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Capa ML outubro - ielb.org.br · 31 DE OUTUBRO CONGRESSO DE LEIGOS ... O QUE CELEBRAMOS? Em outubro chegamos à celebração ... No legado da Reforma Luterana para os dias de hoje,

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8ADORAÇÃO E LOUVORQuando e como a Reforma chegou à Liturgia da Igreja?

MARTINHO LUTEROEntrevista com o Reformador 16TESTEMUNHO Você tem um câncer. Por que comigo, Senhor? 26

VIDA E SOCIEDADE

TRANSTORNO DE IDENTIDADE DE GÊNERO – VERSÃO BÍBLICA E CIENTÍFICA

34

OUTUBRO2017MENSAGEIRO LUTERANO | ANO 100 | Nº 1.229

26

4 AO LEITOR | 5 MENSAGEM DO PRESIDENTE | 6 HORA LUTERANA | 7 EM FOCO | 11 CELEBRAÇÕES DA REFORMA | 12 500 ANOS DA REFORMA | 28 ML 100 ANOS | 39 IN MEMORIAM | 42 JELB | 43 LLLB | 44 LSLB | 46 VIRANDO A PÁGINA

31 DE OUTUBRO

CONGRESSO DE LEIGOS

CONGRESSO NACIONAL DE LEIGOS REÚNE 800 PESSOAS

anos da

Reforma

LEIA NESTA EDIÇÃO

3500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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REFORMA 500 ANOS DEPOIS, O QUE CELEBRAMOS?

Em outubro chegamos à celebração dos 500 anos da Reforma, liderada por Martinho Lutero no início do século XVI.

Na verdade, Lutero não fez nada so-zinho. Por isso, no jubileu dos 500 anos da Reforma, não celebramos Lutero. Embora, na contagem regressiva dos últimos anos, a Igreja tenha promo-vido muitos eventos, e o Mensageiro Luterano publicado muito sobre a vida de Lutero, sua trajetória, seus feitos, seus legados à Igreja e à sociedade, não estamos aqui para celebrar um herói, um ídolo, um vencedor. Mas, sim, tão somente recontamos a história de uma pessoa que, pecadora como todos nós, encontrou no estudo e meditação das Escrituras Sagradas a resposta à per-gunta que tanto o atormentava: Onde posso encontrar um Deus misericordio-so, que me ama e me aceita como sou?

E após essa redescoberta na Pa-lavra de Deus, da força do Evangelho revelado no amor de Deus em seu Filho Jesus Cristo, Lutero submeteu toda a sua vida e obra a essa Palavra. A tal ponto que, ao ser desafiado pelas au-toridades eclesiásticas a renunciar e a retratar-se de tudo o que havia escrito até então, e tendo sua vida ameaçada sob vários aspectos, proclamou: Se não me provarem pela Bíblia Sagrada e com argumentos claros à razão, não retiro nada do que escrevi. Estou seguro pelas Escrituras e por minha consciência. Não posso fazer diferente. Que Deus me ajude! Amém.

Assim, na certeza de que “O justo viverá por fé” (Rm 1.17) e na convicção inabalável de que a reconciliação com Deus, o perdão de todos os pecados, a salvação e a Vida Eterna só são possí-

veis no amor e na graça de Deus, em Jesus Cristo, Lutero e os seus colabora-dores sentiram-se encorajados, moti-vados a continuar a obra da Reforma. Não para criar uma nova Igreja, uma nova denominação religiosa, mas para que a sua Igreja voltasse ao caminho de onde nunca deveria ter-se afastado. Caminho que Lutero resume assim: SOMENTE A ESCRITURA – SOMENTE A GRAÇA – SOMENTE A FÉ!

É nessa convicção e como herdeiros da Reforma que publicamos no Men-sageiro Luterano, nesta edição e nos últimos dois anos, em especial, textos, reflexões e eventos relacionados à Reforma e seus legados, com um único objetivo: viver e anunciar CRISTO PARA TODOS como único caminho, verdade e vida à casa do Pai! Essa é a nossa CELEBRAÇÃO, 500 anos depois!

4 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

Nilo WachholzEditor-redator | [email protected]

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ISSN 1679-0243

Órgão Oficial da Igreja Evangélica Luterana do Brasil (IELB) de periodicidade mensal (exceto janeiro e fevereiro - edição única). Registrado sob nº 249, livro M, nº 1, em dezembro de 1935, no Registro de Títulos e Documentos do Rio de Janeiro, conforme o Decreto-Lei de Imprensa nº 24776 de 14/07/1934.

PROJETO E PRODUÇÃO GRÁFICA Editora Concórdia Ltda.REDAÇÃO [email protected] Nilo Wachholz - MTb 42140/SP ASSISTENTE EDITORIAL Daiene Bauer Kühl - MTb 14623/RS REVISÃO Mônica Hoffmann Teichmann JORNALISTA-DIAGRAMADOR Leandro da Rosa Camaratta - MTb 18226/RS CAPA F5 Digital COLABORADORES Bruno Ries, Carlos Walter Winterle, Clóvis Vitor Gedrat, Ely Prieto, Marcos Schmidt, Mona Liza Fuhrmann, Rosemarie K. Lange, Vilson Scholz, Vitor Radünz, Waldyr HoffmannDEPARTAMENTO COMERCIAL Waldemar Garcia Jr. (gerente), Fabian Timotheo dos Santos, Lianete Schneider de SouzaASSINATURAS Melissa Schüler GüenterLOGÍSTICA Jorge de Oliveira

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A Redação reserva-se o direito de publicar ou não o material enviado, bem como editá-lo para fins de publicação. Matérias assinadas não expressam necessariamente a opinião da Redação ou da Administração Nacional da IELB. O conteúdo do Mensageiro pode ser reproduzido, mencionados o autor e a fonte.

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Egon KopereckPastor presidente da IELB | [email protected]

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REFORMA: UM LEGADO DE

500 ANOSN o dia 31 de outubro completam-se 500

anos desde que Martinho Lutero afixou as 95 teses na porta da Igreja do Castelo em Wittenberg, Alemanha. Esse gesto e

essa data assinalam o início do movimento que haveria de marcar profundamente a história do Cristianismo. Os ensinos da Reforma estão sintetizados sobre três pilares:

• Sola Gratia – Somos salvos somente pela graça de Deus, conforme a Bíblia nos diz em Romanos 3.24 e Efésios 2.8 e 9;

• Sola Fide – Este presente vem a nós somente pela fé, conforme nos é dito na Bíblia Sagrada em Romanos 1.17, Romanos 3.28 e Gálatas 2.16;

• Sola Scriptura – Somente a Escritura é fonte de doutrina e verdade. Isso nos atestam os textos bíblicos de 2Timóteo 3.16 e 1Pedro 1.23-25.

Como herdeiros da Reforma, louvamos a Deus por ter preservado entre nós a sua Palavra ao longo desses 500 anos.

Na verdade, Lutero não trouxe nenhuma doutrina nova, nem era sua intenção criar uma nova Igreja. Ao de-fender a justificação pela fé, ele apenas queria que a sua Igreja reconhecesse seus erros e voltasse a praticar o que a Bíblia Sagrada apontava com tanta clareza.

As pessoas, orientadas e estimuladas pelo clero da época, tentavam comprar o perdão dos pecados e a sal-vação eterna mediante seus méritos, seu dinheiro, suas obras, através das indulgências; nesse contexto, Lutero apontava para a Bíblia, como único fundamento do que dizia e defendia.

No legado da Reforma Luterana para os dias de hoje, podemos destacar a valorização da Bíblia Sagrada, e, a partir dela, o amor a Deus e ao próximo. O resgate dos valores éticos e morais, como a valorização do casamento entre um homem e uma mulher, conforme expresso em Gênesis 2.24 e reafirmada por Jesus no Novo Testamento, em Mateus 19.5: “Deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher”. Além disso, devemos destacar o cuidado e a edu-

cação dos filhos no lar, pelos pais. Para isso, Lutero prepa-rou o Catecismo Menor, destinado aos pais, exortando-os: “Como o chefe da família deve ensinar os seus filhos”. Atribui-se a Lutero a frase: “Se a raiz é de má qualidade, o tronco, os ramos e os frutos, certamente, também o serão. O filho amanhã será pai, juiz, professor, príncipe, rei (...). Se for mal-educado, tudo será corrompido”.

Lutero lutou também pela igualdade, pedindo ensino e escola para todos, rapazes e moças, com direitos iguais. Lutava para que o governo se ocupasse e se preocupasse com uma boa educação, oferecendo condições aos pro-fessores e alunos para um bom ensino e aprendizado. Por isso, também, Lutero é considerado o pai da educação pública na Alemanha.

No seu escrito sobre a Tábua dos Deveres, a partir de textos bíblicos, Lutero ensinou sobre os deveres dos cida-dãos para com o governo e vice-versa, dos patrões com os empregados e da responsabilidade destes com seus chefes, dos pais para com os filhos, dos filhos para com os pais, do esposo para com a esposa, e desta para com seu marido, enfim, destacando o amor a Deus acima de tudo e o amor de uns para com os outros.

O legado da Reforma Luterana tem muito a ensinar para os dias de hoje. E, assim como foi há 500 anos, tal-vez a maior necessidade para os dias de hoje seria o povo olhar, ler, meditar e praticar o que diz a Palavra de Deus. Com certeza teríamos mais justiça, honestidade, humil-dade e atitudes de amor cristão, destituídas de sentimen-tos de vaidade, orgulho, arrogância, ganância, interesses fúteis e banais de uma vida promíscua e separada dos mandamentos de Deus.

Meus irmãos! Louvemos a Deus que, unicamente por sua paterna e divina bondade, nos trouxe até aqui, pre-servando entre nós sua Palavra e os santos sacramentos, Batismo e Santa Ceia. Agora, como “herdeiros da Refor-ma”, queremos viver e proclamar os grandes feitos de Deus por nós. Seja a nossa vida um livro aberto de amor e gratidão, a um Deus que nos amou e ama tanto.

5500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

Mensageiro Luterano [email protected]

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Jantar Beneficente

Trazendo Cristo às nações e as nações à Igreja

No dia 2 de setembro, a Congregação Redentor, em São Paulo, sediou o Jantar Beneficente em favor dos projetos da Hora Luterana. O jantar aconteceu nas dependências do Colégio Luterano e foi um evento especial: desde a orga-nização até a execução, voluntários das igrejas luteranas de São Paulo se uniram, doando dons, bens e tempo, para auxiliar a missão da Hora Luterana. Os cerca de 170 participantes também ficaram conhecendo um pouco mais do trabalho da Hora Luterana. Alguns juntaram-se ao Grupo dos Evangelistas e outros ofertaram para o projeto de impressão e distribuição do livrete "Estou com câncer". A união alegre do povo de Deus em favor da manutenção dos projetos da Hora Luterana traz ânimo e permitirá que mais pessoas conheçam o motivo da nossa alegria: a salva-ção em Jesus.

A Congregação Cristo, de Porto Alegre, RS, sediou, no dia 27 de agosto, o último culto comemorativo dos 70 anos da Hora Luterana no Brasil. O pregador foi o Rev. Dr. Rudi Zimmer, vice-presidente do Conselho de Administração da Hora Luterana. Representando a Lutheran Hour Ministries, participaram o Dr. Kurt Buchholz, presidente e CEO, Dr. Douglas Rutt, diretor internacional, e Dr. Nilo Figur, diretor para a América Latina e Caribe. Representando a Hora Luterana estiveram o Sr. Fábio Lopes, presidente do Conselho de Administração, o Rev. Nilo Wachholz, conselheiro, e o Sr. Paulo Warth, diretor executivo. Os pastores da Hora Luterana, Fernando Huf e Adelar Munieweg, participaram auxiliando o pastor local, Reinaldo Ludke, na liturgia.

Os pastores Johannes Gedrat, Waldemar Garcia Carvalho Júnior e Arnildo Figur foram homenageados por seu trabalho junto à Hora Luterana no passado. O coral da Congregação liderou o louvor a Deus, agradecendo por seu amor e pelo trabalho da Hora Luterana no Brasil.

Estudo bíblico pela internet? Sim! Todas as quartas-feiras, às 19h, participe de um momento de conversa sobre textos bíblicos e temas atuais. É ao vivo! E você pode participar com comentários.

Ao final, um momento de oração. Acesse e participe em www.facebook.com/horaluterana.

O Caminho

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Marcos Schmidt EM

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Pastor em Novo Hamburgo, RS | [email protected]

U ma lei do século 13, na Europa, estipula-va uma multa de quinhentos soldos para quem ofendesse um nobre, e, caso o agres-sor cometesse o mesmo delito, deveria

pagar outros quinhentos. Dizem que daí vem a expressão “são outros quinhentos”, bastante usada quando se quer dizer que o assunto é outro. O protesto de Lutero contra o pagamento da multa pelos pecados não tinha a intenção de criar outra Igreja, e nem fazer toda esta celebração quinhentos anos depois daquele 31 de outubro. E se agora são outros ou os mesmos quinhentos, isso depende da his-tória de cada cristão, luterano, católico, evangélico, enfim, qualquer pessoa que tem o perdão dos pecados e vive o que Lutero anunciou na primeira tese: “Ao dizer: Arrepen-dam-se (Mt 4.17), o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse arrependimento”.

Não é preciso olhar para fora quando o assunto é arrependimento, conversão, nova vida. Basta olhar para nós mesmos, povo que leva o nome “luterano”. Tem muita indulgência escondida no bolso do nosso coração, que nem nos damos conta. Creio que Lutero não teria prego suficiente para cravar nas portas das igrejas que hoje le-vam o nome dele, sobretudo ao descobrir que “Ninguém tem certeza da veracidade de seu arrependimento, muito menos de ter conseguido total perdão” (tese 30). Dias atrás, num encontro de pais e padrinhos para Batismo, perguntei: “Quem tem certeza que vai para o céu?” Um luterano respondeu: “Eu tenho, sou uma pessoa boa”. Uma madrinha católica afirmou: “Eu vou para o céu por-que fui batizada e Jesus morreu pelos meus pecados”. Foi a única resposta correta, uma coisa boa e ruim ao mesmo tempo. Boa, porque a compreensão do Evangelho não está restrita aos luteranos; ruim, porque tem muito lute-rano que precisa ser resgatado na aliança do Batismo.

Mas isso “são outros quinhentos”, sobretudo nestes tempos quando somos bombardeados por tantas ideias e informações diferentes daquilo que aprendemos no Cate-cismo Menor de Lutero. Se pouco tempo atrás eram o pai e a mãe, o pastor e o professor que nos ensinavam o que é certo e errado, hoje são a mãe internet, o professor Google, os amigos redes sociais, enfim, as informações de fora. Em nenhum outro período da história as pessoas tiveram

acesso a tanta informação nem se sentiram tão confusas sobre no que confiar. Computadores, revistas, TVs, rádios, celulares e outros meios de comunicação despejam sobre cada um de nós, todos os dias, uma quantidade de infor-mação equivalente a 174 jornais inteiros, de acordo com pesquisadores. Existem mais de três bilhões de sites na internet que invadem o globo com todos os tipos de in-formações. O pior problema nisso tudo não está em nossa capacidade de armazenar tanta coisa (dizem que estamos ficando neuróticos por isso). O maior problema é que perdemos muito tempo com coisas que não servem para nada, e a nossa mente é invadida com mentiras e enga-nos. Outra pesquisa diz que metade das informações na internet são mentiras. No meio desse bombardeio, como fica a nossa fé cristã e luterana? Não é por nada que os bancos das igrejas luteranas estão cada vez mais vazios.

Esta pode ser a nossa reflexão ao celebramos 500 anos da Reforma Luterana. Ou seja, como ser a Igreja que Lutero desejou num mundo com bilhões de teses pre-gadas diariamente em nossas cabeças? Numa sociedade extremamente consumista, onde igreja virou sinônimo de dinheiro, ou, como Lutero protestou, que “os tesouros do Evangelho são as redes com que outrora se pesca-vam homens possuidores de riquezas” (tese 65), como podemos manter descoberta a inigualável riqueza do Evangelho? Isso só vai acontecer se vendermos tudo o que temos e comprarmos o campo onde está o tesouro enterrado (Mt 13.44). Uma negociata assinada na cruz vermelha de sangue, aquela no centro da Rosa de Lutero, feita do coração preto, manchado pelo pecado. É aqui e agora que começa a reforma, não cinco séculos atrás, na porta de uma igreja.

E isso são os mesmos quinhentos, ou seja, o mesmo desafio que o reformador expõe ao concluir suas famosas teses: “Devem-se exortar os cristãos a que se esforcem por seguir a Cristo, seu cabeça, através das penas, da morte e do inferno; e, assim, a que confiem que entrarão no céu antes através de muitas tribulações do que pela segurança da paz”. Ou então Lutero pregaria na porta na nossa igreja: Não acreditem que basta, confortavelmen-te, ter o nome luterano para ser salvo. É preciso ser um cristão com todas as suas dificuldades.

SÃO OUTROS

QUINHENTOS

7500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

ADORAÇÃO E LOUVOR

QUANDO E COMO A REFORMA CHEGOU À

LITURGIA DA IGREJA?

S e a Reforma teve início “oficial” no dia 31 de ou-tubro de 1517, quanto tempo demorou até que

a redescoberta do Evangelho se fizes-se sentir no culto, especialmente em Wittenberg, onde Lutero morava e era professor? Engana-se quem pensa que houve uma mudança da noite para o dia. Temos a informação de que, em 1519, foram rezadas muitas missas à moda medieval na igreja do Castelo de Wittenberg, a mesma em que Lutero supostamente afixou as 95 teses. Não apenas missas regulares, mas principal-mente missas particulares, sem a pre-sença de outras pessoas. Essas missas eram rezadas como forma de sacrifício, para atenuar o castigo no purgatório, ou seja, para diminuir a pena das pes-soas em favor das quais essas missas haviam sido encomendadas. Acredite: foram 9 mil missas na igreja do Castelo, apenas em 1519. Acontece que naquela igreja, que tinha sido concluída em 1509, havia 19 altares laterais, além do altar principal. Assim, foi rezada no mínimo uma missa por dia em cada um desses altares. Isso mostra que, passado mais

de um ano desde a publicação das 95 teses, pouco ou nada havia mudado na Igreja do Castelo.

Quatro anos depois, em 1521, quan-do Lutero estava abrigado no castelo de Wartburgo, seus colegas de Wittenberg, liderados por Karlstadt, começaram a implantar mudanças à força, sem que o povo estivesse suficientemente instru-ído e preparado para isso. No Natal de 1521, Karlstadt distribuiu a Santa Ceia sob duas espécies, na igreja do Castelo. Em outras palavras, alcançou o cálice também para os leigos. Nesse contexto de tumulto, as imagens foram tiradas das igrejas e as vestes litúrgicas foram abandonadas. Diante do caos reinan-te, em março de 1522, Lutero deixou Wartburgo e voltou a Wittenberg. Pre-gou ao longo de uma semana e, por fim, conseguiu acalmar a situação e fazer com que tudo voltasse à forma anterior, inclusive com a distribuição da Santa Ceia sob uma espécie (apenas o pão).

Primeiro a teologia, a partir dela, a liturgia

Foi somente em 1523 que Lutero começou a se dedicar à questão da refor-

ma do culto. Não que antes não tivesse tratado do assunto. Já tinha abordado a questão em 1520, na obra Do Cativeiro Babilônico da Igreja. Lutero queria pri-meiro esclarecer a teologia, para que a partir disso ocorressem mudanças na liturgia. Mas vários pastores já haviam elaborado novas formas de culto. Isto fez com que, em julho de 1523, um pastor chamado Nicolas Hausmann se dirigisse a Lutero, pedindo orientação. Lutero respondeu cinco meses depois, em 4 de dezembro de 1523, com um texto latino intitulado Formula missae et communionis pro ecclesia Wittem-bergensi, que se traduz como “A forma da missa e comunhão para a igreja de Wittenberg”. Esse texto, traduzido ao português, encontra-se no volume 7 de Obras Selecionadas de Lutero, publicado pela Comissão Interluterana de Litera-tura (CIL), em parceria com as editoras Concórdia, Sinodal e Ulbra.

Nessa “Forma da Missa” de 1523, Lutero não criou uma ordem de culto nova; apenas reformou a ordem exis-tente, deixando-a inclusive em latim. Também isso mostra que “reforma” não é renovação, modernização, mas res-tauração, volta à forma original. É como tirar várias camadas de tinta da parede ou do quadro, para que apareça outra vez o quadro original. Nessa reforma ou restauração, Lutero não jogou tudo fora. Poderíamos dizer que ele deixou a mol-dura do quadro como estava. Ele apli-cou o texto de 1Tessalonicenses 5.12:

Lutero queria primeiro esclarecer a teologia,

para que a partir disso ocorressem mudanças

na liturgia

VILSON SCHOLZ | Professor de

Teologia e colaborador do ML

[email protected]

8 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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examinou tudo e reteve o que era bom. Assim, na ordem do culto permaneceu muito do que é familiar aos luteranos: o Kyrie, o Gloria in Excelsis, a Coleta (ora-ção), a Epístola, o Gradual com aleluia, o Evangelho, o Credo Niceno, a Pregação, o Prefácio da Santa Ceia, as Palavras da Instituição, o Sanctus, o Pai-Nosso, a Pax Domini, a Comunhão ou Distribuição (agora sob duas espécies), o Agnus Dei, a Coleta, a Saudação, o Benedicamus e a Bênção.

Nessa descrição que aparece na “Forma da Missa” não se tem propria-mente uma “liturgia luterana”. Era (e ainda é) a liturgia da Igreja latina, só que submetida ao crivo da Reforma. Por isso, não raras vezes, pessoas de fora chamam a atenção para a semelhança entre o culto luterano e a missa católica. Alguém até poderia pensar que o culto luterano copiou a missa católica. Isso não é bem assim. A liturgia luterana é a Reforma aplicada à liturgia ocidental, que Lutero viu como corrompida e que ele chamava de “missa papal”. Em que consistiu essa reforma? Basicamente na

exclusão do assim chamado “cânone da missa”. Esse cânone havia transformado o testamento de Cristo num sacrifício. A Ceia deixou de ser um dom de Deus para ser um sacrifício apresentado a Deus. Lutero voltou às palavras da instituição da Ceia e fez a reforma, insistindo no “dado e derramado por vocês”.

Participação na Santa Ceia, segundo Lutero

Quanto à participação na Ceia, embora muitos pensem que Lutero

era liberal, acolhendo todos indis-tintamente, pouco importando o que soubessem ou cressem, o texto da “Forma da Missa” deixa claro que não era bem assim. Lutero insistiu naquilo que nós chamamos de “inscrição para a Santa Ceia com o pastor”. Ele escre-veu o seguinte: “Aqui se deveria seguir o mesmo que se faz com o batismo, a saber, que o bispo seja informado a respeito dos que desejam comungar. Eles deveriam fazer pessoalmente este pedido para receber a Ceia do Senhor, para que o bispo possa saber o nome deles e conhecer o seu modo de vida. E que ele não admita os candidatos a menos que possam dar razão da sua fé e responder perguntas sobre o que é a Ceia do Senhor, quais são os seus bene-fícios e o que esperam receber dessa Ceia. Em outras palavras, deveriam poder recitar de cor as palavras da instituição e explicar que vêm porque estão atribulados por causa do peca-do, da carne, do mundo e do diabo, e agora têm fome e sede de receber a palavra e sinal de graça e salvação do

Lutero não criou uma ordem de culto nova;

apenas reformou a ordem existente [...] isso

mostra que “reforma” não é renovação,

modernização, mas restauração, volta à

forma original

DOMÍNIO PÚBLICO

9500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

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ADORAÇÃO E LOUVOR

próprio Senhor através do ministério do bispo, para que sejam consolados e confortados. Este foi o propósito de Cristo, quando em amor impagável instituiu e nos deu esta Ceia, dizendo: Peguem e comam etc.”

