CADERNOS DE SOCIOEDUCAÇÃO. Adolescente Aprendiz

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CADERNOS DE SOCIOEDUCAO SECREtARIA DE EStADO DA CRIANA E DA JUvENtUDE SECJ

Aprendiz

Programa

Curitiba 2010

GOVERNO DO ESTADO DO PARAN

Orlando Pessuti Governador do Estado do Paran

Ney Amilton Caldas Ferreira Chefe da Casa Civil

Thelma Alves de Oliveira Secretria de Estado da Criana e da Juventude

Flvia Eliza Holleben Piana Diretora Geral da Secretaria de Estado da Criana e da Juventude

Roberto Bassan Peixoto Coordenador de Socioeducao

Regina Bergamaschi Bley Coordenadora do Programa Aprendiz

CADERNOS DE SOCIOEDUCAO SECREtARIA DE EStADO DA CRIANA E DA JUvENtUDE SECJ

Aprendiz

Programa

1 Edio

Curitiba 2010

SIStEMAtIZAO Regina Bergamaschi Bley COLABORADORES Secretaria de Estado da Criana e Juventude Paula Cristina Calsavara Equipe de Execuo Ana Maria Gracia - Ponta Grossa Ana Cludia Padilha Justino Campo Mouro Ana Paula Mathiazzo takahashi Paranava ngela Maria Nunes Maring Adalberto Faustino da Silva Paranava urea Ribeiro de Andrade Ottoni Curitiba Ana Marclia P. Nogueira Pinto Cascavel Amarildo de Paula Pereira Londrina Benhur vagner taborda toledo Cristiane Garcez Gomes de S Curitiba Cristiane dos Santos Silva Campo Mouro Daniela Andria Schlogel Foz do Iguau Eliane tscha taborda Pato Branco Fbio Luiz Zeneratti Paranava Fbio Luiz Maciel da Cunha Ftima Aparecida Cunha Serenato Gloria Christina Cardozo - Londrina Laura Stasiak Curitiba Llian Alves da Costa Umuarama Marcelo Jos Bressan Maring Marcio Semprebom - Londrina Mariselni Piva - Curitiba Neuseli Staelberl Bertolla - Londrina vanessa Gabrielle Woicolesco Foz do Iguau Wagiliane - Maring Secretaria de Estado da Educao Diretoria de Educao e Trabalho Sandra Regina de Oliveira Garcia Andra Ceccatto Andersen Ftima Branco Godinho de Castro Secretaria de Estado da Administrao e da Previdncia Escola de Governo Margaret de Ftima Pesch Ccero Jorge dos Santos

Governo do Paran

CEDCA

Capa Tiago Vidal Ferrari Ilustraes Tiago Vidal Ferrari Projeto Grfico / Diagramao / Finalizao Gennaro Vela Neto Tiago Vidal Ferrari Reviso Ortogrfica Elizangela Brito Reviso Regina Bergamaschi Bley Criao Publicitria e Marketing Fernanda Morales Felipe Jamur Organizao da coleo Deborah Toledo Martins Roberto Bassan Peixoto

Secretaria de Estado da Criana e da Juventude Rua Hermes Fontes, 315 - Batel 80440-070 - Curitiba - PR - 41 3270-1000 www.secj.pr.gov.br

14 zero 9 Marketing e Comunicao | 41 3085-7111

Cidadania

Cidadania dever de povo. S cidado quem conquista seu lugar na perseverante luta do sonho de uma nao. tambm obrigao: A de ajudar a construir a clarido na conscincia das pessoas e de quem merece o poder. Cidadania, fora gloriosa que faz um homem ser para outro homem, caminho no mesmo cho, luz solidria e cano!

Thiago de Mello

A Palavra

Um cenrio comum das cidades: meninos perambulando pelas ruas. Antes, apenas nas grandes cidades; agora, em qualquer lugarejo. Ontem, cheirando cola; hoje, fumando crack. Destruindo seus neurnios e seus destinos. Enfrentando os perigos da vida desprotegida. Aproximando-se de fatos e atos criminosos. Sofrendo a dor do abandono, do fracasso escolar, da excluso social, da falta de perspectiva. vivendo riscos de vida, de uma vida de pouco valor, para si e para os outros. Ontem, vtimas; hoje, autores de violncia.

Um cenrio que j se tornou habitual. E, de tanto ser repetido, amortece os olhos, endurece coraes, gera a indiferena dos acostumados. E, de tanto avolumarse, continua incomodando os inquietos, indignando os bons e mobilizando os lutadores.

Uma mescla de adrenalina e inferno, a passagem rpida da invisibilidade social para as primeiras pginas do noticirio, do nada para a conquista de um lugar. Um triste lugar, um caminho torto; o ccc do crack, da cadeia e da cova.

Assim, grande parte de nossa juventude brasileira, por falta de oportunidade, se perde num caminho quase sem volta. Reverter essa trajetria o maior desafio da atualidade.

Enquanto houver um garoto necessitando de apoio e de limite, no deve haver descanso.

Com a responsabilidade da famlia, com a presena do Estado, desenvolvendo polticas pblicas conseqentes, e com o apoio da sociedade, ser possvel criar um novo tecido social capaz de conter oportunidades de cidadania para os nossos meninos e meninas.

A esperana um dever cvico para com os nossos filhos e para com os filhos dos outros.

A vontade poltica e a determinao incansvel dos governadores Requio e Pessuti, aliadas ao empenho e dedicao dos servidores da SECJ, compem o cenrio institucional de aposta no capital humano, e sustentam a estruturao da poltica de ateno ao adolescente em conflito com a lei no Paran, como um sinal de crena no futuro.

nosso desejo que esses cadernos sejam capazes de apoiar os trabalhadores da Rede Socioeducativa do Estado do Paran, alinhando conceitos, instrumentalizando prticas, disseminando conhecimento e mobilizando idias e pessoas para que, juntos com os nossos garotos, seja traado um novo caminho.

Com carinho, Thelma

ApresentaoCom satisfao e orgulho apresentamos a reedio do conjunto Cadernos do IASP, agora como Cadernos de Socioeducao. A mudana de nome expressa o avano conceitual e prtico do atendimento ao adolescente em conflito com a lei, que resultou na criao da Secretaria de Estado da Criana e Juventude - SECJ em substituio ao Instituto de Ao Social do Paran - IASP. a primeira secretaria de estado do pas a ser implantada especificamente para pensar, executar e articular as polticas pblicas do Sistema de Garantia de Direitos das Crianas e Adolescentes e as polticas para a Juventude.

Em 2004, o Governo do Estado do Paran, realizou um diagnstico sobre a situao do atendimento ao adolescente que cumpria medida socioeducativa de privao e restrio de liberdade, identificando, dentre os maiores problemas, dficit de vagas; permanncia de adolescentes em delegacias pblicas; rede fsica para internao inadequada e centralizada com super-lotao constante; maioria dos trabalhadores com vnculo temporrio; desalinhamento metodolgico entre as unidades; ao educativa limitada com programao restrita e pouco diversificada e resultados precrios.

tal realidade exigia uma resposta imediata de implementao de uma poltica pblica que fosse capaz de romper estigmas e para-

digmas, concebendo um sistema de atendimento ao adolescente em conflito com a lei, com as seguintes caractersticas: estruturado, organizado, descentralizado e qualificado; articulado com os servios pblicos das polticas sociais bsicas; desenvolvido em rede e em consonncia com a legislao e normatizao vigentes (Estatuto da Criana e do Adolescente - ECA, Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo - SINASE, recomendaes do Conselho Nacional dos Direitos da Criana e Adolescente - CONANDA); gerido a partir de um modelo de gesto democrtica, planejada e monitorada permanentemente; e principalmente, centrado na ao scio-educativa de formao e emancipao humana, capaz de suscitar um novo projeto de vida para os adolescentes.

Este movimento foi sustentado por trs eixos fundamentais: a reviso do modelo arquitetnico, a implementao de uma proposta poltico-pedaggica-institucional e a contratao e qualificao de profissionais. Os avanos dessa poltica pblica vo desde o aumento da oferta de vagas para adolescentes de internao e semiliberdade, passam pelo co-financiamento de programas de Liberdade Assistida e Prestao de Servios Comunidade at a formao continuada dos profissionais dos Centros de Socioeducao-Censes, dos Programas em Meio Aberto, dos Conselhos tutelares, dos Ncleos de Prticas Jurdicas entre outros.

O trabalho de planejamento e engajamento dos servidores colocaram o atendimento socioeducativo do Paran como referncia nacional, evidenciada nas constantes visitas de gestores e profissionais de outros Estados e na premiao do projeto arquitetnico para novas unidades, pelo Prmio Socioeducando, promovido pelo Instituto Latino-Americano das Naes Unidas para a Preveno do Delito e tratamento do Delinquente - ILANUD e Secretaria de Direitos Humanos da Presidncia da Repblica SDH-PR.

Nesse reordenamento institucional, realizado a partir do plano de ao de 2005-2006, foi possvel qualificar a rede existente, alm de criar um padro para as novas unidades a serem implantadas, de acordo com o previsto no SINASE, de forma a constituir um sistema articulado de ateno ao adolescente em conflito com a lei.

A presente reedio dos Cadernos de Socioeducao retoma com maior fora seu significado original ao estabelecer um padro referencial de ao educacional a ser alcanado em toda a rede socioeducativa de restrio e privao de liberdade e que pudesse, tambm, aproximar, do ponto de vista metodolgico, os programas em meio aberto, criando, assim, a organicidade necessria a um sistema socioeducativo do Estado.

Nela esto presentes e revisados os 5 Cadernos: Compreendendo o Adolescente, Prticas de Socioeducao, Gesto de Centros de Socioeducao, Rotinas de Segurana e Gerenciamento de Crises, acrescidos de quatro novos volumes: Programa Aprendiz; Semiliberdade; Internao e Suicdio: Protocolo de Ateno aos Sinais e Informaes sobre Drogadio.

todos seguem a mesma dinmica de elaborao. So resultados de um processo de estudo, discusso, reflexo sobre a prtica e registro de aprendizado, envolvendo diretores e equipes dos Centros de Socioeducao, da sede e grupos sistematizadores, com intuito de produzir um material didtico-pedaggico a servio da efetiva garantia de direitos e execuo adequada das medidas socioeducativas. trata-se, portanto, de uma produo coletiva que contou com o empenho e conhecimento dos servidores da SECJ e com a aliana inspiradora da contribuio terica dos pensadores e educadores referenciais.

Assim esperamos que os Cadernos de Socioeducao continuem cumprindo o papel de subsidiar os processos socioeducativos junto aos adolescentes, produzindo seus resgates scio-culturais e renovando a esperana de novos projetos de vida e de sociedade. Como na primeira edio: Que seu uso possa ser to rico e proveitoso quanto foi a sua prpria produo!

