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TeachingEnglish Demandas de Aprendizagem de Inglês no Brasil Elaborado com exclusividade para o British Council pelo Instituto de Pesquisa Data Popular

British Council- Demandas de Aprendizagem De Ingles No Brasil

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British Council- Demandas de Aprendizagem de Ingles no Brasil

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    Demandas de Aprendizagem de Ingls no BrasilElaborado com exclusividade para o British Council pelo Instituto de Pesquisa Data Popular

  • Demandas de Aprendizagem de Ingls no BrasilElaborado com exclusividade para o British Council pelo Instituto de Pesquisa Data Popular

    1 Edio | So Paulo

  • British Council 2014 British Council BrasilRua Ferreira de Arajo, 741Pinheiros, So Paulo - SPBrasil

    www.britishcouncil.org.br

  • SumrioApresentao Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil ........................................................................................ 5

    1 O nvel de conhecimento de ingls do brasileiro.................... ........................................................................................................................................................................................................................... 7

    2 Percepes sobre a educao no Brasil .................... ........................................................................................................................................................................................................................... 9

    3 A situao atual do conhecimento de ingls no Brasil.................... ......................................................................................................................................................................................................................... 12

    4 Demanda para o ensino de ingls nas empresas.................... ......................................................................................................................................................................................................................... 14

    5 Demanda e pblico-alvo para o ensino de ingls: a adequao da oferta.................... ......................................................................................................................................................................................................................... 18

    6 Competncias e prticas.................... ........................................................................................................................................................................................................................ 23

    7 A escola de ingls.................... ........................................................................................................................................................................................................................ 25

    8 Cursos online.................... ........................................................................................................................................................................................................................ 27

    9 Concluso.................... ........................................................................................................................................................................................................................ 29

    Sumrio | 1

  • 2 | Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil

  • Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil

  • 4 | Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil

  • Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil | 5

    ApresentaoA pesquisa Demandas de Aprendizagem de Ingls no Brasil, elaborada pelo Instituto de Pesquisa Data Popular para o British Council, teve como objetivo entender o interesse da classe mdia em aprender ingls. Essa pesquisa buscou compreender o cenrio e as prticas mais comuns no mercado brasileiro e decodificar as necessidades e hbitos de consumo na categoria, com foco em aspectos voltados ao trabalho e empregabilidade, particularmente no tocante classe mdia e baixa classe alta. No foram estudados outros grupos sociais ou outros aspectos relacionados s necessidades do idioma ingls, como por exemplo, demandas acadmicas, voltadas cincia, tecnologia e pesquisa; ou outras demandas relacionadas a setores produtivos especficos.

    Para desenvolver este trabalho de pesquisa, primeiramente foram analisados dados pblicos como os do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE) e do Ministrio do Trabalho e dados de propriedade do Data Popular. A seguir, houve uma etapa de pesquisa qualitativa, com entrevistas em profundidade com profissionais de recursos humanos, especialistas e agentes governamentais, alm de focus groups grupos de discusses com pessoas da classe mdia com idades de 25 a 35 anos. Completa o trabalho uma etapa quantitativa, em que foram ouvidas 720 pessoas de 18 a 55 anos, de classe mdia e baixa classe alta, em todas as regies do pas. A amostra considerou pessoas que j fizeram, esto fazendo ou tm interesse em fazer um curso de ingls. As fases qualitativa e quantitativa foram realizadas no ano de 2013. A anlise dos resultados obtidos deu base presente publicao.

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  • 1O nvel de conhecimento de ingls do brasileiroNo Brasil, 5,1% da populao de 16 anos ou mais afirma possuir algum conhecimento do idioma ingls. Existem, porm, diferenas entre as geraes. Entre os mais jovens, de 18 a 24 anos, o percentual dos que afirmam falar ingls dobra, chegando a 10,3% das pessoas nessa faixa etria. Para 2014, 9% das pessoas de 16 anos ou mais afirmam que pretendem iniciar um curso de ingls(1). A falta de um ensino bsico de qualidade,

    somada ao baixo acesso a cursos privados de ingls, faz com que o mercado de trabalho tenha dificuldade em encontrar profissionais com proficincia na lngua.

    1 Fonte: Pesquisa Data Popular: Brasil em Perspectiva 2013

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  • O nvel de conhecimento do idioma ingls apresentado pelos brasileiros decorrncia direta das oportunidades educacionais a que eles tm acesso. importante, portanto, um exame das condies educacionais em geral para que ento se possa analisar adequadamente os aspectos relacionados ao conhecimento do idioma ingls por parte da populao brasileira.

    Quando se analisam os fatores que influenciam a demanda por treinamento em lngua inglesa, o primeiro ponto a se destacar o salto educacional dado no Brasil. As novas geraes so mais escolarizadas que as anteriores. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domiclio (PNAD) indicam na faixa dos 48 anos aos 60 anos, apenas 32% da populao possui escolaridade alm do ensino fundamental. J na faixa dos 18 anos aos 30 anos, 57% das pessoas tm escolaridade acima do ensino fundamental(2).

    2Percepes sobre a educao no Brasil

    Ainda assim, o nvel de leitura dos brasileiros continua sendo baixo. Somente um tero dos brasileiros leu algum livro nos ltimos 12 meses, sendo que desses mais da metade leu apenas um ou dois livros. Essa baixa frequncia de leitura talvez explique o fato de quase 30% das pessoas no possurem nenhum livro em casa(3).

    A pesquisa Percepo dos Brasileiros indica que a educao muito valorizada, especialmente como ferramenta para manuteno da condio de classe no caso da elite, ou para ascenso social no caso da classe mdia. A funo percebida de um curso superior ajudar na insero profissional dos alunos. Para oito em cada dez pessoas, a educao superior tem como funo principal possibilitar uma melhor colocao no mercado de trabalho e 84% acreditam que o aumento da renda est diretamente ligado escolaridade.

    2 Fonte: Data Popular a partir da PNAD3 Pesquisa Data Popular: Brasil em Perspectiva 2013

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  • 4 Critrio de classificao de classes sociais no Brasil: Classe Nomenclatura Valor per Capita/ms Renda familiar mdia A Alta Classe Alta Acima de R$ 2.728,00 R$ 14.285,00 B Baixa Classe Alta R$ 1.120,01 a R$ 2.728,00 R$ 5.329,00 C1 Alta Classe Mdia R$ 705,01 a R$ 1.120,00 R$ 3.094,00 C2 Mdia Classe Mdia R$ 485,01 a R$ 705,00 R$ 2.117,00 C3 Baixa Classe Mdia R$ 320,01 a R$ 485,00 R$ 1.694,00 D1 Vulnervel R$ 178,01 a R$ 320,00 R$ 1.133,00 D2 Pobre R$ 89,01 a R$ 178,00 R$ 713,00 E Extremamente Pobre At R$ 89,00 R$ 250,00

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  • A Lei de Diretrizes e Bases da Educao e os Parmetros Curriculares Nacionais, tanto para o ensino fundamental como para o ensino mdio, determinam o ensino de lngua estrangeira. No entanto, especialistas, professores e at mesmo o governo reconhecem que o ensino de ingls na educao bsica, seja privada ou pblica, no consegue formar estudantes com um bom nvel de proficincia nesse idioma. As principais causas, segundo esses interlocutores, so comuns a outros problemas identificados na educao bsica: pouca estrutura para um ensino adequado da lngua e turmas com nmero elevado de alunos. Somam-se a isso a carga horria insuficiente e a dificuldade de encontrar professores com formao adequada(5).

    3A situao atual do conhecimento de ingls no Brasil

    Nesse contexto, o ensino do ingls resume-se a noes iniciais das regras gramaticais, leitura de textos curtos e desenvolvimento da habilidade de resolver testes de mltipla escolha voltados para o vestibular.

