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Câmera na sala de aula; isso é bom?

Iniciativa de escola paulistana causa polêmica e abredebate sobre as necessidades e as consequências davigilância eletrônicaNatália Martino e Tamara Menezes

O ambiente está sendo filmado. As imagens são confidenciais e protegidas nos termos da lei.? Foicom essa informação impressa em pequenas placas que os alunos do terceiro ano do ensino médiodo Colégio Rio Branco ? um dos mais conceituados e tradicionais de São Paulo ? foramsurpreendidos quando entraram na sala de aula na manhã da segundafeira 24. Inconformados com ainstalação de câmeras para vigiar as classes sem que para isso houvesse qualquer discussão anterior,e sob o discurso de que estariam com a privacidade tolhida, os estudantes, em protesto, ocuparamum dos principais pátios do colégio, dificultando a entrada dos demais alunos ? 107 deles foramsuspensos por um dia. Na quartafeira 26, a diretora do colégio, Esther Carvalho, admitiu que falhou

Comportamento | N° Edição: 2238 | 28.Set.12 ‐ 21:00 | Atualizado em 25.Abr.15 ‐ 22:37

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ao não fazer um comunicado prévio sobre a instalação das câmeras e os motivos que levaram à suadecisão. Ela também explicou que a punição dada aos alunos não se deveu apenas ao protesto dasegundafeira, mas foi uma resposta da escola a recorrentes atos de indisciplina que o grupo vinhaprotagonizando nos últimos meses, desafiando a direção, questionando notas e métodos deavaliação sem usar os canais adequados para isso. Justa ou não a punição, o certo é que, durante asemana passada, as câmeras instaladas dentro das salas de aula do Colégio Rio Branco viraram temade uma oportuna discussão sobre a necessidade e as consequências pedagógicas da vigilânciaeletrônica em salas de aula.

SURPRESA Instalação de câmeras sem avisoprévio gerou protesto no Colégio Rio Branco (SP)

Câmeras na entrada, nas quadras e nos corredores de escolas particulares e públicas são comuns. Anovidade, que não é uma exclusividade do Colégio Rio Branco, foi a instalação das câmeras na salade aula, o que divide a opinião dos especialistas. Os que se manifestam favoráveis à vigilânciaalegam que a indisciplina dos jovens de hoje está tão fora do controle que qualquer ferramenta queajude a policiálos é válida. ?Estamos vivendo em uma selva?, diz Victor Notrica, presidente doSindicato dos Estabelecimentos de Ensino do Rio de Janeiro. ?É muito triste a pessoa ter que sesentir vigiada, mas com os problemas de segurança e de disciplina acaba sendo aceitável.? Apresidente da Associação Brasileira de Psicopedagogia, Quézia Bombonatto, concorda com anecessidade de impor mais limites aos jovens e acredita que a estratégia das câmeras não prejudicao aprendizado. ?Não podemos condenar uma medida que, em última instância, vai acabar inibindopráticas inadequadas, como o bullying?, avalia. ?Quanto ao professor, se o seu trabalho é adequadoàs propostas pedagógicas da escola, não há com que se preocupar. Pode ser até bom para evitaragressões contra o profissional, que são cada vez mais comuns?, afirma.

No colégio Alfa CEM, no Rio de Janeiro, por exemplo, as câmeras estão presentes na sala de aula esão usadas para vigiar o comportamento dos alunos. Segundo a diretora, Maria Carolina Alves, asimagens gravadas já foram usadas para provar a alguns pais a participação de seus filhos emepisódios de indisciplina. Em outro colégio carioca, o Pensi Ipanema, a diretora, Débora Goulart,atesta os bons resultados da medida adotada no ano passado. ?Inibe um pouco os alunos em relaçãoà bagunça?, diz ela. ?As carteiras e as paredes das salas estão mais limpas e os adolescentes muitomais comportados?, relata a diretora.

Embora os resultados práticos da medida sejam positivos, a estratégia é questionável do ponto devista da formação dos adolescentes. ?As normas precisam ser interiorizadas para que a pessoa ganheautonomia e não há como isso acontecer em um ambiente que condiciona o bom comportamento àvigilância?, diz Silvia Colello, professora de psicologia da educação na Faculdade de Educação daUniversidade de São Paulo (USP). ?Os jovens precisam ser conscientizados sobre as regras deconvivência, não coagidos a seguilas. Vamos ensinálos a se comportar só quando alguém estiverolhando??, pergunta.

De acordo com os especialistas ouvidos por ISTOÉ, as câmeras podem ser uma solução urgente econcreta para os graves problemas de indisciplina enfrentados pelas escolas atualmente, mas énecessário analisar a questão de forma mais ampla. ?Não adianta só identificar o aluno que agrediuo colega. É preciso saber o que fazer com ele, como garantir que ele não repita o ato. A escola não éum presídio onde a regra é vigiar, ali a regra deve ser formar, ensinar?, diz Silvia, da USP. Para aeducadora, a escola é um microcosmo da sociedade e os conflitos são inevitáveis. Por isso, asinstâncias de mediação do colégio, que incluem professores, coordenadores e inspetores, têm desaber como lidar com isso. ?Vigiar as salas só vai fazer com que os alunos transfiram as práticasindesejadas para outros lugares, sejam os banheiros, seja a calçada em frente à escola?, diz. Segundoela, a imposição de limites e o aprendizado das regras de convivência começam em casa. Mas, emalguns casos, o que se vê são pais que reconhecem sua incapacidade de exercer a autoridade etentam transferir para a escola a função de controlar o filho.

BIG BROTHERColégio Alfa CEM, no Rio: a direção diz que a disciplina melhorou com a vigilância

A questão também é polêmica do ponto de vista do professor. As câmeras são aliadas na hora degarantir a disciplina e podem até funcionar como ferramenta de aprimoramento profissional. Comelas, o docente passa a ter a possibilidade de rever suas aulas e descobrir como melhorar. Oequipamento de vigilância, porém, pode prejudicar a espontaneidade na relação com o aluno ou nautilização de métodos alternativos de ensino, como brincadeiras, por exemplo. ?Esse terceiroelemento no ambiente sempre vai causar apreensão e inibir discussões sobre assuntos polêmicos enecessários, como drogas e discriminação?, exemplifica Silvia Bárbara, diretora da Federação dosProfessores do Estado de São Paulo, há mais de três décadas no magistério. A autoridade do docentepara administrar os conflitos dos seus alunos também fica em xeque, pois esse papel é transferidopara um árbitro que vai decidir com base nas filmagens.

No Colégio Rio Branco, onde a polêmica se instalou, a direção da escola informa que oequipamento de vigilância em sala de aula é parte de um projeto iniciado há quatro anos. No total, ainstituição conta agora com 112 câmeras. Elas foram instaladas primeiramente nas áreas comuns edepois nos laboratórios. Apesar de admitir que as imagens podem ocasionalmente ser usadas para aresolução de conflitos entre os alunos e entre eles com os professores, a diretora garante que esseuso será secundário. ?É para segurança patrimonial?, afirma a diretora Esther. Depois de o episódioganhar notoriedade, a direção da escola se reuniu com pais e explicou os motivos que levaram ocolégio a adotar a medida. Até o fim da semana, porém, os alunos seguiam insatisfeitos. ?Quandoum adolescente diz que não é ouvido, é bom questionarmos se ele realmente não está sendo ouvidoou se apenas suas demandas não foram integralmente atendidas, apesar de terem sido avaliadas?, diz

a diretora.

Fotos: Marcelo Justo/folhapress; reprodução

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