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Boletim da a história  A BOESG (biblioteca dos operários e emp rega dos da soc ied ade gera l) fo i fundada em 1947 por um punhado de trabalhadores dessa companhia de na-  vegação. Tinham iniciado a biblioteca em meados de 1946. Era então móvel a sede. Instalada numa tosca caixa de ferramentas, os livros que ela continha andavam de navio em navio. Como a quantidade de livros aumentou e como a sede se tornav a pequena para os a co- lher, em princípios de 1947 passou a ser dentro de um armário, onde os li-  vros podiam estar ordenados por te- mas. Um ano depois instalou-se em duas salas da empresa. Desde aí não parou de crescer. A BOESG incentiv a-  va os trabalhadores a ler e «a trocar as tabernas e os lupanares, pelos livros; con hec endo os mel hores va lor es da nossa terra, historiadores , filósofos, ro- mancistas, etc.».  Após o 25 de Abril de 1974 a BOESG ainda perdurou, dentro dos moldes em que tinha sido criada, por mais uma dé- cada, mas, quer a reestruturação da em- presa, bem como uma nova realidade social, vieram fazer decrescer as activi- dades e os sócios. Nos anos 9O, parali- sada a v elha BOESG, entra ram para sócios pessoas alheias à companhia de navegação. Trouxeram com elas outra onda para continuar a caminhada inici- ada. Preservaram os livros e realizaram diferentes eventos: debates; ciclos de cinema; exposições; aulas; conferènci- as, etc. Mas, toda esta actividade, noto- riamente dispersa, não conseguiu dar ao espaço um rumo que permitisse pôr a biblioteca a funcionar . o presente Em 2010, em asse mb le ia ger al, fo i aprovada uma proposta de orientação que já vinha a amadurecer há cinco anos, a refundação da biblioteca herda- da em biblioteca e observatório dos es- tr agos da soci ed ad e gl obal iz ada, ob via men te, BOESG . É nes te tra ço que estamos a caminhar. Disponibili- zando os livros existentes e dando con- tinuidade à biblioteca e ao espaço com novos temas e objectivos. O incentivo à leitura e ao conhecimen- to é a função de toda a biblioteca, além disso, a nossa tem por objectivo fundamental adquirir, classificar, arqui-  var tudo aquilo que esteja relacionado com os estragos ou danos produzidos pela sociedade globalizada (globalizada no sentido de englobante, integradora e uniformizadora). Os estragos são vi- síveis em todos os seres vivos, no ar, no solo e na água e estão directamente implicados com a sociedade hierárqui- ca, capitalista e industrial em que vive- mos. A BOESG procura ago ra adqu irir princ ipal mente livros, docu - mentos , brochuras, fil mes que mos - tram as nocividades ou estragos, de modo a permitir a cada indivíduo de- sen vo lv er a sua capacidad e críti ca e construtiva. Podemos encontrar na bi- blioteca tanto livros favoráveis como desfavoráveis, à sociedade actual. Da mesma forma encontramos livros que propõem soluções par a sup era rmos quer os estragos, quer as suas causas. Os livros podem ser consultados na sede da BOESG por todas as pessoas interessadas, os sócios podem requesi- tá-los para ler em casa.  A BOESG organiza regularmente de- bat es, mes as red ond as , exp osi ções, passeios, encontros com os autores e editores, encontros com outras biblio- tec as , cen tro s ou grupo s que parti- lh em preocu pa ções id ên ti ca s ou semelhantes às nossas. Além disso, a BOESG , enqua nto observa tório dos estragos, alerta sobre as nocividades e danos, inquieta-se e intervém.  A BOESG conta act ual men te com cerca de sessenta sócios, originários na sua maior parte de Lisboa, mas tam- bém de outras partes do país e do mundo.  A informatiza ção do catá logo da BO- ESG começou em 2010 e ainda não terminou. Convidamos todos os interessados a inscreverem-se. O nosso propósito, enquanto Biblioteca e Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada* - e Dos Meios Para a Combater - tem dois objectivos, mostrar como ca- da uma das especializações profissionais que compõem a actividade social contribuem para a degradação geral das condições de existência; vamos cartografar essa degrada- ção expondo a produção de estragos como desenvolvi- me nt o auto ri tário onde a arbitrariedade é, na nossa época, a imagem invertida da liberdade possível. Trata-se ao mesmo tempo de indicar, ali onde se puder discernir, as vias para ultrapassar esta paralisia do ser humano que os governantes, os proprietários, os tecnofílicos sonham tornar irreversív el sobre carregan do o prese nte com pró- teses. Não temos modelos para edificarmos a Biblioteca dos Estragos; tudo está para começar. * globalizada no sentido de englobante, integradora e uniformizadora Número 1 26 de Setembro de 2011

