m da guerra, muitos homens voltaram e reassu-miram os seus antigos postos no mercado de trabalho, contudo, alguns morreram no front de batalha e outros tantos voltaram mutilados e inválidos para reassumirem as suas antigas funções. Neste momento, impulsionadas pela necessidade de manter o sustento da família e a es-cassez de mão de obra masculina para suprir a demanda pós guerra, as mulheres aparecem como alternativa para levar adiante os projetos e o trabalho que antes eram realizados por seus maridos.

A partir da consolidação do sistema capitalista, inúmeras mudanças ocorreram na produção e na organização do trabalho feminino. Com o desenvolvimento tecnológico e o intenso crescimento da automação industrial, boa parte da mão-de-obra feminina foi transferida para as fábricas.

Dos Direitos e Deveres Individuais e Coletivos Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do di-reito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:

I - homens e mulheres são iguais em direitos e obri-gações, nos termos desta Constituição;

Mesmo com essa conquista, algumas formas de explo-ração perduraram durante muito tempo. Jornadas entre

14 e 18 horas e diferenças salariais acentuadas eram comuns. A justifi cativa desse ato estava centrada no fato de o homem trabalhar e sustentar a mulher. Desse modo, não havia necessidade de a mulher ganhar um salário equivalente ou superior ao do homem.

Argumentação esta que já não é mais aceita devido à grande evolução social vivenciada nos dias atuais.

Pesquisas recentes comprovam que a participação feminina como força de trabalho, cresce exponencial-mente. Curiosamente, essa ascensão se dá em vários países, de maneira semelhante, como se houvesse um silencioso e pacífi co levante de senhoras e senhoritas no sentido da inclusão qualifi cada no mundo do tra-balho. Segundo alguns analistas, esse processo tem origem na falência dos modelos masculinos de proces-so civilizatório. Talvez seja verdade. Os homens, tidos como superiores, promovem guerras, realizam atenta-dos, provocam tumultos nos estádios, destroem o meio ambiente e experimentam a afl ição inconfessa de viver num mundo em que a fi bra ótica substituiu o cipó.

Segundo uma pesquisa recente feita pelo Grupo Ca-tho, empresa de recrutamento e seleção de executivos, as mulheres conquistam cargos de direção mais cedo. Tornam-se diretoras, em média, aos 36 anos de idade. Os homens chegam lá depois dos 40. No entanto, es-sas executivas ganham, em média, 22,8% menos que seus competidores de colarinho e gravata. A boa notí-cia é que essa diferença nos rendimentos vem caindo rapidamente. Por estar a menos tempo no mercado, é natural que elas tenham currículos menos robustos que os dos homens. A diferença nos ganhos tende a inexis-tir em futuro próximo.

Em pesquisa realizada pelo IBGE no ano de 2014 fi cou comprovado que as brasileiras estão conquistando, progressivamente, mais espaço no mercado de traba-lho no setor privado. Pela primeira vez as mulheres su-peraram os homens em trabalhadores assalariados. Em

termos percentuais esta participação signifi ca 58,5% de participação feminina e 41,5% de participação masculina em números gerais.

A história da mulher no mercado de trabalho, no Brasil, está sendo escrita baseada em dois aspectos: a queda da taxa de fecundidade e o aumento no nível de instru-ção da população feminina. Estes fatores vêm acompa-nhando, passo a passo, a crescente inserção da mulher no mercado e a elevação de sua renda.

A expectativa é de que neste século, pela primeira vez na história, as mulheres superem em números gerais os homens nos postos de trabalho.

Se esta oportunidade de crescimento se concretizar, capi-talizando oportunidades emergentes, o impacto no mer-cado de trabalho será, de fato, singular. Signifi ca o rompi-mento de uma forte estrutura, as hierarquias empresariais moldadas pelos homens a partir da Era Industrial.

Parabéns mulheres pela tão sonhada conquista do mer-cado de trabalho, e seja bem vinda ao mundo da dis-puta, da LER do stress e do poder. Pois todo degrau conquistado vem infl ado de grandes responsabilidades e obrigações.

*Por Hercia Azevedo

Este texto traz uma opinião sobre o a luta da mulher brasileira e do seu espaço de trabalho. A trajetó-ria da luta por espaço leva as mulheres brasileiras a uma disputa desigual no mercado de trabalho.

Muitas mulheres, mesmo adquirindo qualifi cação superior aos homens, continuam recebendo salários inferiores, tra-tamento desigual e, em muitos casos, são vitimadas pelo sarcasmo masculino.

