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1
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ
Programa de Pós-Graduação em Administração
Curso de Doutorado Acadêmico em Administração
RAFAEL PEREIRA OCAMPO MORÉ
Capacidades absortiva e de inovação de empresas na perspectiva da
estrutura de governança: um estudo em habitats de inovação de Santa
Catarina
BIGUAÇU
2016
2
RAFAEL PEREIRA OCAMPO MORÉ
Capacidades absortiva e de inovação de empresas na perspectiva da
estrutura de governança: um estudo em habitats de inovação de Santa
Catarina
Tese apresentada ao Curso de Doutorado em
Administração da Universidade do Vale do
Itajaí, como requisito à obtenção do título de
Doutor em Administração.
Orientador: Prof. Dr. Cláudio Reis Gonçalo
BIGUAÇU
2016
3
RAFAEL PEREIRA OCAMPO MORÉ
Esta tese foi julgada adequada para a obtenção do título de Doutor em Administração
aprovada pelo curso de Doutorado em Administração da Universidade do Vale do Itajaí.
Área de concentração: Estratégia e gestão das organizações
Biguaçu, 22 de fevereiro de 2016.
Profa. Dra. Rosilene Marcon
Coordenadora do Programa - PPGA
Banca examinadora:
Prof. Dr. Cláudio Reis Gonçalo
Universidade do Vale do Itajaí - PPGA
Orientador
Profa. Dra. Gabriela Gonçalves Silveira Fiates
Universidade Federal de Santa Catarina - CPGA
Prof. Dr. Ivan Lapuente Garrido
Universidade do Vale do Rio dos Sinos - PPGA
Profa. Dra. Rosilene Marcon
Universidade do Vale do Itajaí - PPGA
Prof. Dr. Carlos Ricardo Rossetto
Universidade do Vale do Itajaí – PPGA
Profa. Dr. Tatiana Ghedine
Universidade do Vale do Itajaí - PPGA
4
AGRADECIMENTOS
Primeiramente, agradeço a minha esposa Alexandra de Oliveira, por toda sua
paciência e sua ajuda nas várias etapas de desenvolvimento do doutorado. Aos meus pais,
Rafael e Regina, e minha irmã Patrícia por serem um referencial para o que eu sou e para
tudo o que eu faço.
Ao meu orientador, amigo e conselheiro Prof. Dr. Cláudio Reis Gonçalo, pelos
inúmeros aspectos relacionados ao desenvolvimento desta tese e, sobretudo, pela sua
postura positiva de que o desafio seria certamente superado.
Aos membros da banca, pelas contribuições apresentadas para uma melhor
construção e compreensão desta tese.
Aos professores do PPGA da UNIVALI, que sempre me ajudaram em tudo que
precisei, assim como todos os funcionários do programa pelo constante apoio em todos
os momentos.
Aos colegas da turma de doutorado de 2012, que me ajudaram a fazer com que o
curso se tornasse uma experiência única e construtiva para o meu desenvolvimento
pessoal e profissional.
Aos bolsistas e pesquisadores que nos quatro anos de doutorado se propuseram a
ajudar na construção da tese.
A UFSC e a CAPES, pela liberação e financiamento para os meus estudos. E por
fim, a todos os participantes das entrevistas que me concederam um tempo precioso e
foram particularmente atenciosos com a qualidade das respostas.
5
RESUMO
O objetivo desta pesquisa é compreender como a estrutura de governança de habitats de
inovação pode contribuir para o desenvolvimento da capacidade absortiva e da
capacidade de inovação de suas empresas. Foram investigados dois habitats de inovação
em Santa Catarina, o INOVAPARQ, localizado na cidade de Joinville, e o CELTA,
situado em Florianópolis. Para esta tese, são considerados habitats de inovação os
ambientes que impulsionam a produtividade e a inovação de empresas atuando como
agentes promotores da transferência de informações e de conhecimentos (STOPPER,
1995). Apoiou-se nas teorias de governança, capacidade absortiva e capacidade de
inovação para a construção do modelo teórico proposto (ZAHRA; GEORGE, 2002;
O’MAHONY; FERRARO, 2007; FOSFORI; TRIBÓ, 2008; LICHTENTHALER;
LICHTENTHALER, 2010; AFUAH; TUCCI, 2012; BIEDENBACH; MÜLLER, 2012).
A metodologia da pesquisa utiliza a abordagem qualitativa com análise de conteúdo em
profundidade de dois estudos de caso. Para conhecimento do campo teórico existente,
realizou-se inicialmente uma investigação exploratória no habitat de inovação Cidade
Politécnica da Inovação – CPI, que representa um ambiente de destaque internacional
localizado na Universidade Politécnica de Valência, Espanha. Após essa investigação,
foram criados os questionários aplicados nas entrevistas com os cinco gestores e 17
empresas investigadas nos dois estudos realizados em SC, INOVAPARQ e CELTA.
Adotou-se o software Nvivo para auxiliar na organização e análise dos dados coletados.
O processo de análise dos resultados foi realizado em quatro etapas conduzidas em cada
caso investigado: apresentação da estrutura de governança dos habitats; identificação das
ações endógenas e exógenas da governança; caracterização do processo de
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação das empresas residentes; e
construção de um modelo de análise de fatores críticos de sucesso para o desenvolvimento
das capacidades de empresas residentes sob a perspectiva da estrutura de governança do
habitat. Ao final das análises, foi proposto um modelo geral construído a partir dos casos
investigados e sustentado por ações e processos-chave que podem ser aplicados em
habitats de inovação no Brasil e no exterior, permitindo avançar na proposição teórica
assumida nesta tese. Por fim, os principais resultados alcançados nesta pesquisa indicam
que os fatores críticos de sucesso da governança de habitats: relacionamentos com
diferentes stakeholders, formação de redes nacionais e internacionais e acompanhamento
das empresas através de ferramentas de avaliação específicas, podem contribuir para a
capacidade absortiva de empresas residentes. Em sequência, corroborando com o modelo
teórico, os fatores críticos de sucesso da capacidade absortiva desenvolvida por empresas
residentes também pode contribuir no desenvolvimento da capacidade de inovação a
partir da: busca de investidores com a supervisão do habitat, formalização de novos
negócios a partir dos relacionamentos construídos e desenvolvimento de processos de
internacionalização impulsionados e orientados pelo próprio habitat. Sendo assim, a
sistematização das ações de governança, capacidade absortiva e capacidade de inovação
em um sistema compreendido por habitats de inovação contribuem para que empresas
residentes alcancem um desempenho diferencial a partir do desenvolvimento de suas
capacidades.
Palavras-chave: governança; capacidade absortiva; capacidade de inovação; habitats de
inovação.
6
ABSTRACT
This research aims at analyzing how the governance structure of innovation habitats
contributes to the development of the absorptive capacity and the innovation capacity of
their companies. In order to meet that goal, two innovation habitats of Santa Catarina
were investigated. i.e., the INOVAPARQ, located in the city of Joinville, and CELTA,
located in Florianopolis. In this study, innovation habitats environments are those ones
that can boost the productivity and innovation of companies by acting as information and
knowledge exchange agents (STOPPER, 1995). The construction of the proposed
theoretical model relies on the governance, absorptive capacity and innovation capacity
theories (ZAHRA; GEORGE, 2002; O’MAHONY; FERRARO, 2007; FOSFORI;
TRIBÓ, 2008; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010; AFUAH; TUCCI, 2012;
BIEDENBACH; MÜLLER, 2012). In this study, the methodology was qualitative by
approaching two case studies. To knowledge of the existing theoretical field, an
exploratory investigation was performed in the innovation habitat Innovation Polytechnic
City - CPI, which is located at the Polytechnic University of Valencia, Spain. After this
investigation, the questionnaires were created to be applied in the interviews with the five
managers and seventeen companies investigated in the two studies in SC, INOVAPARQ
and CELTA. The NVivo software was adopted to assist in the organization and analysis
of the collected data. The process of analysis of the results was conducted in four stages
for each case study: presentation of the governance structure; identification of governance
endogenous and exogenous actions; characterization of the development process of
absorptive capacity and innovation in resident enterprises; and construction of a model of
analysis of critical success factors for the development of resident enterprises capacity
from the perspective of the governance structure. At the end of the analysis, a general
model was proposed. It was built based on the investigated cases and supported by actions
and key-processes that can be applied to innovation habitats in Brazil and abroad,
allowing improving the theoretical proposition assumed in this thesis. Finally, the main
results obtained in this study indicate the critical success factors of governance:
relationships with different stakeholders, national and international networks creation,
and support for businesses through specific assessment tools that can contribute to the
absorptive capacity of firms. In sequence, confirming the theoretical model, the critical
success factors of absorptive capacity developed by enterprises can also contribute to the
development of their innovation capacity from the following actions: search for investors
under the habitat supervision, formalization of new businesses from the stablished
relationships, and development of internationalization processes driven and guided by the
habitat itself. Therefore, the systematization of governance actions, absorptive capacity
and innovation capacity in a system assumed as innovation habitats can help companies
to achieve a differential performance by the development of their capabilities.
Key-words: governance; absorptive capacity; innovation capacity; innovation habitats.
7
LISTA DE SIGLAS
ANPROTEC - Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores
ANPEI - Associação Nacional de Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das
Empresas Inovadoras
APL – Arranjos Produtivos Locais
APTE - Associação de Parques Científicos e Tecnológicos da Espanha
CCD - Centro de Convergência Digital
CEI - Centro de Empreendedorismo Inovador
CELTA - Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas
CERTI - Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras
CES - Centro de Energia Sustentável
CEV - Centro de Economia Verde
CME - Centro de Mecatrônica
CMI - Centro de Metrologia e Instrumentação
CPC - Centro de Produção Cooperada
CPI - Parque Científico Cidade Politécnica da Inovação
CRITs - Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras
FURJ - Fundação Educacional da Região de Joinville
IASP - International Association of Science Parks
IET - Incubadora Empresarial Tecnológica
IBT - Incubadora de Base Tecnológica
IDEAS - Instituto de Desenvolvimento Educacional e Assistência Social
INOVAPARQ - Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região
LABMETRO – Laboratório de Metrologia do Departamento de Engenharia Mecânica
da UFSC
MCTI - Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação
MIT - Massachusetts Institute of Technology
NEBT– Novas Empresas de Base Tecnológica
OECD – Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico
P&D - Pesquisa e Desenvolvimento
PTI - Produtos Intensivos em Tecnologia
PUC/RJ – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
RBV - Visão Baseada e Recursos
SDS - Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável
SIE/SC - Sistema de Inovação e Empreendedorismo de Santa Catarina
8
UDESC – Universidade do Estado de Santa Catarina
UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina
UNIVILLE – Universidade da Região de Joinville
VRIO - Valor, Raridade, Imitabilidade e Organização
9
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Quantidade de citações do construto governança INOVAPARQ ................ 129
Tabela 2: Quantidade de citações do construto governança CELTA ........................... 139
Tabela 3: Quantidade de citações do construto capacidade absortiva INOVAPARQ . 154
Tabela 4: Quantidade de citações do construto capacidade de inovação INOVAPARQ
...................................................................................................................................... 163
Tabela 5: Quantidade de citações do construto capacidade absortiva CELTA ............ 174
Tabela 6: Quantidade de citações do construto capacidade de inovação CELTA ....... 183
10
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: A tomada de decisão em situações complexas................................................ 27
Figura 2: Exemplos de habitats de inovação .................................................................. 36
Figura 3: Concepção do embasamento teórico ............................................................... 38
Figura 4: Framework teórico com o uso da estratégia.................................................... 39
Figura 5: A orientação para inovação de um cluster da indústria nacional .................... 52
Figura 6: Recursos que geram vantagem competitiva sustentável ................................. 58
Figura 7: Capacidade absortiva ...................................................................................... 65
Figura 8: Modelo da Capacidade Absortiva ................................................................... 66
Figura 9: Modelo de processo de capacidade absortiva ................................................. 67
Figura 10: Processo de transformação do conhecimento externo em recursos de inovação
........................................................................................................................................ 68
Figura 11: Processo de transformação do conhecimento resultando em desempenho
inovador .......................................................................................................................... 68
Figura 12: Taxonomia das inovações ............................................................................. 73
Figura 13: Modelo sobre efeitos dos esforços para inovação ......................................... 74
Figura 14: Relacionamento dos construtos teóricos ..................................................... 102
Figura 15: Fatores críticos de sucesso da estrutura de governança do INOVAPARQ. 108
Figura 16: Organograma Fundação CERTI ................................................................. 110
Figura 17: Metodologia utilizada para o desenvolvimento de soluções ....................... 114
Figura 18: Sistema para desenvolvimento de estratégias e tomada de decisão ............ 118
Figura 19: Fatores críticos de sucesso da estrutura de governança do CELTA ........... 120
Figura 20: Modelo proposto de governança da tese ..................................................... 121
Figura 21: Quantidade de palavras governança INOVAPARQ ................................... 122
Figura 22: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – inovação ........................ 124
Figura 23: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – processo ........................ 127
Figura 24: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – pesquisa ........................ 128
Figura 25: Quantidade de palavras governança CELTA .............................................. 135
Figura 26: Árvore de palavras governança CELTA – interação .................................. 136
Figura 27: Árvore de palavras governança CELTA – inovação .................................. 137
Figura 28: Árvore de palavras governança CELTA – Sinapse .................................... 138
Figura 29: Modelo teórico da Capacidade Absortiva ................................................... 145
Figura 30: Modelo teórico da Capacidade de Inovação ............................................... 146
Figura 31: Quantidade de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ .................... 147
Figura 32: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – mercado ......... 148
Figura 33: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – negócio........... 150
Figura 34: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – processo ......... 151
11
Figura 35: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – INOVAPARQ 152
Figura 36: Quantidade palavras por categoria da capacidade absortiva – INOVAPARQ
...................................................................................................................................... 154
Figura 37: Fatores críticos de sucesso de capacidade absortiva do INOVAPARQ ..... 156
Figura 38: Quantidade de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ ................ 158
Figura 39: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – negócio ...... 159
Figura 40: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – mercado ..... 161
Figura 41: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – INOVAPARQ
...................................................................................................................................... 162
Figura 42: Quantidade palavras por categoria da capacidade de inovação - INOVAPARQ
...................................................................................................................................... 163
Figura 43: Fatores críticos de sucesso da capacidade de inovação do INOVAPARQ . 166
Figura 44: Quantidade de palavras capacidade absortiva CELTA ............................... 169
Figura 45: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – incubadora ................ 170
Figura 46: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – produto ..................... 171
Figura 47: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – mercado .................... 172
Figura 48: Quantidade palavras por categoria da capacidade absortiva – CELTA ...... 175
Figura 49: Fatores críticos de sucesso de capacidade absortiva do CELTA ................ 176
Figura 50: Quantidade de palavras capacidade de inovação CELTA .......................... 178
Figura 51: Árvore de palavras – produto ...................................................................... 180
Figura 52: Árvore de palavras – mercado .................................................................... 181
Figura 53: Árvore de palavras – SEBRAETEC ........................................................... 182
Figura 54: Quantidade palavras por categoria da capacidade de inovação – CELTA . 184
Figura 55: Fatores críticos de sucesso da capacidade de inovação do CELTA ........... 186
Figura 56: Framework de fatores cíticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades
do INOVAPARQ .......................................................................................................... 190
Figura 57: Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades
do CELTA .................................................................................................................... 194
Figura 58: Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades
para habitats de inovação ............................................................................................. 199
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Habitats de inovação em Santa Catarina ....................................................... 37
Quadro 2: Interfaces do conhecimento ........................................................................... 56
Quadro 3: Características para recursos ......................................................................... 59
Quadro 4: Coleta dados Espanha .................................................................................... 89
Quadro 5: Lista dos entrevistados no INOVAPARQ ..................................................... 92
Quadro 6: Total de empresas INOVAPARQ e empresas investigadas .......................... 92
Quadro 7: Lista dos entrevistados no CELTA................................................................ 95
Quadro 8: Total de empresas no CELTA e empresas investigadas ................................ 96
Quadro 9: Construtos, categorias e indicadores de análise – framework teórico ........... 98
Quadro 10: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria estrutura
organizacional – INOVAPARQ ................................................................................... 131
Quadro 11: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria mecanismos de
crescimento – INOVAPARQ ....................................................................................... 132
Quadro 12: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria tecnologia,
inovação e networking – INOVAPARQ ...................................................................... 133
Quadro 13: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria sustentabilidade
– INOVAPARQ ............................................................................................................ 133
Quadro 14: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria oportunidades
de relacionamento internacional – INOVAPARQ ....................................................... 134
Quadro 15: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria estrutura
organizacional – CELTA .............................................................................................. 141
Quadro 16: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria mecanismos de
crescimento – CELTA .................................................................................................. 142
Quadro 17: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria tecnologia,
inovação e networking – CELTA ................................................................................. 143
Quadro 18: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria sustentabilidade
– CELTA ...................................................................................................................... 143
Quadro 19: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria oportunidades
de relacionamento internacional – CELTA .................................................................. 144
13
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15
1.1. Contextualização do tema e problema de pesquisa .................................... 18
1.2. Objetivos ......................................................................................................... 22
1.3. Justificativa do estudo ................................................................................... 23
1.3.1. Relevância .................................................................................................... 28
1.3.2. Ineditismo e originalidade ............................................................................ 30
1.3.3. Contribuições: teórica, aplicada e social ...................................................... 32
1.4. Posicionamento estratégico do trabalho e modelo teórico ............................. 33
1.5. Estrutura de apresentação ................................................................................ 39
2. REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................... 41
2.1. Estrutura de Governança ................................................................................. 41
2.1.1. Habitats de inovação: os campos empíricos existentes ................................ 44
2.1.2. Modelos de governança e stakeholders ........................................................ 47
2.1.3. A governança em habitats de inovação ........................................................ 50
2.2. Capacidade absortiva ........................................................................................ 55
2.2.1. Desenvolvimento da capacidade absortiva ................................................... 59
2.2.2. Modelos de capacidade absortiva ................................................................. 64
2.3. Capacidade de inovação .................................................................................... 70
2.3.1. Tipos de inovação ......................................................................................... 72
2.3.2. Criação de um contexto para a inovação ...................................................... 78
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 83
3.1. Abordagem de pesquisa qualitativa ................................................................. 83
3.2.1. Estudo exploratório de benchmarking de habitats de inovação: Parque
Científico Cidade Politécnica da Inovação ............................................................. 87
3.2.2. Caso 1 - Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região -
INOVAPARQ ......................................................................................................... 89
3.2.3. Caso 2 – Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas -
CELTA ................................................................................................................... 93
3.3. Proposições e categorias de análise .................................................................. 96
3.4. Método de coleta dos dados .............................................................................. 99
3.5. Procedimento de tratamento e de interpretação dos dados ......................... 100
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS ........................................................................... 103
4.1. Estrutura de governança dos habitats de inovação ...................................... 103
4.1.1. INOVAPARQ: caracterização do objeto de estudo ................................... 104
4.1.2. CELTA: caracterização do objeto de estudo .............................................. 109
14
4.2. Ações de governança endógenas e exógenas dos habitats de inovação........ 121
4.2.1. Ações endógenas e exógenas da governança do INOVAPARQ ................ 122
4.2.2. Ações endógenas e exógenas da governança do CELTA ........................... 135
4.3. Desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação dos habitats de
inovação ................................................................................................................... 145
4.3.1. Capacidade absortiva do INOVAPARQ .................................................... 146
4.3.2. Capacidade de Inovação do INOVAPARQ................................................ 158
4.3.3. Capacidade Absortiva CELTA ................................................................... 168
4.3.4. Capacidade de Inovação CELTA ............................................................... 178
4.4. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento de capacidades
absortiva e de inovação em empresas ................................................................... 188
4.4.1. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das
capacidades: modelo aplicado INOVAPARQ ...................................................... 189
4.4.2. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das
capacidades: modelo aplicado CELTA ................................................................ 193
5. FRAMEWORK DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA HABITATS DE
INOVAÇÃO ................................................................................................................ 198
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 202
6.1. Limitações da pesquisa .................................................................................... 208
6.2. Sugestões para estudos futuros ....................................................................... 209
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 211
APÊNDICES ............................................................................................................... 231
APÊNDICE A ......................................................................................................... 231
APÊNDICE B .......................................................................................................... 232
APÊNDICE C ......................................................................................................... 233
APÊNDICE D ......................................................................................................... 235
APÊNDICE E .......................................................................................................... 238
APÊNDICE F .......................................................................................................... 247
ANEXOS ..................................................................................................................... 249
ANEXO A ................................................................................................................ 249
ANEXO B ................................................................................................................ 250
ANEXO D ................................................................................................................ 252
ANEXO E ................................................................................................................ 253
ANEXO F ................................................................................................................ 255
ANEXO G ................................................................................................................ 257
15
1. INTRODUÇÃO
A formação de um modelo de governança direcionado ao uso estratégico de
recursos e à promoção de capacidades únicas, em ambientes compartilhados com
diferentes atores, representa o desejo de empresas e gestores que procuram elevar ao
máximo seu potencial competitivo e a sua lucratividade (BARNEY, 1986; 1991; 2001;
BARNEY; HESTERLY, 2012; DOSI; NELSON; WINTER, 2000).
Especificamente, ambientes de intensa troca de experiências podem proporcionar
ações de aquisição, transformação, assimilação e aplicação de conhecimentos geradores
de novos insights, que porventura venham a se tornar em inovações para o mercado
(ZAHRA; GEORGE, 2002). Em consequência, essas ações podem, a partir das
estratégias delineadas, minimizar o impacto de forças externas no ambiente e criar
capacidades únicas nas empresas, para atender a sociedade e o mercado com novos
serviços e produtos.
Para este estudo, consideram-se habitats de inovação como ambientes que têm
por objetivo impulsionar a produtividade e a inovação de empresas atuando como agentes
promotores da transferência de informações e de conhecimentos na promoção de novos
negócios e na geração de novas ideias (STOPPER, 1995). Para esta tese, se consideram
como exemplos de habitats os parques científicos e tecnológicos, incubadoras e distritos,
ou centros de inovação (SPOLIDORO, 1999; LAHORGUE, 2006).
Os habitats de inovação podem representar ambientes caracterizados pela intensa
troca de experiências e conhecimentos, resultado de espaços com concentrações de
empresas, fornecedores e diversos serviços compartilhados. Esse ambiente
organizacional diferenciado torna-se, em geral, especializado. Por exemplo, com
indústrias específicas, como o caso da tecnologia de informação, verifica-se que os
stakeholders podem desenvolver um trabalho de gestão compartilhada de informações e
conhecimentos buscando criar serviços e produtos diferenciados para atender o mercado
e a sociedade (STOPPER, 1995; MILLS; REYNOLDS; REAMER, 2008).
Cabe salientar que nesta tese, stakeholders podem ser exemplificados como
indivíduos ou empresas capazes de atuar estratégicamente por meio do diálogo ou da
negociação no intuito de atender objetivos comuns (FREEMAN, 1984; ACKERMANN;
EDEN, 2011). No caso dos habitats de inovação, podem ser representados por atores
públicos, empresas privadas, instituições de ensino ou entidades de classe.
16
Nos habitats de inovação, pode-se também averiguar redes de empresas inter-
relacionadas que procuram desenvolver estratégias para atuar e interagir na procura de
sustentabilidade e de competitividade de seus stakeholders. Isso pode ocorrer em razão
da influência de agentes externos no desenvolvimento de estratégias e na promoção das
capacidades, destacando-se, por exemplo, atores políticos (Municípios, Estado e
Federação), agências de fomento, bancos públicos e privados, órgãos reguladores ou
grandes empresas multinacionais (ZOUAIN, 2003).
A partir dos anos 70, muitos países estabeleceram seus habitats de inovação como
parte de sua estratégia para desenvolver novos motores de crescimento. Segundo
Felsenstein (1994), esses ambientes podem ser criados a partir de duas perspectivas: a
sementeira (ou de input tecnológico) e a catalisadora. A primeira busca fomentar o
desenvolvimento de novas empresas orientadas à inovação e facilitar a transferência do
know-how das universidades para as empresas, o que ocorre, por exemplo, nas
incubadoras. A segunda, por sua vez, pode retratar o papel de um catalisador do
desenvolvimento ou de revitalização da economia regional para a promoção de um
crescimento econômico sustentável e, nessa perspectiva, se encontram os parques
científicos e tecnológicos, e os centros de inovação (também conhecidos como distritos
de inovação).
Diante destes exemplos, observa-se que países em desenvolvimento, como é o
caso do Brasil, têm investido em seus habitats de inovação com o propósito de criar um
ambiente organizacional capaz de potencializar o nível de avanço tecnológico das
indústrias locais, promovendo pesquisas ou desenvolvimento industrial.
Há também de países que buscam a atração de investimentos estrangeiros,
especialmente nas atividades de alto valor agregado. Ou há aqueles que procuram acelerar
a transição de uma economia com foco intensivo em trabalho para um foco intensivo em
conhecimento (KOH; KOH; TSCHANG, 2005), agregando valor a seus produtos e
serviços e elevando ao máximo seu potencial de inovação e a criação de novas ideias.
Portanto, embora possam ser encontrados modelos distintos de governança para
diferentes habitats de inovação (CHIOCHETTA, 2010; GIUGLIANI, 2011; ARAÚJO;
FERRAZ, 2012; FIATES et al., 2014), observa-se que para todos eles pode ser relevante
compreender como a estruturação da governança pode ser atuante de modo a otimizar
ações de apoio às empresas e de transferência de tecnologia. Em outras palavras, verificar
como essas ações podem efetivamente contribuir no processo de inovação e de
desenvolvimento sustentável das empresas presentes nos habitats.
17
Nos habitats de inovação, em que os stakeholders podem promover a
sustentabilidade de seus negócios por meio da inovação, a estrutura de governança busca
ajudar na constituição de uma rede de instituições que seja capaz de atuar com sinergia e
de alcançar objetivos comuns (HUMPHREY; SCHMITZ, 2000; FITTIPALDI;
DONAIRE, 2009; LOPES; BALDI, 2009; MUELLER; SCHMIDT; KUERBIS, 2013).
Neste sentido, o estudo sobre redes de relacionamentos se relaciona ao
comportamento e ao interesse das instituições que compõe um grupo de parceiros, e de
modo conjunto, constróem políticas e normas para direcionar suas atividades
(WILLIAMSOM, 1981; DUBINI; ALDRICH, 1991; ANDERSSON; FORSGREN;
HOLM, 2002; LECHNER; DOWLING; WELPE, 2006; LEIDER; CASTRUCCI;
HEARNE; RUSSO, 2015).
Diante do exposto, pode-se afirmar que redes de relacionamentos formais ou
informais podem ser analisadas como resultado da formação de estruturas de governança
que valorizem a sua concepção e contribuam no planejamento de ações para um
determinado ambiente organizacional com diferentes atores.
Deste modo, para esta tese entende-se como sendo estrutura de governança a
formação de um ambiente planejado voltado para uma gestão estratégica de habitats de
inovação que possam potencializar o relacionamento entre diferentes atores e a
capacidade de inovar das empresas. Essa estrutura de governança, normalmente
conduzida por um conselho gestor, pode ser capaz de orientar diretrizes para o
desenvolvimento inovador das empresas. Esse desenvolvimento, a partir do
compartilhamento de recursos estratégicos, reflete ainda na criação da capacidade
absortiva e da capacidade de inovação concebidas.
Em outras palavras, a estrutura de governança busca promover relacionamentos
internos e externos construtivos a todos os atores de um habitat de inovação.
De acordo com Lopes e Baldi (2009), muitos estudos sobre governança em redes
estão voltados a aspectos estruturais e não processuais. Neste caso específico, será
analisada a estrutura de governança a partir dos benefícios que possam trazer as
organizações presentes em um determinado habitat de inovação. Por exemplo, o
benefício de aumentar o potencial de inovação das empresas com a promoção e o
desenvolvimento de capacidades.
18
1.1.Contextualização do tema e problema de pesquisa
Objetivos diferentes e, por vezes conflitantes, entre os stakeholders e os gestores
podem resultar em problemas de governança (PHAN; SIEGE; WRIGHT, 2005).
Exemplificando, no caso das incubadoras, regras relacionadas ao tempo máximo de
permanência das empresas incubadas e aos seus processos de desenvolvimento precisam
ser definidas, para que não existam dúvidas sobre o papel de cada ator dentro do sistema
formado.
Desta maneira, ações planejadas pela governança para a gestão estratégica dos
habitats podem contribuir no relacionamento e no desenvolvimento dos atores com foco
na inovação (PHAN; SIEGE; WRIGHT, 2005).
No tocante ao habitat de inovação, estudos sobre o desenvolvimento de
capacidades e da geração de inovação podem contribuir também no aspecto de
crescimento e de estruturação das empresas. No caso dessa tese, compreender o
desenvolvimento de capacidades para aumentar o potencial de uma empresa em gerir seus
próprios recursos, pessoas ou tecnologias, pode resultar em uma vantagem competitiva
sobre os seus concorrentes (DOSI; NELSON; WINTER, 2000).
Por conseguinte, as capacidades de uma empresa podem também contribuir para
um melhor posicionamento dela no mercado por meio da utilização correta de seus
recursos únicos, que possam impedir a replicação de produtos, serviços ou processos
pelos concorrentes (PENROSE, 1959; BARNEY, 1986; 1991; 2001; BARNEY;
HESTERLY, 2012).
Em outras palavras, as capacidades se relacionam com as ações de uma empresa
em utilizar de forma eficaz seus recursos e executar de modo eficiente suas atividades.
Desta forma, as capacidades são compreendidas como características que possibilitam o
desenvolvimento de novos negócios empresariais e geram diferenciação no mercado para
sua sustentabilidade financeira. Desenvolver e cultivar capacidades pode ajudar, por
exemplo, micros e pequenas empresas a ganharem vantagens competitivas em ambientes
complexos e turbulentos, a partir da atuação em áreas estratégicas do seu processo de
inovação (DOSI; NELSON; WINTER, 2000).
Em habitats de inovação, o desenvolvimento de capacidades estratégicas das
empresas pode fornecer vantagens competitivas sustentáveis na sua atuação, com
respostas rápidas e efetivas às constantes mudanças do ambiente, bem como à promoção
19
da inovação, a partir de oportunidades identificadas para novos negócios (COHEN;
LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002; CHAO et al., 2011; MONTORO-
SÁNCHEZ; MORA-VALENTÍN; ORTIZ-DE-URBINA-CRIADO, 2012).
Desta forma, conhecimentos específicos e funcionários qualificados podem neste
contexto auxiliar as empresas a desenvolver suas capacidades, fornecendo a elas
diferenciais competitivos para uma atuação efetiva frente às diversas mudanças no
ambiente de negócios.
Referente ao processo de desenvolvimento das capacidades, a capacidade
absortiva pode representar o potencial da empresa em adquirir, absorver, transformar e
aplicar conhecimentos efetivos do seu processo de inovação e de sua sustentabilidade
financeira (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002).
Apresentada de outra forma, no instante em que a empresa desenvolve capacidade
absortiva, seu potencial de gestão de recursos e de conhecimentos voltados a maximizar
seu processo de inovação pode aumentar e, consequentemente, desenvolver a produção
de produtos e serviços, assim como potencializar a lucratividade e sustentabilidade
financeira.
Em um contexto de habitats de inovação, em que empresas podem demandar um
alto nível de capacidade absortiva, espera-se que a estrutura de governança possa
contribuir no desenvolvimento dessa capacidade nas empresas, a partir de ações capazes
de aumentar o potencial de inovação e estimular um comportamento de orientação ao
mercado.
Pesquisas realizadas em habitats de inovação analisam a contribuição da
capacidade absortiva na estruturação da indústria e do conhecimento em rede,
demonstrando que a construção de ambientes colaborativos pode contribuir efetivamente
no desenvolvimento de capacidades voltadas ao compartilhamento do conhecimento
entre organizações (VEGA-JURADO; GUTIERREZ-GRACIA; FERNANDEZ-DE-
LUCIO, 2008; EXPOSITO-LANGA; MOLINA-MORALES; CAPO-VICEDO, 2011;
HERVAS-OLIVER, 2012).
Portanto, para esta tese considera-se a capacidade absortiva como uma ação
estratégica da empresa no uso de mecanismos de gestão organizacional que possibilite
identificar novos atributos estratégicos; criar mecanismos de captação de conhecimento
externo; criar métodos voltados à absorção, transformação e readequação do
conhecimento intra-organizacional; e aplicar novos conhecimentos com fins comerciais,
fazendo com que a sistematização de todas essas ações estimula inovação no ambiente e,
20
também, incentive o empreendedorismo nas empresas (ZAHRA; GEORGE, 2002;
MALHOTRA; GOSAIN; EL SAWY, 2005; LANE; KOKA, 2006; TODOROVA;
DURISIN, 2007).