    Mesmo representantes do governo admitem as dificuldades relativas ao ensino de ingls na educao bsica. Os Parmetros Curriculares Nacionais que estabelecem o currculo de cada matria so bem avaliados, mas no conseguem ser plenamente aplicados na prtica. Entre os fatores destacados para essas limitaes, est a falta de estrutura adequada: no h laboratrios de lnguas, por exemplo, j que h poucos recursos destinados

    5 (SANTOS, E.S.S e. O ensino da lngua inglesa no Brasil. In: BABEL: Revista Eletrnica de Lngua e Literatura Estrangeira. N.01 dez 2011.

    Disponvel em: , acessado em 22/05/2013).

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  • para esse tipo de educao. Assim, o exerccio de comunicao oral fica inevitavelmente restrito o que acentuado pelo elevado nmero de alunos em sala, conforme a opinio de muitos educadores.

    Outro aspecto na formao dos professores de idiomas hoje atuantes na educao bsica a falta de preparo adequado desses profissionais, o que foi apontado tanto por representantes do governo quanto por professores mais qualificados. De acordo com essa perspectiva, a formao acadmica atual bacharelado em Letras seguido de licenciatura no prepara o professor de lnguas para a realidade da sala de aula e para efetivamente ensinar o idioma. Alm disso, h a percepo de que, em geral, esses professores no possuem condies para viajar para pases de lngua inglesa. Por isso, eles contam com uma prtica insuficiente de comunicao no idioma. Assim, muitos especialistas defendem que faria sentido estimular a viagem dos professores para locais de lngua inglesa, de modo a fomentar sua vivncia na lngua para que possam transmiti-la em sala de aula.

    Por conta das deficincias no ensino bsico de ingls, h carncia de profissionais que saibam se comunicar no idioma. Isso acaba por limitar o

    contato das pessoas que no tm conhecimento de ingls com profissionais, clientes e fornecedores estrangeiros e, portanto, tambm so mais restritas as oportunidades de negcios internacionais. Tal limitao tem efeito sobre o pas e suas oportunidades como um todo, na medida em que sua populao conta com um nmero insuficiente de indivduos capacitados a atender a demanda por profissionais capazes de funcionar plenamente em mbito global.

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  • Para entender a demanda das empresas pelo ensino de ingls no Brasil, preciso compreender as formas de gesto aplicadas pelas empresas presentes no pas. Embora o modelo aqui proposto para esta anlise seja bastante simplificado, ele til porque auxilia na compreenso de como os estilos gerenciais podem impactar as decises de investimento das empresas em cursos de ingls para seus colaboradores. Vamos utilizar aqui dois modelos bsicos: gesto burocrtica e gesto empreendedora.

    A gesto burocrtica baseia-se na obedincia, enquanto a gesto empreendedora transfere mais responsabilidades. As empresas praticantes de modelos burocrticos tendem a enxergar treinamentos mais como gastos do que como investimentos. Dessa forma, preferem contratar funcionrios com conhecimentos prvios a

    investir em treinamentos e cursos de formao. Em geral, acreditam que s compensa investir no ingls em situaes especficas, com aplicaes prticas imediatas, e que o funcionrio deve arcar com a maior parte dos gastos de cursos de aperfeioamento. Para essas empresas, o estudo no deve atrapalhar a rotina de trabalho. Essas empresas esto pouco dispostas a garantir tempo, espao e recursos para que seus funcionrios estudem ingls.

    Em geral, essas empresas de gesto burocrtica aceitam parcerias com escolas de ingls apenas sob condies especficas: a empresa no realiza o pagamento direto do curso, as aulas devem ser fora do horrio de trabalho e da estrutura fsica da empresa. Assim, as parcerias normalmente se resumem obteno de descontos para os funcionrios tipicamente de 10% a 20% da

    4Demanda para o ensino de ingls nas empresas

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  • mensalidade , o qual concedido em face do volume de alunos. H uma menor tendncia para programas mais abrangentes de incentivo ao aperfeioamento do ingls, envolvendo vrios setores.