Boletim nº1 da BOESG

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8/4/2019 Boletim nº1 da BOESG

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Boletim da

a história

A BOESG (biblioteca dos operários eempregados da sociedade geral) foifundada em 1947 por um punhado detrabalhadores dessa companhia de na-

vegação. Tinham iniciado a bibliotecaem meados de 1946. Era então móvela sede. Instalada numa tosca caixa deferramentas, os livros que ela continhaandavam de navio em navio. Como aquantidade de livros aumentou e comoa sede se tornava pequena para os aco-lher, em princípios de 1947 passou aser dentro de um armário, onde os li-

vros podiam estar ordenados por te-mas. Um ano depois instalou-se emduas salas da empresa. Desde aí nãoparou de crescer. A BOESG incentiva-

va os trabalhadores a ler e «a trocar astabernas e os lupanares, pelos livros;

conhecendo os melhores valores danossa terra, historiadores, filósofos, ro-mancistas, etc.».

Após o 25 de Abril de 1974 a BOESGainda perdurou, dentro dos moldes emque tinha sido criada, por mais uma dé-cada, mas, quer a reestruturação da em-presa, bem como uma nova realidadesocial, vieram fazer decrescer as activi-dades e os sócios. Nos anos 9O, parali-sada a velha BOESG, entraram para

sócios pessoas alheias à companhia denavegação. Trouxeram com elas outraonda para continuar a caminhada inici-ada. Preservaram os livros e realizaram

diferentes eventos: debates; ciclos decinema; exposições; aulas; conferènci-as, etc. Mas, toda esta actividade, noto-riamente dispersa, não conseguiu darao espaço um rumo que permitissepôr a biblioteca a funcionar.

o presente

Em 2010, em assembleia geral, foi

aprovada uma proposta de orientaçãoque já vinha a amadurecer há cincoanos, a refundação da biblioteca herda-da em biblioteca e observatório dos es-tragos da sociedade globalizada,obviamente, BOESG. É neste traçoque estamos a caminhar. Disponibili-zando os livros existentes e dando con-tinuidade à biblioteca e ao espaço comnovos temas e objectivos.

O incentivo à leitura e ao conhecimen-

to é a função de toda a biblioteca,além disso, a nossa tem por objectivofundamental adquirir, classificar, arqui-

var tudo aquilo que esteja relacionadocom os estragos ou danos produzidospela sociedade globalizada (globalizadano sentido de englobante, integradorae uniformizadora). Os estragos são vi-síveis em todos os seres vivos, no ar,no solo e na água e estão directamenteimplicados com a sociedade hierárqui-ca, capitalista e industrial em que vive-

mos. A BOESG procura agoraadquirir principalmente livros, docu-mentos, brochuras, filmes que mos-

tram as nocividades ou estragos, demodo a permitir a cada indivíduo de-senvolver a sua capacidade crítica econstrutiva. Podemos encontrar na bi-blioteca tanto livros favoráveis comodesfavoráveis, à sociedade actual. Damesma forma encontramos livros quepropõem soluções para superarmosquer os estragos, quer as suas causas.

Os livros podem ser consultados nasede da BOESG por todas as pessoasinteressadas, os sócios podem requesi-tá-los para ler em casa.

A BOESG organiza regularmente de-bates, mesas redondas, exposições,passeios, encontros com os autores eeditores, encontros com outras biblio-tecas, centros ou grupos que parti-lhem preocupações idênticas ousemelhantes às nossas. Além disso, a

BOESG, enquanto observatório dosestragos, alerta sobre as nocividades edanos, inquieta-se e intervém.

A BOESG conta actualmente comcerca de sessenta sócios, originários nasua maior parte de Lisboa, mas tam-bém de outras partes do país e domundo.

A informatização do catálogo da BO-ESG começou em 2010 e ainda não

terminou.Convidamos todos os interessados ainscreverem-se.

O nosso propósito, enquanto Biblioteca e Observatóriodos Estragos da Sociedade Globalizada* - e Dos MeiosPara a Combater - tem dois objectivos, mostrar como ca-da uma das especializações profissionais que compõem aactividade social contribuem para a degradação geral dascondições de existência; vamos cartografar essa degrada-ção expondo a produção de estragos como desenvolvi-mento autoritário onde a arbitrariedade é, na nossaépoca, a imagem invertida da liberdade possível. Trata-se

ao mesmo tempo de indicar, ali onde se puder discernir,

as vias para ultrapassar esta paralisia do ser humano queos governantes, os proprietários, os tecnofílicos sonhamtornar irreversível sobrecarregando o presente com pró-teses.Não temos modelos para edificarmos a Biblioteca dosEstragos; tudo está para começar.