Em pesquisas exploratórias, constatou-se que a capacidade absortiva pode
influenciar também no surgimento de novas oportunidades através da criação de novos
produtos, em particular, no contexto de habitats de inovação (BELLAVISTA; ADÁN,
2009; EXPOSITO-LANGA; MOLINA-MORALES; CAPO-VICEDO, 2011;
MONTORO-SÁNCHEZ; MORA-VALENTÍN; ORTIZ-DE-URBINA-CRIADO, 2012;
HUANG et al., 2012).
De acordo com Siegel, Westhead e Wright (2003), por exemplo, empresas
localizadas em parques científicos apresentam maior produtividade de pesquisa e
desenvolvimento quando comparadas às que não estão localizadas nesse tipo de ambiente,
e desse modo, podendo gerar mais inovações em produtos e serviços sustentadas por uma
base de estudos previamente realizados.
Logo, neste contexto de intensa procura por inovação, percebe-se a importância
de se compreender quais ações da governança podem contribuir efetivamente na atuação
dinâmica das empresas, sejam ações voltadas à estrutura física, ações de relacionamento
ou ainda ações direcionadas ao desenvolvimento de estratégias organizacionais para
inovação (LANE; LUBATKIN, 1998; TSAI, 2001; YLI-RENKO; AUTIO; SAPIENZA,
2001; ZAHRA; GEORGE, 2002; PEREIRA; CARDOSO; SOUZA, 2006; CHAO et al.,
2011).
Especificamente sobre estratégias organizacionais voltadas à inovação, destaca-
se que as organizações podem ter uma maior capacidade de inovar no momento em que
conseguem transformar novos conhecimentos em inovações, sejam inovações aplicadas
às atividades econômicas, sociais ou políticas (BECK, LENGNICK-HALL;
LENGNICK-HALL, 2008; DONNELLAN; LARSEN; LEVINE, 2007).
Neste aspecto, o objetivo poderia estar em instituir um contexto de inovação que
pode estar voltado, principalmente, ao ambiente de habitats de inovação contribuindo na
geração de ideias ou projetos a serem implantados e reconhecidos por empresas, clientes
ou pela própria sociedade (GARROD; CHADWICK, 1996; TUCKER, 2002).
Referente ao contexto de uma cultura de inovação sabe-se que ela muitas vezes é
alimentada por ações decorrentes da gestão do conhecimento, que para Junges, Gonçalo,
Garrido e Fiates (2015), a gestão do conhecimento poderia ser compreendida a partir de
duas perspectivas: relacionamento de negócios externos e de estrutura interna, em que o
21
desempenho organizacional é resultado de ambos, ou seja, tanto nas dimensões internas
como externas da organização. Ou seja, para esses autores, a geração de competência para
inovação organizacional influência positivamente tanto o desempenho como a gestão do
conhecimento.
Trazendo este exemplo para habitats de inovação, a governança pode promover
gestão do conhecimento a partir da formação de uma estrutura com atores institucionais,
os quais por exercerem suas atividades na busca de informações e conhecimentos tanto
internos como externos, são demandados a atuarem de modo efetivo para alcançar seus
objetivos estratégicos e gerar inovação nas empresas (PUTNAM, 1993; COOK,
URANGA; ETXEBARRIA, 1997; O’MAHONY; FERRARO, 2007; AFUAH; TUCCI,
2012).
Considerando que a governança pode ser capaz de contribuir no desenvolvimento
das empresas instaladas em habitats de inovação, considera-se importante ressaltar que,
num primeiro momento, a compreensão de uma estrutura de governança não passa por
um simples objeto que se possui controle, ou em um ambiente de clara delimitação, mas
numa estrutura complexa, dinâmica e que se faz presente no cotidiano das empresas
(ADEGBITE, 2015).
O relacionamento criado entre a governança do habitat e suas empresas pode
permitir a geração de ideias continuadas. Neste contexto, a gestão do conhecimento
contribui estratégicamente na promoção de inovação. Isso torna relevante identificar
quais são os direcionadores de governança que são indispensáveis às empresas presentes
em habitats e podem resultar na promoção de capacidades absortivas e de inovação única
(PHAN; SIEGEL, WRIGHT, 2005; KOH; KOH; TSCHANG, 2005; YANG;
MOTOHASHI; CHEN, 2009; ADEGBITE, 2015).
A partir desta pesquisa bibliográfica, esta tese considera três pressupostos teóricos
norteadores para a pesquisa teórico-empírica:
a) A estrutura de governança de um habitat de inovação pode contribuir para
o desenvolvimento de capacidades em empresas;
b) A capacidade absortiva de empresas em habitats de inovação pode
contribuir na sua capacidade de inovação em produtos, serviços ou processos; e
c) A capacidade absortiva e a capacidade de inovação de empresas podem ser
influênciadas pelas ações propostas pela estrutura de governança de habitats de inovação.
22
Por sua vez, a capacidade absortiva representa as ações de aquisição, absorção,
transformações e aplicação de conhecimento que possam resultar em inovação para as
empresas (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE, 2002).
E, por fim, a capacidade de inovação para esta tese pode representar ações
comportamentais desenvolvidas e gerenciadas pelas empresas que possam resultar na
criação de novos produtos, serviços ou ainda na melhoria dos processos (LAI; SHYU,
2005; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010; BIEDENBACH; MÜLLER,
2012).
Assim sendo, considera-se que a utilização estratégica do conhecimento em
habitats de inovação, além de estabelecer um diferencial competitivo para as empresas,
prescinde da construção de uma estrutura de governança. Estrutura essa que pode,
especificamente, promover relacionamentos internos e externos e permitir a constante
troca de informações para gerar inovação.
Nesse contexto teórico, surge a seguinte pergunta de pesquisa:
Como a estrutura de governança de um habitat de inovação pode contribuir
para o desenvolvimento da capacidade absortiva e da capacidade de inovação
de suas empresas?
1.2.Objetivos
O objetivo geral é compreender como a estrutura de governança de habitats de
inovação contribui para o desenvolvimento da capacidade absortiva e da capacidade de
inovação de suas empresas.
Os objetivos específicos são:
Mapear a estrutura de governança de habitats de inovação;
Identificar ações de governança endógenas e exógenas presentes em habitats de
inovação;
Verificar como se desenvolve a capacidade absortiva e a capacidade de inovação
em habitats de inovação na perspectiva de empresas residentes; e
23
Propor um framework de análise de fatores críticos de sucesso para o
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação a partir da estrutura de
governança.
1.3.Justificativa do estudo
A promoção da competitividade e do desenvolvimento econômico de um país vem
sendo pautada pela inovação. Cada vez mais se observam tentativas para disseminar a
cultura de inovação por meio da interação de diferentes atores e em diversos ambientes.
No Brasil, por exemplo, as diversas legislações, encontros, seminários,
orientações, assim como a própria política do Ministério da Ciência, Tecnologia e
Inovação do Governo Federal indicam a necessidade da criação e fortalecimento de
mecanismos os quais viabilizem a infraestrutura dos ambientes de inovação, de modo que
alcancem todas as regiões do Brasil (MCTI, 2015).
O desdobramento da política nos diversos estados brasileiros, por exemplo, em
São Paulo, Rio de Janeiro e Santa Catarina, indica a necessidade de criação e/ou
ampliação da infraestrutura para o incremento da inovação, sendo associada aos
chamados habitats de inovação. Autores como Smilor e Gill (1986); Bellavista e Sanz
(2009), Luz, Kovaleski, Andrade Junior, Penteado e Zammar (2014) contextualizam as
definições conceituais destes ambientes.
Segundo Luz et al. (2014), os habitats de inovação representam também espaços
de compartilhamento de informações e conhecimentos favoráveis à inovação. De acordo
com esses autores, esses espaços são, fundamentalmente, ambientes disseminadores e
amplificadores de informações entre os agentes de inovação. Por sua vez, Smilor e Gill
(1986) já indicavam desde a década de 80 que esses ambientes deviam ser planejados e
buscar apoio ao desenvolvimento de novas empresas para prover uma variedade de
serviços de suporte à geração de novos negócios.
Pode-se considerar o habitat de inovação ainda como ambiente onde há sinergia
entre a chamada tríplice hélice. Ou seja, a união e interação entre as instituições de ensino
e pesquisa, o meio empresarial e o poder público, aliados a um conjunto de fatores locais
tais como: infraestrutura urbana qualificada, meios de comunicação ágeis, ou população
24
com nível elevado de educação (ZEN, 2005), pode ajudar a formar um sistema de
inovação que contribua para o desenvolvimento da sociedade e do mercado.
Damião, Zouain e Plonski (2013) relatam ainda que os ambientes de inovação são
instrumentos e estruturas consideradas relevantes para as atividades inovadoras de base
tecnológica. Argumentam que esses espaços são ambientes diferenciados, que podem ser
organizados por instituições públicas ou privadas e se caracterizam por garantir condições
favoráveis para desenvolvimento de produtos e processos de base tecnológica.
Torna-se importante destacar, também, que ambientes de inovação podem
minimizar os diversos riscos associados às iniciativas inovadoras e maximizar os
resultados de novos processos criados, constituindo-se assim, em promotores dos
sistemas de inovação (ZOUAIN, 2003).
Burkhalter e Curtis (1989) salientam ainda que habitats de inovação sejam mais
do que uma simples infraestrutura física. Para esses autores, estes ambientes podem
representar também o planejamento de ações para apoiar novas e pequenas empresas,
provendo espaço físico com preços reduzidos e abaixo do mercado, serviços de escritório
centralizado, gerenciamento e suporte tecnológico compartilhado e financiamento em um
ambiente flexível.
O habitat de inovação procura unir talento, tecnologia, capital e conhecimento
para alavancar o potencial empreendedor, acelerar a comercialização de tecnologia e
encorajar o desenvolvimento de novas empresas (SMILOR; GILL, 1986). Segundo Luz
et al. (2014), essas interações constituem o suporte necessário ao desenvolvimento do
conhecimento e apoio para o aprendizado, criando sinergia no gerenciamento de recursos
e capacidades das entidades parceiras, e alimentando os mecanismos de
empreendedorismo para a inovação.
Cabe destacar que estes ambientes podem ser também propícios ao
desenvolvimento contínuo de inovações tecnológicas e promover outros tipos de
resultados, tais como: estratégias de relacionamentos; fomento à captação de recursos; e
apoio à gestão, uma vez que constituem espaços de aprendizagem coletiva com a troca de
conhecimentos, de práticas produtivas e de interações entre diferentes agentes
(DONALDSON; PRESTON, 1995; MITCHELL; AGLE; WOOD, 1997; FROOMAN,
1999; BELLAVISTA; SANZ, 2009).
Neste mesmo sentido, registra-se que para novos empreendedores os habitats de
inovação podem ser vistos como espaços de estímulos à inovação e facilitadores para
compreensão da organização como um sistema.
25
Deste modo, procurar novas formas de gestão e de incremento tecnológico pode
provocar arranjos institucionais associados à percepção da necessidade de aproximação
entre dois atores centrais desse meio: os desenvolvedores de P&D e o setor produtivo
(QUADROS, 2010). Ou seja, a interação ativa desses agentes pertencentes a arranjos,
neste caso os próprios habitats de inovação, possibilitaria às empresas uma vantagem
competitiva superior se comparadas com aquelas que atuam fora deste contexto.
Nesta conjuntura, considera-se importante compreender que a estratégia planejada
para o desenvolvimento das empresas não pode ficar restrita à sala do conselho, por
exemplo, de um habitat de inovação.
Em outras palavras, em razão da possibilidade de muitas ideias pensadas para o
desenvolvimento das empresas não serem efetivadas pela ausência de sinergia entre a
governança do habitat e suas empresas, salienta-se a importância da governança de
habitats de inovação adotar ações efetivas capazes de promover o desenvolvimento de
capacidades de empresas por meio de uma liderança efetiva e colaborativa entre os
stakeholders.
Na literatura, constata-se a problemática relativa ao papel do conselho de uma
organização no processo de governança das empresas, por exemplo, no acompanhamento
da gestão destes ambientes (FINEGOLD; BENSON; HECHT, 2007; BROW; CAYLOR,
2009; BEBCHUK; NEEMAN, 2009). Muitos dos problemas de governança (agência,
relacionamento de stakeholders, busca de parceiros e de financiamento) impactam
diretamente na estruturação do conselho em relação à sua participação no processo de
gestão, resultando, em algumas organizações, no status passivo de atuação da governança
e na simples busca do retorno financeiro.
Contudo, considera-se que o conselho dos habitats de inovação necessitaria se
preocupar com a seleção do gestor do habitat, remuneração dos gerentes, definição de
metas, decisões de parcerias publica-privadas, tolerância a riscos e outras funções que
antes poderiam não fazer parte de suas responsabilidades.
Considera-se nesta tese que a análise da governança de um habitat de inovação
seja relevante em função de compreender o papel de um determinado conselho no
desenvolvimento do sistema no estimulo à criação de capacidades empresariais.
Em outras palavras, o relacionamento entre os stakeholders de uma estrutura de
governança, a partir de atuação conjunta e deliberativa, pode planejar e aplicar ações que
vão ao encontro do desenvolvimento de um pacote de melhorias capazes de gerar
26
sustentabilidade das empresas, a criação de uma infraestrutura de apoio e a busca de
recursos financeiros para a execução de projetos específicos.
Salienta-se que a estrutura de governança pode representar também um ativo
valioso para o habitat de inovação, mesmo que em alguns casos possa ser pouco
explorada. Ou seja, uma estrutura formada por colaboradores capazes, experientes e
dedicados, todos dispostos a apresentar soluções efetivas ao desenvolvimento do sistema,
poderia promover e proteger o interesse das empresas do habitat e garantir que cada
empresa pudesse atuar de modo efetiva na oferta de produtos e serviços inovadores aos
seus clientes e investidores (GARGIONE; PLONSKI; LOURENÇÃO, 2005;
CHIOCHETTA, 2010; GIUGLIANI, 2011).
Numa visão aplicada, analisa-se que um dos principais direcionadores da
governança seria facilitar o processo de desenvolvimento do habitat de inovação. E, para
isso, observa-se como alternativa a promoção de avanços estratégicos a partir de outras
experiências já consagradas ou de tendências mundiais. Sendo assim, pode-se citar como
um dos desafios da governança a crescente sobrecarga de informações, na medida em que
o aumento acelerado de informações diversas pode gerar dificuldades na gestão do
conhecimento e resultar em decisões de baixa contribuição.
No caso específico de habitats de inovação, esta situação poderia provocar o
fracasso de toda uma estrutura organizacional e perda de confiança por parte dos atores
existentes.
Para compreender o problema do acúmulo de informações na tomada de decisão,
pode-se utilizar o exemplo de uma curva em U, apresentada de forma invertida Ω:
primeiro, à medida que os dados são cada vez mais disponíveis, a precisão das decisões
melhora, mas, a partir de um ponto de inflexão de informação crescente, o volume de
dados pode reduzir a capacidade da empresa em processar informações e conhecimentos
e, portanto, sua capacidade de tomar decisões (EDMUNDS; MORRIS, 2000; EPPLER,
MENGIS, 2003). A Figura 1 ilustra como poderia ocorrer esse processo, em que o
acúmulo de informações em um determinado ponto pode diminuir a capacidade da
empresa de tomar decisões.
27
Figura 1: A tomada de decisão em situações complexas
Fonte: elaborado pelo autor
Na Figura 1, a linha vermelha representa o acúmulo de informações e a linha azul
a capacidade de uma empresa em tomar decisões. A partir dessa figura, pode-se perceber
que o acúmulo de informações permite um processo efetivo de tomada de decisões até
um ponto situado entre cinco e seis. No entanto, passando desse estágio, o acúmulo de
informações pode vir a prejudicar a tomada de decisões, uma vez que a empresa poderia
não ter mais capacidade de processar de modo efetivo suas informações e, assim,
prejudicar suas decisões.
Na busca de ações conjunta entre conselheiros e administradores de habitats,
algumas estratégias de compartilhamento de informações e conhecimentos precisam ser
estruturadas para se viabilizar os objetivos delineados e ajudar nas decisões.
Na prática, ao se utilizar a sala do conselho como um espaço para se tomar
decisões em conjunto, considera-se que algumas ações precisam ser analisadas
estratégicamente, a destacar: o desenvolvimento de capacidades para a estratégia
organizacional; a alocação de recursos; escolha e sucessão de conselheiros e remuneração
da gestão; a estruturação de um plano de desenvolvimento e de treinamento das empresas;
e o desenvolvimento de mecanismos e de ferramentas para análise de riscos.
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Tempo 1 Tempo 2 Tempo 3 Tempo 4
Quan
tid
ade
Tempo
Tomada de Decisões X Informações
Capacidade de tomar decisões Acumulo de Informações
28
Ademais, no desenvolvimento da liderança, a governança pode contribuir no
processo de gestão de informações internas e externas necessárias para a tomada de
decisões estratégicas.
1.3.1. Relevância
As diversas legislações, encontros, seminários, orientações, assim como a própria
política do Ministério da Ciência e Tecnologia e do Governo Federal brasileiro indicam
a necessidade da criação e fortalecimento de mecanismos que viabilizem a infraestrutura
dos ambientes de inovação e empreendedorismo nos estados brasileiros. Além disso, a
ampliação da infraestrutura com uso multi-institucional e a interiorização de ações que
potencializem o incremento da inovação também são estratégias recomendadas pela
Conferência Nacional realizada pelo Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação em
2010 (MCTI, 2010).
O Livro Azul (2010), resultado da 4ª Conferência Nacional de Ciência e
Tecnologia e Inovação para o Desenvolvimento Sustentável, considera que esforços
podem ser desenvolvidos para estimular os municípios na criação de condições locais
favoráveis à inovação – os chamados ambientes de inovação. No Brasil, por exemplo,
evidenciam-se estratégias que tentam potencializar o sucesso das organizações e,
consequentemente, incentivar empreendimentos baseados no conhecimento.
Em Santa Catarina, a parceria entre governo do estado, universidades e a iniciativa
privada vêm promovendo ações voltadas a potencializar a inovação e empreendedorismo
nas mais diferentes cidades. Para tanto, estão sendo construídos 13 Centros de Inovação
nos municípios de Blumenau, Brusque, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Itajaí, Jaraguá
do Sul, Joaçaba, Joinville, Lages, Rio do Sul, São Bento do Sul e Tubarão (INOVASC,
2015).
Atualmente, a Secretaria de Estado do Desenvolvimento Econômico Sustentável
(SDS) pretende viabilizar a articulação e a orientação estratégica das atividades dos
diversos organismos públicos e privados por meio do Programa SC@2022. Tal programa
tem por objetivo tornar Santa Catarina referência nacional e internacional no uso da
inovação para o desenvolvimento sustentável, baseando-se principalmente, na condução
29
do eixo expansão da infraestrutura para a inovação com a implantação desses 13 centros
(INOVASC, 2015).
A estrutura física desses centros está sendo descentralizada nas diferentes cidades
do estado, e diante disso, fazem-se necessárias estratégias para desenvolver diálogos
estreitos entre os atores do ecossistema de inovação de Santa Catarina - governo,
instituições de ensino superior e iniciativa privada -, com vistas à mudança de cultura
para a inovação e a demonstração dos benefícios dos Centros de Inovação para o
desenvolvimento regional (INOVASC, 2015).
Sendo assim, para o desenvolvimento dos Centros de Inovação, tornam-se
relevantes a realização de pesquisas e estudos que analisem e apresentem ações de
governança que possam impactar diretamente na inovação das empresas por meio do
desenvolvimento de capacidades estratégicas. Capacidades tais como as evidenciadas
nesta tese: a capacidade absortiva (COHEN; LEVINTHAL, 1990; ZAHRA; GEORGE,
2002) e a capacidade de inovação (LANE; LUBATKINN, 1998; NIETO; QUEVEDO,
2005; TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008). Estas capacidades podem ser influênciadas e
potencializadas pela governança e toda a estrutura existente em um determinado ambiente
(KNIGHT, 2002; ADEGBITE, 2015).
Conclui-se, portanto, que esta tese pode contribuir no estudo das capacidades
absortiva e de inovação a partir de uma estrutura de governança planejada com ações e
estratégias voltadas à inovação, presentes em um ambiente compartilhado por diferentes
atores que, através de seus relacionamentos, possam gerar resultados relevantes.
Neste contexto, e considerando especificamente os estudos voltados à governança
de habitats de inovação e seus reflexos no desenvolvimento das capacidades de empresas,
percebe-se uma carência de estudos tanto em nível nacional como internacional.
Sobretudo porque a maioria desses estudos está direcionada à análise única da estrutura
de governança, sem fazer links e conexões com o processo de inovação e o
desenvolvimento de capacidades. Considera-se que esta é outra evidência que demonstra
a relevância desta tese para o aprofundamento teórico em temas relacionados ao campo
empírico proposto.
30
1.3.2. Ineditismo e originalidade
Nos estudos realizados em habitats de inovação constata-se a elaboração e difusão
de regras que as empresas necessitam se adequar para obterem legitimidade e apoio
institucional. Nesse sentido, a efetividade das capacidades absortiva e de inovação nesses
ambientes será desenvolvida quanto maior for a compreensão dos fatores de governança
que possam interferir na gestão das empresas.
Considera-se que pesquisas realizadas em habitats de inovação que relacionem a
estrutura de governança como promotora das capacidades absortiva e de inovação são
relevantes, considerando, principalmente, o contexto brasileiro. Levantamento em bases
de dados de artigos relacionados a esse contexto constata-se estudos voltados: ao
financiamento de parques tecnológicos (GARGIONE; DO NACIMENTO, 2014); ao
desenvolvimento da tríplice hélice (PEDROZA-ZAPATA; PUFFAL, 2014); as
competências organizacionais de parques tecnológicos (TELECHEA et al., 2012); as
virtudes e deficiências em parques tecnológicos brasileiros (ARAÚJO; TEIXEIRA;
LUCIANO, 2008); as redes em parques tecnológicos (GARGIONE, 2011); a
transferência de tecnologias entre parques tecnológicos e universidades (FIGLIOLI;
PORTO, 2006); a estudos de teorias interpretativistas no estudo crítico de parques
tecnológicos (VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006); e a cooperação
universidade-empresa em parques tecnológicos (NOVELI; SEGATTO-MENDES,
2006).
Considerando ainda, pesquisas de artigos aprovados no congresso da
ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos
Inovadores), sobre estudos realizados em habitats de inovação, constatam-se pesquisas
sobre: a gestão, os desafios e os fatores de sucesso de empresas incubadas (SOUZA et
al., 2014; RODRIGUES; MIRANDA; SANTOS, 2014; MACHADO; BAPTISTA;
SANTOS, 2014); o financiamento de parques tecnológicos (GARGIONE; DO
NASCIMENTO, 2014; PASTRE; VEDOVATTO, 2014); e framework de implantação
de parques tecnológicos (DE OLIVEIRA; SANTOS, 2014).
O aporte conceitual sobre os fatores impactantes do desenvolvimento de
capacidades que relacionem a governança sob a perspectiva da sua estrutura em um
habitat de inovação se apresenta como uma lacuna teórica a ser preenchida, considerando,
31
especificamente, a sua influência sobre as capacidades absortiva e de inovação nas
empresas.
No relacionamento entre capacidades e governança, podem-se constatar ações
gerenciais, estratégicas ou operacionais, a serem desenvolvidas por um habitat de
inovação que resultem no desenvolvimento sustentável das empresas através da efetiva
troca de conhecimentos e na criação de produtos ou serviços aceitos pelo mercado.
Sendo assim, a compreensão do relacionamento entre a administração de um
habitat de inovação e o desenvolvimento empresarial perfaz o estudo da estrutura de
governança a ser analisada como “ideal” nos princípios da boa governança (PHAN;
SIEGEL; WRIGHT, 2005). Esses princípios, segundo os autores, precisam abordar
questões de regime de sociedade, de equilíbrio da representação das partes interessadas,
dos processos, dos objetivos estratégicos e do processo de definição de incentivo para os
gestores, podendo estar formalizados ou incorporados nas rotinas de gestão das
organizações e contribuir no gerenciamento dos conflitos.
Em outras palavras, na medida em que os princípios de governança não estejam
formalizados, o conflito existente pode levar à ineficiência nas decisões de alocação de
recursos por parte dos administradores em habitats de inovação.
Neste caso, os gestores de habitats podem desempenhar um papel de coach no
auxílio às empresas para identificação de oportunidades de mercado, fornecendo
orientações sobre proteção à propriedade intelectual, ferramentas de desenvolvimento de
negócios e de identificação de empreendedores substitutos ou investidores de riscos
(FRANKLIN et al, 2001).
No processo de inovação de empresas em habitats de inovação, espera-se que
essas tenham o conjunto mínimo de capacidades para executar suas principais atividades,
em que a inovação esteja voltada ao processo e não a eventos isolados, abrangendo a
implantação das mudanças necessárias para o aperfeiçoamento de produtos/serviços,
melhoria de processos, e de sistemas organizacionais e gerenciais. (VEUGELERS, 1997;
VEUGELERS; CASSIMAN, 1999; SCHREYOEGG; KLIESCH-EBERL, 2007;
MIRANDA; FIGUEIREDO, 2010).
32
1.3.3. Contribuições: teórica, aplicada e social
A pesquisa busca contribuir teoricamente para a compreensão de como o
desenvolvimento de uma estrutura de governança em habitats de inovação pode
potencializar a criação das capacidades absortiva e de inovação de empresas. Pretende-
se, assim, identificar o desenvolvimento de ações da governança para a formação de um
ambiente voltado à troca de conhecimentos e à inovação inter e intraempresas.
Considerando a perspectiva sistêmica de um habitat de inovação, é importante
destacar que a estruturação e o desenvolvimento de ações voltadas ao crescimento,
desenvolvimento de capacidades tecnológicas ou integração empresarial global podem
representar mecanismos a serem investigados na pesquisa, por impactarem diretamente
no sucesso ou no fracasso desse ambiente, e consequentemente, das empresas.
Em outras palavras, a concepção da estrutura de governança de um habitat de
inovação visa atender às necessidades e aos objetivos estratégicos das empresas. Espera-
se que o resultado da integração habitat-empresa seja a convergência de ações de
governança voltadas à criação de produtos e serviços inovadores e com potencial de
comercialização.
Logo, a promoção e articulação de atores presentes em habitats de inovação
representam uma contribuição aplicada da tese, identificando elementos facilitadores para
que o diálogo dos gestores dos habitats com as empresas possa ser potencializado.
Considera-se como necessário haver um processo de comunicação contínuo e um
interesse da aprendizagem por ambos os lados, gestores dos habitats e empresas, de modo
que ambos possam se apropriar dos conhecimentos desenvolvidos e propor ações que
venham se enquadrar na realidade atual.
Percebe-se um aumento de pesquisas de relevância nacional e internacional com
enfoque em habitats de inovação, sua gestão e elementos de empreendedorismo. Diante
desse cenário de estímulo à pesquisa, reconhece-se como importante a formação de redes
de pesquisas entre a academia, gestores públicos e empresários, de modo a debater sobre
iniciativas e melhorias que possam ser necessárias para elevar o grau de inovação das
empresas e a geração de produtos e serviços que possam atender com efetividade o
interesse da sociedade.
Teoricamente, é relevante também analisar as ações de empreendedorismo e
inovação no tocante a habitats de inovação considerando a articulação dos atores
33
inseridos nesse ecossistema de inovação, buscando compreender a relação universidade-
Governo-empresa.
Neste caminho, relata-se como importante que todos os stakeholders envolvidos
possam contribuir na prospecção de potenciais empreendedores que possam gerar novos
negócios em habitats de inovação, por exemplo: spin-off, spin-out, startup, micro e
pequenas empresas. Resultando assim, em ações voltadas à qualificação de alunos,
professores e gestores e um pensar para o desenvolvimento regional que possa subsidiar
ações a serem realizadas dentro de ambientes de inovação do estado de Santa Catarina.
Por fim, referente ao desenvolvimento regional, esta tese busca contribuir a partir
de estudos de melhores práticas em ambientes de inovação de referência no estado de
Santa Catarina. Os casos investigados do INOVAPARQ, em Joinville, e do CELTA, em
Florianópolis, representam pesquisas aplicadas de uma realidade regional que, a partir de
sua investigação, análise e compreensão, venham contribuir com outros habitats de
inovação, a destacar os 13 Centros de Inovação em implantação no estado de Santa
Catarina.
1.4. Posicionamento estratégico do trabalho e modelo teórico
Para esta tese, a compreensão da governança sob a perspectiva de sua estrutura
em habitats de inovação pode representar uma visão estratégica do ambiente para a
promoção da capacidade absortiva e da capacidade de inovação em empresas. Nesse
aspecto, torna-se importante destacar o direcionamento estratégico de um determinado
habitat de inovação, considerando a promoção e a estruturação da governança como um
mecanismo indutor da capacidade absortiva e da capacidade de inovação.
Para compreender a estratégia de um habitat de inovação é necessário também
considerar o interesse e a visão dos seus stakeholders, por exemplo: universidades,
empresários, agentes financeiros, governo e agências de desenvolvimento
(VEDOVELLO; JUDICE; MACULAN, 2006; FIATES; SIMON; BITELLI; MARTINS,
2014).
Analisar os diferentes objetivos dos stakeholders de incubadoras, e os
direcionadores (ou os mecanismos) de governança presentes em ambientes
compartilhados de empresas (PHAN; SIEGEL; WRIGHT, 2005), representa o desafio de
34
apresentar a estratégia a ser formada nesse contexto complexo e de importância ao
processo de inovação.
Sendo assim, o conceito de estratégia para esta pesquisa significa o uso da
capacidade de estabelecer relacionamentos em habitats de inovação, em que os
diferentes stakeholders possam dispor de ações, modelos e ferramentas que facilitem
o compartilhamento de conhecimentos proporcionado pelo próprio ambiente
(ARGANDOÑA, 1998; FROOMAN, 1999; ACKERMANN; EDEN, 2011;
MAINARDES; ALVES; RAPOSO, 2011; ETZKOWITZ, 2012).
Neste contexto, destaca-se também que estratégia de uma organização se expressa
a partir do resultado de um processo inserido em um determinado ambiente
(PETTIGREW, 2003), e compreende os elementos de análise quanto a conteúdo,
processo e contexto, que podem estar relacionados entre si e contribuir efetivamente na
formulação estratégica da organização, e consequentemente, no processo de tomada de
decisão.
De modo objetivo, contexto pode estar relacionado aos motivos que levam a
mudança e forças externas e internas que podem interferir na formulação estratégica de
uma organização (PETTIGREW, 2003; 2012). No caso específico de habitats de
inovação, pode se referir ao ambiente de atuação, uma vez que a região que se insere, o
perfil das empresas instaladas ou, ainda, o relacionamento com outras instituições
públicas e privadas, como instituições de ensino, associações, fundações ou outros
stakeholders podem interferir na formulação estratégica da estrutura de governança do
habitat.
Por sua vez, o conteúdo está voltado aos elementos que estão sendo alterados e
quais conhecimentos estão sendo adquiridos e aplicados para a formulação estratégica
(PETTIGREW, 2003; 2012; SAUERBRONN; FARIA, 2011). Nesse aspecto, a
formulação estratégica no ambiente do habitat, diz respeito às ações que podem estar
sendo executadas no intuito de promover a inovação nos produtos ou serviços das
empresas. Em outras palavras, diz respeito às tecnologias que são disponibilizadas,
serviços compartilhados, ou apoio na captação de recursos financeiros, como exemplo de
ações necessárias e específicas para que ocorra, efetivamente, a inovação.
Por fim, o processo diz respeito ao "como" da mudança (maneira em que ela
ocorre) e está relacionado ao caráter dinâmico e temporal da mudança estratégica
(PETTIGREW, 2003; 2012; SAUERBRONN; FARIA, 2011). Neste caso, pode estar
relacionada ao formato de governança proposta ao habitat. Dito de outra forma, como
35
esse modelo de governança foi planejado e executado para possibilitar dinamicidade nas
ações do parque e possibilitar que as empresas, nele instaladas, possam executar suas
estratégias individuais sob o pressuposto de estarem inseridas num ambiente de
conhecimento compartilhado, voltado a atender os seus interesses individuais e coletivos.
No desenvolvimento organizacional, Pettigrew (2003) expõe também que a
formulação e a implantação de estratégias não são ações lineares, e por essa razão, o
impacto das estratégias nos resultados futuros das empresas pode ser ajustado
considerando fatores externos intervenientes, a exemplo do poder e da política.
