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7/29/2019 Brinquedoteca e Sua Importamcia
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BRINQUEDOTECA E SUA IMPORTAMCIA
Crianas so sinnimos de brincadeiras e simplesmente de diverso, alegrias, enfim de
felicidade.
E nada melhor do que as brincadeiras so aquelas que divertem as crianas e ainda por
cima educam.
Como o caso da educao infantil, esta que uma grande e importante fase que todas
as crianas devem passar para que futuramente saibam muitas coisas.
Para a facilitao desta fase nada mais aconselhvel que os brinquedos, pois toda
criana quando brinca na hora certa, com certeza estar sendo uma criana mais feliz.
E exatamente isso o que proporciona uma Brinquedoteca na educao infantil, poisalm de informar as crianas de uma maneira ldica estar ensinando de uma forma
muito mais prazerosa e interessante a crianada.
A brinquedoteca no um local de passatempo para as crianas e sim ajuda no
desenvolvimento das crianas onde promove processos de socializao e descoberta do
mundo, sendo um espao preparado para estimular a criana a brincar onde possibilita o
acesso a uma variedade de brinquedos, nas brinquedotecas existem brinquedos variadosnovos, usados, brinquedos de madeiras, plstico, metal, pano, aqueles de propaganda,
um que nossos pais brincavam, ou aquele to desejado brinquedo que vai realizar sonho.
Quando uma criana entra em uma brinquedoteca deve ser tocada pela decorao, pela
alegria, e magia do espao, ela apresenta varias funes: pedaggica, social e
comunitria, por exemplo, oferecer possibilidades de bons brinquedos e ao mesmo
tempo brinquedos de qualidade a funo pedaggica, possibilitar que todas as crianas
possam fazer o uso de brinquedos a funo social, favorecer que crianas que jogamem grupos a aprender a respeitar as pessoas e a colaborarem com elas funo
comunitria.
Portanto a brinquedoteca fundamental para a educao infantil sendo um ambiente
para estimular a criatividade devendo ser preparados de forma criativa com espaos que
a brincadeira de faz de conta e a construo de brinquedos e a socializao.
http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%23http://www.guiagratisbrasil.com/brinquedoteca-na-educacao-infantil/#%237/29/2019 Brinquedoteca e Sua Importamcia
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Sendo assim no podemos esquecer de que qualquer que seja o tipo de brinquedoteca
vai proporcionar a criana momentos criativos, alegres, com muito prazer e
aprendizado.
A BRINQUEDOTECA NA ESCOLA: POSSIBILIDADE DO RESGATE DO
LDICO OU RECURSO DA PRTICA PEDAGGICA
O brincar nossa primeira forma de cultura e nas brincadeiras que a criana que se
expressa, vive sua cultura e a reproduz.
Brincar significa estar criativamenteno mundo, estar em dilogo com o outro, com a
natureza, com o social.
Pois, experimentando a atividade ldica a criana representa, cria, recria e se envolve
nas complexas relaes sociais de sua cultura.
A infncia parte fundamental da sociedade e a criana um cidado ao brincar, pois
est cumprindo seu papel social.
Cada dia que se passa a criana vai perdendo seu espao social e fsico para brincar.
Existem ainda locais apropriados para uma criana exercer a prtica do ldico?
Vivemos atualmente uma cultura na qual impera o individualismo, no dando espao
para que o ldico se faa presente.
Sendo assim, se vivemos em sistemas cada vez mais excludentes, preciso buscarmos
alternativas para que as crianas experienciem o brincar e vivam melhor.
Desta forma, algumas questes nos instigaram e conduziram busca de uma
compreenso do que representaria a brinquedoteca para os profissionais da educao e
para a sociedade:Por que a ausncia de brinquedotecas em instituies escolares?
O que os diretores dessas instituies dizem sobre a brinquedoteca?
Como o brincar visto pelos educadores?
Estas questes, inquietaram-nos e motivaram a desenvolver um trabalho de pesquisa
para assim, compreender qual a importncia dada pelos educadores a este espao
ldico to prprio para o brincar.- Por que um espao ldico dentro da escola?
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- Qual a concepo dos profissionais da educao da presena de brinquedotecas no
espao escolar?
Como foi o percurso...
Com o intuito de conhecermos o que os educadores dizem sobre as brinquedotecas no
mbito do contexto escolar, optamos por utilizar como metodologia de trabalho a
investigao qualitativa.
Quanto estratgia usada para a coleta de dados, utilizamos a tcnica das entrevistas
semi-estruturadas com diretores das instituies previamente selecionadas.
No decorrer da pesquisa foram entrevistadas quatro profissionais que gerenciam
instituies escolares: uma diretora de uma Cooperativa Educacional, que trabalha com
alunos da educao infantil e do ensino fundamental e trs diretoras de escolas pblicas,
sendo duas de escolas municipais e uma de escola estadual.
Uma das escolas municipais e a estadual trabalham exclusivamente com a educao
infantil.
A outra escola do municpio atende alm das crianas da educao infantil tambm
alunos do ensino fundamental.
Os sujeitos foram escolhidos sem critrios previamente estabelecidos, sendo definido
como requisito apenas que estivessem atuando em escolas.
Buscamos atravs de uma entrevista semi-estruturada com cada um dos sujeitos,
estabelecer um dilogo para conhecer o que elas entendem e dizem sobre as
brinquedotecas e seu funcionamento.
Alm disso, procuramos compreender as suas concepes acerca do brincar.
As seguintes questes nos orientaram:
Como o brincar visto pelos educadores?
O que os diretores das escolas entendem sobre o papel da brinquedoteca?O que dizem estes profissionais sobre o funcionamento de uma brinquedoteca dentro do
espao escolar?
Aps a realizao das entrevistas, fizemos registros nos dirios de campo, na busca de
uma compreenso prvia do que foi discutido no decurso da entrevista entre o
investigador e o investigado.
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Os dirios de campo contribuem na medida em que, assim que finalizada a entrevista,
ainda no calor das falas, o entrevistador relata com autoria as suas impresses,
sentimentos e opinies acerca do que se constituiu dilogo entre ele e o entrevistado.
Para o desenvolvimento desta pesquisa nos fundamentamos na teoria dos seguintes
autores: Philippe Aris, Lev. S. Vygotsky, Donald W. Winnicott, Tisuko Morchida
Kishimoto, entre outros estudiosos que vm pesquisando no Brasil, temas relativos
infncia, criana, ao brincar e brinquedoteca.
NO CAMINHO, O DILOGO COM ALGUNS TERICOS
A criana e o brincar... alguns sculos de histria
Para compreendermos a criana na contemporaneidade necessrio conhecermos sua
histria ao longo dos sculos e principalmente a sua histria social construda no
decorrer das ltimas dcadas, perodo em que a infncia foi alvo de muitos estudos e
pesquisas.
Estamos vivendo nos dias de hoje a passagem para um novo milnio e, como
coadjuvantes deste fato histrico, somos convidados mudana de pensamento e de
paradigma.
Portanto, reconhecer socialmente a criana e valorizar suas especificidades uma das
grandes responsabilidades dos tempos atuais, visto que a criana de hoje apesar de
referendada em lei como um sujeito de direito no interior da sociedade, em alguns
aspectos ainda continua margem nas relaes sociais, principalmente no que diz
respeito ao seu direito de estarna sociedade como um cidado.
Temos o Estatuto da Criana e do Adolescente - Lei 8069/90, que aponta comoprincipal objetivo a garantia dos seus direitos pessoais e sociais e a LDB - 9.394, que
assegura o direito da criana educao e referenda, o direito da criana de 0 a 6 anos
educao infantil.
As crianas esto engendradas nas relaes familiares, culturais, polticas e
educacionais da sociedade, apropriam-se dos valores e comportamentos do seu tempo e
lugar e fazem parte da histria.
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O educador KUHLMANN (1998), preocupado com as questes da infncia, fala deste
aspecto com muita clareza:
preciso considerar a infncia como uma condio da criana.
O conjunto das experincias vividas por elas em diferentes lugares histricos,
geogrficos e sociais muito mais do que uma representao dos adultos sobre esta fase
da vida.
preciso conhecer as representaes de infncia e considerar as crianas concretas,
localiz-las nas relaes sociais, etc, reconhec-las como produtoras da histria.
Voltando alguns sculos no tempo, tomando como referncia estudos histricos, vimos
que apenas a partir do sculo XVII a criana passou a ser reconhecida pela sociedade;
nos sculos anteriores elas no saiam do anonimato.
Fatos como:
O infanticdio, a venda de crianas, o abuso sexual, a barbrie e as altas taxas de
mortalidade, exemplificam o descaso para com a criana e para com a sua efetiva
permanncia na sociedade.
A morte de uma criana, por exemplo, era vista sem muita tristeza, sendo percebida
pelos pais como fato natural e at mesmo necessrio.
Caso sobrevivesse ao perodo de risco de morte, a criana comeava a fazer parte do
mundo dos adultos.
ARIS (1981), historiador francs, em sua obra.
A Historia social da criana e da famlia, nos chama a ateno para a condio social da
criana na poca da antiguidade e idade mdia:
Assim que a criana superava esse perodo de alto risco de mortalidade, em que
sua sobrevivncia era improvvel, ela se confundia ao mundo dos adultos.
Apenas a partir do sculo XVII, inicia-se uma tomada de conscincia em torno dasparticularidades da criana, o que Aris (1981) chama de Sentimento de Infncia:
O sentimento de infncia no significa o mesmo que afeio pela criana: corresponde
conscincia da particularidade infantil, essa particularidade que distingue
essencialmente a criana do adulto, mesmo jovem.
Este sentimento referido pelo autor, nasce dentro da famlia numa poca em que a
criana por sua ingenuidade e graciosidade passa a ser um objeto de distrao erelaxamento para o adulto.
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Inicia-se a o que Aris chamou de paparicaoe posteriormente, um novo sentimento,
contraditrio ao primeiro comea a aparecer, o de moralizao da criana, que passa a
ser vista como um ser frgil e inocente que, de engraadinha e motivo de entretenimento
para os adultos precisa ser educada e disciplinada, para no ser corrompida pelo mundo
adulto.
a partir desta poca, final do sculo XVII, incio do sculo XVIII, que comeam as
primeiras preocupaes com a higiene, sade e educao das crianas, esta ltima por
interesse dos padres Jesutas, que empenhados na moralizao do infante.
fundamentam sua pedagogia luz dos conhecimentos da psicologia e de seus mtodos
para educao.
At ento no havia, uma educao destinada s crianas em especial, elas eram
misturadas aos adultos, sem qualquer distino de ordem fsica e ou psicolgica, o que
no de difcil compreenso para aquela poca, em que apenas naquele momento
histrico comeava a haver uma preocupao com a educao das crianas.
De acordo com Aris (1981), este um trao caracterstico da viso social da poca:
Assim que ingressava na escola, a criana entrava no mundo dos adultos.
Essa confuso to inocente que passava despercebida, era um dos traos mais
caractersticos da antiga sociedade.
A infncia no era pensada de forma especfica na sociedade, pelo contrrio, educar a
criana foi necessrio para ela poder ser enfim, moralizada e assim transformar-se em
um adulto em condies de participar da vida social.
Caso contrrio, poderia continuar sendo, provavelmente, um estorvo para a sociedade,
j que era vista como um ser despreparado e mal educado:
A criana no era divertida nem agradvel: s o tempo pode curar o homem da
infncia e da juventude, idades da imperfeio sob todos os aspectos.
(ARIS, 1981 p. 162) Cabe nesta reflexo histrica uma questo:A criana, sujeito sem importncia para a sociedade antiga, tinha o direito de brincar?
Ou o brincar no fazia parte de sua vida?
Na antiguidade, as brincadeiras e os jogos das crianas eram os mesmos dos adultos:
No incio do sculo XII no existia uma separao to rigorosa como hoje entre as
brincadeiras e os jogos reservados s crianas e as brincadeiras e jogos dos adultos.
Os mesmos jogos eram comuns a ambos. (ARIS, 1981, p. 88).
Da mesma forma que a criana no tinha seu espao na sociedade, tambm a prtica dobrincar dependia dos adultos.
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Na sociedade antiga, os jogos e as brincadeiras eram muito comuns entre os adultos,
constituam uma das formas mais utilizadas de estreitamento dos laos entre as pessoas,
e as crianas tambm participavam juntamente com eles
Aquele que no fala. deste valor social. No havia as brincadeiras destinadas s
crianas, elas no tinham um tempo e um espao fsico e social para brincar, para criar
ou para adquirir brinquedos.
Os brinquedos mais utilizados pelas crianas, nas suas brincadeiras eram miniaturas de
objetos do universo dos adultos, como o cavalo de pau, o arco de penas, o pssaro e a
boneca.
Muitas dessas miniaturas de objetos, eram tambm depositadas nos tmulos das
famlias e possuam uma significao religiosa.
No caso das bonecas, interessante observar, que elas serviam de presentes e enfeites
para as mulheres, e at incio do sculo XIX faziam o papel de manequins para elas.
Elas eram tambm brinquedos, tanto das meninas quanto dos meninos.
Mas necessrio considerarmos ao analisar estas questes, que a infncia e o brincar
possuam significados diferentes, de acordo com as determinaes culturais daquela
poca.
O tratamento dispensado s crianas condizia com os valores econmicos, sociais e
culturais do perodo histrico em questo.
Cabe a ns perguntarmos: e na contemporaneidade, a forma que nossas crianas so
consideradas condiz com os nossos valores culturais?
Que valores so esses, que permitem que as crianas trabalhem ao invs de brincar ou
estudar; que vivam nas ruas e passem fome?
Ao nos depararmos com a histria da criana ao longo dos tempos ficamos muitas
vezes assustados com tanta indiferena, por isso a necessidade de considerarmos a
escala social de valores de cada poca e relacionarmos aos fatos contemporneos.No verdade que vivenciamos atualmente situaes chocantes nessa poca de tantos
avanos, em que a cincia e a tecnologia tudo podem?
Brincar ... e ser criana ... coisas srias!
Brincar,essencialmente satisfaz.
Aps transitar por alguns sculos de histria sobre a infncia, vimos de que maneira obrincar acompanha a humanidade.
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O que brincar?
Atividade to simples, e ao mesmo tempo to sria, que diz tanto por si mesma.
Assim como a infncia, o brincar precisa ser pensado, compreendido e cuidado.
Necessita ser cultuado para que no seja desvirtuado: um brincar em que se faa
presente, a criatividade, o prazer, o faz de conta, o brinquedo, a imaginao, a
construo, e o sonho, porque extremamente importante para a criana a experincia
da atividade ldica para que ela poder ser e acontecer.
Tambm para que atravs da brincadeira aprenda o mundo sua volta e compreenda as
relaes que nele esto presentes.
O brincar, como atividade essencialmente da criana, acompanha como ela o caminhar
das sociedades.
E para que ele no seja desvalorizado com as mudanas de valores que ocorrem
nas mesmas, precisa ser levado a srio, precisa ser praticado e experienciado
principalmente pelas crianas, que trazem como marco de suas primeiras e principais
atividades o brincar livre.
A criana constri sua identidade brincando, e ao brincar atua sobre a realidade,
representando-a, vivendo-a e transformando-a, num processo que imaginrio e ao
mesmo tempo real.
Por exemplo, em uma situao de faz de conta, na qual a criana brinca de mame e
filhinha.
Ela utiliza das regras que vivencia no seu cotidiano de filha para que sua brincadeira
seja legtima, caso contrrio, no seria possvel a situao de faz de conta.
Mesmo sendo uma atividade imaginria, ela calcada no real.
No campo da psicologia, destaca-se a obra de VYGOTSKY (1998), que afirma:
Sempre que h uma situao imaginria no brinquedo, h regras - no as regraspreviamente formuladas e que mudam durante o jogo, mas aquelas que tem sua origem
na prpria situao imaginria.
Portanto, a noo de que uma criana pode se comportar em uma situao
imaginria sem regras simplesmente incorreta.
Se a criana est representando o papel de me,ento ela obedece as regras do
comportamento maternal.
O papel que a criana representa e a relao dela com um objeto (se o objeto tem seusignificado modificado) originar-se-o sempre das regras.
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WINNICOTT (1975), terapeuta especializado no trabalho com crianas pequenas,
tambm nos fala da importncia do brincar para o desenvolvimento da criana e de sua
ponte com a realidade:
A criana traz para dentro dessa rea da brincadeira objetos ou fenmenos oriundos da
realidade externa, usando-os a servio de alguma amostra derivada da realidade interna
ou pessoal.
Sem alucinar, a criana pe para fora uma amostra do potencial onrico e vive com essa
amostra num ambiente escolhido de fragmentos oriundos da realidade externa.
No brincar, a criana manipula fenmenos externos escolhidos com significados e
sentimentos onricos.
Mesmo sendo o brincar uma atividade tambm para a vida adulta, na infncia que ele
se inaugura, e na infncia que ele promove a realizao dos fenmenos mais
significativos para o indivduo na busca do seu eu.
A prtica de brincadeiras proporciona criana um confronto e um dilogo do mundo
externo com o mundo interno, criando uma rea prpria para o brincar, a qual leva a
pessoa ao encontro do seu eu e consequentemente construo da sua subjetividade.
WINNICOTT (1975), mostra que esta rea prpria do brincar no a realidade
psquica interna.
Est fora do indivduo, mas no o mundo externo.
O brinquedo a forma de comunicao da criana com a realidade desde a mais tenra
idade, e principalmente nela, pois o brincar ajuda a criana a superar suas necessidades
mais primitivas e imediatas.
O brinquedo funciona tambm como um atendimento s necessidades no realizveis
imediatamente para a criana, pois ao brincar ela se envolve num mundo imaginrio
onde satisfaz seus desejos.
O beb no suporta no ser atendido prontamente, ele precisa de uma ao que osatisfaa naquele momento determinado, e esta satisfao vem no ato de brincar.
De acordo com VYGOTSKY (1998),
Para resolver esta tenso, a criana envolve-se num mundo ilusrio e imaginrio onde
os desejos no realizveis podem ser realizados, esse mundo o que chamamos de
brinquedo.
Portanto, o papel do brincar no desenvolvimento da criana fundamental, pois
atravs dele que a criana elabora o seu estar no mundo, dialogando sua maneira coma realidade concreta e com o outro.
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importante ressaltar que a criana ao nascer, ainda est profundamente ligada me.
Neste perodo de total dependncia, o beb vive suas primeiras experincias com o
brincar, como a troca de sorrisos com a me, o toque no corpo dela e no seu, a
brincadeira de esconde-esconde sob o cobertor.
Estas brincadeiras podem ser consideradas uma conquista da relao de confiana
estabelecida no dia de me-beb.
O brincar uma linguagem, e o primeiro parceiro nas brincadeiras para a criana a
me, que alm de proporcionar uma comunicao direta entre o beb e ela, permite a ele
uma comunicao com o mundo, iniciando assim o seu viver criativo.
De acordo com WINNICOTT (1975), no decorrer das suas experincias e ao dar incio
diviso entre o eu e o no-eu, o beb passa a substituir o seio por um objeto
transicional que o represente.