    Para conquistar as empresas de gesto burocrtica como clientes, um provedor de treinamento de lngua inglesa deve esperar que se faa necessrio convencer o decisor da empresa sobre os ganhos prticos do investimento no aprendizado de ingls. Essas empresas no valorizam cursos tradicionais. Para chamar a ateno delas, os cursos oferecidos precisam ser prticos e diretamente aplicveis ao cotidiano empresarial. essencial tornar concretas para essas empresas as vantagens do investimento nos funcionrios, especialmente para o aperfeioamento do ingls.

    J empresas de gesto empreendedora tendem a valorizar o aperfeioamento de seus funcionrios. As empresas com essa viso contratam funcionrios com conhecimentos prvios, mas tambm investem em formao e tendem a julgar o gasto com treinamentos internos como investimentos a mdio e longo prazos. Em geral, h maior valorizao dos conhecimentos de ingls, embora ainda bastante voltada sua utilidade

    prtica. Nesses casos, h maior possibilidade de que a empresa aceite financiar cursos externos de seus funcionrios, cedendo recursos financeiros e estruturais, com cursos realizados na prpria estrutura da empresa e durante o horrio comercial.

    As empresas que adotam o modelo empreendedor de gesto so, em geral, as mais dispostas a efetuar parcerias com escolas de ingls e fornecer condies objetivas para seus funcionrios se aperfeioarem. As parcerias tendem a incluir financiamento parcial (por exemplo, de at 50%) ou total sobre a mensalidade de funcionrios. Como contrapartida, as empresas acompanham e cobram o desempenho dos funcionrios.

    Assim, h maior espao para que as empresas empreendedoras patrocinem cursos de ingls para seus funcionrios. Escolas de ingls que atendam diretamente as necessidades corporativas prticas e sejam abertas a solues de parceria tendem a atrair essas empresas com relativa facilidade. Como as empresas burocrticas, as empresas empreendedoras tambm valorizam cursos mais prticos, mas so menos resistentes a estabelecer parcerias que garantam que parte de seu quadro de funcionrios estude a lngua.

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  • Apesar das vises diferentes, os dois modelos de gesto demandam um tipo bastante prtico de treinamento de ingls: aquele voltado para propsitos especficos, conhecido no meio pelo termo ESP (English for Specific Purposes) ou ainda ingls instrumental. Em comum, os dois modelos de gesto precisam de cursos de ingls voltados para o dia a dia e que combinem com as funes exercidas por seus funcionrios. Atender s necessidades das empresas inclui oferecer cursos to diferentes entre si como ingls tcnico instrumental para a compreenso de manuais e softwares especficos e conversao (fala e compreenso oral) para contato com representantes internacionais, clientes e fornecedores. As habilidades e competncias gramaticais e a escrita, em geral, so menos valorizadas.

    Na rea do turismo, por exemplo, a necessidade de dominar a fala e compreenso oral da lngua inglesa ainda mais ntida, pois nesse segmento os funcionrios estabelecem mais contato com clientes estrangeiros. H forte demanda de aprimoramento do ingls para os funcionrios que mais interagem com os clientes estrangeiros, como recepcionistas e gerentes. H valorizao de aulas mais dinmicas que desenvolvam agilidade e capacidade de improvisao na comunicao. Usa-se muito o jeitinho para a comunicao algo observado nas respostas obtidas na praa de Salvador, por exemplo , mas h demanda por um aprimoramento para facilitar a relao com turistas.

    Na indstria e nas empresas de tecnologia da informao, o tipo de demanda varia de acordo com o setor de atuao e o nvel hierrquico de cada funcionrio. Na rea de operaes dessas empresas, por exemplo, demanda-se um conhecimento instrumental, mais prtico e objetivo, enquanto na rea comercial esperada maior habilidade na comunicao oral.

    Esses dois tipos de conhecimento instrumental e de conversao se cruzam nas empresas da rea financeira. O setor precisa de funcionrios que saibam se comunicar com todo tipo de cliente, incluindo os estrangeiros. Para esses casos, necessrio conhecer mais de uma linguagem especfica. Para as reunies internas, h necessidade de domnio da linguagem corporativa, enquanto que, para o contato com clientes e outros agentes do mercado financeiro, prevalece a nfase na linguagem financeira.