Para a igreja em WittenbergTambém cabe ressaltar que Lutero

acrescentou ao título desse escrito de 1523 a expressão “para a igreja de Wittenberg”. Na verdade, ele descre-veu como o culto era celebrado em Wittenberg naquele momento. Lutero sabia que muitos queriam “canonizar” ou “eternizar” a forma de culto apre-sentada por ele. Mas ele não queria que isso se tornasse uma nova lei, uma liturgia imutável a ser usada por todos e em todos os lugares. Por isso, deixou claro que era a forma da missa “para Wittenberg”. Lutero parece ter sido atendido, pois, em três décadas, entre 1523 e 1555, foram publicadas umas 135 ordens de culto luteranas nos diferentes países da Reforma. Havia unidade, mas não uniformidade, no espírito do Artigo VII da Confissão de Augsburgo: “Para a verdadeira unidade da igreja cristã não é necessário que em toda a parte se observem cerimônias uniformes instituídas pelos homens”. Mas também é verdade que, por uma questão de boa ordem, Lutero julga-va conveniente que, numa região, a ordem de culto fosse mais ou menos a mesma.

Nisto, como em tantas outras coi-sas, Lutero levou em conta os fracos na fé ou as pessoas menos instruídas. E foi pensando nessas pessoas simples que, três anos depois, em 1526, Lutero escreveu a Missa Alemã. Esta ordem de culto certamente era utilizada nos cultos realizados bem cedo, às cinco ou seis da manhã, e que tinham em

vista as pessoas simples, incluindo os empregados. A sequência da Missa Alemã é a seguinte: Hino ou Salmo em alemão, Kyrie, Coleta, Epístola, Hino em alemão, Evangelho, Credo Niceno (na forma do hino “Nós cremos todos num só Deus”), Pregação, Pai-Nosso (em paráfrase de Lutero), Exortação aos comungantes, Celebração da Santa Ceia, Hino ou Agnus Dei em alemão, Coleta (oração), Bênção. A elaboração desta segunda liturgia deixa claro que Lutero não queria de forma alguma criar um formulário litúrgico fixo e único. Quando o príncipe daquela re-gião quis introduzir a Missa Alemã em todo o seu território, Lutero se opôs.

O centro do culto, na visão da Reforma

Deixando de lado a questão da forma do culto, cabe perguntar qual o centro do culto, na visão da Reforma? Como em tantos outros momentos, a resposta breve (e correta) é “Jesus”. Assim, a melhor liturgia é aquela que focaliza Jesus e que não desvia os nossos olhos e ouvidos da ação de Deus a nosso favor. Se alguém (talvez o pregador) ou algo (talvez o organis-ta ou a banda) se tornarem o ponto focal, o culto se desvirtuou. Cristo, presente em Palavra e sacramentos,

é o ponto focal do culto. A isso se po-deria acrescentar a participação da igreja. Um culto que se transforma em performance de um ou de poucos é tão abominável quanto a missa medieval, que também era um espetáculo a ser observado de longe, sem que ninguém participasse ou entendesse ao certo o que se passava.

Se alguém quiser relembrar o que é a Reforma, neste jubileu dos 500 anos, precisa reler a Confissão de Augsbur-go. Se alguém quiser aprender, de for-ma visual, as ênfases do culto na visão da Reforma, é bom olhar para uma foto de um quadro que foi pintado no ano de 1561, na Dinamarca. Esse quadro estava afixado na base do altar de uma igreja da localidade de Torslunde. Está reproduzido na página 9 e mostra muito bem o que é o culto segundo a Reforma luterana. Pode-se perceber uma expressiva presença de pessoas, que são a igreja. Este é um dos marcos do culto da Reforma. O que torna essas pessoas igreja é a presença de Cristo. Assim, o Cristo crucificado ocupa o lugar central. O pregador, ao lado, com a Bíblia aberta, aponta para o Cristo cru-cificado, que vem a nós ou nos é dado nos sacramentos: Batismo e Santa Ceia. Como o quadro é estático, tudo isso é retratado como ocorrendo ao mesmo tempo. Fica claro que a Santa Ceia é administrada sob duas espécies (pão e vinho) e que as vestes litúrgicas foram retidas. Neste quadro, nada é oferecido a Deus; tudo é recebido dele. Portanto, esse quadro representa bem a reforma litúrgica realizada por Lutero. Esse quadro mostra como a Reforma se faz presente no culto. A Reforma reteve na ordem de culto as partes boas que foram recebidas da tradição e colocou o Evangelho no centro de tudo.

A melhor liturgia é aquela que focaliza Jesus

e que não desvia os nossos olhos e ouvidos

da ação de Deus a nosso favor. Cristo, presente em Palavra e sacramentos, é o ponto focal do culto

10 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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• Vera Cruz, RS | 22/1017h – Culto Distrito Vale do Rio

Pardo, com pregação do pastor e professor Gerson Linden e presença do cantor luterano Carlos Magrão. Local: Clube Vera Cruz.

• Brasília, DF | 26/10Eventos em homenagem à Refor-

ma Luterana, na Câmara Federal – com participação do presidente da IELB.

• Curitiba, PR | 27 a 31/10Cinco grandes eventos serão re-

alizados na Expo Renault, no Parque Barigui, cada um para um público de aproximadamente 4,5 mil pessoas. No primeiro dia, uma celebração para os jovens; e, depois, quatro noites com espetáculo musical, contando a histó-ria da Reforma através de um coral de 500 vozes e grande orquestra.

• Francisco Beltrão, PR | 28/10 Culto Distrito Vale do Iguaçu, com

participação do vice-presidente de Educação Cristã da IELB.

• Porto Alegre, RS | 28/10 20h – Evento organizado pelo

GT 500, com participação da IELB e IECLB e do Distrito Porto-Alegrense (DIPA). Local: Auditório Araújo Viana.

• Campo Bom, RS | 29/1010h – Culto Distrito Vale do Rio dos Sinos. Local: Centro de Educação Integrada.

• Torres, RS | 29/10 10h30 - Celebração organizada

pelo Distrito Litoral Norte Gaúcho e Ulbra. Local: Centro de Eventos Ulbra.

• Schroeder, SC | 29/109h – Culto Distrito Nordeste Ca-

tarinense. Local: Congregação Cristo.

• Belo Horizonte, MG | 29/10Culto Unido na Igreja Luterana da

Paz (IECLB e IELB).

• Nova Santa Rosa, PR | 29/10 9h – Culto Distrito Cataratas.

• S. Bernardo do Campo, SP | 29/1010h – Culto Distrito Paulista. Local:

Teatro Lauro Gomes.

• Cacoal, RO | 29/109h – Culto Distrito Rio Machado.

Local: Cemaderon.

• Local a definir | 29/10Culto do Distrito Hortênsias.

Provavelmente em Igrejinha, RS. Pregador: pastor e professor Paulo Moisés Nerbas.

• Brasília, DF | 29/10Culto Distrito Brasil Centro-Oeste,

com participação do presidente da IELB.

• Flores da Cunha, RS | 29 /10 10h - Culto, palestras e aprestação

de corais do Distrito Videiras. Local: Parque da Vindima Eloy Kunz.

Guarapuava, PR | 29 /10 10h – Culto Distrito Paraná Centro

• Belém, PA | 29/10Culto Distrito Pará Norte, com

participação do vice-presidente de Expansão Missionária da IELB.

• Arroio do Meio, RS | 31/1019h – show dos 500 anos da

Reforma Luterana. Apresentações dos artistas luteranos Carlos Magrão Gospel e Banda Barbarella. Local: Rua Coberta da Praça Central.

• Local a definir | 5/119h30 – Culto Distrito Alto Rio

Madeira – com participação do vice--presidente de Expansão Missionária da IELB.

CELEBRAÇÕES DOS 500 ANOS DA REFORMAConfira algumas datas de eventos já confirmadas em todo o Brasil

Confira o calendário atualizado em https://goo.gl/7QXqYc

RODOLFO STUCKERT/CÂMARA FEDERAL

ML

11500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

UM HINO DE FÉ

CASTELO FORTE É NOSS O DEUSREFÚGIO, FORTALEZA E CONFORTO NAS TRIBU LAÇÕES

O ano de 2017 marca 500 anos de bênçãos da Reforma Lute-rana. No dia 31 de

Outubro de 1517, Martinho Lutero afixou as 95 teses à porta da Igreja do Castelo em Wittenberg. As teses foram escritas em Latim, e através delas Lutero desejava tão somente conclamar a um “debate sobre o poder e eficácia das indulgências”. Indulgências eram vendidas pela Igreja da época em prol das almas do purgatório e da arrecadação de fundos para a construção da catedral de Roma. A questão central das teses é a respeito da salvação do ser humano – de quem a inicia, processa e efetiva, Deus ou o homem?

A razão principal que levou Lu-tero a publicar as 95 teses, como ele mesmo escreveu, foi o seu amor e compromiso para com a verdade da Palavra de Deus e o seu desejo de tra-zer esta verdade à luz em benefício da salvação de todas as pessoas. As teses foram traduzidas para o alemão, im-pressas e espalharam-se rapidamente por toda a Europa. Um movimento, pequeno a princípio, restrito a uma universidade, espalhou-se como ras-tilho de pólvora, tornando-se global e mudando para sempre o mundo.

A Reforma liderada por Lutero é lembrada e celebrada por cristãos no mundo inteiro, especialmente por luteranos, em reconhecimento e

gratidão a Deus por ter resgatado sua Igreja do cativeiro babilônico de he-resias e idolatria de volta à Escritura Sagrada, através de seu servo Lutero.

A herança da fé que confessamos – legado disponível para todos

Através de cinco séculos, lutera-nos têm sido mantidos firmes pela graça de Deus a continuar crendo, ensinando e confessando as mesmas verdades bíblicas trazidas à luz por Lutero. Cremos, ensinamos e con-fessamos o Sola Scriptura, em que a Escritura Sagrada é a pura e ver-dadeira Palavra de Deus, inspirada pelo Espírito Santo e poderosa para a salvação de todo aquele que crê. Cremos, ensinamos e confessamos o Sola Gratia, em que a graça de Deus somente, e não obras ou méritos humanos, pode nos salvar. Cremos, ensinamos e confessamos o Sola Fide, em que somente pela fé em Cristo, oferecida e operada no coração do ser humano pelo Espírito Santo através da Palavra de Deus, realiza a salvação do pecador. Cremos, ensinamos e confessamos o Solus Cristus, em que Jesus Cristo somente é o Caminho, a Verdade e a Vida, e que ninguém vai a Deus senão por intermédio da fé nele como Salvador. Cremos, ensinamos e confessamos que as Confissões Luteranas expostas no Livro de Con-córdia são uma exposição clara, fiel e

verdadeira das doutrinas da fé cristã contidas na Escritura Sagrada.

A herança da fé confessada por Lutero

Em todos os seus escritos e duran-te todo o seu ministério, Lutero não apenas pregou e ensinou essas verda-des, mas primeira e pessoalmente as creu e confessou. Em sua explicação do Credo Apostólico ele testemunha: “Creio que Deus me criou a mim e a todas as criaturas”. “Creio que Jesus Cristo, verdadeiro Deus, gerado do Pai desde a eternidade, e também verdeiro homem, nascido da virgem Maria, é meu Senhor.” “Creio que por minha própria razão ou força não posso crer em Jesus Cristo como Senhor, nem vir a ele, mas o Espírito Santo me chamou pelo Evangelho, me iluminou com os seus dons, me santificou e conservou na verdadeira fé.” O apóstolo Paulo diz em Romanos 10.9-10: “Se, com a tua boca, confes-sares Jesus como Senhor e, em teu co-ração, creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo. Porque com o coração se crê para justiça e com a boca se confessa a respeito da salvação”. Como Paulo, Lutero creu e confessou a verdade de Cristo.

Um aspecto marcante da vida de Lutero foi seu apego irrestrito à Palavra de Deus, sua dependência e confiança absoluta no seu poder e misericórdia através de Jesus Cristo.

12 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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CASTELO FORTE É NOSS O DEUSREFÚGIO, FORTALEZA E CONFORTO NAS TRIBU LAÇÕES

Esse aspecto vemos especialmente no hino da Reforma, o “Castelo For-te”, inspirado no Salmo 46. Lutero escreveu mais de quarenta hinos. Seu costume nas devoções de família era também de cantar. Ele dizia que quan-do o diabo se aproximava dele com suas tentações, respondia algo como: “Afaste-se, Satanás, tenho muito que fazer hoje; necessito tocar e cantar... e não tenho tempo para você”. O hino “Castelo Forte” está traduzido em mais de 200 línguas hoje. É chamado um hino de batalha, mas muito mais, é um hino fundamentado, inspirado e composto sobre a Palavra de Deus – de extraordinário conforto e consolo.

Não sabemos por certo quando Lutero compôs o “Castelo Forte”. É bem provável que tenha sido com-posto em algum momento durante os anos 1527-1528. Segundo Lutero, o período entre 1521 e 1528 foram os anos mais difíceis e desafiantes de toda a sua vida e ministério: pela história sabemos que havia proble-mas na Igreja e na sociedade em geral. Entre esses, os problemas da venda de indulgências, idolatria, negação da corrupção total do ser humano, negação da eficácia do Santo Batismo e da presença real de Cristo no Sacra-mento da Santa Ceia, e outros. Politi-camente, a Europa estava dividida. Cidadãos radicais estavam rebelados contra as instituições do Estado, ao ponto de anarquias extremadas em

LANGGERALD/PIXABAY

13500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

UM HINO DE FÉ

algumas partes. Lutero continuou firme, ensinando e testemunhando as verdades da Palavra de Deus. Em agosto de 1527, ficou chocado com a notícia do martírio de um dos seus grandes amigos e discípulos, Leonard Kayser, queimado por con-fessar Cristo. Lutero havia escrito a Leonard para permanecer firme na fé e na confissão do amor de Jesus em meio às ameaças dos inimigos. Ele ficou profundamente consternado com o martírio do amigo, e somente pela graça de Deus, depois de algum tempo, superou a dor do luto.

Durante este período os efeitos da peste negra ou bubônica conti-nuavam a devastar e matar milhares de pessoas, especialmente na região de Wittenberg. Príncipes e amigos de Lutero recomendaram que ele se retirasse da região, procurasse esca-par e “salvar sua pele”. Ele rejeitou e se opôs veementemente ao pedido. Resoluto e determinado, permane-ceu para cuidar dos que sofriam. Transformou sua casa em um abrigo e hospital para cuidar dos enfermos. Ele e sua esposa Catarina, noite e dia, alimentavam e tratavam dos doentes. Catarina estava grávida do segundo filho. No dia 10 de dezembro de 1527 ela deu à luz a sua filha Elizabeth, que nasceu muito enferma e fraca, com risco de vida. Elizabeth veio a falecer em agosto de 1528. Segundo Lutero, os oito meses entre o nascimento e morte da filha foram marcados por provações e sofrimentos, por lutas e orações incessantes a Deus em favor da vida da filha. Em janeiro de 1528, ele escreveu a um amigo e informou que estava passando por um dos pe-ríodos de maior tentação e provação de sua vida. Estava fatigado e exausto, sob pesada cruz de sofrimento emo-

cional e físico. Ele escreveu: “Estamos todos com boa saúde, com exceção de Lutero, que está bem fisicamente, mas o mundo exterior e o diabo com os seus anjos estão fazendo que ele sofra interiormente”.

Castelo Forte é nosso Deus, defesa e boa espada

Com as armas da fé com as quais Deus nos agracia – a Palavra, espada do Espírito, o poder de Deus, o capa-cete da salvação e a oração – Lutero pôde resistir aos dardos inflamados de Satanás. Deus o firmou e sustentou pela âncora do seu amor. Na mais profunda tribulação física e emocio-nal, Deus lhe deu forças para compor, cantar e nos legar o “Castelo Forte”. Quando exteriormente tudo parecia de mal a pior, para a alma de Lutero, sua comunhão com Deus, tudo estava bem por causa do amor de Cristo. Ele podia cantar: “Sou feliz com Jesus, meu Senhor!” Deus diz: “Invoca-me no dia da angústia; eu te livrarei, e tu me glorificarás” (Sl 50.15). Lemos no salmo 91.1-4: “O que habita no esconderijo do Altíssimo e descansa à sombra do Onipotente diz ao SE-NHOR: Meu refúgio e meu baluarte, Deus meu, em quem confio. Pois ele te livrará do laço do passarinheiro e da peste perniciosa. Cobrir-te-á com as suas penas, e, sob suas asas, estarás seguro; a sua verdade é pavês e escu-do”. Lutero aprendeu e viveu na prática da vida sob tribulação que Deus é nosso refúgio e fortaleza, socorro bem presente. Aprendeu com Paulo que, por causa do amor e testemunho de Jesus, quando somos fracos, então é que somos fortes, porque o poder de Deus se aperfeiçoa em nossa fraqueza. Aprendeu e foi fortalecido e firmado pelo convite amoroso de Jesus: “Vinde

a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e apren-dei de mim, porque sou manso e hu-milde de coração; e achareis descanso para a vossa alma” (Mt 11.28-29).

Através do hino “Castelo Forte”, Lutero creu, confessou e ensinou que Deus é nosso refúgio e fortaleza, so-corro bem presente nas tribulações. Ele é o Criador e sustentador de tudo e de todos. Ele é ajuda bem presente em toda e qualquer tribulação. Sa-tanás e seu exército das trevas são poderosos. Sabem lutar, com força e ardil sem par; igual não há na terra. Não temos forças por nós mesmos para vencer. Mas o nosso Deus nos livra da angústia desde os céus; que-bra e destroça os dardos inflamados do maligno. Vence na batalha por nós e triunfará na batallha final.

Quem é o vencedor? Não há outro do que “Jesus Reden-

tor, o próprio Jeová, pois outro Deus não há. Triunfará na luta”. Por duas vezes no salmo 46 o autor nos diz que

MUSEUM DER BILDENDEN KÅNSTE, LEIPZIG/URSULA GERSTENBERGER

14 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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o nosso Deus, refúgio e fortaleza, é o Emanuel, o Deus-conosco (vv. 7,11). Emanuel veio a nós, carregou e supor-tou o peso da cruz dos nossos peca-dos. Em nosso lugar carregou nossa vergonha, suportou nossos açoites, concedendo-nos a salvação eterna. “Porque Cristo, quando nós ainda éra-mos fracos, morreu a seu tempo pelos ímpios” (Rm 5.6). “Ele foi traspassado pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre ele, e pelas suas pisaduras fomos sarados” (Is 53.5).

Segundo Lutero, o maligno venci-do cairá por uma só palavra. Através do ministério de Jesus testemunha-mos várias vezes o seu grande poder e milagres em destruir o poder do diabo. Pequenas palavras, mas com absoluto poder e eficácia: “Arreda, Satanás!” “Cale-se!” “Saia dessa vida!”. A pequena palavra culminou e soou na cruz, com o suspiro da vitória, “Tetélestai”, “Está consumado”. “Está concluída a obra salvadora em favor de toda a humanidade decaída. Por

causa do meu sacrifício e derramen-to do meu sangue, todos têm acesso ao Pai pela fé em mim. Satanás não tem mais poder sobre os que creem em mim como Salvador.” O que para Satanás parecia vitória, era realmente derrota total para ele.

Quem é o vencedor? É o nosso Jeová, Emanuel, o gran-

de “Eu Sou”. Ele nasceu criança, em pobreza, indefesa, rodeada de inimi-gos desde o berço, perseguido. Mas é Deus que fala às ondas e acalma os temporais; ressuscitou mortos, alimentou milhares com cinco pãos e dois peixinhos – quantidades impos-síveis e inconcebíveis à razão e força humanas. Ele é a ressurreição e a vida, a luz do mundo, o pão da vida, o Alfa e o Ômega, o Primeiro e o Último, o caminho, a verdade e a vida, o que era, é e há de vir, o Todo-Poderoso, o bom pastor que dá a vida pelas suas ove-lhas. Ele nos assegura que veio para que tenhamos vida, e a tenhamos em abundância.

Lutero exclama no “Castelo For-te”: “Seremos vitoriosos. O céu é nossa herança”. Jesus diz à sua igreja: “Não temais, ó pequenino rebanho; porque vosso Pai se agradou em dar--vos o seu reino” (Lc 12.32). O reino do diabo está julgado. O reino eterno de Cristo nos está garantido. No Juízo Final veremos nosso Rei face a face. Todo olho o verá, mesmo os que o traspassaram. Os remidos receberão a posse do reino através do convite final: “Vinde, benditos de meu Pai! Entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo” (Mt 25.34). Deus nos garante a vitória e a herança por sua graça, através do sacrifício de Cristo por nós, sem esforço ou merecimento

algum de nossa parte. O salmo 46 aponta para esta herança, o santuá-rio das moradas do Altíssimo, o rio que alegra a cidade de Deus, morada que jamais será abalada. Jesus nos convida à fonte das águas do rio da vida, dizendo: “Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva” (Jo 7.37-38). Ele nos assegura: “Aquele, porém, que beber da água que eu lhe der nunca mais terá sede; pelo contrário, a água que eu lhe der será nele uma fonte a jorrar para a vida eterna” (Jo 4.14).

ConclusãoAgradecemos humildemente a

Deus pela rica herança de fé e vida bí-blica transmitida a nós por seu servo Lutero; por ter inspirado, fortalecido e usado a Lutero a trazer de volta à luz a verdade pura, imutável e eterna da Palavra de Deus. Agradecemos pela nuvem de testemunhas, que antes e depois de Lutero permaneceram fiéis e firmes até o fim na Palavra de Deus e a confessaram para muitos – mesmo em meio a tribulações e perseguições e diante do martírio.

Pela graça de Deus queremos lembrar-nos com gratidão a ele pelos heróis da fé. Queremos seguir nas suas pisadas de fé, consagração e fidelidade, com nossos olhos fixos em Cristo Jesus, o Autor e Consumador da nossa fé. Queremos permanecer unidos na mesma doutrina em Cristo, no mesmo Evangelho, no Batismo, na Santa Ceia e na comunhão da família da igreja até o dia final da nossa vida neste mundo.

LEONARDO NEITZEL | Pastor no Canadá

Lutero e família reunida em momento de devoção cantavam hinos como o Castelo Forte

ML

MUSEUM DER BILDENDEN KÅNSTE, LEIPZIG/URSULA GERSTENBERGER

15500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

MARTINHO LUTERO

ENTREVISTA COM O REFORMADOR

COM A PALAVRA, MARTINHO LUTERO

A pesar de sua agenda sempre tomada, dr. Lutero se dispôs a nos conceder uma rápida

entrevista. Reconhecido amplamente como teólogo, professor, pregador, escritor, tradutor da Bíblia e reforma-dor, sua vida e obra ocupam o centro das atenções em todo o mundo em 2017, com a celebração dos 500 anos da Reforma. No dia 31 de outubro, há meio milênio, vieram a público suas famosas 95 teses contra o comércio das cartas de indulgência autorizado pela Igreja. Para ele, o genuíno arre-pendimento diário e o discipulado

coerente com o Evangelho jamais poderiam ser substituídos por

compensações financeiras. Tamanho foi o impacto de

sua denúncia profética que o 31 de outubro ficou

consagrado como o Dia da Reforma.