Este objeto pode ser um ursinho, a ponta de um cobertor, ou algum outro objeto eleito
pelo prprio beb.
O objeto transicional, pode no ser necessariamente um objeto real, podendo ser uma
palavra ou uma msica.
Os fenmenos transicionais se tornam muito importantes para o beb na hora de dormir,
ou como de defesa em situaes de ansiedade, ajudando-o a superar as frustraes
necessrias ao seu desenvolvimento e conduzindo-o ao uso da iluso e dos smbolos.
Estes fenmenos so chamados de transicionais, pelo fato de que eles
incidem numa rea da experincia que no pertence nem pura subjetividade e nem
pura objetividade, mas a meio caminho entre uma e outra.
Esta terceira rea, a da experincia, tambm denominada por WINNICOTT (1975)
como espao potencial o lugar onde se encontra o brincar e posteriormente a
experincia cultural.
Se buscamos compreender a criana e o seu desenvolvimento, devemos compreendertambm suas brincadeiras, pois o brincar uma das atividades mais significativas
realizadas por elas.
O brincar o meio que a criana encontra para se comunicar com o mundo ao seu redor.
Quando beb, a realidade externa para a criana estranha e desordenada, e a atividade
ldica, como um simples sorriso, acontece de maneira prazerosa e criativa fazendo com
que ela se reconhea e conhea o mundo a sua volta, construindo assim, as suas
primeiras interaes sociais.Para WINNICOTT (1975), o brincar que promove o estar criativo do ser humano no
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mundo, e sendo criativo que ele constri sua subjetividade:
no brincar somente no brincar que o indivduo, criana ou adulto, pode ser criativo e
utilizar sua personalidade integral: e somente sendo criativo que o indivduo descobre
o eu. (...) Ligado a isso, temos o fato de que somente no brincar possvel a
comunicao, exceto a comunicao direta.
Desta forma, mais uma vez, podemos afirmar o valor da atividade ldica para o
desenvolvimento integral da criana e a necessidade que ela tem de viver a experincia
do brincar, da verdadeira brincadeira espontnea, na qual ela faz as suas prprias
descobertas, constri seus prprios conhecimentos e busca sua maneira o seu estar
criativono mundo.
S assim, sendo a criana sujeito de suas brincadeiras que ela encontrar o seu eu e
construir sua identidade.
Portanto, mais que reconhecermos a importncia do brincar, preciso dar
oportunidade e espao tanto fsico quanto social, para que a criana viva o que lhe de
direito, o brincar livre e criativo.
A importncia do resgate do ldico
Depois de refletir sobre a infncia e o brincar, buscaremos compreender o espao que as
atividades ldicas ocupam na vida das crianas.
Para isso, algumas questes so importantes apontar:
permitido s crianas exercerem seu direito de brincar espontaneamente?
Conhecemos os brinquedos e as brincadeiras com as quais as crianas vivenciam
situaes ldicas?
Podemos considerar o brincar como um fato universal, pois sua linguagem abrange
todas as crianas do mundo independente da idade, sexo, raa ou classe social.Mas, podemos considerar como universal que todas as crianas brincam?
Procurando refletir sobre as questes apontadas acima, vimos que nas ltimas dcadas,
o avano tecnolgico e cientfico ocorreu de maneira extremamente acelerada, e com
isto vrias transformaes aconteceram no interior da sociedade.
Em relao ao desenvolvimento da criana e ao brincar podemos considerar como
avanos, os estudos e pesquisas desenvolvidos acerca desta temtica, a conscientizao
por parte de educadores da importncia do brincar para o desenvolvimento integral das
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crianas e uma preocupao maior em relao segurana na fabricao dos
brinquedos. (FRIEDMANN, 1998).
Como retrocessos podemos apontar que as condies sociais e tecnolgicas da
modernidade comprometeram, de certa forma o espao, o tempo, e os objetos de
brincar.
As crianas perderam o espao e a segurana das ruas e caladas, com isso perderam
tambm parte da liberdade na escolha das suas brincadeiras e companheiros.
As grandes cidades, os pequenos apartamentos no permitem mais as interaes sociais.
Com a modernidade as crianas no tm tempo para perder com brincadeiras, pois
tm uma srie de responsabilidades que so consideradas mais importantes, como
cursos de informtica, lnguas, danas, esportes, etc.
As instituies escolares so tambm fotografias destas mudanas de valores, as
brincadeiras foram deixadas de lado em detrimento das atividades pedaggicas, que so
mais produtivas.
Em relao experincia do brincar necessrio que acontea uma busca coletiva dos
valores ficados para trs, dos brinquedos tradicionais, autnticos, construdos a base de
materiais simples, mas com infinitas possibilidades de brincar e sonhar; como as
bolinhas de gude, as pipas de papel de seda, o cavalinho de pau, a boneca de pano, os
carrinhos de madeira, as latinhas reaproveitadas que serviam para a construo de uma
infinidade de objetos para brincar.
Precisa-se tambm, que haja um resgate das brincadeiras da nossa cultura popular, as
brincadeiras alegres, cheias de energia e companheirismo, como:
o pique-esconde, a amarelinha, o soltar pipa, o brincar de casinha, o passar anel, o
futebol de rua, as brincadeiras de roda; experincias gostosas e saudveis, nas quais as
crianas corriam, pulavam, rolavam, brigavam e aprendiam.
So estas brincadeiras que deixam saudades e que marcam a vida das pessoas, pois sosignificativas e acontecem profundamente na experincia de ser criana.
ABRAMOVICH (1983), desenvolveu um trabalho de pesquisa com objetivo da saber se
as crianas de hoje ainda brincam e com o que brincam e foi conversar diretamente com
elas.
Baseada nos depoimentos das crianas, chegou s seguintes consideraes:
Vejam s, as crianas no esto vendo muita graa nestes brinquedos passivos, que s
pedem que se olhem e que se lidem com eles cumprindo ordens, no melhor estiloescolar e no pior enfoque ldico...
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E tem mais: no gostam no de brincar sozinhas e no esto vendo muito charme nessas
propostas segregacionistas e isoladas...
Querem companhia pra brincar!
E se ainda preferem os brinquedos de sempre, aqueles que so eternos, como o carrinho
e a boneca, se estes continuam a grande paixo (com todas as razes), esto perdendo
todos os referenciais de antigamente por que os pais no esto lhes passando as magias
e fascnios de suas prprias infncias...