    Empresas e departamentos de recursos humanos admitem que o aprendizado de ingls um diferencial entre candidatos. Aqueles que contam

    com conhecimentos de ingls tm prioridade no recrutamento, e esse conhecimento testado em provas especficas da lngua. Apesar disso, poucas empresas consideram o conhecimento de ingls um pr-requisito indispensvel. Aqui parece haver uma boa dose de adaptao realidade da escassez de profissionais com conhecimentos de ingls existentes no mercado brasileiro: embora as empresas valorizem mais o candidato que conhece bem o ingls, no deixam de contratar os que no sabem a lngua. Existem casos em que funcionrios que conhecem melhor o ingls so contratados por um salrio maior para uma mesma funo do que aqueles que no sabem se comunicar na lngua, mas essa prtica no consensual.

    O porte e a nacionalidade da empresa contam muito para definir a necessidade do conhecimento do ingls. A abrangncia da empresa tambm determina o nvel mdio de ingls exigido pelos funcionrios, para alm de sua rea de atuao. Empresas multinacionais de grande porte, com matrizes estrangeiras, exigem ingls em todos os nveis hierrquicos desde a recepo at cargos de gerncia. Nesses casos, o ingls exigido mais voltado comunicao interna e quela com fornecedores e clientes. Cursos com enfoque na comunicao oral, assim, tendem a causar um efeito ainda maior no dia a dia da empresa multinacional de grande porte do que para as demais.

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  • 5Demanda e pblico-alvo para o ensino de ingls: a adequao da ofertaPara entender a demanda atual por cursos de ingls e como a oferta existente percebida pelo consumidor estudado, nosso estudo incluiu entrevistas com pessoas que j fizeram ou esto fazendo um curso de ingls e tambm com quem pretende fazer um curso de ingls nos prximos doze meses. De cada dez entrevistados, nove tiveram aulas de ingls na formao escolar bsica.

    A busca por uma escola de idiomas a principal forma de suprir a necessidade do ingls fora da formao bsica. Escolas de idiomas foram apontadas como a soluo mais buscada em 87% das respostas. As demais respostas se dividem entre a procura por professores particulares (6%), cursos na empresa (3%) ou na escola (Centro de Estudo de Lnguas) (2%), cursos online (1%) ou atravs de fascculos e apostilas (1%). Mesmo entre quem j

    fez ou ainda faz algum curso de ingls, o nvel de conhecimento atual declarado o bsico.

    Ampliar o conhecimento e conseguir emprego so as principais motivaes para cursar ingls. Conseguir um bom emprego aparece com mais destaque entre os que j esto estudando (para 33% deles) do que entre os que pretendem estudar (para 16%). J quanto expectativa de que os conhecimentos de ingls ajudem a aumentar o salrio, o quadro inverso: 6% dos que j estudam acreditam que o salrio ser aumentado em decorrncia desse conhecimento, enquanto 12% dos que ainda pretendem estudar mantm a expectativa de que o salrio aumente como funo de ter realizado um curso de ingls. De modo geral, no entanto, os respondentes percebem o ingls como indispensvel para a insero e a

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  • ascenso no mercado de trabalho. No h dvidas, entre os participantes da pesquisa, de que a remunerao mdia aumenta de acordo com o nvel de conhecimento de ingls. Assim como h a crena de que surgem mais oportunidades de contratao, tambm h percepo de melhora das chances reais de aumento salarial e promoo caso um funcionrio, antes sem conhecimentos de ingls, passe a dominar o idioma. Nesse sentido, os participantes so predispostos a melhorar seus conhecimentos em ingls para aumentar suas oportunidades profissionais.

    Os participantes da pesquisa foram questionados se os funcionrios que tenham feito cursos de ingls recebem melhores salrios. Essa predisposio cria uma expectativa de que a capacitao em ingls vai agregar um aumento considervel no salrio. Dos que afirmam que fazer um curso de ingls traz melhora no ganho salarial, a maioria declara acreditar em um ganho superior a 40%.

