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Renault: a montadora e os fornecedores. Elementos de pesquisa comparada entre Brasil e França 1 Olga Lucia Castreghini de Freitas FIRKOWSKI 2 AGB – Curitiba Universidade Federal do Paraná [email protected] Patrícia BALISKI 3 AGB – Curitiba Universidade Federal do Paraná [email protected] Resumo O presente trabalho visa contribuir com elementos para o entendimento da inserção do grupo francês Renault no Brasil em meados da década de 1990, especificamente em São José dos Pinhais no Aglomerado Metropolitano de Curitiba. Entender essa localização requer compreender as transformações pelas quais o referido grupo passou na década de 1990, as quais repercutiram diretamente no modelo implantado no Brasil. Nesse período o grupo Renault iniciou um processo de internacionalização e reestruturação interna, sendo uma de suas repercussões a implantação da unidade industrial no estado do Paraná, materializando desta forma, um novo paradigma produtivo, qual seja, o da localização conjunta entre montadora e principais fornecedores (Parque Industrial de Fornecedores – PIF’s). Assim, a relação entre montadora e fornecedores constituiu-se em uma das dimensões de análise e se efetivou pelo estudo comparativo das relações existentes destes atores nas unidades Renault Douai (Norte da França) e Renault Curitiba (Paraná, Brasil). Tal comparação se baseou na análise da origem dos fornecedores, da importância no processo produtivo, bem como na proximidade geográfica destes em relação às unidades montadoras: até 5 km, de 6 a 30 km, de 31 a 150 km, entre 151 e 300 km, entre 301 e 550 km, e mais de 1 Pesquisa desenvolvida com o apoio do CNPQ: Observatório das Metrópoles/Instituto do Milênio/CNPQ (Linha 1) e Bolsa PDE 2 Professora do Departamento de Geografia UFPR, Pesquisadora do Observatório das Metrópoles, Núcleo Curitiba 3 Bolsista PIBIC/CNPQ, integrante do Observatório das Metrópoles, Núcleo Curitiba

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Renault: a montadora e os fornecedores. Elementos de pesquisa comparada entre

Brasil e França1

Olga Lucia Castreghini de Freitas FIRKOWSKI2

AGB – Curitiba

Universidade Federal do Paraná

[email protected]

Patrícia BALISKI3

AGB – Curitiba

Universidade Federal do Paraná

[email protected]

Resumo

O presente trabalho visa contribuir com elementos para o entendimento da

inserção do grupo francês Renault no Brasil em meados da década de 1990,

especificamente em São José dos Pinhais no Aglomerado Metropolitano de Curitiba.

Entender essa localização requer compreender as transformações pelas quais o referido

grupo passou na década de 1990, as quais repercutiram diretamente no modelo

implantado no Brasil. Nesse período o grupo Renault iniciou um processo de

internacionalização e reestruturação interna, sendo uma de suas repercussões a

implantação da unidade industrial no estado do Paraná, materializando desta forma, um

novo paradigma produtivo, qual seja, o da localização conjunta entre montadora e

principais fornecedores (Parque Industrial de Fornecedores – PIF’s). Assim, a relação

entre montadora e fornecedores constituiu-se em uma das dimensões de análise e se

efetivou pelo estudo comparativo das relações existentes destes atores nas unidades

Renault Douai (Norte da França) e Renault Curitiba (Paraná, Brasil). Tal comparação se

baseou na análise da origem dos fornecedores, da importância no processo produtivo,

bem como na proximidade geográfica destes em relação às unidades montadoras: até 5

km, de 6 a 30 km, de 31 a 150 km, entre 151 e 300 km, entre 301 e 550 km, e mais de

1 Pesquisa desenvolvida com o apoio do CNPQ: Observatório das Metrópoles/Instituto do Milênio/CNPQ (Linha 1) e Bolsa PDE 2 Professora do Departamento de Geografia UFPR, Pesquisadora do Observatório das Metrópoles, Núcleo Curitiba 3 Bolsista PIBIC/CNPQ, integrante do Observatório das Metrópoles, Núcleo Curitiba

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551 km. Observa-se que, enquanto na unidade francesa o predomínio é das classes de

proximidade de 151 a 300 km e de 301 a 550, no Brasil, o destaque é para as classes de

até 30 km e aquela de mais de 300 km. Isso revelou a materialização da lógica

organizacional do PIF no Brasil, agregando os principais fornecedores no entorno da

unidade, realidade inexistente em Douai no mesmo período. Desta forma, a localização

da Renault no Brasil pode ser compreendida como o reflexo de internacionalização do

grupo e principalmente como um teste de um novo modelo de organização produtivo

fora do território francês.

Palavras-chave: Renault, Parque Industrial de Fornecedores, Internacionalização,

Proximidade.

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Introdução

A perspectiva de comparação de realidades tão distintas quanto a brasileira e a

francesa, no que concerne à indústria automobilística, foi motivada pela busca da

compreensão do contexto de origem e atuação da empresa Renault na França, bem

como da ampliação do horizonte explicativo para os processos desencadeados no Brasil,

quando de sua implantação em São José dos Pinhais (Região Metropolitana de

Curitiba), no final dos anos de 1990. Muitos desses processos, só podem ser

compreendidos se consideras certas lógicas vigentes no país de origem e que definiram

de modo apriorístico, seu funcionamento no Brasil.

A relação entre a montadora e seus fornecedores constitui-se numa das

dimensões dessas definições apriorísticas e será o objeto central de análise no presente

texto.

Contudo, serão também analisados os condicionantes das transformações na

indústria automobilística no período recente, sobretudo após a década de 1990, no

âmbito do paradigma produtivo-organizacional; o peso desse setor no conjunto da

indústria francesa, bem como as estratégias particulares da Renault para se adequar ao

novo paradigma produtivo, com ênfase na criação dos PIF’s – Parque Industrial de

Fornecedores, bem como do estabelecimento de unidades produtivas em novos locais de

produção, dentre eles o Brasil.

Acredita-se que por meio desses elementos, seja possível a ampla compreensão

do processo desencadeado no Brasil, na medida em que a empresa, muito embora

atuando em território nacional, pauta-se em uma “filosofia” de produção constituída a

partir de outra realidade.

Procedimentos da perspectiva comparada

De modo a efetuar a comparação pretendida, além da busca de informações em

bibliotecas especializadas na França e de contatos com pesquisadores sobre a temática,

apresentava-se como imperativo a obtenção de informações sobre os fornecedores da

Renault, tanto no Brasil quanto na França.

Como todo trabalho que necessita de dados dessa natureza, considerados

sigilosos pelas empresas, as dificuldades foram muito grandes. No caso brasileiro,

utilizou-se uma base de dados relativa ao ano de 2001 e, no caso francês, uma base de

dados relativa ao ano de 1995, obtida por meio de fonte secundária, qual seja, um anexo

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de uma tese de doutorado contendo a relação detalhada dos fornecedores da unidade da

Renault em Douai (norte da França).

De posse de tais informações, precedeu-se a organização dos dados utilizando-se

os mesmos critérios, ou seja, a localização do fornecedor em relação à montadora em

quilômetros, além de uma unidade que permitisse dimensionar a participação do

produto fornecido na produção do automóvel. Para o caso brasileiro trabalhou-se com a

inserção do produto na cadeia de produção do automóvel e para o caso francês com o

volume mensal de compras.

Desse modo, foram elaborados mapas que permitiram a comparação de ambas as

realidades, muito embora, os marcos temporais fossem distintos, ou seja, enquanto no

caso brasileiro os dados refletem a nova estruturação da indústria automobilística, no

caso francês os dados refletem exatamente o período de transformação e enxugamento

do total de fornecedores, como será discutido no texto. Mesmo com essas diferenças,

acredita-se positiva a comparação, pois se trata de compreender a lógica espacial dessa

indústria e suas condicionantes em realidades tão distintas, na primeira (França) esse

setor industrial tem um forte peso no processo de industrialização, desde sua gênese,

bem como os processos de transformação são mais lentos em razão desse tempo mais

longo de existência. Quanto ao Brasil, apesar desse setor também ter um grande peso no

âmbito da industrialização, o processo se deu por meio da implantação de unidades

multinacionais, o que resulta em lógicas pré-definidas por uma ordem distante.

O papel da Renault no contexto da produção mundial de automóveis

O setor automobilístico francês mostra-se intrinsecamente relacionado ao

desenvolvimento industrial naquele país, revelando de modo inequívoco, o grande peso

desse setor no conjunto das empresas francesas. Dentre as cem maiores empresas

francesas em 2007, em primeiro lugar aparece o setor “construção do automóvel”, com

28% das empresas, em terceiro lugar o setor “equipamentos” com 9%, em quinto lugar

o setor “pneus” com 5%. Juntos, esses setores diretamente vinculados à produção do

automóvel, totalizam 40 empresas e, igualmente, 40% do total (Tabela 01).

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Tabela 01 - Cem maiores empresas francesas, classificadas segundo o número de funcionários por setor, em 2007

Setores Quantidade Funcionários % Construção do automóvel 28 129077 40,4 Aeronáutica 9 35497 11,1 Equipamentos 7 13842 4,3 Componentes eletrônicos 7 15389 4,8 Pneus 5 18151 5,6 Telecomunicações 5 12243 3,8 Construção naval 5 11166 3,4 Farmácia 5 9552 2,9 Alimentação 5 9329 2,9 Material elétrico 4 13620 4,2 Armamento 4 8165 2,5 Transformação do aço 2 6779 2,1 Combustíveis 2 4838 1,5 Metalurgia 2 4397 1,3 Joalheria 1 8900 2,7 Produtos agrícolas 1 2765 0,8 Material de manutenção 1 2516 0,7 Mecânica de precisão 1 2469 0,7 Artigos metálicos 1 2003 0,6 Material médico 1 1914 0,5 Edição impressa 1 1804 0,5 Informática 1 1748 0,5 Petróleo 1 1600 0,5 Máquinas industriais 1 1586 0,4 Total 100 319350 100 Fonte: L’Usine Nouvelle, n. 3064-3065, jul-ago 2007, p. 68-69.

Quanto aos empregos, esses três setores ocupam 161.070 funcionários, o que

corresponde a 50% dos funcionários ocupados no total das 100 maiores empresas

francesas.

A centralidade exercida pelo setor automotivo na economia pode ser também

observada pelo fato de que 7 entre as 10 maiores empresas francesas são desse setor,

com destaque para a participação da PSA Peugeot-Citröen, ficando a Renault em

posição secundária no conjunto.

Muito embora a marca Renault seja reconhecida internacionalmente no âmbito

da produção de veículos, foi apenas no final dos anos de 1990 que a empresa lançou-se

numa estratégia de internacionalização, seja por meio da implantação de novas unidades

produtivas no Brasil, Europa de Leste e China, seja por meio das alianças e aquisições

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como aquela com a Nissan e Dacia. Até então, predominava sua característica de

atuação mais regional, centrada na França e na Europa Ocidental.

No contexto da produção mundial4, pode-se afirmar que a Renault ocupa posição

intermediária, ou seja, não se apresenta dentre as maiores companhias, contudo, seu

peso mundial não pode ser negligenciado, sobretudo após a recente parceira com a

Nissan. No ano de 2005, a Renault produziu cerca de 2.500.000 veículos (Atlas

Renault), dos quais 87% foram veículos de passeio ou particulares.

Diferentemente da VW ou da GM, a atuação das montadoras francesas tanto

Renault quanto Peugeot é mais concentrada na Europa Ocidental, com incipiente

expansão para a Europa Oriental e países emergentes, dentre eles o Brasil. Assim,

quando se observa a repartição mundial de sua produção, 51% é originária na França;

24% na Europa Ocidental e 25% no “resto do mundo”, onde se insere a América do Sul

e, em particular, o Brasil. Os maiores mercados da Renault em 2005 foram,

respectivamente: França, Espanha, Reúno Unido, Alemanha e Itália, confirmando sua

característica de forte atuação européia.

Dos cerca de 126 mil trabalhadores do Grupo Renault em 2007, 55% estão na

França, distribuídos pelas seis unidades produtivas localizadas em Batilly (produzindo o

Master II e o Mascott), Dieppe (Clio III Renault Sport, Mégane II Renault Sport), Douai

(Mégane II, Mégane II conversível e Scénic II), Flins (Clio III e Twingo), Maubeuge

(Kangoo, Kangoo Express, Kangoo II, Kangoo II Express e Kubistar (Nissan)) e

Sandouville (Espace IV, Laguna II Berlina, Laguna II Estate, Laguna III Berlina,

Laguna III Estate e Vel Satis), o que demonstra a relevância do país de origem no

âmbito da atuação da montadora (Figura 01).

