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Celso Lafer, A OMC e a regulamentação do comércio internacional. POA: Livraria do Advogado, 1998.!

•  A OMC produz, além de normas de comportamento, normas de organização!

•  Passagem de uma relação jurídica para a dimensão institucional baseada no “empreendimento único”!

•  Não se confunde com instituições de Bretton Woods, como FMI e Banco Mundial que, a despeito das funções regulatórias que exercem, têm a função de administração de recursos, com processo decisório baseado no voto ponderado!

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•  Objetivo do sistema comercial internacional: não é criar um mercado único, como a UE!

•  Não se trata de harmonizar as condições de concorrência no seio dos Estados: cada país estabelece soberanamente os fatores concorrenciais, respeitando o seu desenvolvimento, o equilíbrio social e o ecológico!

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•  Logo, o objetivo do direito comercial internacional é modesto: !

•  reduzir os direitos aduaneiros e outras barreiras não-tarifárias ao comércio entre Estados!

•  e assegurar condições equitativas e transparentes de acesso aos mercados, que não sejam discriminatórias para os produtos ou serviços em função de sua origem!

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•  Em direito internacional, não há consenso algum sobre !

•  a harmonização da política industrial dos Estados, !

•  vontade política alguma de promover economias de escala no plano mundial, !

•  e sobretudo nenhuma regra constitucional internacional de natureza a conferir alguma legitimidade a uma organização de mercado pretensamente global!

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•  Há insuficiência gritante de regras comuns eficazes para corrigir os excessos mais flagrantes do mercado!

•  Cabe ao Estado determinar o reequilíbrio entre os valores econômicos e outros, e garantir a redistribuição dos recursos econômicos pretensamente aumentados graças ao comércio em seu território, tendo em conta o desenvolvimento durável (preâmbulo do acordo de Marrakech)!

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Fontes do direito da OMC: acordos propriamente ditos e fontes interpretativas!

•  Acordo de Marrakech e anexos!Anexo 1A Comércio de mercadorias (GATT)!Anexo 1B Comércio de serviços (GATS) – serviço é trabalho em

processo, e não o resultado da ação do trabalho (diferença entre prestar e produzir)!

Anexo 1C Direitos de propriedade intelectual concernentes ao comércio (TRIPS)!

Anexo 2 Solução de controvérsias!Anexo 3 Exame regular de políticas comerciais (TPRM)!Anexo 4 Plurilaterais - Mercados públicos e aeronaves civis

(fonte p/ os membros que o assinaram)!

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Comércio de Mercadorias = GATT + acordos Rodada Uruguai!

•  Acordo sobre agricultura!•  Acordo sobre a aplicação de medidas sanitárias e

fitossanitárias (SPS)!•  Acordo sobre têxteis e vestuário!•  Acordo sobre obstáculos técnicos ao comércio (OTC)!•  Acordo sobre medidas concernentes ao investimento e

ligadas ao comércio!•  Acordo sobre o art. VI (antidumping)!•  Acordo sobre o art. VII (tarifas aduaneiras e comércio)!•  Acordo sobre inspeção antes da expedição!•  Acordo sobre regras de origem!•  Acordo sobre procedimentos para licenças de importação!•  Acordo sobre subvenções e medidas compensatórias!•  Acordo sobre salvaguardas!

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PRONER, Carol. Propriedade Intelectual: uma outra ordem jurídica possível. São Paulo: Cortez, 2007!

•  Os acordos da OMC são submetidos ao princípio do single undertaking (regra do compromisso único)!

•  “cláusula constitutiva da OMC, que pode ser traduzida como a regra que valida o particular pelo todo !

•  Significa que acordos e os instrumentos legais conexos incluídos nos Anexos 1, 2 e 3 integram o mesmo Acordo Constitutivo, com obrigações extensivas a todos os Membros!

•  Daí decorre a unidade do sistema, que permite uma consensual equação capaz de conferir total adesão ao Acordo!

•  Os países têm liberdade de não participar da OMC, mas não poderão eleger um ou outro acordo isoladamente”!

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Fontes interpretativas!1.  Declarações e decisões ministeriais adotadas

durante ou ao final da Rodada Uruguai!2.  Memorandum de acordo sobre compromissos

relativos aos serviços financeiros!3.  Jurisprudência dos grupos especiais do GATT de

1947 – Japão alegava 31.3b CV69!(decisão OA/OMC: “grande valor e expectativas

legítimas”, caso Japão - Taxa sobre bebidas alcólicas (shochu), 4/10/96 - http://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds8_e.htm)!

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Artigo 31 CV69 Regra Geral de Interpretação!

3. Serão levados em consideração, juntamente com o contexto:!

 a) qualquer acordo posterior entre as partes relativo à interpretação do tratado ou à aplicação de suas disposições; !

b) qualquer prática seguida posteriormente na aplicação do tratado, pela qual se estabeleça o acordo das partes relativo à sua interpretação; !

c) quaisquer regras pertinentes de Direito Internacional aplicáveis às relações entre as partes. !

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4. Jurisprudência dos grupos especiais da OMC e do Órgão de Apelação [“2º grau de jurisdição”]!