Sumrio1] Abordagem Conceitual .....................................................................................................23 1.1 O Direito Fundamental do Adolescente Profissionalizao em um Contexto de vulnerabilidades ..................................................................................................................... 23 1.2 Breves Consideraes Sobre a Situao do Adolescente no Contexto do Mundo do trabalho ...................................................................................................................... 26 1.3 A Aprendizagem Profissional Histrico, Conceito e Base Legal ..................... 28 1.4 A Aprendizagem como Poltica Pblica A trajetria Jurdica do Programa Aprendiz ...................................................................................................................... 30 2] Aspectos Legais da Aprendizagem nos Nveis Federal e Estadual ............................35 2.1 Base Jurdica da Aprendizagem/ Legislao Pertinente ......................................... 35 3] Abordagem Organizacional ............................................................................................39 3.1 Estrutura do Programa Aprendiz ..................................................................................... 39 3.2 Sistema de Atendimento .................................................................................................... 40 Instncias de Encaminhamento para o Programa Aprendiz ......................................... 40 Fluxograma Sistema de Atendimento do Programa Aprendiz ..................................... 43 3.3 Gesto e Execuo do Programa ...................................................................................... 44 4] Abordagem Educacional...................................................................................................48 4.1 Programa de Qualificao Profissional para o Adolescente Aprendiz ................ 48 Organizao Curricular ................................................................................................................ 49 5] Perguntas e Respostas.......................................................................................................50 Referncias...............................................................................................................................63 Anexos ......................................................................................................................................66

IntroduoEste Caderno trata, centralmente, da temtica a respeito da importncia do desenvolvimento de polticas pblicas que garantam o direito fundamental do adolescente profissionalizao e a contribuio que o Estado do Paran vem dando nesse sentido, atravs do Programa Estadual de Aprendizagem para o Adolescente em Conflito com a Lei Programa Aprendiz.

Esse Programa teve incio em 2005 e sua finalidade oferecer a oportunidade de profissionalizao a adolescentes entre 14 e 18 anos, criando oportunidade de incluso social e educacional, aliando o estmulo ao estudo prtica profissional, ampliando a sua perspectiva de futuro.

A Aprendizagem, modalidade de profissionalizao na qual o Programa Aprendiz est baseado, garante aos adolescente a sua contratao, na condio de aprendizes em servios administrativos, pelos rgos Pblicos da Administrao Direta e Indireta, o desenvolvimento de atividades prticas nesses rgos, com o acompanhamento de um orientador, salrio mnimo regional, benefcios trabalhistas e previdencirios, curso de qualificao profissional na rea administrativa, e o que mais importante, exige a frequncia escola.

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O Programa Aprendiz foi concebido levando-se em conta os seguintes princpios:

O primeiro que a profissionalizao no est assentada na ideia de que o trabalho a melhor alternativa aos adolescentes oriundos de famlias de baixa renda, ou em situao de vulnerabilidade, como se fosse este o nico caminho reservado a eles. Na verdade, a profissionalizao na modalidade de que trata o Programa Aprendiz, ou seja, a Aprendizagem contida na Lei 10.097/00 compreendida como uma oportunidade que est sendo ofertada aos adolescentes, atravs de uma ao pblica, para que estes possam protagonizar uma trajetria de vida estruturada a partir dos pilares da educao e do trabalho e que os ajude a romper com o ciclo de pobreza que pode, entre outros fatores, lev-los situao de excluso social.

O segundo princpio ratifica o primeiro e refere-se ao entendimento de que a educao e no o trabalho a melhor alternativa de incluso social do adolescente, na medida em que o trabalho, quando precoce, concorre com a Escola, configurando-se, portanto, em fator de excluso.

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Por fim, entende-se que a educao o instrumento adequado para o desenvolvimento das potencialidades dos adolescentes at que adquiram a maturidade e as competncias bsicas necessrias para ingressarem no mundo do trabalho.

Esse princpio est explicitado no Programa Aprendiz atravs da obrigatoriedade de que os adolescentes estejam matriculados e frequentando a escola durante todo o perodo de permanncia no Programa, mesmo os que j tenham concludo o Ensino Fundamental, caso em que, pela legislao federal, estariam desobrigados da frequncia escolar.

Quando da implantao desse Programa, pelo Instituto de Ao Social do Paran, autarquia que antecedeu a Secretaria de Estado da Criana e da Juventude, esbarrou-se na insuficincia de Legislao Estadual que possibilitasse a contratao de aprendizes pelos rgos Pblicos. Em razo disso, props-se a criao de lei especfica, a qual foi promulgada em julho de 2006 Lei 15.200/06. A criao dessa lei significou, indiscutivelmente, um importante passo para a consolidao da poltica de atendimento aos adolescentes que cumprem medidas socioeducativas no Estado do Paran.

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O presente Caderno est organizado em cinco partes que se articulam e se complementam:

A primeira parte faz uma abordagem conceitual discute o Direito Constitucional do adolescente profissionalizao, em especial dos que se encontram em situao de vulnerabilidade; apresenta e analiza a aprendizagem profissional do ponto de vista histrico-conceitual, jurdico e como Poltica Pblica.

A segunda parte apresenta os aspectos legais da Aprendizagem nos nveis Federal e Estadual, as principais leis, as normativas criadas no Estado do Paran em funo do Programa Aprendiz.

A terceira parte uma abordagem organizacional trata dos aspectos estruturais do Programa: sistema de gesto, sistema de atendimento, processo seletivo, as instncias de encaminhamento dos adolescentes para o Programa, as articulaes interinstitucionais e as responsabilidades.

A quarta parte trata da abordagem educacional apresenta o Programa de Qualificao Profissional para o Adolescente Aprendiz,

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desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educao, atravs do Departamento de Educao e trabalho.

A quinta e ltima parte uma sistematizao sob a forma de perguntas e respostas, de um elenco de questes mais frequentemente levantadas em relao aprendizagem profissional, aspectos legais, estrutura e operacionalizao do Programa Aprendiz.

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1] Abordagem Conceitual O Direito Fundamental do Adolescente Profissionalizao em um contexto de vulnerabilidades Breves consideraes sobre o adolescente no mundo do trabalho A Aprendizagem Profissional Histrico, Conceito e Base Legal. A Aprendizagem Profissional como Poltica Pblica: a trajetria jurdica do Programa Aprendiz.

1.1 O Direito Fundamental do Adolescente Profissionalizao em um Contexto de VulnerabilidadesO Art. 227 da Constituio Federal propugna que dever da famlia, da sociedade e do Estado, assegurar, dentre outras coisas e com prioridade absoluta, o direito do adolescente profissionalizao, ou seja, o seu direito preparao adequada para o exerccio de uma profisso, dando a ele, no caso de adolescentes economicamente menos favorecidos, a possibilidade de romper com o ciclo excludente da pobreza. Esse artigo constitucional, originado a partir de Emenda Popular assinada por mais de um milho e trezentos mil brasileiros e tendo o Frum Permanente de Entidades No Governamentais de Defesa dos Direitos da Criana e do Adolescente como principal interlocutor da Sociedade Civil, encerra um valor supremo para o adolescente, que a observao da situao de vulnerabilidade ou mesmo de excluso em que muitos se encontram, especialmente em razo da sua condio socioeconmica ou mesmo cultural.

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Essa situao de vulnerabilidade deixa esse adolescente exposto a riscos que podem ocasionar, conforme destaca Xiberras (1993), a ruptura dos vnculos societais referentes aos valores e s representaes sociais , dos vnculos comunitrios estabelecidos a partir das relaes de afeto e parentesco , e dos vnculos individuais, relacionados capacidade de comunicao com o exterior.

Robert Castel (1997) corrobora essa ideia ao afirmar que o excludo um desfiliado, cuja trajetria feita de uma srie de rupturas em relao a estados de equilbrio anteriores estveis ou no, e que, portanto, importante que se analise os fatores que precedem essa condio e que levam fratura social.

Boneti e Rado (2009), buscando analizar as particularidades existentes na realidade da populao empobrecida, sejam jovens ou adultos, utilizam-se da ideia de Abramovay (2002) de que o conceito de vulnerabilidade, desenvolvido com o objetivo de ampliar a analise dos problemas sociais, est relacionado insegurana, incerteza e exposio a riscos, ultrapassando a referencia renda ou posse de bens materias.

Nesse contexto de vulnerabilidades, a situao dos adolescentes em conflito com a lei ainda mais complexa, na medida em que so, tambm, estigmatizados. Na anlise de Nascimento (2000), os estigmatizados so os que no conseguem, muitas vezes, nem mesmo ingressar no mundo dos direitos ou dele so expulsos, de forma parcial ou in-

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tegral. Nessa perspectiva, pode-se considerar que mais do que estar fora do padro referencial, o fato que esses adolescentes vivem um processo de negao do seu direito cidadania.

A noo de cidadania est associada ideia do ser cidado,segundo Boneti, e cidado aquele que, independente das diferenas que possa apresentar, seja do ponto de vista cultural, fsico, religioso ou das habilidades profissionais, tem participao na sociedade, participao nos processos produtivos, acesso igualitrio aos servios sociais bsicos como educao, sade e segurana. Em suma, o cidado pleno, aquele que tem assegurados os seus direitos civis, polticos e sociais ( BONEtI,1988).

toda essa reflexo demonstra a importncia de o Poder Pblico criar polticas pblicas que garantam os direitos da criana e do adolescente, em especial o direito profissionalizao, pois ao fazer isso, ele atua no s na efetivao do direitos humanos e sociais constitucionalmente assegurados , mas especialmente na construo de uma nova realidade social, na medida em que contribui para a construo de um projeto de futuro para esse adolescente.

Por fim, h a necessidade premente de construo de oportunidades e realizao de esperanas de pais, crianas, adolescentes, jovens e da sociedade como um todo na fixao de polticas pblicas de atendimento e direcionamento da juventude brasileira para a construo dialgica de sua cidadania, conforme coloca Josviak (2009):

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O Poder Pblico, ao adotar polticas pblicas direcionadas ao adolescente para a garantia do direito fundamental profissionalizao, atende a um clamor silencioso de muitos adolescentes no sentido de que aqueles que detenham o poder adotem uma atitude dialgica e trabalhem na mudana de sua realidade. Assim, entende-se que h a necessidade de se observar o paradigma emergente da cincia do direito, amparada na realidade da alteridade dos jovens excludos, tudo para que se lhes possibilite o acesso profissionalizao na modalidade aprendizagem da Lei 10097/00, o que implica introduzir atravs de Lei a possibilidade de referidos adolescentes terem acesso contratao pela Administrao Pblica, que deve estar atenta vulnerabilidade social desses adolescentes. (JOSvIAK, 2009)

Esse o propsito do Programa Aprendiz.

