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www.brasilobserver.co.uk FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826 READ IN ENGLISH #0020 SEP 25 – OCT 8 DIVULGAÇÃO DIVULGAÇÃO ÀS URNAS Outubro é um mês decisivo para a democracia brasileira: mais de 140 milhões de pessoas escolhem o próximo presidente >> Páginas 4 e 5 LITERATURA CULTURA POLÍTICA UKstudy.com University Partners INVISTA NO SEU FUTURO PROFISSIONAL! FAÇA A SUA GRADUAÇÃO E PÓS NO REINO UNIDO COM A AJUDA GRÁTIS E HONESTA DA UKstudy! CONTATE [email protected] | www.ofertasukstudy.com.br | UKstudyBrazil ESCRITORES BRASILEIROS VINDO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO DA FLIPSIDE FALAM COM EXCLUSIVIDADE AO BRASIL OBSERVER >> Páginas 10 e 11

Brasil Observer #20 - Portuguese Version

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Escritores brasileiros vindo para a FlipSide dão entrevista exclusiva ao Brasil Observer

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FREE LONDON EDITION ISSN 2055-4826

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SEP 25 – OCT 8

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ÀS URNASOutubro é um mês decisivo para a democracia brasileira: mais de 140 milhões de pessoas escolhem o próximo presidente >> Páginas 4 e 5

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ESCRITORES BRASILEIROS VINDO PARA A SEGUNDA EDIÇÃO DA FLIPSIDE

FALAM COM EXCLUSIVIDADE AO BRASIL OBSERVER >> Páginas 10 e 11

Page 2: Brasil Observer #20 - Portuguese Version

03 EM FOCOApós o referendo escocês...

LONDON EDITION

EDITORA - CHEFE Ana Toledo [email protected]

EDITORES Guilherme Reis [email protected] Kate Rintoul [email protected]

RELAÇÕES PÚBLICAS Roberta Schwambach [email protected] COLABORADORES Alec Herron, Antonio Veiga, Bianca Dalla, Gabriela Lobianco, Marielle Machado, Michael Landon, Nathália Braga, Ricardo Somera, Rômulo Seitenfus, Rosa Bittencourt, Shaun Cumming, Wagner de Alcântara Aragão

PROJETO GRÁFICO wake up [email protected]

DIAGRAMAÇÃOJean Peixe [email protected]

DISTRIBUIÇÃO Emblem Group [email protected]

IMPRESSÃO Iliffe Print Cambridge iliffeprint.co.uk

ASSESSORIA CONTÁBIL Atex Business Solutions [email protected]

BRASIL OBSERVER é uma publicação quinzenal da ANAGU UK MARKETING E JORNAIS UN LIMITED (Company number: 08621487) e não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos as-sinados. As pessoas que não constarem do expediente não tem autorização para falar em nome do Brasil Observer. Os conteúdos publicados neste jornal podem ser reprodu-zidos desde que devidamente creditados ao autor e ao Brasil Observer.

CONTATO [email protected] [email protected] 020 3015 5043

SITEwww.brasilobserver.co.uk

Chegamos à última edição do Bra-sil Observer antes de 142 milhões de brasileiros irem às urnas escolher o presidente da república.Durante o processo eleitoral, acompa-nhamos as principais pautas que per-meam o debate lá e por aqui – com destaque para o 12º Congresso da As-sociação de Estudos Brasileiros (BRA-SA), que aconteceu no King’s College, e a iniciativa do núcleo do PT em Londres, que promoveu encontro com representantes dos três principais can-didatos, Dilma Rousseff, Marina Silva e Aécio Neves.Indiscutivelmente, a democracia bra-sileira teve um significativo avanço no que diz respeito a consolidação do processo. Falhas ainda existem, mas tais passos não devem ser desconsi-derados. Escrevo com a clareza de que o processo que vivemos hoje não

começou quando os candidatos saíram às ruas, mas no episódio que marca o início da proliferação do debate: as manifestações de junho de 2013. A grande importância daquele episódio é que hoje vemos a participação popular em debates que já existiam, mas que tinham inserção pequena no conjunto da sociedade. Como exemplo posso citar a iniciativa de diversos grupos a fa-vor da democratização da mídia, com a Campanha Para Expressar a Liberdade. Outro exemplo, mais recente, é a mo-vimentação em torno de um Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclusiva e Soberana da Reforma Política. Ambos os temas já foram abordados nas páginas do Brasil Observer.A mudança do cenário político logo no início da campanha, com a trágica mor-te de Eduardo Campos, levou à tomada de posição de Marina Silva, que busca

principalmente o eleitor insatisfeito com a política. Como consequência, tivemos um novo posicionamento da candidata à ree-leição, a presidenta Dilma Rousseff, que é a última candidata a ter o perfil publicado aqui – confira nas páginas 12 e 13.No cenário atual, mesmo antes da elei-ção, já podemos dizer que sim, tivemos mudanças tanto no âmbito dos candidatos como no posicionamento do eleitorado. No entanto, ainda temos o aparato marke-teiro que as gigantescas campanhas eleito-rais no Brasil utilizam, a governabilidade para justificar diversas ações do governo e o financiamento privado das campanhas como pilares da nossa democracia. O que demonstra a necessidade do próximo go-vernante colocar a Reforma Política como a grande prioridade de governo, numa tentativa de se aproximar do conceito criado pelo sociólogo Boaventura de Sou-sa Santos: “Democratizar a democracia”.

E D I T O R I A L

DEMOCRATIZAR A DEMOCRACIAPor Ana Toledo – [email protected]

16 - 17 18 2420 22 -23

16 | 17CAPA DO GUIA18NINETEEN EIGHT-FOUR20GOING OUT22 | 23NEW CANVAS OVER OLD24LONDON FASHION WEEK SPECIAL

0405

06 BRASIL NO UK

BRASILIANCEBrasileiros vão às urnas

Mamães brasileiras na Inglaterra

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1213

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1525

0809

CONECTANDO

BRASIL OBSERVER GUIDE

PERFIL

ELEIÇÕES 2014

CAPA

A trajetória de Dilma Rousseff

Escritores brasileiros respondem

Espaço para o aborto

City Visions e muito mais...

Sebastian Ramos

Page 3: Brasil Observer #20 - Portuguese Version

3brasilobserver.co.uk

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EM FOCO

Por Shaun Cumming

No dia 18 de setembro a Escócia votou ‘Não’ para a independência –55% a 45%. Na última semana de campanha, o go-verno britânico fez uma série de promes-sas específicas para a população escocesa sobre uma reforma em Westminster e a consequente concessão de mais poderes para o parlamento da Escócia. Tais pro-messas ajudaram o estimado número de 9% a 16% de eleitores “indecisos” a to-marem uma decisão nos últimos instantes que precederam o referendo.Menos de uma semana depois da vo-

tação, as coisas já ficaram complicadas. Ocorre que as promessas feitas pelo Primeiro Ministro Britânico, David Ca-meron, pelo ex-premiê Gordon Brown e pelo líder do Partido Trabalhista (La-bour Party), Ed Miliband, são impossí-veis de serem cumpridas. Propostas que concedam mais poderes ao Parlamento Escocês devem ser votadas pela Casa dos Comuns (House of Commons) em Westminster, onde a maioria formada pelo Partido Conservador (Conservative Party) é contrária a tais medidas.Só o tempo dirá se as promessas serão

cumpridas ou não. O problema é que, se Westminster votar a favor de mais poderes para a Escócia, é provável que a Irlanda do Norte, o País de Gales e muitas cidades da Inglaterra também queiram mais autonomia administrativa, o que significa que a Constituição Britânica teria de ser reformada – fazendo com que as medidas imediatas propostas aos escoceses sejam impossíveis de ser enca-minhadas com sucesso. Se for esse o caso, os próximos capítu-

los são previsíveis. Nas próximas Eleições Gerais Britânicas – e nas eleições para o Parlamento Escocês – os eleitores es-coceses estariam mais inclinados a punir Westminster pelas promessas quebradas

David Cameron merece ser respeitado por ter sido tão aberto ao referendo mes-mo com a maioria do SNP no Parlamento Escocês. Alex Salmond também merece respeito por ter acreditado na causa com tanto vigor, e por aceitar o resultado das urnas de maneira serena.O que vimos foram dois anos de extra-

ordinária ação democrática. Westminster estava quebrada. Todos sabiam disso – mesmo aqueles no topo do poder. E seria muito mais arriscado para Westminster ficar do jeito que estava. O Reino Unido era governado de maneira muito centrali-zada, beneficiando principalmente Londres e os arredores. A Escócia claramente se recusou a aceitar isso. O Reino Unido será agora mais justo,

democrático e próspero por conta da in-tervenção da Escócia. Nós escoceses de-vemos ter grande orgulho disso, e saber que nossas vozes são altas o suficiente para serem ouvidas muito além de nossas fronteiras geográficas. Mercados, economistas e donos de em-

presas ao redor do mundo devem ter a maior confiança na população da Escócia. Uma terra de mais de cinco milhões de pessoas que, pela via democrática, mu-dou a perspectiva de uma nação de 60 milhões de pessoas para sempre, e que merece respeito e suporte da comunidade internacional.A decisão final, porém, está nas mãos

de Westminster. Se houver comprometi-mento com as promessas feitas à Escócia, será possível haver uma harmonia que o Reino Unido nunca ofereceu verdadeira-mente. Se falhar em cumprir o prometido, a população escocesa pode voltar às pra-ças e ruas mais cedo do que se espera. Um movimento chamado “The 45%”

já foi lançado. Representa àqueles que votaram por uma Escócia mais justa, pe-las demandas dos escoceses. O debate político trazido pelo referendo sobrevive.

O REINO UNIDO APÓS O REFERENDO ESCOCÊSQuando as pessoas da Escócia veem um problema, procuram encontrar uma solução. Elas viram a

democracia britânica em xeque, então buscaram concertá-la, diz Shaun Cumming

votando em peso mais uma vez no Par-tido Nacional Escocês (Scottish National Party), deslocando conservadores e traba-lhistas do poder. Isso pode levar a Escócia a um círculo contínuo de referendos no futuro, fazendo com que incertezas políti-cas rondem o Reino Unido por décadas.Não se trata mais do ‘Sim’ ou do

‘Não’, mas de um raro orgulho de ser escocês. E de democracia, afinal quase 90% da população apta a votar compare-ceu às urnas – e isso é uma quebra de paradigmas em uma sociedade ocidental cada vez mais avessa à política como a conhecemos. O referendo foi uma respos-ta direta às atitudes negligentes de West-minster. A pobreza na Escócia é muito maior que a média nacional, o que intriga a maioria dos escoceses que acreditam que não deveríamos estar em tal posição dado nossas riquezas tanto naturais quan-to relativas ao poder da mente.Motor a vapor; televisão; penicilina; in-

sulina; radar; pedal de bicicleta; aço tubu-lar; fotografia a cores; uísque. Já sabemos que a Escócia está muito além de seu tamanho geográfico em termos de origi-nalidade e inteligência. Não é coerente,

portanto, que mercados, economistas, go-vernos e donos de empresas (a maioria estrangeira) tenham levantado tanto temor de uma Escócia independente.Ameaças políticas são sempre levadas

em consideração quando se tomam de-cisões de investimento em território es-trangeiro. Entre Síria e Iraque, Rússia e Ucrânia, há certamente muitas coisas que merecem preocupação no mundo. A Es-cócia nunca foi uma delas. Mesmo considerando todas as incerte-

zas de que viriam depois do voto, não haveria tanto com o que se preocupar. A única coisa que sabemos com certeza é que uma Escócia independente ganharia o direito de administrar suas próprias finan-ças. E isso é grande coisa?A comunidade internacional não deve

ter receio quanto à capacidade da Escócia – terra de Adam Smith – de administrar suas finanças. Na verdade, isso é algo que os mercados deveriam desejar. A Es-cócia quer estar na cena mundial, mas no momento não tem representantes de seu governo em outros países e regiões. Queremos ser reconhecidos, mas isso é impossível dentro do atual sistema.

