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Bruna Valle França
R2 Medicina Esportiva
Orientadora: Dra. Fernanda Lima
Osteoartrite (AO), também denominada osteoartrose ou simplesmente artrose, é uma doença degenerativa crônica caracterizada pela perda progressiva e irreversível da cartilagem articular.
16% das pessoas com mais de 55 anos.
A idade avançada é o principal fator de risco.
Outros: história familiar, sexo feminino, fatores hormonais (pós-menopausa), obesidade, fatores ocupacionais, trauma articular, lesão articular prévia por trauma ou alteração biomecânica.
O principal sintoma da OA é a dor articular.
No início, a dor é intermitente, protocinética, e a rigidez matinal é de curta duração, em geral até 15 minutos .
Com o progredir da doença, a dor se torna crônica e pode aparecer inclusive durante o repouso.
Dor à palpação, crepitação aos movimentos e alargamento ósseo na região da articulação, correspondente à formação de osteófitos.
Em alguns pacientes podem ser encontrados sinais inflamatórios discretos, derrame
articular e comprometimento músculo-tendíneo.
Em casos mais grave: limitação na amplitude de movimento, podendo chegar até à anquilose.
Dor articular insidiosa em indivíduos acima de 50 anos, mais frequentemente em joelhos, quadris, coluna e mãos.
Rx: redução do espaço articular, esclerose óssea subcondral e osteófitos (que indicam remodelação óssea).
Nos casos mais graves: cistos e erosões.
OA de joelhos: Dor articular + 3 dos seguintes: >50 anos, <30 minutos de rigidez matinal, crepitação, alargamento ósseo, sensibilidade à compressão óssea e/ou ausência de calor à palpação.
OA de quadris: Dor articular + 2 dos seguintes: VHS <20 mm/h, osteófitos femorais ou acetabulares à radiografia e/ou redução do espaço articular à radiografia (superior, axial e/ou medial).
Objetivo: controlar a dor e restaurar o status funcional.
Atingido com o uso de analgésicos comuns e opiáceos.
Se atividade inflamatória articular, é recomendável o uso, em curtos ciclos, de AINE.
Se contraturas musculares associadas: relaxantes musculares.
Considerar ainda a infiltração intra-articular com corticosteroides ou ácido hialurônico.
Ainda há controvérsia sobre o possível benefício do uso de drogas modificadoras da doença.
O uso de medidas não-farmacológicas é, na realidade, a base do tratamento da OA.
Orientação ao paciente sobre a sua doença;Controle do peso corporal;Modalidades fisioterápicas analgésicas eUso de órteses.
A medida não-farmacológica mais importante consiste na recuperação da função articular e, nesse sentindo, o exercício físico tem sido uma importante ferramenta.
Pacientes com OA têm um risco cardiovascular maior do que a população da mesma faixa etária.
Além dos fatores de risco comuns, a limitação articular leva a consequente inatividade física, sendo um fator de risco adicional.
O uso de drogas anti-inflamatórias, pode apresentar efeito protrombótico e prohipertensivo, bem como piora da função renal, aumentando os fatores de risco cardiovasculares.
Sarcopenia: perda de massa e função muscular.
Embora de causa multifatorial, um importante fator que contribui para o desenvolvimento e a manutenção da sarcopenia é a perda da mobilidade principalmente em membros inferiores.
A sarcopenia gera mais inatividade física, contribuindo com a piora da OA, estabelecendo um círculo vicioso.
Além disso, os pacientes com sarcopenia tendem a apresentar maior incidência de quedas, a serem mais dependentes, mais institucionalizados e sofrerem mais internações hospitalares que os idosos não-sarcopênicos
Até o presente momento, não há tratamento curativo para a OA.
Foco terapêutico: controlar os sintomascontrolar os sintomas, manter a independência funcional, melhorar a qualidade de vida e diminuir a progressão dos danos estruturais, na tentativa de atrasar ou mesmo evitar a artroplastia total das articulações.
Uma revisão sistemática recente apontou que 100% das recomendações terapêuticas baseadas em evidência e opiniões de especialistas apontam o exercício como tratamento de primeira linha para OA com grau máximo de evidência (Ia).
Esta revisão sistemática apontou que 100% das recomendações terapêuticas baseadas em evidência e opiniões de especialistas apontam o exercício como tratamento de primeira linha para OA com grau máximo de evidência (Ia).
O desenvolvimento e a progressão da OA são multifatoriais.
Fraqueza do quadríceps femoral tem sido apontada como um dos fatores principais na predisposição da OA de joelho (diminuição do espaço intra-articular total e tibiofemoral) em mulheres.