1.2 Breves Consideraes Sobre a Situao do Adolescente no Contexto do Mundo do TrabalhoO trabalho, enquanto categoria central no processo histrico de insero social, representa hoje, no contexto do mundo globalizado, a contundente expresso da transformao pela qual passa a sociedade contempornea.

Antunes (1999) analisa as metamorfoses ocorridas no mundo do trabalho, suas repercusses, e aponta as tendncias principais em relao classe trabalhadora contempornea.

De acordo com o autor, a primeira tendncia de ordem mundial e diz respeito reduo do operariado manual, fabril, estvel, tpico da fase taylorista e fordista, na medida em que a fbrica, hoje, produz muito com um nmero cada vez mais reduzido de operrios; a segunda tendncia diz respeito ao expressivo aumento do assalariamento e do proletariado precarizado, em escala mundial, o que se constitui na expresso da classe trabalhadora contempornea.

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A outra tendncia, a que interessa destacar, est centrada na excluso de jovens e dos considerados velhos pelo capital, que no encontram colocao no mercado formal de trabalho e acabam derivando para os trabalhos temporrios ou parciais do mercado informal.

Quanto forma de insero do jovem no mundo do trabalho, Pochman (2007) argumenta que alm do desemprego, aconteceram tambm mudanas significativas no padro de insero ocupacional do jovem no Brasil. De acordo com o autor, do ponto de vista do emprego juvenil, h duas coisas que devem ser feitas. A primeira est associada diretamente a aes que faam o jovem ingressar mais tardiamente no mercado de trabalho, o que uma tendncia internacional. O segundo tipo de aes so as voltadas exclusivamente para a expanso do emprego, especificamente para o trabalhador jovem.

Oliveira (2003), corroborando a anlise realizada por Pochman, afirma que uma poltica pblica de emprego do adolescente brasileiro deveria ter trs parmetros importantes. O primeiro o de fazer parte de uma poltica do emprego em geral, porque deve privilegiar o trabalho do adulto pai de famlia com salrio digno. O segundo parmetro o de ser integrante de outras polticas que visam sade, educao, ao lazer, escola, ao convvio familiar. O terceiro o de balizar a poltica sobre a matria, tendo em vista a linha divisria da idade mnima: antes dos 14 anos o adolescente no pode e no deve trabalhar. Ainda segundo esse autor, sem a implementao de polticas pblicas que assegurem a efetivao desses direitos, no se alcanar a proteo integral da infncia e da adolescncia. (OLIvEIRA, 2003)

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1.3 A Aprendizagem Profissional Histrico, Conceito e Base LegalHistrico da Aprendizagem A Aprendizagem, compreendida e estabelecida pelo Estatuto da Criana e do Adolescente Lei 8069/90, Art. 68, e pela Lei 10.097/00 como sendo a formao tcnico-profissional metodicamente organizada, pactuada entre empresas e jovens de 14 a 24 anos e supervisionada por entidades habilitadas em formao profissional, tais como o Sistema S ( SENAI, SENAC, SENAR, SESCOOP) ou escolas tcnicas, alm de organizaes no governamentais que se dediquem educao profissional, foi difundida na Idade Mdia, com as Corporaes de Ofcio, onde o contrato, geralmente escrito e publicado, era firmado entre o mestre e o pai da criana ou do adolescente, uma vez que a idade do aprendiz podia variar entre 10 e 18 anos. O aprendiz, contudo, no gozava de ampla liberdade, o contrato disciplinava no s a parte profissional como tambm restries em sua vida pessoal e a sua durao podia variar de 2 a 12 anos ( OLESKI, 2009).

No Brasil, segundo Gionedes, Nardelli e Secco (2009), a histria da Aprendizagem tem relao direta com a histria da educao profissional, que foi, desde o incio, fortemente marcada pela ao assistencialista, voltada para as classes menos favorecidas e que teve seu marco inicial no perodo imperial com a criao, em 1840, das Casas de Educandos e Artfices, nas capitais de provncia, sendo a primeira delas em Belm do Par. O objetivo dessas Casas era atender prioritariamente a crianas e adolescentes abandonadas, visando diminuir a criminalidade e a vagabundagem. Quatro anos depois foram criados, por decreto, os Asilos da Infncia de Meninos Desvalidos com a mesma finalidade de atender aos menores abandonados e posteriormente, em 1872, em Salvador, Bahia, o primeiro Liceu de Artes e Ofcios.

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No ano de 1909, data apontada como o incio da preocupao nacional com o problema da formao profissional, segundo os mesmo autores, o ento Presidente da Repblica, Nilo Peanha, criou uma rede de 19 Escolas de Aprendizes Artfices, distribudas pelas diferentes unidades federativas da Unio, ainda baseado no mesmo paradigma de que o ensino profissionalizante era destinado aos menos afortunados. Essa rede escolar foi aos poucos adquirindo contornos mais ntidos, constituindo as bases do ensino industrial (GIONEDES; NARDELLI; SECCO, 2009).

Uma dessas Escolas de Aprendizes Artfices transformou-se na Escola tcnica Federal do Paran, depois, na dcada de 80, no Centro Federal de Educao tecnolgica do Paran (CEFEt/PR) e hoje, na Universidade tecnolgica Federal do Paran.

A Constituio de 1937 passou a tratar o ensino pr-vocacional e profissional como um dever do Estado para com as classes menos favorecidas. Esse dever seria cumprido com a colaborao das classes produtoras, cabendo a elas a criao, na esfera de sua especialidade, de escolas de aprendizes destinadas aos filhos de operrios ou associados.

Fonseca (2009) corrobora a informao de que a origem do Contrato de Aprendizagem no Brasil remonta Constituio de 1937, quando o Estado Novo de Getlio vargas, visava iniciar a industrializao no Pas, e, portanto, era preciso qualificar os trabalhadores para manusear as mquinas e desenvolver tarefas especficas que a transformao pela qual o mundo do trabalho passava naquele momento exigia. Esse fator foi determinante para a criao do Servio Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) em 1942, com competncia de organizar e administrar em todo o pas escolas de aprendizagem industrial, e em 1946, o Servio Nacional de Apren-

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dizagem Comercial (SENAC), com a responsabilidade de criar cursos de aprendizagem, alm de outras providncias, conforme analisa Oleski ( 2009).

Com a edio da CLt, e em 1943, regulamentou-se o contrato de aprendizagem de forma triangular entre empresas, servios nacionais de Aprendizagem e adolescentes de 12 a 18 anos, inicialmente.

Ainda na anlise de Fonseca (2009), o modelo Getulista, porm, tornou-se insuficiente, uma vez que a sociedade plural e urbana, massiva e globalizada do sculo XXI, passou a gerar novas demandas e a exigir novas diretrizes, especialmente nos anos 90, o que provocou a alterao da CLt e a criao da Lei 10.097, a qual abriu a possibilidade de realizao de cursos de Aprendizagem no mais com exclusividade do Sistema Nacional de Aprendizagem (Sistema S), mas tambm por escolas tcnicas e outras entidades qualificadas: A Lei 10.097/2000, incorporando a doutrina da proteo integral dos adolescentes, alterou a CLt. Ao preservar o modelo anterior, props a sua renovao, visando, com isso, aperfeio-lo e torn-lo compatvel com as necessidades de milhes de adolescentes que vivem nos mais variados rinces []. (FONSECA, 2009).

1.4 A Aprendizagem como Poltica Pblica A Trajetria Jurdica do Programa Aprendiz sabido que a Aprendizagem Profissional sofreu significativa reformulao a partir da promulgao das Leis 10.097/2000 e 11.180/2005, especialmente pelas alteraes que foram feitas nos artigos da Consolidao das Leis do trabalho (CLt) sobre o tema.

Entretanto, o carter legal quanto obrigatoriedade de contratao de aprendizes somente para pessoa jurdica de direito privado no foi alterado, mesmo com a pro-

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mulgao do Decreto 5598/2006, que em seu Art.16 prev a contratao de aprendizes por empresas pblicas e sociedades de economia mista de forma direta. Isso deve-se ao fato desses estabelecimentos serem tambm pessoa jurdica de direito privado, conforme coloca Josviak ( 2009): [...] salvo algum dissenso doutrinrio, considera-se como pessoa jurdica de direito pblico, integrantes da Administrao Pblica, as entidades federadas (Unio, Estado, Distrito Federal e Municpios), as autarquias e as fundaes pblicas. Por outro lado, as sociedades de economia mista e as empresas pblicas apresentam natureza de pessoa jurdica de direito privado.

Assim, tanto as sociedades de economia mista quanto as empresas pblicas, ou seja, as personalidades jurdicas de direito privado que integram a administrao pblica tm a obrigatoriedade de contratar aprendizes, nos termos da CLt, assim como os demais estabelecimentos. A contratao, nesse caso, pode ser feita de forma direta, ou seja, o registro na Carteira de trabalho (CtPS) ser feito diretamente pelo empregador, no havendo a intermediao de outra instituio, quer seja o Sistema Nacional de Aprendizagem ou Entidade sem Fins Lucrativos, o que, dessa forma, caracterizaria a contratao indireta: Isto porque o regime jurdico a elas aplicado , predominantemente, celetista, com algumas derrogaes de direito pblico, segundo preconiza a letra do art. 173 da Constituio Federal, da ser perfeitamente aplicvel o art. 429 da CLt, sobre a obrigatoriedade de contratao, desde que seja realizado processo seletivo, como exigncia do princpio da moralidade e da impessoalidade (art. 37, CF 88.verifica-se, portanto, que a legislao que determina a obrigao de contratar aprendizes dirige-se, apenas, s empresas, no se constituindo em norma aplicvel aos entes pblicos. ( JOSvIAK, LOPES, MARQUES & SILvA, 2009)

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Essa constatao no tira, entretanto, a possibilidade de que a Administrao Pblica Direta, Autrquica e Fundacional realize programas de aprendizagem, uma vez que a legislao vigente, embora ainda que necessite de regulamentao mais clara, faz referncia a isso. Haja vista que o Decreto 5598/05, em seu art. 16, pargrafo nico, diz que a contratao de aprendizes por rgos e Entidades da Administrao Direta, Autrquica e Fundacional observar regulamento especfico, no se aplicando o disposto neste Decreto.