‘Não’ venceu por 55% a 45% dos votos

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4 brasilobserver.co.uk

BRASILIANCE

OUTUBRODECISIVOTendência é de que Dilma Rousseff e Marina Silva sejam as mais votadas em

5 de outubro e passem para o segundo turno da campanha pela Presidência

da República, dia 26 do mesmo mês, o que provocaria uma disputa cheia

de ineditismos. Aécio Neves, tentando recuperar fôlego, ainda corre por fora

Reta final de campanha: candidatos

Dilma Rousseff (1), Marina

Silva (2) e Aécio Neves (3) em

busca de votos

Por Wagner de Alcântara Aragão

A poucos dias das eleições de 5 de outubro no Brasil, as pesqui-sas de opinião e as estratégias de campanha dos próprios candidatos sinalizam um segundo turno inédi-to – marcado para 26 do mesmo mês. Pela primeira vez na história, duas mulheres devem se enfrentar diretamente na corrida pelo Palácio do Planalto. Também pela primeira vez, duas postulantes com origem na esquerda, embora hoje ocupem espectros diferentes no campo polí-tico brasileiro.São elas: Dilma Rousseff, do Par-

tido dos Trabalhadores (PT) – atual presidenta, candidata à reeleição – e Marina Silva, do Partido Socialista Brasileiro (PSB), ex-senadora pelo próprio PT e ex-ministra do Meio Ambiente do governo petista do en-tão presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Pela primeira vez em 20 anos, o Partido da Social Democracia Bra-sileira (PSDB) corre grandes riscos de sequer passar ao segundo turno do pleito nacional e ir para o posto de coadjuvante. Isso não significa que o postulante

do PSDB, Aécio Neves, deva ser descartado desde já. Confiáveis ou não, o fato é que números do Institu-to Brasileiro de Opinião e Estatística (Ibope) mostravam que, em meados de setembro, o atual senador e ex-go-vernador de Minas Gerais recuperava alguns pontos perdidos em pesquisas anteriores. Dada a preferência de par-te do poder econômico e da grande mídia pelo candidato do PSDB, não se deve subestimar a capacidade de estes influenciarem parcela da opi-nião pública nesta reta final.

COADJUVANTE, MAS NEM TANTO

Mesmo que o embate final ocorra entre Dilma e Marina, o papel de coadjuvante do PSDB de Aécio e aliados não poderá ser desprezado. Aécio, enquanto personalidade polí-tica, e o PSDB, enquanto partido, até podem sair enfraquecidos. Mas o grupo político – no que diz respeito aos aspectos ideológicos – e o grupo econômico que os chamados tucanos representam não perderão força. Ao contrário. Tanto para Dilma quanto para Marina, será fundamental uma articulação que possibilite contem-plar os anseios desses grupos sem comprometer a essência do que suas candidaturas simbolizam.É absolutamente improvável que

Aécio Neves e o PSDB apoiem for-malmente Dilma no segundo turno. Isso não significa, porém, que Aé-cio e companhia desembarquem di-

retamente na campanha de Marina Silva – ao menos de forma oficial. O PSDB poderá adotar uma postura independente: descarta apoio a Dil-ma, não se compromete com Marina nem PSB, mas libera seus correli-gionários para fazê-lo.Dessa forma, os tucanos garantem

consistência à campanha de Marina para o embate com Dilma sem assu-mir o posto de linha auxiliar. Mais que isso: não se compromete com erros de um eventual governo Ma-rina, ou seja, assume a condição de derrotado, tira o time de campo e, daqui a quatro anos, ressurge como opção para consertar os supostos es-tragos de uma gestão Marina.Apostar em “erros” e “estragos”

de um governo Marina, afinal, pode não ser em vão. Se a ex-ministra ganhar a eleição, terá enorme difi-culdade em garantir uma base alia-da numerosa e forte no Congresso Nacional. Sem apoio do Congresso, é impossível governar. Marina teria duas saídas: ou abre mão de cos-turar alianças, ou busca essa con-ciliação com todos os ônus que as alianças demandam.Qualquer uma das alternativas vai,

de imediato, desgastar a imagem de Marina. Abster-se de alianças é cer-teza de enfrentar resistências e der-rotas no Congresso Nacional – em síntese, não conseguir fazer valer seu plano de governo. Ir atrás das alian-ças para obter respaldo parlamentar é ir contra o próprio discurso que logrou aderência entre parcela con-siderável do eleitorado descontente “com tudo que está aí”. Marina teria de ceder ministérios para os novos aliados – sobretudo para o Partido do Movimento Democrático Brasilei-ro (PMDB), sem o qual, é consenso, é impossível de se governar.O desgaste decorrente de uma ou

outra saída poderá ser potencializa-do pela grande mídia, ainda mais se esta e se a elite econômica, por mais concessões que faça Marina, vislumbrarem no governo dela o mí-nimo de ameaça a qualquer de seus privilégios. Multiplicados pela reper-cussão midiática, criariam um am-biente favorável ao retorno do PSDB ao cenário principal da política. Há, porém, um risco nessa ma-

nobra. O risco seria, para o PSDB, um êxito de um governo Marina, um respaldo popular capaz de lhe garantir a reeleição em 2018. Isso representaria, aí sim, uma diminui-ção definitiva da força do PSDB, que dificilmente escaparia de ser “linha auxiliar”. Se esse cenário for vislumbrado pelo partido, poderá pesar na decisão de apoiar Marina

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brasilobserver.co.uk 5

DEBATES PROIBIDOSPor Mariele Troiano

Às vésperas das eleições no Brasil, os principais candidatos à presidência seguem sem debater, em profundidade, temas impres-cindíveis para a modernização da sociedade democrática. Esses temas estão longe de

envolverem questões sobre a autonomia do Banco Central ou os casos de corrupção explora-dos em pleitos anteriores. Os temas “proibidos” são aqueles que os candidatos evitam a todo custo mencionar durante uma campanha eleitoral e, quando a alusão se torna inevitável, as distintas ideologias se igualam em formulações amplas basea-das na ausência de comprome-timento. Isso é o que acontece na discussão de direitos morais, ou melhor, direitos humanos no sentido pleno da expressão.No conjunto desses direitos

estão as questões sobre a união homoafetiva, descriminalização do aborto e legalização da maconha. Esses temas tratam de direitos

inerentemente importantes para a sociedade. Primeiro por en-volverem outros direitos sociais, como saúde pública e educação. Segundo pelo custo da ausência desses direitos. Estudos mostram que mais de 800 mil mulheres por ano se submetem a proce-dimentos clandestinos de aborto, além dos casos de homofobia e repressões violentas ligadas ao tráfico de drogas.Entretanto, o debate não se

mantém “proibido” por negli-gência política. Alguns avanços devem ser mencionados, como a regulamentação do aborto para os casos em que a gravidez ofe-recer risco à mulher, resultar de um estupro ou o feto apresentar anencefalia. Do mesmo modo, existem jurisprudências que se aplicam à legalização da união civil homoafetiva. A atual lacuna está na ausência de legislações nacionais que assegurem ampla-mente os direitos dessas mino-rias. Assim, os presidenciáveis sabem que o comprometimento com esses direitos é um grande trunfo político.Engana-se quem acredita que

essas legislações aguardam um processo natural de conscienti-zação da sociedade para serem colocadas em prática. A insti-tucionalização de políticas de minorias tem direção inversa se comparada às políticas de outras

naturezas. A efetividade de uma lei de minoria está diretamente relacionada com a formulação de uma legislação nacional em um primeiro momento, para que en-tão seja incitado um processo de mudança social. Além disso, esses temas não

compõem uma nova agenda na esfera política. A questão do aborto, por exemplo, já havia sido mencionada nas primeiras eleições após a redemocratiza-ção, entre os candidatos Collor e Lula, em 1989. Há ainda a influ-ência de países como o Uruguai, que possui leis que asseguram esses três direitos.Entre tantas negações, a úni-

ca constatação é que o deba-te se mantém “proibido” por conta de sua própria natureza. As características mencionadas agregam aos temas poderes de transformar o jogo político, ou seja, desequilibrar a relação en-tre uma maioria eleitoral que tem se posicionado contra es-ses temas e um conjunto de minorias com grande potencial de militância. Assim, um ges-to, uma olhar ou uma palavra não dita de forma clara durante um debate pode ser devastador para os resultados nas urnas. Prova do poder inerente

desses temas foi recentemen-te testado por um dos candi-datos. Marina Silva (PSB) viu a possibilidade de abordar o casamento entre homoafetivos como a grande chance de se fixar nas previsões eleitorais, visto que os outros candidatos, Aécio Neves (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), não haviam se comprometido com o tema. Contudo, para esse feito a candidata rejeitou não só seus próprios preceitos religiosos, mas também passou por cima de seus apoiadores da banca-da evangélica. Nesse quadro, o resultado não foi diferente do esperado: críticas ferrenhas oriundas de seus aliados e um programa de governo reformu-lado em algumas horas. Para os próximos debates en-

tre os presidenciáveis, não se espera grandes mudanças: res-postas amplas referentes aos direitos morais e enfrentamento direto provocado apenas pelos candidatos dos “partidos na-nicos”, como Luciana Genro (Psol) e Eduardo Jorge (PV). Enquanto isso, o preço desse silêncio é pago pela sociedade.

Silva agora. O partido cogitaria, en-tão, não dar apoio maciço à turma de Marina, aceitando a reeleição de Dilma. Daqui a quatro anos, tentaria recuperar espaço com o inevitável desgaste que os 16 anos de gestão petista deixarão.

ENCRUZILHADA

Assim, paradoxalmente, embora as pesquisas de opinião apontem ligei-ro favoritismo de Marina Silva ante Dilma Rousseff num confronto entre as duas no segundo turno, parece ser a ex-ministra do Meio Ambiente a que sai em desvantagem para o período final das eleições. É ela, e não Dilma, que terá uma espécie de “obrigação” em definir se vai buscar apoio, ou ao menos se aproximar do PSDB e de outros grupos mais à di-reita do espectro político-ideológico.Isso implicaria em redefinir não

só propostas de seu governo – de forma que, programaticamente, jus-tifique o ingresso dos tucanos ou outros grupos na campanha –, mas também em refazer o discurso da pureza das alianças. Dificilmente o eleitorado se convencerá de que uma coligação com o PSDB não signifi-cará troca por cargos num eventual governo (não que haja alguma ile-galidade ou ilegitimidade nesse pro-cedimento, mas vai contra ao que Marina tem pregado).Além disso, uma aproximação

maior com o campo da direita, se por um lado parece indispensável para que Marina consiga apoio para um embate difícil como é o do se-gundo turno, por outro lado tende a afugentar uma parcela considerável de seu eleitorado que se posicio-na mais à esquerda. Essa parcela corresponde àquela insatisfeita ou apenas esgotada com o PT, mas que se recusa a votar à direita. É a parcela que, em 2010, votou em Marina Silva no primeiro turno e no segundo preferiu Dilma a José Serra, do PSDB. O grande desafio de Marina Silva

deverá ser mesmo o de convencer as camadas populares, principal base de sustentação da candidatura de Dilma Rousseff. Não é questão apenas de garantir que programas de ascensão social serão mantidos. Afinal, se a campanha de Marina se esmerar em assegurar a continuidade desses pro-gramas, estará atestando o êxito dos governos Lula e Dilma. Dessa for-ma, por que valeria a pena mudar a comandante? Descobrir argumentos convincentes sobre isso será árdua incumbência de Marina e PSB.

CONTINUIDADE

Nesse contexto, a campanha de Dilma Rousseff entra no segundo turno como aquele time de fute-bol que volta a campo do intervalo à frente no placar, mas ao mesmo tempo identificando ameaças à vitó-ria. Diante dessa condição, prefere esperar os minutos iniciais para de-finir qual tática adotar até o final do jogo. Dependendo do comportamen-to do adversário, a postura pode ser uma ou outra.Em recente entrevista à Rede Brasil

Atual, a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universi-dade Federal de São Carlos (Ufscar), citou um componente essencial na campanha de Dilma Rousseff: Michel Temer, vice-presidente de Dilma can-didato à reeleição, uma das poucas lideranças (se não fora única) a con-seguir dar ao seu heterogêneo partido, o PMDB, o mínimo de unidade.Essa heterogeneidade do PMDB

inviabiliza, por exemplo, que o par-tido esteja junto com Dilma em di-versos Estados no primeiro turno. No segundo, entretanto, se Temer chamar para si a responsabilidade, pode trazer o partido efetivamente para a campanha petista. “Por mais que haja divisão e racha, o PMDB e o PT são os partidos com maior capilaridade no país inteiro, princi-palmente em cidades médias e pe-quenas”, argumentou a analista.Essa situação pode ser ilustra-

da pelo caso de São Paulo, maior colégio eleitoral do país. Há reais chances de um segundo turno entre o candidato do PSDB, Geraldo Al-ckmin, e do PMDB, Paulo Skaf, em território paulista. Skaf certamente contaria com o apoio do PT – afinal seria uma oportunidade real, em 20 anos, de tirar os tucanos do Palácio dos Bandeirantes. A intensidade des-se apoio estará, certamente, condi-cionada à retribuição que Skaf der a Dilma no Estado. Skaf tem reiterado fidelidade canina a Michel Temer, e dificilmente se negaria a dar palan-que à petista no segundo turno.Na mesma entrevista, Maria do

Socorro também ressalta o apoio que Dilma tem dos setores popula-res, um “trunfo” importante para o segundo turno. Pondera, entretanto, que se o PSDB apoiar formalmente Marina Silva, a candidata à reeleição terá muitas dificuldades para superar a adversária. “Vai ser todo mundo contra o governo. Marina vai ficar muito forte se conseguir o apoio do PSDB, inclusive para governar”, dis-se. Enfim, outubro de 2014 promete.

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BRASIL NO UK

Mamães brasileiras na Inglaterra, de cima para baixo: Fernanda Leal, Helena Morgan e Gracielle Garcia

Ter um filho é um momento marcante na vida de qualquer mulher. E pode ser também transformador, dependendo das condições em que a criança nasce. Para mães brasileiras que têm seus filhos na Inglaterra, lidar com um sistema de saú-de diferente do brasileiro é uma dentre as adaptações e transformações necessá-rias no processo. Enquanto o Brasil é país líder em ce-

sarianas, por exemplo, no Reino Unido apenas um terço das mães são submeti-das a tal procedimento. Dados da pesqui-sa “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”, divulgada em maio deste ano pela Fundação Oswal-do Cruz e pelo Ministério da Saúde, mostram que 52% dos partos feitos no país são cesarianas. O Brasil é o país recordista desse tipo de parto no mundo, apesar de o índice recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) ser de 15%. Nas maternidades privadas, a porcentagem é ainda maior: 83% dos partos são cesarianas, podendo chegar a mais de 90% em algumas. Os dados são de 2011 e 2012.A pesquisa mostra ainda que apenas

5% dos partos ocorrem sem intervenções no Brasil, enquanto no Reino Unido o número chega a cerca de 40%. De acor-do com o relatório de maternidade dos anos de 2012 e 2013 (o mais recente até o momento), feito pelo NHS, 61% dos partos foram normais, sendo que a porcentagem de cesarianas permaneceu estável em 25,5% - aumento de apenas 0,5% em relação ao relatório anterior, referentes aos anos de 2011 e 2012. Dado o cenário nos diferentes países,

muitas mães brasileiras que vivem na Inglaterra precisam se adaptar às práticas de saúde local.

MAMÃES NA INGLATERRA

A paranaense Gracielle Garcia, de 33 anos, teve sua segunda filha em Londres. Ela conta que, por ter pressão alta, o começo do pré-natal foi estressante e com consultas regulares no hospital. O momento do ultrassom foi a pior ex-periência: “A enfermeira não conseguia fazer, não viu muita coisa e acabou não checando alguns itens. O motivo alegado foi que eu estava muito gorda e ela não

via nada. Na segunda vez, fui para casa sem saber 100% se estava tudo bem. No terceiro ultrassom, disseram achar que tinha um buraco no coração e um es-paço muito grande na cabeça do bebê”, relembra Gracielle.Uma médica especialista residente re-

petiu o exame e também teve a mesma suspeita, mas marcou outro exame para depois de 30 dias. Só depois de uma consulta para checar a pressão, que esta-va ainda mais alta, é que Gracielle pas-sou a ficar satisfeita com o atendimento, pois a médica fez o ultrassom do bebê e passou a acompanhar a gravidez de 15 em 15 dias e não uma vez por mês.O parto acabou sendo cesárea por con-

ta da pressão alta, mas Gracielle con-ta que durante todo o pré-natal ela foi induzida ao parto normal. Para ela, no Brasil “os médicos usam a cesárea como uma forma de ganhar muito mais dinhei-ro”. “É mais cômodo o médico agendar o bebê pra nascer em certa hora do que ele ficar à espera, tendo que interromper uma consulta ou até seu descanso”, diz.A também paranaense Angelica Palma,

de 32 anos, teve seu segundo filho em Londres, sendo que na primeira gravidez ela foi ao Brasil para ter o bebê. “Todos pensavam que eu ia ter cesárea, meu médico não acreditou quando eu disse que queria ter parto normal. As mulheres no Brasil não entendem como o parto normal é melhor para o bebê e para o próprio corpo”, diz ela. Para Angelica, a única dificuldade é não ter a ajuda dos familiares para cuidar da criança: “Temos acesso a tudo e educação aqui é ótima. Faz falta a família, não é como se eu estivesse no Brasil com a minha mãe para ajudar”.Já a paulistana Helena Morgan, de 33

anos, teve uma experiência negativa ao ter seu primeiro filho na Inglaterra. “Foi meio que um choque ter vindo de uma mentalidade de cesárea do Brasil. Tinha certa falta de conhecimento da minha parte, então eu achei esse jeito daqui – de usarem parteiras, ter parto em casa – muito estranho e meio hippie. Como não tinha jeito, aceitei o parto normal, mas queria medicamentos – quanto me-nos dor melhor”, conta ela.O plano inicial não deu muito certo e,

no momento do nascimento do bebê, a parteira se recusou a dar anestesia. “Ela

dizia para eu parar de chorar, que não era tão ruim assim e na hora de ter o bebê ela falou para eu parar de gritar”, lembra. Helena teve depressão pós-parto e problemas para amamentar; seu filho perdeu muito peso e as visitas da equipe de parteiras do pré-natal eram constantes. “Acredito que foi por conta da expe-riência no parto, mas as parteiras me ajudaram muito depois e me ajudaram a melhorar”, resume.A paranaense Fernanda Leal, de 33

anos, foi além. No Reino Unido há nove anos, teve seu primeiro filho de parto normal em janeiro de 2013 e a segunda filha em casa, em junho deste ano. Por ter tido seu primeiro filho em um parto tranquilo, da segunda vez Fernanda op-tou por ter o parto em casa. “Comprei uma birthing pool e três dias depois da data esperada as minhas contrações começaram. Liguei para a midwife que veio até a minha casa e a bebê nasceu três horas depois, na água. Foi muito rápido. Não levei nenhum ponto e, na mesma noite, já estava na cama com a minha filha”, lembra.Ela conta que, mesmo se estivesse no

Brasil, optaria pelo parto normal. “Como o nome diz, é parto normal. Vai doer? Sim. Mas é uma dor que aguentamos, pois nosso corpo foi feito pra isso”.

COMUNIDADE ONLINE

O grupo no Facebook “Mães Brasi-leiras em Londres”, criado em 2013, tem atualmente 520 pessoas e oferece a possibilidade de conhecer mulheres que tiveram e/ou criam seus filhos no Reino Unido. A criadora do grupo, Adriana Furness, conta que o objetivo do grupo é conectar as pessoas. “Como eu, tem muita gente que quando chegou aqui não conhecia ninguém. Nosso grupo cria esse espaço bem família para todas as mamães”, diz. O grupo tem brasileiras que trabalham na área de saúde e que podem tirar dúvidas e dar dicas.Outra iniciativa é o Gaia Project, uma

empresa sem fins lucrativos especializada nos serviços dedicados à mulher brasilei-ra no Reino Unido durante os períodos de gestação, parto e primeira infância (0-5 anos). Para mais informações acesse www.gaiaproject.org.uk.

MATERNIDADE LONGE DE CASABrasileiras que tiveram seus filhos na Inglaterra contam as dificuldades e diferenças encontradas durante a gestação Por Nathália Braga

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PERFIL

Sebastian Ramos

Estilista brasileiro apresenta sua nova coleção na Somerset House e conversa com

o Brasil Observer sobre seu trabalho

Quando estava

estudando ideias,

queria que a mulher ao

vestir uma de minhas

peças se revestisse

de mais autoestima, mais poder

na semana de moda de Londres

Por Rômulo Seitenfus

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Sebastian Ramos, designer da marca Sebastian London, causou furor na Lon-don Fashion Week da temporada prima-vera/verão 2015. O evento ocorreu de 12 a 16 de setembro, no Somerset House.O estilista apresenta, em sua nova co-

leção, transparências e pedrarias. “Para a coleção primavera/verão 2015, saem de cena os tecidos 100% industrializados, dando espaço aos materiais de pega-da mais artesanal. Das listras, que são um clássico, às modelagens geométricas, podemos ver cores vibrantes, diversas texturas e tecidos transparentes, bem de acordo com minha coleção”, explica.Questionado sobre a influência da

semana de moda de Londres para os seguidores mundiais, Sebastian relembra

as peculiaridades e adaptações exigidas em cada parte do mundo. “Depende da geografia e do clima. A moda europeia é uma referência mundial, não somente para o Brasil. Os estilistas inspiram-se na moda europeia, mas têm que desen-volver um trabalho totalmente adequado ao seu país consumidor, utilizando teci-dos e materiais de acordo com o clima”.Sobre a escolha das cores, Sebastian

salienta a importância do bem-estar de quem veste as roupas. Cores apropriadas devem ser sempre lembradas no momento da criação. “As cores apresentam gran-de influência sobre a temperatura. Quem nunca sentiu mais calor ao vestir roupas pretas no verão? Além disso, as cores podem estimular o humor, o cotidiano de

cada pessoa”, argumenta Sebastian. Sobre as dicas para mulheres que gos-

tam de ousadia, ele aposta no instinto feminino: “As mulheres podem ousar, brincar mais com as cores, criar seus looks de acordo com a personalidade”. A coleção exibida em Londres, dirigi-

da pela produtora Francisca Albuquerque, teve inspiração francesa. Segundo o esti-lista Sebastian, uma premiére em Paris foi a semente desta inspiração. “A inspiração desta coleção veio de uma premiére de Paris. Fui até a feira internacional de teci-dos e me encantei pelas rendas”, confessa. E continua: “É uma coleção de alta-

-costura, romântica e conceitual. Quan-do estava estudando ideias, queria que a mulher ao vestir uma de minhas peças

se revestisse de mais autoestima, mais poder. Então fiz os vestidos como se desaparecessem com a segunda pele para dar poder feminino às divas. Por isso as transparências, as rendas, os tules e os chifons. E para reforçar esse poder, optei pelas pedrarias, cristais e paetês. Em toda coleção há a inspiração da primavera com flores em diferentes cores e texturas. Des-sa forma saiu um trabalho de alta costura, bordados a mão, e desenvolvido como uma obra de arte em que cada detalhe é minuciosamente trabalhado”. Para mais informações sobre o estilista

brasileiro acesse o site www.sebastian-london.com. Confira também na página 24 desta edição os cliques de Zazá Oli-va na London Fashion Week.