MODIFICÁVEL!!!
Estudos apontam a prática esportiva em nível competitivo como fator de risco predisponente à OA (intensidade e tempo de exposição).
Submetem as articulações a posições biomecanicamente inadequadas;
Trauma de contato (contusões) ou indiretos (entorses).
Aumentam a demanda e o desgaste das articulações.
A fraqueza muscular do quadríceps foi associada não somente com a predisposição com a progressão de OA de joelho pré-existente.
EF pode ser comparado a uso de anti-inflamatório e infiltração intra-articular de hialuronato (sem efeito adverso).
OA joelho em idosos: tanto grupo de força quanto sem sobrecarga têm redução de força, mas o treinamento de força perde com menor velocidade, assim como espaço intra-articular e progressão da OA.
Um benefício significativo foi encontrado na força dos extensores, função e redução da dor das extremidades inferiores.
Idosos com OA se beneficiam de um programa de treinamento de força que forneça uma sobrecarga progressiva para manter a intensidade durante um programa de exercício.
Excesso de peso = sobrecarga de articulações.
O exercício físico comprovadamente melhora dor, função e qualidade de vida.
Pode corrigir fraqueza muscular, baixas amplitude de movimento e déficits de propriocepção e equilíbrio, e descondicionamento cardiovascular.
Somam-se a isso ganhos secundários como diminuição do risco de quedas, perda de peso corporal, correção de anormalidades metabólicas e melhoras cognitivas.
Melhora funcional mais marcante na caminhada, comparada à bicicleta.
Melhora da dor, função e qualidade de vida com treino de força.
ACSM: sobrecarga mecânica imposta ao músculo para promover aumento da força e massa musculares deve situar-se entre 70-85% do RM.
Qualquer intensidade tem melhora, mas estas são mais evidentes nas maiores intensidades.
Exercícios dinâmicos (mais fisiológicos) são preferíveis aos estáticos (benefícios restritos à angulação).
Estresse patelofemoral: sobrecarga aumentando degeneração do tecido cartilaginoso.
Nos exercícios de cadeia cinética fechada, a compressão patelofemoral é maior em angulações aumentadas de flexão do joelho.
Nos de cadeia cinética aberta a compressão patelofemoral é maior do meio para o final (extensão total) da fase de extensão dos joelhos.
Embora o EF seja associada ao aumento radiológico de osteófitos, não houve relação com a diminuição do espaço articular.
Existem algumas evidências de que se tenha aumento do volume cartilaginoso pela RNM, e fortes evidências de que exista uma relação inversa entre EF e defeitos na cartilagem.
Uma vez que a melhora da qualidade da cartilagem é importante na prevenção da OA, EF é mais benéfico que prejudicial para a saúde articular.
Exercícios aquáticos têm eficácia inferior aos não aquáticos.
Útil em pacientes obesos ou com doença muito grave, como forma de preparação para o treinamento não aquático.
Tai Chi Chuan: melhora dor, a função, o equilíbrio, a flexibilidade e a capacidade aeróbia.
Poucos estudos sobre diferentes tipos de modalidades.
Orientar sobre a OA: importância do programa (eficácia e aderência).
Se dor, interromper até reavaliação.
A imobilização tem efeito degenerativo sobre a articulação, com diminuição da espessura da cartilagem e da concentração de proteoglicanos.
Evitar repouso mesmo se quadro grave e dor persistente, sendo admitido apenas nos casos de piora aguda dos sintomas e, ainda assim, em curto intervalo de tempo.
Outras estratégias: treinamento personalizado, monitoramento da aderência ao treinamento por meio de contato telefônico, e auto-monitoramento por meio de planilhas de treino.
Enfoque no treino de força pro quadríceps femoral.
Evitar grandes amplitudes: flexão em cadeia cinética fechada e extensão na aberta.
Pacientes graves podem precisar de outras estratégias: oclusão vascular, plataformas vibratórias, hidroginástica e eletroestimulação.
Aeróbios: emagrecimento, restabelecer função, melhora deambulação. Evitar sobrecarga (< volume).
Flexibilidade: associação entre ADM e OA.
EF: benefício comprovado; primeira escolha.Não estabelecidos: frequência, duração,
intensidade e modalidade.Avaliação: alto custo ou baixa sensibilidade
clínica!EF: barato, pouquíssimos efeitos adversos e
fácil implementação.
Livro: Efeitos Terapêuticos do Exercício Físico nas Doenças Reumáticas; Capítulo 9. Exercício Físico e Osteoartrite.