Os autores e Procuradores do Ministrio Pblico do trabalho Josviak, Lopes, Marques & Silva (2009), corroboram essa ideia: [...] nos termos do art. 227 da CF, a profissionalizao direito fundamental do adolescente, direito este que equivale, por via de contrapartida, a um dever do Estado em prov-lo, com absoluta prioridade [] vale dizer, a dimenso objetiva dos direitos fundamentais opera no sentido de influir sobre todo o ordenamento jurdico, servindo de norte para a ao de todos os poderes constitudos do Estado na sua consecuo. Assim que, neste flanco aberto e de preenchimento demandado pelo texto constitucional, nada impede que a Administrao Pblica direta, autrquica e fundacional, bem curando o dever constitucional da profissionalizao de jovens, possa, seja atravs de autorizao legislativa especfica (para contratao direta) , ou genrica oramentria (para contratao indireta), instituir programa de aprendizagem nos moldes celetistas. Aqui, ento, o programa de aprendizagem no assumiria forma de acesso a cargo, emprego ou funo pblicos, para suprir necessidade permanente de pessoal da Administrao [...] o programa de aprendizagem se compadeceria, na sua essncia teleolgica, do formato de programa social, instrumento de uma poltica pblica de profissionalizao, extrada do dever constitucional, absolutamente prioritrio, de profissionalizao de adolescentes [...]. Em que pese a discusso jurdica que se faz, em nvel nacional, na rea do Direito do trabalho, no que diz respeito possibilidade da contratao de aprendizes pela Administrao Pblica Direta, Autrquica e Fundacional, a Secretaria da Criana e da Juventude, em consonncia com a necessidade da criao de polticas pblicas que

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garantam o direito constitucional do adolescente profissionalizao, em especial daqueles com menos chance de insero por se encontrarem em cumprimento de medida socioeducativa, implementou o Programa Aprendiz, de forma direta a partir da criao de lei especfica. Para isso, e em observncia aos pressupostos legais, tais como os princpios da moralidade e da legalidade na Administrao Pblica e o princpio da prioridade absoluta da criana e do adolescente, buscou assegurar: 1) Previso legal, atravs da criao de lei sobre o assunto Lei 15.200/06, regulamentada pelo decreto 3371/08 e que cria 700 vagas de aprendizes na Administrao Pblica Estadual direta e indireta. 2) Previso oramentria e financeira para contratao dos aprendizes. 3) Realizao de processo seletivo para preenchimento das 700 vagas. 4) Estabelecimento de contrato de aprendizagem por prazo determinado.

E, conforme colocam Josviak, Lopes, Marques & Silva (2009): [] entende-se por oportuno demarcar uma situao prtica ocorrida, qual seja, a da aprendizagem na Administrao Pblica no Paran que, atualmente, por fora da Lei Estadual 15.200, de 10. 07. 2006, desenvolve programas de aprendizagem, cujo pblico-alvo so adolescentes em conflito com a lei. Realmente, houve a criao de 700 (setecentas) vagas, preenchidas aps teste seletivo, sendo que a aprendizagem se desenvolveria por um perodo mximo de 2 (dois) anos, observada a aplicao da Lei 10.097/00. [...] Diga-se, tambm, que, nesta esteira da prtica, alguns municpios do Estado do Paran j passaram a desenvolver programas semelhantes no mbito de suas atribuies. Atravs de aes afirmativas e efetivas no plano social, dirigidas aos adolescentes em situao de vulnerabilidade social e econmica, com a oportunidade da aprendizagem da Lei 10097/00, na administrao pblica, tem-se: o direito cumprindo o seu dever social; e, a garantia a milhares de adolescentes do direito profissionalizao, escolarizao obrigatria, gerao de trabalho, renda e tambm esperana.

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Por fim, a aprendizagem na Administrao Pblica Direta, Autrquica e Fundacional, embora no seja de carter obrigatrio, possvel de ser realizada, desde que atendidos os requisitos legais, a exemplo do Programa Aprendiz da SECJ. H que se destacar os benefcios que um programa de aprendizagem pode trazer para o adolescente na medida em que possibilita que ele tenha um projeto de vida futuro, e, conforme coloca Santos (2009), Levando-se em considerao que o Estado nas sociedades democrticas, em todos os nveis, posta-se como um grande empregador, sendo responsvel pela contratao de cerca de 25% da fora de trabalho disponvel, imaginemos quantas vagas poderiam ser criadas aos jovens na modalidade de aprendizagem e quantas vidas poderiam ser redirecionadas no caminho da realizao profissional, cultural, social e espiritual.

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2] Aspectos Legais da Aprendizagem nos Nveis Federal e Estadual Base Jurdica da Aprendizagem Principais Leis e Decretos Federais Lei e Normativas do Programa Aprendiz

2.1 Base Jurdica da Aprendizagem/ Legislao PertinenteI. Nvel Federal Lei 8.069, de 13 de julho de 1990 Estatuto da Criana e do Adolescente Em seus arts. 62 e 63, define a Aprendizagem como sendo a formao tcnico-profissional ministrada segundo diretrizes e bases da legislao da educao em vigor, implementada por meio de contrato de aprendizagem e estabelece que essa formao dever obedecer aos seguintes princpios: a) garantia de acesso e frequncia obrigatria ao ensino regular; b) atividade compatvel com o desenvolvimento do adolescente; c) horrio especial para o desenvolvimento das atividades.

Lei 10.097, de 19 de dezembro de 2000 (Anexo I) Alterou os arts. 402, 403, 428, 429, 430, 431, 432 e 433 da Consolidao das Leis do trabalho, alm de revogar o art. 80, o 1. do art. 405 e os arts. 436 e 437 da CLt, todos relacionados profissionalizao dos adolescentes.

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Possibilitou que outras entidades alm dos Servios Nacionais de Aprendizagem pudessem ofertar cursos de aprendizagem, embora o Sistema S continue a ter prioridade na oferta de cursos e de vagas. Outra inovao importante foi a padronizao do clculo das cotas de aprendizes para as empresas, estabelecendo um percentual entre 5% e 15% do nmero de empregados que trabalham em funes ou ocupaes que demandem formao profissional.

A Lei define tambm o Contrato de Aprendizagem como sendo contrato especial de trabalho, ajustado por escrito e com prazo determinado, com durao mxima de dois anos e que este deve conter, expressamente, curso, jornada diria, jornada semanal, definio da quantidade de horas tericas e prticas, remunerao mensal, termo inicial e final do contrato.

Lei 11.180, de 23 de setembro de 2005 O artigo 18 da Lei 11.180 alterou os arts. 428 e 433 da Consolidao das Leis do trabalho CLt, ampliando a idade prevista para a aprendizagem, de 18 para 24 anos.

Decreto 5598/2005 de 1. de dezembro de 2005 (Anexo II) Regulamenta a contratao de aprendizes.

Define o Aprendiz como sendo o maior de quatorze anos e menor de vinte e quatro anos que celebra contrato de aprendizagem, nos termos do art. 428 da Consolidao das Leis do trabalho CLt.

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Portaria 615, de 13 de dezembro de 2007, alterada pela Portaria 1003/08 Cria o Cadastro Nacional de Aprendizagem destinado inscrio de entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica.

II. Nvel Estadual Lei 15.200, de 10 de julho de 2006 (Anexo III) Institui o Programa Estadual de Aprendizagem para o Adolescente em Conflito com a Lei (Programa Aprendiz).

Cria 700 vagas de aprendizes na rea administrativa, nos rgos da Administrao Pblica Direta e Indireta, para adolescentes de 14 a 18 anos, que estejam cumprindo medida socioeducativa ou tenham sido beneficiados com a remisso.

J teve aprovao legislativa e foi sansionado, o Projeto de Lei N.o 150, que altera o artigo 5. da Lei 15.200. Essa alterao, sugerida pela Secretaria de Estado da Criana e da Juventude, vai possibilitar a ampliao da rea de atuao dos aprendizes para alm da rea administrativa. Essa ampliao dar ao aprendiz a possibilidade de desenvolver as suas potencialidades a partir da escolha de uma rea de seu interesse.

Assim, o art. 5., da Lei 15.200/06, passa a ter a seguinte redao: ficam criadas 700 vagas de auxiliar administrativo-aprendiz e demais ocupaes definidas na legislao pertinente, no mbito da Administrao Pblica Estadual.

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Decreto 3371, de 03 de setembro de 2008 (Anexo IV) Regulamenta a lei 15200/06, que cria o Programa Estadual de Aprendizagem para o Adolescente em Conflito com a Lei (Programa Aprendiz). Define as responsabilidades dos executores do Programa Estadual de Aprendizagem. Estabelece os critrios de seleo dos adolescentes.

Portaria IASP N.o 205, de 18 de novembro de 2006 (Anexo V) Normatiza o processo de encaminhamento, seleo e desligamento do Programa Aprendiz Termo de Acordo (Anexo VI) documento firmado entre a SECJ e o rgo Pblico com vistas a formalizar a participao do rgo Pblico no Programa Aprendiz Termo da Cincia (Anexo VII) assinado pelo adolescente e pelo responsvel legal quando da sua insero no Programa. Contrato de Aprendizagem (Anexo VIII) celebrado entre o adolescente e o rgo Pblico contratante.

Procedimentos para a contratao de aprendizes pelos rgos Estaduais da Administrao Pblica Direta Publicao Conjunta Secretaria de Estado da Administrao e da Previdncia e Secretaria de Estado da Criana e da Juventude.

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3] Abordagem Organizacional Estrutura do Programa Aprendiz Sistema de Atendimento Instncias de Encaminhamento Processo Seletivo Sistema de Gesto

3.1 Estrutura do Programa AprendizO Programa Aprendiz est estruturado de forma a possibilitar a contratao dos adolescentes pelos rgos Pblicos, pelo prazo de 1 ano, nos quais estes passam a desenvolver as atividades prticas, que devem estar articuladas aos contedos tericos obtidos no curso de qualificao profissional, ministrado pela Secretaria de Estado da Educao.

A aprendizagem desenvolvida em um mesmo perodo do dia, durante 5 dias da semana, perfazendo um total de 20 horas semanais. Dessas, 04 horas so destinadas ao curso de qualificao profissional e 16 horas s atividades prticas, sendo esses horrios compatveis com o horrio escolar. Para isso, os adolescentes recebem (meio) salrio mnimo regional, vale-transporte, alm dos benefcios trabalhistas e previdencirios, tais como Fundo de Garantia por tempo de Servio alquota de 2% e frias remuneradas.

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3.2 Sistema de AtendimentoA Trajetria do Adolescente a partir da Indicao para insero no Programa Indicao para a vaga e critrios O atendimento dos adolescentes atravs do Programa Aprendiz tem incio a partir da indicao para uma das 700 vagas. Essa indicao feita por diferentes instncias, todas elas relacionadas ao Sistema Socioeducativo, quer seja, Poder Judicirio, Ministrio Pblico, atravs das Promotorias, Poder Executivo Estadual Centros de Socioeducao e Programas de Semiliberdade, entidades responsveis por fazer o acompanhamento da execuo das medidas socioeducativas em meio aberto nos municpios, conforme demonstrado no quadro a seguir:

Instncias de Encaminhamento para o Programa Aprendiz

Critrios para a indicao A indicao do adolescente para concorrer a uma das vagas do Programa feita a partir do encaminhamento de Relatrio Informativo equipe de execuo da SECJ, pela instncia responsvel pela indicao, em cada municpio. Para isso, devem ser considerados os seguintes critrios:

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a) ter entre 14 a 18 anos; b) estar matriculado e frequentando o ensino regular ou a modalidade de Educao de Jovens e Adultos; c) estar cursando, no mnimo, a 4.a srie do Ensino Fundamental; d) ter renda familiar de at meio salrio mnimo per capita; e) estar cumprindo medida socioeducativa ou ter recebido remisso; f) estar vinculado a tratamento e em situao de controle h, pelo menos, dois meses, em caso de dependncia de substncias psicoativas.