Portanto, para esta tese a estratégia de relacionamento é considerada como o
elemento-chave para a inovação, podendo estar sustentada no planejamento e na
aplicação de ações combinadas a partir de um determinado contexto, conteúdo e processo,
sob uma perspectiva de modelos organizacionais inovadores que consideram as inter-
relações nos níveis micro e macro organizacional. Assim como as variações do
posicionamento estratégico em virtude de fatores complexos e diversos sejam no âmbito
interno como externo, em que o resultado de todas essas conexões possa se tornar a
geração de inovação para a competitividade organizacional (VASCONCELLOS;
HEMSLEY, 2000; PETTIGREW; MASSINI, 2003; TUSHMAN; O’REILLY, 2004;
HARGADON; SUTTON, 2005; JIMENEZ-JIMENEZ; SANZ-VALLE, 2008;
PAROLIN; ALBUQUERQUE, 2009).
Apresentado o conceito de estratégia para esta tese, considera-se importante,
também, retratar o modelo de pesquisa que exemplifica a conexão teórica com o campo
empírico estudado e, para isto, é apresentada a Figura 2, que busca ilustrar e facilitar a
compreensão do contexto em que a proposta de investigação será desenvolvida.
36
Figura 2: Exemplos de habitats de inovação
Fonte: elaborado pelo autor
A Figura 2 sintetiza habitats de inovação que podem ser encontrados nas mais
diferentes regiões de Santa Catarina, Brasil e exterior. Todos esses espaços possuem
como princípio norteador o incentivo à inovação para empresas, empreendedores e
gestores públicos e privados.
Sendo assim, analisando a Figura 2, o quadrado pontilhado representa uma divisão
da intensidade de conhecimento e do grau de complexidade dos modelos organizacionais
presentes em cada quadrado, ou seja, o tamanho do quadrado faz menção à complexidade
da estrutura e a influência dela com o seu entorno. Destaca-se que, dentro de um mesmo
quadrado, não há uma hierarquia de modelo de estrutura, uma vez que cada uma possui
suas particularidades e especificidades que precisam ser analisadas quando de sua
implementação.
Por exemplo, consideram-se os coworking (ambientes compartilhados de
empresas e pessoas para realizar uma atividade laboral) ou makerspace (que representam
um ambiente compartilhado de pessoas para criar ideias, produtos), esses representam
estruturas de menor porte e com pouca influência com seu sistema de atuação. Por outro
lado, as cidades inteligentes ou cidades intensivas em conhecimento representam os
habitats mais desenvolvidos e estruturados dentro do modelo apresentado, podendo-se
destacar nesse caso o Vale do Silício, no estado da Califórnia, Estados Unidos da
América.
37
Como exemplo de habitats de inovação, o Quadro 1 retrata alguns ambientes que
podem ser encontrados em Santa Catarina.
Habitats de inovação Gestores Localização
Incubadora CELTA CERTI Parque Tecnológico Alfa
Incubadora – Instituto Gene FURB Instalações da FURB
Incubadora MIDI
Tecnológico - Florianópolis
SEBRAE-ACATE Centro de Inovação ACATE
Incubadora Softville UNIVILLE, UDESC,
SOCIESC
Instalação própria em
Joinville
Incubadora Crie UNISUL Instalações da UNISUL
Incubadora MIDI
Tecnológico - Lages
UNIPLAC Instalações da UNIPLAC
Incubadora Inaitec UNISUL - Palhoça Instalações Da Unisul
Incubadora Uniinova UNIVALI-Itajaí Instalações da UNIVAI
SmartMob Espaço de Coworking Centro de Florianópolis
Jimmy Working Espaço de Coworking Barreiros, São José
UP Space Coworking Espaço de Coworking Bairro José Mendes,
Florianópolis
Grupo Coworking Espaço de Coworking Centro de Itajaí
Quest Coworking Espaço de Coworking Centro de Joinville
Sapiens Parque Parque Tecnológico Canasvieiras, Florianópolis
Parque de Inovação
Tecnológica da Região de
Joinville – INOVAPARQ
Parque Tecnológico Joinville
IPARQUE Parque Científico e
Tecnológico
Criciúma
Quadro 1: Habitats de inovação em Santa Catarina
Fonte: Kantiz (2013) e FIESCNET (2015)
Todos os locais apresentados no Quadro 1 representam estruturas já em operação
em Santa Catarina e que a partir de suas ações buscam fomentar inovação e
empreendedorismo a empresas e pessoas.
Considerando que a Figura 2 representa o campo empírico da tese, a Figura 3
(logo abaixo) retrata a concepção dos fundamentos teóricos que se pretende conduzir o
processo de investigação. Em outras palavras, procura-se compreender como a
38
governança de um habitat de inovação pode influenciar no desenvolvimento da
capacidade absortiva das empresas e, por sua vez, influenciar na sua capacidade de inovar.
Figura 3: Concepção do embasamento teórico
Fonte: elaborada pelo autor.
A Figura 4, por sua vez, representa um olhar estratégico da estrutura de
governança como alternativa para fomentar e estimular relacionamentos internos e
externos que possam promover como resultado o desenvolvimento de capacidades
absortivas e de inovação. Nesta tese pode, também, retratar a atuação estratégica de um
determinado habitat de inovação no tocante a ações específicas de contexto, conteúdo e
processo até que venham promover o desenvolvimento e a sustentabilidade de suas
empresas.
39
Figura 4: Framework teórico com o uso da estratégia
Fonte: elaborado pelo autor
Ainda na Figura 4, a estrutura de governança é analisada na perspectiva de uma
estratégia de relacionamento formada pelos atores presentes e que podem influenciar na
capacidade absortiva, e por sua vez na capacidade de inovação das empresas em habitats
de inovação.
Considerando que a troca de informações e conhecimentos não pode ser
compreendida como um elemento estático, considera-se também que as empresas podem
exercer influência na governança dos habitats, proporcionando um ambiente de
aprendizado e de troca constante entre todos os atores, de modo que os objetivos de todos
envolvidos possam ser alcançados.
1.5. Estrutura de apresentação
A estrutura de apresentação desta tese divide-se em seis etapas: capítulo 1 –
introdução; capítulo 2 – fundamentação teórica; capítulo três – metodologia; capítulo 4 –
análise dos resultados; capítulo 5 – modelo geral proposto; e capítulo 6 – considerações
finais.
40
O capítulo 1 apresenta a proposta de investigação, objetivos e o modelo teórico
proposto para a tese. O capítulo 2 desenvolve a revisão teórica sobre governança,
capacidade absortiva e capacidade de inovação, caracterizando os elementos-chaves de
cada teoria e trazendo modelos já aplicados por outros autores, tanto clássicos como
autores contemporâneos.
O capítulo 3 detalha a metodologia aplicada na construção da tese, apresentando
todo o passo-a-passo desde a definição dos construtos, categorias e indicadores de análise,
a construção dos instrumentos utilizados nas entrevistas, a validação do modelo teórico e
instrumentos em um contexto internacional, o processo de coleta e de análise dos dados.
O capítulo 4, por sua vez, apresenta as principais análises aferidas do processo de coleta
dos dados, retratando os principais aspectos das entrevistas e conectando a realidade
empírica com o modelo teórico proposto. No capítulo 5, buscou-se apresentar um modelo
geral proposto a partir dos casos estudados, a fim de sugerir uma metodologia que possa
ser aplicada em outros habitats de inovação de modo a contribuir para um desempenho
diferenciado das empresas existentes.
Por fim, no capítulo 6, apresentam-se as considerações finais em relação às
principais contribuições do estudo, limitações da pesquisa e propostas para estudos
futuros.
41
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Nesta seção serão apresentados os conceitos e exemplos relacionados às teorias
da inovação, capacidade e governança. Teorias essas que servem de alicerce para a
compreensão dos três construtos utilizados para o desenvolvimento da tese: estrutura de
governança, capacidade absortiva e capacidade de inovação.
2.1. Estrutura de Governança
O estudo da governança e suas possíveis aplicações gerenciais vêm sendo
acompanhado e aprimorado nas últimas décadas, principalmente em países
desenvolvidos, a destacar os Estados Unidos e a Inglaterra. Tem como objetivo definir
regras e estabelecer padrões de relacionamento dentro das empresas, com foco nos
interesses de acionistas controladores, acionistas minoritários e administradores,
tornando-se o sistema pelo qual as organizações são dirigidas e monitoradas (KNIGHT,
2002).
De modo objetivo, a governança pode estar relacionada a mecanismos criados
para o controle dos recursos das empresas, tomando por base o gerenciamento dos
interesses dos principais stakeholders que influenciam as empresas mediante seus
interesses proporcionais aos recursos aplicados e retornos desejados (GROENEWEGEN,
2004). Em outras palavras, a governança busca perpetuar e incrementar valor ao
empreendimento formado, bem como definir regras e princípios que visam regular os
diversos interesses inseridos nas leis, regras e regulamentos internos e externos que
afetam a organização.
A governança pode ser compreendida também como um conceito plural e
integrador, que difere do conceito de gestão. Traduz-se pela articulação de atores,
empresários, terceiro setor, governos de diversos níveis e demais segmentos da sociedade,
capazes de se fazer representar em projetos e planos que apontam para uma cidade
utópica, com qualidade de vida e ampla sustentabilidade ou liderança compartilhada
(KAUFMANN; KRAAY; MASTRUZZI, 2006).
42
Ainda na literatura, muitas vezes o conceito de governança é de difícil
compreensão, especialmente na sua aplicação. Considerando, por exemplo, que para uma
mesma organização pode haver casos em que as instituições intervenientes aplicam a
governança a partir de seus interesses particulares, direitos e deveres, podendo prejudicar
a formatação de uma estrutura organizacional concisa e que possa atender o interesse de
todos (KNIGHT, 2002).
Knight (2002) apresenta também uma definição importante a respeito da
governança: está relacionada à tomada de decisão coletiva em que o governo, em muitos
casos, pode representar uma das partes interessadas. Neste sentido, esta definição resgata
o fato de que podem existir inúmeros stakeholders partícipes da formação de uma
estrutura de governança e, nesse caso, a eficácia da organização vai depender da atuação
conjunta e colaborativa desses atores. Sendo assim, existe a necessidade de definir
responsabilidades e obrigações a serem cumpridas por cada um desses representantes.
Veiga (2006) destaca que o processo de governança é resultado de um diálogo
constante e eficaz entre o poder público e a sociedade civil para criar espaços
institucionais de descentralização de políticas, interferindo na prática na formação de
gestores que irão atuar a frente das organizações. Entretanto, esse diálogo às vezes não
ocorre de forma eficiente. O relatório da OECD (2005) destaca que antigas formas de
governança nos setores públicos e privados, nos últimos anos, estão se tornando cada vez
mais ineficazes e de pouca resolubilidade.
De modo prático, pode-se retratar que estruturas de governança precisam ser
criadas para sanar com maior agilidade problemas atuais e futuros que possam surgir. E,
sendo assim, poder integrar e alocar cada ator dentro de um modelo de governança de
modo eficiente e eficaz. Com um sistema eficaz funcionando, problemas como, por
exemplo, um processo decisório lento em razão de burocracia e de estruturas
organizacionais incompletas, pode ser solucionado a partir de uma leitura mais dinâmica
e em consonância com o mercado e, consequentemente, torna a empresa mais competitiva
e com os resultados organizacionais mais satisfatórios.
Esta estrutura pode ser planejada sob três perspectivas: influência dos atores;
agilidade na tomada de decisão; e prestação de contas (BOBBIO, 1987). Ou seja, ao se
identificar os atores que irão compor a governança de uma determinada estrutura
organizacional, esses precisam ter poder para influenciar ações a serem implementadas,
possuir bom relacionamento e dinamismo voltados para um processo ágil de decisão. E,
43
por fim, serem capazes de prestar contas dos recursos aplicados em ações voltadas ao
desenvolvimento organizacional.
Aplicando as três perspectivas propostas por Bobbio (1987), na análise de habitats
de inovação elas podem ser ainda mais necessárias, pois são através da estrutura de
governança que irá ser apresentado os direcionadores para a inovação das empresas.
Sendo assim, o perfil do comitê gestor precisa possuir os qualificadores necessários para
assegurar o bom encaminhamento e desenvolvimento do sistema governante.
No processo de composição da governança, podem-se verificar ainda problemas
de agência (SAITO; SILVEIRA, 2008) relacionados a conflitos entre os acionistas e
administradores. Conflitos decorrentes de choques socioculturais e de modelos de
organização compostos por regras, normas e rotinas específicas. Para minorar este embate
é preciso estabelecer e apresentar diretrizes bem definidas e que sejam de conhecimento
de todos os stakeholders (SCOTT, 1987; SCOTT, 2004; ADEGBITE, 2015).
Considerando ainda o possível conflito entre os stakeholders, a dificuldade em
gerenciá-los pode estar nas discussões sobre a manutenção institucional, ou seja, na
reprodução, por vezes consciente, das instituições e como elas trazem uma visão mais
refinada da agência nas discussões dos stakeholders dentro das organizações (SMETS;
JARZABKOWSKI, 2013).
Portanto, a estrutura de governança pode ser criada como reflexo de regras
institucionais racionalizadas e interesses internos que precisam ser incorporados e
gerenciados em prol do desenvolvimento organizacional e da competitividade
empresarial. Práticas de governança podem ser peculiaridades entre setores, países e
regiões, surgindo muitas vezes, de fatores institucionais que exercem grande influência
na formação complexa de um determinado sistema.
Nesta perspectiva, elementos institucionais podem interferir no comportamento
organizacional, representando uma variável independente do relacionamento empresa-
Estado (CRUBELLATE, 2007). Ainda, segundo o autor, a perspectiva institucional pode
interferir nas estruturas organizacionais e nas forças institucionais, em que esses dois
elementos atuam de modo circular. Ou seja, as estruturas e as ações das organizações são
orientadas e/ou influenciadas por forças ambientais, mas quando a organização as
reconhece ela prepara-se para respondê-las com agilidade e proativamente, gerando um
conforto ambiental a organização.
No caso de habitats de inovação, muitos dos estudos que abordam sistemas de
inovação consideram que as instituições muitas vezes se modificam lentamente, e em
44
razão disso, a geração da inovação poderá ser afetada considerando a dependência que há
entre as organizações e as instituições (WERLE, 2011; PIPAN; GOMISCEK; MAYER,
2012). Em outras palavras, instituições lentas e com processos decisórios morosos
implicam em empresas menos inovadores e com menor grau de competitividade.
Ainda neste contexto, para o desenvolvimento organizacional, torna-se necessário
haver um equilíbrio de forças e de poder da indústria com suas empresas, de modo que a
relação de setores institucionais com a organização venha mudar mediante um processo
de inovação organizacional, ou seja, com o surgimento de novas políticas e ações
governamentais voltadas ao desenvolvimento de setores específicos e estratégicos da
economia (PECI, 2005; GUARIDO FILHO; MACHADO-DA-SILVA; GONÇALVES,
2009).
A seguir, são apresentadas inicialmente as principais características e
peculiaridades referentes a habitats de inovação.
2.1.1. Habitats de inovação: os campos empíricos existentes
A literatura internacional apresenta habitats de inovação de diversas formas e
maneiras, mas de modo geral, podem representar um instrumento de promoção a diversos
objetivos econômicos e políticos (BOLTON, 1997). Cumprindo funções de suporte à
integração entre agentes sociais similares (pequenas e grandes empresas) ou distintos
(universidade e indústria), os habitats possuem o papel de ser um mecanismo de
desenvolvimento regional/local à uma maior competitividade e desempenho
organizacional, gerando crescimento e retornos financeiros.
Habitats de inovação são estruturas de desenvolvimento econômico e tecnológico
que visam fomentar economias baseadas no conhecimento por meio da integração da
pesquisa científica-tecnológica, negócios/empresas e organizações governamentais em
um local físico, e do suporte às inter-relações entre estes grupos. Eles são formalmente
ligados (e usualmente fisicamente próximos) a centros de excelência tecnológica,
universidades e/ou centros de pesquisa. (UNESCO, 2015; IASP, 2015).
O sucesso das primeiras experiências norte-americanas contribuiu decisivamente
para a evolução e construção do conceito de habitats de inovação, bem como para o
desenvolvimento de experiências de emulação na Europa, com destaque para a
45
implantação dos parques pioneiros franceses (Sophia-Antipolis) e britânicos
(Cambridge), no início dos anos 1970 (SCHMITZ; HUMPHREY, 2000).