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CAPA

Poucas pessoas representam tão bem as possibilidades de intercâmbio cultural en-tre Brasil e Reino Unido quanto a inglesa Liz Calder. Idealizadora da primeira festa literária da América do Sul, a FLIP (que acontece anualmente desde 2003 na cidade brasileira de Paraty, no Estado do Rio de Janeiro), ela agora se prepara para segun-da edição da versão britânica do evento, a FlipSide, que este ano ocorre de 2 a 5 de outubro em Snape Maltings, Suffolk.Liz Calder e, consequentemente, a Flip-

Side são uma importante plataforma para escritores brasileiros ganharem público fora do país. Afinal, como a própria idealizadora do evento já afirmou em outras oportuni-dades, o Brasil não é um país conhecido internacionalmente por sua literatura – ainda que não faltem excelentes escritores no país a serem descobertos, tanto clássicos quanto contemporâneos. Diante disso, o Brasil Observer entrevistou

três escritores brasileiros que participarão da edição 2014 da FlipSide. São eles: Ale-xandre Vidal Porto, Michel Laub e Tatiana Salem Levy. Entre as questões apresentadas a eles, estão a disseminação da literatura brasileira no exterior, as dificuldades desse processo e as eleições no Brasil – afinal, este último quesito será tema de debate du-rante o festival.

Brasil Observer: Há certo consenso quanto ao fato de que há alguns anos é possível ob-servar um interesse crescente pela literatu-ra brasileira no Reino Unido, especialmente após a publicação do título “Best of Young Brazilian Novelists” pela revista Granta (2012). O momento é realmente bom para a literatura brasileira no exterior?

Alexandre Vidal Porto: É isso o que acontece quando um país é homenageado em feiras lite-rárias importantes, como foi o caso do Brasil em Frankfurt no ano passado e será no ano que vem em Paris, no Salão do Livro. A litera-tura tem tido a possibilidade de se expor e de ser apreciada. A segunda edição da FlipSide se integra nesse processo de exposição da cul-tura brasileira no exterior, de ampliação do número de pessoas que poderão travar contato com um universo cultural distante, mas muito rico e sedutor, no caso o brasileiro.

Michel Laub: Certamente é o melhor momento desde que comecei a escrever, há uns 15 anos. Vários fatores colaboram aí, do crescimento da economia brasileira no meio da década de 2000, embora este processo tenha diminu-ído seu ritmo ou até se esgotado, às políticas

públicas de incentivo à tradução de autores brasileiros no exterior. A Granta entra neste contexto, além, claro, de ter história e prestí-gio suficientes para sinalizar algo por si. Idem a FlipSide, um festival novo, mas que tem tudo para seguir caminho semelhante.

Tatiana Salen Levy: Houve muitas obras bra-sileiras – tanto de autores contemporâneos quanto de clássicos – traduzidas nos últimos três anos. Isso, em parte pelo cenário do Brasil no contexto internacional, devido, sobretudo, à política externa do ex-presidente Lula; em parte, pela política da Biblioteca Nacional de apoio às traduções. No entanto, não chegou a haver um boom da literatura brasileira. Acho que ainda falta conquistar o público leitor de fora das universidades. Estamos presos a um círculo muito restrito.

BO: Quais são os principais desafios do processo de seleção, tradução, publicação e circulação da literatura brasileira no exterior? O idioma português ainda é o principal empecilho?

AVP: O desconhecimento do idioma e os al-tos custos de tradução são um empecilho. Outro empecilho são os números modestos da literatura brasileira no mercado edito-rial doméstico.

ML: O português é um problema (para os ou-tros, não para nós). Mas também a pouca im-portância do Brasil no cenário internacional. Interesse cultural vem na esteira do interesse político e econômico. Basta ver o que aconte-ceu com a cultura de língua inglesa no último século. É claro que estou falando de cultura, que é a regra. A arte é exceção, sempre será, e pode surgir em qualquer contexto.

TSL: Do jeito que a pergunta é colocada, pa-rece que há um empecilho intrínseco à língua portuguesa. Um idioma nunca é um empeci-lho. Os tradutores existem para isso. E há tradutores maravilhosos do português para o inglês. Eu até brinco com a Alison Entrekin – que traduziu meu primeiro romance – que graças a ela o que escrevo fica melhor em inglês do que em português. Acho que o maior empecilho é a falta de curiosidade por outros mundos que não o próprio. Isso, sim, é um triste empecilho. De resto, a língua portu-guesa é um caminho, uma casa para alguns, e uma bela casa.

BO: Qual a posição da literatura brasileira no mundo contemporâneo? Quais aspectos são mais atraentes para o público internacional?

AVP: É uma literatura de excelente qualidade, mas de visibilidade limitada. O fato de o país ser muito diverso em vários aspectos e, ao mes-mo tempo, desconhecido é um elemento atraen-te para o público internacional, porque o Brasil é sempre capaz de surpreender o leitor.

ML: Muito desconhecida ainda. Os aspectos atraentes são a literatura em si, que é específi-ca e interessante como toda literatura, e talvez a representação de um modelo de país (ou civi-lização, sendo um pouco exagerado) que mis-tura heranças indígenas, africanas, europeias.

TSL: A literatura brasileira está começando a ser descoberta, e pela primeira vez vemos serem traduzidas obras que não estão relacio-nadas aos nossos temas folclóricos. Sinal de amadurecimento, mas acho que de forma geral ainda há comentários do tipo “Ah, brasileiro falando sobre o Vietnã... Isso não interessa!”. Parece que sempre esperam de nós um retrato do exótico. Mas e nossa liberdade? O bom de ser escritor é poder falar do que der na telha.

BO: Um dos assuntos a serem debatidos na FlipSide este ano são as eleições presi-denciais no Brasil. Política e literatura se misturam?

AVP: Política e literatura são muito próximas. A literatura muda indivíduos, que são os agen-tes do processo político. A literatura pode ter impacto direto sobre o comportamento políti-co dos cidadãos.

ML: Todo ato é político. Quando você escre-ve, está se posicionando no mundo. Então, a resposta é sim. Mas isto é muito mais amplo e complexo do que a mera política partidária ou os programas ideológicos. Boa literatura é sempre específica e individual.

TSL: Não se misturam no sentido macro, das eleições, do governo. Mas toda escrita é polí-tica, mesmo quando não se pretende como tal. Quando estou escrevendo, não penso em mu-dar o mundo, mas quando decido, por exem-plo, falar de um passado ou de um presente do Brasil, não deixo de fazer uma opção política. O próprio uso da língua é político. Sem levan-tar bandeiras, nos meus livros acabei falando da ditadura militar, de homossexualismo, de violência contra a mulher. Nossos valores aca-bam passando para os livros.

BO: Amadurecemos democraticamente ou ainda há um debate nacional muito raso? Tem algum tema que você gostaria que fosse mais bem discutido pelos candidatos? Qual?

ESCRITORES BRASILEIROS RESPONDEM Prestes a

chegarem à

Inglaterra para

a segunda

edição da

FlipSide,

Alexandre

Vidal Porto,

Michel Laub e

Tatiana Salem

Levy concedem

entrevista

exclusiva ao

Brasil Observer

Por Guilherme Reis

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AVP: Amadurecemos, mas o debate continua superficial. A substância do discurso político não é muito relevante porque a maioria dos eleitores não é capaz de discerni-la. Então o que se torna importante é a forma em que o discurso é apresentado e a imagem que cada candidato consegue projetar.

ML: Há muito mais debate, o que é bom. Es-tamos melhores do que na época da ditadura ou do Sarney. Mas é claro que, numa demo-cracia, onde as vozes ouvidas em geral são do pensamento médio, o nível geral do debate também será médio (com sorte).

TSL: Qualquer democracia é melhor do que uma ditadura. Até acho que a maioria dos te-mas é discutida, o que falta é realizar como proposto, eliminar a corrupção, priorizar saúde e educação, que estão milhas de distância de terem qualidade. Eu citaria os direitos dos ne-gros, dos índios, dos homossexuais e das mulhe-res como temas fundamentais. Questões como o aborto não precisam, no meu ponto de vista, de consentimento popular. Tem que ser legalizado e ponto. Vivemos uma grande hipocrisia. Milha-res de mulheres morrem por ano por fazerem abortos clandestinos. Ninguém deixa de abortar porque é ilegal. O Brasil ainda é um país muito racista, machista e homofóbico, e eu adoraria ver mudanças nesse sentido.

BO: Você pode dizer em qual candidato votaria e por quê?

AVP: O voto é secreto e deve continuar assim...

ML: Não sei ainda se e em quem vou votar. Por enquanto, só decidi que não votarei na Marina Silva.

TSL: Eu votaria na Marina, mas com um pé atrás. Acho que já é muito tempo de PT, há problemas que eles não conseguem resol-ver, e tenho vontade de ver outro partido, outra energia no poder. Mas eu nunca vo-taria numa política neoliberal como e a de Aécio Neves. Acredito nas propostas sociais e ambientais da Marina. Acho ótimo ter uma índia como presidente para repensar a des-truição da Amazônia, a destruição de terras sagradas indígenas para construção de hi-drelétricas. Mas tenho sérios problemas com o fato de ela ser evangélica, porque o evan-gelismo vai contra todos os valores que citei acima. Não tenho nada contra ela ter uma religião privada, mas quando vejo a religião se misturar à política, aos valores que regem a política, eu fico assustada. Votaria nela, mas sem tanta paixão.

ALEXANDRE VIDAL PORTO

Alexandre Vidal Porto nasceu em São Paulo e passou parte da infância e da juventude no Ceará. Diplomata de carreira e escritor, ele é mestre em direito pela Uni-versidade de Harvard e colunista do jornal Folha de S. Paulo. Publicou dois romances: Matias na Cidade (Re-cord, 2005) e Sergio Y vai à América (Companhia das Letras, 2014), vencedor do Prêmio Paraná de Literatura. Como diplomata, viveu em Brasília, Nova York, Santiago do Chile, Cidade do México, Washington e Tóquio. Atual-mente, encontra-se em período sabático em São Paulo, onde está escrevendo seu terceiro romance.