Seleo Em atendimento aos parmetros legais e em conformidade com o art. 7. da Lei 15.200/06, a seleo dos adolescentes para preenchimento das vagas do Programa feita atravs de processo seletivo. Esse processo constitui-se de: a) anlise do Relatrio Informativo pela equipe de execuo do Programa (SECJ), para checagem dos critrios exigidos em relao ao adolescente; b) entrevista para avaliao do perfil do adolescente quanto ao interesse e adaptabilidade s atividades do Programa; c) redao de texto pelo adolescente para aferimento do grau de escolarizao; d) assinatura do termo de Responsabilidade pelo adolescente e pelo responsvel legal; e) homologao do nome do adolescente selecionado, mediante publicao no Dirio Oficial do Estado do Paran (Anexo IX - resoluo SECJ / Edital de publicao do Processo Seletivo).

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Encaminhamento Aps a aprovao no processo seletivo, o adolescente encaminhado para o curso de qualificao profissional e para a ocupao de uma das 700 vagas criadas nos rgos Pblicos contratantes.

Acompanhamento Aps a contratao, que marca a insero no Programa e o incio da aprendizagem, o adolescente passa a ter acompanhamento da equipe de execuo da SECJ, no que diz respeito ao seu desempenho escolar, desempenho no curso de qualificao profissional e, semanalmente, no rgo Pblico onde est contratado.

Avaliao tambm com o objetivo de acompanhar o desempenho do adolescente no Programa, periodicamente realizada avaliao atravs de formulrio apropriado, junto famlia do adolescente, junto ao orientador e com o prprio adolescente.

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Sistema de Atendimento do Programa Aprendiz

Equipede Execuo SECJ

Equipede Execuo SECJ

Equipede Execuo SECJ

Atividades no rgos Publicos

EquipedaSECJ

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3.3 Gesto e Execuo do Programa Gesto A gesto do Programa Aprendiz feita atravs de uma Coordenao Estadual, composta por um coordenador e um tcnico.

Responsabilidades 1) Divulgar o Programa; 2) Diagnosticar a realidade de cada municpio, para implantao do Programa; 3) Fazer articulao com a SEED, para discusso e implementao dos cursos de qualificao profissional para os aprendizes, definindo, em conjunto, o contedo pedaggico e a carga horria desses cursos.Fazer articulao com os demais rgos Pblicos Estaduais, buscando sensibiliz-los para a necessidade da contratao dos aprendizes; 4) Elaborar plano de capacitao e sensibilizao dos orientadores responsveis pelo acompanhamento das atividades desenvolvidas pelo aprendiz no rgo; 5) Manter os gestores municipais informados acerca do Quadro de vagas nos rgos Pblicos elaborado pela SEAP, com o apoio da SECJ; 6) Realizar, em conjunto com a SEAP, um evento anual para avaliao geral do Programa, envolvendo os orientadores e demais entidades interessadas. 7) Fazer reunies peridicas com a equipe de execuo do Programa/SECJ para alinhamento e avaliao do Programa; 8) Elaborar Normas e Procedimentos para a execuo do Programa;

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Execuo A execuo feita por uma equipe de executores regionais da SECJ, os quais atuam sob a coordenao tcnica da Coordenao Estadual e est ligada aos Centros de Socioeducao ou a Sede. Essa equipe composta por assistentes sociais, psiclogos, pedagogos e educadores sociais em cada municpio onde o Programa est implantado, a saber: Campo Mouro, Cascavel, Curitiba, Foz do Iguau, Londrina, Maring, Paranava, Pato Branco, Ponta Grossa, toledo, Umuarama.

O Programa conta tambm com uma equipe de 45 estagirios de Nvel Superior, das reas de psicologia, servio social e pedagogia.

Responsabilidades 1) Implantar o Programa no municpio, com o apoio da Coordenao Estadual e de acordo com a normatizao estabelecida para este fim; 2) Operacionalizar o Programa no municpio, recebendo as indicaes de insero, selecionando e encaminhando os adolescentes para o curso de qualificao profissional e para o rgo contratante; 3) Realizar o processo seletivo dos adolescentes, conforme portaria SECJ N.o 205/06, compondo uma lista de adolescentes aprovados no processo seletivo, e encaminhando Coordenao Estadual, para a publicao; 4) Orientar os responsveis pela indicao dos adolescentes sobre os procedimentos estabelecidos na normatizao do Programa; 5) Fazer visitas peridicas aos rgos Pblicos pelo menos uma por ms para contato com os orientadores, observao do cumprimento das normas do Programa e superviso do trabalho de acompanhamento dos aprendizes realizado pelos estagirios;

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6) Fazer articulao com o coordenador do curso de qualificao profissional para acompanhamento das atividades; 7) Solicitar s escolas, periodicamente, as fichas de frequncia e o boletim com as notas dos adolescentes, para controle das faltas mensais e do aproveitamento por parte deles; 8) Encaminhar o formulrio de acompanhamento do aprendiz, bimestralmente, para ser preenchido pelo orientador, pela famlia e pelo adolescente; 9) Fazer reunies peridicas com os integrantes da rede de atendimento do adolescente, que tenha relao com o Programa Aprendiz no municpio, para acompanhamento e avaliao do Programa; 10) Aplicar o Plano de Capacitao e sensibilizao dos orientadores; 11) Enviar, mensalmente, o Relatrio de Acompanhamento do Programa para a Coordenao Estadual.

Articulao institucional para execuo do Programa O Programa Aprendiz de carter interinstitucional, articulando, de forma direta na sua execuo, vrias Secretarias e outras Instituies Pblicas Estaduais, cujas responsabilidades esto definidas no Decreto 3371/08, art.1.. So elas, em sntese: a) Secretaria de Estado da Criana e da Juventude responsvel pela coordenao do Programa, pela seleo e pelo acompanhamento dos adolescentes. b) Secretaria de Estado da Educao tem a responsabilidade de ofertar o curso de qualificao profissional e apoio pedaggico ao adolescente que apresentar desempenho escolar insuficiente. c) Secretaria de Estado da Administrao e da Previdncia responsvel pela orientao administrativa aos rgos Pblicos quanto aos procedimentos para a contratao e o pagamento dos aprendizes.

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d) Secretaria de Estado do Planejamento e da Fazenda faz o provisionamento oramentrio e financeiro para viabilizar a contratao dos aprendizes por cada um dos rgos Pblicos. e) Secretaria de Estado da Sade responsvel pela realizao dos exames mdicos pr-admissionais e demissionais dos adolescentes. f) Demais rgos Pblicos Estaduais contratao e acompanhamento dos aprendizes no desenvolvimento das atividades no ambiente de trabalho.

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4] Abordagem Educacional Programa de Qualificao Profissional para o Adolescente Aprendiz Secretaria de Estado da Educao/Departamento de Educao e trabalho Secretaria de Estado da Criana e da Juventude

4.1 Programa de Qualificao Profissional para o Adolescente AprendizO Programa de Qualificao Profissional para o Adolescente Aprendiz foi, especialmente, desenvolvido pela Secretaria de Estado da Educao, atravs do Departamento de Educao e trabalho, com a colaborao da Secretaria de Estado da Criana e da Juventude, para atender os adolescentes do Programa Aprendiz nos 11 municpios onde est implantado. Sua principal finalidade contribuir tericamente para que o adolescente realize aprendizagem em condies adequadas e condizentes com a sua faixa etria. A proposta pedaggica est baseada em trs dimenses, que se articulam: a) resgate de conhecimentos bsicos; b) formao de cidadania; e c) formao profissional.

O regime de funcionamento em forma de encontros presenciais, uma vez por semana ( 04 horas semanais), com perodo de durao de 01 ano e carga horria total de 234 horas.

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Organizao Curricular1. MduloNoes Bsicas de Informtica O Adolescente Aprendiz: Direitos e Deveres Matemtica Bsica e Comercial Subtotal 30 horas 16 horas 40 horas 86 horas

2. MduloLeitura e Interpretao de texto Introduo Administrao Noes Bsicas de Legislao trabalhista Subtotal 30 horas 20 horas 16 horas 66 horas

3. MduloRelaes Humanas no trabalho Atividades de Recepo e Secretariado Noes Bsicas de Recursos Humanos Subtotal 20 horas 16 horas 16 horas 52 horas

4. Mdulotcnicas de Comunicao Sade do trabalhador tica e Cidadania Subtotal 10 horas 10 horas 10 horas 30 horas

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5] Perguntas e Respostas1. O que aprendizagem?Aprendizagem, nos moldes da Lei 10.097/00, uma modalidade de profissionalizao, destinada a adolescentes e jovens entre 14 e 24 anos, cujo contedo pedaggico desenvolvido por meio de atividades tericas e prticas (art.428, 4., da CLt), sob a orientao de entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica (entidade formadora), definidas pela legislao como sendo as entidades integrantes do Sistema Nacional de Aprendizagem SENAI, SENAC, SENAR, SENAt e SESCOOP; entidades sem fins lucrativos que tenham como objetivo o atendimento ao adolescente e educao profissional e estejam registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente e as Escolas tcnicas de Educao.

2. Quais so as caractersticas da Aprendizagem?A Aprendizagem s se caracteriza como tal, mediante um contrato especial de trabalho (art. 428, caput da CLt), o qual envolve trs partes: o Estabelecimento, o aprendiz e a entidade formadora, responsvel pelo curso de aprendizagem. O Estabelecimento tem a obrigao de contratar o adolescente e matricul-lo no curso de aprendizagem e garantir-lhe todos os direitos trabalhistas e previdencirios. O aprendiz tem o dever de executar com zlo e diligncia as tarefas necessrias essa formao, e a entidade formadora tem o compromisso de propiciar, com qualidade, o ensino da formao tcnico-profissional, devendo, para isso, contar com a estrutura adequada tanto no espao fsico como, e principalmente, no que se refere aos meios didticos e ao corpo docente.

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3. O que Programa de Aprendizagem?A Aprendizagem deve estar sempre sob a forma de Programa de Aprendizagem. Esse Programa vai descrever as atividades tericas e prticas que integram a formao tcnico-profissional, a carga horria destinada a essas atividades, o pblico-alvo, os objetivos do curso, os contedos a serem desenvolvidos, a infraestrutura fsica, os recursos humanos nmero e qualificao dos docentes, as formas de acompanhamento, a avaliao e a certificao, entre outros.

4. Quais so as caractersticas do Contrato de Aprendizagem?O contrato de aprendizagem um contrato de trabalho especial, deve ser feito, obrigatoriamente, por escrito e estabelecido por prazo determinado mximo de 02 anos (art. 428, caput e 3. da CLt). Os pressupostos para a validade do contrato de aprendizagem so, de acordo com o art.428, da CLt: a) anotao na Carteira de trabalho e previdncia Social(CtPS); b) matrcula e frequncia do aprendiz na escola, caso no haja concludo o Ensino Fundamental. No caso do Programa Aprendiz do Estado do Paran/ SECJ, a frequncia escola obrigatria mesmo para os que j tenham concludo o Ensino Fundamental. Aps o Ensino Mdio, essa obrigatoriedade deixa de existir; c) inscrio e frequncia do aprendiz em curso de aprendizagem desenvolvido sob orientao de entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica.

O contrato de aprendizagem deve, ainda, indicar a ocupao objeto da formao tcnico-profissional, o horrio de atividades tericas e prticas, a jornada diria e semanal, a data de incio e o trmino e a remunerao mensal.

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5. Qual o significado de formao tcnico-profissional?Formao tcnico-profissional metdica, para efeito do contrato de aprendizagem, so as atividades tericas e prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho, que se realiza sob a responsabilidade de entidades qualificadas. A formao tcnico-profissional do aprendiz, de acordo com a lei 10.097/2000 obedecer aos seguintes princpios: garantia de acesso e frequncia obrigatria ao Enasino Fundamental; horrio especial para o exerccio das atividades; e capacitao profissional adequada ao mercado de trabalho.

6. Quem fica responsvel por acompanhar o aprendiz no exerccio das atividades prticas dentro do rgo Pblico?O rgo deve designar formalmente um (a) orientador (a), o (a) qual ficar responsvel pela orientao e pelo acompanhamento das atividades do aprendiz no ambiente de trabalho.

7. Como deve ser feita a indicao do aprendiz?Como o Programa Aprendiz da SECJ dirigido aos adolescentes que cumprem medida socioeducativa, a indicao feita pelos Centros de Socioeducao da SECJ, pelo Poder Judicirio, pelo Ministrio Pblico, atravs das Promotorias e pelas entidades responsveis por fazer o acompanhamento da execuo das medidas socioeducativas em meio aberto, nos municpios.

8. O jovem aprendiz pode ficar no rgo somente meio expediente?Sim. No existe limite mnimo para a jornada do aprendiz na empresa. A legislao prev apenas os limites mximos.

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9. Qual a jornada de trabalho mxima permitida para o aprendiz?Embora a legislao federal permita at 6 horas dirias para os adolescentes que ainda no tenham concludo o Ensino Fundamental, computadas as horas destinadas s atividades tericas e prticas (CLt, art.432) e de at 8 horas para os que j tenham concludo, no Programa Aprendiz da SECJ, a jornada diria de 04 horas.

Em qualquer caso a compensao e a prorrogao da jornada so proibidas (CLt, art. 432, caput).

10. O aprendiz tem direito a algum comprovante de concluso do curso?Sim. Ao aprendiz que tiver concludo, com aproveitamento, o curso de qualificao profissional ser concedido, obrigatoriamente, um certificado dado pela SEED. Caso no tenha concludo o curso, receber uma declarao com o(s) nome(s) do(s) mdulo(s) cursados, as disciplinas, carga horria e aproveitamento.

11. Qual deve ser o salrio do aprendiz?A legislao diz que ao aprendiz ser garantido o salrio mnimo/hora, salvo condio mais favorvel. Entende-se como condio mais favorvel aquela fixada no contrato de aprendizagem ou prevista em conveno ou acordo coletivo de trabalho, bem como o piso estadual.

Como o Estado do Paran adota o salrio mnimo regional (Lei estadual 15486/07), por orientao da Secretaria de Estado da Administrao e da Previdncia (SEAP), o piso regional est sendo aplicado aos contratos dos aprendizes desde outubro de 2007.Ou seja, para uma jornada de 04 horas dirias/20 horas semanais, os aprendizes contratados pelo Estado recebem salrio mnimo regional.

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12. A falta ao curso de aprendizagem pode ser descontada do salrio?Sim, pois as horas dedicadas s atividades tericas ou prticas do curso de aprendizagem integram a jornada do aprendiz, podendo ser descontadas as faltas que no forem legalmente justificadas (CLt, art. 131) ou autorizadas pelo empregador.

13. O adolescente pode realizar qualquer tipo de trabalho ou atividade?No. A proibio do trabalho a crianas e a adolescentes com idade inferior a 16 anos, exceto na condio de aprendiz a partir dos 14 anos, est prevista nos artigos 7., inciso XXXIII da Constituio Federal, no art.405, da Consolidao das Leis do trabalho (CLt), e no art.67, do Estatuto da Criana e do Adolescente. Ao adolescente menor de 18 anos, proibido o trabalho noturno, perigoso ou insalubre, penoso e tambm o trabalho em locais prejudiciais sua formao e ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social ou o que no permita a frequncia escola. A CLt define como sendo: a) trabalho noturno art. 404, aquele realizado das 22h s 5h, na atividade urbana; das 20h s 4h, na pecuria; e das 21h s 5h na lavoura para empregado rural; b) trabalho insalubre art. 405, aquele prestado em condio que expe o trabalhador a agentes nocivos sade, acima dos limites de tolerncia fixados em razo da natureza e da intensidade do agente e do tempo de exposio aos seus efeitos; c) trabalho perigoso art. 405, aqueles trabalhos que utilizam explosivos ou inflamveis, ou que manipulam energia eltrica, fios de alta tenso e outros que coloquem em risco a integridade fsica do trabalhador; d) trabalho penoso: aquele que exige maior esforo fsico ou que se realiza em condies excessivamente desagradveis. A CLt probe a execuo de servios para menores de 18 anos que demandem o emprego de fora muscular superior a 20 quilos para trabalho contnuo e a 25 quilos para o trabalho ocasional.

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O Decreto Federal 6.481/2008, conhecido como Lista tIP, elenca 89 atividades consideradas prejudiciais sade e segurana e mais 04 itens que dizem respeito s atividades que prejudicam a moralidade e que so, em sua totalidade, proibidas para menores de 18 anos, salvas as excepcionalidades e as condicionalidades estabelecidas no prprio Decreto.

14. O aprendiz tem direito ao vale-transporte?Sim. O Decreto 5.598/05, art.28 estabelece que assegurado ao aprendiz o vale-transporte para o deslocamento da residncia, atividades tericas (curso de qualificao) e prticas (rgo Pblico).

15. Ao aprendiz so asseguradas integralmente as vantagens e/ou os benefcios concedidos aos demais empregados da empresa constantes dos acordos ou das convenes coletivas?Sim, desde que haja previso expressa nos acordos ou nas convenes coletivas ou por liberalidade do empregador (Decreto n. 5.598/05, art. 26).

16. Durante os recessos e os horrios livres das atividades do curso de qualificao, o aprendiz pode cumprir jornada integral ou complementar na empresa?Sim, desde que a referida hiptese esteja expressamente prevista no programa de aprendizagem e seja observada a carga horria mxima estabelecida no contrato de aprendizagem e permitida pela legislao em vigor.

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17. As frias contratuais do aprendiz com idade inferior a 18 anos devero sempre coincidir com as frias escolares?Sim, pois assim dispe o art. 136, 2., da CLt.

18. Como proceder em caso de concesso de frias coletivas?O aprendiz com idade inferior a 18 anos no perde o direito de ter as suas frias contratuais coincidentes com as da escola regular, e dever gozar as frias coletivas a ttulo de licena remunerada, mesmo na hiptese de frias coletivas.

19. As empresas pblicas e as sociedades de economia mista tambm esto obrigadas a contratar aprendizes?Sim, conforme estabelece o Decreto Federal 5.598/05, art.16, podendo optar pela contratao direta, hiptese em que dever faz-lo por processo seletivo.

20. Como devo proceder para contratar o adolescente do Programa Aprendiz da SECJ?A contratao de aprendizes, pelos rgos Pblicos da Administrao Direta, dever ser feita, seguindo-se, as orientaes da Secretaria de Estado da Administrao e da Previdncia a seguir: a) receber o aprendiz, mediante ficha de encaminhamento enviada pela equipe de execuo da SECJ, na qual devero constar as seguintes informaes: a.1) o nome do Adolescente; a.2) horrio em que dever estar no rgo; a.3) dia e horrio em que dever frequentar o curso de Qualificao; a.4) documentao necessria para a contratao: (CtPS, RG, CPF, com-

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provante de endereo, uma foto, declarao de matrcula na escola); e telefone da pessoa de referncia na SECJ que atender o rgo. b) preencher documentao prpria para a implantao do aprendiz no sistema de pagamento vigente: b.1) exame pr-admissional; b.2) responder o questionrio MODELO DIMS; b.3) realizar exames: hemograma, parcial de urina e RX de trax; b.4) agendar avaliao mdica na DIMS. c) encaminhar o aprendiz, por meio de GUIA PARA LICENA MDICA;

A DIMS expedir documento atestando se o aprendiz est apto ou no a desempenhar as atividades pretendidas. d) atividades da URH para a concretizao da contratao do aprendiz: d.1) preencher o Contrato de trabalho; d.2) livro termo de Registo de Inspeo; d.3) preencher o Livro de Registro de Empregados; d.4) preencher a CtPS, na pgina referente ao Contrato de trabalho, com o cargo auxiliar de escritrio, em geral, aprendiz (CBO 4110-05) Auxiliar administrativo de pessoal, Auxiliar de administrao , Auxiliar de compras , Auxiliar de escritrio , Auxiliar de estoque , Auxiliar de promoo de vendas (administrativo), Auxiliar de setor de compras (administrativo), Auxiliar de supervisor de vendas (administrativo), Auxiliares administrativos e de escritrios , Escriturrio; d.5) preencher a CtPS. Na pgina referente a Anotaes Gerais fazer a anotao abaixo: O contrato exarado a folha n. XX, por tempo determinado, de _/_/_

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a _/_/_, sendo que o cargo a ser ocupado como APRENDIZ, nos termos do Programa Estadual de Aprendizagem Programa Aprendiz, Lei 15.200/06. d.6) cadastrar-se pelo site www.mte.gov.br ou www.caged.com.br, no Cadastro de Geral de Empregados e Desempregados CAGED . d.7) As empresas pblicas e as sociedades de economia mista devero adotar os procedimentos-padres referentes aos contratos de aprendizagem, conforme especificado na CLt.