4 No ano de 2005 foram produzidos no mundo cerca de 66 milhões de veículos, sendo 46 milhões de carros de passeio ou particulares e 20 milhões de veículos comerciais (OICA, 2007), o Japão produziu cerca de 9 milhões, seguido pela Alemanha com 5,3 milhões e EUA com 4,3 milhões.

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Figura 01

A unidade brasileira da Renault ocupa discreta posição no conjunto do Grupo,

tendo produzido no ano de 2005, pouco mais de 60 mil veículos, o que correspondeu a

cerca de 2,5% da produção total da Renault naquele ano. No Brasil, tal produção

posiciona a Renault distante dos maiores produtores como a Volkswagen que produziu

mais de 500 mil veículos no ano de 2004.

A reestruturação produtivo-organizacional e a redução dos fornecedores

No âmbito da Renault, a reestruturação produtivo-organizacional que

caracterizou o setor automotivo após a década de 1980, pode ser observada por meio da

redução do total de fornecedores, assim, enquanto em 1985 a central de compras da

Renault tratava com 1415 fornecedores, em 1989 esse número caiu para 900

(Archambeu, 1987).

Para Gorgeu e Mathieu (1991, p. 10) nos anos de 1980 colocou-se em curso um

severo processo de seleção de fornecedores, o que ocasionou uma grande redução no

número total dos mesmos. Para os autores, na Renault e na PSA tal redução se fez

acompanhar da desintegração, tendo em vista que os construtores “abandonaram certas

técnicas como a forja e a cablagem que passaram a ser confiadas a especialistas

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exteriores. Eles compram funções completas como o assento, a linha de escapamento, o

conjunto de pára-choques, isto lhes permite transferir para seus fornecedores operações

de montagem que, anteriormente, eram feitas em suas fábricas”.

A redução do número de fornecedores tem repercussão direta nas exigências

sobre aqueles que são selecionados e, nessa perspectiva, as montadoras francesas

privilegiaram os fornecedores de origem européia.

A escolha dos fornecedores se baseia em rígidos critérios de adequação dos

fornecedores às demandas da montadora, dentre as quais a qualidade tem destaque, além

da capacidade para participar do desenvolvimento técnico; capacidade de entregar as

quantidades solicitadas em prazos cada vez mais curtos; competitividade de preços;

situação financeira e capacidade de ser um líder europeu.

Tais critérios são os que, de fato, selecionam os fornecedores que participam

diretamente do processo produtivo do automóvel, assim, trata-se de uma seleção

pautada por exigências da montadora e de uma seleção que ocorre e revela uma

estratégia da sede da empresa, portanto, localizada na França. Desse modo, tais critérios

julgam de modo apriorístico os fornecedores, ou seja, no âmbito não de uma atuação

localizada num ou noutro país, mas da grande estratégia da empresa. Com isso, quando

da implantação da Renault em Curitiba, tais enlaces já estavam definidos, os

fornecedores já eram parceiros da montadora e com ela seguiram para a nova

localidade.

Face da nítida preferência das montadoras francesas por fornecedores europeus,

pode ser observada na afirmação de Gorgeu e Mathieu (1991, p. 13), segundo a qual,

“os construtores desejam que os fornecedores sejam os mesmos em todos os países onde

eles têm fábricas de montagem [...] eles devem ser os melhores sob todos os aspectos e

os líderes na Europa em sua especialidade [...] os construtores não estimulam a situação

de monopólio, nem privilegiam apenas um, mas desejam ter para cada família de

produtos dois fornecedores no mínimo e quatro ou cinco no máximo”.

Na perspectiva das entregas rápidas e dos horários rígidos das mesmas, os

fornecedores devem estar o mais próximo possível da montadora. Para tanto, o espectro

de possibilidades apontadas por Gorgeu e Mathieu (1991, p. 20), é o seguinte:

- fluxo sincrônico: relaciona-se ao fornecimento de equipamentos volumosos, tais como

assentos, escapamentos, reservatórios, dentre outros, ou necessários em grande

variedade. Os produtos são produzidos em tempo real, sem estoques e há entre um e

dois fornecedores para cada produto. Nesse caso, a distância do fornecedor até a

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montadora é função do tempo de entrega necessário, na ótica dos construtores, é

desejável uma distância curta, entre 30 e 40 quilômetros;

- entrega em Recor ou kanban: a sigla RECOR significa « Remplacement d’Encours

bases sur la Consommation », ou seja, “Substituição de componentes baseado no

consumo”; nesse caso a localização pode ser um pouco mais distante;

- entrega em SPARTE: Système de Programmation des Approvisionnements

Rationalisé Par une Technique Economique ou Sistema de Programação dos

Abastecimentos Racionalizado pela Técnica Econômica, trata-se de uma estratégia de

antecipação do consumo, o construtor não sabe exatamente a hora que o veículo passará

nos diferentes postos de montagem, mas somente os carros que serão montados em seis

dias. Esse sistema não exige a proximidade do fornecedor.