Lutero deixou cla-ro que está muito preocupado com o

teor das celebrações, com o que será promovido e anunciado neste jubileu. Condicionou a publicação de sua en-trevista a que divulgássemos expres-samente a sua ressalva em relação a si mesmo, sua vida e suas ideias. Ele não quer que valorizemos em demasia suas palavras, já que não traz receitas prontas para os nossos problemas e desafios: “Queria que todos os meus livros fossem sepultados e esquecidos para sempre, para dar lugar a outros melhores”. Disse que foi alguém do seu tempo e para o seu tempo. Nós, de nossa parte – insistiu Lutero –, deveríamos olhar com atenção para a nossa época e lugar, muito diferentes de quando e onde ele viveu, há cinco séculos, na Europa. Nós, pessoas cristãs do século XXI, não podemos transferir a responsabilidade de viver conforme o Evangelho, de falar e agir na perspectiva do reino de Deus. E arrematou: “Aproveitem a Palavra de Deus e sua graça enquanto estão aí, pois elas são como chuva de verão, que não retorna ao lugar por onde passou”.

Martinho Lutero nasceu na cidade de Eisleben, na Alemanha, no dia 10 de novembro de 1483. Aos 14 anos, matriculou-se na Escola Superior de Latim, em Magdeburgo, e ali encontrou pela primeira vez uma Bíblia

16 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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ENTREVISTA COM O REFORMADOR

COM A PALAVRA, MARTINHO LUTERO

Pergunta – Dr. Lutero, por que as 95 teses?

Lutero – Ao dizer: “Fazei penitên-cia”, em Mateus 4.17, nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse de arrependimen-to. Deve-se pregar com muita cautela sobre as indulgências apostólicas, para que o povo não as julgue erro-neamente como preferíveis às demais boas obras de amor. Deve-se ensinar aos cristãos que, dando ao pobre ou emprestando ao necessitado, proce-dem melhor do que se comprassem indulgências. Ocorre que através da obra de amor cresce o amor e a pes-soa se torna melhor, ao passo que com as indulgências ela não se torna me-lhor. Deve-se ensinar aos cristãos que quem vê um carente e o negligencia para gastar com indulgências obtém para si não as indulgências do papa, mas a ira de Deus. Deve-se ensinar aos cristãos que, se não tiverem bens em abundância, devem conservar o que é necessário para sua casa e de forma alguma desperdiçar dinheiro com indulgências. O verdadeiro te-souro da Igreja é o santíssimo Evan-gelho da glória e da graça de Deus.

P – De que modo isso se relaciona com o que chamamos de Reforma?

L – Para mim a Reforma tem a ver principalmente com as palavras “jus-tiça de Deus”. Eu tratei de estudá-las com empenho na Carta aos Romanos. Odiava essa expressão porque todos os professores me tinham ensinado que era a justiça com a qual Deus é justo e castiga os pecadores e injus-tos. A esse Deus, justo e que pune, eu não amava. Ao contrário, eu o odiava. Mesmo quando era monge e vivia de modo exemplar, continuava me sentindo pecador. Era torturado por minha consciência.

P – Que tem a carta de Paulo aos Romanos a ver com essa história?

L – Pois é, sempre de novo eu aca-bava batendo naquela passagem do capítulo 1: “A justiça de Deus é nele revelada, como está escrito: o justo vive por fé”. Não entendia a relação entre as palavras. O que Paulo que-ria dizer? Sem descobrir, eu ficava confuso e furioso. Aí Deus teve pena de mim. Finalmente entendi que a justiça ali expressa é aquela justiça que vivemos pela dádiva de Deus, a fé. A justiça de Deus é revelada por meio do Evangelho, é a justiça que Deus faz, cria em nós pela fé. Exa-tamente como está escrito: “O justo vive por fé”.

P – Quais foram as consequências disso?

L – Sabem, foi como se eu tivesse renascido. Foi como passar pelas portas do paraíso. A Escritura, lida nessa perspectiva, ficou totalmente diferente. A frase “justiça de Deus”, antes odiada, passou a ser para mim a mais amada de todas. Quanto ao resto, bem, vocês conhecem a história: indulgências, briga com Roma e com o imperador, introdu-ção da Reforma em comunidades e escolas, tradução da Bíblia, liturgia

e hinos, catecismo… Todo o resto foi decorrência dessa descoberta e do compromisso posto por Deus para quem a vivenciou.

P – Você dá um belo testemunho! Que experiência maravilhosa, nascer de novo! Mas foi muito difícil convencê-lo a dar esta entrevista. Você diz que podemos transformar os 500 anos da Reforma, em 2017, em uma espécie de culto à personalidade. Como assim?

L – Peço omitir meu nome. Não se chamem de “luteranos”, mas de cristãos. Quem é Lutero? A doutrina não é minha. Tampouco fui cruci-ficado em favor de alguém. Seria muita pretensão de minha parte, eu que sou um saco de vermes miserá-vel e fedorento, se quisesse que os filhos de Cristo fossem chamados pelo meu nome desastrado. Vamos extirpar as siglas partidárias e nos chamar de cristãos, de quem temos a doutrina.

P – Percebemos o quanto o estudo da Escritura ajudou você. Que sugere para quem lê a Bíblia?

L – Fundamental é procurar as partes que apresentam Cristo e ensinam tudo o que é necessário e bom saber sobre ele. Os evangelhos e a primeira carta de João, as cartas de Paulo – em especial Romanos, Gálatas e Efésios – e a primeira car-ta de Pedro são o cerne e a medula entre todos os livros. Cada pessoa cristã deveria lê-los por primeiro e com maior frequência. Ali achará enfatizado de forma magistral como a fé em Cristo supera pecado, morte e inferno e dá vida, justiça e salvação. Ali achará o Evangelho propriamente dito.

O verdadeiro tesouro da Igreja

é o santíssimo Evangelho da glória e da graça de Deus

17500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

MARTINHO LUTERO

P – Muitos pregadores, hoje, usam a Bíblia para oprimir e manipular as pessoas, especialmente quando esta aborda pecado, diabo e demônios. Com isso, dominam as pessoas e ficam com seu dinheiro e bens. Você, que com frequência também escreveu sobre pecado, diabo e demônios, concorda com eles?

L – De forma alguma. Ainda que o mundo estivesse cheio de demônios que nos quisessem devorar, não nos

apavoremos demais, pois vence-remos apesar de tudo. O príncipe deste mundo, por mais raivoso que se apresente, nada nos fará, porque já está julgado, uma palavrinha pode derrubá-lo. A Palavra, eles têm de deixar de pé, mesmo que não o quei-ram. Deus está agindo entre nós com seu Espírito e dons. Se nos tirarem o corpo, bens, honra, filhos e esposa, que tudo se vá! Mesmo assim, o Reino há de ser nosso.

P – Até agora você falou quase que exclusivamente sobre aquilo que Deus faz. E nós, Dr. Lutero? Nós, pessoas cristãs, que fazemos nós?

L – Pessoas cristãs autênticas são as que trazem a vida e o nome de Cristo para dentro de sua vida. A pessoa cristã não vive em si mesma, mas em Cristo e em seu próximo, ou então não é vida cristã. Vive em Cris-to, pela fé; no próximo, pelo amor. Pela fé a pessoa cristã é levada para o alto, acima de si mesma, em Deus. Por outro lado, pelo amor, desce abaixo de si, até o próximo, assim mesmo

permanecendo sempre em Deus e seu amor. Uma pessoa cristã é

senhora absoluta sobre tudo e a ninguém está sujeita. Ao

mesmo tempo, no entanto, serve a tudo e a todos, estando sujeita a todos.

P – Você tem insistido na doutrina da salvação por graça e fé. Tem afirmado que não há nada que possamos fazer para merecer a salvação. Na sua opinião, os cristãos têm também alguma responsabilidade social?

L – Cristo nos ensina para quem devemos fazer obras, mostrando-nos quais são boas obras. Todas as outras obras, com exceção da fé, devemos fazê-las para o próximo. Pois Deus não exige de nós que lhe façamos uma obra, a não ser unicamente a fé, por meio de Cristo. Com a fé, Deus tem o suficiente. Com ela o honramos como aquele que é benévolo, misericordioso, sábio, bom e verdadeiro. Depois disso, cuida apenas para proceder com o pró-ximo como Cristo procedeu contigo, e deixa todas as tuas obras com toda a tua vida visar ao teu próximo. O teu próximo é aquele que necessita de ti em assuntos de corpo e de alma.

P – No Brasil, vivemos nos últimos anos um contexto de convulsão política e social. É legítimo que os cristãos assumam cargos e participem ativamente da política?

L – Devemos saber que, desde o início do mundo, um governante sá-bio é ave rara, e mais raro ainda um governante honesto. Mas a política é um campo de serviço à coletividade,

No dia 31 de outubro de 1517, pregou essas teses na porta da catedral, para que todos as pudessem ler. Numa delas ele afirmava: “Cada cristão que se arrepende de seus pecados tem perdão dos mesmos, não necessitando em absoluto das indulgências”. Milhares de pessoas, ricas e pobres, jubilaram, vendo a coragem com que Lutero combatia os erros da Igreja. Lutero escreveu o Catecismo Menor, em 1529. Depois da Bíblia, é o livro mais usado na Igreja

18 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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e nenhum cristão deve assumir cargo político para defender interesses pesso-ais. Em favor de outros, porém, pode e deve assumir para impedir a maldade e proteger a honestidade.

P – Por que você tem insistido tanto na necessidade de criar e manter escolas?

L – Na verdade é pecado e vergonha o fato de termos chegado a ponto de haver necessidade de estimular e de sermos estimulados a educar nossos filhos e nossas filhas e a juventude e de buscar o melhor para eles. Aliás, em minha opi-nião, nenhum pecado exterior pesa tanto sobre o mundo perante Deus e nenhum merece maior castigo do que justamente o pecado que cometemos contra as crian-ças, quando não as educamos.

P – O senhor acredita que a sociedade terá algum proveito se investir em educação?

L – Eu penso que o progresso de uma cidade não depende apenas do acúmulo de grande tesouros, da construção de mu-ros de fortificação, de casas bonitas, de muitos canhões e da fabricação de mui-tas armaduras. Inclusive, onde existem muitas coisas dessa espécie e aparecem alguns tolos enlouquecidos, o prejuízo é tanto pior e maior para a referida cidade. Muito antes, o melhor e mais rico pro-gresso para uma cidade é quando possui muitas pessoas bem instruídas, muitos cidadãos ajuizados, honestos e bem--educados. Esses então também podem acumular, preservar e usar corretamente riquezas e todo tipo de bens.

P – Você também tem alguma opinião sobre justiça e injustiça nas relações econômicas da sociedade?

L – A maior desgraça é, com certeza, o empréstimo a juros. Nesse ponto tam-

“bém se deveriam realmente pôr ré-deas aos grandes banqueiros. Como é possível que durante a vida de uma única pessoa se juntem fortunas tão imensas de modo lícito? Eu não co-nheço a conta. Mas não compreendo como se pode, com 100 reais, ganhar outros tantos por ano, e tudo isso proveniente não do trabalho?

P – Você é citado como alguém que valorizou o trabalho como uma verdadeira vocação. Poderia explicar isso um pouco melhor?

L – Veja bem, um sapateiro, um ferreiro, um lavrador, cada um tem o ofício e a ocupação próprios de seu trabalho. Mesmo assim todos são sacerdotes e bispos ordenados de igual modo, e cada qual deve ser útil e

prestativo aos outros com seu ofício ou ocupação, de modo que múltiplas ocupações estão voltadas para uma comunidade, para promover corpo e alma, da mesma forma como os membros do corpo servem todos um ao outro.

Para finalizar: a pessoa que é cristã não vive em si mesma, mas em Cristo e no seu próximo – em Cristo, pela fé; e no próximo, pelo amor.

FONTESDa Liberdade Cristã, 48OS (Obras Selecionadas) 1, 256OS 2, 284, 337s, 456OS 5, 305s, 309OS 6, 95; 103; 481, 7-14OS 7, 538Pelo Evangelho de Cristo, 22, 31, 177s WA [Weimarer Ausgabe – Edição de Weimar] 10 I.2, 168,17-169,10

NOTAS • Texto elaborado pelos professores Osmar L. Witt (IECLB) e Ricardo W. Rieth (IELB) a partir de escritos selecionados de Martinho Lutero. Agradecemos a eles pela cessão do texto para publicação no Mensageiro Luterano.• Esse texto em forma de entrevista foi publicado no livro de meditações diárias – Castelo Forte 2017 – da Comissão Interluterana de Literatura (CIL), em parceria com as editoras Concórdia e Sinodal. Nessa edição do Castelo Forte, em comemoração aos 500 anos da Reforma, todos os textos são de Martinho Lutero, selecionados a partir do Castelo Forte de 1983 e das Obras Selecionadas de Lutero, também publicadas pela CIL.

Deus não exige de nós que lhe façamos uma obra, a não ser

unicamente a fé, por meio de Cristo. Com a fé, Deus tem

o suficiente. Com ela o honramos

como aquele que é benévolo, misericordioso,

sábio, bom e verdadeiro

ML

19500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

SOMENTE A ESCRITURA

MARTINHO LUTERO

PRECURSOR DA UNIFICAÇÃO DA LÍNGUA ALEMÃ

M artinho Lutero, ao receber o título de doutor na Universi-dade de Wittenberg,

na Alemanha, em 1512, declarou: “Profiro publicamente um caro voto pela Sagrada Escritura e prometo, para a vida toda, estudá-la e pregar sua mensagem, defender a fé cristã contra todos os hereges, por discussão e escritos. Que Deus me ajude”. E ele, efetivamente, dedicou-se a esta missão como professor universitário pelo resto de sua vida. É importante frisar que o pensamento teológico de Lutero era profundo e de muita riqueza. Sua vida foi marcada por centenas de escritos e muitas disputas teológicas com de-zenas de intelectuais. Fosse nas obras escritas ou nos debates, demonstrava ser mestre, tanto no conteúdo tratado, como no uso dos recursos retóricos, linguísticos e literários da época.

Dentre os maiores desafios da Reforma estava a necessidade de traduzir a Bíblia para a língua alemã, língua de seu povo. Entretanto, surgiu um impasse, pois o Sacro Império Romano Germânico era dividido em várias regiões, e cada qual tinha um dialeto diferente. Tão diferente que os alemães do norte não conseguiam compreender o que os do sul falavam. Por esta razão, a tradução do Novo Testamento da língua grega, em 1522, e do Antigo Testamento do hebraico,

concluída em 1534, tornaram-se uma obra monumental. Ao iniciar este tra-balho desafiador, Lutero escreveu ao seu amigo George Spalatino: “Estou começando a tradução da Bíblia que, a despeito de me ter incumbido desta tarefa, excede as minhas forças. Agora compreendo o que significa traduzir e por que ninguém se encarregou disto, disposto a lhe emprestar o nome”.

A pergunta que surge é: Por que Lutero estava tão determinado em traduzir a Bíblia das línguas originais? A razão estava no seguinte: a versão que era utilizada pela Igreja Católica, na época, era a Vulgata, uma tradução da Bíblia para o latim, escrita entre fins do quarto século e início do quinto, por São Jerônimo, e nos mosteiros também se encontrava a Septuaginta, uma versão grega do Antigo Testamento. Além dis-to, a Igreja não estimulava a tradução para outros idiomas, por considerar a Bíblia um livro obscuro e não apropria-do para ser lido por leigos. Isso fazia com que o povo sequer compreendesse o que era dito e estava escrito, pois o latim era a língua utilizada nas igrejas e o texto bíblico ficava nas mãos do clero. Os padres liam e interpretavam a bel prazer os ensinos da Bíblia, e afirma-vam que os dogmas da Igreja tinham o mesmo peso ou ainda maior do que o que estava nas Escrituras Sagradas.

No entanto, como fazer uma tra-dução para o alemão, com uma di-

versidade tão grande de dialetos? Exemplificando: para a palavra irmã, ou schwester no alemão padrão, criado por Lutero, na região de Köln ou Colô-nia, utilizava-se a palavra suster; em München ou Munique, swester. Para a palavra amor, Liebe no alemão padrão, em Colônia se utilizava a palavra minne. Poderia aqui, mencionar inúmeros ou-tros exemplos, mas são suficientes para se entender o que Lutero teve que fazer.

Antes de tudo, temos que com-preender uma questão geográfica da época. Lutero residia na região da Saxônia, localizada na parte leste da atual Alemanha e que estava em fran-ca ascensão. As vias de comércio da Europa passavam pela Saxônia, e isso

DOMÍNIO PÚBLICO

20 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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MARTINHO LUTERO

PRECURSOR DA UNIFICAÇÃO DA LÍNGUA ALEMÃ

fazia com que pessoas de todos os ter-ritórios de língua alemã migrassem em grande quantidade para lá. E cada um vinha com um falar próprio, o que aca-bava gerando uma mistura e a criação de uma língua comum, chamado de “alemão forense de Meissen” (Meiss-ner Kanzleideutsch). Este dialeto local era entendido em quase todo o Sacro Império Romano da Nação Germânica,

e foi a partir dele que Lute-ro iniciou a tradução, com algumas particularidades.

Bíblia traduzida de Lutero – 1934

Para Lutero, a tradução da Bíblia não poderia ser palavra por palavra, teria que ser de uma forma que o texto final pudesse ser com-preendido pelos leitores e ouvintes, tinha que ter sen-tido. Para tanto, orientou os seus auxiliares a que fossem procurar as crianças na rua, falar com as donas de casa, com o padeiro e o açouguei-ro, com as pessoas simples do mercado, para saber

como se expressavam. A recomen-dação era que o tradutor não focasse na complexidade da língua da qual se traduz, mas sim, na forma como o povo se expressava. Lutero não tinha dúvida, a Bíblia traduzida deveria "fa-lar a língua do povo". Com esta arte de tradução, Lutero resgatou o profundo significado do texto sagrado e fez isso a partir do universo linguístico do povo pobre. Ele o fez de tal forma que, com fidelidade, conseguiu traduzir o sentido da língua original, e, assim, o povo alemão pôde conhecer a Palavra de Deus em sua própria língua.

Por outro lado, apesar de unificar a língua alemã, isso não eliminou os mais variados dialetos que até hoje

ainda existem na Alemanha. O que Lutero fez foi criar uma língua padrão, com um vocabulário e gramática próprias, apesar de algumas palavras serem pronunciadas de forma dife-renciada em algumas regiões. O passo seguinte foi a criação de escolas em todo o Império Germânico, onde meni-nos e meninas aprendiam os aspectos léxico-gramaticais desta língua e, as-sim, podiam ler e interpretar a Bíblia. Além disso, podiam aprender todas as artes e conhecimentos previstos no currículo da época.

Formou-se um idioma alemão uniforme e erudito, que contribuiu diretamente para a sedimentação do sentimento de unidade cultural e eco-nômica de uma nação alemã. Por isso, no século 18, quase trezentos anos de-pois, o poeta, filósofo e teólogo alemão Johann Gottfried von Herder afirmou que Martinho Lutero era merecedor do título: “Mestre da nação alemã, sim, como correformador de toda a Europa, agora iluminada”. E Johann Wolfgang von Goethe, considerado uma das mais importantes figuras da literatura ale-mã e do Romantismo europeu, que, no final do século 18 e início do século 19, escreveu o drama trágico Fausto, sua obra-prima, além de romances, peças de teatro, poemas, escritos autobio-gráficos, reflexões teóricas nas áreas da arte, literatura e ciências naturais, declarou: “Os alemães só se tornaram um povo por intermédio de Lutero”. Tanto Goethe como Friedrich Schiller, poeta, filósofo, médico e historiador alemão, e um dos grandes homens das letras da Alemanha no século 18, escreveram as suas obras nesta língua criada por Lutero.

Em 1763, o Império da Prússia derrotou a Saxônia na Guerra dos Sete Anos. Com isso, a Saxônia perdeu o papel de modelo cultural e, a partir de então, a língua oficial passou a

ser o alemão padrão prussiano. Na Conferência para a Unificação da Orto-grafia Alemã, ocorrida em 1901, foram impostas regras fundamentais para a língua, uniformizando-a na Alemanha, na Suíça e na Áustria, que adotaram a ortografia prussiana. Entretanto, as regras léxico-gramaticais criadas por Martinho Lutero, testadas há séculos, permaneceram, apesar da pronúncia das palavras serem modificadas. Isso mais uma vez tornou o reformador Martinho Lutero como pioneiro e precursor de uma língua padrão unificada.

Outro fator agregado a todo este panorama histórico é que na Alema-nha o movimento que mais valorizou o nacionalismo foi a Reforma Protes-tante. Ao traduzir a Bíblia das línguas originais para o alemão, Martinho Lutero deu um grande passo para o nacionalismo e a unificação da própria Alemanha. A Reforma Protestante, com o princípio de livre interpretação, e o Renascimento, com sua arte, foram e são elementos fundamentais para a nacionalidade, unificação e fortaleci-mento da Nação Alemã.

A tradução da Bíblia foi tão impor-tante que estudiosos têm considerado Lutero como o pai da língua alemã, e, além disso, muitos aprenderam a ler, na época, porque queriam ler as Escrituras. Eis um grande legado de Lutero e da Reforma Protestante para a atualidade.

WOLFGANG TESKE | Jornalista, teólogo, professor

e pesquisador da Universidade Federal do Tocantins.

[email protected]

Leia os demais artigos do autor da série 500 anos da Reforma Protestante, a partir do link que segue:

Concepções de Lutero para a educação: escola pública, universal, gratuita e obrigatória

https://goo.gl/L1ro9K

ML

21500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

ESTUDO DA LLLB

O utubro é o grande mês para a IELB e para to-das as igrejas protes-tantes. Não cansamos

de louvar e agradecer a Deus pelo que aconteceu em 1517, quando, através do servo Martinho Lutero, o SENHOR da Igreja começou a restauração da doutrina pura, bíblica e cristocêntrica.

Uma pergunta angustiava Lutero: ”Que devo fazer para ser salvo”? Em busca de resposta ingressou no mos-teiro, fez jejuns, passou horas e noites orando, fez sacrifícios subindo escadas de joelhos, auto-flagelou-se, fez peni-tências, realizou boas obras, visitou Roma... Com essas atitudes acreditava encontrar, mas não encontrou, paz e resposta à sua pergunta. Martinho Lutero não pensava em Reforma. Pensava em sua salvação. Pensava em Vida Eterna.

Tudo mudou quando, na biblioteca da Universidade de Erfurt, Lutero en-controu uma Bíblia. Sedento e ansioso, começou a ler intensamente. Começou aí uma grande luta interna. Comparou os ensinos das Sagradas Escrituras com os ensinos (doutrinas) que aprendera. Grande deve ter sido a sua decepção, mas também sua alegria, ao ler as palavras: “O justo viverá por fé” (Rm 1.17), e “Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9). Assim encontrou a tão esperada resposta à

Lutero desejava tão somente uma Igreja

pura e sadia no ensino, na doutrina e na prática.

Lutero restabeleceu o conceito bíblico sobre as três colunas básicas

do Cristianismo, que são: a Escritura Sagrada, a

graça e a fé

sua pergunta; encontrou consolo e paz. Ali iniciou-se a Reforma.

Com a Palavra de Deus na mão e no coração, não mais podia deixar de falar. Escreveu as 95 teses. Em 31 de outubro de 1517, afixou-as à porta da Catedral de Wittenberg. A sua intenção não era iniciar um movimento contra a sua Igreja. Ele queria cuidar da dou-trina da Igreja de Cristo.