21. Como devo proceder para realizar a implantao do pagamento do Aprendiz?De acordo com as orientaes da SEAP, a implantao do pagamento ser para os aprendizes contratados pela Administrao Direta e Autrquica ser feita atravs do Sistema Integrado de Pagamento de Pessoal SIP, conforme informaes abaixo: regime de trabalho: Celetista com contrato por tempo determinado; cargo: tZ04 - Auxiliar de escritrio, em geral APRENDIZ; nvel XX; carga horria semanal: 20 horas; vantagem principal: cdigo 060 Salrio Pessoal CLt (Automtico); salrio bsico: 50% do Salrio Mnimo; dcimo terceiro salrio 064; desconto Previdencirio: 4CH - tabela vigente do INSS (Automtico); FGtS - Alquota de 2%; INSS da empresa: 20%; e Acidente de trabalho (INSS) 1%.

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22. As hipteses de estabilidade provisria decorrente de acidente de trabalho e de gravidez so aplicveis ao contrato de aprendizagem?No, pois se trata de contrato com prazo determinado. Entretanto, cabe ao empregador recolher o FGtS do aprendiz durante o perodo de afastamento (Decreto n. 99.684/90, art. 28), computando-se esse perodo, desde que no superior a seis meses, para fins de aquisio do direito a frias anuais.

No h obrigatoriedade por parte da instituio formadora de reposio de aulas em funo do perodo de afastamento do aprendiz. Findado o perodo de afastamento sem ter atingido o termo final do contrato e no sendo possvel ao aprendiz concluir a formao prevista no programa de aprendizagem, o contrato dever ser rescindido sem justa causa e dever ser-lhe concedido um certificado de concluso do(s) mdulo(s) cursado(s).

Caso o final do contrato ocorra durante o perodo de afastamento e no tenha sido feita a opo do art. 472, pargrafo 2., da CLt, o contrato dever ser rescindido normalmente na data predeterminada para seu trmino.

23. A Aprendiz grvida tem direito licena maternidade?Sim. Essa afirmao tem que ser interpretada de acordo com a natureza do contrato por prazo determinado (onde se situa o aprendiz), uma vez que a supervenincia da gravidez no obstculo ao encerramento do contrato no prazo que foi inicialmente acordado. A grvida trabalhadora, em qualquer contrato por prazo determinado, tem direito licena, mas no tem estabilidade provisria. Findou-se o prazo, terminou o contrato. Nesse caso, pode-se suspender o contrato at o retorno da aprendiz (art.472,2. da CLt).

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Para exemplificar: contrato de aprendizagem celebrado por 01 ano: a Aprendiz grvida sai de licena maternidade faltando aproximadamente 07 meses para o encerramento: se as partes acordarem, o prazo de afastamento no contar para o respectivo trmino de contrato. Logo, quando retornar, a Aprendiz ficar mais 07 meses. Se as partes no acordarem, o contrato se encerra na data inicialmente prevista.

Em ambos os casos, quem dever pagar o salrio maternidade o INSS e, para isso, a grvida ter que requerer no rgo Previdencirio. Os documentos exigidos so: documento de Identificao da Aprendiz e do empregador, alm da data de afastamento.

24. Como fica o contrato do aprendiz recrutado pelo servio militar?O afastamento do aprendiz em virtude das exigncias do servio militar no constitui causa para resciso do contrato, podendo as partes acordarem se o respectivo tempo de afastamento for computado na contagem do prazo restante para o trmino do contrato do aprendiz (CLt, art.472, caput e 2.), cabendo empresa, neste caso, recolher o FGtS durante o perodo de afastamento (Lei n. 8.036/90, art. 15, 5.).

25. Qual a alquota do FGTS do aprendiz?A alquota do FGtS do aprendiz de 2%, devendo ser recolhida pelo Cdigo n. 7 da Caixa Econmica Federal (art. 24, pargrafo nico, do Decreto n. 5.598/05).

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26. Ao aprendiz so asseguradas integralmente as vantagens e/ou os benefcios concedidos aos demais empregados constantes dos acordos ou das convenes coletivas?Sim, mas apenas quando houver previso expressa nas convenes ou nos acordos coletivos (art. 26 do Decreto n. 5.598/05). Outra hiptese a concesso dos benefcios e das vantagens por liberalidade do empregador.

27. Quais so as hipteses de extino do contrato de aprendizagem?So elas: I ao trmino do seu prazo de durao; II quando o aprendiz chegar idade-limite (no caso do Programa Aprendiz/SECJ, 18 anos, salvo no caso de aprendizes portadores de deficincia). III ou, antecipadamente, nos seguintes casos: a) desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz; b) falta disciplinar grave; c) ausncia injustificada escola que implique perda do ano letivo; d) a pedido do aprendiz.

28. Quem pode atestar o desempenho insuficiente ou a inadaptao do aprendiz?O desempenho insuficiente do aprendiz referente s atividades do programa de aprendizagem deve ser evidenciado mediante laudo de avaliao elaborado pela equipe de execuo da SECJ.

29. O aprendiz tem direito ao seguro-desemprego?Sim. Aos aprendizes so assegurados os direitos trabalhistas e previdencirios (art.

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65 do ECA). Assim, caso o contrato seja rescindido antecipadamente em razo da cessao da atividade empresarial, de falecimento do empregador, constitudo em empresa individual e falncia, o aprendiz ter direito ao seguro-desemprego, desde que sejam preenchidos tambm os requisitos legais.

30. A resciso do contrato de trabalho do aprendiz deve ser assistida (homologada)?Sim, desde que os contratos tenham durao superior a um ano (art.477, pargrafo 1. da CLt). Caso seja menor de 18 anos, a quitao das verbas rescisrias pelo aprendiz dever ser assistida pelo seu representante legal (art. 439 da CLt). Se legalmente emancipado, nos termos do Cdigo Civil , poder ele prprio fazer isso.

31. A contratao, a dispensa ou a resciso do contrato do aprendiz devem ser informadas no Cadastro Geral de Empregados e Desempregados ( CAGED)?Sim. Como empregado contratado sob o regime da CLt, toda movimentao referente ao aprendiz deve ser informada por meio do CAGED ( art. 1., pargrafo 1., da Lei N. 4.923, de 23 de dezembro de 1965).

32. O aprendiz deve ser includo na Relao Anual de Informaes Sociais ( RAIS)?Sim, devendo-se informar no campo referente ao vnculo empregatcio o Cdigo n 55, conforme instrues contidas no Manual de Informao da RAIS, disponvel no endereo eletrnico do MtE (art. 3., X, da Portaria MtE n. 500, de 22 de dezembro de 2005).

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AnexosAnexo I Lei Federal 10.097/00 Anexo II Decreto 5.598/05 Anexo III Lei Estadual 15.200/06 Anexo Iv Decreto 3371/08 Anexo v Portaria IASP 205/06

Anexo vI termo de Acordo SECJ Anexo vII termo de Cincia Anexo vIII Contrato de Aprendizagem Anexo IX Resoluo SECJ Edital de Publicao Processo Seletivo

Anexo ILei N 10.097, de 19 De Dezembro De 2000 Altera dispositivos da Consolidao das Leis do trabalho - CLt, aprovada pelo Decreto-lei n 5.452, de 1 de maio de 1943. O PRESIDENTE DA REPBLICA Fao saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art 1.Os arts. 402, 403, 428, 429, 430, 431, 432 e 433 da Consolidao das Leis do trabalho - CLt, aprovada pelo Decreto-lei n 5.452, de 1 de maio de 1943, passam a vigorar com a seguinte redao:

Art. 402. Considera-se menor para os efeitos desta Consolidao o trabalhador de quatorze at dezoito anos. (NR)

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Art. 403. proibido qualquer trabalho a menores de dezesseis anos de idade, salvo na condio de aprendiz, a partir dos quatorze anos. (NR).

Pargrafo nico. O trabalho do menor no poder ser realizado em locais prejudiciais a sua formao, ao seu desenvolvimento fsico, psquico, moral e social e em horrios e locais que no permitam a freqncia escola. (NR) a) revogada; b) revogada;

Art. 428. Contrato de aprendizagem o contrato de trabalho especial, ajustado por escrito e por prazo determinado, em que o empregador se compromete a assegurar ao maior de quatorze e menor de dezoito anos, inscrito em programa de aprendizagem, formao tcnico-profissional metdica, compatvel com o seu desenvolvimento fsico, moral e psicolgico, e o aprendiz, a executar, com zelo e diligncia, as tarefas necessrias a essa formao. (NR) 1. A validade do contrato de aprendizagem pressupe anotao na Carteira de trabalho e Previdncia Social, matrcula e freqncia do aprendiz escola, caso no haja concludo o ensino fundamental, e inscrio em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientao de entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica. (AC)* 2. Ao menor aprendiz, salvo condio mais favorvel, ser garantido o salrio mnimo hora. (AC) 3. O contrato de aprendizagem no poder ser estipulado por mais de dois anos. (AC) 4. A formao tcnico-profissional a que se refere o caput deste artigo

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caracteriza-se por suas atividades tericas e prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho. (AC)

Art. 429. Os estabelecimentos de qualquer natureza so obrigados a empregar e matricular nos cursos dos Servios Nacionais de Aprendizagem nmero de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mnimo, e quinze por cento, no mximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funes demandem formao profissional. (NR) a) revogada; b) revogada; 1. A O limite fixado neste artigo no se aplica quando o empregador for entidade sem fins lucrativos, que tenha por objetivo a educao profissional. (AC) 1. As fraes de unidade, no clculo da percentagem de que trata o caput, daro lugar admisso de um aprendiz. (NR)

Art. 430. Na hiptese de os Servios Nacionais de Aprendizagem no oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender demanda dos estabelecimentos, esta poder ser suprida por outras entidades qualificadas em formao tcnico - profissional metdica, a saber. (NR) I - Escolas tcnicas de Educao; (AC) II - entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivo a assistncia ao adolescente e educao profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente. (AC) 1. As entidades mencionadas neste artigo devero contar com estrutu-

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ra adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados. (AC) 2. Aos aprendizes que conclurem os cursos de aprendizagem, com aproveitamento, ser concedido certificado de qualificao profissional. (AC) 3. O Ministrio do trabalho e Emprego fixar normas para avaliao da competncia das entidades mencionadas no inciso II deste artigo. (AC)

Art. 431. A contratao do aprendiz poder ser efetivada pela empresa onde se realizar a aprendizagem ou pelas entidades mencionadas no inciso II do art. 430, caso em que no gera vnculo de emprego com a empresa tomadora dos servios. (NR) a) revogada; b) revogada; c) revogada; Pargrafo nico. (vEtADO)

Art. 432. A durao do trabalho do aprendiz no exceder de seis horas dirias, sendo vedadas a prorrogao e a compensao de jornada. (NR) 1. O limite previsto neste artigo poder ser de at oito horas dirias para os aprendizes que j tiverem completado o ensino fundamental, se nelas forem computadas as horas destinadas aprendizagem terica. (NR) 2. Revogado. Art. 433. O contrato de aprendizagem extinguir-se no seu termo ou quando o aprendiz completar dezoito anos, ou ainda antecipadamente nas seguintes hipteses: (NR)

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a) revogada; b) revogada; I - desempenho insuficiente ou inadaptao do aprendiz; (AC) II - falta disciplinar grave; (AC) III - ausncia injustificada escola que implique perda do ano letivo, ou(AC) Iv - a pedido do aprendiz. (AC)

Pargrafo nico. Revogado. 2. No se aplica o disposto nos arts. 479 e 480 desta Consolidao s hipteses de extino do contrato mencionadas neste artigo. (AC)

Art 2. O art. 15 da Lei n 8.036, de 11 de maio de 1990, passa a vigorar acrescido do seguinte 7: 7. Os contratos de aprendizagem tero a alquota a que se refere o caput deste artigo reduzida para dois por cento. (AC)

Art 3. So revogadas o art. 80, o 1 do art. 405, os arts. 436 e 437 da Consolidao das Leis do trabalho - CLt, aprovada pelo Decreto-lei n 5.452, de 1 de maio de 1943.