MICHEL LAUB

Michel Laub nasceu em Porto Alegre e hoje vive em São Paulo. Estudou Direito, mas largou após um ano para se dedicar a escrever e ao jornalismo, sendo nomeado em 2012 pela revista Granta como um dos 20 melhores jovens romancistas brasileiros. Laub é hoje coordena-dor de publicações e cursos no Instituto Moreira Salles. Ele também tem um blog sobre cinema, literatura e música. Seus três romances publicados - Música an-terior (2001), Longe da água (2004) e O segundo tempo (2006) – têm em comum o ambiente turbulento da adolescência. Diary of the Fall é seu quinto romance, o primeiro a ser traduzido e publicado no Reino Unido.

TATIANA SALEM LEVY

Tatiana Salem Levy nasceu em Lisboa e hoje vive no Rio de Janeiro. Seu primeiro romance foi A chave de casa (2007), traduzido para o francês, italiano, romeno, es-panhol e turco – a tradução para o inglês a publicação na Austrália e Reino Unido está marcada para 2015. Seu segundo romance, Dois rios (2011), foi publicado em Portugal e na Itália. Levy também editou o livro Primos: histórias da herança árabe e judaica (2010) e escreveu um livro de ensaios chamado A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze (2011). Selecionada pela revista Gran-ta entre os 20 melhores jovens romancistas brasileiros, Levy publicou ainda dois livros para crianças.

DIVULGAÇÃO

g P ara mais informações sobre outros autores brasileiros que vão participar da FlipSide, assim como o programa completo do festival, acesse: www.flipsidefestival.co.uk

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ELEIÇÕES 2014

Dilma Vana Rousseff nasceu no dia 14 de dezembro de 1947, na cidade de Belo Horizonte, Minas Gerais. É filha de um imigrante búlgaro, o engenheiro Pedro Rousseff, e de uma professora brasileira chamada Dilma Jane da Silva. Estudou em um dos colégios mais tradicionais do Estado, o Nossa Senhora de Sion. Mas foi como aluna do Colégio Estadual Central, um dos principais redutos da efervescência estudantil da capital minei-ra, que, aos 16 anos, Dilma começou a participar de movimentos que combatiam a ditadura militar que tomou o poder em 1964 e durou até 1985 no Brasil. Em 1967, quando fazia a Faculdade

de Ciências Econômicas da Universidade Federal de Minas Gerais, Dilma integrou o Comando de Libertação Nacional (Co-lina), organização que defendia a luta ar-mada. Por isso, foi perseguida e passou a viver como clandestina. Em 1969, quando Colina e Vanguarda

Popular Revolucionária (VPR) se uni-ram formando a Vanguarda Armada Re-volucionária Palmares (VAR-Palmares), houve o roubo do “cofre do Adhemar”, que teria pertencido ao ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, em um dos episódios mais emblemáticos de ação da luta armada. Nunca ficou provado, porém, que Dilma tenha parti-cipado dessa operação.Naquele mesmo ano, Dilma conheceu

o advogado gaúcho Carlos Franklin Pai-xão de Araújo. Condenada por “subver-são”, ficou presa por quase três anos, de 1970 a 1972, na capital paulista, onde foi torturada. Em 1973 é solta e vai morar em Porto Alegre, onde entra na Faculdade de Ciências Econômicas, na Universidade Federal do RS.Em 1975, Dilma começa a trabalhar

como estagiária na Fundação de Eco-nomia e Estatística no governo gaúcho. No ano seguinte, dá à luz a filha, Paula Rousseff Araújo. Em 1979, ajuda a fun-dar o Partido Democrático Trabalhista (PDT) no Rio Grande do Sul, cujo líder maior foi Leonel Brizola. Trabalhou na assessoria da bancada estadual do partido entre 1980 e 1985. Em 1986, Dilma foi

escolhida pelo então prefeito da capital gaúcha, Alceu Collares, para ocupar o cargo de Secretária da Fazenda. Ela per-maneceu no cargo até 1989. Com a volta da democracia ao Brasil,

Dilma, então diretora-geral da Câmara Municipal de Porto Alegre, participou ativamente da campanha de Leonel Bri-zola ao Palácio do Planalto naquele ano da primeira eleição presidencial direta após a ditadura militar. No segundo tur-no, Dilma foi às ruas defender o candi-dato Luiz Inácio Lula da Silva, do Parti-do dos Trabalhadores (PT), derrotado por Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN).Entre os anos de 1991 e 1993, presidiu

a Fundação de Economia e Estatística do Estado do Rio Grande do Sul e foi se-cretária de Estado de Energia, Minas e Comunicações em dois governos: Alceu Collares (PDT) e Olívio Dutra (PT). De-pois disso, Dilma filiou-se ao PT. O trabalho feito no governo gaúcho

chamou a atenção de Luiz Inácio Lula da Silva, já que o Rio Grande do Sul foi um dos poucos Estados que não so-freram com o racionamento de energia em 2001. Por esse motivo, Dilma acabou sendo convidada por Lula para coordenar a equipe de infraestrutura do governo de transição entre o último mandato de Fer-nando Henrique Cardoso e o primeiro do petista. Assim, foi uma das responsáveis pelo programa de energia.

MINISTÉRIOS

Consequentemente, Dilma assumiu o Ministério de Minas e Energia. Ficou na pasta entre 2003 e 2005. Entre as conquistas à frente do Ministério, os des-taques são a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira e a criação do programa Luz para Todos, quando esteve na presidência do Conselho de Administração da Petrobras. Em 2005, com a demissão de José

Dirceu, principal envolvido no caso de corrupção conhecido como “Mensalão”, Dilma passou a ocupar o cargo de mi-nistra-chefe da Casa Civil. No comando

da pasta, assumiu a direção de progra-mas estratégicos como o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e o Minha Casa, Minha Vida, de habitação popular. Coordenou ainda a Comissão Interministerial que definiu as regras para a exploração das reservas de petró-leo na camada pré-sal. Em 2010, Dilma e Lula lançaram a

segunda fase do Programa de Acele-ração do Crescimento, o PAC 2. No mesmo ano, Dilma deixou o governo federal para se candidatar à Presidência, entrando para a história ao derrotar o candidato José Serra (PSDB) e tornar--se a primeira mulher na Presidência da República Federativa do Brasil.

REELEIÇÃO

Dilma Rousseff foi claramente esco-lhida por Lula para dar continuidade ao governo do PT. Em 2010, mesmo sem nunca ter disputado um cargo eletivo anteriormente, aproveitou a popularidade do ex-presidente para vencer uma eleição marcada pela polarização com o PSDB de Fernando Henrique Cardoso, então representado pelo candidato José Serra. Em 2014, a proposta é basicamente a mesma, ou seja, dar sequência às mu-danças colocadas em prática desde o início do governo petista, em 2002, mas a polarização agora é com a candidata Marina Silva, do PSB, que está à frente nas intenções de voto em um provável segundo turno entre as duas lideranças. Durante a campanha pela reeleição,

Dilma tem apresentado, obviamente, os números que atestam a grande ascensão social vista no Brasil na última década, argumentando que, para o país seguir mudando, ela deveria ser a escolhida pelo eleitorado. Os desgastes causados por 12 anos de governos do PT, porém, representam o principal dilema da cam-panha, que se vê, mais uma vez, rodeada por casos de corrupção, além de indica-dores econômicos desfavoráveis. A investigação de um esquema en-

volvendo a Petrobras com o pagamento de propina a políticos da base aliada

de Dilma não causou grande mudanças nas intenções de voto até agora, mas certamente não ajuda a presidente a crescer em camadas da população hoje contrarias à sua reeleição. Assim como o fraco desempenho do PIB no primeiro semestre, apesar do baixo índice de desemprego.Diante disso, além de assegu-

rar o sólido suporte ao PT pelas camadas mais pobres, Dilma tem focado nos estratos mais jovens da sociedade que formaram a gran-de onda de manifestações do ano passado. Em junho de 2013, ficou nítido o cansaço que boa parte da população sente em relação às formas tradicionais de se fazer política – o que explica a ascen-são de Marina Silva –, além de uma vontade maior de partici-pação nas decisões importantes do país. Não é à toa, portan-to, que Dilma tem defendido a realização de um plebiscito para encaminhar a reforma polí-tica, da qual já deixou claro que o principal ponto será o fim do fi-nanciamento privado de campanha. Só as urnas dirão – provavel-

mente no segundo turno que está marcado para o dia 26 de outubro – se as propostas apresentadas até aqui (leia ao lado) serão suficientes para a reeleição.

A VOZ DA CONTINUIDADENa reportagem que encerra a série sobre os cinco principais candidatos à Presidência, o Brasil Observer apresenta a

atual presidente do país, Dilma Rousseff, que busca mais quatro anos de mandato pelo Partido dos Trabalhadores (PT)

Por Claudia Ribeiro

g Compare: Leia os perfis de Marina Silva, Aécio Neves, Luciana Genro e Pastor Everaldo no site do Brasil Observer: www.brasilobserver.co.uk

g Brasileiros em Londres: O Consulado-Geral do Brasil preparou um documento com informações relativas aos locais de votação, documentos e procedimentos necessários para votar. Para mais informações acesse www.brazil.org.uk

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PRINCIPAIS PROPOSTAS DE DILMA ROUSSEFF

LEANDRO DE BRITO

O programa de governo de Dilma Rousseff propõe o que se chama de um novo ciclo de transformações para mudar de vez o desti-no do país e dos brasileiros. O programa cadastrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ressalta as transformações durante os 12 anos de governo petista. No site da campanha, há um espaço para que os internautas mandem ideias para o programa de governo.

SEGURANÇAg Ampliar a presença do Estado em territórios vulneráveis,

incentivando a adesão dos Estados aos programas Brasil Seguro e Crack, é Possível Vencer.

g Criar a Academia Nacional de Segurança Pública, para formação conjunta das polícias e padronização das ações.

g Fortalecer as ações de combate às organizações crimino-sas e o controle das fronteiras.

g Ampliar e construir unidades prisionais.

SAÚDEg Melhorar e ampliar os serviços de Saúde. g Expandir o programa Mais Médicos. g Ampliar a rede de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs).g Fortalecer o SAMU e ampliar o acesso da população a

medicamentos. g Ampliar o programa Brasil Sorridente, que oferece saúde

bucal de graça em Centros de Especialidades Odontológicas.

EMPREGOg Incentivar o empreendedorismo reduzindo a burocracia;

simplificar, informatizar, criar cadastro único e diminuir o volume de documentos e registros exigidos.

g Promover novos aprimoramentos na legislação para aumentar a cobertura do Simples Nacional e implantar o REDESIM.

g Recursos para o Crescer e novos estímulos para sua ex-pansão. O programa de microcrédito facilita o acesso dos pequenos empreendedores aos recursos para abrir, man-ter e expandir seus negócios.

g Fortalecer o programa Mais Emprego, onde são utilizadas tecnologias da informação para facilitar a prestação de serviços ao trabalhador.

AGRICULTURAg Fortalecer e ampliar programas e políticas de apoio ao

agronegócio e à agricultura familiar.g Melhorar a capacidade de produção para expansão do cré-

dito e conclusão de obras estratégicas de infraestrutura.