Com a Bíblia aberta, combateu a adoração aos santos, o papado, o purgatório, os pecados nos mosteiros e conventos, as tradições humanas, a venda das indulgências, a salvação por obras e méritos, etc. Lutero desejava tão somente uma Igreja pura e sadia no ensino, na doutrina e na prática. Lutero restabeleceu o conceito bíblico sobre as três colunas básicas do Cris-

tianismo, que são: A Escritura Sagrada, a graça e a fé.

Lutero pregou a necessidade de uma renovação interior, chamando as pessoas da confiança em obras e práticas exteriores, como as indulgên-cias, para a confiança na graça de Deus em seu Filho Jesus. Defendia, à luz da Palavra de Deus, que a salvação eterna é graça, é presente de Deus, que vem a nós somente pela fé em Jesus, e essa verdade nos é ensinada somente pela Escritura, que é a infalível Palavra de Deus.

Dessa forma, Lutero compreendeu e assumiu a missão de sua vida, ou seja, cuidar de sua salvação e da dou-trina pura da Igreja de Cristo, à luz da

VIVENDO E ANUNCIANDO VIVENDO E ANUNCIANDO O QUE O SENHOR TEM FEITO

22 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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Irmãos, nestes 500 anos da Reforma Luterana, não podemos e não temos o direito de

“esconder” ou ocultar do mundo que nos cerca o que cremos, ensinamos

e confessamos como Igreja, ou seja, que

somos salvos somente pela graça de Deus, um

presente dado a nós somente pela fé

EDSON PINZ | Pastor conselheiro da LLLB

Gestão 2017-2019

Palavra de Deus.Nestes 500 anos da Reforma, duas

verdades permanecem iguais: 1º) a realidade de que nascemos perdidos e condenados em nossos delitos e pecados (Ef 2), e, 2º) a proposta de vida, perdão e salvação oferecidos por Deus (Jo 3.16). Diante disso, a Reforma da igreja, de cada cristão, precisa ser diária, mediante o afogar do velho homem e o renascer do novo homem, como disse Lutero.

Assim, 500 anos depois, nós, lei-gos, servas, jovens, crianças e idosos – herdeiros da Reforma – temos essa missão e responsabilidade: permane-cer firmes na Palavra de Deus, na fé em Jesus como único Salvador, nas Con-

fissões (doutrina) da nossa querida Igreja e continuar pregando fielmente a Lei e o Evangelho, pois estes produ-zem o verdadeiro arrependimento e a mudança de vida.

Os 500 anos da Reforma nos de-safiam à fidelidade e ao testemunho, a não nos deixarmos envolver por ameaças, perseguições, zombarias e filosofias deste mundo de constantes mudanças, onde valores éticos, morais e princípios cristãos são ignorados. Um desafio a defendermos, por todos os meios lícitos, aquilo que recebemos como herança e confessamos como verdade.

Por isso, irmãos, nestes 500 anos da Reforma Luterana, não podemos e não temos o direito de “esconder” ou ocultar do mundo que nos cerca o que cremos, ensinamos e confessa-mos como Igreja, ou seja, que somos salvos somente pela graça de Deus, um presente dado a nós somente pela fé. Temos certeza disso, porque a Bíblia, a clara e infalível Palavra de Deus, nos re-vela e ensina esta consoladora verdade.

O QUE NOS LEMBRA OS 500 ANOS DA REFORMA

• “Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3.16).• “Examinai as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim [Jesus]” (Jo 5.39).• “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Continua nestes deveres; porque, fazendo assim, salvarás tanto a ti mesmo como aos teus ouvintes” (1Tm 4.16).• “Porque pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus; não de obras, para que ninguém se glorie” (Ef 2.8,9).• “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela palavra de Cristo” (Rm 10.17).• “Porque ninguém pode lançar outro fundamento, além do que foi posto, o qual é Jesus Cristo” (1Co 3.11).Para os próximos 500 anos, conclamamos a todos, leigos, servas, idosos, jovens, crianças e pastores da IELB, a JUNTOS servirmos ao Senhor, vivendo e anunciando o que o Senhor tem feito – na vida como herdeiros da Reforma.

ML

VIVENDO E ANUNCIANDO

23500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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anos da

Reforma

CONGRESSO DE LEIGOS

CONGRESSO NACIONAL DOS LEIGOS REÚNE 800 PESSOASO evento que ocorreu na capital gaúcha do doce teve como tema “Justificação e Santificação”

E ntre os dias 17 e 20 de agosto aconteceu o 22º Congresso Nacional de Leigos, no Centro de

Eventos da FENADOCE, em Pelotas, RS. Cerca de 800 pessoas estiveram presentes no evento que envolveu leigos e famílias de todo o Brasil. Os participantes refletiram sobre o tema “Justificação e Santificação” e o lema “Justificados para…”.

O Congresso começou com um desfile dos estandartes das diversas ligas que compõe a LLLB, sob o cantar do hino “Leigos, com Jesus marchai!” e tendo o presidente, Samuel Neuge-bauer, à frente. Logo após, aconteceu

o culto de abertura, dirigido pelos pastores conselheiros Clóvis Blank e Adelar Munieweg. Seguiu-se a ceri-mônia civil de abertura.

Na manhã do dia 18, os pastores Nilo Wachholz e Waldemar Garcia, da Editora Concórdia, dirigiram a devoção sob o tema “500 anos da Reforma – 100 anos do Mensageiro Luterano”. Seguiram-se assuntos do Congresso e, após, o palestrante pastor dr. Erni Seibert, secretário de Comunicação da Sociedade Bíblica do Brasil, abordou o tema “Justifi-cação”, falando sobre a doutrina que é o pilar de toda a Teologia Luterana Confessional.

À noite, o pastor Benjamin Jandt, 1º conselheiro da LLLB, fez uma refle-xão com o tema “Uma Palavra à LLLB”. Em seguida recebeu uma homenagem através de um vídeo sobre a sua traje-tória como servo de Deus na vida da família, da LLLB e da Igreja. A noite encerrou com apresentação do Coral do Seminário Concórdia.

O dia seguinte iniciou com devo-ção feita pelos pastores Fernando Huff e Adelar Munieveg, represen-tantes da Hora Luterana, baseada

FOTOS SANDRO CAETANO

26 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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ML

DIRETORIA DA LLLB

PresidenteCarlos Otávio Schuck

Vice-presidenteLauri Pedro Ott

SecretárioItamar Trespach Vitt

Vice-secretárioMiguel Alberto Saul

TesoureiroArnildo Arthur Figur

Vice-tesoureiroSergio Luiz Reichert

Conselho Fiscal Aribaldo Zeno Figur, Valdir Schindler e Carlos Alberto Bobsin

Pastores conselheiros Edson Pinz e Aurélio Leandro Dall’Onder

em Atos 4.20, “Não podemos deixar de falar daquilo que temos visto e ouvido”. O palestrante, pastor Laerte Tardelli Hellwig Voss, falou sobre “Santificação – Criados para boas obras”, apontando a santificação como resposta necessária à justifica-ção. Discorreu sobre viver uma vida santificada pela justificação em Jesus Cristo refletindo em boas obras, como amor, serviço e ética, no lar, no traba-lho e na sociedade, enfim, em todo o modo de vida do cristão.

Mais um momento cultural acon-teceu na noite do dia 19, com a apre-sentação do grupo vocal da Comuni-dade São João, de Manoel do Rego, Canguçu, RS, entoando sete hinos, sendo aplaudido em pé pelo público. Para encerrar as atividades, teve apresentação do show Luz e Sonho, do grupo circense Tholl, de Pelotas.

No decorrer do Congresso, hou-ve diversas devoções, aconteceram deliberações administrativas, o lan-çamento do livro Os Catecismos de Lu-

tero para o povo de Deus, do professor dr. Clóvis Prunzel, projeto editorial patrocinado pela LLLB, em parceria com a Editora Concórdia. Também aconteceram passeios pelas belezas da região e congregações históricas, como a São João, primeira Congrega-ção da IELB, situada no município de Morro Redondo, RS, e Bom Jesus, São Lourenço do Sul, local onde começou o Seminário Concórdia.

No domingo, dia 20, foi realizado o culto de encerramento do Congres-so, com a presença de cerca de 2500 pessoas e pregação do presidente da IELB, pastor Egon Kopereck, que também fez a instalação da diretoria composta por integrantes dos distri-tos Vale do Rio dos Sinos e Hortênsias, ambos no Rio Grande do Sul.

FOTO CLAUDIA UTZIG

27500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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MENSAGEIRO LUTERANO

TRANSFORMAÇÕESIMPRESSAS NO PAPEL

Edição de janeiro de 1987

ME

NS

AG

EIR

O 1

00

AN

OS

IMAGEN

S INSTITUTO H

ISTÓRICO IELB

Edição de dezembro de 1996

OITAVA DÉCADA

1987-1996

1987 | Janeiro – capa: alterado o layout

e também o miolo: foram destacadas oito páginas intituladas CADERNO DA IELB, com notícias de congregações, algumas com fotos, e ainda as notícias oficiais, além da MENSAGEM DO PRESIDENTE. Na se-gunda capa não foi mencionada a tiragem, que em dezembro de 1986 era de 11 mil exemplares. A terceira capa trouxe artigo do jornalista Orlando Eller, de Vitória, ES, sob o título: Verdade incômoda, e uma frase que resume o conteúdo: Por dever espiri-tual, nós, luteranos, devemos discutir o nosso papel no campo político e social.

Fevereiro/março – “Carta aberta ao Pre-sidente Sarney” abordou a sobrevivência da escola particular, que estava em cheque, preocupação levada pela ANEL (na época ainda como Associação Nacional de Educa-ção Luterana) e o Departamento de Ensino da IELB. O “Celibato”, escrito por Martinho Lutero Hoffmann, tratou o tema com base bíblica e desde quando o papa Gregório VII (ano 1075 d.C.) introduziu oficialmente tal obrigação aos clérigos da Igreja Romana. No CADERNO DA IELB, há o resultado da 1ª Conferência de Administração e Finanças (líderes distritais leigos, em Curitiba, maio de 1986) numa Carta à IELB. Passados mais de 30 anos, a carta continua muito atual.

Maio – A capa trouxe em letra vermelha

a palavra Greve, com o subtítulo direito ou subversão?, artigo assinado por Elmer Flor, com depoimentos de pastores e professo-res da IELB. Foram lembrados os 100 anos de falecimento (7 de maio de 1887) do dr. Carl Ferdinand Wilhelm Walther, com texto de Ricardo Willy Rieth, sob a vida e obra desse pioneiro do Síno-do de Missouri, EUA.

Julho – O dr. Nestor Luiz João Beck escre-veu Reflexões sobre a unidade da Igreja, ar-tigo enriquecido pelas opiniões dos pastores Eugênio Dauernheimer e Martinho Sonntag; dr. Beck encerrou as-sim: “Com efeito, muita coisa seria diferente se os líderes da IELB e do Sínodo Missouri procurassem corresponder, na teoria e na prática, à doutrina original da Confissão de Augsburgo sobre unidade da Igreja e a concórdia entre igrejas cristãs.”

Agosto – A IELB E SUA MISSÃO, resumo feito por Geraldo Walter Stanke, apresen-tou a história de algumas frentes missio-nárias da IELB, com fotos de oito templos (foto 1, Boa Vista, RR).

Setembro – O artigo de capa, A Igreja, o jovem e a universidade, assinado pelos pastores Oscar Lehenbauer e Donato Pflu-

28 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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REAÇÃO DO LEITOR

ck, colocou em pauta um dos grandes problemas enfrentados pelo jovem lu-terano. Na página 31s: “São Paulo forma a segunda turma de pastores”, alegria para toda a Igreja, em especial aos nove formandos, que tiveram como paraninfo o pastor Arno Carlos Gueths. Em 5 de ju-lho, no Instituto Concórdia de São Paulo.

Dezembro – EVANGELISMO – desde janeiro, o pastor Erni Walter Seibert desenvolveu temas sob esse título. Nessa edição, a Boa Nova para o povo, com o pedido final: “Levemos aos homens a boa nova: nasceu Jesus Cristo, o Senhor”. Bruno Felippe Rieth entrevistou a dra. Liane Auel, que atuava nos centros integrados de Mis-são – CIM, e desenvolvia seu trabalho em Tomé-Açu, PA, e em outras localidades no norte do país.

1988 | Fevereiro/março – A capa reuniu

todas as capas de 1987, mais a de janeiro de 1988. O pastor Edgar Rudi Müller pergun-tou: “Que forças misteriosas produziram o infinito do Universo?” Seu estudo buscou clarear um pouco a questão colocada no título do trabalho: Criação X Evolução, mais de um século de controvérsias. Oito tópicos orientaram a leitura, baseados na revelação de Deus pelas Escrituras.

Abril – Sob o título “O Culto – uma Festa Familiar”, foram abordados: Bons motivos, Cardápio farto, A força de uma família, Res-ponsabilidade de todos e Uma grande festa.

Uma afirmação con-tundente, nesse tex-to do pastor Renato Leonardo Regauer: “Se encontro de pessoas de mesma genealogia são tão importantes e dese-jáveis para preservar sua história, força e união, o quanto não o serão os encontros regulares da família espiritual – a congre-gação cristã!”

Maio – O dire-tor do ML passou a ser o pastor Oscar Lehenbauer; o reda-tor-chefe continuou sendo Astomiro Ro-mais.

Junho – Romais entrevistou o profes-sor Arnaldo Schüler

sobre tema que trata do fenômeno: Polter-geist. O que vem a ser isso?. Um Chamado à Renovação do Luteranismo, texto de Oscar Lehenbauer, pedia que observássemos nossa Igreja, do qual destacamos: “Tanto Lutero quanto o dr. Walther, pai do Sínodo de Missouri, exortavam com veemência para que se cuidassem não transformar os sacramentos em rituais mágicos”.

Setembro – Em O cristão e os partidos políticos, com a proximidade de eleições no país, o pastor Werner Norberto Sonn-tag expôs, com fundamentação bíblica, a importância de o cristão votar com res-ponsabilidade; o Projeto Luterano Minha Igreja Sou Eu, iniciado em outubro de 1974, foi reativado e recebeu a participação da secretaria executiva da IELB, através do Departamento de Assistência Social; a coordenação continuou com o pastor Nor-berto E. Heine.

Novembro – A orientadora educacio-nal Plácita T. E. Leyser explicou, de forma didática, o que era o excepcional, tanto osubdotado como o superdotado. O curso

de Magistério do Centro Educacional Con-córdia, São Leopoldo, RS, formou 52 novos professores, para docência de 1ª à 4ª série; do total, somente cinco luteranos.

Dezembro – 40 anos do Instituto Concór-dia de São Paulo, Uma Caminhada de Lutas e Glórias, relato pessoal do prof. Paulo F. Flor, desde o seu início em 1948, em São João Grande, ES. Também trouxe o requerimento da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, pedindo voto de congratulações ao periódico Mensageiro Luterano, pelo transcurso, em 10 de setembro, do Dia da Imprensa; o deputado Ivan Espíndola de Ávila, autor do requerimento, referiu a importância da imprensa evangélica for-mando e informando suas comunidades.

1989 | Janeiro – Centro Educacional Con-

córdia, de São Leopoldo, RS, formou nove bacharéis em Teologia; o paraninfo, pastor Norberto E. Heine, pregou sobre o lema: “Eu vos escolhi e vos designei” (Jo 15.16); A coluna PERGUNTAS, respondidas pelo pastor Paulo Kerte Jung, teve os seguintes títulos: Animais Racionais (Ipatinga, MG), É pecado tingir os cabelos? (Rolim de Moura, RO) e Sinal em Caim (Mutum Preto, ES).

Abril – O editorial de Astomiro Romais trouxe o título: Versos Satânicos e Cangaço Religioso, em que comentou os escritos de Salman Rushdie, que causaram verdadeiro abismo entre Ocidente e Oriente; Romais também lembrou que a intolerância religio-sa “... não foi o Islamismo que a inventou...”. A “modelar” Inquisição brotou no Vaticano. JELB realizou o 19º Congresso Nacional, 24 a 29 janeiro, em Chapecó, SC, reunindo mais de 500 jovens, incluídos alguns do Paraguai e da Alemanha. Aconteceu também a posse do presidente Jairo Henrique Christ, para o período de 1989 a 1990 (foto 2).

Maio – Na MENSAGEM DO PRESIDENTE foi anunciado o 2º Encontro Nacional de Obreiros, em julho, cujo lema foi: Obreiro da Igreja, exemplo dos fiéis!

Junho – Focando os 85 anos da IELB, Paulo Wille Buss, professor de Teologia Histórica do Seminário de São Paulo, ini-

1FOTOS INSTITUTO HISTÓRICO IELB

29500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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MENSAGEIRO LUTERANO

OITAVA DÉCADA

1987-1996ciou uma série em: A HISTÓRIA DE NOSSO PRÓPRIO PASSADO. PARA QUÊ? Em Escola Dominical... Elmer Adolfo Roll esclareceu pontos como: “A Responsabilidade do Ensino”, “A Formulação dos Objetivos” e “Ensinar e Evangelizar”.

Julho – O pastor Ronald W. Brusius analisou a situação: Vivendo juntos, sem casamento, com os subtítulos: “A situação atual”, “O plano de Deus”, “O que fazer para modificar as tendências atuais”, isso há quase 30 anos.

Agosto – Em entrevista ao ML, Norberto Ernesto Heine explicou o funcionamento do Centro de Avaliação e Aconselhamento Pastoral e Psicológico que introduz na IELB a análise de candidatos ao Ministério Pastoral.

Dezembro – Registrou o 5º Encontro da Associação Nacional de Universitários Luteranos (ANUL) realizado em Santa Maria, RS. Martinho Sonntag, conselheiro da ANUL, desenvolveu a temática: O que e como ensinar (falar), visando melhorar o preparo para a apresentação de um estudo bíblico. Leopoldo Heimann desenvolveu tema: Quem será o futuro presidente... (referia-se tanto do Brasil como da IELB).

1990 | Janeiro – A capa apresentou o lema

da IELB para o biênio 1990/1991: Consolai o meu povo (Is 40.1), com diversos enfoques ao lema, por pastores e professores; Vilson Scholz continuou com ESTUDANDO A BÍ-BLIA, e analisou João 2.1-11, com o título que resumiu sua página: Vinho, glória e fé numa epifania em Caná da Galileia.

Fevereiro/março – OPINIÃO, os sete candidatos à presidência da IELB continua-ram respondendo perguntas da Redação. O pastor Heimann já tinha sido citado (dez/1989), e nessa edição os pastores Geraldo W. Stanke e Werner N. Sonntag expuseram seus pontos de vista.

Maio – Após 16 anos na presidência, o pastor Johannes Hermann Gedrat, trans-feriu ao pastor e professor Leopoldo Hei-mann o cargo de maior expressão na IELB; a 52ª Convenção Nacional votou também

grandes alterações em sua estrutura fun-cional; “O nosso Instituto Histórico deveria ser uma despensa e mina de conhecimentos para a formação de nossos futuros pasto-res e dos que estão no ministério...”, disse o pastor Guilherme Carlos Figur, membro da Comissão do Instituto Histórico, em seu texto: É preciso zelar pela nossa história.

Agosto – O mês foi dedicado à Educa-ção, nos mais diversos aspectos. A Escola Confessional e O ensino privado não pode ser exposto à execração pública, foram escritos pelo pastor Oscar Lehenbauer; os pastores Werner N. Sonntag e Curt Albrecht trataram das ESCOLAS PAROQUIAIS e da FORMAÇÃO DE PASTORES.

1991 | Janeiro – Com uma tiragem de 450

exemplares, foi anunciado pelo prof. Carlos Heinz Moris o encerramento do periódico alemão Kirchenblatt; foi o primeiro infor-mativo oficial da IELB, lançado em 1º de novembro de 1903, antes, pois, da fundação da IELB (24.06.1904).

Abril – “Cai o muro de Berlim”, e o deão acadêmico do Seminário Concórdia, prof. Elmer N. Flor, analisou várias consequên-cias, mas, sobretudo, as novas perspectivas e desafios dos cristãos do Ocidente; em MENSAGEM DO PRESIDENTE, o presidente Heimann convoca as servas e os jovens – que tiveram seus congressos nacionais em janeiro e fevereiro – a que ocupem o lugar que lhes cabe no trabalho da IELB.

Junho – O Mensageiro Luterano colocou em discussão a Pena de morte, em julgamen-to o Direito de Matar. Pesquisa revelou que 60% dos brasileiros eram a favor da pena de morte; O Pentecostalismo no Brasil e seu crescimento: o pastor Daltro Bertholdo Kautzmann analisa o fato, nos subtítulos: “Os motivos explorados”, “Os métodos apli-

cados” e “O Fenômeno e o Desafio”.Agosto – Retornou o pastor Nilo L. Figur

como diretor do ML. Outubro – Da revista Interaction, ou-

tubro de 1963, Elmer A. Roll traduziu o tema do mês: Por que estudar Lutero? Dos cinco títulos mencionamos dois: “A dúvi-da faz o monge” e “A garantia de Deus”; o 10º Congresso Nacional de Liga de Leigos Luteranos teve como lema “Construindo Sobre a Rocha”. A cidade de Ponta Grossa, PR, recebeu 241 leigos, de seis estados brasileiros (foto 3, parte da diretoria LLLB).

Novembro – O pastor Rony Ricardo Marquardt trouxe um estudo sobre Con-textualização, o desafio de falar de Deus ao nosso tempo. O autor sugere ”Deixar o cha-mado do Evangelho soar com mais clareza e mais força na vida de cada pessoa”.

1992 | Janeiro – 21 pontos foram relacionados

das atividades de 1991, do Conselho Geral da JELB, sob a presidência de Frederico da Silva Reis (atualmente, presidente do Conselho Diretor da IELB).

Março – O mestre em Aconselhamento Psicopedagógico, Bruno Edgar Ries, abor-dou, analisou e orientou um tema indis-pensável ao trabalho na IELB: Queremos líderes?; O Conjunto Centelhas surgiu em 1983 com uma única finalidade: missão! A música a serviço do Evangelho; originou-se no Distrito Brasil Centro e chegou a ter personalidade jurídica, com o nome Grupo Missionário Centelhas.

Abril – O primeiro capelão militar foi

30 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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o pastor Paulo Hasse (fotos 4). Segundo levantamento feito pelo prof. Carlos Heinz Moris, do Instituto Histórico da IELB, Hasse foi nomeado, via Boletim do Ministério da Guerra, em 27 de março de 1950, Capelão Honorário da 1ª Região Militar.

Maio – Hans-Gerhard Friedrich Rott-mann; o maestro foi transferido, no dia 29 de março de 1992, para a Igreja Triunfan-te. Registro in memoriam feito pelo prof. Walter Otmar Steyer, que incluiu biografia e depoimentos.

Julho – O Novo Mensageiro Luterano, o ML com uma nova proposta editorial. As notícias da IELB passaram a ser apresenta-das em oito páginas amarelas, denominadas CADERNO DA IELB e NOTÍCIAS da IELB. Tal apresentação só permaneceu até o mês de novembro; na MENSAGEM DO PRESIDENTE, sob o título IELB, uma Igreja responsável, foram relacionadas 17 ações, das quais res-saltamos duas: Redirecionar nossos campos de missão e Aproveitar de forma racional e rentável as propriedades da IELB.