    No entanto, obstculos objetivos e subjetivos limitam a escolha pela realizao de um curso de ingls. Entre os obstculos objetivos, os principais so a falta de tempo e a falta de dinheiro. O tempo dos participantes escasso e o ensino de ingls concorre com outras atividades que j ocupam boa

    parte da agenda semanal dessas pessoas, como trabalho, curso universitrio, lazer e cuidados com a casa e a famlia. Em geral, sobra tempo para cursos de ingls apenas nos finais de semana. No caso dos respondentes que j fizeram cursos de ingls anteriormente, faltas excessivas e preos elevados foram os principais motivos para abandono dos mesmos. Contudo, fatores como a avaliao negativa dos cursos atuais tambm so importantes razes de desistncia.

    A falta de tempo apontada como principal motivo da no realizao de um curso tambm entre quem ainda no est cursando ingls. Na classe B, 66% afirmam no ter tempo para fazer o curso. Quanto mais elevada a idade, menor o tempo considerado disponvel para fazer um curso: na faixa entre 45 e 55 anos, 73% afirmam no ter tempo. Aqui, a falta de percepo de urgncia para o estudo do idioma tambm aparece.

    A escassez de tempo e de recursos faz com quem as pessoas evitem cursos que paream lentos ou de longa durao. Para 88% dos que pretendem iniciar um curso de ingls, este no deve durar mais de dois anos. Para quem j fez ou est fazendo um curso de ingls, o percentual dos que acham que este no deve durar mais de dois anos de 75%.

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  • A impresso quanto a cursos mais longos de que so lentos e pouco efetivos, perdendo-se muito tempo com o bsico. Por outro lado, o pblico no d credibilidade a cursos que durem muito pouco tempo como os que prometem ensinar conversao em seis meses. Almeja-se agilidade, velocidade e utilidade dos cursos de ingls, e no um perfeccionismo gramatical. Segundo eles, algumas escolas tradicionais primam por esse perfeccionismo, o qual resulta em cursos lentos e pouco prticos.

    Alm do fato de preferirem um curso que se realize num tempo menor, os entrevistados tambm indicaram uma preferncia por distribuir mais o tempo dedicado ao estudo ao longo da semana. A maioria declara considerar que o ideal seja ter aulas de at duas horas trs vezes por semana.

    importante lembrar que o ingls concorre com outros gastos em educao, sobretudo com o ensino superior, que a prioridade para os participantes,

    como j mencionado. Como tempo e recursos financeiros so limitados, muitos preferem se comprometer com um curso de ensino universitrio, visto como o meio mais eficiente de garantir promoes e aumentos salariais. Sobrando tempo e dinheiro, essas pessoas podem escolher realizar outros cursos incluindo os de aperfeioamento do ingls. Alm dos cursos de graduao, cursos de especializao e MBAs tambm podem ser considerados como capazes de gerar um retorno profissional maior.

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  • Em relao s competncias, a leitura a atividade praticada com mais frequncia, porm as maiores dificuldades esto na fala e na compreenso. Tanto entre quem j estuda como entre quem pretende estudar, 76% fazem uso da leitura com alguma frequncia.

    Mesmo entre quem j estudou ou est estudando ingls, h dificuldade nas habilidades requeridas no idioma. A autoavaliao dos participantes mostra que a maior diferena entre quem faz ou j fez ingls e os que pretendem fazer est na compreenso, que a pior nota autoatribuda por quem pretende fazer um curso de ingls.

    A percepo de que sua capacidade para a comunicao oral insuficiente faz com que os participantes deem prioridade para a fala (em 50%

    das respostas) e para a compreenso (em 37% das respostas) entre as competncias a serem desenvolvidas em um curso. Essa nfase precede a preocupao com a gramtica. Os mtodos de ensino favoritos estimulam constantemente a conversao: a preferncia declarada por aulas em ingls, que forcem o desenvolvimento das habilidades do aluno. Essas conversas, na viso dos respondentes, podem ser estimuladas antes mesmo de um aprofundamento sobre as regras gramaticais da lngua. A melhor forma de treinar essa conversao, para eles, discutir assuntos atuais e diretamente relacionados ao seu dia a dia profissional e pessoal.