ECONOMIAg Controle da inflação como prioridade.g Manter a política macroeconômica, baseada na redução

das taxas de juros.g Flexibilizar a taxa de câmbio em patamares compatíveis

com as condições estruturais do país.g Adotar medidas como desonerações tributárias, redução dos

custos de produção e crédito em condições adequadas.

INFRAESTRUTURAg Expandir os modais ferroviários, hidroviários e a navegação

de cabotagem, reduzindo os gargalos e implantando novas redes logísticas para o escoamento da produção e a circu-lação de pessoas.

g Dar continuidade ao processo de modernização e amplia-ção da capacidade das rodovias, portos e aeroportos.

g No setor de energia, continuar o processo de expansão do par-que gerador e transmissor para garantir a segurança e tarifas mais baixas, mantendo a qualidade da matriz energética.

g Hidroelétricas e termoelétricas como fontes renováveis limpas e de baixa emissão de carbono, e complementadas por fontes alternativas, como a eólica, a solar e a originá-ria da biomassa.

g Promover acesso a um serviço de internet barato, rápi-do e seguro. Para isso, expandir a rede de fibras óticas e equipamentos.

g Continuidade da implementação do Marco Civil da inter-net, dando aos usuários garantias como a liberdade de ex-pressão, o respeito aos direitos humanos e à privacidade, assegurando a neutralidade da rede frente a interesses comerciais ou de qualquer espécie.

EDUCAÇÃOg Investir na qualidade da Educação e ampliar o acesso ao

ensino, em todos os níveis, desde as creches até os cur-sos especializados.

g Destinar os recursos da exploração do petróleo, no pré e no pós-sal para as ações nessa área.

g Continuar ampliando e qualificando a rede de educação em tempo integral.

g Garantir, com o Pronatec, a formação plena da juventude bra-sileira, com acesso ao conhecimento científico e tecnológico.

g Valorizar o professor, com melhores salários e melhor formação.

g Dar continuidade ao ENEM, ProUni e FIES.

ÁREA SOCIALg Garantir que as famílias tiradas da extrema pobreza não

voltem àquela condição. g Ampliação do conceito de Busca Ativa, em que o Estado vai onde

estão os que não conseguem chegar aos benefícios sociais.

MEIO AMBIENTEg Priorizar a segurança hídrica com ações para melhor uti-

lização da água.g Continuar o combate ao desmatamento, em especial na

Amazônia.

REFORMAS g Fazer uma ampla reforma política com a participação

popular, por meio de um plebiscito sobre os principais temas.

g Definir regras claras para financiamento do sistema elei-toral.

g Ampliar os poderes de órgãos públicos dando autonomia a eles.

g Combate à discriminação de raça, cor, credo, orientação sexual ou identidade de gênero.

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ESPAÇO PARA ABORTAR

CONECTANDO

Uma estrutura de metal forma sete úteros. Um deles é o principal, está no centro, no meio de duas pernas abertas, coberto por um tecido ver-melho rendado. Em forma de círcu-lo, cada útero possui um espaço que permite que as pessoas entrem den-tro dele. Estamos na inauguração do maior encontro artístico do país e um dos principais da América Latina, é a Bienal de Arte de São Paulo.“Nem boca fechada, nem útero

aberto”. Bordadas em um tecido de veludo, também vermelho, as boas vindas acompanhavam o monumento de metal. O “Espaço para Abortar” é a obra criada pelo grupo feminista boliviano Mujeres Creando.“Marcharemos pelo parque com

o útero central em nossos ombros. E marcharemos em silêncio. Ele é nossos cartazes, uma nova forma de protesto que deve chegar mais longe; chamaremos a atenção”, propôs Ma-ria Galindo, uma das lideranças do grupo feminista, ao se referir sobre a marcha pelo Parque Ibirapuera, na abertura do evento. “A Bienal é um espaço muito político. Por isso, deve-mos aproveitá-lo para difundir nossa luta com uma ação direta”, diz.Cerca de 100 mulheres levantaram

o útero pelas pernas abertas. E, de repente, olhos atentos, alguns cho-cados e uma multidão que se apro-ximava. Objetivo alcançado, pois a atenção era toda delas. Relatando as memórias em pri-

meira pessoa, as mulheres entravam no centro do útero, dentro do tecido

vermelho – o espaço foi proposto em diversos pontos do parque. O silêncio era simbólico, representa-va o máximo respeito às mulheres que com coragem viveram o aborto, e com mais coragem o relataram naquele momento. Entre palavras fortes, pesadas, sensíveis, lágrimas, sorrisos e gritos, as memórias deixa-vam clara a prioridade da pauta e, acima de tudo, nos dava a certeza do porquê de nossa presença. É a continuidade e consolidação

de uma grande luta por liberdade, justiça, poder de escolha, união fe-minina. Mas também é o acumulo de poder conseguido pelas protago-nistas do novo mundo.Estar naquele local, no meio das

pernas abertas, envolta na renda ver-melha, rodeada por centenas de mu-lheres, permitia a sensação do con-forto, de não estar sozinha, de se sentir cercada por uma força coletiva feminina. Sem dúvidas um ato polí-tico, sem dúvidas uma conquista de espaço, de vozes, olhos e ouvidos.Penalizar o aborto é condenar as

mulheres mais jovens, pobres e in-dígenas – em se tratando de um contexto latino-americano – que, em tentativas desesperadas, buscam um aborto que não é seguro. Ficam, assim, expostas a infecções, hemor-ragias e, em muitos casos, violência verbal e física dos “médicos” – que através de documentos ainda se pri-vam da responsabilidade sob a vida da mulher. Criminalizar o aborto é desrespeitar a vida dessas mulheres.

Obra criada pelo grupo feminista boliviano Mujeres Creando gera debate sobre aborto na Bienal de Arte de São Paulo

Por Louise Akemi

COMO PARTICIPAR?Conectando é um projeto desenvol-vido pelo Brasil Observer que visa colocar em prática o conceito de comunicação ‘glocal’, ou seja, uma história local pode se tornar glo-bal, ser ouvida e lida em diferentes partes do mundo. Mande sua his-tória para nós! Saiba como par-ticipar entrando em contato pelo [email protected]

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Brasil Observer

GUIDE

CITY VISIONS

A season of films, talks and debates at the Barbican in London, explores the ways in which cinema has engaged with the

phenomenon of the modern city and experiences of urban life, will screen four Brazilian films on Sunday 5 October.

>> Read on pages 16 and 17

Festival de filmes, palestras e debates no Barbican, em Londres, vai explorar as maneiras como o cinema tem se envolvido com o fenômeno das cidades modernas e com a experiência de vida urbana – sessão com quatro filmes brasileiros acontece dia 5 de outubro. >> Leia nas páginas 16 e 17

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In the 21st century, it seems inevitable that the city

will triumph. It is already estimated that 50% of the

earth’s population now lives in urban centres, and as

people continue to flock to cities around the world this

is predicted to rise to over 75% by 2050.

Now a season of films, talks and debates held at

the Barbican, inspired by Constructing Worlds an exhibition also held

at the cultural centre, as its catalyst, explores the

ways in which cinema has engaged with the

phenomenon of the modern city and the experience of

urban life. Film has celebrated the

freedoms and energy of the city, it has also

provided images of urban decay and anxiety, and

engaged with key debates around architecture, urban planning and globalisation.Beginning with a collection

of silent films made in the 1920s known as

City Symphonies, and extending to current-

day representations of life in the over-saturated

megalopolises of South America, Africa and

China, City Visions offers a compelling worldwide

exploration of the urban environment and

experience on screen. On 5 October, in

partnership with the Embassy of Brazil in

London, the Barbican will present four special

Brazilian film screenings.

URBAN LIFE EXPERIENCE IN BRAZILIAN CINEMA

This cinematic journey through Lina Bo Bardi’s most im-portant architectural projects in São Paulo and Salvador da Bahia poses the question of what remains of a person in the work they leave behind. This film is an excellent insight into what leads to the timelessness quality of Bo Bardi’s work. An Italian-born Brazilian modernist architect, Lina Bo Bardi devoted her working life, most of it spent in Brazil, to promoting the social and cultural potential of architecture and design. She was also famed for the furniture and jewellery designs.

Oscar Niemeyer was a key figure in modernist architecture, best-known for his civic buildings in Brasilia, capital of Brazil. This documentary relays the story of his revolu-tionary introduction of curved lines into buildings, and its impact internationally. The screening will be followed by a panel discussion with Adrian Forty, Jane Hall and Tom Emerson, on the impact of Brazilian architecture world-wide. The moderator will be Noemi Blager.

A private security firm hired to police a street in Recife (capital of Pernambuco State) triggers an exploration into the neighbours’ grievances and anxieties, exacerbated by the palpable unease of a society trying to reconcile its troubled past and present inequities.

Screening in the UK for the first time, 85 years after its release in Brazil, this lyrical film explores a day in the life of the bustling Brazilian city of São Paulo, depicting it as a modern metropolis but not shying away from the city’s poor and its dispossessed.

5 October, 2pm+ Introduction by architect Ana Araújo

5 October, 6pm+ Panel on the impact of Brazilian architecture

5 October, 8.30pm

5 October, 4pmWith live piano accompaniment by Clélia Iruzun

Brazil 2014, Dir Belinda Rukschcio, 55 min

Brazil 2005, Dir Fabiano Maciel, 87 min

Brazil 2013, Dir Kleber Mendonça Filho, 132 min

Brazil 1929, Dirs Adalberto Kemeny and Rudolf Rex Lustig, 90 min

Tickets: £9.50 | Info: http://goo.gl/Qb1ZX7

Tickets: £11.50 | Info: http://goo.gl/mRMyka

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P R E C I S E P O E T R Y L I N A B O B A R D I ’ S A R C H I T E C T U R E

O S C A R N I E M E Y E R L I F E I S A B R E A T H O F A I R

N E I G H B O U R I N G S O U N D S

S Ã O P A U L O A M E T R O P O L I T A N S Y M P H O N Y

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No século 21, parece inevitável que a cidade vá triunfar. Metade da população mundial já vive em centros urbanos e, com cada vez mais trabalhadores rurais migrando para as cidades ao redor do mundo, o número deve chegar a 75% até 2050. O crescimento urbano, é seguro dizer, nunca foi tão explosivo na história da humanidade. Esta série de filmes, palestras e debates no Barbican, em Londres, vai explorar as maneiras como o cinema tem se envolvido com o fenômeno das cidades modernas e com a experiência de vida urbana. O cinema, afinal, há tempos celebra a liberdade e energia das cidades; também oferece imagens da decadência e ansiedade dos centros urbanos, além de se engajar com debates fundamentais ao redor de temas como arquitetura, planejamento e globalização. Começando com o ciclo de filmes mudos da década de 1920 – conhecido como City Symphonies – e passando para as representações atuais da vida em megalópoles superpopulosas da América do Sul, África e China, a série City Visions oferece uma completa exploração do ambiente urbano na tela do cinema. No domingo dia 5 de outubro, em parceria com a Embaixada do Brasil em Londres, o Barbican vai apresentar quatro filmes brasileiros.