Setembro – Três títulos já expressavam problemas graves em andamento no país: A reconstrução Ética do País, Lutero sobre a Honestidade e O que dizer sobre a corrup-

ção?, o último escrito por Martinho Sonn-tag. A instauração da CPI foi analisada pelo deputado federal João Fagundes, membro da Congregação de Brasília, DF.

Dezembro – a Redação informou que, a partir de janeiro, mudaria o formato do ML, tornando-o mais simples, assumindo a identidade de revista-jornal. A expecta-tiva era de se chegar a, pelo menos, 20 mil assinantes. O professor Paulo F. Flor, sob o título Evangelização, estuda o “Contraste entre a verdadeira e falsa religião”.

1993 | Janeiro – A reda-ção escreveu: Um

Mensageiro sem cores nem flores, papel jor-nal, cara franciscana. “O número de páginas mudou de 34 para 24, mas em tamanho maior. O Mensageiro Infantil foi suprimido”. Mais adiante: “A Revista da Igreja muda – de preço e de apresentação – para chegar a todas as famílias”. Precisamos mudar, tema desenvolvido por Geraldo Drachenberg, 1º tesoureiro da IELB; ele conclui: “Vamos mudar? Precisamos mudar! Nosso Deus e Salvador o espera de nós. Com urgência”. Tratava-se da situação financeira da IELB.

Abril – O pastor Ari Lange, no tópico

EVANGELIZAÇÃO E MORDOMIA – Princí-pios gerais para grupos de estudos bíblicos, compartilhou dicas práticas que mostra-ram ótimos resultados em várias regiões do país. O 21º Congresso Nacional da JELB reuniu 600 no Rio de Janeiro, de 25 a 31 de janeiro; foi eleito o CG presidido por Mar-cos Aurélio Rolim Barbier, para o período 1993-1994.

Junho – Agenor Berger, também for-mado em História, com o título História da Igreja, conclamou a Igreja (congregações, seminários, distritos, etc.) a unir forças na pesquisa, publicação e preservação da história da IELB.

Agosto – Os Seminários celebraram aniversário: São Paulo, 45 anos (desde São João Grande, ES), e Porto Alegre, 90 (desde Bom Jesus, São Lourenço do Sul, RS). O texto relativo a São Paulo foi do professor Deomar Roos, e o de Porto Alegre, do pro-fessor Elmer N. Flor. Dr. Johannes Gedrat, então Secretário de Missões da LCMS para a América Latina, foi entrevistado, e suas posições podem ser resumidas nas quatro afirmações: Os leigos não devem só cuidar das coisas materiais e administrativas; a IELB está muito concentrada em si mesma; Deus está descontente com nossa má admi-nistração; e Entramos na fase de comparti-lhar recursos.

Setembro – Concórdia Editora, 70 anos, excelente registro de Martinho Krebs, con-tando a história e as perspectivas futuras, como diretor da Editora. “Pastores deixam de equipar leigos por falta de treinamento, ou por falta de expectativa, ou por falta de segurança, ou por falta de vontade”. Foram afirmações contundentes do pastor Warren Arndt para os mais de 400 pastores no 3º Concílio Nacional de Obreiros.

Dezembro – O professor Erni Walter Seibert, em Quem conta nossa história muda o enfoque de estudar a história da IELB; deveríamos buscar as origens das congregações existentes antes do pastor Broders iniciar sua pesquisa aqui no Brasil. Encarte especial: lançamento do programa FAPI – Fundo de Apoio a Pro-jetos da IELB.

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FOTOS INSTITUTO HISTÓRICO IELB

31500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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MENSAGEIRO LUTERANO

OITAVA DÉCADA

1987-1996

1994 | Janeiro – Dois temas marcantes

foram anunciados naquele início de ano: IELB e ULBRA celebraram convênio de cooperação, com início imediato, em que os alunos passaram a receber o Curso Huma-nístico do Seminário no campus da ULBRA; e o outro: lançamento de “Manifesto à Igre-ja”, com suas nove Razões (motivos), da qual destacamos a nona: Porque a IELB precisa de cristãos que honram seu compromisso. O as-sunto era a autossustentabilidade da IELB.

Fevereiro/março – Ricardo Willy Rieth, na coluna REFORMA ONTEM E HOJE, sob o tema Um projeto contra a miséria, expôs a proposta de Lutero às autoridades, em 1520, na Saxônia, um compromisso com os marginalizados e sua reinserção na sociedade.

Maio – O balanço financeiro de 1993 registrou crescimento nas contribuições; a Diretoria da Liga de Leigos colocou de maneira clara e resumida O que os leigos esperam dos seus pastores, inclusive como desafio de discussão através do ML.

Junho – A capa apresentou os três missionários (Adolph August Vogel, Henry T. Stiemke e John Hartmeister), (foto 5), vindos de navio ao Brasil, como reforço ao pastor Carl Wilhelm Gustav Mahler, que chegara alguns meses antes. Dr. Paulo Wille Buss marcou a celebração dos 90 anos da história da IELB em três partes: o início, a autonomia administrativa e situação atual.

Agosto – Amplo relatório sobre a 54ª Convenção Nacional (foto 6), 21 a 26 de janeiro, pelo jornalista Astomiro Romais; os principais temas e decisões foram: elei-ções, administração, missão, assinatura de protocolos. Dois estudos especiais foram destaques: dr. Ricardo Willy Rieth, A IELB ontem, e dr. Nestor Luiz João Beck, A IELB hoje. No dizer do jornalista, “dezenas de afirmações incisivas e reflexões de profundo significado”.

Outubro – SOS... Escola Especial Concór-dia pode fechar por falta de recursos. O edi-tor entrevistou a diretora Beatriz Carmem Warth Raymann, que explicou as razões da situação financeira da escola, que poderia

vir a prejudicar os 270 alunos. Desses, so-mente 43 tinham condições de arcar com os custos do ensino.

Dezembro – Associação cria casa de amparo ao idoso, essa foi a manchete do registro dos primeiros passos do que hoje é conhecida como Associação Evangélica Luterana do Idoso – AELI, localizada em Viamão, RS. Inicialmente atenderia cerca de 40 pessoas. ENTREVISTA: dr. Hans Horsch, após 28 anos, retornará à Alemanha. A Igreja aprovou convênio com a ULBRA e manteve os dois Seminários.

1995 | Janeiro – O Editor do ML passou a

ser o pastor Paulo Proske Weirich. A Igreja recebeu 19 novos pastores: sete do Institu-to Concórdia de São Paulo e 12 do CEC – São Leopoldo; cada formando foi apresentado por breve biografia e opinião pessoal sobre tema específico.

Abril – A capa trouxe: Jovens: dois mil se reúnem em Santa Rosa, RS, por ocasião de seu 22º Congresso Nacional e do 1º Encontro de Jovens Luteranos do Cone

Sul, em janeiro, reunindo jovens de 18 estados brasileiros, além da Argentina e do Paraguai.

Julho – O pastor Nilo Lutero Figur en-trevistou – na condição de vice-presidente da IELB, responsável pela Área da Comuni-cação – quatro executivos da Igreja direta-mente relacionados à produção editorial na IELB. O tema MORDOMIA foi colocado em pauta em duas abordagens. Reinaldo Mar-tim Lüdke, coordenador nacional do PEM – Programa de Evangelização e Mordomia Cristã, manifestou-se: “A IELB precisa falar uma linguagem clara, prática e objetiva sobre mordomia cristã e sobre oferta”.

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32 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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Agosto – O pastor Dieter Joel Jagnow assumiu como diretor de Redação; também houve pequena alteração no layout do ML, externa e internamente; a tiragem da edi-ção foi de 9.000 exemplares. Boa notícia nas finanças: o tesoureiro informou que as ofer-tas das congregações seriam maiores que o subsídio recebido, o que depois veio a se confirmar. Um momento histórico na IELB.

Dezembro – Anunciada nova mudança no ML para 1996: layout, papel, novas co-lunas, retorno do MENSAGEIRO INFANTIL, entre outras. Em Schroeder, SC, inaugurado o maior templo da IELB: 1160 pessoas sen-tadas (confirmado em setembro de 2017

pelos Bombeiros de SC) (foto 7, não é do ML, mas do arquivo daquela congregação).

1996 | Janeiro – Os Se-minários da IELB

formaram mais 14 pastores, sete em cada unidade; a professora Irma Flor foi a pa-raninfa em São Paulo, SP, e o professor Vilson Scholz, em São Lepoldo, RS.

Abril – Na formatura do Seminário Con-córdia, em dezembro/95, foi entregue o título de Doutor em Teologia Honoris Causa ao prof. Arnaldo Schüler, conferido pela Faculdade de Teologia Concórdia, de Fort Wayne, EUA. Quebra de tradição: pela primeira vez uma mulher solteira – Ursula Neumann – foi eleita presidente da Liga de Servas Luteranas do Brasil, e disse ao ser entrevistada: “Pretendo ouvir, orar e agir. Vencer a barreira da timidez. Crescer no conhecimento da Palavra e da realidade brasileira”.

Junho – Dia do Pastor, 10 de junho, re-flexões especiais destacaram o que Lutero transmitiu em sua obra sobre o ministro, função e pessoa, e que refletem a teologia luterana sobre o assunto, em texto do pastor

Jagnow. Essa edição também registrou que no Instituto Histórico da IELB encontra-se um enorme quadro, “Jesus, o Bom Pastor”, que foi trazido dos EUA pelo missionário Johannes F. Busch.

Setembro – Essa edição registrou a visita do presidente Heimann e da esposa, Marie Luize, aos EUA, Canadá, Alemanha E Portugal (foto 8); foi a primeira vez que dona Marie Luize acompanhou o presidente numa viagem ao exterior, ela que já atuava como secretária da Presidência da IELB há 24 anos. O redator Jagnow realizou a entrevista da viagem de trabalho que durou 38 dias.

Novembro – O pastor Jagnow analisou tema importante em nossos dias: Os pobres são bem-vindos na sua congregação? E afir-ma: "O exercício da comunhão cristã requer a derrubada de barreiras que o pecado cria entre os filhos de Deus”. MENSAGEIRO DAS CRIANÇAS, com jogos, histórias em qua-drinhos e cartas escritas pelos amiguinhos leitores, acompanhou a edição.

Dezembro – No texto Presépio, moldura do evangelho, o pastor Luisivan V. Strelow destacou: “Lutero disse a seus alunos que, para começar a estudar teologia, o caminho não é ir até aos céus para especular sobre a majestade de Deus, mas ir até o presépio e contemplar o Menino”. O encarte do MEN-SAGEIRO DAS CRIANÇAS chegou acompa-nhado de O JORNALZINHO do Professor da Escola Dominical, com excelentes dicas práticas para a importante tarefa de ensinar os pequeninos.

PRESIDENTE DA IELB• 1987 a 1996 – Johannes H. GedratESCOLA SUPERIOR DE TEOLOGIA (SP)• 1987 a 1990 – Rudi Zimmer• 1990 a 1994 – Breno Claudio Thomé• 1994 a 1996 – Ari LangeSEMINÁRIO CONCÓRDIA (RS)• 1987 a 1988 – Martinho Sonntag• 1988 a 1994 – Hans Horsch• 1994 a 1996 – Paulo Moisés Nerbas

PAULO UDO WERNER KUNSTMANN |

Instituto Histórico da IELB

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ML

FOTOS INSTITUTO HISTÓRICO IELB

33500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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U m dos temas que vem gerando uma grande po-lêmica nos tempos atuais e ganhando grande espa-

ço na mídia é, sem dúvida, a questão da identidade de gênero.

A história comprova que o ser humano assume, por vezes, um comportamento sexual nem sempre correspondente ao sexo definido no nascimento. Relações homossexuais foram aceitas com norma-lidade em várias culturas. A Associação Americana de Psiquiatria deixou de considerar a homossexualidade um transtorno psiquiátrico desde 1973.

Atualmente, observa-se uma tendên-cia crescente em interpretar a questão de

identidade sexual como um aspecto a ser construído pelo indivíduo no seu processo de desenvolvimento, e não como um fato estabelecido na concepção.

Porém, quando ocorre uma divergên-cia entre o sexo (masculino ou feminino) definido na concepção e o sexo diferente com o qual a pessoa se identifica, isto pode resultar num estado de desconforto, angústia e aflição pessoal, refletindo no tipo de ajustamento que ela realiza ao longo da vida. Esse estado passou a ser diagnosticado como disforia de gênero.

ConceitosDe acordo com a Wikipédia: “Na so-

ciedade, identidade de gênero se refere ao gênero em que a pessoa se identifica (i.e, se ela se identifica como sendo um homem, uma mulher ou se ela vê a si como fora do convencional), mas pode

também ser usado para referir-se ao gênero que certa pessoa atribui ao indi-víduo tendo como base o que tal pessoa reconhece como indicações de papel social de gênero (roupas, corte de cabelo, etc.)”. (https://goo.gl/1fcaXR)

O Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição – DSM-5, citado pela Wikipédia, define as pessoas "transgênero" como aquelas "que transi-tória ou persistentemente se identificam com um gênero diferente do seu gênero de nascimento", e as pessoas "transe-xuais" como aquelas que ou procuram passar ou já passaram por "uma transição social de homem para mulher ou de mu-lher para homem", quer isso envolva ou não tratamentos hormonais ou cirúrgicos.

No transtorno de identidade de gê-nero, as pessoas não reconhecem como seu o corpo biológico que tem, ou seja, são pessoas que se reconhecem de um determinado sexo, mas o seu corpo é, biologicamente, do sexo oposto. Nenhuma pesquisa indica causa biológica, pois, se-gundo o DSM-5, os níveis hormonais dos adultos com o transtorno são semelhan-tes aos de indivíduos sem o transtorno. Os dados de pesquisa mostram que a frequência desse transtorno em adultos identificados como do sexo masculino ao nascimento, conforme relatada no DSM-5, é de 5-14 casos em cada 100.000 homens, ao passo que em adultos identificados como do sexo feminino ao nascimento é de 2-3 casos em cada 100.000 mulheres.

Os estudos indicam que também em crianças observa-se uma maior taxa de

TRANSTORNO DE IDENTIDADE DE GÊNERO

VISÃO BÍBLICA E CIENTÍFICAVID

A E

SO

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DA

DE

BRUNO EDGAR RIES | Psicologia da Educação

e Psicopedagogia. Colaborador do ML

MONTAGEM

SOBRE IMAGENS FREEPIK

34 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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ocorrência em meninos em comparação com meninas. De acordo com o DSM-5, a predominância de incidência masculina não é universal, já que em países como o Japão e a Polônia a incidência maior do transtorno acontece mais em mulheres do que em homens.

Diferenças entre sexo e gênero: segundo o psicólogo norte-americano Robert Stoller, citado na Wikipédia, sexo (masculino ou feminino) refere-se aos aspectos anatômicos, morfológicos e fisiológicos (genitália, cromossomos sexuais, hormônios) da espécie humana, enquanto o conceito de gênero remete aos significados sociais, culturais e históricos associados aos sexos.

Ideologia de gêneroSegundo o site Sofos (https://goo.gl/

nXky2z), A Ideologia de Gênero defende a ideia segundo a qual não existe apenas a mulher e o homem, mas que existem também “outros gêneros”; e que qualquer pessoa pode escolher um desses “outros gêneros”, ou mesmo alguns desses “outros gêneros” ao mesmo tempo.

De acordo com a socióloga alemã Ga-briele Kuby, autora do livro A revolução sexual global: A destruição da liberdade em nome da liberdade, a ideologia de gênero: “... é a mais radical possível rebelião con-tra Deus: o ser humano não aceita que é criado homem e mulher, e por isso diz: 'Eu decido! Esta é a minha liberdade!', contra a experiência, contra a natureza, contra a razão, contra a ciência! É a perversão final do individualismo: rouba ao ser humano o

que lhe resta da sua identidade, ou seja, o de ser homem ou mulher, depois de se ter perdido a fé, a família e a nação.

É uma ideologia diabólica: embora todos tenham uma noção intuitiva de que se trata de uma mentira, a ideologia de gênero pode capturar o senso-comum e tornar-se uma ideologia dominante do nosso tempo” (https://goo.gl/nXky2z).

O jornalista Alexandre Garcia, em ma-téria recente em que aborda a questão da “ideologia de gênero”, comenta a nota oficial da Associação Americana de Pediatras, publicada em 13 de julho de 2016, na qual afirma que ninguém nasce com um gênero, mas todos nascem com um sexo biológico. Nessa nota recomenda que educadores e legisladores rejeitem todas as políticas que condicionam as crianças a aceitarem como normal uma vida de personificação química e cirúrgica do sexo oposto. São os fatos, e não a ideologia, que determinam a realidade. A nota (assinada por Michelle A. Cretella, presidente da Associação Americana de Pediatras, Quentin Van Meter, vice-presidente da Associação Americana de Pediatras e Endocrinolo-gista Pediátrico, e Paul McHugh, professor universitário de Psiquiatria da Univer-sidade Johns Hopkins Medical School, detentor de medalha de distinguidos serviços prestados, e ex-psiquiatra-chefe do Johns Hopkins Hospital) afirma que: A norma para o design humano é ser con-cebido ou como macho ou como fêmea. A sexualidade humana é binária por design, com o óbvio propósito da reprodução e

TRANSTORNO DE IDENTIDADE DE GÊNERO

VISÃO BÍBLICA E CIENTÍFICA

35500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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florescimento da nossa espécie. ... Gênero (uma consciência e per-

cepção de si mesmo como homem ou mulher) é um conceito sociológico e psicológico, não um conceito bio-lógico objetivo. Ninguém nasce com uma cons-ciência de si mesmo como masculino ou feminino; essa consciência se desenvolve ao longo do tempo e, como todos os processos de desenvolvi-mento, pode ser descarrilada por percepções subjeti-vas, relacionamentos e experiências adversas da criança, desde a infância. Pessoas que se identificam como “sentin-do-se do sexo oposto” ou “em algum lugar entre os dois sexos” não constituem um terceiro sexo. Elas permanecem homens biológicos ou mulheres biológicas...

A puberdade não é uma doença – e os hormônios que bloqueiam a puber-dade podem ser perigosos. Reversíveis ou não, os hormônios que bloqueiam a puberdade induzem a um estado doentio — a ausência de puberdade — e inibem o crescimento e a fertilidade em uma criança até então biologicamente saudá-vel. Cerca de 98% dos meninos e 88% das meninas confusos com o próprio gênero acabam aceitando o seu sexo biológico depois de passarem naturalmente pela puberdade, segundo o DSM-5.

A nota alerta, também, que o índice de suicídio é 20 vezes maior entre adultos que usam hormônios do sexo oposto e se submetem a cirurgias de mudança de sexo, e chega a classificar como abuso infantil a tentativa de condicionar crian-ças a acreditarem que uma vida inteira de personificação química e cirúrgica do sexo oposto seja normal e saudável (https://goo.gl/v5wb8z).

Crianças transgêneroEm matéria publicada nas páginas

amarelas da revista Veja, de 23 de agosto de 2017, encontramos uma análise de

crianças que não se identificam com seu sexo de nascimento. A entrevistada foi a

psicóloga ameri-cana Kristina Ol-son, diretora do

Trans Youth Pro-ject, da Universida-

de de Washington.Na entrevista,

ela explica que sempre existiram pessoas trans-gênero, mas so-mente na atuali-dade alguns pais apoiam sua nova

identidade. Essas pessoas podem

passar a assumir a transgeneridade. A

psicóloga esclarece que o diagnóstico exige que essa

identidade seja demonstrada por vários meses ou por vários anos de forma insis-tente e consistente. Fala-se em transição social nos casos em que uma criança ou um adolescente muda de nome, de pro-nomes e de visual, sem mudança de sexo.

O fato de uma criança gostar de roupas ou brinquedos que nossa cultura atribui a outro sexo não indica que essa criança seja transgênero. Um diagnóstico de transge-neridade só deve ser dado por psiquiatras e médicos especialistas no assunto.

É importante enten-der que uma criança transgênero não é homossexual. Na homossexualida-de, a pessoa se identifica com seu sexo de ori-gem, mas sua orientação sexu-al faz com que se sinta atraída por pessoas do mesmo sexo que o seu. Ela não tem dúvidas sobre seu sexo, como ocorre com o transgênero.

Os especialistas admitem o tratamento hormonal para estan-car a puberdade somente quando o transgênero tem apoio de seus

pais. Após a idade de 15 anos, o jovem pode pleitear o uso de hormônios para mudar de sexo. Mas isso exige aprovação paterna e médica.

Estima-se que 0,3% da população seja transgênero. É importante destacar que transgêneros são apenas aquelas crianças que sentem que fazem parte do outro gru-po de gênero, e que a maioria das crianças que agem em desacordo com o próprio gênero não é transgênero.

Visão bíblica do transtorno de identidade de Gênero

A Comissão de Teologia e Relações Eclesiais – CTRE da Igreja Luterana, Síno-do de Missouri, emitiu, em maio de 2014, um documento intitulado Transtorno de Identidade de Gênero ou Disforia de Gênero na Perspectiva Cristã, baseado na crença da autoridade plena da Sagrada Escritura como Palavra infalível de Deus e na convicção de que as Confissões da Igreja Luterana são uma interpretação verdadeira das Escrituras.

O documento afirma que: “... nossa for-ma corporal é entendida como um aspecto de nossa criação por Deus e, portanto, instrutiva em relação ao comportamen-to que é bom e agradável a Ele. A forma corporal humana indica de modo simples e eloquente a intenção de Deus para a ati-vidade sexual – que o homem e a mulher,

ao se tornarem ‘uma só carne’, pos-sam acabar com a solidão

na unidade vitalícia de um com o outro e, se-

gundo a bênção de Deus, na procria-ção de crianças (Gn 1.26-28, Gn 2.18-24). O de-sejo e atividade homossexuais ou bissexuais

são, portanto, vistos como aber-

rantes (ver Gn 19.4-11, Lv 18.22, 20.13,

Rm 1.24-27, 1Co 6.9 e 1Tm 1.10), porque isso contradiz o sig-nificado e a finalidade de sua forma corporal como homem ou mulher”.

Com a queda em pecado, os desejos e o comportamento de uma

Uma criança transgênero não

é homossexual. Na homossexualidade a pessoa se identifica com seu sexo de origem, mas sua orientação sexual faz com que se sinta

atraída por pessoas do mesmo sexo que

o seu

Estima-se que 0,3% da população seja transgênero. A maioria das crianças que agem em desacordo com

o próprio gênero não é transgênero

36 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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pessoa perdem a coerên-cia. Pessoas casadas podem manifestar desejo sexual por outros homens e mulheres que não sejam seus cônjuges. Igual-mente, tendên-cias homosse-xuais são fruto do pecado. Des-conforto com sua masculinidade ou fe-minilidade, também, são próprios do gênero humano.

As Escrituras ensinam que nossa identidade masculina ou feminina foi dada por Deus com base em nos-sos corpos de homem ou mulher. O documento do Sínodo Missouri aponta que, da mesma forma como a ganância, a raiva, o ciúme, o ressentimen-to, a arrogância, a depressão e as muitas formas que a luxúria pode tomar são ape-nas alguns exemplos de sentimentos ou desejos que cada ser humano experimenta em diferentes graus, e em vários momen-tos devem ser combatidos e restringidos, igualmente a homossexualidade, a bis-sexualidade ou a identidade e o desejo transgênero precisam ser compreendidos dentro de tal estrutura moral geral.