A localização dos fornecedores próxima ao construtor revela sua estratégia de

conjunto, mas como afirmam Gorgeu e Mathieu (1991, p. 26), o fornecedor é livre para

escolher a localização que melhor lhe convier, porém, para o fornecedor a liberdade de

escolha de uma implantação é limitada à distância do construtor, mas também ao tempo

de transporte e as redes de transporte disponíveis.

A unidade fornecedora instalada perto do construtor pode ser de diferentes tipos:

apenas um local de estocagem de produtos; uma unidade onde são feitas as últimas

operações em função das características do produto a ser entregue; uma unidade de

montagem de elementos fabricados fora; ou uma verdadeira unidade de fabricação.

A localização dos fornecedores de proximidade é orientada pela relação do seu

produto com o tempo de requisição do mesmo, ou seja, quanto mais curto o tempo de

requisição, mais próxima deve estar o fornecedor.

Proximidade e criação dos PIF’s – Parques Industriais de Fornecedores

O anúncio da implantação da Renault no Paraná se deu em 1995, e seu efetivo

funcionamento ocorreu no ano de 1998. A despeito das condições locais favoráveis para

tal empreendimento5, esse período foi marcado por importantes turbulências no âmbito

da empresa e de sua estratégia de localização em nível internacional.

Concomitante a esses acontecimentos no Brasil, onde a chegada da empresa era

festejada e tomada como marco na transformação da economia paranaense, na Europa a

5 Aporte de capital pelo governo estadual no âmbito da guerra fiscal, elevação nos níveis de consumo de veículos novos em razão da estabilização da economia, doação de terreno por parte da prefeitura municipal, dentre outros.

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Renault passava por um processo de reestruturação, que culminou com o fechamento da

unidade produtiva da Renault em Vilvoorde, na Bélgica, em fevereiro de 1997, em

nome da racionalização da produção do grupo na Europa. A unidade belga era uma das

mais antigas do grupo, tendo sido implantada em 1932, e produzindo progressivamente

modelos como o Juvaquatre, Dauphine, R4, R8, R11, R5, depois o Clio e o Mégane.

No início dos anos de 1990, havia uma crise de superprodução de veículos na

Europa, em 1995 era anunciada uma previsão considerável de perda de capitais para o

ano seguinte.

Assim, as afirmações de Fischer (1994) ganham materialidade, ao se referir ao

território da empresa como flutuante, em permanente construção, ao sabor da conjuntura

e das oportunidades, descontínuo, marcado por ligações e relações entre os lugares,

pelos fluxos de troca. Trata-se de um espaço móvel, estruturado por fluxos e redes,

marcado pela lógica de adaptação permanente às mudanças de condições da produção

industrial.

Para Freyssenet, Fridenson e Pointet (1995, p. 82), a estratégia de futuro do

grupo Renault anunciada em meados de 1995, justamente no momento do anúncio da

implantação de uma unidade produtiva no Brasil era:

“prosseguir o esforço de qualidade sobre os produtos e os serviços; desenvolver um grupo coerente cuja atividade essencial é a atividade automotiva; o grupo continua aberto a toda cooperação ou parceria para se desenvolver e conquistar novos mercados; oferecer uma gama completa, veículos particulares e utilitários, renovados a um ritmo sustentado; a vocação de construtor generalista é reafirmada e completada pelo conceito de “voiture à vivre” (carro para viver), quer dizer posto ao serviço do homem; internacionalizar a Renault por dois meios transformando-a na primeira marca na Europa e buscando novas aberturas internacionais; uma instalação industrial está em estudo no Brasil; prosseguir os esforços de produtividade para um futuro mais competitivo sobre os custos e os prazos na Europa.”

Uma das estratégias para a viabilização das mudanças, foi encontrar uma nova

forma de organização da produção, que assumia novas características e necessidades.