A televiso, inserida em um universo de mudanas e de novos valores na sociedade,
alm de instrumento eficiente na divulgao de brinquedos modernos passou a
concorrer fortemente com as brincadeiras livres e tradicionais das crianas, trazendo
novas concepes acerca do que seja entretenimento.
As crianas por uma srie de motivos como:
falta de companhia para brincar, escassez de tempo dos pais para acompanh-la nas
diverses, falta de brinquedo e de espao fsico, passam horas diante da imagem
sedutora da TV.
O computador, grande smbolo da modernidade, se tornou mais um instrumento no rol
dos brinquedos das crianas.
Juntamente com a internet, ambos contemporneos televiso, fazem parte tambm de
um novo paradigma acerca do que seja o ldico, paradigma este que vem sendo
construdo paralelamente aos avanos cientficos e tecnolgicos da nossa sociedade.
Contudo, mesmo variando as formas e/ou as concepes, as crianas continuam a
brincar, desde a criana dos centros das cidades, das periferias, ou do campo; desde a
criana carente at a com melhores condies econmicas, at a criana de rua ou a
institucionalizada, fato , que todas elas procuram maneiras e espaos para se
descobrirem e descobrir o mundo atravs de suas brincadeiras.
Nas ltimas dcadas temos conhecimento de algumas iniciativas que buscam resgatar osbrinquedos e o brincar no seu sentido amplo, que so as Brinquedotecas, estrutura fsica
e social que tm como principal objetivo a promoo do "desenvolvimento de
atividades ldicas e o emprstimo de brinquedos e materiais de jogo". (KISHIMOTO,
1998).
Ento... as brinquedotecas
Como surgiram as brinquedotecas...
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A primeira iniciativa de brinquedoteca surgiu em 1934, em Los Angeles, nos Estados
Unidos, quando o dono de uma loja de brinquedos percebeu que estava sendo roubado
por crianas e reclamou com o diretor de uma escola municipal sobre a situao.
O diretor chegou a concluso de que as crianas estavam praticando furtos de
brinquedos por que no tinham com o que brincar.
Ento, com recursos da comunidade local iniciou um servio de emprstimo de
brinquedos.
O servio deu certo, existe at hoje e chamado deLos Angeles Toy Loan.
(CUNHA4[4], 1998).
Em 1963, em Estocolmo, na Sucia, a idia de emprestar brinquedos comeou a ficar
mais consistente, sendo expandida quando duas mes de crianas excepcionais
fundaram a primeiraLekotek(brinquedoteca em sueco), com o objetivo de orientar as
famlias de Nylse Helena da Silva Cunha Presidente da Associao Brasileira de
Brinquedotecas e membro da Associao Internacional de Brinquedotecas.
excepcionais como poderiam brincar com seus filhos para estimul-los melhor.
Em 1967, na Inglaterra, surgiram as Toy Libraries, (biblioteca de brinquedos), a quais
emprestam brinquedos para as crianas levarem para casa.
E assim a concepo de brinquedoteca foi sendo construda, e vem crescendo a cada
ano em nmero e diversidade de objetivos.
No Brasil as brinquedotecas apareceram na dcada de 80, e nasceu do desejo daqueles
que preocupados com a criana e seu desenvolvimento viam no brinquedo um excelente
companheiro e auxiliar no trabalho para com elas.
Em 1984, foi fundada por Nylse Helena da Silva Cunha a Associao Brasileira de
Brinquedoteca (ABB), com o objetivo de fornecer assessoria para novos projetos e
promover o intercmbio entre as brinquedotecas j existentes, tendo como principal
canal de comunicao o noticirio O Brinquedista. Em 1985, foi inaugurada abrinquedoteca da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo, pioneira no
Brasil enquanto brinquedoteca em universidades, que alm de propiciar s crianas o
emprstimo de brinquedos, funciona tambm como laboratrio de observao e
pesquisa para estudantes de pedagogia, psicologia e reas afins.
A brinquedoteca convida a uma mudana de pensamento e uma nova postura diante
dos atuais valores que imperam em nossa sociedade.
Sua proposta abrangente a tal ponto que no se destina apenas s crianas, o convite para todos aqueles que buscam uma sociedade realmente de direito para todos.
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Para tanto, o incio da mudana precisa ser sentido atravs das crianas, dando a elas o
direito infncia que se principia a conquista da liberdade, pois sendo a criana livre
hoje, ela ser amanh um adulto capaz de amar e de participar conscientemente do
mundo ao seu redor.
Afinal o que uma Brinquedoteca?
A brinquedoteca um espao privilegiado que nos permite na contemporaneidade
superarmos a falta que a vivncia do ldico vem fazendo na vida das pessoas, em
especial, na vida das crianas.
Ela , por excelncia um lugar para o brincar, ofertado s crianas de qualquer idade,
condio social ou econmica.
O seu propsito maior o de resgatar na vida das crianas o espao fundamental para o
desenvolvimento das brincadeiras espontneas, espao que vem sendo sensivelmente
perdido ao longo das ltimas dcadas na sociedade, devido aos interesses scio-
econmicos, que acarretaram o comprometimento do bem estar da infncia e da famlia.
Uma brinquedoteca traz em si uma diversidade de propostas e objetivos que no se
limitam a si mesmos, podendo eles ser flexveis, de acordo com o interesse e a realidade
de cada brinquedoteca.
Apresentamos abaixo alguns deles:
- Oferecer s crianas um espao especialmente para o brincar.
-Emprestar brinquedos.
- Estimular o desenvolvimento emocional, intelectual e social das crianas.
- Possibilitar s crianas situaes que promovam o faz-de-conta.
- Possibilitar s crianas carentes o acesso aos brinquedos.
- Possibilitar s crianas interaes sociais.
- Oportunizar s crianas relacionarem com adultos de forma agradvel e espontnea,
livre do formalismo decorrente das situaes estruturadas em instituies. (CUNHA,1998)
Ao falarmos em brinquedoteca estamos falando em uma oportunidade de experimentar
o ldico em sua totalidade, de um espao repleto de liberdade e gratuidade, onde o ser
humano pode dialogar com a sua essncia, o seu eu, promovendo assim, de maneira
autnoma a construo de sua subjetividade e a sua viso de mundo.
Desta forma, comungando com as idias de SANTOS (1997), complementamos:
Um espao assim no comum: sem cobranas nem exigncia de produtos.
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Este espao to pleno, to cheio de oportunidade pode ser a terra frtil apropriada para a
germinao de um novo homem capaz de construir uma nova humanidade.
Quem o profissional que trabalha na Brinquedoteca...