Zouain e Plonski (2006) apresentam também classificações considerando
elementos históricos e geográficos para habitats de inovação, mais precisamente para
parques, e nesse sentido, retratam quatro modelos gerais:
Modelo Californiano: correspondem a estruturas criadas por universidades e
podem estar ligadas a setores tecnológicos de ponta, emergentes e de
altíssimo valor agregado. Aproveitam a capacidade de atração da região, bem
como o valor comercial das pesquisas desenvolvidas pelas universidades, na
criação de empresas. Concentram-se na criação de novas empresas
(tecnológicas), por meio de departamentos e laboratórios das universidades,
bem como das empresas instaladas no parque.
Modelo Britânico: representam parques criados por universidades e
instalados em seus campi, caracterizados por mínima presença de atividades
industriais manufatureiras, centrando-se em atividades de pesquisa de
desenvolvimento, laboratórios de empresas, entre outras. As incubadoras são
elementos importantes nesse modelo.
Modelo Norte-Europeu (Escandinavo): Modelo desenvolvido em regiões de
elevado potencial econômico ou de grande crescimento, com uma cultura
empresarial e de livre concorrência bem consolidadas. Possui um grande
número de casos de êxito, visto que possui as melhores características de
outros modelos existentes. Como características principais estão: áreas de
pequena a média extensão; projetos promovidos com participação de
universidades, organizações públicas e de iniciativa privada; oferta reduzida
de áreas enfatizando-se o oferecimento de edifícios; e equipes de gestão
especializadas, muito envolvidas nos aspectos de fomento à transferência de
tecnologia e à inserção comercial no mercado internacional de produtos e
serviços de seus usuários.
Modelo Mediterrâneo: os parques são geralmente promovidos por entidades
públicas (municipalidades e organizações governamentais regionais); são
instrumentos de desenvolvimento regional; e estão relacionados à ocupação
de grandes áreas de extensão.
46
Para Chiochetta (2010), nos habitats de inovação apresentados acima, as
características destes são praticamente as mesmas, destacando-se para eles as iniciativas
promovidas por ou vinculadas a universidades, ligados a setores tecnológicos de ponta, e
aproveitam a capacidade de atração da região, bem como o valor comercial das pesquisas
desenvolvidas pelas universidades.
A International Association of Science Parks – (IASP, 2015), com sede na
Espanha, defende ainda que a existência de um habitat de inovação, em determinada
região ou cidade, estimula e gera o fluxo de conhecimento e de tecnologia entre
universidades, instituições de pesquisa, empresas e mercados, promovendo a criação e o
crescimento de empresas inovadoras mediante mecanismos de incubação e de ‘spin-off’,
e proporcionam outros serviços de valor agregado, assim como espaço físico e instalações
de alta qualidade.
Por sua vez, a Association of University Related Research Parks – (AURP, 2015)
aborda o habitat de inovação como ambiente de desenvolvimento tecnológico da região,
por meio de três grandes linhas de ação: o estímulo da transferência de tecnologia e a
interação entre universidades e empresas; o estímulo a novas empresas e instituições
tecnológicas; e a atração de atividades e projetos de pesquisas de grandes empresas.
Em síntese, habitats de inovação possibilitam a geração de conexões entre
diferentes atores, as quais podem estimular a transformação de economias isoladas em
uma rede interligada, trazendo benefícios para todos. Ressalta-se, ainda, que a formação
de redes e parcerias consiste em um fator chave para o sucesso das organizações inseridas
no contexto atual de elevada competitividade entre empresas (ZEN, 2005;
CHIOCHETTA, 2010).
Bolton (1997) também classifica os habitats de inovação como estáticos ou
dinâmicos, em que os estáticos seriam similares a um espaço industrial, com prédios e
instalações bem estruturadas e projetadas. Os dinâmicos, por sua vez, são projetados
dentro de um conceito de crescimento do empreendimento, permitindo a criação de uma
massa crítica de indústrias baseadas no conhecimento que se instalam no aglomerado.
Nesse último, busca-se criar uma ligação com os centros locais de ensino superior e de
pesquisa, de forma a dinamizar as ações de transferência de conhecimento e tecnologia.
Destca-se ainda que em habitats de inovação podem fazer parte como
stakeholders as universidades e institutos de pesquisa; incubadoras de empresas;
empresas de base tecnológica; empresas ou indústrias intensivas em conhecimento; setor
47
público, em todas as esferas (Federal, Municipal e Estadual) entre outras entidades de
apoio ao empreendedorismo e inovação (ZOUAIN, 2003).
No Brasil, o movimento de habitats de inovação pode ser considerado tardio
(CHIOCHETTA, 2010). Algumas experiências pioneiras foram lançadas somente
décadas de 1980-90. Essas experiências, na maior parte, sofreram alguns impactos, entre
eles, a descontinuidade de ações; falta de uma política específica para apoiar essas
iniciativas; e principalmente a resistência de parte dos ambientes acadêmico-
universitários, resultando na falta de formalização das estruturas que estavam sendo
planejadas, culminando em que algumas acabaram se tornando apenas incubadoras de
empresas (ZOUAIN; PLONSKI, 2006; CHIOCHETTA, 2010).
Ao se considerar a formação de uma estrutura de governança que seja utilizada
em um habitat de inovação, se faz necessário estabelecer conhecimentos específicos
sobre o referido tema, em que a construção de uma estrutura de governança para inserção
competitiva passa pelo estabelecimento da estrutura, dos elementos e das ações de
governança (CHIOCHETTA, 2010).
Ou seja, a estrutura de governança diz respeito à identificação dos atores,
privados, público-privados e públicos que atuam sobre o arranjo produtivo local de forma
a tornar possível a inserção competitiva. Sendo deles a responsabilidade de
desenvolvimento de ações que podem gerar essa inserção (SPOLIDORO; AUDY, 2008;
GEIGER, 2010; CHIOCHETTA, 2010).
O termo governança pode significar a condução de uma situação, uma nação, uma
empresa ou uma família, sendo que novas exigências dos atores (Stakeholders) geram
uma maior conscientização da necessidade de acompanhar o processo decisório dentro da
empresa e têm obrigado muitas organizações a repensarem seus modelos de gestão. Com
isso, muitas formas de governança surgiram: governança corporativa, governança
política, governança de redes de negócios (KWASNICKA, 2006).
A seguir são apresentados modelos e características-chaves dos principais
stakeholders envolvidos no tema da governança.
2.1.2. Modelos de governança e stakeholders
48
Modelos de governança podem estar voltados ao processo decisório e em
consequência, a formação de capacidades organizacionais. Neste aspecto, Graham et al.
(2003) identificam quatro estilos de governança que podem ser encontrados em contextos
organizacionais:
1. Governança em espaço global ou governança global trata de assuntos fora do
alcance dos governos individuais;
2. Governança em espaço nacional, que pode representar prerrogativa exclusiva do
governo. Pode ser também encontrada em vários níveis: nacional, provincial,
indígenas, urbanas ou locais. Governança neste modelo é preocupada em como
outros atores, a exemplo da sociedade civil, podem desempenhar um papel ativo
na tomada de decisões sobre assuntos de interesse público e com diferentes níveis
de governo;
3. Governança organizacional que compreende as atividades das organizações que
são geralmente responsáveis perante um conselho de administração. Alguns serão
de propriedade privada e operada, como empresas ou corporações, enquanto
outros podem ser de propriedade pública, por exemplo, hospitais, escolas ou
empresas do governo, e
4. Comunidade de governança, que inclui atividade em nível local, em que a
entidade organizadora não pode assumir uma forma jurídica e não possui um
conselho formal de governança constituído.
Estes quatro modelos de governança podem facilmente ser encontrados em setores
econômicos de diferentes países. Considerando os habitats de inovação, possivelmente o
formato mais encontrado, é a governança organizacional, cogitando um modelo em que
há uma estrutura de governança formal que irá formar um conselho de administração para
tomar as decisões mais oportunas aos stakeholders existentes.
Guerreiro et al. (2009) afirmam que a estrutura de governança pode possuir três
formas específicas: hierárquica, rede e participativa. A hierárquica é exercida por um
único ator, com real ou potencial capacidade de coordenar as relações econômicas e
tecnológicas no âmbito local. A rede é caracterizada pela existência de aglomerações de
empresas sem que um ator isolado exerça o papel de coordenação das atividades
econômicas e tecnológicas. E, a participativa envolve diversos atores institucionais (poder
público, empresariado, associações, universidades) possibilitando a integração de
49
interesses, antes difusos em oportunidades de tomadas de decisões estratégicas e
inovadoras.
No caso de habitats de inovação, esses três formatos podem ser encontrados.
Entretanto, o modelo participativo demonstra ser o mais oportuno considerando a atuação
conjunta da tríplice hélice (empresas, Governo e universidades), atuando como agentes
da promoção da inovação em relação a produtos e serviços de interesse da sociedade e do
mercado.
Neste modelo conhecido como tríplice hélice, identificado com facilidade no caso
de habitats de inovação, pode-se destacar, por exemplo, que existe uma incessante busca
das empresas em aumentar sua produtividade, desenvolver novas tecnologias e de
melhorar a qualidade dos serviços e produtos ofertados.
O modelo de Tríplice Hélice, apresentado por Etzkowitz e Leydesdorff (1997;
2000) e, mais recentemente, rediscutido por Etzkowitz (2009), propõe um modelo de
interação coparticipativa entre Governo, Empresa e Universidade. O modelo apresenta
evoluções sobre o chamado Triângulo de Sábato, proposto por Sábato e Bontana (1968)
e parte do pressuposto de que, mesmo que relações bilaterais existam entre esses atores,
não são suficientes para promover, de forma sistemática, inovações.
Na tríplice hélice verifica-se a dinâmica da inovação a partir de redes de
comunicação entre arranjos institucionais a partir das expectativas que vão surgindo, sem
privilégio a qualquer uma das partes (TONELLI; ZAMBALDE, 2007; ETZKOWITZ,
2009).
Para Etzkowitz e Leydersdorff (2000), nesse modelo é proposto não apenas a
interação dos atores, mas sua transformação interna pela interação da universidade,
transformando-se de somente uma instituição de ensino para uma instituição de ensino
com pesquisa (básica e aplicada), envolvendo prestação de serviços; da atuação do
governo que não necessita mais ocorrer com setores específicos, mas pode beneficiar-se
da ação de alianças em nível nacional, regional ou internacional, replicando modelos
utilizados por empresas globais; e da empresa modificando sua percepção de lucro para
uma noção mais ampla de valor e sustentabilidade.
Outro destaque está na formação de um entorno tendencioso a prática de inovação
para as empresas, considerando a formação de um modelo de governança voltado ao
interesse de todos os stakeholders. Ou seja, a estrutura de governança pode desenvolver
capacidades que contribuam e assegurem o processo de inovação das empresas.
50
De acordo com Putnam (1993), ambientes regionalizados formados
especificamente para apoiar a inovação organizacional necessitam ser construídos numa
perspectiva proativa. Sendo assim, torna-se crucial gerar uma identidade territorial com
competências voltadas a um novo capital social que possua um potencial de criação de
capacidades voltadas a práticas de networking e de espírito de confiança.
A seguir são apresentadas especificidades decorrentes de modelos de governança
identificados em habitats de inovação.
2.1.3. A governança em habitats de inovação
Os habitats de inovação são organizações intermediárias que fornecem o ambiente
social, os recursos tecnológicos e organizacionais, e que tem expertise gerencial para a
transformação de uma ideia de negócio baseada em tecnologia em uma organização
economicamente eficiente.
Em ambientes compartilhados entre empresas, universidade e o Estado, a exemplo
do que ocorre em habitats de inovação, destaca-se a importância em se criar um contexto
onde os estímulos a recompensas sejam compartilhados e beneficiados por todos. E,
então, criar ações de governança que contribuam na harmonia do sistema (DASGUPTA;
DAVID, 1994). Para a sociedade, a busca de conhecimento por esses atores é estratégica
no sentido de assegurar a geração de inovações e resultados que possam ser aplicados de
modo rápido e constante.
No relacionamento diário entre empresas, governo e academia, de acordo com
Dasgupta e David (1994), é preciso planejar normas e diretrizes capazes de direcionar a
construção de propostas para decisões efetivas voltadas à formulação de políticas de
ciência e tecnologia. Políticas essas, por sua vez, que podem auxiliar no desenvolvimento
da triplice hélice, desde seu aspecto jurídico aos incentivos fiscais que viabilizem essa
parceria.
Markman et al. (2005) destacam a importância da identificação de interesses e
incentivos para o gerenciamento do processo de transferência da tecnologia tanto pelos
administradores de habitats de inovação como pelos empreendedores que trabalham
nesses ambientes. Em teoria, a relação entre os gestores responsáveis pela transferência
de tecnologia de um habitat, a administração da universidade e os empreendedores pode
51
ser otimizada quando houver a solução de problemas de agência, nesse caso, de
relacionamento.
Os habitats de inovação podem ser concebidos também em contextos ambientais
e institucionais diferentes. Torna-se evidente que há semelhanças e diferenças entre
habitats localizados na mesma região geográfica e aqueles localizados em regiões
diferentes (CLARYSSE et al., 2005; SIEGEL; WRIGHT; LOCKETT, 2005). Contudo,
pode-se trabalhar numa perspectiva relacional dos diferentes tipos de habitats com
contextos e objetivos distintos. Ou seja, nem todos os habitats focam, exclusivamente,
em promover empresas de tecnologia intensiva e, sendo assim, a estrutura de governança
de cada habitat precisa respeitar as características únicas de sua região de atuação e
desenvolver direcionadores voltados as especificidades das suas empresas integradas.
Destaca-se ainda que o contexto seja importante também para explicar quais as
diretrizes serão criadas para um determinado habitat. Por conseguinte, torna-se
importante destacar que os ambientes estão em constante mutação, influenciando
mudanças em políticas de governo ou nos objetivos de empresas com capital de risco
(SIEGEL; WRIGHT; LOCKETT, 2005). Deste modo, considerando as capacidades a
serem desenvolvidas por cada habitat de inovação, essas precisam ser planejadas ao longo
do tempo e passar constantemente por um processo de aprendizagem. Ou seja, o processo
de co-evolução dos habitats e compreensão desses em relação ao contexto que operam
(PHAN; SIEGEL; WRIGHT, 2005).
Outro aspecto fundamental está relacionado à maneira com que os habitats
podem inibir o processo de inovação de suas empresas. Em um contexto de instituições
fortes, uma governança fraca e as relações de poder associadas a estruturas econômicas
existentes podem afetar o processo de inovação das empresas, dificultando para as
empresas do habitat o desenvolvimento de novos produtos e serviços (BATHELT;
GLUCKLER, 2014).
Cabe ressaltar que o desenvolvimento de habitats de inovação pode apresentar
variações considerando o potencial de crescimento para diferentes regiões contidas, por
exemplo, em um mesmo país. Ou seja, políticas de governo, regras legais, condições do
mercado de capitais, fatores de custos e muitos outros fatores específicos podem variar e
interferir, nesse caso, no processo de desenvolvimento de habitats em cada região
(PORTER, 1990).
Por sua vez, o relacionamento internacional promovido por um país no tocante
a zonas de livre comércio ao redor do mundo pode permitir a criação de espaços em
52
benefício de um movimento livre de capitais, permitindo a circulação efetiva de recursos
humanos entre regiões geográficas (YEUNG, 1999; CLEMENT et al., 1999). Esta
característica pode, também, afetar positivamente no desenvolvimento de habitats de
inovação, considerando um comércio mais liberal na movimentação de recursos das
empresas e de oportunidades alternativas na competitividade entre mercados
diferenciados (ARITA; MCCANN, 2002; LOFSTEN; LINDELOF, 2002).
O processo de agrupamento e troca entre as indústrias nesse contexto específico
de habitats de inovação pode contribuir para o desenvolvimento empresarial,
considerando a maior facilidade na troca de conhecimento e no compartilhamento da
inovação gerada. O resultado será o potencial crescimento da capacidade de inovação das
empresas para atuar em mercados desconhecidos, vendendo produtos e serviços para além
de suas fronteiras (BAPTISTA; SWANN, 1998).
A Figura 5 representa um modelo em que os inputs representam a
disponibilidade de insumos de inovação especializados e de alta qualidade.
