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capa junho. ok.qxd 15/9/2004 13:47 Page 2 - Junho.pdf · Hoje, todas as pessoas estão com pressa. Quando alguém burla um lugar na fila, ... E a resposta mais comum que se pode mostrar,

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Chico, você acha que o espíritodeve doar as suas córneas? Nãohaveria nesse caso repercussõespara o lado do perispírito, uma vezque elas devem ser retiradasmomentos após a desencarnaçãodo indivíduo?Chico - Sempre que a pessoa cul-tive desinteresse absoluto em tudoaquilo que ela cede para alguém,sem perguntar ao beneficiado o quefez da dádiva recebida, sem desejarqualquer remuneração, nemmesmo aquela que a pessoahumana habitualmente espera como nome de compreensão, semaguardar gratidão alguma, isto é, sea pessoa chegou a um ponto deevolução em que a noção da possenão mais a preocupa, esta criaturaestá em condições de dar, porquenão vai afetar o perispírito em coisaalguma.No caso contrário, se a pessoa prej-udicada por isso ou aquilo no cursoda vida, ou tenha receio de perderutilidades que julga pertencer-lhe,esta criatura traz a mente vinculada

ao apego a determinadas vantagensda existência e com certeza, após amorte do corpo, se inclinará parareclamações descabidas, gerandoperturbação em seu próprio campoíntimo.Se a pessoa tiver qualquer apego àposse, inclusive dos objetos, daspropriedades, dos afetos, ela nãodeve dar, porque ela se per-tubará.

*É verdade que desde a partida deNosso Senhor Jesus Cristo nãose passou nenhum século semque um dos apóstolos estivessereencarnado na Terra?Chico - Essa verdade tem sidocomentada por Emmanuel emmuitas dissertações e eu acreditocom sinceridade nesta declaraçãodo nosso amigo espiritual, porquenão acredito que o SENHOR nosdeixasse abandonados à mercê denossas paixões.

(extraído de CHICO DE FRANCISCO de Adelino da Silveira (CEU)e KARDEC PROSSEGUE de Adelino da Silveira (CEU)).

As Lições de Chico Xavier

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SUMÁRIO

Em “O EVANGELHO SEGUNDO OESPIRITISMO”, Item 16

“Entre essas estrelas que cintilamna abobada azulada, quantosmundos há, como o vosso,designados pelo Senhor para aexpiação e a prova! Mas hátambém mais miseráveis emelhores, como os há transitóriosque se podem chamar deregeneradores. Cada turbilhãoplanetário, correndo no espaço aoredor de um foco comum, arrastaconsigo esses mundos primitivosde exílio, de prova, de regeneraçãoe de felicidade. Já vos falaramdesses mundos onde a almanascente é colocada, quando,ignorante ainda do bem e do mal,pode caminhar para Deus, senhorade si mesma, na posse do seu livrearbítrio: já vos foi dito de queimensas faculdades a alma estádotada para fazer o bem, mas ah!existem as que sucumbem, e Deus,não querendo seu aniquilamento,lhes permite ir para esses mundosonde, de encarnação emencarnação, elas se depuram, seregeneram, e se tornarão dignas daglória que lhes estava reservada!”.

COMUNICAÇÃOESPIRITISMO ATRAI ITALIANOS

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SERVIÇOSÉRIE ACONTECEU COM...

(4ª PARTE)

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CIÊNCIADESCONFORTO, DESPRAZER E TÉDIO

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PANORAMAPOMADA DO VOVÔ PEDRO

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JUVENTUDEO JOVEM E SEUS PROBLEMAS

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EDUCAÇÃOASCENÇÃO ESPIRITUAL

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Conversa BreveKardec AfirmaA Vida ContinuaChico e EmmanuelAs Lições de Chico XavierMensagens

ASSUNTOS

OUTROS...

REVISTA ESPÍRITA MENSALANO XXVIII Nº332

JUNHO 2004

Kardec Afirma

Mensagem da capa

EXPE

DIE

NTE

“INFORMAÇÃO”:é registrada na D.C.D.P. Do D.P.F. sob n.1702(Portaria 209/73) - publicada pelo Grupo Espírita“Casa do Caminho” - Jornalista responsável:Zancopé Simões (Reg. 10.162) - Redação: Rua Souza Caldas, 343 - Fone: (11) 6097-5700Correspondência:Cx Postal: 45.307 - Ag. VI. Mariana/São Paulo (SP),

“INFORMAÇÃO” não se responsabiliza pelosconceitos e opiniões emitidos pelos seusentrevistados ou articulistas

Edição, Fotolito e Impressão: VAN MOORSEL,ANDRADE & CIA. LTDA.Rua Souza Caldas, 343 - São Paulo - SP

“ Seja qual for, porém, a sua prova emsi, erga a própria cabeça, ponha osolhos no alto e retome a tarefa em quedeva servir confiando-te a Deus, porqueDeus proverá e em Deus qualquerproblema achará solução”.

André Luiz

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Para superar aflições e constrangimentos em qualquer circunstância,é preciso, antes de tudo, compreender as pessoas e as situaçõesdifíceis que apareçam, capazes de inclinar-nos para a sombra daangústia.Alcançar o entendimento, no entanto, demanda o exercício dafraternidade constante.Quando a prova surja à frente, asserena-te e reflete.Se os empreiteiros da perturbação estivessem conscientizados,quanto às responsabilidades que assumem, fugiriam de qualquerindução ao desequilíbrio.Se os perseguidores de qualquer procedência conseguissemperceber as dívidas a que se enredam renunciariam a isso ou aquilo,em favor daqueles aos quais pretendam impor sofrimento oudominação.Quando o agressor lança a palavra de injúria, se fosse previamenteinformado sobre as conseqüências de semelhante resolução, decertose recolheria ao silêncio.Quando o delinqüente se dispõe a desferir o golpe destruidor sobrealguém, se pudesse prever o quanto lhe doerão os resultados daação infeliz, preferiria haver nascido sem os braços que lhecorrespondem a periculosidade e ao furor.Em qualquer momento de crise, pensa nos irmãos outros que tecercam - tão filhos de Deus quanto nós mesmos - e coopera na pazde todos. Especialmente em auxílio daqueles que se façam instrumentos deinquietações e de lágrimas, ora sempre e ajuda, quanto possível, asocorrências que os favoreçam para que não se lhes agrave o peso daculpa.Diante de todos os episódios constrangedores, silencia, onde nãopossas auxiliar.E, perante problemas de julgamento, onde estejas, usa acompreensão antes de tudo, por presença da caridade, porque oentendimento te suscitará compaixão e compadecendo-te, acertarás.

Emmanuel (Psicografia F. C. Xavier)

CONVERSA BREVE

COMPREENSÃO SEMPRE

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Náo dá para negar. O Espiritismo eos temas a ele relacionados estãomesmo despertando crescenteinteresse no público da Itália. Ospróprios fatos confirmam esta verdade.Um dos mais recentes foi registrado nodia 21 de junho, quando a emissora detelevisão “Radioaudizione Italiana”,popularmente conhecida comoRAI,transmitiu pelo canal 29 da NET,entre as 10 e 12 horas - horários doBrasil - e ao vivo, uma entrevistasobre o tema “ Você tem medo dodemônio?”.A exemplo de outras experiênciasque a RAI teve ao abordar assuntosdesta natureza, o sucesso daentrevista já era esperado, tanto quea gravação ocorreu no espaçosoanfiteatro da emissora, onde seformou uma platéia deaproximadamente 400 pessoas. Namesa diretora tomaram parteconhecidos estudiosos dafenomenologia paranormal em terrasitalianas.Os debates foram iniciados pelodemonólogo e membro do Colégiodos Mestres Teólogos da Santa Fé(Vaticano), Dom Gabriele Amorzi,para quem a incorporação dosEspíritos é obra exclusiva dodemônio, não crendo, contudo, queas demais comunicações medianímicaspertençam ao mesmo autor, mas simaos anjos. Muito sereno e seguro nadefesa das suas idéias, o sacerdote,que é também fundador-presidenteda Associação dos ExorcistasItalianos, demonstrou conhecimentosao fazer referências a práticasmediúnicas de religiões nascidas do

sincretismo religioso no Brasil. Edefendeu a divulgação do quechamou de “um alto Espiritismo” parareduzir a disseminação de crençascomo essas em solo italiano.A palavra a seguir foi dada à espíritaGabriella Leonardi, que esclareceunão haver alto nem baixo Espiritismo,mas sim aquele Codificado por AllanKardec, também chamado deDoutrina Espírita. Afirmou ainda estarem contato constante, continuado,com dezenas de Espíritos, inclusivecom aqueles parentes que rumarampara a eternidade. “Nenhum dessesEspíritos amigos me trouxe notícia dodemônio e não me falaram daresidência do mesmo, isto é, nãofalaram de inferno” - conclui.A essa altura, os telefones,especialmente disponibilizados parao programa, não paravam de tocar. Efoi graças a uma dessas ligações queGabriella pôde dar outro valiosoesclarecimento, ao responder àpergunta de um telespectador, quequis saber como se deve procederpara realizar uma reunião mediúnicacomo total segurança.Respondeu a entrevistada: “Primeiracondição, o recolhimento. A segunda,a prece; e a terceira, a intenção dospresentes à reunião e os objetivos aserem alcançados”. E completou:“Não esperem nenhuma comunicaçãode Espíritos que estejam muito acimado padrão moral dos componentesda referida reunião. Pela seriedade,pela boa intenção, pelos bonspropósitos, é que se atrai os bonsEspíritos, dificultando a intromissãode entidades mal-intencionadas”.

COMUNICAÇÃO

ESPIRITISMO ATRAIITALIANOS

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Dentro do respeito que presidiu aconversação, Dom Gabriele Amorzicomplementou sua resposta anterior,que, de certa forma, em muito seenquadrou na explicação dada pelaespírita Gabriella: “Não quero dizerque não haja comunicações sérias,as chamadas ‘comunicaçõessublimes’, visto que os anjos(Espíritos elevados) mantiveramcontinuado intercâmbio nos temposapostólicos, e nos tempos modernostemos ouvido falar que algumascomunicações chegam através decertos sensitivos. Na minhaconcepção, e como sacerdote, nãonegaria a intervenção do Sublime. Oque existe, e é notório, é o fato dahumanidade pensar mais em servirao mal que ao bem, e isto cria umcampo eletivo, favorável à ação dosespíritos demoníacos”.Com os índices de audiênciacrescendo, cada vez mais assuntosinteressantes iam sendo levantados.O espiritualista Antonio Tagliaferro,da cidade de Ferrara, tambémfazendo parte da mesa, apresentougrande quantidade de mensagenspsicografadas, obtidas no círculo aque pertence. Todas elas, segundoele, submetidas à meticulosa análisede conteúdo e forma e constatadamenteautênticas. Uma delas foi lida porTagliaferro, versando sobre ainterpretação que a maioria daspessoas têm a respeito da atuaçãodo seu Espírito protetor, por elaschamado de “anjo guardião”: “O anjoguardião não se propõe a resolver osproblemas do protegido. Ajuda-o acarregar os fardos das provas,dando-lhe forças e persistência, semqualquer milagre”.

Neste ponto Antônio Tagliaferro foiinterrompido por uma pessoa noauditório, que desejava saber onome do seu espírito protetor. Ao querespondeu ao entrevistado: “Ele nãotem nome, mas se quiser, chame-ode amigo”. E prosseguiu a leitura: “Oanjo guardião, ou anjo protetor, nãoaltera o roteiro reencarnatório doprotegido, em respeito ao livre-arbítrio do encarnado”.Ao final, aplausos do públicorevelaram a emoção daquelemomento e o alcance daquelamensagem, que em seu conteúdorevela e confirma muito dosensinamentos trazidos pelos Amigosdo Mundo Maior à humanidadeatravés das Obras da Codificação esubsidiárias.Com a duração de duas horas, oprograma da RAI teve muitos outrosmomentos para se guardar namemória, dando ensejo também àrealização de uma autênticamanifestação mediúnica, que emmuito fêz recordar os primórdios doEspiritismo, como puderam constataro mediador do debate - queacompanhou tudo de perto; oauditório e, é claro, todos os quetiveram a felicidade de sintonizar aRAI naquele momento - da Itália e deoutras partes do mundo.A manifestação ocorreu após serdada a palavra ao experimentador eestudioso de fenômenos dematerialização e efeitos físicosFrancesco Chimello. O pesquisadorcomeçou dissertando sobre osgrandes médiuns que colaboravam,através dos efeitos visuais epalpáveis, para a divulgação dosensinos dos Espíritos. Em dado

COMUNICAÇÃO

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momento de sua preleção, contudo,e para a surpresa geral, ele colocou-se à disposição do programa pararealizar uma pequena demonstraçãodo que acabara de falar. A proposta,não é difícil de imaginar, logo foiaceita.Chimello, então, apresentou ummembro de sua equipe como sendoum médium de materializações, “comgrande dose de ectoplasma” - comodefiniu - e capaz de auxiliar osEspíritos simpáticos e seu grupo naexecução daquela tarefa.A pedido de Chimello, o auditóriocolocou-se em completo silênciopara não atrapalhar o transemediúnico. Em poucos instantes aatenção de todos recaiu sobre umapequena mesinha, no centro docenário, a cerca de dois metros dedistância do médium e dos demaisconvidados do programa. Movida pormãos invisíveis, a mesa começou aapresentar sinais de movimentos,como ocorria com as famosas“mesas girantes”, ao tempo de AllanKardec. Em poucos segundos, amesinha girou diversas vezes edepois elevou-se a algunscentímentros do chão. A emoção foigeral e tão logo o médium despertoudo transe, retomando o comando doseu corpo, o auditório, em peso,aplaudiu o acontecimento.O episódio, com certeza, entrarápara a história do Espiritismo naItália, onde, a cada dia, mais e maisvêm se consolidando as verdadestrazidas pela Terceira Revelação.Hoje, vale recordar, já são muitos os

grupos de estudo e prática damediunidade surgidos na Itália nosmoldes preconizados pela DoutrinaEspírita, através das obras daCodificação e subsidiárias, como, porexemplo, a Associação AllanKardec (Via Dalmazia, 105 - 70100Bari - tel. 080 5211274) e aFederação Italiana para a EvoluçãoEspiritual (Via Machiavell, 2 - Milão -tel. 0248006475).Também é profícua a divulgação dasidéias espíritas através daimprensa,que possui publicaçõesespecialmente voltadas às questõesda imortalidade da alma, dentre asquais se destacam o jornal“L’Aurora” (Largo Pietá 9 -Camerino - 62032 Macerata), arevista “Luce e Ombra” (PiazzaAzzarita, 5 - 40122 Bologna) e a“Rivista II Fuoco” (Via GiacintoCarini, 28 - 00152 Roma).Em se tratando de divulgação, omovimento espírita italiano aindaconta com um precioso aliado noBrasil, as Casas Fraternais ONazareno (Rua Dr. Cesário Mota,41 -Centro - CEP 09010-100 SantoAndré, SP - tel. (11) 4990-6688), quetraduz e edita consagradas obrasespíritas, de autores encarnados edesencarnados, para o idiomaitaliano, inclusive as da lavramediúnica do saudoso Chico Xavier,José Raul Teixeira e Divaldo PereiraFranco, entre outros.

FONTESEI, nº 1899 e 1893

COMUNICAÇÃO

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SERVIÇO

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... DR. BEZERRA DE MENEZESDigno de registro foi um caso sucedidocom o Dr. Bezerra de Menezes, quandoainda era estudante de Medicina. Eleestava em sérias dificuldades financeiras,precisando da quantia de cinqüenta milréis (antiga moeda brasileira), parapagamento das taxas da Faculdade epara outros gastos indispensáveis em suahabitação, pois o senhorio, sem qualquercontemplação, ameaçava despejá-lo.Desesperado -- uma das raras vezes emque Bezerra se desesperou na vida -- ecomo não fosse incrédulo, ergueu osolhos ao Alto e apelou a Deus.Poucos dias após bateram- lhe à porta.Era um moço simpático e de atitudespolidas que pretendia tratar algumasaulas de Matemática.Bezerra recusou, a princípio, alegandoser essa matéria a que mais detestava,entretanto, o visitante insistiu e porfim, lembrando-se de sua situaçãodesesperadora, resolveu aceitar.O moço pretextou então que poderiaesbanjar a mesada recebida do pai, pediulicença para efetuar o pagamento detodas as aulas adiantadamente. Apósalguma relutância, convencido, acedeu. Omoço entregou- lhe então a quantia decinqüenta mil réis. Combinado o dia e ahora para o início das aulas, o visitantedespediu- se, deixando Bezerra muitofeliz, pois conseguiu assim pagar oaluguel e as taxas da Faculdade.Procurou livros na biblioteca pública parase preparar na matéria, mas o rapaznunca mais apareceu.Muitos anos mais tarde (corria o ano de1894), alguns confrades, tendo à frente oDr. Bittencourt Sampaio, resolveramconvidar Bezerra a fim de assumir apresidência da Federação EspíritaBrasileira.A dada altura da conversação, comentaBezerra de Menezes:- A assistência aos necessitados está

adotando exclusivamente a Homeopatiano tratamento dos enfermos, terapêuticaque eu adoto em meu tratamento pessoal,no de minha família e recomendo aosmeus amigos, sem ser, entretanto,médico homeopata. Isto aliás me temcriado sérias dificuldades, tornando- meum médico inútil e deslocado que não crêna medicina oficial e aconselha a dosEspíritos, não tendo assim o direito deexercer a profissão.- E por que não te tornas médicohomeopata? disse Bittencourt.- Não entendo patavinas de Homeopatia.Uso a dos Espíritos e não a dos médicos.Nessa altura, o médium Frederico Júnior,incorporando o Espírito de S. Agostinho,deu um aparte:- Tanto melhor. Ajudar-te-emos com maiorfacilidade no tratamento dos nossos irmãos.- Como, bondoso Espírito? Tu me sugeresviver do Espiritismo?- Não, por certo! Viverás de tua profissão,dando ao teu cliente o fruto do teu saberhumano, para isso estudando Homeopatiacomo te aconselhou nosso companheiroBittencourt. Nós te ajudaremos de outromodo: Trazendo- te, quando precisares,novos discípulos de Matemática . . .

... BATUÍRAEm meados de 1904, onze milexemplares do jornal de Batuíraespalhavam-se pelo Brasil. Incessantesesforços despendeu ele para elevar atiragem a este número, o mais altoatingido neste nova fase, por assim dizer.Muito dinheiro saiu de seus bolsos, já queas assinaturas somavam uma quantiairrisória. Por volta de 1902 foi ele obrigadoaté a vender uma série de casaslocalizadas na Rua Espírita e na rua doLavapés, a fim de melhorar a sua situaçãomonetária.Mas não era apenas esse periódico quepesava nas finanças de Batuíra. Espíritocheio de bondade, coração aberto a todas

SÉRIE ACONTECEU COM...(4ª PARTE)

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SERVIÇO

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as desventuras, repartia também com osnecessitados o fruto de suas economias.Na sua casa, declaram os jornais daépoca, a caridade manifestava-se emtudo. Jamais o socorro ali foi negado,jamais o pão ou a esmola foram recusados.Certa feita, conta a tradição pela voz dopovo, um dos pobres que viviam sob oseu teto lhe roubou o relógio e a correntede ouro. Todos se revoltaram com aingratidão daquele infeliz e seprontificaram a prendê-lo e a entregá-loàs autoridades policiais. Batuíra,entretanto, sem se preocupar com o fato,serenamente e com profundo espíritoevangélico respondeu:- Deixai-o ir; quem sabe precisa mais doque eu?!...

... CHICO XAVIERComo sempre, estava o grupo de Chicoreunido para o habitual culto doEvangelho ao ar livre. O Evangelhooferecia à meditação, o item 7 do cap. IX,"A Paciência".Vários companheiros comentam o temacom muita propriedade; a tônica dosapontamentos verbais gira em torno dapaciência no lar.O sr. Weaker pede então a Chico Xavierpara falar alguns minutos.Lembrando a presença de Emmanuel,Chico começa a discorrer com omagnetismo que lhe é próprio:- Vivemos com o tempo muito dividido;muitas atividades nos chamam aatenção... Levantamos sempre com umnoticiário nos ouvidos, apelos diversosnos desviam a atenção do que gostaríamosde preservar: serenidade. A paciência éuma bênção que podemos colher nameditação, na oração e, sobretudo, emsermos úteis... A cada momento somostestados em matéria de paciência portodos os lados.E Chico prossegue, ante o silêncio detodos os que ali estavamos para aprendercom um homem que se fez "porta-voz"das Esferas Mais Altas:

- A cidade é uma casa maior; se na casasomos chamados à tolerância, dentro dacidade, igualmente... É muito importanteque não venhamos a reagir; não passarrecibos em ofensas, na rua ou notrabalho. Hoje, todas as pessoas estãocom pressa. Quando alguém burla umlugar na fila, rebelamo-nos... Nãoestamos endossando a desordem, masprecisamos compreender. Um traumaemocional se comunica ao corpo todo.Talvez que 60% a 80% de nossasdoenças, ou dos donos das doenças,foram adquiridas através dos choques, daintolerância, das ofensas, da falta deperdão.E Chico observa o ensino de Jesus:"Perdoar não sete vezes, mas setentavezes sete... matematicamente, 490vezes"; e diz:- Lá pela centésima vez que estivermosperdoando, falaremos: você já estáperdoado para sempre... Eu não vou ter otrabalho de perdoá-lo mais!Todos sorrimos bastante. Chico é assim:primeiro ensina, tocando fundo oscorações; depois cria um ambiente dedescontração, em que as tensões sevejam aliviadas.E arrematando a lição da paciência:- O mais difícil não é viver, é conviver.Existem pessoas que gostam muito deusar a franqueza, mas é uma franquezaque joga todo mundo no chão.De fato, ficamos a meditar. Às vezes,usamos o látego da Verdade paravergastar impiedosamente os que estãoequivocados. É um contrasenso!Naquela tarde, ouvindo Chico Xavierdiscorrer sobre a paciência, ele que hámais de meio século vem sustentandopacientemente a sua tarefa, pensamos oquanto seria diferente a nossa vida naTerra se aprendêssemos a "ciência dapaz".

FONTE1º CASO - www.espiritismoji.com.br2º CASO - Grandes Espíritas Brasileiros3º CASO - Á Sombra do Abacateiro

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CIÊNCIA

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As chamadas doenças psicossomáticassão o atestado da existência das forças doEspírito na matéria, embora muitosestudiosos vejam em tudo isso osexclusivos impulsos do psiquismo que,por sua vez, consideram como resultadode metabolismo das células nervosas ouneurônios. Assim, para este estes, nadaexistiria de psiquismo senão o resultadodo trabalho dos campos físicos oumateriais.Após os conhecimentos hodiernos sobre amecânica psíquica e o elastecimento dapsicologia nos campos da paranormalidade,a patologia psicossomática seria melhorinterpretada como sendo uma drenagemde energias espirituais, nas zonasmateriais, em múltiplas tonalidades econdições as mais diversas. Essesreflexos do Espírito, na zona material queo abriga, pelos estudos que a DoutrinaEspírita motivou desde a codificação atéaos nossos dias, e bem homologada naspesquisas parapsicológicas, demonstram avalidade desses propósitos.Somente um Espírito doente poderátransferir desarmonias para as célulasfísicas, como também, um Espíritoharmonizado só tranferirá esquilíbrio.Essa transferência de energias, dasestruturas espirituais para as célulasmateriais são a resposta da colheita deum determinado trabalho, ou experiênciaque foi desenvolvida nas telas psíquicasda zona consciente ou material. Se estacolheita estiver revestida de dor para oarcabouço psicológico do Ser, demonstraque o Espírito está necessitado dessamesse retificadora e criadora do bem.No significado momento de transição peloqual a humanidade está passando, asetapas reencarnatórias são revestidas dosmais altos impulsos. isto quer dizer quehaverá imediatas transformações, a fim dedefinir o exigente instante evolutivo.São ocasiões em que toda as coisasserão mostradas pelo imediatismo dasreações, inclusive aquelas que

necessitam das dores como combustíveldos impulsos retificadores.Os diversos processos de trabalho,técnicas de todos os matizes e equaçõescientíficas que buscam equilíbrio eharmonia, exigem definições e correçõesno panorama ético e moral. As reações,na sociedade, têm mostrado ao homemhodierno a existência de um verdadeirocipoal que o envolve, onde poucosreconhecem as razóes e os motivos de talmomento.O homem, necessitado e carente, emdívida para com a Lei, tem recebidorespostas imediatas das suas deletériasações passadas. E a resposta maiscomum que se pode mostrar, numaconstante, dentro desse processo, é odesconforto psicológico refletido nodesprazer e no tédio.Os modelos de vida do passado com asexigências do presente momentomostram-se muito mais como um campode luta do que de entendimentos, demodo a revelar a existência de umaimensa crise atuante na sociedade doshomens.Todo processo externo, do meio ambienteem que vive o homem, é apresentadocomo único móvel das desordenspsíquicas. A maior desarmonia seencontra no próprio indivíduo,despreparado e sem condições decompreender que o seu sofrimento estáligado à desestruturação dos seusmecanismos emocionais, o que vale dizer:do próprio Espírito.Reagir e procurar entender todo umprocessamento que tem origem nasraízes do Espírito, pelos efeitos desuperfície (zona consciente) ampliados nocaldo de cultura psico-social, é como queficar aturdido sem soluções exatas paratoda a problemática. O reflexo de todasessas desordens, no organismo humano,se faz, preferencialmente, através dosistema neurovegetativo (sistema nervosoautônomo) onde os sintomas, daí

DESCONFORTO, DESPRAZER E TÉDIODr. Jorge Andrea

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CIÊNCIA

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decorrentes autênticas válvulas deescape refletidas, na sintomatologiapsicossomáticas. O conjunto dessasreações, pouco definidas dentro de umquadro patológico, desembocado numvórtice emocional de ansiedade,depressão e cansaço que, por sua vez,unidos desfraldam a bandeira dodesconforto, caminhando para odesprazer e finalizando no tédio. As“dores” daí decorrentes serão absorvidaspelo Espírito como medicamento salvadorde suas desarmonias.Explicam os estudiosos da psicologia queos sintomas deste quilate são o reflexodas frustações dos indivíduos que nãoconseguiram associar-se ao sistemasocial a que pertencem. Claro que osinsucessos econômicos, a solidão, a faltade compreensão, a ausência de caminhoe de amor, os que se encontramatados de perda, os não correspondidose os desadaptados em geral, fatorespredisponentes, no desencandeamentode reações psicológicas, onde o tédioocupa o ápice de todo o processo oriundodas fontes deformadas do próprio Espírito.Será que todas as desestruturaçõessociais do meio ambiente são asresponsáveis pelas doenças psicossomáticase seus reflexos nas reações emocionais?Claro que não. As reações são diferentesem cada Ser, onde cada um absorverá domeio exterior o que o seu interior espiritualsintonize e esteja emocionalmente aderido.Quantos indivíduos que se encontrammergulhados em autênticos furacõespsicológicos saem absolutamente ilesose, na maioria das vezes, com maiorresistência para novas experiências devida! Outros tantos sucumbem diante dasmenores tormentas e são apanhados nocipoal das reações e são reaçõesneuróticas e distonias psicológicas devariada ordem, revelando fragilidade elabilidade das emoções. Existindo entreesses dois pólos, do mais frágil ao maisresistente, numerosos graus de variaçõesobrservadas no mesmo habitat e em

indivíduos de um mesmo grupo quanto àsua alimentação, educação e hábitos.Se os agentes exteriores sãopraticamente idênticos para umdeterminado grupo, porque as variaçõesem cada Ser são tão distoantes que asanálises sócio-psicológicas ficam inertesem suas avaliações? É porque existe umcampo interno específico - o Espírito - -reagindo diante das forças exteriores deacordo com seu próprio grau evolutivo.Alguns, diante dos impactos externosreagem sob forma de incentivos eaceleradores das realizações; outrostantos, logo demonstram desânimo eimpossibilidade de reações. Estes últimossão envolvidos nos reflexos das dorespara que o impulso da evolução seobserve. O tédio, resultante de todas asconseqüencias desses processamentosdoentios é, antes de mais nada, a reaçãodo Ser necessitado.O menor dos “toques” dispara aengrenagem que, apesar de incômoda, éa terapêutica mais segura. No grupo dotédio está a solidão, a tristeza, aociosidade,a indiferença, a depressão.Acreditamos que tudo isso representeestágios de um mesmo processo.Os que portam qualquer desses sintomas,sem um preparo espiritual ouconhecimento da finalidade da vida,desembocam nas soluções externas demomentos, onde o àlcool ocupa lugar dedestaque, sempre nutrido por ambienteespiritual de faixa desarmônica. É o quepoderíamos dizer em linguagem espírita -o caminho das obsessões.O fastio pela vida se vai avolumando, adiminuição de atividades coerentes comas necessidades orgânicas envolvidaspelo tédio vai equilibrando o metabolismo,desregulando o indivíduo na magreza ouna oesidade de modo a completar oquadro da doença psicossomática.Quanto mais profundos forem essessintomas, mais influentes serão os víciosque aí se aderem, no fumo excessivo eno álcool descontrolado, quando outros

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alcalóides não estão presentes em todoesse cortejo.Sabemos que o sistema neuroegetativo éum sistema ligado às emergênciasorgânicas, onde os estímulos sãoindispensáveis aos processos deadaptação. na ociosidade que acababuscando a reação depressiva, a falta deestímulos reflete, de modo específico, emdificuldades de liberação de insulina pelopâncreas com seus distúrbios namobilização das energias.O processo do tédio alcança, também, ecom bastante expressão, o aparelhocirculatório, nas célebres astenias neuro-circulatórias e respectivos comprometimentodo músculo cardíaco. O aparelho respiratórioé outro campo onde essas energiasdoentes se refletem, nas asmaspsicogênicas desencadeadas pelas crisesemocionais. A pele também reflete oprocesso interno nas suas alteraçõestipicamente alérgicas, nas modificaçõesde coloração, da palidez excessiva àvermelhidão, nas mudanças detemperatura e sudorese, nos pruridosatípicos e dermatoses de fartaamostragem. Também o aparelhodigestivo nos sintomas das dispepsias,colites, constipações crônicas e tantasoutras coisas mais...As reações podem ir mais longe, apliandoas doenças reumáticas e das glândulasendócrinas, sendo merecedores decitações os desequilíbrios sexuais. Tudo adepender das tedências que a estruturaespiritual do Ser reflete, de acordo com ograu evolutivo em que se encontra. Nãoconstituirá, portanto, surpresa, que amedicação ideal estará na busca dastrilhas do bem, fortificadas pelasequações de um pensamento filosóficológico, de fé raciocinada e de braçosacolados à ciência. Todo esse amancialtem sido ofertado pela Doutrina Espíritaque busca, antes de mais nada, amoralização do homem.Temos que culpar a tristeza,a ociosidade,enfim, o tédio, como o monstro social que

espreita as suas vítimas de modoindiferente e inconseqüente? Temos quebuscar, nos prazeres da superfície, aneutralização de todos esses sintomasincomodativos?Voltemos as nossas vistas para o interiordos seres, para as razões do Espírito,onde realmente se encontram as zonasdeturpadas e desestruturadas que opretérito aí registrou. É somente com otrabalho produtivo, com adequadaorientação e com lógico e imediatotratamento dos sintomas que poderemosdeter o quadro clínico. Mas, nãotenhamos dúvidas, se não fizermos umsaneamento adequado das fontesespirituais doentias, estaremos a transferirsintomas que podem despontar commaior impetuosidade, na mesma ou emoutra romagem reencarnatória.Qualquer das desarmonias quecarregamos deverá ser, no dia-a-dia e apouco e a pouco, apagada por um blocode energias de maior vigor, que somenteconstruções positivas poderão propiciar.Contruir positivamente é o mesmo quedizer da necessidade de moralização eencampação de uma ética que possa serestribada numa fé raciocinada, a fim deque as experiências do Ser sejamabsolutamente estruturadas e harmonizadas.Muitas vezes, trazemos deficiências denosso passado, de tal ordem, que uma sóetapa reencarnatória não será suficientepara superar. Um longo processo,desenvolvido em muito tempo, exige umaneutralização com expressivo tempo detrabalho e compreensão. É a necessidadede transformarmos fontes instintivas emestruturas mais categorizadas erevestidas de autêntico amor. Esse é ocaminho do homem de hoje, buscandosuplantar o passado de violência de todaordem, no setor físico, intelectual, moral eespiritual, a fim de ser acolhido pelasestruturas do bem com elas realizar o seudestino de co-criador.

FONTEAndrea, Jorge; ENFOQUES CIENTÍFICOS NA DOUTRINAESPÍRITA; Editora Samos

CIÊNCIA

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PANORAMA

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Gil Restani de AndradeABRAJEE nº 1557 - Belo Horizonte - MG

O Centro Espírita Campos Vergal daColônia de Hansenianos Santa Isabel,em Betim, na grande BH, regurgitavade internos. seu Diretor, o “Pipoca”,como todos o conheciam e chamavam,extraordinário espírita e Espírito, nãocabia em si de contentamento. Afinal,não se tinha notícias do lançamento deum livro em uma colônia dehansenianos, muito menos no CentroEspírita de uma delas.À Frente, sucediam-se os oradores,ressaltando a importância do fato. Àmesa, ao lado de Pipoca, de cenhofechado, o médium João Nunes Maia euma pilha de livros - “ALÉM DOÓDIO” - título dos mesmos, umromance ditado pelo EspíritoSinhozinho Cardoso, cujo enredobaseia-se em episódio da época daescravatura.Ele ali estava, contudo, a pedido doEspírito Niquinha, personagem doromance, que na estória, desencarnacom o mal de Hansen e que lhehouvera feito o pedido de ser ali o seulançamento quando de uma dasexteriorizações perispirituais de NunesMaia. O médium estava preocupadopor dois motivos: jamais teria coragemde cobrar pelos livros que levara, emnúmero de cento e cinco, estandoextremamente necessitado donumerário correspondente, não sópara pagar pela edição do próprio“ALÉM DO ÓDIO” como por outroslivros que “reclamavam” divulgação, japrontos para o prelo; na sua frente,mais de quatrocentos irmãoshansenianos.Como iria fazer para que todos

tivessem o exemplar do livro, se levaraapenas 105?Pipoca, certamente conduzido porintuição, fala-lhe ao ouvido: sei o que opreocupa. Pode sossegar, conheço atodos que aqui estão. Dê um livro acada família.Foi como se uma aragem frescainundasse os pulmões do médium.Como não pensara nisto? Voltou-se,emocionado, para Pipoca, e apertou-lhe, significativamente, o braçoesquálido e já macerado pela insidiosaenfermidade, que, contudo, receberacomo benção do Mais Alto.Finda a reunião, Pipoca informa aospresentes o sistema a ser adotado paraa doação e o autógrafo nos livros. Organiza-se a fila, o médium subscrevededicatórias. A pilha de livros vai seabaixando, abaixando... Nunes sentesua testa enrugar-se de novo. Mas, oh“Bondade Divina”, ao subscrever o105º exemplar que levara, notaemocionado, que a fila já não maisexistia. Foram levados 105 volumes e105 eram as famílias presentes.Pipoca sorria a seu lado: o belo sorrisodos justos, dos bons. Nunes sequerlembrou-se da “lacie” ao enlaçá-lo embraços cheio de vibrações espíritas,que também encobria os demais, seusolhos, inundados de lágrimas atravésdas quais visualizava Niquinha, envoltaem luz etérea, a sorrir-lhe, agradecida.Parecia que, com o episódio da doaçãodos livros, a quota de emoçõesespirituais do dia estava esgotada.Ledo engano.No palco do Centro Espírita CamposVergal, conversava Nunes Maia,animadamente com “Pipoca” e outrosconfrades, prestes a despedir-se, uma

POMADA DO VOVÔ PEDRO

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PANORAMA

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vez que os bancos da casa estavam,praticamente vazios. Ao volver o olharpara o salão, contudo, indescretívelespetáculo espiritual impressinou seussentidos. Pelos lados do auditório doCentro Espírita, à direita e à esquerda,adentravam Espíritos negros, envergandoa roupa própria da época daescravatura do enredo do livro queacabara de doar. Pelo centro do salão,Sinhozinho Cardoso, Niquinha e outrospersonagens de destaque do livroeram reconhecidos pelo médium.Aproximava-se, seguindo ao EspíritoMiramez, que se postava à frente,ladeado por outro Espírito, ao qual omédium não reconhece. Este, trajavaum comprido casaco e sua posturadenotava grande elegância e envergaduramoral. Novamente o salão do “CampoVergal” estava lotado, agora porEspírito.Enquanto todos estavam, espectantes,e se assentavam nos bancos, Mirameze o Espírito de casaca comprida seaproximavam de Nunes Maia.Então este último lhe dirige a palavra: -Aqui estou para desincumbir-me decompromisso secular com Jesus, oCristo, e com Deus, nosso Pai Maior.Peço que anote uma receita que vouditar-lhe e que irá aliviar ou mesmoeliminar os males de tantos e tantoscomo este - com um sinal indicaPipoca e outros internos da “SantaIzabel” - e de um sem número deoutras enfermidades, principalmenteda pele.Nunes Maia, conquanto aturdido,recolhe do chão uma folha de papel e,a um canto anota, emocionado, osingredientes da receita. Ao fim doditado, aguarda a identificação do

Espírito de tão elevada envergadura,quando da assinatura da receita. Comuma fisionomia insondável conquantoalegre, ele diz, simplesmente: - VovôPedro.Ante a surpresa estampada no rosto domédium, o espírito aduz: - É preferívelque as coisas simples tenham nomessimples. Uma observação, porém: opreço deste medicamento poderá serum e apenas um: - “Deus Lhe Pague”.Cumprimentando-o, a maneira daépoca da sua última encarnação, oEspírito, nimbado de luz, despede-se ese volta para retirar-se. Miramez dirigeao médium significativo olhar,lentamente, todos os Espíritos seretiraram do salão logo após.Com o precioso papel na mão,novamente envolto em elevadasvibrações, Nunes Maia buscaaproximar-se do grupo em animadaconversa. Antes, porém rebusca amemória, procurando a identidade deespírito tão agradável quanto elevado.Lembra-se, finalmente, depois do salãovazio. Era Mesmer, aquele Espírito erao extraordinário advogado, teólogo,doutor em filosofia e medicina, que,contudo, assombrara o mundo comas curas através do que chamou“magnetismo animal”, ao fim do séculoXVIII.Era Mesmer,que também estava citadono livro “ALÉM DO ÓDIO” e que haviaencontrado naquele abençoado dia, avibração propícia para ditar-lhe areceita da hoje afamada “Pomada doVovô Pedro”, que tanto bem vemsemeando no Brasil e além fronteiras,tendo sempre como preço tal comoexpressamente recomendado: - Deuslhe pague.

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DOMÍNIO DO MALNo livro "LIBERTAÇÃO" de AndréLuiz, p. 104, há a seguinte frase:"Subordinam-se-nos todos oshomens e mulheres afastados daevolução regular, e é forçosoreconhecer que semelhantesindividualidades se contam pormilhões". Eu pergunto: " Qual aexplicação do Espiritismo sobreessa frase?" (CRISTIANO RICARDOALVES - VERA CRUZ - SP)Nesse livro, " LIBERTAÇÃO", AndréLuiz, através da mediunidade deFrancisco Cândido Xavier mostracomo determinados Espíritosperversos atuam no mundo espiritual,formando poderosas organizaçõesque exercem domínio sobreencarnados e desencarnados. Opersonagem central desse relato éGregório - um Espírito revoltado e violento,que se compraz em dominar parasatisfazer seu ímpeto doentio demaldade. O trecho, que você cita, fazparte de um discurso do próprioGregório, justificando suas atitudes efazendo apologia de sua própria forçae atuação, em prejuízo daqueles quepretendem seguir o bom caminho.Gregório se refere, nesse trecho, àsmilhões de pessoas encarnadas naTerra que compartilham desse mesmopensamento. É com elas que eleprocura se relacionar, porque nelasencontra boa acolhida. Há pessoasem que o sentimento do bem, osideais da fraternidade, da tolerância eda liberdade, ainda não encontramreceptividade. Elas são incapazes deentender uma boa ação, decompreender um gesto nobre ou deapoiar uma atitude elevada. São comoo Gregório - frustrados, contrariados

em suas ambições egoísticas; travamluta contra o bem, exercendo seupoder com intolerância e despotismo,como fazem determinados liderespolíticos que transformam seusgovernos em rios de lágrimas esangue. André Luiz pretende, comessa narrativa, mostrar que, apesarde termos caminhado muito, ao longodos séculos de civilização sobre aTerra, na busca de uma condiçãomoral melhor para a humanidade,ainda enfrentamos os resquícios dopassado cruel e violento em todos osmeios. Um exemplo disso é o quevemos acontecer, tanto no seio dascomunidades - onde os crimeshediondos ainda acontecem comfreqüência - como também no âmbitodas relações internacionais, com aimposição do poder econômico sobreas nações pobres e do terrorismodevastador, fazendo vítimas com afome, com os atentados e com aguerra.

EFEITOS DA PRECE" No caso de um ente querido quedesencarnou há 20 anos e que,hoje, já estaria encarnado de novo,como ficam as orações e as missasque fazemos para ele?" (VIRGINIAROSSINI - GARÇA - SP)A prece, quando proferida comsinceridade, não é mais que amanifestação de nosso mais purosentimento em relação à pessoa ouEspírito que queremos beneficiar.Quando oramos nesse sentido,segundo André Luiz, o que sai de nóssão formas-pensamento, ondas deenergia psíquicas impregnadas demuito amor, de muito carinho e de umsentido elevado de proteção, que vão

O JOVEM E SEUS PROBLEMAS

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JUVENTUDE

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favorecer aquele a quem amamos.Você pode perguntar: E como se dáesse favorecimento? Deus é o nossoreferencial maior, é o ponto mais altoda nossa noção de Amor e Bondade, éo ponto máximo de nosso sentimento,de onde partem as energias maispreciosas que podemos produzir pelamente. Assim, quando pedimos aDeus em favor de alguém,imediatamente nos ligamos a essapessoa, onde ela estiver, e emitimosvibrações superiores que abremespaço para que ela possa serfavorecida. O nosso própriopensamento a favorece, mas, comcerteza, os Amigos da Espiritualidadeintervêm para ajudá-la. É claro queessa ajuda não depende só de nossavontade, mas das condições dereceptividade que forem encontradas.Por isso uns recebem mais que outros.No caso de um Espírito, que járeencarnou, ainda que o tenhamos pordesencarnado, ele receberá da mesmaforma a nossa oração, porque a precedirigida em favor de alguém tem umdestino definido e especial. Não

importa onde o Espírito esteja e emque condições ele esteja. É o nossosentimento que se liga a ele e osentimento em relação a alguémespecial é um elo personalíssimo, quefunciona no sentido de beneficiar essadeterminada pessoa. O mecanismo detransmissão do pensamento não émuito simples de entender, porque nãovemos o pensamento e não sabemoscomo ele se comporta dentro das leisda natureza. Mas o pensamento éalguma coisa de real, de verdadeiro,que se transmite e, freqüentemente,nos atinge por via inconsciente, isto é,sem que o percebamos. Portanto, éfácil concluir que muitos dos Espíritos,para quem oramos atualmente -principalmente, familiares e parentes -possam estar reencarnados. Mas issonão impede que eles sejambeneficiados com as nossas preces,mesmo porque na natureza nada seperde, tudo se aproveita, especialmente opensamento. Daí a importância daoração e daí também porque Jesusdeu tanta importância à qualidade denosso sentimento quando oramos.

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“(...) E eis que uma escada era posta na Terra, cujo topotocava nos Céus , e os anjos de Deus subiam e desciam porela”.

Gênesis, 28:12

Todo desnível entre dois planos pederecursos de acesso para o trânsito:rampa, escada, elevador, teleférico, etc...Assim também o desnível espiritual.Nesse passo temos nas Revelações osdegraus de acesso aos altiplanoscelestes.A ascenção espiritual assemelha-se auma escadaria praticamente incomensurávelcuja base assenta-se na Terra e o topoperde-se nas nuvens... Para galgá-lafaz-se necessário força, trabalho,persistência e fé no objetivo final seminterrupções e distrações nos degrausinferiores. À medida que subimos,o panorama vai se engrandecendo,vislumbrando mais longe e chegamosmesmo a ficar pasmos quando nosconscientizamos de nossas anterioreslimitações, do apoucamento de nossacompreensão e visão...Estamos, no momento presente,autorizados a ascender para o terceiro eúltimo nível que facultara a nossaalforria espiritual da atual fase evolutiva.Sem embargo, a todo momento,estamos ainda sujeitos a “escorregões”que podem remeter-nos, outra vez, paraos abismos existênciais perdidos nolodaçal da ignorância e da preguiça.Nosso primeiro degrau foi construídopor Moisés, ao trazer-nos as primeirasmas ainda rústicas noções de justiça. Osegundo degrau foi construído pelopróprio Cristo, e nesse nível já nos foipossível vislumbrar o horizonte espiritualque então se descortinou às nossasvistas, bem como também nos foramentregues os instrumentais e os mapasnecessários para enfrentarmos o próximo

degrau construído por Allan Kardecjuntamente com os prepostos de Jesus:o Espiritismo.Outro referencial do movimento deascensão é o tempo. Ao que tudo indica,a Humanidade terá aproximadamenteum milênio de prazo para percorrer cadaum desses três níveis. Levando-se emconta que dois degraus já foramvencidos, concluímos que temossomente mil anos para concluir aascensão do último e definitivo lance dafase evolutiva em que nos encontramos.A alternativa para os que não lograrem aascensão dentro desse prazo será aqueda, outra vez, nos níveis mais baixospara o recomeço difícil.Cairbar Schutel vale-se de uma parábolafilosófica para fazer-nos compreendermelhor a questão da ascenção espirituale do momento evolutivo que vivenciamospresentemente:“No meio de uma cadeia de montanhaseleva-se um pico isolado, sobre o qualse percebe confusamente um antigoedifício. Um ousado viajante propõe-se alcançá-lo. As ervas suspensas nos flancos dosprecipícios, um tronco carunchoso, umapedra movediça, tudo lhe serve de pontode apoio: salta, arrasta-se, esforça-se e,finalmente, coberto de suor e fatigado,chega ao desejado vértice. Aos seuspés espraia-se toda a enorme cadeia demontanhas e os mais belos horizontesse abrem diante dele. O que só via emparte, agora abrange e domina numlance de vista... Embaixo, ao longe, vêobstáculos contra os quais desfaleceramseus primeiros esforços, e ri-se da suainexperiência; de pé comtempla os quefinalmente vencerão, e admira-se daprópria audácia.Os companheiros, muito fracos para

ASCENSÃO ESPIRITUAL

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vencerem as dificuldades do caminho,não o puderam seguir senão com avista, mas nesse dia ficara conhecidoum atalho, porque só visível essecaminho, do alto da montanha. É por aíque desce, então, o viajante que chegouao alto da montanha, e é por ai que elese coloca à frente dos companheirosque ficaram no sopé do monte e lhesdiz: Segui-me! Ele os conduzirá semperigo e sem fadiga até o cimo, cujaconquista tanto lhe custara.Graças a ele a montanha já se tornouacessível!Todos os viajantes podem, do alto,admirar o formoso edifício, ospanoramas sublimes, os magníficoshorizontes que dali se desdobram.