Para Adam-Ledunois, Guédon e Renault (2007), a criação dos Parques

Industriais de Fornecedores (PIF), materializava essa nova organização do sistema

industrial, com vistas a aumentar a competitividade dos construtores de automóveis. Os

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PIF’s têm como fundamento a localização em proximidade de certos fornecedores,

sobretudo os equipamenteiros6, visando a otimização do tripé qualidade-custo-prazo.

Contudo, no âmbito dessa proximidade geográfica, não se trata de supervalorizar

a distância métrica entre dois pontos, a distância que importa na atualidade não é essa,

mas aquela que se relaciona ao tempo, função direta das infra-estruturas de transporte.

Outra forma de proximidade é a organizada, ou seja,

“a capacidade de uma organização fazer interagir seus membros. Duas lógicas distintas sustentam a proximidade organizada, uma lógica de pertencimento e uma lógica de similitude. Segundo a lógica de pertencimento, as interações entre dois membros de uma organização são facilitadas por regras comuns que as regem. Essas últimas podem ser implícitas ou explicitas. A lógica da similitude pode se definir como o compartilhamento pelos membros de uma organização de um mesmo sistema de valores, de representações. As interações se encontram simplificadas por um ‘background’ comum”(Adam-Ledunois, Guédon e Renault, 2007, p. 5).

O PIF é assim, “um espaço reservado a alguns fornecedores de primeiro plano

ao interior ou na proximidade imediata de uma fábrica de produção de um construtor. A

essência mesma dos PIF é então agrupar em um mesmo lugar atores independentes,

implicados em uma mesma cadeia de produção. A proximidade geográfica é o elemento

chave na origem da criação desses sítios...” (Adam-Ledunois, Guédon e Renault, 2007,

p. 12).

A produção modular do automóvel significa que os fornecedores produzirão a

montante, a montagem de diferentes peças que se constituirão em módulos ou conjuntos

prontos. Como tais módulos são mais volumosos que as peças individuais que os

compõem, e como eles necessitam entrar na produção em momentos precisos

(sincronia), a proximidade geográfica é importante, muito embora em casos específicos

não seja vital.

Cada fornecedor em proximidade mantém sua identidade de empresa e cultural,

contudo, eles devem adotar as convenções do construtor, “no contexto de um PIF, um

dos efeitos imediatos da proximidade reside na criação de um espaço de relações” [...] a

proximidade geográfica é um facilitador da aprendizagem inter-organizacional quando

ela é ativada pela proximidade organizada” (Adam-Ledunois, Guédon e Renault, 2007,

p.15-16).

6 Equipamenteiros é a denominação francesa para os fornecedores de mais alto nível na hierarquia produtiva, no Brasil são denominados de fornecedores de primeiro nível ou de primeira camada.

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Ainda segundo Adam-Ledunois, Guédon e Renault (2007, p. 19) “a criação do

PIF é uma iniciativa dos construtores”. Eles desejam que se implantem à sua

proximidade os fornecedores de peças particularmente incômodas, frágeis ou

diversificadas. A obtenção de um mercado implica para tais fornecedores que eles

aceitem se implantar no interior de um PIF pela duração do programa. O construtor está

também fechado nas relações de parceria durante a duração contratual. Este estado de

coisas sugere uma ambivalência entre a proximidade geográfica buscada (respondendo

as necessidades de proximidade ligada notadamente à tensão dos fluxos produtivos) e a

proximidade geográfica sofrida (que impõe constrangimentos de proximidade).

Desse modo, a proximidade geográfica será fundamental para a redução no fluxo

de tempo de circulação dos produtos, facilitando, sobremaneira, as operações de JIT e a

produção modular subjacente.

A política de parceria com fornecedores foi estimulada após 1998, quando

Carlos Ghosn presidia o grupo Renault. Assim, a implantação de fornecedores de

proximidade passou a fazer parte das estratégias produtivas do grupo

A lógica de proximidade e implantação dos PIF’s norteou a concepção da

unidade brasileira da Renault em Curitiba, inaugurada em 1998. O que permite concluir

que sua implantação no Brasil representou uma espécie de “teste” de um novo modelo,

facilitado pelo fato de que a unidade era inexistente, ou seja, não implicando quaisquer

constrangimentos, físicos ou sociais, para sua instalação. Trata-se, de fato, daquilo que

Mathieu e Gorgeu (2004) denominaram de greenfield plants, ou seja, unidades

implantadas e desprovidas de heranças passadas que pudesse oferecer resistência ao

novo modelo e permitindo as experimentações exigidas pelo pós-fordismo à produção

do automóvel.