5.Prática “gattiana”(decisões, procedimentos e práticas das partes contratantes do GATT, no âmbito multilateral e não entre as partes isoladamente)!

6. Preâmbulos dos acordos!7. Trabalhos preparatórios e circunstâncias da

conclusão dos acordos (art. 32.2 Convenção de Viena)!

8. Direito internacional público (não é um sistema isolado) !

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9. Dicionários de idiomas (ex.: “necessário” – caso Coréia – importação de carne bovina fresca, refrigerada e congelada, 2000 – DS161, 169) http://www.worldtradelaw.net/reports/wtoab/korea-beef(ab).pdf!

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Art. XX EXCEÇÕES GERAIS!Desde que essas medidas não sejam aplicadas de forma a

constituir quer um meio de discriminação arbitrária, ou injustificada, entre os países onde existem as mesmas condições, quer uma restrição disfarçada ao comércio internacional, disposição alguma do presente capítulo será interpretada como impedindo a adoção ou aplicação, por qualquer Parte Contratante, das medidas:!

•  (d) necessárias a assegurar a aplicação das leis e regulamentos que não sejam incompatíveis com as disposições do presente acordo;!

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Alberto do Amaral Jr.!•  Não há solução de continuidade entre

GATT e OMC, mas aperfeiçoamento institucional!

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Países em desenvolvimento: grupo heterogêneo caracterizado pela debilidade econômica

1)  pequena participação no comércio internacional: 124 PD/OMC possuíam, em 2005, 31% do comércio internacional, enquanto 23 países desenvolvidos detinham os 69% restantes!

2)  Restrita pauta exportadora!3)  Dependência das preferências comerciais

concedidas no âmbito do SPG!4)  Dependência econômica em relação a

países desenvolvidos derivada de volumes insuficientes de poupança nacional e reserva de divisas!

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Sobre o sistema de solução de controvérsias!

•  Paradoxo: o aumento da igualdade formal, presente no adensamento da juridicidade do procedimento, correspondeu à ampliação da desigualdade real, traduzida por dificuldades variadas que impedem a propositura de uma demanda!

•  Principais problemas: elevados custos econômicos do litígio, temor de reações adversas dos países desenvolvidos, falta de experiência e capacitação técnica, ineficácia das regras sobre a execução da decisão – aprimorar normas e corrigir condições de acesso!

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•  O GATT proibiu, em situações normais, o uso de quotas e restrições quantitativas, tornando a tarifa o único instrumento de proteção admitido nas trocas comerciais!

•  Princípios: não-discriminação (NPF e tratamento nacional) + transparência!

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Princípios (MDIC-Br)!1- Não Discriminação!

•  É o princípio básico da OMC. Está contido no Art. I e no Art. III do GATT 1994 no que diz respeito a bens e no Art. II e Art. XVII do Acordo de Serviços. Estes Artigos estabelecem os princípios da nação mais favorecida (Art. I) e o princípio do tratamento nacional (Art.III). Pelo princípio da nação mais favorecida, um país é obrigado é estender aos demais Membros qualquer vantagem ou privilégio concedido a um dos Membros; já o princípio do tratamento nacional impede o tratamento diferenciado de produtos nacionais e importados, quando o objetivo for discriminar o produto importado desfavorecendo a competição com o produto nacional.!

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2- Previsibilidade!•  Os operadores do comércio exterior precisam de

previsibilidade de normas e do acesso aos mercados tanto na exportação quanto na importação para poderem desenvolver suas atividades. Para garantir essa previsibilidade, o pilar básico é a consolidação dos compromissos tarifários para bens e das listas de ofertas em serviços, além das disciplinas em outras áreas da OMC, como TRIPS, TRIMS, Barreiras Técnicas e SPS que visam impedir o uso abusivo dos países para restringir o comércio.!

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3- Concorrência Leal !•  A OMC tenta garantir não só um comércio mais

aberto mas também um comércio justo, coibindo práticas comerciais desleais como o dumping e os subsídios, que distorcem as condições de comércio entre os países. O GATT já tratava destes princípios nos Art. VI e XVI, porém estes mecanismos só puderam ser realmente implementados após os Acordos de Antidumping e Acordo de Subsídios terem definido as práticas de dumping e de subsídios e previsto as medidas cabíveis para combater o dano advindo destas práticas.!

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4- Proibição de Restrições Quantitativas!

O Art. XI do GATT 1994 impede o uso de restrições quantitativas (proibições e quotas) como meio de proteção. O único meio de proteção admitido é a tarifa, por ser o mais transparente. As quotas tarifárias são uma situação especial e podem ser utilizadas desde que estejam previstas nas listas de compromissos dos países.!

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5- Tratamento Especial e Diferenciado para Países em

Desenvolvimento!Este princípio está contido no Art. XXVIII bis e na

Parte IV do GATT 1994. Pelo Art. XXVIII bis do GATT 1994, os países desenvolvidos abrem mão da reciprocidade nas negociações tarifárias (reciprocidade menos que total). Já a Parte IV do GATT 1994 lista uma série de medidas mais favoráveis aos países em desenvolvimento que os países desenvolvidos deveriam implementar. Além disso, os Acordos da OMC em geral listam medidas de tratamento mais favorável para países em desenvolvimento.!