De acordo com NEGRINE (1997), o profissional envolvido com a brinquedoteca, seja
ele denominado de brinquedista ou ludotecrio, deve estar preparado no apenas para
atuar como animador, mas tambm como observador e investigador das relaes e
acontecimentos que ocorrem no mbito da brinquedoteca.
Para uma tarefa desta dimenso social, o indivduo necessita de uma formao slida,
fundamentada em trs pilares:
formao terica,
formao pedaggica e formao pessoal.
A formao terica deve possuir embasamento nas teorias que trabalham com o
desenvolvimento, a aprendizagem, o jogo, a recreao e o brinquedo.
A formao pedaggica, deve proporcionar a vivncia no interior do ambiente ldico,
no apenas no mbito da infncia, mas em diferentes contextos, seja com crianas,
adolescente, adultos ou com a terceira idade, complementando desta forma,
a formao terica, a qual se constri pela vivncia e no apenas pela conscincia.
A formao pessoalaparece, segundo ele, como uma vertente totalmente inovadora,
pois deve oportunizar ao educador em formao a vivncia do ldico, ou seja, uma
prtica mais preocupada com a experincia do que com tcnica puramente simples.
Por qu uma Brinquedoteca na escola...
Vrios so os tipos de brinquedoteca, encontramo-las atualmente nos mais diversos
contextos e nos mais diferentes lugares, como: hospitais, igrejas, creches, escolas,
favelas, bairros, universidades, clnicas psicolgicas, museus, bibliotecas,brinquedotecas para crianas portadoras de deficincias fsicas e mentais,
brinquedotecas circulantes, alm daquelas criadas para testes de brinquedos e as de
carter temporrio.
Cada uma destas brinquedotecas tem o seu valor e a sua razo de existir, todas possuem
um objetivo especfico, porm todas possuem um objetivo comum, que o de resgatar a
cultura ldica e proporcionar experincia do brincar na vida das crianas.
As brinquedotecas em escolas possuem objetivos, que extrapolam o mbito da infncia,atingindo os pais e os profissionais da educao.
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A brinquedoteca na escola funciona tambm como um espao de educao para os pais,
que, ao apreciarem as brincadeiras de seus filhos, passam a compreend-los melhor.
Os pais e professores tm muito que aprender com as crianas, e, atravs das
brincadeiras e dos jogos infantis elas do o seu recado sociedade, apresentando o
que gostam, o que podem e o que precisam para se desenvolverem de maneira integral.
Podemos apresentar como funo de uma brinquedoteca escolar os seguintes objetivos:
resgatar para o mbito da escola o carter ldico das atividades pedaggicas;
oferecer para a criana no seu espao escolar uma variedade de brinquedos; estimular a
interao entre pais e filhos por meio dos jogos; valorizar o ato de brincar, respeitando a
liberdade, a criatividade e a autonomia, possibilitando assim a formao do auto-
conceito positivo da criana (PAZ, 1997); e mais, passar para os professores e pais o
conhecimento sobre a importncia do brinquedo para a criana e o significado que ele
tem para o seu desenvolvimento afetivo, social, cognitivo e fsico.
SANTOS (1997), ao discorrer sobre sua concepo de brinquedoteca nos chama a
ateno para a seguinte afirmao:
A brinquedoteca tem uma mensagem a dar para a escola porque pode ajudar as
crianas a formarem um bom conceito de mundo onde a afetividade acolhida, a
criatividade estimulada e os direitos da criana respeitados.
KISHIMOTO (1997), estudiosa sobre jogos e brinquedos e sobre a educao infantil,
contribui de maneira especial para a concepo das brinquedotecas e nos aponta as
seguintes consideraes a respeito de brinquedotecas em escolas infantis:
Se a funo da brinquedoteca emprestar brinquedos e oferecer espao de animao
cultural, podemos compreender que o uso corrente, em muitas instituies infantis,
distancia-se desta prtica.
Substituir a falta de brinquedos e materiais para desenvolver atividades com pr-
escolares introduzindo brinquedotecas aparece mais uma vez como forma de escamotearos objetivos desse nvel de ensino.
Adotar uma instituio da moda, que valoriza o ldico como um apndice, sem
questionar as funes da brincadeira enquanto proposta educativa outro exemplo que
mascara a inconsistncia de um projeto educativo baseado no brincar.
Assim, pudemos perceber o quanto especial um projeto social como o da
brinquedoteca, elas vm para resgatar a brincadeira na vida das pessoas e para
salvaguardar a infncia.
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Desejamos um mundo melhor, e permitindo s crianas o brincar livre e dando a elas
um limite para se expressarem, que estaremos abrindo espao para a experincia de um
novo paradigma, mais condizente com os nossos desejos de liberdade e de construo
de uma nova humanidade.
Conversando sobre as brinquedotecas na escola
Tendo como ponto central desta pesquisa conhecer o que dizem as diretoras de quatro
escolas sobre o funcionamento de brinquedotecas dentro do espao escolar,
selecionamos duas categorias para anlise:
- A brinquedoteca escolar como possibilidade de resgatar o ldico versus a concepo
de brincar dos educadores
Ao dialogar com os diretores de escolas pblicas e particulares, vimos em suas falas oquanto o brincar encontra-se distante das atividades da infncia.
As crianas enfrentam uma srie de dificuldades para se encontrarem de forma livre e
saudvel com o brincar, seja pela falta de tempo dos pais, pela divulgao insistente dos
programas de televiso e dos videogames, seja pelos pequenos apartamentos com suas
limitaes de espao fsico; pela crescente desvalorizao dos brinquedos tradicionais
ou pelo incentivo da sociedade na direo de uma adolescncia precoce.
Encontramos nos depoimentos das profissionais um saudosismo em relao aos seus
tempos de criana, s lembranas das brincadeiras de boneca, da liberdade das
ruas e praas, das brincadeiras tradicionais repassadas atravs das geraes.
Percebemos tambm uma preocupao ao constatarem que nos tempos atuais as
crianas no esto brincando como antes.
Entretanto, o que tem sido feito na escola para que o brincar se faa presente?
Se a escola um espao, por excelncia da criana, no caber a ela o papel de
possibilitar no seu mbito o brincar espontneo?
Vejamos as falas das diretoras:
Porque as crianas so criadas em apartamento, pelo pequeno espao primeiro,
hoje no tem o espao que a criana tinha antigamente, que ns tnhamos
antigamente, subir em rvore, de brincar na rua, de brincar de pique, de brincar
de mar, a falta de espao faz com que a criana brinque menos sim.