Há homens que se sentem tão superiores, que tentam ini-bir o sucesso feminino em sua prática de trabalho e por força da sua masculinidade tentam sublimar a ação femini-na com adjetivos pejorativos.

Em pleno século XXI o comportamento masculino em nossa sociedade ainda é referenciado como o ‘sexo mais forte’, apesar de toda luta das mulheres brasileiras e da demonstração de sua competência na execução de suas atividades laborais.

O preconceito é grande, mas é preciso continuar a luta para garantir o direito constitucional, onde nós mulheres devemos ser respeitadas. Essa disputa se constitui em luta de classe desde a década de 70, quando o mercado de trabalho por elas foi conquistado.

Desde então, nós, mulheres, passamos a ocupar muitos espaços importantes, dentre eles em organizações de pesquisa de tecnologia de ponta, no topo de grandes empresas, pilotando jatos, aviões, lanchas, ônibus, metro, comandando tropas, perfurando até poços de petróleo e água, nos tribunais superiores, nos ministérios e até na Presidência da República.

Portanto, é notória a participação da mulher na política, no esporte, na ciência e em todos os espaços relativos à ação humana. As mulheres em todo o mundo não mais se intimidam com trabalhos que antes eram destinados ao sexo masculino.

A cada década esses espaços são ocupados por mulhe-res que realizam atividades tão quanto, ou melhor, que os homens. Sendo assim, nada justifi ca no Brasil as mulheres serem ainda desrespeitadas e tratadas de forma diferen-ciada e injustamente remuneradas, em relaação aos pro-ventos masculinos na execução das mesmas funções.

Entretanto o que observamos é uma prática cultural en-raizada e cristalizada que precisa ser superada para que haja equidade e respeito pelo trabalho desenvolvido por tantas mulheres brasileiras que enfrentam e realizam ar-

duamente suas funções laborais, superando desafi os e vencendo difi culdades, merecedoras de todo o nosso respeito e valorização. No entanto, de acordo com o Artigo 113, inciso 1 da Constituição Federal,“todos são iguais perante a lei”.

Saudamos a todas as mulheres por não desistirem e conti-nuarem na luta por uma sociedade mais igualitária e justa. Que neste dia 08 de março sejam referenciadas e ovacio-nadas por todos e todas pelo importante papel que de-sempenham no tecido social.

Hercia Azevedo da SilvaDiretora do Departamento de Formação da APLB-Sindicato

*Rose Assis Amorim Aleluia – diretora de Imprensa da

APLB-Sindicato

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Por que 8 de março é o Dia Internacional da Mulher?

A s histórias que remetem à criação do Dia Interna-cional da Mulher alimentam o imaginário de que a data teria surgido a partir de um incêndio em uma fábrica têxtil de Nova York em 1911, quando cerca

de 130 operárias morreram carbonizadas. Sem dúvida, o incidente ocorrido em 25 de março daquele ano marcou a trajetória das lutas feministas ao longo do século 20, mas os eventos que levaram à criação da data são bem anteriores a este acontecimento.

O primeiro Dia Nacional da Mulher foi celebrado em maio de 1908 nos Estados Unidos, quando cerca de 1500 mu-lheres aderiram a uma manifestação em prol da igualdade econômica e política no país. No ano seguinte, o Partido Socialista dos EUA ofi cializou a data como sendo 28 de fe-vereiro, com um protesto que reuniu mais de 3 mil pessoas no centro de Nova York e culminou, em novembro de 1909, em uma longa greve têxtil que fechou quase 500 fábricas americanas.

Em 1910, durante a II Conferência Internacional de Mulhe-res Socialistas na Dinamarca, uma resolução para a criação de uma data anual para a celebração dos direitos da mulher foi aprovada por mais de cem representantes de 17 países. O objetivo era honrar as lutas femininas e, assim, obter su-porte para instituir o sufrágio universal em diversas nações.

Em 8 de março de 1917 (23 de fevereiro no calendário Ju-liano, adotado pela Rússia até então), quando aproxima-damente 90 mil operárias manifestaram-se contra o Czar

Nicolau II, as más condições de trabalho, a fome e a par-ticipação russa na guerra - em um protesto conhecido como “Pão e Paz” - que a data consagrou-se, embora tenha sido ofi cializada como Dia Internacional da Mu-lher, apenas em 1921.