* globalizada no sentido de englobante, integradora euniformizadora

Número 126 de Setembro de 2011

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Página 2 Boletim da Biblioteca e Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada

O Mistério do Complexo In-dustrial de Sines

ou como os desastres que de-

sencadeia não são notícia

«Sines e Alqueva têm em comumo facto de serem ambos planosda megalomania fascista. O fas-cismo sabia que muitos dos seuscrimes lhe sobreviveriam e hojeuma das coisas que mais devemdivertir Américo Tomás e Marce-lo Caetano - lá no assento etéreoonde subiram - é precisamente o

super-ruinoso plano de Sines e Alqueva, bomba relógio que ofascismo cá nos deixou pronta adeflagrar para destruir as melho-res conquistas que uma socieda-de mais justa e mais humanapudesse vir a fazer. »*

Estar na zona da costa a sul de Setú-bal e de Sines é, muitas vezes, levarcom cheiros empestados, oriundos

da fábrica de pasta da Portucel, ou,do complexo industrial de Sines. De-pende do vento, do lado donde elesopra e do ponto geográfico ondenos encontrarmos.

Quinta-feira à tarde, fins de Maiodeste ano, um cheiro hediondo inva-de Sines, Jorge, residente não longeda cidade, diz-se habituado, deplorao cheiro, mas afirma que «o proble-ma é a origem e o que está por de-trás dele». Tem trinta anos, trabalhana petroquímica «na altura das para-gens». Um sector pára para repara-ção e manutenção, dando entrada aeste tipo de trabalhadores. Depois,quando a tarefa termina, voltam a fi-car desempregados até nova «para-gem». Enquanto bebo café, Jorgeinforma que as autoridades tinhamapreendido «duas toneladas de pei-

xe por não estar em condições pró-prias para consumo. A notícia saiu

nos jornais». Conta ainda que, emfins de Abril, «foi vista uma manchade hidrocarbonetos à deriva nomar». Dito isto quis saber mais. Já ti-nha lido um edital da Junta de Fre-guesia a proibir a pesca em Sines eaté, a norte, a Aberta Nova. Intriga-

va-me a causa apontada: o transbor-do de uma Etar por via «das forteschuvadas que ocorreram». Já tinhaouvido falar no «pescador desporti-

vo» que chegou a casa, arrumou aofresco o peixe pescado e, no dia se-guinte, quando abriu o frigorifico,um cheiro pestilento a petróleo inva-

diu tudo. Teve de deitar o peixe fo-ra. O Jorge também não acredita nahistória da Etar. Para ele «a coisa

veio da refinaria».

Além da mancha, foi avistada umachama com um tamanho fora donormal vinda de uma das chaminésdo complexo. Por norma, queimamo que está em excesso, daí ser habi-tual ver uma chama acesa. Mas, oque aconteceu foi diferente. Segun-do a Rosa, estudante, e que tambéma viu, «a chama devia ter entre 30 a50 metros de altura». Foi vista numraio de mais de cinquenta quilóme-tros e as testemunhas sublinharam asua anormalidade. Porém, ninguémsabia em concreto o que se tinhapassado. Era nítido o carácter difu-so de toda a informação recolhida.

A começar pela informação emitida

pelas autoridades. Estas, nada fize-ram para diminuir os estragos pro-

vocados pelo despejo para o mar epara o ar de poluentes químicos epetrolíferos. Muito menos se inte-ressaram pela origem e em procu-rar as responsabilidades daquilo aque designaram de «ocorrência».Porquê?

Aqui, nesta zona do Alentejo, ocomplexo industrial de Sines é «agrande força económica», há de-pois o trabalho sazonal no campo eno turismo, e, claro, a pesca. Osalentejanos já vivem com o proble-

ma da sobrevivência há muito tem-po. «Porque precisam de viver,fogem daqui», diz a Tânia, vinte enove anos de idade, desempregadae com uma filha de cinco anos. An-tónio, trinta e cinco anos de idade,marido de Tânia, não fugiu, emtempos trabalhou em Lisboa nadistribuição de bebidas. «Mas nãome dei com aquela vida.» E voltouao mesmo trabalho assalariado.Cultivo de vegetais dentro de estu-fas. Tem patrão o ano inteiro, mas,muitas vezes não há trabalho du-rante alguns dias. Mas, afinal, tam-bém para aqui vêem pessoas deoutros países, tal como os portu-gueses que fogem de Portugal, àprocura da felicidade, bom, à pro-cura de trabalho que proporcione omaior número de bens materiais.