A gente sabe que a nossa sociedade hoje tem uma srie de cobranas que faz com
que o ldico v se perdendo muito rapidamente e cada dia as crianas brincam
menos, cada dia a adolescncia comea mais cedo, eu me lembro, eu brinquei de
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boneca at os 15/16 anos de idade. (Carmem, 24/03/00)
Em contrapartida, percebemos uma demasiada preocupao com o processo de ensino
aprendizagem, embora exista paralelamente o reconhecimento da importncia do
brincar.
Ao mesmo tempo em que considera a necessidade da criana desenvolver a imaginao,
e a importncia do simbolismo na idade pr-escolar, predomina a valorizao dos
brinquedos destinados ao desenvolvimento cognitivo, como os blocos lgicos, os jogos
de encaixes, as letras e os nmeros, em detrimento de materiais ldicos destinados
representao simblica.
Verificamos assim, uma concepo de brincar que valoriza atividades ldicas
objetivadas, supervisionadas e direcionadas para as diversas reas do conhecimento
sistematizado:
Brinquedos bons so brinquedos de encaixe n, tm brinquedos, jogos de terceiro
perodo, especfico de terceiro perodo, trabalha com letrinhas, quebra-cabea,
tem aquela cruzadinha, jogos de madeira, tem muito brinquedo, pedaggico
mesmo, que faz parte mesmo dentro do planejamento de 1, 2 e 3 perodo,
dentro do referencial que a gente consegue colocar esses brinquedos, adaptando
ao planejamento da professora.
.O brinquedo... ideal que ele tenha, o carter
pedaggico, mas o brinquedo na forma ldica, por que atravs do brinquedo,
uma historinha ela faz dramatizao, mesmo com fantoche, com bonequinhos,
ento isso a, eu acho que agua mais a ao da criana, o brinquedo em si para
a criana de 4, 5, 6 anos, no s brinquedo pedaggico, mas o brinquedo em si
muito importante.
por que a idade, a faixa etria tambm, a criana, trabalha muito com a parte ldica da
criana, muito importante por que a criana imagine muito nesta faixa etria, ento abrincadeira muito importante, mas uma brincadeira direcionada, tambm para outras
reas, pra rea de portugus, matemtica, as cores, o encaixe, a forma, t, numerais e
tambm a brincadeira em si para aguar a imaginao da criana.
Nas palavras de KISHIMOTO (1999), Seria necessrio informar os professores da
importncia de brincadeiras livres para o desenvolvimento da linguagem, imaginao e
iniciativa da criana
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notrio no registro em referncia, a nfase na necessidade de se preparar a criana da
pr-escola para as sries seguintes, e que um bom resultado deste trabalho ser obtido
atravs do uso das brincadeiras e dos brinquedos pedaggicos.
Nas entrelinhas dessas falas, h uma viso contraditria do brincar e uma concepo da
infncia que percebe a criana como um vir a ser, como uma preparao para...
comunicando assim, que o mais importante no a criana, em seus aspectos globais, e
o brincar pelo prazer em si.
Na nossa compreenso, pudemos observar no relato a seguir, que existe um
reconhecimento da necessidade de se resgatar o brincar no espao escolar.
Entretanto, fica registrado um paradoxo ao transform-lo em instrumento de apoio para
o trabalho didtico pedaggico na escola.
Em outras palavras, h cincia da necessidade de se resgatar a atividade ldica, mas por
outro lado reside a insistncia em didatiz-la e conduzi-la para os interesses
predeterminados e conteudistas da escola.
Observamos contradies na fala abaixo transcrita:
, livremente as crianas de pr-escola j brincam, por que tem o horrio de
recreio dela, que dirigido, que brincam tambm que utilizam brinquedos, tem o
ptio da escola tambm, que tem mar, tem linhas, curvas abertas, fechadas,
ento, esse trabalho paralelo com a matemtica, com esse tipo de atividade, a
mar para os meninos tem nmero, ento eles esto adquirindo a noo de
algarismo ali, n, ento independente disso na pr-escola a gente j faz um
trabalho voltado para o resgate da brincadeira da criana.
Aqui, o que o referencial nos diz, a gente no tem obrigatoriedade para a alfabetizao,
ento eu acho que essas coisas de brincadeiras, essa coordenao motora fina, fazem
parte da pr-escola, porque depois a criana vai para o ensino fundamental a
criana no sabe recortar, no tem relao de espao, porque no foi trabalhadoeste tipo de coisa, brincadeiras e brinquedos da coordenao motora fina na pr-escola.
(Luiza, 12/04/00) KISHIMOTO (1997), tece uma crtica s escolas que determinam as
atividades com brinquedos:
Muitas escolas preparam atividades dirigidas pelos professores selecionando
brinquedos educativos ou delimitando o tipo de brinquedo que pode ser utilizado pela
criana.
O brincar enquanto recurso para desenvolver a autonomia da criana deixa de sercontemplado neste tipo de utilizao.
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Na afirmao que segue, desponta a limitada liberdade de escolha da criana em
relao ao material ldico e como eles so valorizados para a construo de conceitos
sistematizados.
Por exemplo o professor, ele tem que dar opes de mais de um, dois, trs materiais
diferenciados, ento, oferece estes materiais para a criana e ela vai manipul-los, ela
vai descobrir de acordo com o material que voc tem, ela vai construir o que ela quer
naquele momento e aps essa construo o professor media dentro da proposta dele, por
exemplo se um material de frao, eu vou ter blocos inteiros, divididos ao meio,
dividido em quatro, ento sempre divididos em partes iguais, ento eu vou ter um
material variado, mas que vai dar margem a esta criana de uni-los, de ver sempre que,
as vrias opes para chegar a uma construo, a um conceito de frao, voc v,
automaticamente ela chega por que um material adequado pra isso, ento no precisa
direcionar, olha isso um inteiro...ela mesma vai chegar, esse inteiro est dividido em
tantas partes, onde o professor vai intervir, dando a nomenclatura correta para o aluno.
Desta forma, cabe ento buscar respostas para algumas questes:
que significado tem para a criana este brincar escolarizado?
Qual a importncia atribuda aos brinquedos e brincadeiras pelos profissionais da
escola?
Qual o significado do brincar para os professores?
A fala abaixo, confirma que o espao construdo para acondicionamento dos
brinquedos, foi exclusivamente elaborado para dar suporte ao processo de ensino-
aprendizagem:
Construmos essa sala justamente para dar suporte ao processo ensino-aprendizagem,onde a criana vai construir o seu saber atravs do ldico. (Mrcia, 11/04/00)
A brinquedoteca seria ento um espao a mais para contribuir com os percalos do
processo pedaggico:
Enriqueceria muito a escola, seria um espao que a criana poderia utilizar e a
professora tambm, para atingir certos percursos que no atinge sem essa sala.