Mais de 20 anos depois, em 1945, a Organização das Na-ções Unidas (ONU) assinou o primeiro acordo internacio-nal que afi rmava princípios de igualdade entre homens e mulheres. Nos anos 1960, o movimento feminista ganhou corpo, em 1975 comemorou-se ofi cialmente o Ano Interna-cional da Mulher e em 1977 o “8 de março” foi reconheci-do ofi cialmente pelas Nações Unidas.

“O 8 de março deve ser visto como momento de mobiliza-ção para a conquista de direitos e para discutir as discrimi-nações e violências morais, físicas e sexuais ainda sofridas

pelas mulheres, impedindo que retrocessos ameacem o que já foi alcançado em diversos países”, explica a profes-sora Maria Célia Orlato Selem, mestre em Estudos Feminis-tas pela Universidade de Brasília e doutoranda em História Cultural pela Universidade de Campinhas.

No Brasil, as movimentações em prol dos direitos da mu-lher surgiram em meio aos grupos anarquistas do início do século 20, que buscavam, assim como nos demais países, melhores condições de trabalho e qualidade de vida. A par-tir dos anos 1970 emergiram no país organizações que pas-saram a incluir na pauta das discussões a igualdade entre os gêneros, a sexualidade e a saúde da mulher. Em 1982, o feminismo passou a manter um diálogo importante com o Estado, com a criação do Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo, e em 1985, com o aparecimento da primeira Delegacia Especializada da Mulher.

Igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.

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Voto Feminino, uma Conquista que Liberta!

Mulheres em ação por um mundo de igualdades e sem violência

*Por Gercyjalda Rosa

Com a conquista do voto em 24 de fevereiro de 1932 as mulheres brasileiras assumiram uma nova postura frente à sociedade e, como já era de se esperar, nada vem fácil. Podemos observar que

diante de tanta luta o voto feminino é fruto de uma inten-sa campanha de mobilização em todo o território nacional que veio a culminar com o Decreto-Lei nº 21.076, de 24 de fevereiro de. 1932.

O machismo e a discriminação dominavam, e só tinha di-reito ao voto mulheres casadas, com autorização do mari-do; viúvas, mulheres solteiras que comprovassem ter ren-da própria. A luta não para e em 1946 fi cou assegurado o voto para todas as brasileiras.

“Luta” é o nosso segundo nome, hoje conquistamos o di-reito de votar, de ser votada e estamos em diversas fren-tes: no Parlamento, na direção de grandes empresas, de sindicatos, centrais sindicais e dentre outras vitórias, con-quistadas, pela segunda vez, ocupamos o posto mais alto do país, a Presidência da República, de forma democrática foi eleita, pelo voto popular, uma grande mulher que é a maior demonstração de nossa representatividade.

Contudo, ainda há muito a conquistar frente ao desrespei-to e às desigualdades enfrentadas no dia a dia por nós,

8 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher. A data é uma forma de reconhecer a grande importância e contribuição da mulher na sociedade.

Embora tenhamos conquistas, muito ainda temos que lutar para superar o preconceito racial, sexual, político, cultural, linguístico e econômico.

É necessário continuarmos trilhando rumo à equidade de gênero em todos os níveis para que tenhamos mais mulheres nas artes, em ciências, tecnologia e engenha-rias, em posições de lideranças, no empreendedorismo, nos esportes e uma maior independência fi nanceira das mulheres.

A mulher tem reivindicado em toda parte do mundo a igualdade de gêneros, tema recorrente em todo mundo. A mulher deixou o seu papel de coadjuvante para prota-gonizar a luta pelos seus direitos: de estudar, trabalhar, votar e ter os mesmos direitos e oportunidades dos ho-mens, traduzidos em salário e jornada de trabalho equi-parados, direito de decisão sobre seu corpo e sua opção sexual, entre outros. É preciso que sejam desenvolvidas iniciativas para a promoção da igualdade de gênero em todas as suas dimensões.

A mulher tem cada vez mais assumido um papel central na família e na sociedade, o que tem gerado uma gran-de responsabilidade e uma carga maior de stress, pois além de chefi ar a família ainda recai sobre seus ombros a responsabilidade com os fi lhos e os cuidados com a casa uma vez que não há divisão das tarefas domésticas com os homens. A consequência desse quadro é um número crescente de mulheres infelizes no casamento.

Outra situação bastante preocupante e que tem afeta-do diretamente a qualidade de vida das mulheres numa

mulheres. Temos que continuar lutando pelas causas femi-ninas, não podemos dormir em berço esplêndido. Temos que criar oportunidades para que haja o cumprimento legal das leis de proteção às mulheres e para tanto não existe outra fórmula a não ser a mobilização e a luta, bem como a busca da unidade da sociedade organizada em nossa defesa, para que haja ampliação dos nossos direitos e conquistas de mais espaço e valorização.