O documento referido explica que: “Declarar fé na obra da criação de Deus em nossas vidas é confessar que nossos cor-pos, com todas as suas partes – incluindo nossos órgãos sexuais – são dados a nós por Deus, nosso Pai celestial. As partes do corpo são organizadas e designadas ‘cada uma delas, como Ele escolheu’ (1Co12.18). É a partir desta consideração da criação do corpo humano com todos os seus membros que o apóstolo inspirado desen-volve então a imagem rica e bela da igreja como o corpo de Cristo com todos os seus membros”.

E continua: Deste ponto de vista, a compreensão cristã da identidade sexual confusa é clara. Porque o cristianismo leva nossos corpos criados a sério, ele é obrigado a ver como uma desordem da criação se um homem ou uma mulher sente desconforto com seu corpo e deseja vestir-se e agir da maneira do sexo oposto

ou "mudar" o seu sexo por meio de hormo-

nios ou cirurgia.

Cuidado pastoral

De acordo com o docu-mento da CTRE do Sinodo Mis-souri, as pessoas

com transtorno de identidade de

gênero precisam de um acompanhamento

pastoral que enfatize a com-preensão bíblica tanto da gravida-de dos efeitos do pecado como do Evangelho da redenção do pecado pela graça através da fé em Jesus Cristo... O ministério da igreja está sempre ancorado na responsabi-

lidade de proclamar, refletir e decretar o amor de Deus em Cristo Jesus – seu amor por um mundo caído em pecado – na vida de indivíduos específicos.

O transtorno de identidade de gênero precisa ser entendido pelo pastor como um problema grave. E a pessoa que manifesta essa condição precisa ouvir do pastor que ela é amada por Deus, e tem necessidade de saber do amor e do perdão de Cristo. É importante que o pastor tenha consciência de que, além do cuidado pastoral, um indi-víduo com esse transtorno precisa de apoio psicoterapêutico compatível com a fé cristã.

O documento da CTRE afirma que: “O cuidado pastoral para essa pessoa lutando com a identidade sexual não começa com debates sobre o que é ou não é moral. Cer-tamente, o pastor cristão é chama-do a ajudar um indivíduo lutan-do com a iden-tidade sexual para entender a visão bíblica da sexualidade humana e para distinguir entre seus sentimentos e ações baseados nesses

sentimentos. A ideia legitimamente per-sistente de amar o pecador, mesmo quan-do desencorajamos pecados específicos, é vital aqui, como é em todas as situações de cuidado pastoral e orientação moral”.

A Bíblia nos mostra que Cristo é amigo de pecadores (Lc 7.34). Foi para pecado-res que Cristo veio ao mundo. O cuidado pastoral deve prover segurança pessoal, confiança, encorajamento e acolhimento a alguém que, provavelmente, foi moti-vo de zombaria e animosidade, real ou percebida. É necessário que a igreja seja um espaço em que essa pessoa venha a conhecer esse Cristo misericordioso, a confiar em seu amor, e compreender que os propósitos e mandamentos de Deus para nossas vidas são para o nosso bem.

A CTRE recomenda, ainda, que o trabalho de cuidado pastoral para tais pessoas buscará tratar suas necessidades espirituais imediatas, dividindo a Lei e o Evangelho com cuidado e ajudando-os a aceitar o que pode ser uma realidade permanente e difícil (2Co 12.7-9). Uma análise do caso com o terapeuta pode ser recomendado. A admoestação e o apelo ao arrependimento, e alguma medida de disciplina cristã pode se tornar necessária. A confissão e a absolvição individual, mes-cladas com o conselho pastoral e amizade, constituem-se em legítimas ferramentas de apoio à pessoa com esse transtorno.

O documento conclui afirmando que: “Nada é mais poderoso na vida de cada

pessoa – para todos nós, pessoas ca-ídas – do que o

perdão que é dado pelo sofrimento e

morte de nosso Se-nhor Jesus. É a maior

responsabilidade e privilégio do cuidado pasto-ral proclamar o perdão de Cris-to, livremente e graciosamente dado, e recebi-do simplesmente

pela fé nas pro-messas de nosso

Senhor”.

É necessário que a igreja seja um

espaço em que essa pessoa venha a conhecer esse Cristo

misericordioso, a confiar em seu amor, e compreender que os propósitos e mandamentos de Deus para nossas vidas

são para o nosso bem

Nada é mais poderoso na vida de

cada pessoa do que o perdão que é dado pelo sofrimento e morte de Jesus. É a maior

responsabilidade e privilégio do cuidado pastoral proclamar o

perdão de Cristo, livremente e graciosamente

ML

37500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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IN M

EM

OR

IAM

F aleceu em Canoas, RS, no dia 1º de agosto, o pas-tor emérito Ari Pfluck. Ele nasceu no dia 24 de

março de 1932, em Forquetinha, então interior de Lajeado, RS. Era filho de Fredolino e Florentina Nied Pfluck e teve três irmãos: Ilvo, Hugo e Asta.

O pastor Pfluck estudou no Se-minário Concórdia, de Porto Alegre, formando-se em teologia no dia 14 de dezembro de 1958. Em janeiro de 1959, uniu a sua vida com a de Gerta Becker. Seu casamento foi abençoa-do por Deus com o nascimento dos filhos: Donato, Dagomar, Hardo, Luiz e Werner.

Faleceu por insuficiência cardíaca e respiratória. Alcançou a idade de 85 anos, quatro meses e oito dias. Pranteiam-lhe a morte a esposa, os cinco filhos, as noras Rozane, Helena, Rosie, Magda e Aline, além de onze netos, uma bisneta e demais familia-res e amigos.

O velório e a cerimônia de des-pedida aconteceram na Associação Comercial e Industrial de Alvorada. Em sua mensagem o pastor Egon Seibert, destacou que, em uma das visitas que lhe fez, o pastor Ari lhe recitou, a 3ª estrofe do hino 330, do Hinário Luterano: “E nós que conhece-mos / brilhante luz da fé, / nas trevas deixaremos / aquele que não crê? / Sem mais demora vamos, / falar-lhe do perdão / que por Jesus gozamos: a eterna salvação.” O pastor Egon

Koperek, presidente da IELB, também dirigiu palavras de gratidão, consolo e encorajamento aos presentes, em especial, à família enlutada.

Foi sepultado no Cemitério São Jerônimo de Alvorada, onde o pastor Olavo Güths, conselheiro distrital e ex-colega de trabalho do pastor Pflu-ck, no Colégio e Faculdade São Marcos, falou aos presentes.

O culto de ação de graças pela vida e obra do pastor Ari aconteceu no templo da Comunidade Bom Pastor, em Canoas, no dia 6 de agosto, na qual congregava nos últimos anos.

Ministério pastoralToropi, RS – CEL Emanuel: 1959 a

1969; Novo Cabrais, RS – CEL Concór-dia: 1969 a 1973; Ajuricaba, RS - CEL Sião – Linha 26: 1973 a 1978; Mare-chal Cândido Rondon, PR – Colégio Rui Barbosa: 1978 a 1981; Alvorada, RS - CEL São Marcos – Vila Americana: 1981 a 2011.

O pastor Ari foi diretor e reitor

da Escola e Faculdade São Marcos e Cidadão Honorário de Alvorada. Chegou em Alvorada, atendendo ao chamado da Congregação São Marcos, 1981. Em 1983 iniciou a construção da Escola São Marcos, tendo a Con-gregação como mantenedora. Em 1997, o pastor Ari lançou o desafio de fundar uma faculdade, a primeira da cidade, e iniciou os projetos, que foram enviados ao MEC em 1998. Em dezembro de 2000 foi publicada a portaria de autorização e o primeiro vestibular aconteceu em fevereiro de 2001, para o curso de Administração.

Nos anos seguintes propôs a construção de um novo campus, onde pudessem ser oferecidos novos cursos e ampliadas as atividades aca-dêmicas e de pesquisa. Para tanto foi adquirida, em 1998, uma área de 27 hectares, e foram desenvolvidos os projetos arquitetônicos, ambientais e de financiamento.

Em fevereiro de 2010 desligou-se da Escola e da Faculdade.

DESPEDIDA DO PASTOR

ARI PFLUCK

ARI PFLUCK * 1932 2017

Pastor Ari com a esposa Gerta

ML

ARQUIVO FAMÍLIA PFLUCK

38 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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TE

ST

EM

UN

HO

S ou o pastor Jacksonn Tha-deus Coelho, natural de Naviraí, MS, formado no Seminário Concórdia de São

Leopoldo, RS, em 2004, e hoje residente em Campo Grande, MS. Sou casado com Luciana Eidam Coelho há 12 anos, e temos um filho, o Pedro, hoje com 6 anos de idade e portador da Síndrome de Dandy-Walker.

Como pastor de nossa Igreja, tive a graça de ser ministro do Evangelho, pastor, professor e capelão na cidade de Santo Ângelo, RS, na Comunidade Sião e na Escola Concórdia, trabalhando junta-mente com os pastores Mário A. Hesse, Elias R. Eidam e Claudio S. S. Santos, entre os anos de 2004 e 2010.

Posteriormente, entre 2011 e 2015, tive o prazer de servir voluntariamente minha Igreja como pastor auxiliar na Comunidade de Naviraí, MS, minha terra natal, na companhia do pastor Gilberto E. Eidam e sua esposa Maria H. R. Eidam (in memoriam).

Em Naviraí, além de auxiliar na minha comunidade-mãe, trabalhei no Fórum da cidade e no Ministério Público Federal como estagiário, fazendo parte do pro-grama de formação dos alunos do curso de Direito da Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul. Concluí tal gradua-ção no final de 2015, com formatura em fevereiro de 2016.

Com a bênção de Deus, passei na prova da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) antes mesmo de terminar a gradu-ação, o que me possibilitou dar início ao exercício desta nova profissão quase que imediatamente após a formatura.

Tudo fluía bem. Meu filho com saúde maravilhosa, apesar de sua especialidade, minha esposa em vias de ser chamada num concurso público e eu estava em dia com meu condicionamento físico, há dois anos arduamente trabalhado: correndo 12 qui-lômetros em 1 hora e pedalando percursos

de mais de 60 quilômetros. Sem dúvida, a melhor fase de minha vida, com motivos de sobra para agradecer e louvar a Deus por tantas bênçãos recebidas.

Apesar de uma perda bastante precoce de uma pessoa muito querida e próxima, a esposa do pastor Gilberto, que era tia de minha esposa, o ano de 2016 se apre-sentava de todo desafiador: um ano de

VOCÊ TEM UM CÂNCERPOR QUE EU? POR QUE COMIGO, SENHOR?

De repente, de uma hora para outra,

me vi caminhando pelo vale da

sombra da morte e, como todo mortal, perguntei ao meu Deus: Por que eu? Por que comigo,

Senhor?!

“conquistas e vitórias. Afinal, tudo corria dentro do esperado, do planejado.

No entanto, nossa corrida nesta vida não se dá apenas em dias amenos, sob temperaturas agradáveis. E, como todo mortal, a minha história não poderia ser diferente. Não há nada de novo embaixo do céu, disse o sábio autor de Eclesiastes e, como um apertar de um botão, a vida pas-sou a ter novos desafios. A fé que outrora repousava em berço esplêndido passou a ser confrontada com os laços de morte que me cercaram com a dura notícia: “Você tem um câncer, um tumor maligno!”

De repente, de uma hora para outra, me vi caminhando pelo vale da sombra da morte e, como todo mortal, perguntei ao meu Deus: Por que eu? Por que comigo, Senhor?!

Era final de setembro de 2016. Estava desconfiado de que algo não estava certo. As benditas hemorroidas não estavam se comportando bem, por melhor que eu as tratasse. Foi então que decidi buscar a opi-nião de uma especialista, Dra. Vanessa Lou-reiro, proctologista renomada em Campo Grande, MS. Já na primeira consulta viu a gravidade da situação e me preparou para o que vinha pela frente. Quatro dias após a consulta estava diante do que chamei, num primeiro momento, de a minha sentença de morte, a confirmação do tumor maligno no reto, de grau moderado.

Apesar de acompanhar tantas histórias de superação contra essa doença (minha irmã, em 2012), num primeiro momento só me vinha a realidade daqueles que su-cumbiram à doença, ainda mais passando por uma recente perda familiar.

Nesse momento somos confrontados com a dura realidade de que, de fato, “é preciso amar as pessoas como se não houvesse o amanhã”; de que sua corrida nesse mundo é finita, que somos pó e ao pó retornaremos um dia, e que, por mais que não queiramos, esse dia pode ser logo ali:

ARQUIVO PESSOAL

39500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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amanhã! E às vezes é difícil compre-ender que isso independe de nossa fé. Homens de fé morrem todos os dias. Pessoas que vivem sob a ótica do “pensamento positivo” morrem todos os dias.

De repente, estava eu frente a um grande desafio cujo desfecho não contemplava a possibilidade de empate, e a chance de perder a luta era, sim, altíssima.

O que fazer diante disso? “Let God be God”. Deixar Deus ser Deus. Deixá-lo fazer sua obra em minha vida tal qual como dia-riamente pedimos em oração – “Senhor, seja feita a tua vontade!”. Rios de lágrimas lavaram meus olhos por alguns dias após o recebimento da notícia, possibilitando com isso que eles fossem lavados, como no Batismo, renovando a retina, deixando o cristalino ainda mais límpido a fim de enxergar “de onde viria o meu socorro”. Ele veio do Senhor que fez os céus e a terra. A certeza da presença de Deus em meio às nuvens escuras converteram lágrimas de tristeza e aflição em lágrimas de esperança e confiança, de modo que fosse qual fosse o resultado da luta que estava por vir, o final sempre seria a vitória, pois em Cristo somos mais que vencedores.

Foi nessa certeza então que eu e minha família, minha esposa, meu filho, mãe, ir-mãos e todos que por mim oraram, passa-mos a percorrer esse vale de sombra, esse deserto assustador. As tempestades que foram as 28 sessões de radioterapia, 30 sessões de quimioterapia, três cirurgias, 20 dias de internação, 113 dias de curati-vos, dezenas de doses de morfina, dezenas de medicamentos para dor, dezenas de punções, mais centenas e centenas de an-jos enviados por Deus para guiar as mãos dos médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem que, no decorrer desses me-

ses, estiveram diretamente envolvidos e imbuídos na minha recuperação. Isso sem falar das centenas de irmãos e irmãs que juntaram suas mãos e dobraram seus joelhos em oração em nosso favor.

É verdade, sim, que houve momentos em que desejei ardentemente “completar a carreira e guardar a fé”. Situações em que as dores eram tamanhas que nada podia aplacá-las, situações onde o úni-co consolo era saber que Cristo havia sofrido infinitamente mais para nossa salvação e que a dor de ser abandonado por Deus, como Cristo o foi, essa dor eu jamais sentiria. Isso me consolava. Deus não me abandonou! Ele não abandona os seus!

E como não há nada de novo embaixo dos céus, os dias tempestuosos também se foram, as nuvens frias e escuras se dissiparam e o sol voltou a brilhar. O ho-rizonte que outrora parecera próximo do fim, voltou a se distanciar.

Hoje meu tratamento segue os proto-colos de acompanhamento com consultas e exames rotineiros e frequentes.

Sou legalmente enquadrado como uma pessoa portadora de necessidades especiais – deficiente. Sou ostomizado e, como tal, carrego, assim como um ex--combatente de guerra, as marcas no meu corpo que me farão lembrar para sempre das grandes coisas que o Senhor fez por mim, razão pela qual não posso viver de outra forma, senão na alegria de uma vida

guiada e conduzida por aquele que tudo fez e faz para nos salvar.

Como ostomizado, eu e milhares de pessoas em nosso país, dependemos de uma bolsa de colostomia que tem função de recolher as secreções, no meu caso, as fezes. Apesar do desconforto que às vezes ela nos causa, dá sim para se ter uma vida praticamente normal com algumas restrições.

O grande desafio dos ostomizados é vencer o preconceito e lidar com as si-tuações embaraçosas que o uso da bolsa nos coloca, como por exemplo, a liberação involuntária dos gases pelo organismo no processo digestivo. É preciso estar bem resolvido com isso a fim de levar a situ-ação “na esportiva”, o que nem sempre é fácil para a maioria das pessoas.

Outro fator, esse talvez seja o mais preo-cupante e que atinge em cheio a dignidade das pessoas, é o descaso do Poder Público que, mesmo obrigado por lei, por conta da falência sistêmica do estado, milhares de pessoas ficam sem receber o seu material, ou seja, sua bolsa de ostomia, levando-as a enfrentarem situações bastante complica-das. Para que os leitores tenham uma ideia, no momento em que escrevo este artigo, os ostomizados do MS estão há dois meses sem receber seu material, tendo que apelar à justiça, a doações, etc.

FOTOS ARQUIVO PESSOAL

40 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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ML

Para quem qui-ser conhecer mais sobre o assunto, b a s t a a c e s s a r : www.ostomiza-dos.com.

Independente disso, não poderia terminar este tes-

temunho sem agra-decer a Deus pelos anjos sem asas que ele colocou ao meu lado para me amparar, me segurar pela mão, me limpar, me suportar ao longo desta jornada, bem como aqueles que, por seu conhecimento, puderam contribuir para a minha plena recuperação.

São eles: minha esposa, Luciana, e meu filho, Pedro; minha mãe, Marli, meus ir-

mãos, Jefferson e Jaqueline; meus sogros, Egon e Leni Eidam; meus cunhados, Júlio e Ângela, Camilo e Fabiane, Adriane e sobrinhos; tio Narciso e tia Marcilene e demais tios de longe e de perto, bem como os primos de longe e de perto. Aos drs. Vanessa M. Loureiro Duailibi, Kamil Farah Said, Carmencita Sanches Lang, Paula R. C. S. Laraya, Fábio Kanomata, Mariana G. Franco, Maruan Romais, Byanca R. Moreira, Paula C. Pozzi, Natá-lia B. Venier, Paulete Y. N. G. de Almeida. Equipe de enfermagem do HRMS, auxilia-res de enfermagem do HRMS, equipe da Oncologia Clínica e Cirúrgica do HRMS,

equipe de técnicos e enfermagem do Setor de Curativos do HRMS, secretários e atendentes do HRMS e PAM, pessoal da limpeza e da cozinha do HRMS, bem como da Clínica Rádius – Terapia Oncológica de Campo Grande. Por fim, mas não menos importante, meus amigos de dentro e de fora da Igreja, irmãos e irmãs que fize-ram doações em dinheiro, aos pastores que me visitaram, que oraram comigo por telefone, por Skype, WhatsApp. As comunidades luteranas de todo o Brasil

Às vezes é difícil compreender que

isso independe de nossa fé.

Homens de fé morrem todos os dias. Pessoas que vivem sob a ótica do “pensamento

positivo” morrem todos os dias

“ e demais localidades mundo afora, ao querido Dimasul e todos os seus pasto-res, em especial aos de Campo Grande e Naviraí. Enfim, a todos vocês: o desejo de bênçãos sem medida sobre suas vidas e o MEU MUITO OBRIGADO!

O futuro, como gosto de dizer, a Deus pertence. Mas o presente é sempre uma preciosa dádiva e uma maravilhosa oportunidade de agradecer e louvar a Deus, testemunhando sua maravilhosa graça revelada na pessoa de Cristo, nosso Salvador que, por meio do Batismo, nos concedeu a fé e a sustenta diária e cons-tantemente pela sua Palavra e sacramen-tos, por meio da ação do Santo Espírito que habita em nós.

A vocês, irmãos e irmãs leitores deste relato, que talvez estejam passando por uma situação semelhante, seja na sua vida pessoal ou de um familiar ou amigo, tenham plena certeza de que Deus está no controle de tudo, de que ele não abando-na os seus, de que sua fé, ao contrário do que muitos afirmam, é, sim, fortalecida em meio a esta batalha corporal e espiritual. E o mais importante: se a luta contra o câncer se apresentar como a batalha derradeira, não perca sua esperança e sua confiança. Diga como Lutero: “Se vierem roubar, os bens, VIDA e o lar, que tudo se vá, O CÉU É NOSSA HERANÇA”. Amém.

JACKSONN THADEUS COELHO | Pastor e advogado

[email protected]

41500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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Que mês de festa para todos nós, luteranos, é este outubro, não?! Com a JELB não é diferente, e temos grandes novidades para compartilhar.

Lançamos um grande projeto chamado Super Ação. Com ele queremos dar aos nossos jovens meios para que eles sejam ferramentas de superação na vida das pessoas e das instituições carentes de suas comunidades. Desta forma, os jovens levarão a salvação em Cristo e o amor que ele tem por nós a todos que precisam, por meio de ações das uniões juvenis (UJs).

A ideia do Super Ação surgiu de duas necessidades: a primeira, de conscientizar os jovens sobre a realidade da comunidade à sua volta, de forma a fazer com que ele se sinta chamado a contribuir para a diminuição das necessidades e carências ao seu redor. A segunda, e mais importante, de mostrar aos jovens que cristãos não vão agir apenas por reconhecer as necessidades da sua comunidade, mas porque aprenderam que: “Foi ele quem se deu a si mesmo por nós, a fim de nos livrar de toda maldade e de nos purificar, fazendo de nós um povo que pertence somente a ele e que se dedica a fazer o bem ” (Tito 2.14). E, portanto, serão motivados pelo amor que Cristo teve por nós, para, assim, ajudar ao próximo.

A proposta do Super Ação é abraçar todas as atividades voltadas à ação social e à missão, sob uma única bandeira, para fortalecer as ações das nossas juventudes em todo o país e gerar uma rede compartilhada de ideias e ações. Desse modo, damos visibilidade e auxílio a todas as ideias das UJs, desde uma ação pequena como uma doação de uma cesta básica até grandes ações de cidadania, com diversos serviços. Não importa o tamanho, o que importa é fazer o bem e levar o amor de Cristo a quem precisa!

Faremos isso por meio de três bases indispensáveis para o Serviço Social e a Missão: o ensino, com um material sobre o motivo pelo qual somos chamados a agir e qual a melhor maneira de ajudar; a interação com a comunidade, para conhecer melhor as necessidades do próximo; e a ação dos jovens em relação a essas necessidades.

Estamos trabalhando também em experiências de intercâmbio social e missionário para o Brasil e para outros países. Já pensou em um “Unidos no Brasil” e um “Unidos no Chile 2.0”? Quem aceita o desafio? Tem mais novidade vindo por aí: ENL, Congressão...

Fiquem ligados em www.jelb.org.br para saber de todas as novidades!

“Que a nossa gente aprenda a usar o seu tempo fazendo o bem e ajudando os outros em caso de necessidade, para que assim a vida da nossa gente seja útil!” (Tito 3.14).

Que Deus abençoe todas as comemorações dos 500 anos da Reforma. Até a próxima!

fb.com/jelb.brwww.jelb.org.br

bemFazer

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E nfim, chegou o 22º Con-gresso Nacional... não! Não chegou... já passou! Acre-ditamos que tenha sido

um ótimo e abençoado Congresso, e que todos que participaram levaram de volta para suas casas e suas ligas, fotos, lembranças e um coração exultante para o trabalho do Reino. Mas, para nós, Dire-toria que se despediu (e todos os colabo-radores que nos auxiliaram no preparo deste Congresso), fica a boa lembrança destes quatro dias de convívio, mesmo que tenhamos tido pouco tempo para conversar e abraçar os irmãos que nos visitaram, mas valeu. Assistir aos vídeos e ver as fotos vai matando a saudade desses dias e dos irmãos. Agora, virada a página, entregamos a gestão para um novo grupo de irmãos, desejando que Deus os aben-çoe neste desafio e que Deus, nosso Pai, esteja com eles em todos os momentos, como esteve conosco, e oriente e abençoe suas ações, tão importantes para a Igreja e para levar Cristo para todos.

