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Cacau e Pecuária na Amazônia: Análise de Meios de Vida em São Félix do Xingu -
PA
Por: Daniel Braga1
Como principais estratégias econômicas do meio rural, em São Félix do Xingu - PA, o
cacau e a pecuária na agricultura familiar estão sendo pesquisados pela ESALQ/USP em
parceria com o IMAFLORA há mais de 04 anos. O engenheiro florestal Daniel Palma
Perez Braga passa algumas temporadas em campo, convivendo com os agricultores e
realizando pesquisas sobre essas atividades.
Sua dissertação avaliou o solo e a vegetação dos sistemas agroflorestais com cacau para
reabilitação de áreas degradadas. Atualmente, a tese em andamento avalia os aspectos
ambientais e socioeconômicos dos meios de vida da agricultura familiar.
1 Engenheiro Florestal, Doutorando pela ESALQ/USP. A tese em andamento é tem como
orientador o Prof. Dr. Edson José Vidal da Silva e coorientador o Prof. Dr. Flávio B. Gandara Mendes, ambos da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” - ESALQ/USP
Figura 1 - Sistema agroflorestal com cacau ao fundo da pastagem para pecuária bovina em São Félix do Xingu - PA. FOTO: Daniel Braga.
Durante esse período, as melhorias são evidentes em múltiplas dimensões. Os
agricultores receberam formação para aprimorar suas técnicas produtivas, sendo
capacitados a produzir uma amêndoa de cacau fino, com a qualidade adequada ao
mercado mais exigente. A cooperativa (CAMPPAX2) se reestruturou e passou a organizar
melhor os processos de comercialização, aproximando parceiros fundamentais, como a
ADAFAX3, a CFR
4 e o IMAFLORA em seu estabelecimento. Além disso, os produtos não
madeireiros vêm se estabelecendo com a Associação de Mulheres Produtoras de Polpa
de Frutas (AMPPF) e as atividades de coleta de castanha e jaborandi, por exemplo.
2 Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores do Alto Xingu
3 Associação para Desenvolvimento da Agricultura Familiar do Alto Xingu
4 Casa Familiar Rural
Figura 2 - Na casa de fermentação, o agricultor Sr. Edmilson faz o revolvimento das amêndoas de cacau no cocho. FOTO: Daniel Braga. Na pecuária, apesar do ataque da cigarrinha e da redução das ofertas de mercado,
agricultores que aderiram ao projeto de implantação de sistemas silvipastoris
demonstram-se satisfeitos. Estes sistemas priorizam espécies leguminosas, geradoras de
biomassa e com valor comercial, principalmente madeireiro. Nesse sentido, segundo o
doutorando, a introdução do componente arbóreo transcende a questão econômica e
representa uma evolução para melhor aproveitamento dos recursos naturais associado à
questão cultural de cultivo e manejo das árvores, que necessita de valorização e
fortalecimento na agropecuária brasileira.
Figura 3 - O agricultor Sr. Deniston ampliou o sistema silvipastoril após ver os benefícios na prática. FOTO: Daniel Braga.
Figura 4 - Sr. Pedro mostra o desenvolvimento das mudas de mogno e jatobá, plantadas em sistema silvipastoril. FOTO: Daniel Braga.
Também é notável a mudança na qualidade de vida, destacando-se o acesso à energia
elétrica, benefícios de comunicação por meio da instalação de antenas para captação de
sinal wifi, moradias que passaram a ter banheiro com vaso sanitário ou estrutura de
alvenaria, aquisição de veículos ou utensílios domésticos, melhor alimentação e
formação de quintais agroflorestais e etc.
Figura 5 - Casa de alvenaria recém construída por jovem família de agricultores, o casal Edmilson e Maria. FOTO: Daniel Braga.
A aproximação da Casa Familiar Rural entre os parceiros dessa atuação do IMAFLORA é
de fundamental importância para o processo de transformação da agricultura familiar, de
modo construtivo com a juventude campesina, a fim de buscar um balanço mais
equilibrado entre os fatores ambientais, sociais e econômicos da região. Ademais, essa
estratégia possibilita promover maior capilaridade na difusão e troca de conhecimento
associado a práticas agroecológicas.
Apesar dos avanços, a complexa realidade ainda apresenta inúmeros entraves e lacunas
que tornam necessário o planejamento cuidadoso dos próximos passos. Por exemplo, a
região depara-se com pouca capacitação em gestão administrativa de associações e
cooperativas, escassez de mão-de-obra, grande distância dos centros comercias,
expansão da fronteira agrícola, uso de substâncias tóxicas no garimpo, aplicação aérea
de agrotóxicos, destinação indevida de resíduos sólidos, exploração madeireira e
conflitos com a fauna silvestre são alguns deles. No entanto, aos poucos e unindo
esforços, soluções para os problemas vão se desenhando na busca pela sustentabilidade
com protagonismo da agricultura familiar.
Figura 6 - travessia no rio Xingu, São Félix do Xingu - PA. FOTO: Daniel Braga.
Imaflora em São Félix do Xingu PA
O Imaflora atua na Região Sudeste do Pará e especialmente em São Félix do Xingu
desde 2010 em parceria com produtores, cooperativas, governos, empresas e instituições
diversas, desenvolvendo modelos replicáveis em escala e oportunidades de negócio que
possam estimular o desenvolvimento sustentável da região.
As atividades do Imaflora em São Felix do Xingu fazem parte do Programa Florestas de
Valor: Novos Modelos de Negócio para Amazônia, que é financiado pelo Fundo
Amazônia, BNDES, Moore Foundation e USAID.
Para mais informações: http://www.imaflora.org/desenvolvimento-local-
sustentavel_florestas-de-valor.php
Video Florestas de Valor: https://www.youtube.com/watch?v=aT4ZgvkIhVA
Apoio Financeiro: