95
COMENTÁRIO À PRIMEIRA EPÍSTOLA DE PAULO AOS TESSALONICENSES POR JOÃO CALVINO 1 O ARGUMENTO A maior parte desta Epístola consiste de exortações. Paulo havia instruído os tessalonicenses na fé verdadeira. Contudo, ao ouvir que as perseguições esta- vam se intensificando ali, 2 ele havia enviado Timóteo na esperança de animá- los para a batalha, para que não dessem lugar ao medo, como tende a fazer a fraqueza humana. Tendo sido posteriormente informado por Timóteo com res- peito à verdadeira condição deles, ele emprega vários argumentos para confir- má-los na constância da fé, bem como na paciência, caso fossem chamados a sofrer qualquer coisa pelo testemunho do evangelho. Ele trata destas coisas nos três primeiros capítulos. No começo do capítulo quatro, ele os exorta, em termos gerais, à santidade de vida; em seguida, recomenda a benevolência mútua, e todos os ofícios que derivam dela. No entanto, próximo do fim, ele trata da questão da ressurreição, e explica de que modo todos seremos ressuscitados dentre os mortos. Por da- qui se torna manifesto que havia alguns ímpios ou inconstantes que se esfor- çavam por perturbar a fé deles, apresentando inoportunamente muitas coisas frívolas. 3 Por isso, na esperança de remover todo o pretexto para disputas lou- cas e desnecessárias, em poucas palavras ele os instrui quanto às idéias que deveriam entreter. No capítulo cinco, ele os proíbe, ainda mais estritamente, de inquirir quanto aos tempos; mas os admoesta a estarem sempre atentos, para que não fossem pegos de surpresa pela vinda súbita e inesperada de Cristo. A partir daqui, ele passa a empregar várias exortações, e então conclui a Epístola. 1 Tradução: Rodrigo Reis de Faria ([email protected] ). Fonte: Calvin’s Commentaries (traduzido para o inglês por John King, disponível no site: http://www.sacred-texts.org ). 2 “Ayant ouy qu’il y estoit survenu des persecutions, et qu’elles continuoyent;” — “Ten- do ouvido que houvera algumas perseguições que irromperam ali, e que eles ainda estavam perseverando.” 3 “En mettant en avant sur ce propos beaucoup de choses frivoles et curieuses;” — “Apresentando sobre este assunto muitas coisas estranhas e frívolas.”

Calvino 1&2 Tessalonicenses - monergismo.net.br · deiramente há entre os tessalonicenses uma igreja de Deus. Portanto, esta marca é como ... caminho reto, para ... A cláusula

Embed Size (px)

Citation preview

  • COMENTRIO PRIMEIRA EPSTOLA DE PAULO

    AOS TESSALONICENSES POR

    JOO CALVINO1

    O ARGUMENTO A maior parte desta Epstola consiste de exortaes. Paulo havia instrudo os tessalonicenses na f verdadeira. Contudo, ao ouvir que as perseguies esta-vam se intensificando ali,2 ele havia enviado Timteo na esperana de anim-los para a batalha, para que no dessem lugar ao medo, como tende a fazer a fraqueza humana. Tendo sido posteriormente informado por Timteo com res-peito verdadeira condio deles, ele emprega vrios argumentos para confir-m-los na constncia da f, bem como na pacincia, caso fossem chamados a sofrer qualquer coisa pelo testemunho do evangelho. Ele trata destas coisas nos trs primeiros captulos.

    No comeo do captulo quatro, ele os exorta, em termos gerais, santidade de vida; em seguida, recomenda a benevolncia mtua, e todos os ofcios que derivam dela. No entanto, prximo do fim, ele trata da questo da ressurreio, e explica de que modo todos seremos ressuscitados dentre os mortos. Por da-qui se torna manifesto que havia alguns mpios ou inconstantes que se esfor-avam por perturbar a f deles, apresentando inoportunamente muitas coisas frvolas.3 Por isso, na esperana de remover todo o pretexto para disputas lou-cas e desnecessrias, em poucas palavras ele os instrui quanto s idias que deveriam entreter.

    No captulo cinco, ele os probe, ainda mais estritamente, de inquirir quanto aos tempos; mas os admoesta a estarem sempre atentos, para que no fossem pegos de surpresa pela vinda sbita e inesperada de Cristo. A partir daqui, ele passa a empregar vrias exortaes, e ento conclui a Epstola.

    1 Traduo: Rodrigo Reis de Faria ([email protected]). Fonte: Calvins Commentaries (traduzido para o ingls por John King, disponvel no site: http://www.sacred-texts.org). 2 Ayant ouy quil y estoit survenu des persecutions, et quelles continuoyent; Ten-do ouvido que houvera algumas perseguies que irromperam ali, e que eles ainda estavam perseverando. 3 En mettant en avant sur ce propos beaucoup de choses frivoles et curieuses; Apresentando sobre este assunto muitas coisas estranhas e frvolas.

  • Comentrios de Calvino 2

    1 TESSALONICENSES 1:1 1. Paulo, e Silvano, e Timteo, igreja dos tessalonicenses em Deus, o Pai, e no Senhor Jesus Cristo: Graa e paz tenhais de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo.

    1. Paulus et Silvanus et Timotheus Eccle-siae Thessalonicensium, in Deo Patre, et Domino Iesu Christo, gratia vobis et pax a Deo Patre nostro, et Domino Iesu Christo.

    A brevidade da dedicatria mostra claramente que a doutrina de Paulo havia sido recebida com reverncia entre os tessalonicenses, e que, sem controvr-sia, todos eles lhe prestavam a honra que ele merecia. Pois, quando em outras epstolas designa a si mesmo como apstolo, ele faz isto com o objetivo de reivindicar autoridade para si. Por isso, a circunstncia de que ele faa uso simplesmente do seu nome, sem qualquer ttulo de honra, evidncia de que aqueles a quem escreve reconheciam-no voluntariamente tal como a pessoa que era. verdade que os ministros de Satans haviam se esforado para im-portunar esta igreja tambm, mas evidente que as maquinaes deles foram infrutferas. Contudo, ele associa a si mesmo dois outros, como sendo, em co-mum consigo, autores da Epstola. Nada mais afirmado aqui que j no tenha sido explicado em outra parte, exceto que ele diz: a igreja em Deus, o Pai, e em Cristo, por cujos termos (se no estou equivocado) ele sugere que verda-deiramente h entre os tessalonicenses uma igreja de Deus. Portanto, esta marca como que a aprovao de uma igreja legtima e verdadeira. Contudo, ao mesmo tempo podemos inferir por aqui que uma igreja deve ser buscada apenas onde Deus quem preside, e onde Cristo quem reina, e que, em su-ma, no existe nenhuma igreja que no esteja fundamentada em Deus, reunida sob os auspcios de Cristo e unida em seu nome.

    1 TESSALONICENSES 1:2-5 2. Sempre damos graas a Deus por vs todos, fazendo meno de vs em nos-sas oraes,

    2. Gratias agimus Deo semper de omnibus vobis, memoriam vestri facientes in preci-bus nostris,

    3. Lembrando-nos sem cessar da obra da vossa f, do trabalho do amor, e da pacincia da esperana em nosso Se-nhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus

    3. Indesinenter4 memores vestri, propter opus fidei, et laborem caritatis,5 et patienti-am spei Domini nostri Iesu Christi coram Deo et Patre nostro,

    4 En nos prieres, sans cesse ayans souvenance; ou, En nos prieres sans cesse, A-yans souvenance; Em nossas oraes, sem cessar tendo lembrana; ou, em nos-sas oraes sem cessar, tendo lembrana. 5 De vous pour luvre de la foy, et pour le travail de vostre charite; ou, de leffect de vostre foy, et du travail de vostre charite; De vs pela obra da f, ou pelo esforo do vosso amor; ou, do efeito da vossa f, ou do esforo do vosso amor.

  • 1 Tessalonicenses 3

    e Pai,

    4. Sabendo, amados irmos, que a vossa eleio de Deus;

    4. Scientes, fratres dilecti,6 a Deo esse electionem vestram.

    5. Porque o nosso evangelho no foi a vs somente em palavras, mas tambm em poder, e no Esprito Santo, e em mui-ta certeza, como bem sabeis quais fomos entre vs, por amor de vs.

    5. Quia Evangelium nostrum non fuit erga vos in sermone solum, sed in potentia, et in Spiritu sancto, et in certitudine multa: quemadmodum nostis quales fuerimus in vobis propter vos.

    2. Damos graas a Deus. Ele louva, como o seu costume, a f e outras virtu-des deles, no tanto, porm, com o objetivo de elogi-los, quanto para exort-los perseverana. Pois no pequeno encorajamento ao zelo, quando refle-timos que Deus nos tem adornado com notveis dons, para que ele possa ter-minar o que comeou; e que, sob sua orientao e direo, temos seguido no caminho reto, para que possamos alcanar o alvo. Pois, assim como a v con-fiana nas virtudes que os homens insensatamente arrogam para si os incha de orgulho, e os torna negligentes e indolentes quanto ao tempo vindouro, as-sim tambm o reconhecimento dos dons de Deus humilha as mentes piedosas, e as encoraja a uma preocupao anelante. Por isso, ao invs de congratula-es, ele faz uso de aes de graas, para lembr-los de que tudo o que h neles que ele declara ser digno de louvor um benefcio de Deus.7 Ele tambm se volta imediatamente para o futuro, ao fazer meno das suas oraes. As-sim vemos com que propsito ele recomenda a vida anterior deles.

    3. Lembrando-nos sem cessar. Embora o advrbio sem cessar possa ser to-mado em conexo com o que vem antes, convm melhor relacion-lo deste modo. O que se segue tambm poderia ser traduzido assim: Lembrando-nos da vossa obra de f e trabalho de caridade, etc. Tambm no representa qual-quer objeo a isto o fato de que h um artigo interposto entre o pronome e o substantivo ,8 pois este modo de expresso usado frequente-mente por Paulo. Digo isto para que ningum acuse o tradutor antigo de igno-rncia por traduzi-lo deste modo.9 Porm, como pouco importa para o objetivo principal10 o que escolherdes, retive a traduo de Erasmo.11

    6 Freres bienaimez, vostre election estre de Dieu; ou, freres bienaimez de Dieu, vostre election; ou, vostre election, qui est de Dieu; Irmos amados, vossa eleio de Deus; ou, irmos amados de Deus, vossa eleio; ou, vossa eleio, que de Deus. 7 Est un benefice procedant de la liberalite de Dieu; um benefcio que procede da liberalidade de Deus. 8 As palavras so . Ed. 9 A traduo da Vulgata a seguinte: Sine intermissione memores operis fidei vestra-e. Wycliff (1380) traduz como segue: With outen ceeysynge hauynge mynde of the werk of youre feithe. Cranmer (1539), por outro lado, traduz assim: And call you to remembrance because of the work of your faith Ed. 10 Quant a la substance du propos; Quanto essncia da questo.

  • Comentrios de Calvino 4

    Contudo, ele aponta uma razo pela qual nutre to forte afeto para com eles, e ora diligentemente em seu favor porque ele percebia neles os dons de Deus que o encorajavam a nutrir para com eles amor e respeito. E, certamente, quanto mais algum se sobressai em piedade e outras excelncias, tanto mais devemos t-lo em estima e considerao. Pois, o que mais digno de amor do que Deus? Por isso, no existe nada que deva incitar mais o nosso amor pelas pessoas do que quando o Senhor se manifesta nelas pelos dons do seu Espri-to. Esta a mais elevada recomendao de todas entre os que so piedosos este, o mais sacro vnculo de conexo, pelo qual eles mais especialmente se unem uns aos outros. Eu digo, concordemente, que de pouca importncia se o traduzis por lembrando-nos de vossa f, ou lembrando-nos de vs por causa de vossa f.

    Obra da f entendo como significando o seu efeito. Este efeito, porm, pode ser explicado de duas maneiras passiva ou ativamente, quer como signifi-cando que a f era em si mesma um sinal notvel do poder e eficcia do Espri-to Santo, porquanto ele operara poderosamente em seu despertamento; quer como significando que, posteriormente, ela produzira seus frutos exteriores. Reconheo que o efeito est mais na raiz da f do que em seus frutos uma energia rara da f difundiu-se poderosamente em vs.

    Ele acrescenta trabalho do amor, querendo dizer atravs disso que, no cultivo do amor, eles no haviam medido dificuldades ou esforos. E, seguramente, sabe-se pela experincia como o amor diligente. Porm, aquela poca con-cedera mais especialmente aos crentes uma mltipla esfera de trabalhos, se estivessem desejosos de cumprir os ofcios do amor. A igreja era incrivelmente pressionada por uma grande multido de aflies;12 muitos eram despojados de sua riqueza, muitos eram fugitivos do seu pas, muitos eram destitudos de conselho, muitos eram tenros e fracos.13 A condio de quase todos estava envolvida. Tantos casos de angstia no permitiram que o amor ficasse inativo.

    esperana ele atribui a pacincia, uma vez que sempre esto unidas, pois o que esperamos, com pacincia esperamos (Rm 8:24), e a declarao deve ser explicada no sentido de que Paulo recorda a pacincia deles em aguardar a vinda de Cristo. A partir daqui podemos inferir uma breve definio do verda-deiro Cristianismo que uma f viva e cheia de vigor, no poupando nenhum esforo, quando se deve prestar assistncia ao prximo; mas, pelo contrrio, todos os que so piedosos se empregam diligentemente nos ofcios do amor, e envidam seus esforos neles, de modo que, atentos esperana da manifesta-o de Cristo, desprezam tudo o mais e, armados pela pacincia, eles se le-vantam superiores ao cansao pela extenso do tempo, bem como a todas as tentaes do mundo.

    11 A traduo de Erasmo a seguinte: Memores vestri propter opus fidei; Lem-brando de vs por conta da vossa obra de f. 12 Dafflictions quasi sans nombre; Por aflies, por assim dizer, sem nmero. 13 Foibles et debiles en la foy; Fracos e dbeis na f.

  • 1 Tessalonicenses 5

    A clusula diante de nosso Deus e Pai pode ser considerada em referncia recordao de Paulo, ou s trs coisas citadas h pouco. Eu a explico assim: Como havia falado das suas oraes, ele declara que todas as vezes que eleva seus pensamentos ao reino de Deus, ao mesmo tempo, traz sua memria a f, esperana e pacincia dos tessalonicenses; mas, como toda a mera pre-sena desaparece quando as pessoas vm presena de Deus, isto acres-centado14 para que a afirmao tenha mais peso. Ademais, por esta declarao da sua boa vontade para com eles, ele pretendia torn-los mais ensinveis e preparados para ouvirem.15

    4. Sabendo, amados irmos. O particpio sabendo pode se aplicar tanto a Pau-lo como aos tessalonicenses. Erasmo o refere aos tessalonicenses. Prefiro se-guir a Crisstomo, que o entende com respeito a Paulo e seus companheiros, pois esta (tal como me parece) uma confirmao mais ampla da declarao precedente. Pois tinha em vista, em no pequeno grau, recomend-los, que o prprio Deus tivesse testificado, por meio de muitos sinais, que eles eram acei-tveis e caros a ele.

    Eleio de Deus. No estou totalmente satisfeito com a interpretao dada por Crisstomo de que Deus havia tornado os tessalonicenses ilustres, e havia determinado a sua excelncia. Paulo, contudo, tinha em vista exprimir algo mais; pois trata do chamado deles, e, como no haviam aparecido neles sinais comuns do poder de Deus, ele infere a partir disto que haviam sido chamados de forma especial, com evidncias de uma segura eleio. Pois a razo a-crescentada imediatamente que no fora uma simples pregao que lhes havia sido apresentada, mas uma que estava associada eficcia do Esprito Santo, para que alcanasse crdito total entre eles.

    Quando ele diz em poder, e no Esprito Santo, em minha opinio, como se tivesse dito: no poder do Esprito Santo, de modo que o ltimo termo acres-centado como explicativo do primeiro. A certeza, qual ele atribui o terceiro lugar, ou estava na coisa em si, ou na disposio dos tessalonicenses. Estou mais disposto a pensar que o sentido de que o evangelho de Paulo havia si-do confirmado por provas slidas,16 como se Deus tivesse mostrado desde o cu que ele havia ratificado o chamado deles.17 Quando, porm, Paulo apre-senta as provas pelas quais havia se sentido confiante de que o chamado dos tessalonicenses era totalmente de Deus, ao mesmo tempo ele aproveita a oca-sio para recomendar o seu ministrio, para que eles mesmos, tambm, reco-

    14 Ce poinct a nommeement este adiouste par Sainct Paul; Este ponto foi expres-samente acrescentado por S. Paulo. 15 Car ce nestoit une petite consideration pour inciter St. Paul et les autres, a avoir les Thessaloniciens pour recommandez, et en faire esteme; Pois no foi uma peque-na razo para incitar S. Paulo e outros a terem os tessalonicenses em estima, e a con-sider-los com apreo. 16 A leste comme seell et ratifi par bons tesmoignages et approbations suffisantes; Havia sido, por assim dizer, selado e ratificado por bons testemunhos e atestaes suficientes. 17 Et en estoit lautheur; E era o seu autor.

  • Comentrios de Calvino 6

    nhecessem-no a ele e a seus companheiros como tendo sido levantados por Deus.

    Pelo termo poder, alguns entendem milagres. Eu o estendo mais ainda, como se referindo fora espiritual da doutrina. Pois, conforme tivemos ocasio de ver na Primeira Epstola aos Corntios, Paulo o pe em contraste com discur-so18 a voz de Deus, por assim dizer, viva e associada ao efeito, em oposio a uma eloqncia humana vazia e morta. Deve-se observar, contudo, que a eleio de Deus, que em si mesma oculta, manifesta-se pelos seus sinais quando ele congrega a si as ovelhas perdidas, e as une ao seu rebanho, e es-tende sua mo queles que estavam errantes e extraviados dele. Por isso, o conhecimento da nossa eleio deve ser buscado a partir desta fonte. Porm, assim como o conselho secreto de Deus um labirinto para aqueles que negli-genciam o seu chamado, do mesmo modo agem perversamente aqueles que, sob o pretexto de f e chamado, obscurecem esta primeira graa da qual se origina a prpria f. Pela f, dizem eles, alcanamos a salvao; logo, no h predestinao eterna de Deus que faa distino entre ns e os rprobos. como se dissessem: A salvao da f; logo, no h graa de Deus que nos ilumine na f. No, mas antes, assim como a eleio gratuita deve estar asso-ciada ao chamado, como que ao seu efeito, assim tambm ela deve ter neces-sariamente, ao mesmo tempo, o primeiro lugar. Pouco importa quanto ao senti-do, se unis ao particpio amados ou ao termo eleio.19

    5. Como bem sabeis. Paulo, conforme disse antes, tem como objetivo que os tessalonicenses, influenciados pelas mesmas consideraes, no acolham ne-nhuma dvida de que foram escolhidos por Deus. Pois havia sido o propsito de Deus, ao honrar o ministrio de Paulo, que ele lhes manifestasse sua ado-o. Concordemente, tendo dito que eles sabem que tipo de pessoas eles ha-viam sido,20 imediatamente acrescenta que fora tal por causa deles, atravs do que significa que tudo isto lhes havia sido dado a fim de que pudessem estar plenamente persuadidos de que eram amados por Deus, e que sua eleio estava alm de toda controvrsia.

    18 Vede Calvino sobre Corntios, vol. 1, pp. 100, 101. 19 Au reste, les mots de ceste sentence sont ainsi couchez au texte Grec de Sainct Paul, Scachans freres bien-aimez de Dieu, vostre election: tellement que ce mot de Dieu, pent estre rapport a deux endroits, ascavoir Bien-aimez de Dieu, ou vostre elec-tion estre de Dieu: mais cest tout un comment on le prene quant au sens; No de-mais, as palavras desta sentena esto assim dispostas no texto grego de S. Paulo: sabendo, irmos amados de Deus, vossa eleio; de tal modo que esta frase de Deus possa ser entendida como se referindo a duas coisas, como significando amados de Deus, ou, vossa eleio de Deus; mas tudo est em um mesmo sentido, indepen-dentemente de como o entenderdes. 20 Quels auoyent este St. Paul et ses compagnons; Que tipo de pessoas S. Palo e seus associados haviam sido.

  • 1 Tessalonicenses 7

    1 TESSALONICENSES 1:6-8 6. E vs fostes feitos nossos imitadores, e do Senhor, recebendo a palavra em muita tribulao, com gozo do Esprito Santo.

    6. Et vos imitatores nostri facti estis et Domini, dum sermonem amplexi estis in tribulatione multa, cum gaudio Spiritus sancti:

    7. De maneira que fostes exemplo para todos os fiis na Macednia e Acaia.

    7. Ita ut fueritis exemplaria omnibus cre-dentibus in Macedonia et in Achaia.

    8. Porque por vs soou a palavra do Se-nhor, no somente na Macednia e Acai-a, mas tambm em todos os lugares a vossa f para com Deus se espalhou, de tal maneira que j dela no temos neces-sidade de falar coisa alguma;

    8. A vobis enim personuit sermo Domini: nec in Macedonia tantum et in Achaia, sed etiam in omni loco, fides vestra quae in Deum est manavit: ita ut non opus habe-amus quicquam loqui.

    6. E vs fostes feitos imitadores. Na esperana de aumentar a diligncia deles, ele declara que havia um acordo mtuo, e uma harmonia, por assim dizer, en-tre a sua pregao e a f deles. Pois, a menos que os homens, de sua parte, correspondam a Deus, nenhum proveito decorrer da graa que lhes ofereci-da no como se pudessem fazer isto de si mesmos, mas porque, assim como Deus d incio nossa salvao chamando-nos, ele tambm a aperfeioa mol-dando nossos coraes obedincia. Portanto, a suma que uma evidncia da eleio divina se revelara, no apenas no ministrio de Paulo, na medida em que estava provido do poder do Esprito Santo, mas tambm na f dos tes-salonicenses, de modo que esta conformidade uma atestao poderosa dela. Porm, ele afirma: Fostes feitos imitadores de Deus e de ns, no mesmo sen-tido em que dito que o povo creu em Deus e no seu servo Moiss (Ex 14:13),21 no que Paulo e Moiss tivessem algo de diferente da parte de Deus, e sim porque ele operou poderosamente por meio deles, como seus ministros e instrumentos.22 Recebendo. A prontido deles em receber o evangelho cha-mada de imitar a Deus por esta razo assim como Deus havia se apresenta-do aos tessalonicenses em um esprito liberal, assim tambm eles, de sua par-te, havia vindo ao seu encontro voluntariamente.

    Ele diz: com alegria do Esprito Santo, para que saibamos que no pela insti-gao da carne, ou pelas sugestes da sua prpria natureza, que os homens estaro prontos e zelosos por obedecer a Deus, mas que isto obra do Espri-to de Deus. A circunstncia, que, em muita tribulao, eles haviam abraado o evangelho, serve como nfase. Pois vemos muitssimos que, no indispostos ao evangelho por outros motivos, contudo o evitam por se intimidarem pelo medo da cruz. Concordemente, aqueles que no hesitam em abraar, com in-trepidez, juntamente com o evangelho, as aflies que os ameaam, fornecem assim um exemplo admirvel de magnanimidade. E, com isto, torna-se tanto mais claramente notrio quo necessrio que o Esprito nos auxilie nisto. Pois o evangelho no pode ser apropriada ou sinceramente recebido, a no ser

    21 Isto o que diz o texto original; contudo, Ex 14:31 parece ser uma referncia mais apropriada. Ed. 22 Vede Calvino sobre Corntios, vol. 2, p. 288.

  • Comentrios de Calvino 8

    com um corao jubiloso. Nada, porm, est em maior desacordo com a nossa disposio natural, do que nos regozijarmos nas aflies.

    7. De maneira que fostes. Aqui temos outra nfase que eles haviam encora-jado at mesmo crentes pelo seu exemplo; pois algo grandioso tomar to de-cididamente a dianteira daqueles que encetaram a jornada antes de ns, pro-vendo-lhes assistncia para prosseguirem a sua caminhada. Typus (a palavra usada por Paulo) empregado pelos gregos no mesmo sentido de exemplar entre os latinos, e patron entre os franceses. Nesse caso, ele diz que a cora-gem dos tessalonicenses havia sido to ilustre que outros crentes haviam to-mado emprestado deles uma regra de perseverana. Contudo, preferi traduzi-lo por padres, a fim de no fazer desnecessariamente qualquer mudana na fra-se grega utilizada por Paulo; e ainda porque o plural expressa, em minha opini-o, algo mais do que se ele tivesse dito que aquela igreja, como um corpo, ha-via sido proposta para imitao, pois o sentido de que havia tantos padres como indivduos.

    8. Porque por vs soou. Aqui temos uma metfora elegante, pela qual ele su-gere que a f deles era to viva23 que, por assim dizer, pelo seu som, desperta-ra outras naes. Pois ele diz que a palavra de Deus soou por eles, porquanto sua f era sonora24 para obter crdito para o evangelho. Ele afirma que isto havia no apenas ocorrido em lugares circunvizinhos, mas este som havia tambm se espalhado por toda a parte, e havia sido distintamente ouvido, de modo que o assunto no precisava ser publicado por ele.25

    1 TESSALONICENSES 1:9-10 9. Porque eles mesmos anunciam de ns qual a entrada que tivemos para convos-co, e como dos dolos vos convertestes a Deus, para servir o Deus vivo e verdadei-ro,

    9. Ipsi enim de vobis annuntiant, qualem habuerimus ingressum ad vos: et quomo-do conversi fueritis ad Deum ab idolis, ut serviretis Deo viventi et vero:

    10. E esperar dos cus a seu Filho, a quem ressuscitou dentre os mortos, a sa-ber, Jesus, que nos livra da ira futura.

    10. Et exspectaretis e clis Filium eius, quem excitavit a mortuis, Iesum qui nos liberat ab ira ventura.

    Ele afirma que a notcia do comportamento deles havia alcanado grande fama em toda a parte. O que ele menciona quanto sua entrada entre eles refere-se ao poder do Esprito pelo qual Deus havia assinalado o seu evangelho.26 Con-tudo, ele afirma que ambas as coisas so livremente relatadas entre as outras

    23 Si vive et vertueuse; To viva e virtuosa. 24 Avoit resonn haut et clair; Havia soado em alto e bom som. 25 Tellement que la chose nha point besoin destre par luy divulgee et magnifiee davantage; De tal modo que a questo no precisa ser mais publicada e exaltada por ele. 26 Par laquelle Dieu avoit orn et magnifiquement authoriz son Evangile; Pela qual Deus havia adornado e atestado magnificamente seu evangelho.

  • 1 Tessalonicenses 9

    naes, como coisas dignas de serem mencionadas. Nos detalhes que se se-guem, ele revela, primeiro, qual a condio dos homens, antes de o Senhor ilumin-los pela doutrina do seu evangelho; e ainda, com que finalidade ele quer que sejamos instrudos, e qual o fruto do evangelho. Pois, embora nem todos adorem dolos, todos esto devotados idolatria, e imersos em cegueira e loucura. Por isso, graas bondade de Deus que somos libertados dos embustes do diabo, e de todo o tipo de superstio. Alguns, de fato, ele conver-te antes, outros depois, mas como a alienao comum a todos, necessrio que sejamos convertidos a Deus antes de podermos servi-lo. A partir daqui in-ferimos tambm a essncia e a natureza da verdadeira f, porquanto ningum d o devido crdito a Deus seno o homem que, renunciando vaidade do seu entendimento, abraa e recebe o puro culto a Deus.

    9. O Deus vivo. Esta a finalidade da genuna converso. Vemos, de fato, que muitos que abandonam as supersties, no obstante, aps darem este passo, esto to longe de fazer algum progresso na piedade que caem no que pior. Pois, tendo se livrado de todo respeito a Deus, eles se entregam a um despre-zo brutal e profano.27 Assim, nos tempos antigos, as supersties do vulgo e-ram ridicularizadas por Epcuro, Digenes o Cnico, e outros que tais, mas de tal modo que eles confundiam o culto a Deus, no fazendo diferena entre isto e ninharias absurdas. Por isso devemos ter o cuidado de que o abandono dos erros no seja seguido pela destruio do edifcio da f. Ademais, o Apstolo, ao atribuir a Deus os eptetos de vivo e verdadeiro, censura indiretamente os dolos como sendo invenes mortas e indignas, e como sendo falsamente chamados deuses. Ele faz da finalidade da converso o que j observei para que sirvam a Deus. Por isso a doutrina do evangelho visa a nos induzir a servir e obedecer a Deus. Pois, enquanto somos servos do pecado, estamos livres da justia (Rm 6:20), porquanto nos divertimos, e vagamos de um lado para o ou-tro, livres de qualquer jugo. Portanto, ningum propriamente convertido a Deus, seno o homem que aprendeu a colocar-se totalmente em sujeio a ele.

    Contudo, como isto algo simplesmente mais do que difcil, em to grande cor-rupo da nossa natureza, ao mesmo tempo ele revela o que que nos retm e nos confirma no temor a Deus e na obedincia a ele esperar a Cristo. Pois, a menos que sejamos despertados para a esperana da vida eterna, o mundo rapidamente nos atrair a si. Pois, assim como apenas a confiana na bon-dade divina que nos induz a servir a Deus, do mesmo modo apenas a expec-tativa da redeno final que nos impede de recuarmos.28 Portanto, que todos os que desejam perseverar em um curso de vida santa apliquem toda a sua mente expectativa da vinda de Cristo. Tambm digno de nota que ele usa a expresso esperando a Cristo, ao invs de esperana da salvao eterna. Pois, certamente, sem Cristo estamos arruinados e entregues ao desespero, mas, quando Cristo se revela, a vida e a prosperidade resplandecem ao mes-

    27 De toute religion; De toda religio. 28 Que ne nous lassions et perdions courage; De que no recuemos e percamos o nimo.

  • Comentrios de Calvino 10

    mo tempo para ns.29 Tenhamos em mente, porm, que isto dito exclusiva-mente aos crentes, pois, quanto aos mpios, assim como ele vir para ser seu Juiz, do mesmo modo eles s podem tremer ao esper-lo.

    isto que ele acrescenta na sequncia que Cristo nos livra da ira futura. Pois isto no sentido seno por aqueles que, estando reconciliados com Deus pe-la f, j tm a conscincia apaziguada; do contrrio,30 seu nome terrvel. verdade que Cristo nos livrou pela sua morte da ira de Deus, mas a importncia desse livramento se tornar visvel no ltimo dia.31 No entanto, esta afirmao consiste de duas sees. A primeira que a ira de Deus e a destruio eterna so iminentes raa humana, porquanto todos pecaram, e destitudos esto da glria de Deus (Rm 3:23). A segunda que no existe meio de escape seno atravs da graa de Cristo; pois no sem bons motivos que Paulo lhe atribui este ofcio. Contudo, um dom inestimvel que os que so piedosos, sempre que feita meno ao juzo, saibam que Cristo vir para eles como um Reden-tor.

    Alm disso, ele afirma enfaticamente: a ira futura, para despertar as mentes piedosas, para que no fracassem ao considerar a vida presente. Pois, assim como a f a prova das coisas que no se vem (Hb 11:1), nada menos a-dequado do que estimarmos a ira de Deus de acordo com o que cada um afligido no mundo; assim como nada mais absurdo do que nos apegarmos s bnos transitrias de que desfrutamos, para que por elas tenhamos uma es-timativa do favor de Deus. Portanto, enquanto, por um lado, os mpios se diver-tem vontade, e ns, por outro, definhamos em misria, aprendamos a temer a vingana de Deus, que est oculta aos olhos da carne, e a ter nossa satisfao nos deleites secretos da vida espiritual.32

    10. A quem ressuscitou. Ele faz meno aqui da ressurreio de Cristo, sobre a qual a esperana da nossa ressurreio est fundamentada, pois a morte nos assalta em toda a parte. Por isso, a menos que aprendamos a olhar para Cris-to, nossas mentes recuaro a toda a hora. Pela mesma considerao, ele os admoesta que Cristo deve ser aguardado desde o cu, porque no encontra-remos nada no mundo para nos sustentar,33 enquanto que h inmeras provas para nos subjugar. Outra circunstncia deve ser observada;34 pois, como Cristo ressuscitou com este objetivo para que finalmente nos fizesse a todos, como seus membros, participantes da mesma glria consigo, Paulo sugere que a sua ressurreio seria em vo, a menos que ele aparecesse novamente como Re-

    29 Jettent sur nous leurs rayons; Lanam seus raios sobre ns. 30 Aux autres; Aos outros. 31 Maisau dernier iour sera veu a loeil le fruit de ceste delivrance, et de quelle impor-tance elle est; Mas no ltimo dia ser visvel aos olhos o fruto desse livramento, e qual a sua importncia. 32 En delices et plaisirs de la vie spirituelle, lesquels nous ne voyons point; Nos deleites e prazeres da vida espiritual que no vemos. 33 Et faire demeurer fermes; E nos fazer permanecer firmes. 34 A laquelle ceci se rapporte; qual isto se refere.

  • 1 Tessalonicenses 11

    dentor deles, e estendesse a todo o corpo da Igreja o fruto e o efeito desse po-der que ele manifestou em si mesmo.35

    1 TESSALONICENSES 2:1-4 1. Porque vs mesmos, irmos, bem sa-beis que a nossa entrada para convosco no foi v;

    1. Ipsi enim nostis, fratres, quod ingressus noster ad vos non inanis fuerit:

    2. Mas, mesmo depois de termos antes padecido, e sido agravados em Filipos, como sabeis, tornamo-nos ousados em nosso Deus, para vos falar o evangelho de Deus com grande combate.

    2. Imo quod persequutionem passi, et pro-bro affecti Philippis (ut scitis) fiduciam sumpsimus in Deo nostro proferendi apud vos evangelium Dei, cum multo certamine.

    3. Porque a nossa exortao no foi com engano, nem com imundcia, nem com fraudulncia;

    3. Nam exhortatio nostra, non ex impostu-ra, neque ex immunditia, neque in dolo:

    4. Mas, como fomos aprovados de Deus para que o evangelho nos fosse confiado, assim falamos, no como para agradar aos homens, mas a Deus, que prova os nossos coraes.

    4. Sed quemadmodum probati fuimus a Deo, ut crederetur nobis evangelium, sic loquimur, non quasi hominibus placentes, sed Deo qui probat corda nostra.

    Agora, deixando de lado o testemunho de outras igrejas, ele lembra os tessalo-nicenses do que eles mesmos haviam experimentado,36 e explica com maiores detalhes de que modo ele, e do mesmo modo os dois outros companheiros seus, haviam se conduzido entre eles, porquanto isto era da maior importncia para confirmar sua f. Pois com este intento que ele declara a sua integrida-de para que os tessalonicenses percebessem que haviam sido chamados para a f, no tanto por um homem mortal, quanto pelo prprio Deus. Portanto, ele diz que a sua entrada para com eles no havia sido v, como de pessoas ambiciosas que manifestam muita aparncia, embora no tenham nada de s-lido; pois ele emprega aqui a palavra v em contraste com eficaz.

    Ele prova isto por meio de dois argumentos. O primeiro, que ele havia sofrido perseguio e ignomnia em Filipos; o segundo, que havia um grande combate preparado em Tessalnica. Sabemos que as mentes dos homens so enfra-quecidas mais ainda, so totalmente abatidas pela ignomnia e pelas per-seguies. Portanto, era uma evidncia da obra divina que Paulo, aps ter se sujeitado a males de diversos tipos e ignomnia, como que em um estado perfeitamente so, no mostrasse nenhuma hesitao em fazer uma tentativa sobre uma cidade grande e opulenta, com vista a submeter seus habitantes a Cristo. Nesta entrada, no se v nada que cacterize uma v ostentao. Na segunda seo, contempla-se o mesmo poder divino, pois ele no cumpre o seu dever com aplauso e favor, mas precisou manter pungente combate. Ao

    35 Laquelle il a une fois monstree en sa personne; Que uma vez ele manifestou em sua prpria pessoa. 36 Veus et esprouvez; Visto e experimentado.

  • Comentrios de Calvino 12

    mesmo tempo, permaneceu firme e destemido, pelo que se mostra que ele foi sustentado37 pela mo de Deus; pois isto que quer dizer quando afirma que tornou-se ousado. E, sem dvida, se todas estas circunstncias forem cuidado-samente consideradas, no se pode negar que Deus demonstrou ali magnifi-camente o seu poder. Quanto histria, ela se encontra nos captulos dezes-seis e dezessete dos Atos (Ac 16:12-17:15).

    3. Porque a nossa exortao. Ele confirma, atravs de outro argumento, os tessalonicenses na f que haviam abraado porquanto haviam sido fiel e pu-ramente instrudos na palavra do Senhor, pois ele mantm que a sua doutrina estava isenta de todo o engano e impureza. E, com vistas a deixar esta ques-to fora de dvida, ele invoca o testemunho da conscincia deles. Os trs ter-mos de que faz uso podem, ao que parece, ser distinguidos da seguinte manei-ra: engano pode se referir essncia da doutrina, imundcia s afeies do corao, fraudulncia ao modo de agir. Portanto, em primeiro lugar, ele afirma que eles no haviam sido enganados ou iludidos com falcias, quando abraa-ram o tipo de doutrina que lhes havia sido entregue por ele. Em segundo lugar, declara sua integridade, porquanto no havia se achegado a eles por influncia de qualquer desejo impuro, mas atuou exclusivamente atravs de uma disposi-o honesta. Em terceiro lugar, diz que no havia feito nada fraudulenta ou ma-liciosamente, mas, pelo contrrio, havia manifestado uma simplicidade conve-niente a um ministro de Cristo. Como estas coisas eram bem conhecidas aos tessalonicenses, eles tinham um fundamento suficientemente firme para a sua f.

    4. Como fomos aprovados. Ele d um passo alm, pois apela a Deus como o Autor do seu apostolado, e raciocina da seguinte maneira: Deus, quando me designou para este ofcio, deu testemunho de mim como um servo fiel; no h razo, portanto, para que os homens tenham dvidas quanto minha fidelida-de, a qual sabem ter sido aprovada por Deus. Contudo, Paulo no se gloria em ter sido aprovado, como se o fosse por si mesmo; pois ele no disputa aqui a respeito do que possua por natureza, nem coloca a sua prpria fora em co-liso com a graa de Deus, mas simplesmente afirma que o Evangelho lhe ha-via sido confiado como a um servo fiel e aprovado. Ora, Deus aprova aqueles que ele formou para si de acordo com a sua vontade.

    No como para agradar aos homens. O que significa agradar aos homens foi explicado na Epstola aos Glatas (Gl 1:10), e esta passagem tambm o mos-tra admiravelmente. Paulo contrasta agradar aos homens e agradar a Deus como coisas que se opem entre si. Ademais, quando diz: Deus, que prova os nossos coraes, ele sugere que aqueles que se esforam por obter o favor dos homens no so influenciados por uma conscincia honesta, e no fazem nada de corao. Saibamos, portanto, que os verdadeiros ministros do evange-lho devem ter por alvo devotar os seus esforos a Deus, e fazer isto de cora-o; no por qualquer considerao exterior pelo mundo, e sim porque a cons-cincia lhes diz que isto correto e apropriado. Assim se assegurar que eles no tero por alvo agradar aos homens, ou seja, que eles no agiro sob influ-ncia da ambio, tendo em vista o favor dos homens. 37 Soustenu et fortifi; Sustentado e fortalecido.

  • 1 Tessalonicenses 13

    1 TESSALONICENSES 2:5-8 5. Porque, como bem sabeis, nunca u-samos de palavras lisonjeiras, nem houve um pretexto de avareza; Deus testemu-nha;

    5. Neque enim unquam in sermone adula-tionis fuimus, quemadmodum nostis, ne-que in occasione avaritiae: Deus testis.

    6. E no buscamos glria dos homens, nem de vs, nem de outros, ainda que podamos, como apstolos de Cristo, ser-vos pesados;

    6. Nec quaesivimus ab hominibus gloriam, neque a vobis, neque ab aliis.

    7. Antes fomos brandos entre vs, como a ama que cria seus filhos.

    7. Quum possemus in pondere esse tan-quam Christi Apostoli, facti tamen sumus mites in medio vestri, perinde acsi nutrix aleret filios suos.

    8. Assim ns, sendo-vos to afeioados, de boa vontade quisramos comunicar-vos, no somente o evangelho de Deus, mas ainda as nossas prprias almas; porquanto nos reis muito queridos.

    8. Ita erga vos affecti, libenter voluissemus distribuere vobis non solum Evangelium Dei, sed nostras ipsorum animas, propte-rea quod cari nobis facti estis.

    5. Porque nunca usamos. No sem um bom motivo que ele repete tantas ve-zes que os tessalonicenses sabiam que o que ele diz verdadeiro. Pois no h uma atestao mais segura do que a experincia daqueles com quem falamos. E isto era da maior importncia para eles, porque Paulo relata com que integri-dade ele havia se conduzido, sem outra inteno, seno para que sua doutrina tivesse o maior respeito, para a edificao da f deles. Contudo, esta uma confirmao da declarao anterior, pois aquele que deseja agradar aos ho-mens deve, por necessidade, curvar-se vergonhosamente lisonja, enquanto aquele que est atento ao dever com uma disposio honesta e sincera guar-dar distncia de toda a aparncia de lisonja.

    Quando acrescenta: nem houve um pretexto de avareza, ele quer dizer que, ao ensinar entre eles, no esteve em busca de coisa alguma por ganho pessoal. usado pelos gregos para significar tanto ocasio como pretexto, mas o primeiro significado se encaixa melhor com a passagem, sendo como que uma armadilha.38 No abusei do evangelho para fazer dele uma ocasio de apanhar um ganho. Como, porm, a malcia dos homens possui tantos re-cuos intricados, que a avareza e ambio frequentemente permanecem ocul-tas, por esta causa ele invoca a Deus como testemunha. Ora, ele faz meno aqui de dois vcios, dos quais se declara isento, e, ao fazer isto, ensina que os servos de Cristo devem permanecer afastados deles. Assim, se quisermos dis-tinguir os verdadeiros servos de Cristo daqueles que so pretensos e esprios, eles devem ser provados de acordo com esta regra, e todo aquele que deseja servir a Cristo corretamente tambm deve conformar seus objetivos e suas a-es mesma regra. Pois, onde a avareza e ambio reinam, seguem-se in-

    38 Tellement que ce soit une ruse ou finesse, semblable a celle de ceux qui tendent les filets pour prendre les oiseaux; De modo que um truque ou artifcio, seme-lhante ao daqueles que pem armadilhas para apanhar pssaros.

  • Comentrios de Calvino 14

    meras corrupes, e o homem todo consome-se na vaidade, pois estas so as duas fontes das quais a corrupo de todo o ministrio tem a sua origem.

    6. Ainda que podamos ter exercido autoridade. Alguns interpretam isto como: quando podamos ter sido pesados, ou seja, poderamos ter vos carregado com despesas, mas o contexto exige que seja entendido no sentido de autoridade. Pois Paulo afirma que estava to longe de esplendores vos, do orgulho, da arrogncia, que at abriu mo do seu justo direito, at onde dizia respeito manuteno da autoridade. Pois, como era um apstolo de Cristo, ele merecia ser recebido com um grau mais elevado de respeito, mas havia se abstido de toda demonstrao de dignidade,39 como se fosse um ministro de nvel comum. A partir disto se mostra quo longe estava ele da altivez.40

    O que traduzimos como brandos, o tradutor antigo verte como: Fuimus parvuli (fomos pequenos),41 mas a leitura que segui geralmente mais recebida entre os gregos; mas, independentemente de qual adotais, no pode haver dvida de que ele faz meno da sua degradao voluntria.42

    Como a ama. Nesta comparao, ele assume dois pontos de que j havia tra-tado de que no havia buscado nem glria nem ganho entre os tessalonicen-ses. Pois a me, ao criar seu filho, no demonstra nenhum poder ou dignidade. Paulo diz que fora assim, porquanto voluntariamente se absteve de reivindicar a honra que lhe era devida, e com mansido e modstia se sujeitara a todo o tipo de ofcio. Em segundo lugar, a me, ao criar seu filho, manifesta certa afei-o rara e maravilhosa, porquanto no poupa nenhum esforo e aborrecimen-to, no evita nenhuma ansiedade, no se esgota com nenhuma assiduidade, e at d, com alegria de esprito, seu prprio sangue para ser sugado. De modo semelhante, Paulo declara que estivera to disposto para com os tessalonicen-ses, que estava preparado para dar a sua vida em benefcio deles. Certamente, esta no era a conduta de um homem srdido ou avarento, mas de algum que exercera uma afeio desinteressada, e ele expressa isto no final porquanto nos reis muito queridos. Ao mesmo tempo, devemos ter em mente que todos aqueles que desejam ser classificados entre os verdadeiros pastores devem exercitar esta disposio de Paulo ter mais considerao pelo bem-estar da Igreja do que pela sua prpria vida; e no ser impelidos ao dever em conside-rao pelo seu proveito prprio, e sim por um amor sincero por aqueles a quem sabem que esto unidos, e colocados sob obrigao.43

    39 De toute apparence de preeminence et majeste; De toda a aparncia de pree-minncia e majestade. 40 De toute hautesse et presomption; De toda a altivez e presuno. 41 A traduo de Wicliff (1380) est, como de costume, em harmonia com a Vulgata we weren made litil.Ed. 42 Abaissement et humilite; Abatimento e humildade. 43 Pour une vraye amour et non feinte quils portent a ceux, ausquels ils scavent que Dieu les a conjonts et liez ou obligez; Por um amor no fingido e verdadeiro que eles tm por aqueles a quem sabem que Deus os uniu, atou e comprometeu.

  • 1 Tessalonicenses 15

    1 TESSALONICENSES 2:9-12 9. Porque bem vos lembrais, irmos, do nosso trabalho e fadiga; pois, trabalhando noite e dia, para no sermos pesados a nenhum de vs, vos pregamos o evange-lho de Deus.

    9. Memoria enim tenetis, fratres, laborem nostrum et sudorem: nam die ac nocte opus facientes, ne gravaremus quenquam vestrum, praedicavimus apud vos Evan-gelium Dei.

    10. Vs e Deus sois testemunhas de quo santa, e justa, e irrepreensivelmente nos houvemos para convosco, os que crestes.

    10. Vos testes estis et Deus, ut sancte, et iuste, et sine querela vobis, qui creditis, fuerimus.

    11. Assim como bem sabeis de que modo vos exortvamos e consolvamos, a cada um de vs, como o pai a seus filhos;

    11. Quemadmodum nostis, ut unumquem-que vestrum, quasi pater suos liberos,

    12. Para que vos conduzsseis dignamen-te para com Deus, que vos chama para o seu reino e glria.

    12. Exhortati simus, et monuerimus et obtestati simus, ut ambularetis digne Deo, qui vocavit vos in suum regnum et glori-am.

    9. Porque bem vos lembrais. Estas coisas tendem a confirmar o que ele havia dito anteriormente que, para poup-los, ele no se poupara a si mesmo. Cer-tamente, ele devia arder de um zelo maravilhoso e mais que humano, porquan-to, juntamente com o labor do ensino, trabalhava com suas mos como um o-perrio, com vistas a adquirir o seu sustento, e, neste aspecto tambm, absti-nha-se de exercer o seu direito. Pois a lei de Cristo, como ele tambm ensina em outro lugar (1 Co 9:14), que toda a igreja fornea aos seus ministros ali-mento e outras coisas necessrias. Portanto, ao no colocar nenhum fardo so-bre os tessalonicenses, Paulo faz algo mais do que, pelos deveres do seu of-cio, poderiam ser exigidas dele. Alm disso, ele no se abstm meramente de incorrer em despesas pblicas, mas evita sobrecarregar individualmente a qualquer um. Ademais, no pode haver dvida de que ele era influenciado por alguma considerao boa e especial, ao abster-se assim de exercer o seu di-reito,44 pois em outras igrejas ele exercia, igualmente com outros, a liberdade que lhe era permitida.45 Ele no recebera nada dos corntios, para no dar pre-texto aos falsos apstolos de se gloriassem quanto a esta questo. Ao mesmo tempo, ele no hesitara em pedir46 de outras igrejas o que lhe era necessrio, pois escreve que, enquanto trabalhava entre os corntios, sem custos, ele des-pojara as igrejas que no servira (2 Co 11:8).47 Por isso, embora a razo no seja expressa aqui, podemos, no obstante, conjecturar que o motivo pelo qual Paulo estava relutante de que suas necessidades fossem atendidas era para que tal coisa no colocasse nenhum obstculo no caminho do evangelho. Pois esta tambm deve ser uma questo de preocupao para os bons pastores para que eles possam no apenas correr com entusiasmo em seu ministrio, 44 Entre les Thessaloniciens; Entre os tessalonicenses. 45 La liberte que Dieu donne; A liberdade que Deus d. 46 Il na point fait de conscience de prendre lors des autres Eglises; Ele no tivera escrpulos em receber naquela ocasio de outras igrejas. 47 Vede Calvino sobre Corntios, vol. 2, p. 347.

  • Comentrios de Calvino 16

    mas, at onde estiver em seu poder, remover todos os obstculos no caminho da sua jornada.

    10. Vs sois testemunhas. Ele novamente invoca a Deus e a eles como teste-munhas, com vistas a afirmar a sua integridade, e cita, por um lado, Deus como testemunha da sua conscincia; e eles,48 por outro, como testemunhas do que sabiam por experincia. Quo santa, diz ele, e justamente, ou seja, com que temor sincero a Deus, e com que fidelidade e inculpabilidade para com os ho-mens; e, em terceiro lugar, irrepreensivelmente, com isto significando que no havia dado ocasio para reclamaes ou detraes. Pois os servos de Cristo no podem evitar calnias, e rumores desfavorveis, pois, sendo odiados pelo mundo, necessariamente devem ser mal falados entre os mpios. Por isso, ele restringe isto aos fiis, que julgam honesta e sinceramente, e no insultam per-niciosa e infundadamente.

    11. Cada um, como um pai. Ele insiste mais especificamente nas coisas que pertencem ao seu ofcio. Ele comparou-se a uma ama; agora, compara-se a um pai. O que quer dizer isto que estava preocupado com eles, assim como o pai em relao aos seus filhos; e que havia exercido um verdadeiro cuidado paternal ao instruir e admoest-los. E, sem dvida, ningum jamais ser um bom pastor, a menos que se mostre como um pai para a igreja que lhe confi-ada. Ele tambm no se declara como tal apenas ao corpo inteiro,49 mas inclu-sive aos membros em particular. Pois no basta que um pastor ensine no plpi-to a todos em comum, se ele no acrescentar tambm instrues particulares, conforme a necessidade exija, ou a ocasio apresente. Por isso, o prprio Pau-lo, em Atos 20:26, declara-se livre do sangue de todos os homens, porque no cessara de admoestar a todos publicamente, e tambm individualmente, em particular, nas suas casas. Pois a instruo dada em comum s vezes de pouca utilidade, e alguns no podem ser corrigidos ou curados sem um rem-dio particular.

    12. Exortvamos. Ele mostra com que sinceridade se devotara ao bem-estar deles, pois relata que, ao lhes pregar a respeito da piedade para com Deus e os deveres da vida crist, no fora apenas de uma maneira perfunctria,50 mas afirma ter feito uso de exortaes e rogos. uma pregao viva do evangelho, quando as pessoas no so meramente informadas do que certo, mas so compungidas (At 2:37) por exortaes, e so chamadas ao tribunal de Deus, para que no fiquem dormentes em seus vcios pois propriamente isto que significa rogar. Mas, se homens piedosos, cuja prontido Paulo recomenda to fortemente, estavam em completa necessidade de serem estimulados por exor-taes inspiradoras mais ainda, por rogos, o que se deve fazer conosco, em que a preguia51 da carne reina mais ainda? Ao mesmo tempo, quanto aos m-pios, cuja obstinao incurvel, necessrio denunciar sobre eles a terrvel 48 Les Thessaloniciens; Os tessalonicenses. 49 Tout le corps de ceste Eglise-la; Todo o corpo da Igreja ali. 50 Il ny a point este par acquit, comme on dit; No fora no mero desempenho de uma tarefa, como dizem. 51 La paresse et nonchalance de la chair; A indolncia e negligncia da carne.

  • 1 Tessalonicenses 17

    vingana de Deus, no tanto na esperana de um bom resultado, mas a fim de que eles se tornem inescusveis.

    Alguns traduzem o particpio por consolvamos. Se adotar-mos esta traduo, ele quer dizer que fez uso de consolaes ao tratar dos aflitos, os quais precisam ser sustentados pela graa de Deus, e refrescados pelo provar das bnos celestiais,52 para que no percam o nimo ou se tor-nem impacientes. O outro sentido, porm, mais adequado ao contexto de que ele admoestava; pois os trs verbos, evidente, referem-se mesma coi-sa.

    Para que vos conduzsseis. Ele apresenta em poucas palavras a suma e es-sncia das suas exortaes que, ao engrandecer a misericrdia de Deus, ele os admoestara para no que no fracassassen em seu chamado. Sua reco-mendao da graa de Deus est contida na expresso: que vos chama para o seu reino. Pois, assim como a nossa salvao est fundamentada na adoo graciosa de Deus, todas as bnos que Cristo nos trouxe esto compreendi-das neste nico termo. Agora resta que respondamos ao chamado de Deus, ou seja, que nos mostremos como filhos dele tais como ele um Pai para ns. Pois aquele que vive de um modo outro que no convenha a um filho de Deus merece ser excludo da famlia de Deus.

    1 TESSALONICENSES 2:13-16 13. Por isso tambm damos, sem cessar, graas a Deus, pois, havendo recebido de ns a palavra da pregao de Deus, a recebestes, no como palavra de ho-mens, mas (segundo , na verdade), co-mo palavra de Deus, a qual tambm ope-ra em vs, os que crestes.

    13. Quapropter nos quoque indesinenter gratias agimus Deo, quod, quum sermo-nem Dei praedicatum a nobis percepistis, amplexi estis, non ut sermonem hominum, sed quemadmodum revera est, sermonem Dei: qui etiam efficaciter agit in vobis cre-dentibus.

    14. Porque vs, irmos, haveis sido feitos imitadores das igrejas de Deus que na Judia esto em Jesus Cristo; porquanto tambm padecestes de vossos prprios concidados o mesmo que os judeus lhes fizeram a eles,

    14. Vos enim imitatores facti estis, fratres, Ecclesiarum Dei, quae sunt in Iudaea in Christo Iesu: quia eadem passi estis et vos a propriis tribulibus, quemadmodum et ipsi a Iudaeis.

    15. Os quais tambm mataram o Senhor Jesus e os seus prprios profetas, e nos tm perseguido; e no agradam a Deus, e so contrrios a todos os homens,

    15. Qui Dominum Iesum occiderunt, et proprios Prophetas, et nos persequuti sunt, et Deo non placent, et cunctis homi-nibus adversi sunt:

    52 Fortifiez ou soulagez en leur rafrechissant le goust des biens celestes; Fortale-cidos ou confortados revigorando seu gosto pelas bnos celestiais.

  • Comentrios de Calvino 18

    16. E nos impedem de pregar aos gentios as palavras da salvao, a fim de enche-rem sempre a medida de seus pecados; mas a ira de Deus caiu sobre eles at ao fim.

    16. Qui obsistunt ne Gentibus loquamur, ut salvae fiant, ut compleantur eorum pecca-ta semper: pervenit enim in eos ira usque in finem.

    13. Por isso tambm damos graas. Tendo falado do seu ministrio, ele volta a tratar dos tessalonicenses, a fim de sempre recomendar a mtua harmonia de que anteriormente havia feito meno.53 Portanto, afirma dar graas a Deus porque eles haviam abraado a palavra que ouviram da sua boca como a pala-vra de Deus, segundo era de fato. Ora, por estas expresses ele quer dizer que ela fora recebida por eles reverentemente, e com a obedincia que lhe era de-vida. Pois, to logo esta persuaso tenha se estabelecido, impossvel que no tome posse de nossas mentes um sentimento de obrigao de obedecer.54 Pois quem no se estremeceria com o pensamento de resistir a Deus? Quem no contemplaria com abominao o desprezo a Deus? Portanto, a circunstn-cia de que a palavra de Deus seja considerada por muitos com tal desprezo que mal seja estimada em qualquer valor, que muitos no sejam de modo al-gum incitados pelo temor, surge disto que eles no consideram que tero de se ver com Deus.

    Por isso, aprendemos com esta passagem que crdito se deve dar ao evange-lho crdito tal que no dependa da autoridade de homens, mas, apoiando-se na segura e certa verdade de Deus, eleve-se acima do mundo; e, por fim, este-ja tanto mais acima da mera opinio quanto o cu est acima da terra;55 e, em segundo lugar, crdito tal que produza por si mesmo a reverncia, o temor e a obedincia, porquanto os homens, tocados por um sentimento da majestade divina, nunca se concedero brincar com ela. Os mestres56 so, por sua vez, admoestados a terem cuidado para no apresentarem outra coisa que no seja a pura palavra de Deus, pois, se isto no fora permitido a Paulo, no ser para qualquer um no tempo atual. Contudo, ele prova, a partir do efeito produzido, que fora a palavra de Deus que ele havia entregado, porquanto ela havia pro-duzido aquele fruto da doutrina celestial que os profetas celebram (Is 55:11, 13; Jr 23:29), ao renovar a vida deles,57 pois a doutrina dos homens no poderia realizar tal coisa. O pronome relativo pode ser entendido como se referindo ou a Deus ou sua palavra, mas independentemente de qual escolherdes, o sen-tido ser o mesmo, pois, na medida em que os tessalonicenses sentiam em si mesmos uma fora divina, que procedia da f, eles poderiam ficar seguros de 53 Calvino refere-se aqui harmonia que felizmente subsistia entre a pregao de Pau-lo e a f dos tessalonicenses.Ed. 54 Il ne se pent faire que nous ne venions quant et quant a avoir une saincte affection dobeir; S podemos ao mesmo tempo ter uma santa disposio de obedecer. 55 Aussi lois dune opinion, ou dun cuider; Tanto mais acima da opinio, ou ima-ginao. 56 Les Docteurs, cest a dire ceux qui ont la charge denseigner; Os mestres, ou seja, aqueles que tm a tarefa de instruir. 57 En renouvelant et reformant la vie des Thessaloniciens; Ao renovar e reformar a vida dos tessalonicenses.

  • 1 Tessalonicenses 19

    que o que haviam ouvido no era um mero som da voz humana que desapare-ce no ar, mas a doutrina de Deus, viva e eficaz.

    Quanto expresso: a palavra da pregao de Deus, significa simplesmente, conforme traduzi, a palavra de Deus pregada pelo homem. Paulo queria dizer expressamente que eles no haviam olhado para a doutrina como desprezvel embora tivesse procedido da boca de um homem mortal porquanto reco-nheciam Deus como o seu autor. Concordemente, ele louva os tessalonicen-ses, porque no se apoiavam na mera considerao pelo ministro, mas eleva-vam seus olhos a Deus, a fim de receberem a sua palavra. Concordemente, no hesitei em inserir a partcula ut (para que), com o fim de tornar o sentido mais claro. H um erro por parte de Erasmo, ao traduzir como: a palavra do ouvir a Deus, como se Paulo quisesse dizer que Deus havia se manifestado. Posteriormente, ele a mudou para: a palavra pela qual aprendestes a Deus, pois no atentara para o idiomatismo hebraico.58

    14. Porque haveis sido feito imitadores. Se estiverdes inclinados a restringir isto clusula em conexo imediata, o sentido ser de que o poder de Deus, ou da sua palavra, revela-se no sofrimento paciente deles, enquanto suportam perse-guies com magnanimidade e destemida coragem. Contudo, prefiro conside-rar isto como se estendendo a toda a declarao anterior, pois ele confirma o que disse, que os tessalonicenses haviam com toda a sinceridade abraado o evangelho, como se apresentado a eles por Deus, porquanto sofriam corajo-samente os assaltos que Satans lhes fazia, e no se recusavam a sofrer qualquer coisa, exceto deixar de obedec-lo. E, sem dvida, no um teste insignificante da f quando Satans, por todas as suas maquinaes, no tem sucesso em nos demover do temor a Deus.

    Ao mesmo tempo, ele previne prudentemente uma tentao perigosa que po-deria prostrar ou atorment-los; pois eles suportavam terrveis aflies daquela nao que era a nica no mundo que se gloriava no nome de Deus.

    Suponho que isto poderia ocorrer mente deles: Se esta a verdadeira religi-o, por que os judeus, que so o povo santo de Deus, se lhe opem com hosti-lidade to inveterada? Com vistas a remover este ensejo de escndalo,59 em primeiro lugar, ele mostra que eles tinham isto em comum com as primeiras igrejas que estavam na Judia; em seguida, ele afirma que os judeus so ini-migos resolutos de Deus e de toda a s doutrina. Pois, embora, quando diz que eles sofriam de seus prprios concidados, isto pode ser explicado em refern-cia a outros que no os judeus, ou ao menos no deve ser restrito exclusiva-mente aos judeus; contudo, como ele ainda insiste em descrever a obstinao e impiedade deles, evidente que estas mesmas pessoas so advertidas por ele desde o princpio. provvel que em Tessalnica alguns daquela nao houvessem se convertido a Cristo. Parece, contudo, pela narrativa fornecida em Atos, que ali, no menos que na Judia, os judeus eram perseguidores do

    58 Car il na pas prins garde que cestoit yci une faon de parler prinse de la langue Hebraique; Pois ele no notara que era uma forma de expresso tomada da ln-gua hebraica. 59 Aux Thessaloniciens; Para os tessalonicenses.

  • Comentrios de Calvino 20

    evangelho. Concordemente, entendo isto como sendo falado indiscriminada-mente tanto acerca de judeus como de gentios, porquanto ambos suportavam grandes combates e ataques ferozes dos seus prprios concidados.

    15. Os quais mataram o Senhor Jesus. Como esse povo havia se distinguido por tantos benefcios de Deus, em consequncia da glria dos patriarcas, o prprio nome60 era de grande autoridade entre muitos. Para que essa mscara no encantasse os olhos de ningum, ele priva os judeus de toda a honra, no lhes deixando nada alm do dio e da maior infmia.

    Vede, diz ele, as virtudes pelas quais eles merecem louvor entre os bons e piedosos! eles mataram seus prprios profetas e, por fim, o Filho de Deus; eles perseguiram a mim, seu servo, eles fazem guerra contra Deus, so detes-tados por todo o mundo, so hostis salvao dos gentios; por fim, eles esto destinados destruio eterna.

    Questiona-se, por que ele diz que Cristo e os profetas foram mortos pelas mesmas pessoas? Respondo que isto se refere a todo o corpo,61 pois Paulo quer dizer que no h nada de novo ou incomum na resistncia deles a Deus, mas que, pelo contrrio, eles esto, deste modo, enchendo a medida de seus pais, como fala Cristo (Mt 23:32).

    16. Que nos impedem de pregar aos gentios. No sem um bom motivo que, conforme foi observado, ele entra em tantos detalhes ao expor a malcia dos judeus.62 Como eles se opunham furiosamente ao evangelho em toda a parte, surgia disto um grande obstculo, mais especificamente quando exclamavam que o evangelho era profanado por Paulo, quando o publicava entre os gentios. Por esta calnia eles causavam divises nas igrejas, tiravam dos gentios a es-perana da salvao, e obstruam o progresso do evangelho. Paulo, concor-demente, acusa-os deste crime de que viam a salvao dos gentios com in-veja, mas acrescenta que as coisas so assim para que a medida dos seus pecados se encha, a fim de remover deles toda a reputao de piedade; assim como, ao dizer antes que eles no agradavam a Deus (1 Ts 2:15), ele queria dizer que eram indignos de serem considerados entre os adoradores de Deus. Contudo, deve-se observar o modo de expresso, implicando que aqueles que perseveram em um caminho mau enchem deste modo a medida do seu juzo,63 at que faam dela um monto. Este o motivo pelo qual o castigo dos mpios geralmente adiado porque suas impiedades, por assim dizer, ainda no esto maduras. Atravs disto somos alertados de que devemos ter toda a cau-tela para que no ocorra que, acrescentando, de tempo em tempo,64 pecado a pecado, como geralmente acontece, o monto finalmente chegue at o cu.

    60 De Juif; De judeu. 61 A tout le corps du peuple; A todo o corpo do povo. 62 Il insiste si longuement a deschiffrer et toucher au vif la malice des Juifs; Ele insiste tanto em expor distintamente e alcanar, at a medula, a malcia dos judeus. 63 Et condemnation; E condenao. 64 Chacun jour; A cada dia.

  • 1 Tessalonicenses 21

    Mas a ira caiu. Ele quer dizer que eles se encontram em um estado absoluta-mente desesperado, porquanto so vasos da ira do Senhor. A justa vingana de Deus os oprime e os persegue, e no os deixar at que peream como o caso com todos os rprobos, que correm precipitadamente para a morte, pa-ra o que esto destinados. Contudo, o apstolo faz esta declarao quanto a todo o corpo do povo, de tal modo a no privar os eleitos de esperana. Pois, como a maior parte resistiu a Cristo, ele fala, verdade, de toda a nao em geral; mas devemos ter em vista a exceo que ele mesmo faz em Rm 11:5 de que o Senhor sempre ter alguma semente remanescente. Devemos sem-pre ter em vista o propsito de Paulo de que os fiis devem cuidadosamente evitar a associao com aqueles que a justa vingana de Deus persegue, at que peream em sua obstinao cega. Ira, sem qualquer termo adicional, signi-fica o juzo de Deus, como em Rm 4:15 a lei opera a ira; tambm em Rm 12:19 no deis lugar ira.

    1 TESSALONICENSES 2:17-20 17. Ns, porm, irmos, sendo privados de vs por um momento de tempo, de vista, mas no do corao, tanto mais procuramos com grande desejo ver o vosso rosto;

    17. Nos vero, fratres, orbati vobis ad tem-pus horae65 aspectu, non corde, abundan-tius studuimus faciem vestram videre in multo desiderio.

    18. Por isso bem quisemos uma e outra vez ir ter convosco, pelo menos eu, Pau-lo, mas Satans no-lo impediu.

    18. Itaque voluimus venire ad vos, ego quidem Paulus, et semel et bis, et obstitit nobis Satan.

    19. Porque, qual a nossa esperana, ou gozo, ou coroa de glria? Porventura no o sois vs tambm diante de nosso Se-nhor Jesus Cristo em sua vinda?

    19. Quae enim nostra spes, vel gaudium, vel corona gloriationis? annon etiam vos coram Domino nostro Iesu Christo in eius adventu?

    20. Na verdade vs sois a nossa glria e gozo.

    20. Vos enim estis gloria nostra et gaudi-um.

    17. Ns, porm, irmos, sendo privados de vs. Esta escusa foi acrescentada apropriadamente, para que os tessalonicenses no pensassem que Paulo os havia abandonado enquanto uma emergncia to grande exigia a sua presen-a. Ele falou acerca das perseguies que eles suportavam do seu prprio po-vo; ao mesmo tempo, ele, cujo dever era, acima de todos os outros, assisti-los, estava ausente. Anteriormente ele chamou-se a si mesmo de pai; ora, no o papel de um pai abandonar seus filhos em meio a tais angstias. Concorde-mente, ele previne todo indcio de desprezo e negligncia dizendo que no fora por falta de disposio, mas porque no tivera oportunidade. Tambm no diz simplesmente: Eu queria vir a vs, mas o meu caminho foi obstrudo; mas, pelos termos peculiares que emprega, exprime a intensidade do seu afeto: Quando, diz, fui privado de vs.66 Pela palavra privado, ele declara quo

    65 Pour un moment du temps; Por um momento de tempo. 66 A palavra original aqui bastante enftica. uma aluso quela aflio, ansiedade e relutncia do corao, com que os pais afetuosos, morrendo, se despedem dos seus

  • Comentrios de Calvino 22

    triste e aflitivo para ele era estar ausente deles.67 Isto seguido por uma ex-presso mais plena de seu sentimento de desejo que era com dificuldade que ele podia suportar a ausncia deles por um breve perodo de tempo. No de se admirar se a extenso do tempo causa cansao e tristeza; mas devemos ter um sentimento forte de apego, quando achamos difcil esperar sequer uma ni-ca hora. Ora, pelo espao de uma hora, ele quer dizer um breve perodo de tempo.

    Isto seguido por uma correo que ele estava separado deles na aparncia, no no corao para que soubessem que a distncia do espao de modo algum diminui o seu apego. Ao mesmo tempo, isto no poderia ser aplicado menos propriamente aos tessalonicenses, no sentido de que eles, de sua par-te, se sentiam unidos na mente, embora ausentes no corpo; pois no era de pequena importncia para o assunto em questo que ele declarasse quo ple-namente seguro estava do afeto deles em retribuio para com ele. Contudo, ele revela mais plenamente o seu afeto quando diz que tanto mais se esforou pois quer dizer que o seu afeto estava to longe de ser diminudo por deix-los, que havia sido ainda mais inflamado. Quando diz: uma e outra vez, ele de-clara que no fora um calor repentino, que rapidamente esfriou (como s vezes vemos acontecer), mas que esteve constante neste propsito,68 porquanto buscara vrias oportunidades.

    18. Satans no-lo impediu. Lucas relata que Paulo em certa ocasio fora impe-dido (At 20:3), porquanto os judeus colocaram uma emboscada para ele no caminho. A mesma coisa, ou algo semelhante, pode ter acontecido com fre-quncia. No sem um bom motivo, porm, que Paulo atribui tudo isto a Sata-ns, pois, como ensina em outro lugar (Ef 6:12), no temos de lutar contra a carne e o sangue, mas sim contra os principados do ar, contra as hostes espiri-tuais da maldade, etc. Sempre que os mpios nos molestam, eles lutam sob a bandeira de Satans, e so seus instrumentos para nos atormentar. Mais es-pecificamente, quando nossos esforos so direcionados para a obra do Se-nhor, certo que todas as coisas que impedem procedem de Satans; e quise-ra Deus que este sentimento fosse mais profundamente gravado nas mentes de todas as pessoas piedosas que Satans est continuamente planejando, por todos os meios, de que maneira pode impedir ou obstruir a edificao da Igreja! Certamente seramos mais cuidadosos em resistir-lhe; teramos mais cuidado em manter a s doutrina, da qual esse inimigo to sutilmente se esfor-a por nos privar. Tambm saberamos, sempre que o curso do evangelho detido, de onde procede o impedimento. Ele diz em outro lugar (Rm 1:13) que Deus no lhe havia permitido, mas as duas coisas so verdadeiras, pois, em-bora Satans faa a sua parte, Deus retm a autoridade suprema, abrindo um filhos, quando esto para deix-los rfos desamparados, expostos s injustias de um mundo impiedoso e mau, ou aquela tristeza de corao com que pobres rfos destitudos fecham os olhos de seus pais morrendo.Benson.Ed. 67 Le mot Grec signifie lestat dun pere qui a perdu ses enfans, ou des enfans qui ont perdu leur pere; A palavra grega denota a condio de um pai que perdeu seus filhos, ou de filhos que perderam seu pai. 68 Hujus propositi tenacem. Vede Hor. Od. 3, 3. 1. Ed.

  • 1 Tessalonicenses 23

    caminho para ns, sempre que lhe parea bom, contra a vontade de Satans, e a despeito da sua oposio. Concordemente, Paulo afirma com verdade que Deus no permite, embora o impedimento venha de Satans.

    19. Porque, qual a nossa esperana. Ele confirma aquele desejo ardoroso, do qual havia feito meno, porquanto tem a sua alegria de certo modo entesou-rada neles. A menos que eu me esquea de mim mesmo, necessariamente desejarei a vossa presena, pois sois a nossa glria e alegria. Ademais, quan-do ele os chama de sua esperana e coroa da sua glria, no devemos enten-der isto como significando que se gloriava em qualquer outro alm de Deus, e sim que podemos nos gloriar em todos os favores de Deus, em seu devido lu-gar, de tal modo que ele seja sempre o objeto do nosso alvo, conforme expli-quei mais detalhadamente na primeira Epstola aos Corntios.69 Contudo, de-vemos inferir a partir disto que os ministros de Cristo, no ltimo dia, conforme individualmente promoveram o seu reino, sero participantes de glria e triunfo. Portanto, que eles aprendam agora a no se regozijar e a se gloriar em nada alm do resultado prspero dos seus esforos, quando virem que a glria de Cristo promovida pela sua instrumentalidade. A consequncia ser que eles sero estimulados por aquele esprito de afeio pela Igreja que deveriam ter. A partcula tambm denota que os tessalonicenses no eram os nicos em quem Paulo triunfava, mas que eles tinham um lugar entre muitos. A partcula causal (pois), que ocorre quase que logo aps, empregada aqui no em seu sentido estrito, com o propsito de afirmar certamente vs sois.

    1 TESSALONICENSES 3:1-5 1. Por isso, no podendo esperar mais, achamos por bem ficar sozinhos em Ate-nas;

    1. Quare non amplius sufferentes censu-imus, ut Athenis relinqueremur soli:

    2. E enviamos Timteo, nosso irmo, e ministro de Deus, e nosso cooperador no evangelho de Cristo, para vos confortar e vos exortar acerca da vossa f;

    2. Et misimus Timotheum fratrem nostrum, et ministrum Dei, et cooperarium nostrum in evangelio Christi, ut confirmaret vos, et vobis animum adderet ex fide nostra,

    3. Para que ningum se comova por es-tas tribulaes; porque vs mesmos sa-beis que para isto fomos ordenados,

    3. Ut nemo turbaretur in his afflictio-nibus: ipsi enim nostis quod in hoc sumus cons-tituti.

    4. Pois, estando ainda convosco, vos predizamos que havamos de ser afligi-dos, como sucedeu, e vs o sabeis.

    4. Etenim quum essemus apud vos, prae-diximus vobis quod essemus afflictiones passuri; quemadmodum etiam accidit, et nostis.

    5. Portanto, no podendo eu tambm esperar mais, mandei-o saber da vossa f, temendo que o tentador vos tentasse, e o nosso trabalho viesse a ser intil.

    5. Quamobrem et ego non amplius susti-nens, misi ut cognoscerem fidem vestram: ne forte tentasset vos, is qui tentat, et exi-nanitus esset labor noster.

    69 Sur la premiere aux Corinth., chap. 1, d. 31; Sobre 1 Co 1:31.

  • Comentrios de Calvino 24

    1. Por isso, no podendo esperar mais. Pelo detalhe que segue, ele lhes asse-gura o desejo de que havia falado. Pois se, ao ser detido em outra parte, no houvesse enviado a Tessalnica outro em seu lugar, poderia parecer que no estava to preocupado com eles; mas, quando pe Timteo em seu lugar, ele remove essa desconfiana, mais especialmente quando prefere antes a eles do que a ele. Ora, que os considerava mais do que a ele, ele revela a partir disto que preferiu antes ficar sozinho do que eles ficarem abandonados; pois estas palavras, achamos por bem ficar sozinhos, so enfticas. Timteo era um companheiro mui fiel para ele naquela ocasio, no tinha outros consigo; por isso, era inconveniente e penoso para si ficar sem ele. Portanto, um sinal de rara afeio e desejo anelante que ele no se recuse a privar-se de todo o con-forto, com vistas a aliviar os tessalonicenses. Tem o mesmo sentido a palavra , que expressa uma pronta inclinao da mente.70

    2. Nosso irmo. Ele lhe designa esses sinais de recomendao, a fim de mos-trar com a maior clareza o quanto estava inclinado a considerar o bem-estar deles; pois, se lhes houvesse enviado uma pessoa comum, isto no poderia ter lhes fornecido tanta assistncia; e, porquanto Paulo teria feito isto sem incon-venincia para si, ele no teria dado nenhuma prova distintiva do seu cuidado paternal por eles. Por outro lado, algo notvel que ele se prive de um irmo e cooperador, e algum que, conforme declara em Fp 2:20, no encontrara igual porquanto todos visavam a promoo dos seus prprios interesses. Ao mes-mo tempo,71 ele assegura autoridade para a doutrina que eles haviam recebido de Timteo, a fim de que permanecesse mais profundamente gravada na me-mria deles.

    Contudo, com um bom motivo que ele diz que havia enviado Timteo com este objetivo para que recebessem uma confirmao da sua f atravs do seu exemplo. Eles poderiam ser intimidados por relatos desagradveis quanto a perseguies; mas a constncia destemida de Paulo era tanto mais adequa-da para anim-los, impedindo-os de recuarem. E, certamente, a comunho que deveria subsistir entre os santos e membros de Cristo se estende at aqui que a f de um a consolao de outros. Assim, quando os tessalonicenses ouviram que Paulo seguia com zelo infatigvel, e pela fora da f superava to-dos os perigos e todas as dificuldades, e que a sua f continuava vitoriosa em toda a parte contra Satans e o mundo, isto lhes trouxe no pequena consola-o. Ainda mais especialmente ns devemos, ou ao menos deveramos, ser estimulados pelos exemplos daqueles por quem somos instrudos na f, con-forme dito no final da Epstola aos Hebreus (Hb 13:7). Paulo, concordemente, quer dizer que eles deveriam ser fortalecidos pelo seu exemplo, no recuando sob as aflies. Porm, como eles poderiam ter se ofendido, caso Paulo tives-se nutrido um temor de que todos tivessem recuado sob as perseguies (por-quanto isto seria evidncia de excessiva desconfiana), ele suaviza esta aspe-reza dizendo: para que ningum, ou, para que nenhum. Havia, contudo, um

    70 Une affection prompte et procedante dun franc coeur; Uma disposio imedia-ta, procedente de uma mente bem disposta. 71 En parlant ainsi; Falando assim.

  • 1 Tessalonicenses 25

    bom motivo para temer isto, uma vez que em toda a sociedade sempre existem pessoas fracas.

    3. Porque vs mesmos sabeis. Como todos alegremente se isentariam da ne-cessidade de levar a cruz, Paulo ensina que no h razo para os fiis se sen-tirem desanimados por ocasio das perseguies, como se fosse algo novo e incomum, porquanto esta a nossa condio, a qual o Senhor nos atribuiu. Pois esta forma de expresso para isto fomos ordenados como se ele tivesse dito que somos cristos com esta condio. Contudo, ele afirma que eles sabem isto, porque convinha que lutassem com a maior bravura,72 visto que haviam sido prevenidos a tempo. Alm disso, as aflies incessantes tor-naram Paulo desprezvel entre as pessoas rudes e ignorantes. Por esta causa, ele afirma que nada lhe havia sucedido seno o que muito tempo antes, ma-neira de um profeta, havia predito.

    5. Temendo que o tentador vos tentasse. Por este termo ele nos ensina que as tentaes sempre devem ser temidas, porque o ofcio prprio de Satans tentar. Porm, assim como ele nunca deixa de colocar emboscadas para ns de todos os lados, e armar ciladas para ns por toda a parte, do mesmo modo devemos estar de vigilncia, zelosamente atentos. E agora ele diz abertamente o que no comeo havia evitado dizer, por ser muito duro que havia se preo-cupado com que seus esforos fossem vos, caso, talvez, Satans prevaleces-se. E isto faz para que eles estejam cautelosamente de guarda, e se animem com o maior vigor para a resistncia.

    1 TESSALONICENSES 3:6-10 6. Vindo, porm, agora Timteo de vs para ns, e trazendo-nos boas novas da vossa f e amor, e de como sempre ten-des boa lembrana de ns, desejando muito ver-nos,

    6. Nuper autem quum venisset Timotheus ad nos a vobis, et annuntiasset nobis fi-dem et dilectionem vestram, et quod bo-nam nostri memoriam habetis semper, desiderantes nos videre, quemadmodum et nos ipsi vos:

    7. Por esta razo, irmos, ficamos conso-lados acerca de vs, em toda a nossa aflio e necessidade, pela vossa f,

    7. Inde consolationem percepimus fratres de vobis, in omni tribulatione et necessita-te nostra per vestram fidem:

    8. Porque agora vivemos, se estais firmes no Senhor.

    8. Quia nunc vivimus, si vos stasis in Do-mino.

    9. Porque, que ao de graas podere-mos dar a Deus por vs, por todo o gozo com que nos regozijamos por vossa cau-sa diante do nosso Deus,

    9. Quam enim gratiarum actionem possu-mus Deo reddere de vobis, in omni gaudio quod gaudemus propter vos coram Deo nostro;

    10. Orando abundantemente dia e noite, para que possamos ver o vosso rosto, e supramos o que falta vossa f?

    10. Nocte ac die supra modum precantes, ut videamus faciem vestram, et supplea-mus quae fidei vestrae desunt?

    72 Plus vaillamment et courageusement; Mais valente e corajosamente.

  • Comentrios de Calvino 26

    Ele revela aqui, por meio de outro argumento, por que afeio extraordinria era impulsionado para com eles, porquanto fora transportado praticamente pa-ra fora dos seus sentidos pelas alegres notcias de que estavam em uma con-dio prspera. Pois devemos notar as circunstncias que ele relata. Ele esta-va em aflio e necessidade; portanto, poderia parecer que no houvesse lugar para nimo. Mas, quando ouve o que era muito desejado por ele com respeito aos tessalonicenses, como se todo o seu sentimento de angstia tivesse se extinguido, ele impelido alegria e congratulao. Ao mesmo tempo ele con-tinua, por graus, exprimindo a grandeza da sua alegria, pois afirma, antes de tudo: ficamos consolados; depois, fala de um gozo que fora abundantemente derramado.73 Esta congratulao,74 porm, tem a fora de uma exortao; e a inteno de Paulo era incitar os tessalonicenses perseverana. E, segura-mente, deve ter sido um mui forte despertamento, quando souberam que o santo apstolo sentira to grande consolao e alegria pelo progresso da pie-dade deles.

    6. F e amor. Esta forma de expresso deveria ser mais atentamente observa-da por ns em proporo frequncia com que utilizada por Paulo, pois, nes-tas duas palavras, ele inclui brevemente toda a importncia da verdadeira pie-dade. Por isso, todos os que miram neste duplo alvo durante toda a sua vida esto fora de qualquer perigo de errar; todos os outros, por mais que se tortu-rem, vagueiam miseravelmente. A terceira coisa que ele acrescenta quanto sua boa lembrana por eles refere-se ao respeito nutrido pelo Evangelho. Pois no era por outra razo que eles tinham Paulo em tanto afeto e estima.

    8. Porque agora vivemos. Aqui se mostra ainda mais claramente que Paulo quase que se esqueceu de si mesmo por amor aos tessalonicenses, ou, ao menos, tendo por si mesmo uma mera considerao secundria, devotou seus primeiros e melhores pensamentos a eles. Ao mesmo tempo, ele no fez isso tanto por afeio a homens do que por um anelo pela glria do Senhor. Pois o zelo por Deus e Cristo ardiam em seu peito santo a tal ponto que, de certo mo-do, tragava todas as outras ansiedades. Vivemos, diz ele, ou seja, estamos em boa sade, se estais firmes no Senhor. E, sob o advrbio agora, ele repete o que havia dito antes que havia estado grandemente oprimido pela aflio e necessidade; por outro lado, declara que qualquer mal que sofrer em sua pr-pria pessoa no impedir a sua alegria. Ainda que em mim mesmo esteja mor-to, em vosso bem-estar eu vivo. Atravs disto todos os pastores so admoes-tados quanto a que tipo de relao deve subsistir entre eles e a Igreja que eles se considerem felizes quando vai bem Igreja, ainda que estejam em ou-tros aspectos cercados por muitas misrias; e, por outro lado, que se consu-mam de tristeza e angstia quando virem o edifcio que construram em estado de decomposio, ainda que as coisas de outro modo estejam alegres e prs-peras.

    73 Ample et abondante; Grande e abundante. 74 Ceste faon de tesmoigner la joye quil sent de la fermete des Thessaloniciens; Esta maneira de testificar a alegria que ele sente na firmeza dos tessalonicenses.

  • 1 Tessalonicenses 27

    9. Porque, que ao de graas. No satisfeito com uma simples afirmao, ele sugere quo extraordinria a grandeza da sua alegria, questionando-se que ao de graas pode render a Deus; pois, falando assim, ele declara que no pode encontrar uma expresso de gratido que alcance a medida da sua ale-gria. Ele afirma que se regozija diante de Deus, ou seja, verdadeiramente e sem qualquer pretenso.

    10. Orando abundantemente. Ele volta a uma expresso acerca do seu desejo. Pois nunca nos permitido congratularmos a homens, enquanto vivem neste mundo, em termos to imprprios que nem sempre desejemos algo melhor pa-ra eles. Pois eles ainda esto no caminho podem recuar, se desviar, ou mesmo voltar atrs. Por isso, Paulo est desejoso de ter oportunidade de suprir o que falta f dos tessalonicenses. Mas a partir disto inferimos que aqueles que ultrapassam em muito a outros ainda esto muito distantes do alvo. Por isso, independentemente do progresso que possamos ter feito, tenhamos sem-pre em vista as nossas deficincias ()75 para que no sejamos relu-tantes em mirar em algo mais alm.

    Atravs disto tambm se mostra quo necessrio que prestemos cuidadosa ateno doutrina, pois os mestres76 no foram designados meramente com vistas a guiar os homens, no curso de um s dia ou ms, f de Cristo, mas com o propsito de aperfeioar a f que foi iniciada. Mas, quanto a Paulo rei-vindicar para si o que em outro lugar ele declara pertencer peculiarmente ao Esprito Santo (1 Co 14:14), isto deve ser restrito ao ministrio. Ora, como o ministrio de um homem inferior eficcia do Esprito, e, para usar a expres-so comum, subordinado a ele, nada dele diminudo. Quando afirma que orava dia e noite fora de qualquer medida comum,77 podemos deduzir a partir destas palavras como ele era assduo ao orar a Deus, e com que ardor e dedi-cao cumpria esse dever.

    1 TESSALONICENSES 3:11-13 11. Ora, o mesmo nosso Deus e Pai, e nosso Senhor Jesus Cristo, encaminhe a nossa viagem para vs.

    11. Ipse autem Deus et Pater noster, et Dominus noster Iesus Christus viam nos-tram ad vos dirigat.

    75 . Afterings of faith, conforme se pode significativamente tra-duzir, mas que seja perdoada a novidade da expresso.Howes Works, (London, 1822,) volume 3, pgina 70.Ed 76 Les Docteurs et ceux qui ont charge denseigner en lEglise; Os mestres e a-queles que tm a tarefa de instruir na Igreja. 77 Noite e dia orando excessivamente Suplicando a Deus em todo o tempo; mistu-rando isto com todas as minhas oraes; , abundando e superabundando em minhas splicas a Deus, para que me permita revisitar-vos.Dr. A. Clarke.Ed.

  • Comentrios de Calvino 28

    12. E o Senhor vos aumente, e faa cres-cer em amor uns para com os outros, e para com todos, como tambm o fazemos para convosco;

    12. Vos autem Dominus impleat et abun-dare faciat caritate mutua inter vos et erga omnes: quemadmodum et nos ipsi affecti sumus erga vos:

    13. Para confirmar os vossos coraes, para que sejais irrepreensveis em santi-dade diante de nosso Deus e Pai, na vin-da de nosso Senhor Jesus Cristo com todos os seus san-tos.

    13. Ut confirmet corda vestra irreprehensi-bilia, in sanctitate coram Deo et Patre nos-tro, in adventu Domini nostri Iesu Christi, cum omnibus sanctis eius.

    11. Ora, o mesmo Deus. Agora ele faz orao para que o Senhor, tendo remo-vido os obstculos de Satans, possa abrir uma porta para ele e ser como que o guia e condutor do seu caminho aos tessalonicenses. Atravs disto ele suge-re que no podemos dar um passo com sucesso,78 a no ser sob a orientao de Deus; mas que, quando ele estende a sua mo, em vo que Satans em-prega todos os esforos para mudar a direo da nossa jornada. Devemos ob-servar que ele atribui o mesmo ofcio a Deus e a Cristo, uma vez que, sem sombra de dvida, o Pai no concede nenhuma bno sobre ns exceto atra-vs da mo de Cristo. Porm, quando assim fala de ambos nos mesmos ter-mos, ele ensina que Cristo possui divindade e poder em comum com o Pai.

    12. E o Senhor vos aumente. Aqui temos outra orao que, enquanto isso, embora seu caminho esteja obstrudo, o Senhor, durante a sua ausncia, pos-sa confirmar os tessalonicenses em santidade, e ench-los de amor. E, a partir disto, aprendemos novamente em que consiste a perfeio da vida crist em amor e pura santidade do corao, que flui da f. Ele recomenda o amor mutu-amente nutrido de uns para com os outros, e depois para com todos, pois, as-sim como conveniente que tenha incio com aqueles que so da famlia da f (Gl 6:10), do mesmo modo o nosso amor deve se dirigir a toda a raa humana. Ademais, assim como a conexo mais prxima deve ser nutrida,79 do mesmo modo no devemos negligenciar aqueles que esto distantes de ns, impedin-do-os de manter o seu lugar apropriado.

    Ele queria que os tessalonicenses abundassem em amor e fossem cheios dis-to, porque, na medida em que fazemos progresso no conhecimento de Deus, o amor aos irmos deve, ao mesmo tempo, aumentar em ns, at que tome pos-se de todo o nosso corao, o amor corrupto do eu sendo extirpado. Ele ora para que o amor dos tessalonicenses possa ser aperfeioado por Deus suge-rindo que o seu aumento, no menos do que o seu comeo, provinha de Deus somente. Por isso, fica evidente que papel absurdo fazem aqueles que medem a nossa fora pelos preceitos da lei divina. O fim da lei o amor, diz Paulo (1 Tm 1:5), contudo ele mesmo declara que isto obra de Deus. Portanto, quando Deus abaliza a nossa vida,80 ele no olha para o que podemos fazer, mas exi- 78 Nous ne pouvons dun cost ne dautre faire un pas qui proufite et viene a bien; No podemos dar um passo de um lado nem de outro que seja proveitoso ou prspe-ro. 79 Il faut recognoistre et entretenir; Devemos reconhecer e manter. 80 Nous prescrit en ses commandemens la regle de vivre; Prescreve-nos em seus mandamentos a regra da vida.

  • 1 Tessalonicenses 29

    ge de ns o que est acima da nossa fora, para que aprendamos a buscar dele poder para cumpri-lo. Quando diz: como tambm ns para convosco, ele os estimula pelo seu prprio exemplo.

    13. Para confirmar os vossos coraes. Ele emprega o termo coraes aqui para se referir conscincia, ou a parte mais interior da alma; pois quer dizer que um homem aceitvel a Deus somente quando traz a santidade de cora-o; ou seja, no meramente exterior, mas tambm interiormente. Mas questi-ona-se se por meio da santidade podemos ficar de p no tribunal de Deus, pois, nesse caso, qual o propsito da remisso dos pecados? Contudo, as palavras de Paulo parecem implicar isto: que as suas conscincias fossem ir-reprovveis em santidade. Eu respondo que Paulo no exclui a remisso dos pecados, atravs da qual ocorre que a nossa santidade, que de outro modo est misturada em muitas contaminaes, aceita aos olhos de Deus; pois a f, pela qual Deus apaziguado em relao a ns, perdoando as nossas fal-tas,81 precede tudo o mais, assim como o fundamento vem antes da constru-o. Contudo, Paulo no nos ensina como ou quo grande a santidade dos crentes pode ser, mas deseja que ela possa aumentar, at que alcance a sua perfeio. Por esta causa diz: na vinda de nosso Senhor, querendo dizer que a concluso das coisas que o Senhor agora comea em ns dilatada at essa ocasio.

    Com todos os seus santos. Esta clusula pode ser explicada de duas maneiras ou como significando que os tessalonicenses, com todos os santos, podem ter coraes puros na vinda de Cristo, ou que Cristo vir com todos os seus santos. Embora eu adote este segundo sentido, no que diz respeito constru-o das palavras, ao mesmo tempo no tenho dvida de que Paulo empregou o termo santos com o propsito de nos admoestar que somos chamados por Cristo com esta finalidade para que sejamos reunidos com todos os seus santos. Pois esta considerao deveria estimular o nosso desejo de santidade.

    1 TESSALONICENSES 4:1-5 1. Finalmente, irmos, vos rogamos e exortamos no Senhor Jesus, que assim como recebestes de ns, de que maneira convm andar e agradar a Deus, assim andai, para que possais progredir cada vez mais.

    1. Ergo quod reliquum est, fratres, roga-mus vos et obsecramus in Domino Iesu, quemadmodum accepistis a nobis, quo-modo oporteat vos ambulare et placere Deo, ut abundetis magis:

    2. Porque vs bem sabeis que manda-mentos vos temos dado pelo Senhor Je-sus.

    2. Nostis enim quae praecepta dederimus vobis per Dominum Iesum.

    3. Porque esta a vontade de Deus, a vossa santificao; que vos abstenhais da prostituio;

    3. Haec enim est voluntas Dei, sanctifica-tio vestra: ut vos abstineatis ab omni scor-tatione.

    4. Que cada um de vs saiba possuir o 4. Et sciat unusquisque vestrum suum vas

    81 Nous fautes et infirmitez vicieuses; Nossas faltas e culpveis fraquezas.

  • Comentrios de Calvino 30

    seu vaso em santificao e honra; possidere in sanctificatione et honore:

    5. No na paixo da concupiscncia, co-mo os gentios, que no conhecem a Deus.

    5. Non in affectu concupiscentiae, que-madmodum et Gentes, quae non noverunt Deum.

    1. Finalmente. Este captulo contm vrias injunes, pelas quais ele educa os tessalonicenses para uma vida santa, ou os confirma no seu exerccio. Eles haviam aprendido antes qual era a regra e o mtodo de uma vida piedosa; ele invoca isto memria deles. Assim como, diz ele, aprendestes. Contudo, para que no parecesse retirar deles o que lhes havia anteriormente determinado, ele no os exorta simplesmente a andarem de tal modo, mas a abundar mais e mais. Portanto, quando os incita a fazerem progresso, ele sugere que j esto no caminho. A suma que eles deveriam ser ainda mais cuidadosos em faz