Foi assim no Brasil, a unidade “experimental” da Renault foi implantada e seus

resultados positivos favoreceram a implantação do modelo na França. Há que se

destacar que, tal qual no caso da deslocalização da unidade de Vilvoorde na Bélgica,

parece que há uma tentativa de “preservar” as unidades instaladas em território francês,

de modo a não perturbar a ordem sócio-organizacional do grupo. Assim, experiências

piloto e mesmo o fechamento de unidades são realizados preferencialmente nas

unidades instaladas em outros países, que não a França.

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Estratégias espaciais comparadas: a proximidade entre fornecedor e montadora no

Brasil e na França

Para além das considerações apontadas anteriormente e de modo a alcançar o

objetivo da comparação entre as estratégias espaciais da Renault e de seus fornecedores

no Brasil e na França, foram analisadas as relações montadora-fornecedores nas

unidades Renault Douai e Renault Curitiba.

A unidade da Renault Douai foi implantada no ano de 1970, na região do Nord-

Pas-de-Calais, cuja principal cidade é Lille, já a unidade Renault Curitiba foi implantada

no município de São José dos Pinhais (Região Metropolitana de Curitiba), na segunda

metade da década de 1990.

Tal comparação se baseou na análise da origem dos fornecedores da unidade da

Renault Douai, por volumes de compras e na definição das escalas de proximidade

geográfica, utilizando-se a mesma classificação definida para a análise do caso

brasileiro, qual seja: até 5 km da montadora; entre 6 e 30 km; entre 31 e 150 km; entre

151 e 300 km; entre 301 e 550 km e mais de 551 km.

Essas classes de proximidade foram adaptadas daquelas definidas por Mathieu e

Gorgeu (2004), que apontam a seguinte relação de proximidade inter-firmas: 1) inferior

a 3 km da montadora: trata-se de proximidade imediata, sobretudo quando os novos

estabelecimentos são criados para entrega em sincronia com a montadora; 2) até cerca

de 200 ou 300 km: são estabelecimentos que buscam solução para os problemas de

qualidade e é possível efetuar o deslocamento de ida e volta no mesmo dia; 3) mais de

500 km: são aqueles estabelecimentos onde as entregas são feitas a cada 24 ou 48 horas;

nesse caso, há necessidade de estoque de produtos pela montadora.

O fato de os dados retratarem períodos temporais distintos, respectivamente

1995 para a unidade francesa e 2001 para a brasileira, possibilitou a avaliação das

distintas lógicas, ou seja, nessa época na França a estratégia dos PIF’s ainda era

incipiente, enquanto no Brasil a unidade produtiva foi implantada inteiramente nessa

lógica. Como resultado, a significativa diferença entre o número de fornecedores nas

duas unidades, como pode ser observado na Tabela 02, bem como das classes de

proximidade entre fornecedor e montadora.

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Tabela 02 – Classes de Proximidade na Renault

Número de Fornecedores

Classes de Proximidade Douai1 (França) Curitiba2 (Brasil)

Até 5 km 0 5

De 6 a 30 km 11 18

De 31 a 150 km 32 2

De 151 a 300 km 112 0

De 301 a 550 km 92 47

Mais de 5513 22 2

Total 269 744

1 Fonte dos dados: Delmer-Lantreibrcq (1996) 2 Fonte dos dados: Baliski e Firkowski (2007)

3 Na Unidade Douai o limite máximo é de 1230 km e na Unidade Curitiba é de 870 km. 4 A Unidade Curitiba conta com 11 fornecedores localizados no exterior, o que totaliza 85 fornecedores.

Observa-se que, enquanto na unidade francesa o predomínio é das classes de

proximidade de 151 a 300 km e de 301 a 550, no Brasil, o destaque é para as classes de

até 30 km e aquela de mais de 300 km. Isso revelou a materialização da lógica

organizacional do PIF no Brasil, agregando os principais fornecedores no entorno da

unidade, realidade inexistente em Douai no mesmo período.