Figura 5: A orientação para inovação de um cluster da indústria nacional
Fonte: adaptado de Furman et al. (2002)
O primeiro fator (condições de entrada) diz respeito à disponibilidade geral de
cientistas e engenheiros qualificados para aumentar o potencial de inovação da economia
como um todo. O segundo (condições de demanda) está relacionado à natureza das
demandas nacionais e internacionais dos clusters voltados a produtos e serviços
53
específicos. Ou seja, clientes exigentes influenciam empresas nacionais a oferecerem
melhores tecnologias e aumentarem os incentivos na procura de inovações globais
(FURMAN et al., 2002).
O terceiro fator (contexto para estratégia e rivalidade das empresas) destaca a
intensidade do contexto competitivo local e o processo de recompensa em inovações
locais bem sucedidas. Os efeitos desse fator dependem de incentivos gerais oferecidos
para inovação, tais como proteção à propriedade intelectual e regulamentações que afetam
determinados produtos, pressão consistente de rivalidade local e abertura para
competitividade internacional no cluster.
O quarto fator (indústrias de suporte e relacionamento) está relacionado à
disponibilidade, densidade e interconectividade de indústrias para gerarem efeitos
positivos advindos da propulsão de conhecimento, eficiência das transações e economias
em nível de clusters, os quais são reforçados quando concentrados geograficamente.
Cada fator não somente interage com outros, mas também afeta o contexto que
atua e no caso de habitats de inovação, um determinado habitat poderia exercer influência
sobre outro. Com base na figura 5, entende-se que a governança em tais ambientes de
inovação pode identificar vantagens e apresentar problemas, em que políticas existentes
precisam ser planejadas de modo a poder alavancar vantagens competitivas no que diz
respeito ao aumento das atividades de inovação, pesquisa e desenvolvimento nas
empresas.
A participação da sociedade organizada, empresas, universidades e associações
parecem ser um dos pilares estratégicos que levam a uma proposta de uma estrutura de
governança planejada. Situação em que a capacidade de gestores pode ser fundamental
para a promoção da abertura necessária à atuação proativa do conselho gestor,
especialmente em relação à criação de espaços compartilhados entre empresas e para o
desenvolvimento local.
Desta maneira, pensar um modelo de governança para habitats de inovação
demonstra não ser algo fácil de estruturar e de colocar em prática (CLARYSSE et al.,
2005). Ao contrário de empresas independentes, as empresas presentes nesse contexto
estão ligadas a um sistema político e de interesses. Por exemplo, incubadoras e parques
científicos apoiados pelo setor público podem ser considerados como instrumentos de
desenvolvimento econômico e de negociação política.
Há também um processo de negociação interna dos recursos a serem utilizados,
em que selecionados a partir do reconhecimento, networking externos ou em razão de
54
serviços de interesses, precisam ser administrados por um núcleo estratégico, ou seja, pela
governança.
Considerando os processos dinâmicos em um sistema composto por organizações,
relação econômica, social e cultural compreende-se estes fatores como “elementos de
governança”. Esses elementos podem estimular positivamente o empreendedorismo, o
aprendizado e, em especial, a inovação (SCOTT, 2004).
Pontos de associação precisam também ser encontrados em processos de inovação
de empresas em que elas possam apresentar desenhos para um novo produto ou serviço
na promoção de maior aceitação da inovação (HARGADON; DOUGLAS, 2001).
Contudo, o desenho de uma inovação precisa se relacionar ativamente com as instituições
existentes, enquanto que, ao mesmo tempo, procure oferecer flexibilidade suficiente para
indicar adaptabilidade em ambientes de mercado novos e de constante mutação.
Em outras palavras, estes pontos de associação, por exemplo, em habitats de
inovação, podem surgir da atuação ativa de uma estrutura de governança que ajude as
empresas a atuar frente a interesses institucionais, resultando em governança criada para
potencializar a capacidade de absorção e de inovação das empresas.
Uma vez que os habitats de inovação possam fornecer benefícios a suas empresas,
estes precisam atuar com o propósito de mobilizar recursos (DIMAGGIO, 1988) e
desenvolver capacidades (PERKMANN; SPICER, 2007) para que venham promover
legitimidade à mudança e convencer aos gestores de empresas a adotarem novas práticas
organizacionais que possam resultar em inovação de produtos e serviços.
Seguindo uma linha oposta, está a compreensão de que estes habitats podem ser
representados, na definição clássica do qual são compreendidos, como atores para o
cumprimento de simples regras, ou serem representantes de outras organizações
(governos) (BATHELT; GLUCKER, 2014).
No entanto, para esta tese compreende-se que um habitat de inovação como a
formação de um ambiente voltado às relações sociais ativas e estáveis entre os mais
diferentes atores (stakeholders) que buscam, através das interações, desenvolver
estratégias de relacionamento voltadas à criação de produtos, serviços e processos
construtivos em um ambiente baseado em diretrizes e regulamentos.
Considera-se ainda que habitats de inovação possam representar uma alternativa
estratégica ao fato de que o mercado não consegue, muitas vezes, fornecer a quantidade
de produtos exigida pelos consumidores, isso decorrente da falta de determinados fatores
economicamente ideais (MARTIN; SCOTT, 2000). Nesse caso, ambientes
55
organizacionais diferenciados e estruturados poderiam suprir demandas existentes e
atender com mais rapidez a sociedades, preenchendo importantes lacunas a partir das
falhas de mercado.
No contexto de habitats de inovação, para esta tese considera-se estrutura de
governança como a formação de um conselho gestor capaz de apresentar diretrizes
efetivas para o desenvolvimento inovador das empresas, em que esse
desenvolvimento possa refletir a criação da capacidade absortiva e da capacidade
de inovação, concebidas a partir do compartilhamento de recursos estratégicos
(ROBESON; O’CONNOR, 2007; CHIOCHETTA, 2010; GIULIANI, 2011;
MATTOR ET AL., 2014).
A partir desta definição de estrutura de governança, nesta tese este conceito
também será chamado de “governança”, que, em última análise, pode representar
ações desenvolvidas por essa estrutura. Em outras palavras, considera-se “estrutura
de governança” ou “governança” através de uma perspectiva comportamental.
Apresentados os principais conceitos e fundamentos relacionados à teoria da
governança, e sua relação com a formação de uma estrutura que possa contribuir para a
inovação e a transferência de informações e conhecimentos em ambientes compartilhados
por diferentes stakeholders, a seguir serão apresentados aspectos teóricos relacionados à
capacidade absortiva.
2.2. Capacidade absortiva
A teoria de capacidade aborda a capacidade das empresas ou pessoas de
utilizarem os recursos organizacionais na geração de produtos ou serviços. Nesse sentido,
ser capaz de fazer algo reflete em ter as condições e direcionadores necessários para se
chegar a um determinado fim (ZAHRA; SAPIENZA; DAVIDSSON, 2006).
De modo aplicado, o desenvolvimento de diferentes capacidades pelas empresas
permite a elas explorarem novas oportunidades de mercado, a partir da oferta de produtos
e serviços diferenciados. Sendo assim, no Quadro 2 identifica-se seis tipos de capacidades
advindas da interface dos ambientes interno e externo com as organizações e dos
conhecimentos presentes na experiência adquirida em sua história de vida (exploração,
56
retenção e explotação), são elas: inventiva,absortiva,transformativa, conectiva, inovativa
e desruptiva (LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
Quadro 2: Interfaces do conhecimento
Fonte: adaptado de Lichtenthaler e Lichtenthaler (2010)
A capacidade inventiva representa a busca de um conhecimento novo a partir de
recursos internos presentes na empresa. Desta forma, na exploração do conhecimento, a
empresa pode utilizar as habilidades das pessoas, tecnologias, insumos diferenciados, em
outros atributos específicos. Por sua vez, a capacidade transformativa representa a
habilidade da empresa em utilizar seu conhecimento ou recursos explorados para gerar
algo diferenciado. Ou seja, modificar ou melhorar algum produto ou serviço já existente
e, dessa forma, diversificar para um novo mercado e atingir novos clientes
(LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
A capacidade inovativa representa a aplicação do conhecimento retido ou
explorado em um novo produto ou serviço com aceitação do mercado. Nesse tipo de
capacidade, o cliente reconhe a capacidade da empresa através de sua entrega e da
qualidade esperada (LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
Referente ao uso potencial do conhecimento, mediante o relacionamento externo
da empresa com outras empresas ou fornecedores, a capacidade absortiva representa a
procura e aquisição do conhecimento a partir de relacionamentos externos com os
stakeholders. Já a capacidade conectiva, diz respeito à assimilação ou retenção do
conhecimento, considerando as parcerias ou pesquisas conjuntas que a empresa pode
desenvolver, em especial com outras empresas. Por fim, a capacidade desruptiva está
relacionada ao surgimento de um novo conhecimento, seja em um novo produto ou
serviço desenvolvido, oriundo de relacionamento existente com os stakeholders.
Desta forma, pode-se entender capacidade como a aptidão da organização em
.criar, ampliar ou modificar sua base de recursos, tanto internos como externos.
(LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
Contudo, referente à capacidade absortiva, medir está capacidade ainda é um
desafio para pesquisadores e empresas (VERSIANE ET AL., 2010; FLATTEN ET AL.,
Exploração do
Conhecimento Retenção do
Conhecimento Explotação do
Conhecimento Interno
(Intrafirma) Capacidade Inventiva Capacidade
Transformativa Capacidade Inovativa
Externo
(Interfirma) Capacidade
Absortiva Capacidade
Conectiva Capacidade
Desruptiva
57
2011), considerando-se o fato de que ainda não foi desenvolvida uma medida válida que
incorpore as várias dimensões da capacidade de absorção. Isto pode ocorrer em razão, por
exemplo, de que essa a definição de métricas muitas vezes surge do resultado de um não
consenso a respeito das dimensões que compõem o construto, surgindo à necessidade de
apresentar qual modelo de capacidade absortiva está sendo adotado na pesquisa.
Schreyoegg e Kliesch-Eberl (2007) afirmam ainda que para uma empresa ser
inovadora, espera-se também que ela possua um conjunto mínimo de capacidades para
executar suas principais atividades, procurando amadurecer e evoluir na busca da
inovação. Essa inovação está voltada para o processo e não para eventos isolados,
abrangendo a implementação de mudanças em produtos/serviços, processos e sistemas
organizacionais e gerenciais. (VEUGELERS, 1997; VEUGELERS; CASSIMAN, 1999;
SCHREYOEGG; KLIESCH-EBERL, 2007; MIRANDA; FIGUEIREDO, 2010).
Considerando a importância no uso estratégico dos recursos internos da empresa,
como a inovação, no desenvolvimento de suas capacidades (COHEN; LEVINTHAL,
1990; ZAHRA; GEORGE, 2002; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010;
FLATTEN ET AL., 2011), faz-se necessário apresentar algumas definições a respeito de
recursos estratégicos.
Incialmente, Teece, Pisano e Shuen (1997) conceituam recursos como os pontos
fortes que as empresas podem utilizar para conceber e colocar em prática suas estratégias
organizacionais, resultando em produtos ou serviços inovadores. Portanto, a geração de
vantagem competitiva está voltada ao ambiente interno das empresas, possibilitando a
adoção de novas estratégias direcionadas ao uso estratégico dos recursos organizacionais.
Neste caso, uma análise baseada nos recursos internos é importante para
identificar uma vantagem competitiva sustentável derivada seja da insatisfação e/ou
insuficiência das contribuições da atuação externa ou relacionamento com o ambiente no
desenvolvimento empresarial (FOSS, 1997). Ou seja, complementando a análise externa
da empresa, a perspectiva baseada em recursos busca compreender quais condições
existentes são capazes de gerar rendas ou vantagens competitivas duradouras (BARNEY,
1991, 1995; PETERAF, 1993; AMIT; SCHOEMAKER, 1993).
Considerando a importância dos recursos para a efetividade organizacional, a
aplicação da Visão Baseada e Recursos (RBV) permitem as empresas aperfeiçoar seus
recursos e buscar uma vantagem competitiva sustentável, fazendo com que elas
permaneçam à frente de seus concorrentes (BARNEY, 1991). Salienta Barney (1991) que
os recursos das empresas podem ter quatro atributos: valor, raridade, imperfeitamente
58
imitável e difícil substituição. Esses quatro atributos têm como finalidade fazer com que
as empresas identifiquem seus recursos estratégicos para estabelecer uma vantagem
competitiva sustentável.
Na Figura 6, adaptada de Barney (1991), define os aspectos que geram vantagem
competitiva sustentável.
Figura 6: Recursos que geram vantagem competitiva sustentável
Fonte: adaptado de Barney (1991)
Analisando o modelo anterior, entende-se que a empresa precisa ter recursos e
desenvolver capacidades diferenciadas dos concorrentes, heterogeneidade dos recursos.
Assim como possuir recursos duráveis, tudo isso somado ao julgamento dos concorrentes
de que é custoso tentar copiar seus recursos e capacidades, o que poderia assegurar a
empresa uma vantagem competitiva sustentável (BARNEY, 1991).
Barney e Hesterly (2008) propõem modificações no modelo apresentado por
Barney (1991) ao desenvolverem uma ferramenta objetivando possibilitar a verificação
dos recursos da organização. O modelo denominado VRIO (Valor, Raridade,
Imitabilidade e Organização) apresenta quatro fatores responsáveis por transformar as
capacidades em competências organizacionais. No Quadro 3 apresentam-se as
características de cada um dos fatores:
Características
dos recursos
Definição
Valiosos
O recurso permite que a organização explore oportunidades ambientais
e/ou neutralize ameaças
Raros O recurso é característico a apenas algumas empresas
O recurso é difícil de ser imitado devido ao alto custo ou complexidade
59
Imitabilidade
Organização Os recursos - VRI - são explorados pela organização o que lhe garante
vantagem competitiva
Quadro 3: Características para recursos
Fonte: Barney e Hesterly (2008)
A partir do Quadro 3, pode-se constatar que a empresa, ao agir verificando seus
recursos considerando o tempo e as mudanças no mercado, pode agregar valor e
desenvolver capacidades para se adaptar as mudanças ambientais.
Segundo Lazzarotti (2012), a empresa que possui recursos com as características
apresentadas no Quadro 3 certamente irá buscar vantagem competitiva. Contudo, o autor
destaca que é a combinação dessas características e o uso dos recursos de forma adequada
e em constante adaptação que efetivamente trará a empresa vantagem sustentável.
Desta forma, considerando a perspectiva da RBV (Visão Baseada e Recursos), seu
uso estratégico pelas empresas contribui na consolidação de vantagens competitivas em
ambientes dinâmicos por meio da combinação de recursos e capacidades organizacionais
transformados em mecanismos de diferenciação. Por conseguinte, valorizar as estratégias
adotadas, melhorar atuação empresarial em ambientes de alto grau de imprevisibilidade
e dinamismo e proporcionar uma posição privilegiada dentro de seu contexto de atuação
(MAURER; BANSAL; CROSSAN, 2010).
Trazendo o conceito da RBV para o ambiente de habitats de inovação, os recursos
estratégicos podem representar as empresas que nele estão presentes, as tecnologias
utilizadas e o conhecimento e habilidades presentes da estrutura de governança formada.
Por sua vez, sobre os recursos estratégicos das empresas que se encontram nesse entorno
se referem aos insumos utilizados, tecnologias e funcionários.
Neste sentido, ressalta-se que para haver harmonia e efetividade no sistema gerado
por um determinado habitat, necessita-se que tanto os recursos estratégicos dele, assim
como das empresas, estejam em constante sintonia e subsidiando o desenvolvimento das
capacidades de cada um, uma vez que empresas com problemas de recursos e dificuldades
no desenvolvimento das capacidades irão, no seu conjunto, resultar num habitat de
inovação de baixo valor agregado e com um potencial competitivo limitado.
2.2.1. Desenvolvimento da capacidade absortiva
60
Numa primeira análise, pode-se resgatar o conceito da capacidade dinâmica que
tem sua origem no termo inglês dynamic capabilities, em que a palavra capability pode
significar o interesse de fazer algo por meio do uso de competências e habilidades
(OXFORD UNIVERSITY PRESS, 2010). Ou seja, uma determinada tecnologia ou
máquina pode ter certa capacidade de produção, mas não necessariamente ter capacidade
de produzir algo sem ser operada por uma pessoa com competência e habilidade
específica.