Observatório

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Boletim da Biblioteca e Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada Página 3

Assim, encontramos, por aqui epor acolá, romenos, ucranianos e, in-clusive, cidadãos provenientes da

Tailândia. Trabalham no campo emestufas, sobretudo durante a campa-

nha da apanha de vegetais e frutos.«É pá – diz o Esteves, trabalhadorreformado da refinaria, actualmentea trabalhar, quando pode, nas estu-fas – os gajos trabalham aos domin-gos, dias feriados, não fazempausas, e os encarregados recebemum tanto por cabeça. Tás a ver?»

Também, diz o Ti Zé da tasquinha,«há muito espanhol». Mas, estes tra-

balham no complexo industrial. O Ti Zé tem idade suficiente para selembrar de Sines antes da constru-ção do complexo industrial. «Sinestinha a maior praia do Alentejo. Erabonita. Bem, nessa época o pessoaltrabalhava na agricultura.»

«Dizia-se que o complexo industrialde Sines era para beneficiar a região.No entanto, toda a agricultura localfoi destruída, numa área cultivávelde 40 mil hectares. Isto num paísonde a área cultivável é 13% do ter-ritório nacional. Dizia-se que Sines

vinha trazer mundos e fundos. E noentanto uma das zonas mais ricasem água sofre agora, como tantasoutras, as agruras da falta de água.»

Ao longo de três semanas não con-segui saber mais nada. Quando fala-

va no assunto, ouvia o mesma

história. Já em meados de Junho, de-pois do trabalho, encontro o João,quarenta e poucos anos de idade,(tal como todos os outros, nome fic-tício). O João não tem papas na lín-gua. Trabalha, quando pode e quer,nomeadamente, em trabalhos nocampo. Ninguém lhe coma os mio-los, senão fica bravo. Por esta altura,os «meios de comunicação» divulga-

vam com estrondo o surto de E.Co-li, primeiro em pepinos, de seguidanos rebentos de soja, nas alfaces,

em tomates, ... . Sobre a «ocorrên-cia» em Sines nada, zero. «Pagarama quem deviam pagar para estaremcaladinhos», afirma decisivamente o

João. «Pagaram uma choruda indem-

nização aos pescadores. Pagaramaos ambientalistas locais. Pagaramaos trabalhadores da fábrica. Paga-ram aos jornalistas.»

Estamos no café mercearia da Ti Antónia, com as prateleiras e balcãocorrido em madeira, a lembrar otempo em que não existiam nem su-per, nem hiper-mercados. Os clien-tes vão entrando para beber um

copo, ou, para comprar pão, massa,arroz, pequenas coisas.

«Os petroleiros chegam ao porto deSines e despejam a carga encomen-dada para a refinaria. Esta vai arma-zenando o combustível. E o queaconteceu foi que, na refinaria, nãoconseguiram armazenar tudo aquiloque estavam a receber e tiveram,por questões de segurança, que lan-çar para o mar o excedente. Tam-bém queimam, mas devido àquantidade não conseguiram fazê-loe optaram por se verem livres de-le.», diz o João.

«Se a notícia se espalhasse, a refina-ria ficava em apuros. O negócio do

Verão ficava lixado. Os veraneantesnão vinham para cá. E também nãoé bom para determinados projec-tos turísticos, tipo resort...»

No entanto, devido ao derrame pe-trolífero, peixes, aves e toda a ecolo-gia marinha foram contaminadosou destruídos. É grande a extensãode mar onde foi proibida a pesca.Coincide com a zona contaminada?

As consequências a médio e longoprazo são também, como é de espe-rar de poluentes à deriva, desastro-sas. O petróleo sempre vai para

qualquer sitio, e com ele uma perma-nente e generalizada contaminação

da totalidade do planeta vivo. Mas,nem foi divulgada nenhuma análiseao peixe apreendido, nem foi notí-cia as pessoas que foram ao hospi-tal por via da ingestão de peixe

contaminado e, claro, nada foi feitopara minimizar os estragos.

O João não se surpreende com estesilencioso manto. «Ainda há duassemanas, um amigo meu que traba-lha na petroquímica durante as «pa-ragens» ficou, juntamente com trêscolegas, com queimaduras na cara enos braços. Estavam a fazer a ma-nutenção e quando isso acontece é

suposto não estar a circular com-bustível na conduta desse sector.Mas, grande porra, não é que deixa-ram o combustível a circular. Bum!Houve uma pequena explosão. Ostrabalhadores andam aí enfaixados,foram tratados no hospital, e, claro,indemnizados. Soubeste de algumacoisa, alguém soube de alguma coi-sa? Aquilo podia ter explodido tu-do. O que se passa em Sines é um

mistério, um mistério que pode ex-plodir a qualquer momento.»

Jota do Valinho

Costa Alentejana,

28 de Junho de 2011

*Afonso Cautela, pioneiro da lutaecológica em Portugal. Em 1975escreveu Três Casos de Ecocídio:Sines, Alqueva e Galiza. Em 1974,

foi um dos fundadores do MEP,Movimento Ecológico Português,iniciando, nesse ano a publicaçãodo jornal Frente Ecológica. Em2001, numa entrevista queconcedeu à revista O Consumidor,«Sociedade de consumo é sinónimode tecno-terror», Afonso Cautela,ao contrário de muitos ecologistasreciclados não fez marcha atrás nassuas posições, como podemos

observar pelas citações aquireproduzidas.

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Página 4 Boletim da Biblioteca e Observatório dos Estragos da Sociedade Globalizada

Entre Junho e Julho a biblioteca recebeu desócios os seguintes livros:

Fuel Oil, almacenamiento, combustión ycontaminación atmosférica

Autor: Florencio Benito Gil

Editora: Editorial Blume (Madrid)

Ano: 1969

La guerra por el petroleo

Autor: Anton Zischka

Editora: Ediciones del Zodíaco (Barcelona)

Ano: 1939

La otra historia de los Estados Unidos

Autor: Howard Zinn

Editora: Hiru

Ano: 1997

Comunicado contra o desperdício

Autor: Águstin Garcia Calvo

Editora: Contratempo

Ano:1984

Livros Recebidos

Cicloficina às quartas-feiras das 19h às 23h

RDA69 [Regueirão dos Anjos nº 69 (Anjos)]

Todas as quartas feiras organiza-se uma oficina de bici-cletas, onde podes pedir e dar ajuda na manutenção erecuperação de bicicletas.

Na internet: http://cicloficina.blogspot.comOficina de Restauro (e) de Madeiras alguns sába-dos do mês das 10h às 13h

DaBarbuda [Largo da Severa nº 8 (Mouraria)]

Para quem quiser aprender a arranjar e/ou construirmesas, cadeiras, janelas, gárgulas, móveis, catapultas oubibelots. Não há grande espaço para arrumar coisas,por isso o que vier terá que voltar e vir e voltar e tal.

Se tiverem material, como lixas, cola e vernizes, com oqual queiram contribuir, é bem vindo.

[email protected]

Oficinas

Apelamos aos sócios e não sócios que contribuampara a bom êxito da BOESG, nomeadamente comsugestões e donativos indispensáveis para, por ex-

emplo, assinarmos publicações e adquirirmos li- vros que nos possam ajudar a compreender opresente e a construir a biblioteca em que estamosempenhados.

Com este este boletim queremos dar a conheceros avanços na construção deste projecto, divulgare disponibilizar os livros, registar os estragos e osmeios para a superação daquilo que os origina.

Durante este ano publicámos uma brochura: "Otelemóvel, gadget de destruição massiva", sobre a

problemática do telemóvel, os seus malefícios e to-da destruição causada pela sua produção e uso. Re-alizou-se uma conversa em tom de homenagem a

Juvenal Fernandes, que lutou contara o despotis-mo dentro e fora das prisões durante os anos 70 e80, e que veio depois a morrer em consequênciade uma greve de fome. Por proposta de um sócioa biblioteca organizou um ciclo de homenagem aorealizador José Maria Nunes, considerado o pai daescola de cinema de Barcelona. A FICEDL (Fede-

ração Internacional dos Centros de Estudos e Do-cumentação Libertários) realizou na biblioteca oseu XV encontro, no qual se discutiu entre outrascoisas a problemática do arquivamento e conserva-ção dos arquivos.

Neste momento já temos mais de 2000 livros cata-logados e pesquisáveis através de um programa in-formático. Quem visite a bilioteca poderápartipicipar deste processo, ajudando assim a tor-nar o acervo da biblioteca mais acessível a todos.

A abertura ao público da Biblioteca está depen-dente das disponibilidades dos sócios. A partirdeste mês de setembro a biblioteca estará abertatodos os domingos entre as 16h e as 20h. Paramais informações e outros horários poderão con-tactar a biblioteca:

Email: [email protected].

Na Internet: boesg.blogspot.com

Na Biblioteca: Rua das Janelas Verdes nº 13, 1º

esquerdo (Santos-o-Velho), 1200-690 Lisboa,Portugal

A Biblioteca