Art 4. Esta lei entra em vigor na data de sua publicao.

Braslia, 19 de dezembro de 2000; 179 da Independncia e 112 da Repblica. FERNANDO HENRIQUE CARDOSO Francisco Dornelles.

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Anexo IIDECRETO 5598, DE 1 DE DEZEMBRO DE 2005 Smula: Regulamenta a contratao de aprendizes e d outras providncias O PRESIDENtE DA REPBLICA, no uso da atribuio que lhe confere o art. 84, inciso Iv, da Constituio, e tendo em vista o disposto no ttulo III, Captulo Iv, Seo Iv, do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 - Consolidao das Leis do trabalho, e no Livro I, ttulo II, Captulo v, da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 - Estatuto da Criana e do Adolescente, DECREtA:

Art. 1 Nas relaes jurdicas pertinentes contratao de aprendizes, ser observado o disposto neste Decreto.

Captulo IDo Aprendiz Art. 2 Aprendiz o maior de quatorze anos e menor de vinte e quatro anos que celebra contrato de aprendizagem, nos termos do art. 428 da Consolidao das Leis do trabalho - CLt. Pargrafo nico. A idade mxima prevista no caput deste artigo no se aplica a aprendizes portadores de deficincia.

Captulo IIDo Contrato de Aprendizagem Art. 3 Contrato de aprendizagem o contrato de trabalho especial, ajustado por

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escrito e por prazo determinado no superior a dois anos, em que o empregador se compromete a assegurar ao aprendiz, inscrito em programa de aprendizagem, formao tcnico-profissional metdica compatvel com o seu desenvolvimento fsico, moral e psicolgico, e o aprendiz se compromete a executar com zelo e diligncia as tarefas necessrias a essa formao.

Pargrafo nico. Para fins do contrato de aprendizagem, a comprovao da escolaridade de aprendiz portador de deficincia mental deve considerar, sobretudo, as habilidades e competncias relacionadas com a profissionalizao.

Art. 4 A validade do contrato de aprendizagem pressupe anotao na Carteira de trabalho e Previdncia Social, matrcula e freqncia do aprendiz escola, caso no haja concludo o ensino fundamental, e inscrio em programa de aprendizagem desenvolvido sob a orientao de entidade qualificada em formao tcnico-profissional metdica.

Art. 5 O descumprimento das disposies legais e regulamentares importar a nulidade do contrato de aprendizagem, nos termos do art. 9o da CLt, estabelecendo-se o vnculo empregatcio diretamente com o empregador responsvel pelo cumprimento da cota de aprendizagem.

Pargrafo nico. O disposto no caput no se aplica, quanto ao vnculo, a pessoa jurdica de direito pblico.

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Captulo IIIDa Formao Tcnico-Profissional e das Entidades Qualificadas em Formao Tcnico-Profissional Mtodica Seo I Da Formao Tcnico-Profissional Art. 6 Entendem-se por formao tcnico-profissional metdica para os efeitos do contrato de aprendizagem as atividades tericas e prticas, metodicamente organizadas em tarefas de complexidade progressiva desenvolvidas no ambiente de trabalho.

Pargrafo nico. A formao tcnico-profissional metdica de que trata o caput deste artigo realiza-se por programas de aprendizagem organizados e desenvolvidos sob a orientao e responsabilidade de entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica definidas no art. 8o deste Decreto.

Art. 7 A formao tcnico-profissional do aprendiz obedecer aos seguintes princpios: I - garantia de acesso e freqncia obrigatria ao ensino fundamental; II - horrio especial para o exerccio das atividades; e III - capacitao profissional adequada ao mercado de trabalho.

Pargrafo nico. Ao aprendiz com idade inferior a dezoito anos assegurado o respeito sua condio peculiar de pessoa em desenvolvimento.

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Seo II Das Entidades Qualificadas em Formao Tcnico-Profissional Metdica Art. 8 Consideram-se entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica: I - os Servios Nacionais de Aprendizagem, assim identificados: a) Servio Nacional de Aprendizagem Industrial - SENAI; b) Servio Nacional de Aprendizagem Comercial - SENAC; c) Servio Nacional de Aprendizagem Rural - SENAR; d) Servio Nacional de Aprendizagem do transporte - SENAt; e e) Servio Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo - SESCOOP; II - as escolas tcnicas de educao, inclusive as agrotcnicas; e III - as entidades sem fins lucrativos, que tenham por objetivos a assistncia ao adolescente e educao profissional, registradas no Conselho Municipal dos Direitos da Criana e do Adolescente. 1 As entidades mencionadas nos incisos deste artigo devero contar com estrutura adequada ao desenvolvimento dos programas de aprendizagem, de forma a manter a qualidade do processo de ensino, bem como acompanhar e avaliar os resultados. 2 O Ministrio do trabalho e Emprego editar, ouvido o Ministrio da Educao, normas para avaliao da competncia das entidades mencionadas no inciso III.

Captulo IVSeo I Da Obrigatoriedade da Contratao de Aprendizes Art. 9 Os estabelecimentos de qualquer natureza so obrigados a empregar e

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matricular nos cursos dos Servios Nacionais de Aprendizagem nmero de aprendizes equivalente a cinco por cento, no mnimo, e quinze por cento, no mximo, dos trabalhadores existentes em cada estabelecimento, cujas funes demandem formao profissional. 1 No clculo da percentagem de que trata o caput deste artigo, as fraes de unidade daro lugar admisso de um aprendiz. 2 Entende-se por estabelecimento todo complexo de bens organizado para o exerccio de atividade econmica ou social do empregador, que se submeta ao regime da CLt. Art. 10. Para a definio das funes que demandem formao profissional, dever ser considerada a Classificao Brasileira de Ocupaes (CBO), elaborada pelo Ministrio do trabalho e Emprego. 1 Ficam excludas da definio do caput deste artigo as funes que demandem, para o seu exerccio, habilitao profissional de nvel tcnico ou superior, ou, ainda, as funes que estejam caracterizadas como cargos de direo, de gerncia ou de confiana, nos termos do inciso II e do pargrafo nico do art. 62 e do 2o do art. 224 da CLt. 2 Devero ser includas na base de clculo todas as funes que demandem formao profissional, independentemente de serem proibidas para menores de dezoito anos. Art. 11. A contratao de aprendizes dever atender, prioritariamente, aos adolescentes entre quatorze e dezoito anos, exceto quando: I - as atividades prticas da aprendizagem ocorrerem no interior do estabelecimento, sujeitando os aprendizes insalubridade ou periculosidade, sem que se possa elidir o risco ou realiz-las integralmente em ambiente simulado; II - a lei exigir, para o desempenho das atividades prticas, licena ou autoriza-

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o vedada para pessoa com idade inferior a dezoito anos; e III - a natureza das atividades prticas for incompatvel com o desenvolvimento fsico, psicolgico e moral dos adolescentes aprendizes.

Pargrafo nico. A aprendizagem para as atividades relacionadas nos incisos deste artigo dever ser ministrada para jovens de dezoito a vinte e quatro anos.

Art. 12. Ficam excludos da base de clculo de que trata o caput do art. 9o deste Decreto os empregados que executem os servios prestados sob o regime de trabalho temporrio, institudo pela Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1973, bem como os aprendizes j contratados.

Pargrafo nico. No caso de empresas que prestem servios especializados para terceiros, independentemente do local onde sejam executados, os empregados sero includos na base de clculo da prestadora, exclusivamente.

Art. 13. Na hiptese de os Servios Nacionais de Aprendizagem no oferecerem cursos ou vagas suficientes para atender demanda dos estabelecimentos, esta poder ser suprida por outras entidades qualificadas em formao tcnico-profissional metdica previstas no art 8.

Pargrafo nico. A insuficincia de cursos ou vagas a que se refere o caput ser verificada pela inspeo do trabalho.

Art. 14. Ficam dispensadas da contratao de aprendizes: I - as microempresas e as empresas de pequeno porte; e

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II - as entidades sem fins lucrativos que tenham por objetivo a educao profissional. Seo II Das Espcies de Contratao do Aprendiz Art. 15. A contratao do aprendiz dever ser efetivada diretamente pelo estabelecimento que se obrigue ao cumprimento da cota de aprendizagem ou, supletivamente, pelas entidades sem fins lucrativos mencionadas no inciso III do art. 8o deste Decreto. 1 Na hiptese de contratao de aprendiz diretamente pelo estabelecimento que se obrigue ao cumprimento da cota de aprendizagem, este assumir a condio de empregador, devendo inscrever o aprendiz em programa de aprendizagem a ser ministrado pelas entidades indicadas no art. 8o deste Decreto. 2 A contratao de aprendiz por intermdio de entidade sem fins lucrativos, para efeito de cumprimento da obrigao estabelecida no caput do art. 9o, somente dever ser formalizada aps a celebrao de contrato entre o estabelecimento e a entidade sem fins lucrativos, no qual, dentre outras obrigaes recprocas, se estabelecer as seguintes: I - a entidade sem fins lucrativos, simultaneamente ao desenvolvimento do programa de aprendizagem, assume a condio de empregador, com todos os nus dela decorrentes, assinando a Carteira de trabalho e Previdncia Social do aprendiz e anotando, no espao destinado s anotaes gerais, a informao de que o especfico contrato de trabalho decorre de contrato firmado com determinado estabelecimento para efeito do cumprimento de sua cota de aprendizagem ; e II - o estabelecimento assume a obrigao de proporcionar ao aprendiz a experincia prtica da formao tcnico-profissional metdica a que este ser submetido.

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Art. 16. A contratao de aprendizes por empresas pblicas e sociedades de economia mista dar-se- de forma direta, nos termos do 1o do art. 15, hiptese em que ser realizado processo seletivo mediante edital, ou nos termos do 2o daquele artigo.

Pargrafo nico. A contratao de aprendizes por rgos e entidades da administrao direta, autrquica e fundacional observar regulamento especfico, no s