*Eis a imagem da nossa ascensão àsgloriosas paragens da Imortalidade.Os homems comuns caminham sem seelevar ao vértice da montanha, poquevão e voltam em delongas por caminhosda horizontalidade material que não osconduzem às alturas espirituais. Porvezes elevam-se no meio do morro, masvoltam atraídos aos planos inclinados,porque não transitam pelo verdadeirocaminho: o atalho que os conduziriacom segurança ao ápice da montanha.

*Aclarando a parábola, vemos na cadeiade montanhas a representação dasantigas religiões e no edifício antigo aRevelação. As ervas suspensas nosflancos são as virtudes que nosconduzem ao amor a Deus e aopróximo; o declive, que atira os homensao precipício, são as más paixões.O viajante que subiu ao Cume éJesus, seguido de Seus mensageiros,onde se destaca Allan Kardec, que

nos ensinou o Caminho para tambémgalgarmos o ápice.Os companheiros que tentaram aascensão são todos os que atualmentese esforçam por chegar a esse lugar,mas que, outrora, presos à atração daTerra e vencidos pelas dificuldades,pararam na estrada, como muito bemficou representado na “Parábola doSemeador” nos diversos terrenos emque caiu a semente.Todos os que estudam, pesquisam eanalisam estão caminhando...Os Evangelhos nos aparecemiluminados pelos fulgores do Espírito: amorte perde o seu caráter fúnebre e aEspiritualidade da Vida reflete-se emnossas Almas, como as estrelas noespelho d’àgua.São dois mundos que se entrelaçam,são dois planos de Vida que se mostramsolidários, um como complemento dooutro; são duas Humanidades que,numa permuta de provas e de afetos, sedeclaram solidárias; são, finalmente,anjos que descem a auxiliar os outrosque, pelos seus esforços também setornarão anjos, porque trabalharão parasubir.A ascensão espiritual é o resultado damesma Lei do Progresso material e daevolução intelectual: tudo vibra, tudo seharmoniza no Amor e na solicitude deDeus para com todos os Seus filhos”.Ninguém segue só nesta difícilescalada. Deus está sempre atento, epor isso, enviou-nos o Divino ZagalCeleste que veio em busca dastresmalhadas ovelhas para levá-las emsegurança ao Aprisco Divino. Sigamo-lo,pois, na direção do Reino da Eterna Luz.

FONTEBRASÍLIA ESPÍRITA, Maio/Junho 2004

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Assim falava-nos o Chico naquela noite,em que mais uma vez tínhamos a felici-dade de estar perto dele.- Em 1987 estava me recuperando de umapneumonia muito forte, que me deixoumuitas seqüelas e diversas infecções dotrato renal. Comecei então, a pensar comoé que eu ia fazer para trabalhar. Nisso meapareceu o espírito de Emmanuel e eudisse:- O senhor imagina que eu agora estou

com setenta e sete anos. Já me sinto muitovelho e desgatado pela própria idade física.O senhor acha que, apesar da idade, voupoder continuar trabalhando mediunicamentee em especial na tarefa do livro?Ele, então, me respondeu:- Eu considero você como uma pessoa

humana, a quem muito estimo, mas vamosimaginar que você é um burro que envelhe-ceu puxando a carroça de entrega de car-tas com mensagens, em nome de nossa féem Jesus Cristo. Na condição do burro,você está realmente em grande desgaste,mas continuando o seu tratamento com osremédios humanos, faremos também porvocê o que pudermos, a fim de ajudá-lo.Nesse ponto do diálogo, ele fez um interva-lo e falou assim:- Também devemos considerar que é mel-

hor trabalhar com um burro velho e doenteque já nos conhece o sistema de serviço,do que colocar apressadamente conosco,os amigos desencarnados, um burro muitomoço, equivalendo a um potro ainda bravo,capaz de quebrar a nossa carroça e com-plicar o serviço todo.

*É verdade que Públio Lêntulus - nossoquerido Emmanuel - conheceu o após-tolo Paulo, em Roma?- A esse respeito você encontrará uma

mensagem dele num dos livros de nossoamigo Clóvis Tavares.Procurei e realmente encontrei no livro“Amor e Sabedoria de Emmanuel”, página21, 2a. edição, Editoa Calvário, uma men-sagens psicografada pelo Chico, no dia 13de março de 1940 e que transcrevo na

íntegra:“ Lede as cartas de Paulo e meditai.O convertido de Damasco foi o agricultorhumano que conseguiu aclimatar a flor div-ina do Evangelho sobre o mundo. Muitasvezes foi áspero. A terra não estava aman-hada e, se em alguns pontos oferecia leirasbrandas e férteis, na maioria eram regiõesem espinheiras e pedregulhos. Paulo foi olidador de sol a sol. Seu fervoroso amor foia sua bússola divina. Sua paixão nomundo, iluminada por sua dedicação aoCristo, tranformou-se na base onde deveriabrilhar para sempre a claridade doCristianismo.Conheci-o, em Roma, nos seus dias de tra-balho mais rude e de provações mais acer-bas. Vi-o uma vez unicamente, quando umcarro de Estado transportava o senadorPúblis Lêntulus, ao longo da Porta Ápia,mas foi o bastante para nunca maisesquecê-lo. Um incidente fortuito levara oscavalos a uma disparada perigosa, mas umjovem cristão, atirando-se ao caminho largo,conseguiu conjurar as ameaças. Avistamos,então, um pequeno grupo, onde se encon-trava a sua figura inesquecível. Trocamosalgumas palavras que me deram a conhecera sua inteireza de caráter e a grandeza desua fé.O fato ocorria pouco depois da tragica des-encarnação de Livía e eu trazia o espíritoatormentado. As palavras de Paulo eramfirmes e consoladoras. O grande convertidonão conhecia a úlcera que me sangrava nocoração, todavia, as suas expressões indi-retas foram, imediatamente, ao fundo daminh’alma, provocando um dilúvio deemoções e de esclarecimentos.Luzeiro da Fé viva, Paulo não pode ser olvi-dado em tempo algum. Seu vulto humano éo de todo homem sincero que se toque deamor divino pelo Cordeiro de Deus. Lede-osempre e não vos arrependereis”.

(extraído de CHICO DE FRANCISCO de Adelino da Silveira (CEU).

Chico e Emmanuel

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