“Nenhum vocacionado fora do seminá-rio”, foi o norte que seguimos e procura-mos divulgar. Agora chegou a hora de mais um passo. Nossa participação na formação dos seminaristas, desde a garimpagem de vocacionados em nossas congregações até à manutenção dos seminaristas e do Seminário. Temos muito a fazer. Temos a

Palavra, mas precisamos formar mi-nistros para divulgar esta Pa-lavra, e auxiliá-los nessa missão. Nós, como leigos, braço forte da Igreja, não podemos nos omitir ou abrir mão dessa tarefa.

Para nova gestão, deixamos nossas congratulações e o desejo que eles façam um bom e agradável trabalho para o Rei-no de Deus, e colocamo-nos à sua disposi-ção para auxiliá-los no que for necessário e que estiver ao nosso alcance. Leigos e pastores, juntos servindo ao Senhor. Bom lema. Juntos somos mais!

Aqui nos despedimos como Diretoria Nacional, e dizemos a todos os leigos e irmãos, até 2019, no próximo Congresso Nacional, quando estaremos novamente juntos para conversar e abraçar a todos, unidos em Cristo.

Pai! Obrigado. Passamos tanto tempo de nossa vida pedindo, que, muitas vezes, esquecemos de agradecer. Obrigado pela oportunidade, obrigado pelos parceiros, pela família que ajudou, pelos conselhei-ros; obrigado por tudo o que nos propor-cionaste. Estamos virando uma página, queremos e precisamos da tua companhia, mas gostaríamos de uma pausa para agradecer. Mais uma vez, Pai, obrigado! amém.

JUNTOS SOMOS MAIS! RECONHECIMENTO E GRATIDÃOCinco meses se passaram desde o dia (5 de abril) em que o SENHOR chamou o pastor Leopoldo para o descanso eterno. Às vezes parece já fazer muito tempo, outras vezes, bem pouco.Desde o agravamento da sua doença, e também após o seu falecimento, soubemos que foram incontáveis as orações em nosso favor, além dos telefonemas e muitas outras demonstrações de amor, carinho e preocupação por todos nós, familiares. Vocês todos foram e continuam sendo bênção em nossas vidas, e temos certeza de que, pelas orações e gestos de vocês, Deus nos abençoou, consolou e manteve firmes durante todos estes momentos de dor e saudade.Que o Salvador Jesus esteja sempre ao lado de cada um de vocês, como esteve com o pastor Leopoldo até seus últimos momentos. E que ele faça de cada um de nós uma bênção uns para com os outros, especialmente quando doença, angústia e morte nos alcançarem. Que DEUS abençoe e console vocês com a mesma compaixão que nos alcançou através de cada gesto de amor que recebemos. A alegria da ressurreição e do feliz reencontro nos céus nos move a sempre proclamarmos: "Bendize, ó minha alma, ao SENHOR, e tudo o que há em mim bendiga o seu santo nome." (Sl 103.1).

Com gratidão e carinho,Marie Luize (dona Mausi) e família Heimann

São Leopoldo, setembro de 2017.

ESPAÇO LSLB IM MEMORIAM

Diretoria e a secretária Raquel

SANDRO CAETANO

43500 ANOS DA REFORMA LUTERANA MENSAGEIRO | Outubro 2017

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E m 1524 Lutero escreve uma carta aos conselhos (prefeitos e câmaras mu-nicipais) das cidades da

Alemanha em que apela aos prefeitos e vereadores que criem e mantenham escolas cristãs. O principal argumen-to de Lutero para que se instruam as pessoas é para que o Evangelho seja preservado. Por isso é necessário o en-sino das línguas. Se o Evangelho fosse guardado apenas na memória, haveria uma confusão de opinião e de doutrinas. É preciso também alguém que possa julgar se o pregador ou professor ensina corretamente a Escritura. Também não devemos nos deixar enganar por aqueles que dizem ter o Espírito Santo e deixam de lado as Escrituras.

As escolas devem ser um lugar onde se aprende com prazer. Dançar e pular é típico da juventude e as crianças tam-bém têm prazer em jogos, brincadeiras e gostam muito de cantar. Estas consi-derações também são inovações para a época onde as escolas eram conside-radas enfadonhas, cheias de castigos, pavor e sofrimento. Lutero deu destaque especial ao ensino da música (na época a música estava integrada ao ensino da matemática) e condenou os castigos corporais.

Como gratidão a Deus pelos bens que ele nos concede, e a recomendação de Jesus que chama para si as crianças, tanto os governantes quanto os pais têm a obrigação de educar para a salvação em Cristo! E, consequentemente, Lutero afirma que ensinando algo útil às pes-

soas, todos nós, cristãos, contribuímos para o melhoramento do mundo.

Aos paisNo sermão (prédica) para que se

mandem os filhos à escola (1530), Lute-ro insiste que a responsabilidade é dos pais. No entanto, se estes não cumprem essa responsabilidade, os governantes devem assumir esta tarefa e exigir dos pais que mandem seus filhos à escola, sob pena de perderem a salvação por desconhecimento do Evangelho.

Além de pregadores e professores, Lutero argumenta no seu sermão aos pais que uma cidade (e comunidade) precisa, também, que sejam instruídos os comerciantes e que todas as pessoas saibam, pelo menos, calcular e ler. Mas, em primeiro lugar, as escolas devem ser um lugar onde se aprende a conhecer a Deus e sua Palavra, para depois se tornarem pessoas capazes de governar igrejas, países, pessoas, casas, filhos e empregados.

A ideia de escola gratuita e pública também é considerada, pelos relatos na história da educação, uma das maiores contribuições de Lutero.

A educação para todos é um tema importantíssimo, e Lutero é também reconhecido como pioneiro nesta abor-dagem. Aqui se incluem homens e mu-lheres de todas as raças e nações. Pois a salvação é para todos os que creem em Jesus como Salvador; este é o Evangelho que precisa ser anunciado, e para esta finalidade as pessoas precisam aprender a ler e escrever.

Em primeiro lugar, os pais precisam reconhecer que, sem pastores e pre-gadores bem instruídos, o Evangelho não pode ser preservado. Isso é motivo suficiente para enviar os filhos à escola, para que os aptos ao ministério pasto-ral, professores, pregadores, leitores e capelães sejam preparados para serem mordomos e servos de Deus.

Em segundo lugar, portanto, os pais educam seus filhos para o regime se-cular, que também é uma “maravilhosa ordem divina e uma excelente dádiva de Deus”. Se não houvessem pessoas educadas para administrar este mundo, uns devorariam os outros, como fazem os animais irracionais.

O ensino para todos com amor

Os princípios e fundamentos da edu-cação, segundo Lutero, podem ser resu-midos assim: a educação, para o ensino da Palavra de Deus revelada na Bíblia, é de responsabilidade dos pais. A Igreja e a escola são instituições que podem auxi-liar os pais na educação cristã dos filhos. A fé em Jesus, como único Salvador entre Deus e a humanidade, manifesta-se nas obras de amor ao próximo, frutos do amor a Deus. As obras do amor estão no ensino dos Mandamentos – explicadas nos catecismos – como síntese da Pala-vra, a Bíblia.

MARLI DOCKHORN LEMKE | Curitiba, PR

Adaptado por OLGA BEATRIZ HEPP HANNES, 3ª secretária da LSLB

LUTERO E A

EDUCAÇÃO

As obras do amor estão no ensino dos Mandamentos – explicadas nos catecismos – como síntese

da Palavra, a Bíblia.

44 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

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2 9 º C O N G R E S S O N A C I O N A L D A L S L B2 1 A 2 5 D E J A N E I R O D E 2 0 1 8

P O Ç O S D E C A L D A S - M G

I N S C R I Ç Õ E S : W W W . L S L B . O R G . B R

“Como um perfume que se espalha por todos os

lugares, somos usados por Deus para que Cristo

seja conhecido por todas as pessoas.” 2Co 2.14b

Espalha

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anos da

Reforma

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C reio que ficaste sabendo que minha querida filha Madalena renasceu para o reino eterno de Cristo.

Eu e minha esposa nada mais deveríamos fazer senão agradecer com alegria por um passamento tão feliz e um final tão bem-aventurado, através do qual ela escapou do poder da carne, do mundo, dos turcos e do diabo.

Mesmo assim, o poder do amor natural é tão grande, que nós não o podemos fazer sem soluçar e gemer o coração, sim, nem mesmo sem grande mortificação.

Pois os olhares, palavras e gestos da filha obediente e respeitosa ao extremo, quando viveu e quando morreu, prendem-se ao fundo de nossos corações, de maneira que nem mesmo a morte de Cristo pode retirar esse pesar como deveria. E o que é a morte de todos em comparação com a de Cristo?

Por isso, agradece a Deus em nosso lugar. Pois ele realmente fez uma grande obra em nós e glorificou sobremaneira nosso corpo. Ela tinha – como sabes – um caráter suave e amável, sendo querida para com todos. Louvado seja o Senhor Jesus Cristo, que a chamou, escolheu e glorificou. Tomara que eu, todos os meus e todos os nossos tenhamos por sorte uma morte assim.

É o único que peço a Deus, ao Pai de todo o consolo e de toda a misericórdia.

(Carta de Lutero para seu amigo Justus Jonas, em 23/09/1542)

Existe dor maior do que a perda de um filho, uma filha? Jamais ouvi de alguém que perdeu um filho que tenha sofrido mais por outra razão em sua vida.

Lutero escreve a um amigo para participar a morte da própria filha, aos 13 anos.

De todas as formas, busca consolo em sua fé. Tenta racionalizar, recorrendo à análise das circunstâncias e ao discurso da fé. Ela está melhor agora, “escapou do poder da carne, do mundo, dos turcos e do diabo”. No reino eterno de Cristo, está livre de grandes ameaças espirituais e terrenas.

Contudo, “nem mesmo a morte de Cristo pode retirar esse pesar como deveria”. O pai está dividido. Como alguém que crê, sente que deveria reconhecer a ação de Deus e ser-lhe grato. Como pai, sente que a perda é injustificável. A mãe, Catarina, vivencia as coisas de igual modo.

Não leve a mal, amigo. A imagem de nossa filha amada, gravada em nossos corações, não permite que sejamos agradecidos agora.

“Por isso, agradece a Deus em nosso lugar.”

RICARDO WILLY RIETH | In: Martim Lutero – Discípulo – Testemunho –

Reformador (Meditações); Editoras Sinodal e Concórdia, 2ª edição, 2016

AMIGO, AGRADECE A DEUS POR NÓS

500 ANOS DEPOIS

46 500 ANOS DA REFORMA LUTERANAMENSAGEIRO | Outubro 2017

Olha, Senhor, sou como um vaso vazio. Enche-o. Sou fraco na fé. Fortalece-a. Sou frio no amor. Permite que meu coração queime. Deixa que meu amor jorre sobre o meu próximo. Não tenho uma fé firme e forte. Às vezes, duvido e não consigo confiar completamente em ti. Senhor, ajuda-me. Aumenta a minha fé, permite que eu confie em ti. Sou pobre, tu és rico. No entanto, tu vieste para ter compaixão dos pobres. Eu sou um pecador, tu és justo. Sofro por causa do pecado. Em ti está toda a justiça. Fica comigo, pois de ti posso receber e não preciso dar.Eterno Deus, Pai de nosso Senhor Jesus Cristo. Dá-me teu Espírito Santo. Manda-o despertar em mim uma fé reta e verdadeira, dominar-me, fortalecer-me e suportar-me. Filho do eterno Pai, Jesus Cristo, dá-me teu Santo Espírito. Amém!(Martinho Lutero)

ML

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SENCARTE DO MENSAGEIRO LUTERANO

OUTUBRO 2017

LEIA TAMBÉM

CASAIS UNIDOS PELO AMOR DE DEUS EM JOINVILLEPARÓQUIA BOM PASTOR EM MOVIMENTO

VIANA, ES

CONGREGAÇÃO REALIZA AÇÃO SOCIALEM PARCERIA COM A PREFEITURA

A Congregação Bethânia, Via-na (da Paróquia Esperança, de Ca-riacica), ES, planejou e executou um dia de ação social global em parceria com a Prefeitura de Via-na. “Foi um grande acontecimen-to para o bairro e para a pequena Congregação que esteve envolvi-da nesse projeto social”, observou o pastor Roberto Schultz.

A ação é um serviço da ins-

tituição religiosa do bairro em parceria com as secretarias de Desenvolvimento Social e de Saú-de de Viana. A prefeitura ofereceu vários serviços como: emissão de identidade, serviços do Procon, agência de empregos, centro de qualificação profissional, orienta-ções do programa Nosso Cré-dito e serviços de saúde (com a presença de enfermeiros, médico

e dentista, entre outros).Já a Congregação aproveitou a

oportunidade para conversar com os participantes e oferecer livretes da Hora Luterana e da Sociedade Bíblica do Brasil, além de alguns devocionários. “Foi um dia impac-tante para os servidores (cerca de 30), que puderam conhecer as de-pendências da igreja e conversar com o pastor”, finalizou o pastor.

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2 MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias

VIDA A DOIS

Dia 5 de outubro, Reinaldo Faller, 95, e Frieda Schneider Faller, 85, completam 66 anos de vida matrimonial. Eles se casaram em 5 de outubro de 1951, na Comunidade São Marcos, Domingos Martins, ES. Anos depois, mudaram--se para Itaguaçu, ES, sendo membros fundado-res da Comunidade São João. Eles são pais de Leuzira (membro da Congregação Nova Vida, Vila Velha, ES), de Leonerio (pastor e diretor do Seminário Concórdia, São Leopoldo, RS) e de Leunira (membro da Comunidade São João de Itaguaçu, ES). Toda a família louva a Deus pelos anos de vida matrimonial e agradece pelas bên-çãos derramadas sobre tantas pessoas através de Reinaldo e Frieda.

VIANA, ES

SESSÃO NA CÂMARA DE VEREADORES PELOS 500 ANOS DA REFORMA

A Câmara Municipal de Viana, ES, promoveu uma sessão solene, propos-ta pelo vereador Ademir Pereira, em deferência aos 500 anos da Reforma Luterana. Foram convidados os pastores Roberto Schultz, Demétrius Milhomem

de Freitas e a pastora da IECLB, Ro-sângela Stange, além de congregados, vereadores e funcionários da Câmara. Foi um momento especial para falar da Reforma e suas nuances e apresentar a IELB como Igreja e herdeira da Reforma.

A celebração constou de oração, mensa-gens e o cantar do hino “Castelo Forte”. Além das palavras dos pastores, alguns vereadores exaltaram a importância da Reforma para a Igreja e para a sociedade. A sessão aconteceu no dia 14 de agosto.

Celebrou Bodas de Diamante, no dia 3 de agosto, o casal Ricardo e Selma Vorpa-gel Kretschmer, da Congregação Cristo, de Linha Lavina, São Paulo das Missões,RS. O pastor Armim Filipe Schünke, usando por base as palavras bíblicas de 1Samuel 7.12, “Até aqui nos ajudou o SENHOR”, dirigiu o momento de gratidão a Deus por todas as bênçãos durante os 60 anos de feliz união matrimonial. Participaram os seus cinco filhos, Ivete, Leoni, Ivoni, Arno e Lori, gen-ros, nora, netos, bisnetos, além de amigos e familiares.

No dia 6 de maio, Irio e Dora Albrecht, da Congre-gação Da Cruz, de São Lourenço do Sul, RS, celebraram 50 anos de matrimônio. O casal lembra, com muito amor e devoção, o lema de seu casamento: “Lâmpada para os meus pés é a tua palavra e, luz para os meus caminhos” (Sl 119.105). A cerimônia, no dia 13 de maio, foi conduzida pelo pastor Odacir Biindchen, e contou com a presença do pastor Rubens Ogg. O casal, além de ser participativo na Congregação, realiza um trabalho de dança sênior no grupo Nova Integração, que coordenam há cerca de 4 anos, o qual reúne em torno de 20 pessoas e se apresentam em diversos locais. Para tanto, exercita o corpo, mas, antes e acima de tudo, exercita a fé, ao buscar alimento espiritual na Palavra de Deus em momentos de reflexão e oração.

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MEDIANEIRA, PR

500 ANOS DA REFORMA=500 LITROS DE LEITE

Os membros da Paróquia Santíssima Trindade, de Medianeira, PR, uniram suas forças e desenvolveram um traba-lho de ação social para comemorar o ju-bileu dos 500 anos da Reforma Luterana.

A paróquia entendeu que para celebrar este jubileu como legítimos herdeiros da Reforma, precisava assumir o compromisso de crer, ensinar e con-fessar a doutrina Bíblica. Crer também significa agir. Portanto, lançaram a cam-panha: 500 anos = 500 litros de leite.

A meta era de, no período de dois

meses, arrecadar 500 litros para doar em três instituições do município (hospital, lar dos idosos e albergue). Conseguiram somar 600 litros até a data programada. Isso motivou os membros a planejarem outros desafios, que já estão acontecendo (de alimentos e literatura cristã).

No dia da entrega no hospital, os membros tiveram uma experiência in-crível com a presença do coral cantando nos corredores e momentos de oração nos quartos.

Também no lar dos idosos foi realiza-da a mesma atividade com canto, oração, meditação na Palavra de Deus e visitação aos apartamentos de alguns idosos. “Ali entendemos que não estávamos doando apenas leite, mas sim doando carinho, amor e demonstrando a todos que aque-la ajuda é obra de Jesus na vida de todos eles, por meio de nós, cristãos. Todos os membros que estão participando desta missão consideram algo muito impor-tante e gratificante”, afirmou o pastor Ailton José Müller.

A Congregação São Mateus, de Caça-dor, SC, realizou culto de inauguração do seu templo no dia 28 de maio. “As gran-des coisas que Deus fez no passado entre os nossos irmãos na fé fizeram com que iniciasse mais uma Paróquia no Distrito Vale do Rio do Peixe. Agora queremos, com a graça de Deus, inaugurar o novo templo e dar graças pelos 69 anos da Congregação São Mateus. Hoje nós feste-jamos essas grandes coisas que o Senhor fez e que nos deixam alegres, para que sempre possamos agradecer pelas obras de Deus em nosso favor, realizadas por Jesus Cristo para a nossa salvação”, teste-munham membros da Congregação.

A mensagem do culto foi dirigida pelo vice-presidente de Ensino da IELB, pastor Rony Ri-cardo Marquardt, que foi o primeiro pastor residente em Caçador. Também participaram do culto pastores, mem-bros das paróquias do Distrito e autoridades do município, bem como o ex-pastor da congregação e hoje emérito, Alvin E. Bierhals. Após o culto, os participantes confrater-nizaram com um almoço.

CAÇADOR, SC

INAUGURAÇÃO DE TEMPLO

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MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias 3

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Cantar com alegria, orar ao lado de quem amamos, ler uma palavra bíblica edificadora e estar em comunhão com amigos cristãos. Precisa mais? Em Joinvil-le, SC, na Congregação Santíssima Trinda-de, um grupo de casais se reúne em um sábado por mês para o seu Encontro de Casais Luteranos (Encalu). Num tempo em que o casamento anda tão bombar-deado pela mídia, o grupo literalmente veste sua camiseta de identificação, e seu slogan propaga: “Que o casamento seja respeitado por todos” (Hb 13.4).

Como muitos integrantes do gru-po têm suas atividades profissionais, reunir-se aos sábados foi uma ótima alternativa. Os filhos vêm junto, e uma ajudante se encarrega deles enquanto os pais têm seu momento de estudo, comunhão e, por que não dizer, namo-ro. Sim, num tempo de correria e falta de tempo, sentar ao lado do cônjuge e trocar o celular pela Bíblia na mão, cer-tamente é ponto a favor para o relacio-

namento. E as dinâmicas, os estudos, as orações, a troca de experiências, tudo colabora para refletir sobre o matrimô-nio e como fortalecê-lo cada vez mais. Um lanche preparado com carinho por um casal voluntário fecha com chave de ouro o momento de integração.

A comunhão é palavra-chave para o grupo. Maico e Daniele Bettoni, um dos casais coordenadores do Encalu, des-taca que as ações do grupo vão muito além dos encontros mensais. Um grupo no WhatsApp mantém todos interliga-dos. Em 2017, já ocorreu um encontrão com casais de outras comunidades e de outras denominações religiosas. Tam-bém aconteceu um retiro, no qual foi abordada a importância do perdão em nossa vida a dois e em família. Foram dois dias de integração e muita reflexão, onde flores, bombons e outros mimos românticos, amorosamente disponibili-zados pela coordenação do evento, evi-denciaram que nossas atitudes diárias

encalu

O casamento deve ser honradopor todos.(Hb 13.4)

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precisam se basear no grande amor de Deus por nós. “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”. (1Jo 4.19).

Ainda neste ano, ocorreu um culto de reconsagração de votos. Diante do altar, todos os casais presentes refizeram a promessa feita no dia de seu casamento. As leituras, o coral formado pelo grupo, as orações, a mensagem do pastor, tudo foi especialmente escolhido para o mo-mento de louvor e adoração a dois. A de-coração da igreja deu um clima especial ao momento, lembrando a importância do romantismo no dia a dia do casal.

O desafio do Encalu é grande. Ao lado de outros departamentos da Congrega-ção, quer fortalecer marido e esposa no serviço, no testemunho e na adoração a Deus. Que Deus nos abençoe para sermos sal da terra e luz do mundo. Que nosso casamento e nossa família refli-tam o amor divino a esta sociedade tão carente da verdadeira graça salvadora.

Mais detalhes e contatos com o grupo, pela página no Facebook: www.facebook.com/encaluCelst.Joinville/

Márcia Ruppenthal Otharan | Jornalista e integrante do Encalu

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4 MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias

JOINVILLE, SC

UNIDOS PELO AMOR DE DEUS

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CLARINHA ELISA WACH-HOLZ VÖLZ faleceu em 28 de maio de 2017. Era filha de Carlos Wa-chholz Sobri-nho e Amanda

Müller Wachholz. Nasceu em 27 de fevereiro de 1935, em Solidez, Can-guçu, RS. Foi batizada no mesmo dia na Congregação Redentor, de Solidez, pelo pastor Emílio Wille. Confirmada em 7 de dezembro de 1947 na mes-ma igreja, pelo pastor Guilherme Er-bert. Casou-se com Arno Pagel Völz (já falecido), e o casal foi abençoado com três filhos: Dário, Darli e Marli.

Deixou enlutados os filhos, dois genros, 10 netos, cinco bisnetos, a irmã, Nelda e demais familiares. Entre eles, o pastor Nilo Wachholz, seu sobrinho e afilhado. Alcançou a idade de 82 anos. Seu irmão gêmeo, Helmut, e sua irmã, Holdina Bausch, a precederam na morte.

A cerimônia de sepultamento foi dirigida pelos pastores Edgar Wille Quandt (que falou sobre a esperança

da ressurreição a partir de 1Co 15.17-22) e Celso Valmir Grams, que destacou as palavras do Salmo 4.8: “Em paz me deito e logo pego no sono” (lembrou que esta era a oração de cada noite da dona Clarinha, e que ela faleceu en-quanto dormia, em sua casa).