(Luiza, 12/04/00)
Nas entrevistas realizadas, observamos que a viso de duas diretoras encontra-seindefinida quanto ao profissional que deve atuar nas brinquedotecas.
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Em razo disso, uma outra categoria de anlise foi estabelecida:
- O Brinquedista e seu trabalho na brinquedoteca:
O brinquedista um profissional que tem uma formao e um papel especfico.
De acordo com NEGRINE (1997), a formao do brinquedista se fundamenta em trs
pilares:
formao terica ,pedaggica e pessoal.
No fragmento de entrevista abaixo, parece no estar muito claro a quem cabe o papel de
coordenar o trabalho na brinquedoteca:
No, acho que o professor, a gente reunindo com o professor, o professor tendo a
conscincia do que est acontecendo, o que vai acontecer l dentro, o professor pode
levar muito bem a sua parte sem ter um profissional especfico pra ficar ali, pode ter o
supervisor, pra orientar pra sentar com os professores pra orientar nesta parte, voltar na
brinquedoteca, organizar, seria o supervisor pra poder ajudar, mas essa pessoa
consegue.
Ter o espao, os brinquedos especficos, organizados, catalogados e o professor
conscientizado do que significa a brinquedoteca, no tem... o professor poderia cuidar
desta parte.
O diretor, os supervisores, os professores e demais profissionais da escola precisam
estar inteirados do projeto da brinquedoteca escolar, ela parte da escola. Contudo,
um setor que possui suas especificidades e, como tal, necessita de um profissional
qualificado para administrar o seu funcionamento.
Ao ser concebida a idia da brinquedoteca escolar, deve-se pensar no brinquedista com
especial ateno, para que depois de construda ela possa contar com um profissional
preparado e disposio para gerenciar o seu funcionamento.
Para ser brinquedista preciso ter conhecimentos acerca do desenvolvimento da crianae compreender o brincar nas suas vrias dimenses.
No caso desta escola, o cargo de brinquedista foi destinado a uma pessoa que estava
para se aposentar:
Ela est de frias, uma pessoa que est se aposentando, que no est podendo ficar na
regncia, ento a brinquedoteca, o cargo de brinquedista foi criado aqui para ela, porque
ela no pode ficar em sala de aula. (...)Da criao deste cargo para a pessoa, eu penso que seria muito mais rico se
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fosse algum que viesse com essa funo e no se deslocar um profissional que j est
em fim de carreira, que no est em condio de ficar em sala de aula.
No enunciado que se segue, alm de o brinquedista ser uma pessoa sem capacitao
para a funo, a escola no reconhece o projeto na sua dimenso social e educacional:
A maioria dos professores, quando a professora de brinquedoteca no est aqui,
quase ningum leva. Por que?
Porque no foi... como essa situao foi criada para algum que no tem como dar aula
mais, eu acho que no se colocou a importncia real da brinquedoteca, t?
Ento, porque que eu vou sair da minha sala e levar meus alunos pra l?
Para brincar? Era mais ou menos este o questionamento.
A criana vai brinquedoteca para brincar.
Este o papel da brinquedoteca, possibilitar o brincar livre.
Ao brinquedista cabe a funo de observar, buscando compreender o fazer ldico da
criana e atend-la de acordo com suas solicitaes, para que sua interveno seja
oportuna.
De acordo com ANDRADE, o brinquedista deve criar uma situao de presena-
ausncia: as crianas querem sentir a proximidade do adulto e, ao mesmo tempo,
esquec-lo
O brinquedista no seu papel um interlocutor privilegiado:
Eu acho que tem que ser uma pessoa que goste de brincar, que faa despertar na criana
que hoje, eu acho, no esto brincando tanto quanto h uns anos atrs, h muitos,
mostrar para as crianas o interesse pelo brincar.(...)
Eu acho que tem que ser algum que esteja envolvido e que acredite nisso, no pode ser,
h eu estou cansada de dar aula e vou para a brinquedoteca, eu no acredito nisso.(...)
Tem que ser uma pessoa capacitada, uma pessoa que no olhe para o brinquedo com oolho de qualquer pessoa leiga, eu acho que voc tem que olhar para o brinquedo e
enxergar todas as possibilidades que ele pode dar.
Desta forma, vimos que o brinquedista um profissional que precisa ser dinmico e
bem formado, pois a proposta de uma brinquedoteca abrange uma diversidade de
propsitos que vo alm do que hoje est posto na escola e na sociedade de forma
hegemnica.
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Alguns passos dados... muitos ainda so necessrios...
A escola, como um espao privilegiado da criana precisa enxergar a sua pedagogia
atravs do olhar da criana, dialogar de acordo com sua linguagem, e o brincar a
linguagem da criana.Ao chegar na escola, a criana precisa desta forma de comunicao.
Assim, aps alguns passos dados e tendo iniciado um novo caminhar, refletimos:
Por que no o brincar no espao escolar?
Por que no uma brinquedoteca na escola?
Consideramos, aps analisar os dilogos mantidos nas entrevistas, que existe uma
necessidade de se conhecer na escola a proposta e os objetivos de uma brinquedoteca de
maneira mais aprofundada.Alm disso, faz-se necessrio o conhecimento e a compreenso do desenvolvimento
infantil e da atividade ldica.
S assim, a escola ir compreender a dimenso da proposta das brinquedotecas.
Nas entrevistas est traduzida a concepo de brincar que possuem os educadores, os
pais e a escola como um todo.
uma concepo que valoriza um brincar predeterminado e direcionado a objetivos que
no fazem parte dos interesses e necessidades da criana; uma concepo que no
possibilita o brincar livre.
Podemos dizer que desta forma h uma desconsiderao da criana como sujeito de
direitos.
A escola que se espera para o novo milnio uma escola que fale a linguagem da
criana.
Mas para isso preciso que ela perca o formalismo e autoritarismo nas salas de aula, a
pedagogia de carter obrigatrio e conteudista, alm da viso adultocntrica sobre a
criana.
Considerando as reflexes que este trabalho nos proporcionou, recomendamos que a
escola reveja a sua prtica com relao ao papel dos brinquedos e brincadeiras na escola
e, em especial, a respeito da implementao de uma brinquedoteca escolar no seu
espao fsico.