    A menor valorizao da escrita e da leitura tambm se relaciona existncia de ferramentas capazes de facilitar a comunicao escrita, o que no

    6Competncias e prticas

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  • acontece com a fala. Essas alternativas incluem programas de traduo, como o Google Translator, e dicionrios impressos e online, todos mencionados na pesquisa. Isso porque, na percepo dos respondentes, nos dilogos escritos h mais tempo para processar informaes e uma menor exigncia por improvisao.

    Interessante notar que as competncias e percepes do pblico sobre o ensino de ingls casam com as demandas expressas pelas empresas. Tanto o departamento de recursos humanos das

    empresas quanto o pblico em geral valorizam a conversao e o ingls voltado para o cotidiano empresarial. A anlise dos objetivos tanto das empresas como do pblico sugere cursos rpidos e eficientes, com foco na fala e na compreenso oral e ensino de termos especficos de cada rea de atuao, conferindo utilidade imediata lngua.

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  • O horrio de funcionamento fator crucial no momento da escolha da escola de ingls. Para quem pretende fazer um curso, a flexibilidade de horrios o atributo mais importante. Quem j est cursando coloca a qualidade do material e do mtodo didtico em primeiro lugar. Na avaliao da relao custo-benefcio oferecida pelas escolas de ingls, trs conjuntos de critrios entram em cena: preo, didtica e estrutura do curso. Este ltimo inclui o tamanho das salas, a localizao, horrios e recursos multimdia.

    Preferencialmente, a escola deve estar localizada perto de casa ou do trabalho. Entre os perfis de entrevistados, vemos que as mulheres e jovens preferem a escola mais prxima de casa (para 50% deles).

    Outro aspecto da estrutura o nmero de alunos por sala. Existe a percepo de que o tamanho das

    turmas interfere na qualidade do curso de ingls. Os participantes da pesquisa consideram que, quanto menor for a turma, maior ser a ateno que o professor dedicar a cada aluno. Salas com mais de 14 alunos parecem perder eficcia, na viso dos respondentes. A importncia desse item se acentua entre os que fizeram cursos de idiomas, os quais se mostram mais exigentes com relao ao tamanho das turmas. Quem j fez ou est fazendo um curso de ingls prefere turmas menores (57% preferem salas com at 12 pessoas). J os que tm inteno de estudar ingls admitem turmas maiores (58% aceitariam salas com mais de 12 pessoas).

    Horrios flexveis e disponibilidade para atividades extras so qualidades mais valorizadas nos professores de ingls, acima da prpria formao profissional do professor.

    7A escola de ingls: fatores que influenciam a escolha

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  • O material didtico fundamental para a permanncia dos alunos no curso. A importncia dada ao material de apoio tamanha que este se torna o principal motivador da desistncia de se realizar um curso de ingls. Quatro em cada dez respondentes afirmaram que a baixa qualidade do material de apoio pode levar desistncia do curso.

    Grupos de conversao so apontados como uma soluo para se resolver os problemas de aprendizado. esperado que o professor proponha grupos de conversao para suprir as dificuldades de fala e compreenso em ingls por parte dos alunos. Outra forma de aprendizagem valorizada so as aulas para assuntos especficos. Atividades ldicas e culturais fora de sala fazem sucesso e so vistas como muito eficientes. Isso reflete a sensao de que as aulas em sala no estimulam o suficiente. A lista mencionada inclui atividades culturais, aulas de teatro, exposies etc.; eventos comemorativos, como festa de Halloween e outras datas que estimulem estudos sobre a cultura dos pases de lngua inglesa; aulas dinmicas com materiais multimdia; exibio, traduo e discusso de filmes e msicas dentro e fora da sala de aula.

    As principais escolas de idioma do pas foram consideradas caras pelos respondentes. De fato, seu custo mensal varia de 20% a 52% do salrio mdio.