ILSE RENNE-CKE SONNTAG nasceu em 4 de junho de 1914, na Alemanha, filha de Walter Paul e Bertha Rennecke. Casou-se com Eduardo Carlos

Sonntag, pastor da IELB (falecido em 1976). O casal foi abençoado com 15 filhos. Destes, dois já falecidos (Kurt e Paulo). Os demais filhos enlutados são: Flora, Victor, Bruno (pastor), Erna, Norma, Werner (pastor), Martinho (pastor), Ingrid, Edith, Mario (pastor), Guido, Madalena e Donaldo (pastor).

Ilse faleceu em 2 de julho de 2017, em Novo Hamburgo, RS, cidade onde morou nos últimos anos. Alcançou a idade de 103 anos e 28 dias.

A grande família que Deus lhe concedeu, até esta data, possui 202 pessoas relacionadas. Algumas já falecidas, outras enlutadas; porém confortadas pela certeza da presença de Jesus, aquele que venceu a morte!

O velório e a cerimônia religio-sa de despedida aconteceram no Cemitério Jardim da Memória, de Novo Hamburgo, sendo sepultada no Cemitério Luterano da mesma cidade. O pastor Ismar Luiz Pinz, que também a assistiu pastoralmente até ao final de sua vida, oficiou a cerimô-nia, da qual também participaram os filhos pastores: Werner, Martinho e Donaldo, este por meio de áudio enviado dos Estados Unidos, onde reside. O pastor Egon Kopereck falou em nome da IELB. Em todos os pro-nunciamentos, ouviram-se palavras de gratidão e louvor a Deus, de fé, consolo, testemunho, esperança e vida, pois esta foi a grande herança que dona Ilse deixou para os familia-res e amigos.

O culto em memória foi realizado no dia 23 de julho, na Congregação São Lucas, de Novo Hamburgo, da qual dona Ilse participava.

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MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias 5

GRAVATAÍ, RS

Retiro de famílias

Nos dias 2 e 3 de se-tembro, a Congregação Jesus Salvador, Cava-lhada, Porto Alegre, RS, realizou o Retiro das Famílias, com o lema “Sola scriptura, sola gratia, sola fide”, sob a orientação do pastor Aldair Gund, no Sítio Aliança, Gravataí, RS.

VIDA ETERNA

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CANDELÁRIA, RS

PARÓQUIA BOM PASTOR EM MOVIMENTO

CULTO JOVEMNo dia 24 de maio, foi realizado o

3º Culto Jovem na Congregação Bom Pastor, de Vila Passa Sete, Candelá-ria, RS, pertencente à Paróquia Bom Pastor, em comemoração aos 92 anos da JELB e 113 anos da IELB. O sermão foi proferido pelo pastor Eleandro, e os

ANIVERSÁRIO DAS SERVASO departamento de Servas da

Congregação Bom Pastor comemorou 35 anos de existência. Em gratidão, foi realizado um culto especial no dia 2 de julho, em que as servas auxiliaram o

pastor Eleandro Gretschmann na condu-ção do culto e na entrega das sacolinhas. Após o culto, foi servido almoço e bolo. As reuniões do departamento aconte-cem geralmente na 1ª terça-feira de cada mês, à noite, e servas de diversas idades participam. Os desafios e pro-jetos do departamento, neste ano, são

jovens auxiliaram o pastor na condu-ção do culto. Também houve apresen-tação do Grupo de Dança Litúrgica. Foi uma noite especial, em que os presen-

tes foram agraciados pelo Senhor com perdão, Palavra e Santa Ceia. Após, foi realizada confraternização, com tortas e chá.

incentivar mais assinaturas da Revista Servas, continuar auxiliando o departa-mento de Escola Dominical na compra de materiais e acompanhar o pastor em visitações às servas que estão acamadas ou de luto, levando-lhes uma mensa-gem de esperança, conforto e consolo. As servas são muito unidas e gostam também de participar dos chás distri-tais, visitas aos departamentos amigos secretos, encontros e congressos.

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Lutero e a educação

Mensageiro das Crianças

Encarte do Mensageiro Luterano de outubro de 2017

Na vida como herdeiro da Reforma

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Lição: CéLia Marize BundChen - CoMissão de esCoLa doMiniCaL da ieLB | iMagens: arquivo editora ConCórdia | iLustrações: artur nunes

Lutero nasceu há muito tempo. Viveu muitas experiências, e algumas delas nós conhecemos e podemos compartilhar. Ele aprendeu a amar a Deus lendo a sua Palavra. Foi professor da Bíblia, e, como professor, teve que ler muito para poder ensinar. Suas leituras fizeram dele um grande conhecedor das verdades

de Deus. O Espírito Santo agiu em seu coração e ele creu em Deus. Ele ajudou a mudar o rumo da Igreja da época. Neste ano comemoramos 500

anos da Reforma, conhecida como Reforma Luterana. Ela foi uma grande bênção de Deus, e ainda é para nós hoje.

Lutero se dedicou a ensinar, e seu desejo era de que ao lado de cada igreja tivesse uma escola. Ele queria que as crianças crescessem aprendendo a ler, escrever e fazer contas, mas também a Palavra de Deus.

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FreepikNeste mês de outubro lembramos

duas datas importantes, as quais eram valorizadas também por Lutero. Lem-bramos o Dia do Professor, que en-sina a seus alunos com amor, e fica marcado na vida deles por isso. Lem-

bramos também o Dia da Criança, com a qual Lutero também se preocupava. Ele se interessava principalmente com o que as crianças aprendiam, e, com muita insistência, dizia aos pais que deviam educar seus filhos nos caminhos do Senhor.

No início do Cristianismo, o apóstolo Paulo escreveu ao seu jovem apren-diz, Timóteo, lembrando-o do que ele tinha aprendido des-de pequeno: as Sagradas Letras – as verdades bíblicas, ensina-das por sua mãe e sua avó (2Tm

3.15). Tenho certeza que seus pais e avós tam-bém ensinam você com muita dedicação. Seus professores de Escola Dominical também fazem isso em suas aulas. Seja grato a eles por isso.

Jesus também aprendeu de seus pais, Maria e José, como andar nos caminhos de Deus. Sim, como menino, ele obe-deceu a seus pais e foi junto

ao templo, em Jerusalém, para adorar a Deus. Lá teve a oportunidade de conversar com os doutores sobre as maravilhas do Reino de Deus. Para saber mais sobre Jesus entre os doutores, leia Lucas 22.41-52.

Aproveite cada oportunidade para ouvir e aprender mais sobre Jesus, o nosso Salvador.

Reconheça o seu aprendizado fazendo um lindo cartão para seus professores e para seus pais, e dê-lhes um grande e carinhoso abraço.

Para lembrar: Lutero ensinava seus filhos também quando estava longe. Mesmo com tan-tos afazeres, ele escrevia cartas aos filhos falan-do do amor de Deus. Pais e professores têm uma grande missão, levar Cristo aos pequeni-nos. Ele deseja que todos sejam salvos. Ele diz: “Quem crer será salvo” (Marcos 16.16).

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1. Siga as dicas do código e descubra qual o versículo.

A =C =E =O =U =R =Q =M =S =L =V =

A C E O U R Q M S L V

QUEM CRER SERA SALVO

2. Ligue os fatos – as respostas estão no texto que você leu sobre Lutero e a educação.

* Ano do nascimento de Lutero *

* Lugar em que morava Lutero *

* Qual era um grande desejo de Lutero em relação às escolas? *

* O que Lutero desejava que os pais fizessem? *

* A quem a vó Loide e a mãe Eu-nice ensinaram? *

* Com quem Jesus conversou quando visitou o templo aos 12 anos? *

* Qual é o desejo de Deus para todas as pessoas? *

* Com os doutores da Lei *

* Que ensinassem a seus filhos a Palavra de Deus *

* Que todas sejam salvas *

* Alemanha *

* 1483 *

* Ao lado de cada igreja uma escola *

* Timóteo *

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3. Observe o que Lutero descobriu ao longo de sua caminhada com Deus:

Deus quer todos perto de si. O céu é um lindo lugar. Deus deseja que todos sejam salvos

O justo viverá pela fé (Romanos 1.17)

Descobriu a

verdade na

Palavra de Deus Lutero

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No dia 16 de julho, a Congrega-ção Vida Nova, Vila Velha, ES, viveu momentos especiais quando quatro jo-vens se apresentaram diante do altar do Senhor para fazer a sua Profissão de Fé em nosso Deus Triúno: Giseli Pautz, Jessica Rodrigues, Rayane Fra-calossi e Antonio P. Gomes, que, após sua Profissão de Fé, recebeu o santo

Batismo, acompanhado dos seus pais e padrinhos. Estes jovens, depois de acolhidos pela Igreja, tiveram a oportunidade de conhecê-la, compre-endê-la e acompanhar a fé professada pelos luteranos a partir das Escritu-ras Sagradas no ano 500 da história da Reforma.

No Dia dos Pais, Gabriela e Junior

exerceram a virtude número 1 dos cuidados dos pais com seus filhos – viabilizaram aos filhos receberem a graça dada no Batismo. Assim, pro-porcionaram a Anna e Bárbara terem os seus nomes inscritos no Livro da Vida. Os cristãos da Congregação Luz, Vila Velha, alegraram-se muito diante desse maravilhoso testemunho.

Batismo de Anna e Bárbara

VILA VELHA, ES

NOVOS MEMBROS

No dia 5 de agosto, Daniel Paiva Strege, da Congregação Paz, de Humaitá, AM, renovou o seu voto batismal, fazendo a confissão pública e pessoal de fé e fidelidade a Deus. O jovem confirmando é filho de Nilson e de Geralda Pai-va Strege. O culto foi dirigido pelo pastor Hélio Scheffler, que baseou a sua mensagem no texto de Apocalipse 2.8-11, sob o tema: “Sejam fiéis”.

HUMAITÁ, AM

ConfirmaçãoJOINVILLE, SC

Vovó centenáriaHulda Denker Viebranz nasceu

em 22 de agosto de 1917, em Luiz Alves, SC. Casou-se com Augusto Viebranz em 24 de setembro de 1941. Tem sete filhos, 13 netos, 25 bisnetos e seis trinetos.

Atualmente mora em Joinvil-le, SC. Está sempre presente nas atividades na Congregação, e até pouco tempo cantava no coral da comunidade, mesmo não sabendo ler em português; ela decorava os hinos durante os ensaios para poder se apresentar. Só falta aos cultos quando realmente não tem condições físicas, sendo um belo exemplo aos filhos, netos e bisne-tos. Muitas pessoas a tem como re-ferência e a chamam de “Ominha”, pois ela é muito simpática e alegre.

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MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias 11

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12 MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias

Com alegria e a participação de 108 pessoas foi rea-lizado em Curitiba, no dia 6 de agosto, na Congregação Em Cristo, Hauer, Curitiba, PR, o 2º Encontro da Famí-lia BAUER (herdeiros e familiares de Henrique Bauer

Netto e Maria Elisabeth Bauer). Familiares de várias cidades do Paraná, de Florianópolis e de Braintree, Essex (Inglaterra) estiveram presentes. O próximo encontro será em agosto de 2019.

CURITIBA, PR

ENCONTRO DA FAMÍLIA BAUER

Veja as Confirmações que aconte-ceram nos pontos de pregação per-tencentes a Paróquia Bom Pastor, no sul do estado do Piauí. No dia 1º de janeiro, em Bom Jesus, Fabiane Beil-

fuss confirmou seu voto batismal. No dia 4 de fevereiro, na vila Nova San-ta Rosa, interior de Uruçuí, a jovem Brenda Schröder Marcolin confirmou sua fé. No dia 27 de maio, também na

Nova Santa Rosa, Mateus Elias Nitz e Emily Kaiane Busse confirmaram seu voto batismal. As confirmações foram realizadas pelo pastor Diego Elias Neumann.

Confirmações no Piauí

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Meu nome é Tiago Fernandes de Souza, natural de Novo Ham-burgo, RS, mas passei boa parte da minha vida em Sapiranga, RS, de onde sou oriundo, da Congre-gação São Mateus. Sou casado com Kátia Regauer de Souza, e Deus abençoou nossa união com dois filhos, Nícolas e Felipe.

No final de 2016, fui desig-nado para estagiar na Paróquia Cristo, em Camaquã, RS. Che-gamos em 7 de janeiro e fomos muito bem acolhidos pelo pastor Itamar Krieser e toda sua família.

Aos poucos, fomos conhecendo os membros da Paróquia e a cidade.

O pastor Itamar é uma pessoa singular, além de ser um excelente orientador. Tornou-se um grande amigo (formamos até uma dupla de violão, “Itamar e Tapior”). Ele sem-pre está pronto para orientar, ajudar, ouvir e incentivar, dando espaço para desenvolver da melhor maneira o meu estágio.

A Paróquia Cristo é formada por quatro congregações, atuo em to-das, mas meu estágio está focado na Congregação Da Paz, que é a sede paroquial. Tenho oportunidade de tra-balhar e aprender em todos os depar-tamentos (leigos, servas, jovens, escola bíblica infantil, instruções, programa de rádio, visitas, estudos bíblicos, etc).

O estágio está sendo muito bom, uma grande bênção. Tem sido um ano de muita observação e aprendizado, realizado com muito trabalho, dedica-ção e alegria. Guardarei para sempre, com carinho, todos os momentos compartilhados com os membros queridos desta Paróquia.

Agradeço a Deus por tudo, aos professores do Seminário por todo ensino e à Paróquia Cristo pela recep-ção e cuidado dedicados à nossa fa-mília. Também somos gratos à nossa família e às pessoas que são grandes bênçãos em nossa vida, que nos ajudam muito na concretização desse grande sonho, de servir ao Senhor.

UM ANO DE MUITO APRENDIZADO NO ESTÁGIO

FOTOS ÁLBUM DE FAMÍLIA

Sou Jonata Riechel Weege, tenho 28 anos, casado com Andriele, e temos um filho chamado Joaquim. Estou realizando meu estágio na Con-gregação Cristo, Limeira, SP.

Quando saímos do Seminário para o estágio, como é natural, bateu aque-le friozinho na barriga, ainda mais para quem nunca havia saído do Rio Grande do Sul. Ansiedades, expecta-tivas e medos estavam presentes em nossas vidas.

Mas como é bom chegar em uma Congregação e ser bem recebido, acolhido e passar a sentir-se parte da mesma, sentir-se parte de uma gran-de família. Assim aconteceu conosco.

Este ano está sendo de grandes aprendizados, um ano de experiências e de prática daquilo que nos foi en-sinado no Seminário. Enfim, um ano para pegar um gostinho do ministério.

No estágio conseguimos ter uma noção do que teremos pela frente, de como é extremamente necessário preparo, estar bem fun-damentado nas doutrinas bíblicas e ter amor pelas pessoas, pelas quais Jesus deu a sua Vida.

Agradecemos pelo carinho que recebemos de todos e valorizamos cada vez mais a importância que as congregações têm no auxílio à nossa formação.

MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias 13

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14 MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias

BATISMOSMiguel Maurer, em 3 de setembro; Leonardo Pinto, em 13 de agos-

to; Janiel O. Ruppenthal, em 23 de julho; Otávio Lorenzo S. Santana, 9 de julho. Otávio foi a primeira criança a ser batizada na nova pia batismal, dedicada naquele dia. Todos os quatro batizados foram rea-lizados pelo pastor Rosemir Mauro Benati.

SAPIRANGA, RS

ATIVIDADES NA CONGREGAÇÃO CASTELO FORTE

PROFISSÕES DE FÉNo dia 23 de julho:

Enio de Alencar P. Junior, Daniel Junior da R. Rup-penthal, Giliane da Luz de Oliveira. No dia 13 de agosto: Ingrid S. Duarte.

DORMIDÃONo dia 14 de abril, foi realizado

o Dormidão, com os 12 pré-con-firmandos e 11 confirmandos. O Dormidão contou com atividades de recreação, realizadas pelo edu-cador físico Cléo, lanche especial, cinema no telão, com o filme O Menino Jesus, encerrando com café da manhã com os pais, na igreja.

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MENSAGEIRO | Outubro 2017 | Encarte IELB Notícias 15

INAUGURAÇÃONo dia 6 de novembro de 2016,

foi inaugurado o novo templo da Congregação Castelo Forte, após cin-co anos de fundação. Participaram do culto o Jagnow Brothers Trio e o Grupo Ferrabraz, e a senhora Gerta Jager homenageou os pastores Bena-ti e Rafael Ott com uma poesia.

As memórias da infância não se-rão suficientes, minha pequena Cacá, para que saibas quem era teu avô. Quando ele se foi, eras muito peque-na. Foi justamente no Dia dos Pais que Deus chamou para junto dele o melhor maestro, o melhor professor, o maior contador de histórias, o pai e marido mais fiel, o meu paizinho. Teu avô. Um exemplo de pai, de vida, de amor, de fé.

Ainda jovem, teu avô saiu de Rolante, no interior do Rio Grande do Sul, para estudar. Na época, pelo que sei, fazia-se o Seminário e, quase ao final do curso, o estudante optava por ser pastor ou professor. Ele deci-diu dedicar-se à instrução. Tornou-se professor sinodal.

Ele era conhecido como linha dura, cobrava muito que todos tives-sem um bom desempenho. Incluindo aí seus filhos. Mas quem o conhecia sabia que só fazia isso porque se preocupava, verdadeiramente, com todos. Dedicava-se firmemente ao ensino. Lia muito, fechava-se em seu escritório – lembro de vê-lo concen-trado sobre diversos livros preparan-do aulas.

Sabe aqueles corais que tu achas tão lindos? Ele era regente de coral, e essa era uma das coisas que ele mais gostava de fazer. Ele e tua vovó Wanda me levavam aos ensaios, ain-da muito pequenininha, e eu adorava vê-lo mexer os braços, dando o tom para as músicas. Ele passava horas estudando músicas, arranjos musi-cais, acordes e tons.

Teu avô, Cacá, era um cara sério. Mas adorava contar piadas e conver-sar. Um dos períodos do ano em que eu o via mais leve era o verão. Ele coordenava uma colônia de férias da nossa Igreja, o Balu, e estar lá sempre o deixava feliz. Podia conversar com amigos que não via o ano todo, re-lembrava a época de juventude com ex-colegas de Seminário, dava longas

caminhadas na beira do mar. Ah, e claro que ele sempre dava um jeito de reunir algumas pessoas e formar um coral para se apresentar ao final de cada veraneio!

Depois da temporada de verão no Balu, teu vovô voltava à rotina, que incluía, além do trabalho na escola,tocar nos cultos, dar instrução de confirmandos e aulas na escola dominical. Se durante a semana já trabalhava quase três turnos na escola, nos finais de semana seu foco era família e igreja. Se reclamava? Nunca.

Esse teu avô, Cacá, que nos deixou tantas saudades, também nos deixou exemplos de amor, de devoção, de fé. Ele está em ti, nos teus olhos azuis como o céu. A certeza do reencontro ameniza a dor da saudade. Mas acima dessa saudade, fica a gratidão por ter tido o pai que todos mereceriam ter! Por ele ter sido o avô que tu pôdes conhecer, mesmo que por tão pouco tempo.

Patrícia Linden | 45 anos, é jorna-lista, mora em Brasília com o esposo, o enteado e a filha Carolina. É filha de Wanda e Alípio Osmar Linden, pro-

fessor sinodal, que faleceu em agosto de 2014, aos 81 anos. Formado em 1954,

no Seminário Concórdia, em Porto Alegre, Alípio trabalhou em Novo Hamburgo, Porto Alegre e Canoas,

onde se aposentou. Deixou os filhos Gerson, Ane Isabel e Patrícia, nora,

genro e quatro netos.

VIDA E TESTEMUNHO

Quem foi teu avô?

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MARCEL SCHEIDT – no dia 24 de junho de 2017, instalado como pastor na CEL Cristo Redentor, Boa Vista, RR, pelo conselheiro do Distrito Amazôni-co, pastor Marcelo Weber Maurer. Era pastor em Caldas Novas, GO.

ELIEU RADINS – no dia 25 de junho de 2017, instalado como pastor na CEL Concórdia, Vilhena, RO, pelo conse-lheiro do Distrito Rio Machado, pastor Volmir Forster. Era pastor em Nova Venécia, ES.

ORDILEI LINHAUS – no dia 20 de agosto de 2017, instalado como pastor na CEL Emanuel, da PEL Monte Sinai, Nova Carapina, Serra, ES, pelo con-selheiro do Distrito Capixaba, pastor Danilo Valdomiro Fach. Era pastor em Ministro Andreazza, RO.

FILIPE LUXINGER TIMM – no dia 6 de agosto de 2017, instalado como pastor na CEL São João, Santa Rosa, RS, pelo conselheiro do Distrito Missionei-ro, pastor Bertram Gustavo Kauffmann. Era pastor em Curitiba, PR.

IDERVAL STRELHOW – no dia 6 de agosto de 2017, instalado como pastor na CEL Redentor, São Paulo, SP, pelo conselheiro do Distrito Paulista, pastor Sérgio Renato Flor. Era pastor em Porto Alegre, RS.

MARIO RAFAEL YUDI FUKUE – no dia 16 de agosto de 2017, instalado como capelão universitário da ULBRA no campus de Canoas, RS, pelo presi-dente da IELB, pastor Egon Kopereck. Era pastor em São Paulo, SP.

RONY RICARDO MARQUARDTPastor vice-presidente de Ensino

VIDA NA IELB

ORDENAÇÕES E INSTALAÇÕES CONTATOS DA IELB

PRESIDENTEEgon Kopereck | [email protected]

VICE-PRESIDENTE DE ENSINO Rony Marquardt | [email protected]

VICE-PRES. EXPANSÃO MISSIONÁRIA Geraldo Schüler | [email protected]

VICE-PRESIDENTE DE EDUCAÇÃO CRISTÃ Martinho Sonntag | [email protected]

VICE-PRESIDENTE DE AÇÃO SOCIAL Airton Schroeder | [email protected]

VICE-PRESIDENTE DE COMUNICAÇÃO Aline Albrecht | [email protected] VICE-PRESIDENTE DE ADMINISTRAÇÃO Renato Bauermann | [email protected]

TESOURARIA [email protected]

INSTITUTO HISTÓRICO [email protected]

ASSESSORA DE COMUNICAÇÃO [email protected]

CONTAS DA IELB

Banco do BrasilAg 0010-8Conta 4206-4

BradescoAg 0324-7Conta 108288-4

BanrisulAg 0100Conta 06.150713.0-0

ItaúAg 0159Conta 33581-9

SicrediAg 0116Conta 6115-8

CONTRIBUIÇÕES EM 2017

RENATO BAUERMANNVice-presidente de Administração

INDICADORES DA IELB Valores válidos para OUTUBRO/2017IEG= 1,6937 POUP= 3,9313 IFAPAI= 6,1696 IFPP= 6,3864Rentab. [Líquida] (mensal atual) FPP/FAPAI = 0,6410% [Bruta] (mensal atual) FPP/FAPAI = 0,7542%Poupança velha = 0,5000% Poupança nova = 0,5000%

Política de Subsistência Pastoral: Básico: R$ 3.244,60 (válido de abr/17 a dez/17). Anuênios (1° ao 20°) = R$ 116,81

Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov DezRealizado 2016 360.521,64 254.552,08 343.806,18 318.811,65 323.182,90 360.841,78 295.812,19 421.055,34 363.331,46 361.457,76 375.232,81 428.199,01Meta/17 417.235,12 280.759,42 375.346,80 409.799,75 349.972,42 395.157,98 428.497,73 406.505,18 401.038,98 400.381,43 440.280,40 535.024,78Realizado 2017 398.272,25 236.907,78 421.548,44 335.148,32 390.876,06 355.557,24 364.953,17 414.894,44

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