A EXPERIÊNCIA DE VIDA URBANA NO CINEMA BRASILEIRO

Quando a arquiteta italiana Lina Bo Bardi foi ao Brasil, em 1957, reconheceu por lá forte potencial nos cenários abertos do país, que apontavam para o futuro. Decepcionada com as forças conservadoras que tomaram conta da Itália, ela encontrou na América do Sul sua nova casa e local de tra-balho, entabelecendo-se como a arquiteta mais importante da época. À luz de seu centenário, colegas e amigos relembram questões sociopolíticas e eventos pessoais que levaram à at-emporalidade de sua obra. Esta jornada segue ainda seus mais importantes projetos de arquitetura em São Paulo e Salvador.

A história de Oscar Niemeyer, um dos mais influentes arquitetos brasileiros no século 20. É mostrado como Niemeyer revolucionou a Arquitetura Moderna com a introdução da linha curva e a exploração de novas pos-sibilidades de uso do concreto armado, além de seus pensamentos sobre a vida e o ideal de uma sociedade mais justa.

A presença de uma milícia em uma rua de classe média na zona sul do Recife muda a vida dos moradores do local. Ao mesmo tempo em que alguns comemoram a tranquilidade trazida pela segurança privada, outros passam por momentos de extrema tensão. Ao mesmo tempo, casada e mãe de duas crianças, Bia (Maeve Jinkings) tenta encontrar um modo de lidar com o barulhento cachorro do vizinho.

Documentário sobre a São Paulo que, nos anos 1930, tornava-se uma das maiores cidades do mundo. Considerado o marco inicial de uma tradição paulista, o cinema urbano, o filme mostra a moda, os esportes, os monumentos públicos, a in-dustrialização, fatos históricos, expansão do café, educação e o burburinho do cotidiano.

5 de Outubro, 2pm+ Introdução da arquiteta Ana Araújo

5 de Outubro, 6pm+ Debate sobre arquitetura brasileira

5 de Outubro, 8.30pm

5 de Outubro, 4pmCom piano ao vivo por Clélia Iruzun

Brasil 2014, Direção de Belinda Rukschcio, 55 minutos

Brasil 2005, Direção Fabiano Maciel, 87 minutos

Brasil 2013, Direção Kleber Mendonça Filho, 132 minutos

Brasil 1929, Direção Adalberto Kemeny e Rudolf Lustig, 90 minutos

Tickets: £9.50 | Info: http://goo.gl/Qb1ZX7

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P O E S I A P R E C I S AA A R Q U I T E T U R A D E L I N A B O B A R D I

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NINETEEN EIGHT-FOURSÃO PAULO DISCOVERS THE WHEEL

By Ricardo Somera

Anyone who lives, has lived or visited São Paulo already knows that it is a city made for cars and rich people. Rents are as expensive as in New York; leisure activities more expensive than in London; and traffic is certainly one of the most chaotic in the world. But thankfully things are changing. In recent months,

Mayor Fernando Haddad (Workers Party) began a trans-formation of the transport system of the city. The first and polemic attitude was with the expansion of bus ex-clusive lanes, giving priority to public transport. Now, the new cause of irritation to the wealthy who do not want any obstacles to their vehicles are the bike paths and the encouragement of individual non-polluting transportation. Those who lives in London and have a ‘Boris Bike’

less than 100 meters from home must be thinking, what is so revolutionary or abnormal about this? A lot! Especially in a city like São Paulo, where more than half (62%) of households have at least one car in their garage. Not to mention the staunch conservatism of São Paulo ‘high-class’. The so-called mainstream media, of course, is creating a giant drama though, warning that the traffic is now worse and the bike paths are idle. There is no time for drama, as 87% of the popu-

lation approves the implementation of bike lanes and, until now, 78km of the 400 km promised has been constructed. The volume of new cyclists only increases. According to IBOPE, “only” 6% of respondents use such transportation often (more than 500,000 people), but gradually the population is dusting off the bike and occupying the bike lanes.

A problem that began to be apparent, however, is the lack of places to rent bikes and the failed integration with the transport system of the city. There are only 200 stations spread across the southwest area of the city much like London’s ‘Boris Bike’. In the centre, the region with the most bike lanes, 13 stations were removed due to vandalism. Gradually people are pedalling towards a more inclu-

sive city with a simple, inexpensive and fun attitude on bike rides through the parks, downtown or even in their own neighbourhood. It’s a start. São Paulo has a long way to go to be

as welcoming to bikes as the city of London, which plans to deliver to the population by 2016 about 30 km from ‘segregated bike lanes’, forming the largest bike path in Europe.

SÃO PAULO DESCOBRE A BICICLETAPor Ricardo Somera

Qualquer pessoa que mora, morou ou já visitou São Paulo sabe que se trata de uma cidade feita para carros e gente rica. Os aluguéis são tão caros quanto em Nova York; a diversão mais cara que em Londres; e o trânsito é certamente um dos mais caóticos do mundo.Mas, felizmente, as coisas estão mudando. Nos últimos

meses, o prefeito Fernando Haddad (PT) começou uma transformação no sistema de transporte da cidade. A pri-meira, e polêmica, atitude foi com a ampliação dos cor-redores de ônibus, dando prioridade ao transporte coletivo. Agora, a nova causa de irritação para os endinheirados que não querem nenhum obstáculo aos seus veículos são as ci-clovias e o incentivo ao transporte individual não poluente. Você que mora em Londres e tem uma ‘Boris Bike’ a

menos de 100 metros de casa deve estar pensando: o que isso tem de tão revolucionário ou anormal? Muita coisa, principalmente em uma cidade como São Paulo, onde mais da metade (62%) das famílias têm pelo menos um carro na garagem. Sem contar o conservadorismo ferrenho dos paulis-tanos de “alta classe”. A chamada grande mídia, obviamente, está fazendo um drama gigante dizendo que o trânsito só piora, que as ciclovias são ociosas e que o vermelho delas passa uma mensagem subliminar comunista (hein?).Não adianta espernear, pois 87% da população aprova a

implantação das ciclovias e, até o momento, foram feitos 78 dos 400 km prometidos. O volume de novos ciclistas só aumenta. Segundo o Ibope, “apenas” 6% dos entrevista-dos usam esse tipo de transporte com frequência (mais de 500 mil pessoas), mas aos poucos a população está tirando a poeira da bike e ocupando as ciclovias.

Um problema que passou a ficar explícito, porém, é a falta de locais para alugar as bicicletas e a integração falha com o sistema de transporte da cidade. Há apenas 200 estações espalhadas nos moldes da ‘Boris Bike’ pela zona sudoeste da cidade. No centro, a região com mais ci-clovias, foram retiradas 13 estações devido ao vandalismo. Aos poucos as pessoas vão pedalando rumo a uma

cidade mais inclusiva com uma atitude simples, barata e divertida em passeios de bicicleta pelos parques, centro ou até mesmo no seu próprio bairro.É um começo. São Paulo ainda precisa percorrer um

longo caminho para ser tão convidativa às bicicletas como a cidade de Londres, que planeja entregar para a população até 2016 cerca de 30 km de “ciclovias segregadas”, ou seja, completamente separadas das faixas de carros, que vão formar a maior ciclovia do tipo da Europa.

Boris Johnson’s style: In the first picture, mayor of São Paulo Fernando Haddad goes to work via bike; in the second, how the

cross rail for bikes in Central London will look like when finished.

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When the African Siwa is talked into using sustainable methods of cotton cultivation by a Swiss aid worker, it helps two young Chinese businesspeople to make a success of their first start-up. But when their trade in soya beans begins to falter, this has an impact on Romanian pig-breeders, which in turn has direct consequences for the marriage of Europeans Katrin and Thomas. Meanwhile, ‘the thing’, a cotton boll, journeys over oceans and through cities amazed by the wheelings and dealings of humanity.

Directed by Tanja PagnucoDesigned by Martina TrottmannTranslated by Birgit Schreyer Duarte

Tue 14 Oct - Sat 1 Nov, 7.30pmSaturday Matinees, 3.30pm. No shows Sundays & Mondays

£14.50 / £12.50 (conc)Box Office 020 7383 9034www.newdiorama.comNew Diorama Theatre, 15 - 16 Triton Street, London, NW1 3BF

A globetrotting comedy of globalised connections.

Das Ding is translated by Birgit Schreyer Duarte, sponsored by the Goethe Institute.This production is supported by the New Diorama Emerging Companies Fund.The set/costume design has been produced by the Swiss Costume Designer Martina Trottmann.

stonecrabs

Philipp Löhle’s

UK Premiere

‘In a highly comical, breakneck fashion, Philipp Löhle illuminates the mechanisms of our globalised, technologised, rapidly changing world.’

Deutsches Theater, Berlin

stonecrabsStoneCrabs Theatre Company in co-production with Tanja Pagnuco present

Tue 14 Oct - Sat 1 Nov, 7.30pmNew Diorama Theatre, 15 - 16 Triton Street, London, NW1 3BF

Philipp Löhle’s

UK Premiere

A GLOBETROTTIN

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B E B E L G I L B E R T O

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6 October

18 October

Clube do Choro UK hosts one of the most revered trios of choro music in Europe. Trio Bola Preta was formed in the Netherlands by three musicians: Mariana Bruekers (Brazil) on the flute, Francisco Medina (Portugal) on the seven string guitar and Matthias Haffner (Germany) on the percussion. The sound combines rhythms and musical genres such as fado, salsa, tango and baião with the ar-rangement of choro classics.

This year, CASA is all about Latin America’s most innova-tive emerging artists and companies bringing fantastic new work to the UK. Eleven outstanding international shows from some of the continent’s most exciting companies including Jorge Costa’s sublime clown shows Visite Argen-tina and Mi.Me. There is also a complementary programme of debates, talks, workshops and Latin American music, art, food and drink.

The second FlipSide Festival will take place at Snape Maltings, Suffolk, over the first weekend of October 2014. Literature, art, music, food and drink, children’s events, dance, cooking demonstrations, capoeira and football will all be celebrated. October 5th is the day of the Brazilian Presidential Election, and a panel of eminent Brazilian ex-perts will debate the state of play in South America’s no longer sleeping giant.

StoneCrabs Theatre Company in co-production with Tanja Pagnuco, brings to the UK Philipp Löhle’s dark comedy Das Ding (The Thing) for its first time. In a world where everything is connected with everything else, characters are driven by their yearning for the inexplicable, the magic moment, the great love – at the same time as they get tangled up in the global network of causal interrelationships.

Daughter of Brazil’s legendary guitarist and vocalist João Gilberto, Bebel Gilberto is true royalty among the Brazil-ian music scene. Her bossa nova infused melodies subtly link Brazilian rhythms with more contemporary electronics. At the Barbican (as well as on the FlipSide Festival) she performs songs from her first release in five years, Tudo. A very personal album for Gilberto, which includes a col-laboration with singer Seu Jorge.

Brazilian jazz star Mônica Vasconcelos returns to Kings Place with a new show Rise Up and Dance: Brazilian Freedom Songs. The military coup in Brazil, in 1964, coincided with one of the most creative periods in Brazilian popular music. Mônica Vasoncelos has been searching for the stories behind these songs and has reworked them with a team of top musicians from Bra-zil and Britain.

27 September

10-19 October

Where The Forge, 3-7 Delancey Street, Camden Town Tickets £8 >> www.clubedochoro.co.uk

Where Barbican Centre, Rich Mix and Rose Lipman BuildingTickets From £12 >> www.casafestival.org.uk

3 – 5 October

14 October – 1 November

Where Snape Maltings, Suffolk Tickets £130 (Wekeend Pass) >> www.flipsidefestival.co.uk

Where New Diorama Theatre, 15 - 16 Triton Street, NW1 3BF Tickets £14.50 / £12.50 >> www.stonecrabs.co.uk

Where Barbican Hall Tickets £17.50 – 27.50 plus booking fee >> www.barbican.org.uk

Where Kings Place Tickets £16.50 >> www.kingsplace.co.uk

C L U B E D O C H O R O U K

C A S A F E S T I V A L

F L I P S I D E F E S T I V A L

S T O N E C R A B S

Brazil’s internationally acclaimed dance company Grupo Corpo returns to Sadler’s Wells for its first per-formances since 2011. Grupo Corpo translates as Group Body, reflecting the movement style of the dancers. The company performs two pieces, choreographed by artistic director Rodrigo Pederneiras. The first piece is entitled Triz - the Brazilian term for the moment just before a ca-tastrophe. The abstract dance sees performers’ bodies vertically split like inanimate objects. The sec-ond part of the programme, Para-belo, was described by Pederneiras as his most Brazilian creation and is inspired by life in rural Brazil. There are moments of utter peace and stillness and others of raucous Brazilian carnival.

1 – 4 October

Where Sadler’s Wells, Rosebery Avenue, London, EC1R

Tickets From £12 >> www.sadlerswells.com

GRUPO CORPO TRIZ & PARABELO

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BEST COFFEE SHOPS IN RIO AND LONDON

OS MELHORES CAFÉS DO RIO E LONDRES

By Kate Rintoul

During my time in Brazil I found that the Cidade Maravilhosa could be a place of seeming contradictions, but the one I found hardest to take as a caffeine reliant visitor was the seeming lack of quality craft coffee shops in a country that produces the most coffee in the world, exporting 1.6 million tons of coffee last year.Coffee is also drunk in abundance,

with Brazilians second only to America in terms of the amount of espressos, medios and macchiatos consumed each year. But for me, the taste of the coffee from heated drums was always quite

bitter so I set out researching and visi-ting the handful of coffee shops offering quality coffee.The Third Wave Coffee Movement

that has been championed by Antipode-ans and hipsters in Europe and the states in the last ten years means that today’s coffee drinkers look for much more than just a caffeine hit. They are used to being able to grab an organic, single ori-gin, locally sourced, barista-made coffees whenever the mood takes them.A good coffee shop also has to have

a good atmosphere, speedy (free) wifi connection and space to work. So here are my best discoveries in Rio and old favourites in London.

Por Kate Rintoul

Durante minha estadia no Brasil des-cobri que a Cidade Maravilhosa podia ser um lugar de grandes contradições. Mas, sendo uma pessoa necessitada por café, o fato mais difícil de aceitar foi a aparente falta de lugares onde encon-trar café artesanal de qualidade. Afinal, estamos falando de um país que produz a maior quantidade de café no mundo – 1,6 milhão de toneladas exportadas no ano passado. Café é bebido em abundância no Brasil,

que fica apenas atrás dos Estados Unidos

no quesito consumo anual. Para mim, o sabor do café servido de tambores aque-cidos sempre foi muito amargo, então me propus a pesquisar um punhado de lojas com café de qualidade.Hoje em dia os apreciadores de café

buscam muito mais do que uma forte dose de cafeína. Dão valor a fatores como a origem do café, se é orgânico ou não e se é resultado de uma produção local.Uma boa loja de café também deve

ter boa atmosfera, conexão wifi potente e espaço para trabalhar. Então a seguir você encontra minhas melhores descobertas no Rio e minhas favoritas em Londres.

NEW CANVAS OVER OLD

g Where do you like to get your Coffee Fix? Tweet me @katerintoul

g Alguma outra dica? Escreva para @katerintoul

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RIO

The best discovery had to be Curto Café in an unassuming shopping arcade in Centro which offers coffee lovers the chance to understand more about the process of making the perfect cup.The cafe focuses on gourmet, high qua-

lity coffee at low prices and encourages a community approach. Customers pay what they think their coffee and the experience is worth, the ‘menu’ chalkboard has a break down of the costs involved and price raw materials needed to get the cup of coffee into your hands. Customers are also encouraged to participate in the process, from learning to make their own

barista coffee to helping out in the café. The space is open and slightly nomadic as it just kind of sits in the atrium of the mall, with no walls or sign, this just adds to the community feel. The coffee was the best I had in Rio and they also sell beans so I was able to wake up and make great coffee at home.As is stumbled around after an English

class in downtown, alcohol was the last thing on my mind but I spotted this welcoming looking coffee shop/bar and when I got inside Café do Bom Cachaça da Boa I realised it was just as good a place for breakfast as drinks. The staff were really friendly and helpful, great when you’re the wrong side of your

morning pick me up and they took real care in making the coffee. The cen-tral location and relaxed atmosphere also made this a good place to work, that was until a big group of Colombians on holiday for the world cup rolled in for cachaça tastings at 11am!

LONDON

I know this will probably land me in some trouble and get lots of comments from other people voting their favourite place but I’m just going to put it out there: Federation Coffee has the best coffee in London. Nestled in the heard of Brixton Village the location and quality of the co-

ffee, which they roast themselves 2 minu-tes away means this is not always an ideal place to work. The queue on a weekend can be insane but it’s well worth it and it’s a great place to catch up with friends as if you are lucky enough to score a table you are not hurried to leave. Browns of Brockley is another place

with a great location opposite Brockley station, making a good place to catch up with friends who live on the Overground Line. Again there’s a relaxed atmosphere and good wifi, plus they sometimes have exhibitions of local artists so it’s a nice place to be. They serve Square Mile co-ffee and take amazing pride sourcing great ingredients for their sandwiches and cakes.

RIO

A melhor descoberta foi o Curto Café em uma modesta galeria comercial no Cen-tro, que oferece aos amantes de café a chance de entender mais sobre o processo de produção do copo perfeito. O café tem alta qualidade, preços baixos

e incentiva a aproximação com a comu-nidade. Os clientes pagam o quanto eles acham que vale a pena, o cardápio tem os custos envolvidos e o preço das matérias primas necessárias para obter uma xícara de café. Os clientes também são incentiva-

dos a participar do processo, de aprender a fazer seu próprio copo. O espaço é aberto, fica no átrio do shopping, sem paredes ou sinal, o que só aumenta a sensação de comunidade. O café foi o melhor que eu tive no Rio e eles também vendem o grão, então pude acordar várias vezes e fazer um ótimo café em casa. Outro dia, após uma aula de inglês no

centro da cidade, beber algo alcoólico era a última coisa que passava em minha mente, mas quando entrei no Café do Bom Ca-chaça da Boa percebi que era um lugar ótimo. Os funcionários foram muito sim-páticos e prestativos. A localização central

e o ambiente descontraído também fizeram deste um bom lugar para trabalhar. Até um grupo de colombianos na Copa do Mundo passaram por lá para degustação de cacha-ça, às 11am!

LONDRES

Sei que isso provavelmente vai me dei-xar com alguns problemas, mas vou dizer: o Federation Coffe tem o melhor café de Londres. Situado no Brixton Village, a localização e qualidade do café significam que nem sempre é um lugar ideal para

trabalho. A fila em um fim de semana pode ser imensa, mas vale a pena e é um ótimo lugar para encontrar os amigos, principalmente se você tiver sorte o sufi-ciente para reservar uma mesa não estiver apressado para sair. Browns of Brockley é outro lugar com

uma excelente localização, em frente à estação Brockley, um bom lugar para conversar com amigos que vivem perto de alguma estação de Overground. Há um ambiente descontraído e boa cone-xão wifi, e às vezes têm exposições de artistas locais, de modo que é um bom lugar para conhecer.

Kate Rintoul’s choices: Curto Café (1), Café do Bom (2), Federation Coffe (3) and Browns of Brockley (4)

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STREET STYLE LONDON FASHION WEEK BY

Camila, 24

Luisa, 35

Elle, 20

Kassie, 22

Samantha, 20

Nathalie, 20 and Jazz, 24

Maya, 18

Fernanda, 21

Marika, 26

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ELEICOES 2014LONDRES – REINO UNIDO

DATA E HORARIO DAS ELEICOESAs eleicoes serao realizadas no dia 5 de outubro, domingo, e, se houver segundo turno, no domingo 26 de outubro. O horario de votacao sera das 8h as 17h.

ELEITORES APTOS A VOTAR EM LONDRESEstao aptos a votar apenas os eleitores registrados em secoes eleitorais instaladas em Londres. Os eleitores registrados em outros locais que nao no Reino Unido nao poderao votar nesta capital.

DOCUMENTOS NECESSARIOS PARA VOTARO eleitor deve apresentar o titulo de eleitor e documento original brasileiro com foto. Serao aceitos como documento com foto: passaporte brasileiro, RG brasileiro, carteira de identidade profissional, documento militar (para homens) ou carteira de motorista brasileira. A foto devera ser capaz de identificar o cidadao.

TITULO DE ELEITORO eleitor devera coletar seu titulo, pessoalmente, na sede do Consulado-Geral do Brasil em Londres (3 Vere Street, W1G 0DG), das 9h30 as 16h00, de segunda a sexta-feira. Devera trazer documento brasileiro de identidade com foto e, caso possua, o titulo de eleitor antigo e o comprovante de transferencia eleitoral.Para saber se seu documento eleitoral esta pronto, por favor enviar email em que conste seu nome completo para [email protected]. O cidadao que ja houver coletado o titulo, mas nao estiver com o referido documento no dia da eleicao, e cujo nome estiver cadastrado no caderno de votacao de sua secao, podera votar apresentando documento brasileiro original com foto. Nesse caso, e imprescindivel que o eleitor antes de comparecer para votar, verifique qual e a sua secao eleitoral (ver abaixo “Procedimentos Necessarios para Votar”).

LOCAIS DE VOTACAOConsiderando o significativo aumento de eleitores brasileiros registrados para votar nas secoes eleitorais no Reino Unido, em 2014, as eleicoes serao realizadas, pela primeira vez, tanto no Consulado-Geral do Brasil quanto na Embaixada do Brasil em Londres. Veja a seguir como serao distribuidas as secoes entre os dois locais de votacao e saiba onde voce deve votar:

1) Consulado-Geral do Brasil em LondresEndereco: 3 Vere Street, Londres, W1G 0DG Estacoes de metro proximas: Bond Street, Oxford CircusSecoes eleitorais: 181 (antiga 11), 182 (antiga 10), 183 (antiga 1), 184 (antiga 2), 185 (antiga 3), 186 (antiga 4), 187 (antiga 5), 188, (antiga 6), 189 (antiga 7), 190 (antiga 8), 191 (antiga 9), 192 (antiga 12), 521, 544, 562, 569 e 605.

2) Embaixada do Brasil em LondresEndereco: 14-16 Cockspur Street, Londres, SW1Y 5BL Estacoes de metro proximas: Piccadilly Circus, Charing Cross Secoes eleitorais: 612, 628, 651, 659, 663, 671, 677, 680, 693, 695, 708, 715, 735, 790, 799, 800, 803, 804, 851, 852, 853, 914, 937, 960, 1025 e 1026.

DUVIDAS E PERGUNTASPara maiores informacoes, por favor consultar o site do TRIBUNAL ELEITORAL, disponivel pelohttp://www.tse.jus.br/eleitor/eleitor-no-exterior/servicos-eleitorais-no-exteriorO Consulado-Geral do Brasil em Londres disponibiliza o e-mail [email protected] para esclarecer eventuais duvidas.