É de fundamental importância fi car atenta e exigir de to-dos os partidos políticos, dos sindicatos, das empresas e em todos os campos que atuamos o complemento à Lei nº 9504/97, que garante o mínimo de 30% na cota de gênero nas listas de candidatos ao Parlamento, nas direções, nas mesas de debates. Convocando os nossos companheiros, porque sem perder a ternura e sem sair dos saltos, “Com Licença Vamos à Luta”.

sociedade machista, é a violência doméstica. No Brasil, uma pesquisa realizada pelo Instituto Avon em parceria com o Data Popular (nov./2014) apontou que 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em relacionamen-tos. 91% dos homens dizem considerar que “bater em mulher é errado em qualquer situação”; uma em cada cin-co mulheres considera já ter sofrido alguma vez “algum tipo de violência de parte de algum homem, conhecido ou desconhecido”; o parceiro (marido ou namorado) é o responsável por mais de 80% dos casos reportados.

Segundo ainda relatório do Ligue 180, da Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República (SPM-PR) 77% das mulheres que relatam viver em situa-ção de violência sofrem agressões semanal ou diariamen-te. É o que revela o Balanço dos atendimentos realizados de janeiro a junho de 2014 pela Central de Atendimento à Mulher.

Nos primeiros seis meses do ano, o Ligue 180 realizou 265.351 atendimentos, sendo que as denúncias de vio-lência corresponderam a 11% dos registros – ou seja, fo-ram reportados 30.625 casos. Em 94% deles, o autor da agressão foi o parceiro, ex ou um familiar da vítima. Os dados mostram ainda que violência doméstica também atinge os fi lhos com frequência: em 64,50% os fi lhos pre-senciaram a violência e, em outros 17,73%, além de pre-senciar, também sofreram agressões.

Das formas de violência informada nos atendimentos realizados pelo Ligue 180, os mais recorrentes foram a violência física (15.541 relatos); seguida pela psicoló-gica (9.849 relatos); moral (3.055 relatos); sexual (886 relatos) e a patrimonial (634 relatos). O Balanço aponta também que os autores das agressões relatadas são, em 83% dos casos, pessoas que têm ou tiveram vínculo afetivo com as vítimas. Leia mais sobre o Balanço do Ligue 180, jan-jun/2014.

Pesquisa apoiada pela Campanha Compromisso e Ati-tude, em parceria com a Secretaria de Políticas para as Mulheres da Presidência da República, revela 98% da população brasileira já ouviu falar na Lei Maria da Penha e 70% consideram que a mulher sofre mais violência dentro de casa do que em espaços públicos no Bra-sil. Saiba mais: Pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres (Data Popular/Ins-tituto Patrícia Galvão, 2013).

Neste sentido, o Dia Internacional da Mulher 2015 re-presenta uma oportunidade para promover debates e ações que conscientize homens e mulheres a lutarem por maior equidade de gêneros, por uma educação não sexista e homofóbica, rompendo com uma cultura machista e opressora, e assim contribuir para elevar a condição da mulher na sociedade.

Fonte: Portais do Dia Internacional da Mulher, Campa-nha Compromisso e Atitude, Pesquisa Percepção da Sociedade sobre Violência e Assassinatos de Mulheres (Data Popular/Instituto Patrícia Galvão, 2013)

*Gercyjalda Rosa Diretora de Políticas Sociais da APLB-Sindicato

*Marilene dos Santos Betros Especialista em Educação InclusivaMestranda em Ciências da Educação

Diretora da Executiva Nacional da CTBCoordenadora em Exercício da

APLB-SindicatoSecretaria da Mulher da CTB-BA

*Marilene Betros

EXPEDIENTE - Informativo do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia - Rua Francisco Ferraro, 45, Nazaré - CEP 40040-465 Salvador - Bahia. Te-lefone (71) 4009-8350 - Fax: 4009-8379 www.aplbsindicato.org.br - [email protected] Diretores Responsáveis: Coordenador Geral: Rui Oliveira - Diretores de Imprensa: Nivaldino Félix de Menezes, Luciano de Souza Cerqueira e Rose Assis Amorim Aleluia. Jornalistas: José Bomfim - Reg.1023 DRT-BA - Leda Albernaz - Reg. 907 DRT-BA - Adriana Roque -Reg.4555 DRT-BA - Fotos: Getúlio Lefundes Borba - Projeto Gráfico e Editoração: Jachson Jose dos Santos.

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