Em relação a essa última, merece destaque a diferença observada na distância

máxima de localização dos fornecedores nos dois países, ou seja, na França essa

distância alcança 1230 km, enquanto que no Brasil, 870 km. Isso se explica também

pela localização de Douai no extremo norte do território francês, portanto

significativamente distante dos fornecedores localizados no extremo sul, mesmo que

minoritários (Figura 02).

Observa-se a grande pulverização na procedência dos componentes do veículo

pelo território francês, contudo, com grande destaque para a região do entorno de Paris.

Ainda na lógica pré PIF, a Figura 02 demonstra a supremacia dos fornecedores

localizados a mais de 150 km da unidade de Douai, e mesmo a conclusão de que os

componentes utilizados em maior volume eram procedentes da região de Paris.

Dos 269 fornecedores identificados no caso francês, 11 ou 4% localizavam-se

entre 6 e 30 km da unidade produtiva; 32 ou 12% entre 31 e 150 km; 112 ou 41,6%

entre 151 e 300 km; 92 ou 34% entre 301 e 550 km e 22 ou 8% a mais de 551 km. A

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inexistência de fornecedores localizados na classe de até 5 km, revela a inexistência do

PIF.

Figura 02

Observa-se que, justamente, a classe de proximidade de maior incidência de

fornecedores, corresponde à distância de Douai a Paris, revelando o papel ativo dessa

antiga região industrial.

Por sua vez a Figura 03, produzida a partir do agrupamento de fornecedores da

Renault Curitiba, permite observar a concentração de fornecedores em dois grupos de

distância, quais sejam, aquela que alcança até cerca de 30 km a partir da localização da

montadora e aquela onde a localização é superior a 400 km.

A concentração de fornecedores na escala de proximidade de até 30 km a partir

das montadoras permite reforçar conclusões já apresentadas em outros trabalhos

(Firkowski, 2001, 2002), acerca da inconveniência da escala de análise que abrange

toda a Região Metropolitana de Curitiba e seus vinte e seis municípios componentes,

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posto que, além do município de São José dos Pinhais, a montadora conta com

fornecedores instalados apenas em Curitiba (4), Quatro Barras (4), Piraquara (1),

Araucária (2), e Fazenda Rio Grande (1).

Figura 03

Destaca-se que a grande relevância em relação ao número de fornecedores se dá

no grupo localizado há mais de 400 km de distância da montadora. Nesse conjunto

encontram-se fornecedores localizados na cidade de São Paulo e nos municípios de seu

entorno (dentre outros: São Bernardo do Campo, Diadema, Guarulhos, Santo André),

além daqueles do interior, tanto em direção ao Vale do Paraíba (dentre outros: Taubaté,

São José dos Campos), quanto ao noroeste do estado (dentre outros: Jundiaí, Campinas,

Sumaré, Americana, Limeira). A esses se somam os localizados no entorno de Belo

Horizonte (Contagem) e em Porto Alegre e entorno (Gravataí).

Observa-se a ausência da escala intermediária, aquela que vai de 151 a 300 km

de distância entre a montadora paranaense e seus fornecedores, com isso, a nova

dinâmica industrial não desencadeou efeitos de localização pelo interior do estado.

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Conclusões

A partir do exposto, é possível aglutinar algumas das principais conclusões,

resultantes da perspectiva comparativa realizada, são elas:

a) o momento de implantação da unidade produtiva da Renault no Brasil foi,

simultaneamente, um momento de dificuldades da Renault na França;

b) a instalação no Brasil materializou a estratégia de internacionalização da empresa,

cujo caráter regional era até então predominante, tendo em vista sua forte atuação dentro

da própria França;

c) a unidade produtiva brasileira representou um teste - não por acaso fora da França -,

de uma nova organização da produção, por meio da implantação do Parque Industrial de

Fornecedores (PIF);

d) a proximidade não era realidade nos sítios de produção franceses até meados dos

anos de 1990, o teste no Brasil foi decisivo para a ampliação dessa estratégia produtiva

na França, como revelou a comparação entre as classes de proximidade nos dois países;

e) os fornecedores da Renault que se implantaram no Brasil eram, em sua quase

totalidade, aqueles escolhidos pela empresa a partir de sua estratégia francesa,

predominando os de origem francesa ou no máximo européia;

f) as parcerias estabelecidas entre a montadora e os fornecedores já estavam definidas

previamente à implantação no Brasil, restando pouca margem de inserção para

fornecedores locais.

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