    Entre os que j cursaram ingls, seis em cada dez declararam ter pagado por taxa de matrcula e material didtico. Quase 90% tambm declararam ter arcado com os custos da mensalidade. Somando esses componentes, a mdia de gastos da maioria dos estudantes de mais de R$ 480. Para os respondentes, esse valor fica bem acima do considerado ideal, tanto para quem j fez ou est fazendo um curso como para quem pretende fazer.

    Na escolha do curso de idioma, a recomendao de amigos a principal fonte de informao. Depois dos amigos, vm os professores. Nesse sentido, aes de member gets member (ou o boca a boca) podem ser um importante fator de atrao de novos alunos.

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  • Estudar ingls via internet, por si, no parece ser uma proposta ruim. O modelo 100% online desperta interesse de mais da metade dos entrevistados, mas h preferncia pelo modelo presencial.

    A necessidade de se economizar tempo e dinheiro faz do curso online uma opo atrativa. Um curso de ingls 100% online surge como uma opo conciliadora de horrio por conta da flexibilidade e da relao custo-benefcio, alm de tambm atrair por dar suporte extra a um curso presencial. Mas a falta de contato com o professor e a necessidade de forte autodisciplina so fatores associados negativamente aos cursos online. Portanto, a presena de um professor e o comprometimento com o curso so fatores de atratividade para cursos presenciais. Alm disso, o uso da internet como

    plataforma educacional pode no ser uma opo.

    Assim, cursos de ingls inteiramente distncia ainda so vistos com alguma desconfiana. Os participantes afirmam que os cursos online exigem muita disciplina, e por isso muito difcil se dedicar a eles. A falta de cobrana de presena e a concorrncia com outras atividades como o lazer e o cuidado com o lar fazem com que os alunos abandonem o curso facilmente. O brasileiro ainda prefere uma relao olho no olho com os cursos de ingls, com a presena fsica do professor, o que faz com que a qualidade do curso online seja vista como inferior dos cursos presenciais.

    Por outro lado, cursos presenciais com um bom suporte online podem ser atraentes.

    8Cursos online

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  • Nesse modelo, os itens e caractersticas mais valorizados so:

    Exerccios para treinar a escrita e a leitura. Exerccios para treinar a fala e a compreenso oral.

    Treinamento de grias e termos utilizados em redes sociais e no universo online em geral.

    Disponibilizao de salas de bate-papo e outras ferramentas para conversar em ingls.

    Assim, um suporte online deve fugir do bvio para aproveitar as vantagens da virtualidade. Por exemplo, um site com exerccios simples, fceis e repetitivos, alm de colaborar pouco com o aprendizado, no funciona para atrair os alunos. Outro erro no ter a preocupao de exercitar a linguagem prpria da internet e ignorar a necessidade de um manuseio efetivo de suas ferramentas. Para evitar tais armadilhas, o suporte online deve propor exerccios que trabalhem as quatro habilidades de modo ldico e pouco usual. O recurso das salas de bate-papo (escrito e falado) ganha com a presena de alunos brasileiros e estrangeiros, o que possibilita treinar a pronncia com sotaques diferentes. Outro aspecto desenvolver aulas de ingls instrumental para facilitar o manuseio de ferramentas virtuais.

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  • 9ConclusoO curso ideal de ingls deve ter mensalidade acessvel, aulas dinmicas faladas em ingls, durao aproximada de dois anos, contedo instrumental, atividades extraclasse e suporte online.

    Apesar de ser percebido como uma boa ideia, o curso online ainda objeto de ressalvas por parte do brasileiro. Muitos acreditam no ter a disciplina necessria para seguir um curso 100% online.

    A maior motivao para a demanda por cursos de ingls pela nova e crescente classe mdia de carter bastante prtico. Busca-se garantir a prpria empregabilidade e propiciar a continuidade do crescimento social obtido. Um entendimento dos fatores que podem levar esse grande contingente populacional a acorrer em maior nmero aos cursos de ingls primordial. O presente estudo traz claros indcios de que esse esforo de compreenso ainda est por se realizar, devendo levar a um significativo ajuste nas caractersticas dos cursos atualmente ofertados.

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  • British Council 2014 O British Council a organizao internacional britnica para educao e relaes culturais.