Neste sentido, a palavra capability, que também é encontrada na tradução do
conceito de capacidade absortiva, não pode ser confundida com o conceito de capacidade
de produção, em que uma empresa pode, por exemplo, ter certa capacidade instalada, mas
não irá produzir se não houver pessoas hábeis para fazer o uso correto de determinadas
tecnologias. Teece, Pisano e Shuen (1997) afirmam que capability representa a empresa
poder recombinar um conjunto de recursos específicos para atender oportunidades de
mercado, em que a competitividade dela é resultado de sua capacidade adaptativa de um
ambiente incerto e mutável.
Segundo estes autores, o gestor de uma empresa necessita além de monitorar e
compreender o ambiente externo, também entender como a capacidade dinâmica de sua
empresa está validada com o objetivo de determinar se existem possibilidades e desafios
que possam ser assimilados e gerenciados como proposta de sustentação do negócio.
Especificamente sobre a capacidade dinâmica, nos últimos anos, o seu estudo
advém de pesquisas voltadas a gestão estratégica, mudanças organizacionais e vantagem
competitiva, e também na importância de compreendê-la com o intuito de conhecer a
capacidade da empresa para atuar em ambientes dinâmicos. Portanto, busca compreender
como as empresas podem alcançar e sustentar vantagens competitivas em um contexto
complexo e de constante mutação, a exemplo do que se pode verificar em habitats de
inovação (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997; DOSI; NELSON; WINTER, 2000; TEECE,
2009).
Segundo Zollo e Winter (2002), outros autores voltaram seus estudos para o
desenvolvimento de capacidades, em que mecanismos e dispositivos utilizados pelas
empresas refletem a existência de capacidades dinâmicas. Nesse ponto, Winter (2003)
destaca que a capacidade dinâmica está no uso, por exemplo, de mecanismos automáticos
para mudanças de capacidades, de modo a poder se adaptar mais facilmente as variações
de mercado.
61
Em outras palavras, o desenvolvimento de uma capacidade dinâmica numa
empresa pode significar a aplicação de ações voltadas à integração, construção ou
reconfiguração de suas competências organizacionais mesmo em ambientes pouco
dinâmicos e com baixas taxas de mudança. Ou seja, o diferencial dela pode estar na
própria construção de sua capacidade dinâmica, presente tanto nas suas rotinas ou na
reconfiguração de outras capacidades já existentes (WINTER, 2003; ANDREEVA;
CHAIKA, 2006).
De acordo com Helfat et al (2007), capacidade dinâmica pode ser definida como
a capacidade de uma organização em criar, estender ou modificar sua base de recursos
propositadamente. Nesse formato, o conceito de capacidade dinâmica pode retratar três
atividades: a) identificar necessidades ou oportunidades; b) formular respostas adequadas
para as necessidades ou oportunidades; e c) desenvolver planos de ação para mutações no
mercado.
No entanto, nem todas as capacidades dinâmicas estão relacionadas às três
funções, ou que as capacidades dinâmicas podem ainda suportar duas funções
considerando a base de recursos de presentes na empresa: a) busca, seleção e criação de
recursos; e b) implantação dos recursos (HELFAT et al., 2007).
Para Teece (2009), a capacidade dinâmica é a habilidade da empresa em integrar,
construir e reconfigurar suas competências internas e externas para atuação estratégica
em contextos de constante mutação. Assim, para desenvolver uma capacidade dinâmica,
as suas competências organizacionais precisam ser compreendidas como processos
organizacionais e gerenciais ou ainda práticas correntes ou de aprendizado, em que o
autor propõe três capacidades para sustentar o conceito de capacidade dinâmica: 1)
capacidade de compreender o contexto; 2) capacidade de aproveitar oportunidades; e 3)
capacidade de gerenciar ameaças e transformações.
A capacidade de compreender o contexto está relacionada com a existência de
quatro outros subprocessos: a) coordenar atividades internas de P&D; b) trabalhar
conjuntamente com fornecedores a fim de complementar as inovações; c) explorar o
desenvolvimento científico e tecnológico externos; e d) identificar nichos de mercado,
mudança de hábitos dos clientes e de geração de inovações de interesses dos clientes.
Por sua vez, a capacidade de aproveitar oportunidades pode estar relacionada com
quatro elementos: a) soluções para o cliente; b) fronteiras organizacionais; c) rotinas de
seleção de etapa formais para a tomada de decisões; e 4) rotinas de construção do
comprometimento organizacional (TEECE, 2009).
62
Por fim, a capacidade de gerenciar ameaças e transformações diz respeito às ações
estratégicas desenvolvidas pela empresa no tocante ao monitoramento do mercado e dos
competidores, em que a empresa pode fazer uso de tecnologias e metodologias para
buscar informações confiáveis em seu contexto (TEECE, 2009).
Deste modo, inserindo o conceito de capacidades dinâmicas para o contexto de
habitats de inovação, a importância de uma estrutura de governança e a busca de
incentivos financeiros ou de mercado pelo habitat podem ser elementos-chaves para
assegurar o desenvolvimento e sustentação de capacidades dinâmicas as empresas. Uma
vez que a atividade de integrar e combinar ativos, incluindo os ativos em conhecimento,
é uma competência-chave que precisa ser exercida pelos agentes da governança em prol
do desenvolvimento das empresas.
Em outras palavras, é fundamental que as ações desenvolvidas pela governança
de um habitat de inovação sejam capazes de proporcionar às empresas um ambiente que
permita a elas gerir o conhecimento no seu processo de aquisição, aprendizagem,
compartilhamento e integração. O resultado disso é o aumento da capacidade de inovação
das empresas e uma maior vantagem competitiva no mercado.
Trazendo agora a compreensão do conceito da capacidade dinâmica para a
definição da capacidade absortiva, resgata-se inicialmente o trabalho pioneiro de Cohen
e Levinthal (1990) que compreendem a capacidade absortiva como a habilidade que a
organização possui para identificar, assimilar e explorar o conhecimento do seu ambiente
externo.
Por sua vez, Zahra e George (2002) destacam que a habilidade para acessar e
absorver conhecimento pode também interferir nos esforços da empresa na criação de
valor, de modo que a capacidade absortiva representa a habilidade que a empresa tem de
acessar e internalizar conhecimento gerado.
O conceito de capacidade absortiva parte da ideia de que a organização precisa
de conhecimento prévio relacionado para assimilar e utilizar novos conhecimentos.
Pesquisas sobre o desenvolvimento da memória sugerem que o conhecimento acumulado
anteriormente aumenta a capacidade para colocar o novo conhecimento na memória,o
que denomina aquisição de conhecimento, sendo a capacidade de recordar e usar o
conhecimento adquirido (COHEN; LEVINTHAL, 1990; VAN DEN BOSCH;
VOLBERDA; DE BOER, 1999; ZAHRA; GEORGE, 2002; LANE; KOKA; PATHAK,
2006).
63
A capacidade absortiva foi descrita ainda como a capacidade de aprender sobre
os problemas e resolvê-los (KIM, 1997). O nível de conhecimento prévio presente na
empresa, primeiramente na forma de capital humano, ajuda a empresa a absorver novos
conhecimentos relacionados. De acordo com Cohen e Levinthal (1990), a capacidade de
avaliar e utilizar conhecimento externo são, em grande parte, uma função do nível de
conhecimento prévio relacionado presente na empresa.
Sendo assim, é importante ressaltar que, adquirido ao longo do tempo e de
eventos, o conhecimento, em especial o conhecimento tácito, representa muito do que
uma empresa conhece - sobre como competir na sua indústria, inovar, identificar e
explorar oportunidades empreendedoras (BARNEY, 2001).
O conhecimento tácito é particularmente importante na identificação de
oportunidades empreendedoras e na avaliação do seu valor potencial (MCGRATH;
MACMILLAN, 2000). No entanto, este mesmo conhecimento é também crítico na
exploração dessas oportunidades. Por exemplo, o conhecimento tácito gerencial é
necessário para que se possa agregar os recursos mais apropriados a criar capacidades e
traçar estratégias eficazes de alavancagem que produzam uma vantagem competitiva e
explorem possíveis oportunidades.
Por outro lado, o conhecimento técnico e a consciência sobre onde há expertise
de conhecimento útil pode ser encontrada fora dos limites da empresa são também
importantes formas de conhecimento prévio (SHENKAR; LI, 1999), pois pode contribuir
para o desenvolvimento da inovação (COHEN; LEVINTHAL, 1990), especialmente no
contexto de ambientes de conhecimento rapidamente mutáveis (EISENHARDT, 2000;
VAN DEN BOSCH, VOLBERDA; DE BOER, 1999). E assim, indicando que ao longo
do tempo e dos projetos as organizações e suas unidades individuais devem ter a
capacidade de absorver novos conhecimentos nas suas operações para criar inovação.
A capacidade de assimilar novos conhecimentos externos e a habilidade para
utilizar tal conhecimento de forma bem-sucedida nos propósitos comerciais contribui
ainda para a exploração de oportunidades (TSAI, 2001). Assim, a capacidade absortiva
pode afetar o nível e o alcance da exploração que a empresa conduz para reconhecer e
explorar oportunidades empreendedoras (VAN DEN BOSCH et al., 1999).
Coletivamente, a capacidade de absorção da empresa pode estar ligada ao uso
eficaz dos recursos estratégicos no contexto de habitats de inovação, em que isso é
constatado através dos estudos de Zahra e George (2002), que identificaram na
64
capacidade absortiva uma composição voltada à capacidade potencial e capacidade
realizada.
A capacidade potencial compreende a aquisição de conhecimento e habilidades
de assimilação, enquanto que a capacidade realizada foca na transformação e na
exploração do conhecimento (ZAHRA; GEORGE, 2002). A aquisição e a assimilação de
recursos de criação de valor (por exemplo, capacidade potencial) contribuem para o
reconhecimento de oportunidades na geração de negócios (criando o comportamento de
busca por oportunidades).
Portanto, transformar o conhecimento de modo que ele possa ser explorado
comercialmente é requisito básico para a exploração de oportunidades das empresas. Em
especial aquelas encontradas em habitats de inovação, em que o habitat precisa fornecer
a elas um ambiente de estímulo ao gerenciamento eficiente e eficaz dos recursos críticos
das empresas, considerando uma utilização construtiva para uma melhor exploração de
oportunidades empresariais, e desse modo, resultar em vantagem competitiva sustentável.
2.2.2. Modelos de capacidade absortiva
A busca da vantagem competitiva, muitas vezes, pode representar um atributo
de uma estratégia de sucesso. Nesse sentido, as capacidades organizacionais podem
resultar na procura de inovação e reconfiguração dos recursos da organização,
considerando fatores como: a propriedade ou acesso a recursos raros e valiosos; as
concessões, patentes ou localizações geográficas privilegiadas; a capacidade de
transformação dos fatores de produção em produtos vendáveis no mercado; a
alavancagem de recursos e capacidades; a criação de novos produtos; a regeneração de
recursos e as capacidades para o desenvolvimento de sistemas geradores de inovações
(EISENHARDT; MARTIN, 2000; VASCONCELOS; CYRINO, 2000; BANDEIRA-
DE-MELO; MARCON, 2006).
Em relação à capacidade absortiva, ela pode ainda retratar a capacidade de uma
empresa de identificar, assimilar e explorar o conhecimentode fontes externas (ver Figura
7). Estas três dimensões abrangem não apenas a capacidade de imitar produtos de outras
empresas ou processos, mas também a capacidade de explorar o conhecimento não
65
comercial, a exemplo daquele oriundo de investigação científica (COHEN;
LEVINTHAL, 1990; VAN DEN BOSCH; VOLBERDA; DE BOER, 1999; ZAHRA;
GEORGE, 2002).
Figura 7: Capacidade absortiva
Fonte: Cohen e Levinthal (1990).
Organizações com os níveis mais elevados de capacidade absortiva tendem a ser
mais proativas, explorando oportunidades presentes no ambiente, independente do
desempenho atual. Ou seja, aquelas que têm uma capacidade absortiva de moderada para
baixo tendem a ser reativas, buscando somente novas ideias em resposta de um
desempenho negativo e que muitas vezes se quer está definido (COHEN; LEVINTHAL,
1990).
Zahra e George (2002) abordam uma perspectiva de processo na capacidade
absortiva e argumentam que a partilha de conhecimento interno eficaz e integração são
as partes críticas da capacidade absortiva. Os autores propõem que a capacidade absortiva
deve ser definida como uma capacidade dinâmica, sendo um conjunto de rotinas e
processos organizacionais pelo qual as empresas adquirem, assimilam, transformam e
exploram o conhecimento. Sugerem ainda quea capacidade absortiva tem dois estados
gerais: potencial (o conhecimento externo que a empresa poderia adquirir e utilizar) e
realizado (o conhecimento externo que a empresa adquiriu e utiliza), conforme Figura 8.
66
Figura 8: Modelo da Capacidade Absortiva
Fonte: adaptado de Zahra e George (2002)
Por outro lado, a capacidade absortiva pode depender ainda de processos e
rotinas dentro da organização que permitem compartilhar, comunicar e transferir o
conhecimento (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). A empresa necessita reconfigurar e
realinharas suas capacidades de gestão do conhecimento para se adaptar as mudanças das
condições ambientais, melhor e mais cedo do que seus concorrentes. A natureza
complementar dos processos de conhecimento interno e externo reforça os requisitos de
coordenação, o que requer uma gestão do conhecimento integrativa (LANE; KOKA;
PATHAK, 2006; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
Por sua vez, o modelo apresentado na Figura 9 tem quatro componentes. No seu
centro estáa nova definição da capacidade absortiva; à esquerda são os direcionadores
parcial ou totalmente externos à empresa; acima e abaixo do centro são direcionadores
internos para a empresa; e à direita são os resultados da capacidade absortiva. O foco do
modelo está na capacidade absortiva, em que as setas indicam as relações entre os
diversos condutores e os seus resultados. O modelo também redireciona a atenção sobre
o papel do ambiente da empresa para determinar os incentivos para investir em
capacidade absortiva (LANE; KOKA; PATHAK, 2006).
67
Figura 9: Modelo de processo de capacidade absortiva
Fonte: adaptado de Lane, Koka e Pathak (2006).
Dada a importância do conhecimento externo à inovação industrial, a capacidade
absortiva representa uma parte importante da capacidade de uma empresa de criar novo
conhecimento. Ao contrário de aprender fazendo, que permite as empresas obter o melhor
naquilo que já fazem, a capacidade absortiva permite que as empresas aprendam a fazer
algo completamente diferente (COHEN; LEVINTHAL, 1990; VAN DEN BOSCH;
VOLBERDA; DE BOER, 1999; SZULANSKI, 1996; ZAHRA; GEORGE, 2002; LANE;
KOKA; PATHAK, 2006; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
Complementando os trabalhos de Zahra e George (2002) e de Lane, Koka e Pathak
(2006), Fosfori e Tribó (2008) apresentam seu modelo de capacidade absortiva (Figura
10) relacionando a capacidade absortiva potencial – CAP, ou seja, o conhecimento que
pode ser adquirido e absorvido a partir do ambiente externo, e que a partir de gatilhos, ou
Capacidade Absortiva da Firma
Características dos modelos
mentais dos membros da
firma (conduzir a
criatividade do
reconhecimento,
assimilação e aplicação)
Performance da
Firma
Características dos
processos e estruturas da
firma (conduzir a eficiência
e eficácia da assimilação e
aplicação)
Características
do
conhecimento
interno e
externo
(conduzir a
profundidade e
a extensão da
compreensão)
Características
das relações de
aprendizagem
(conduzir a
facilidade da
compreensão)
Estratégias da Firma (conduzir o foco do
reconhecimento e compreensão, da
assimilação e da aplicação)
Saídas
Comerciais
(produtos,
serviços e
propriedade
intelectual)
Saídas do
conhecimento
(genérico,
científico,
técnico e
organizacional)
Condições
Ambientais
(conduzir
incentivos para o
desenvolvimento
da capacidade
absortiva)
Reconhecer e
compreender
novo
conhecimento
externo
(aprendizagem
explorada)
Assimilar o
valor do
conhecimento
externo
(aprendizagem
transformada)
Aplicar o
conhecimento
externo
assimilado
(aprendizagem
aplicada)
68
estímulos, podem resultar numa capacidade absortiva realizada – CAR, processo pelo
qual passa pela transformação e aplicação do conhecimento, e que por sua vez podem
gerar inovação, ou ainda no que os autores intitulam com desempenho inovador.
Figura 10: Processo de transformação do conhecimento externo em recursos de inovação
Fonte: Fosfori e Tribó (2008)
Complementado a Figura 10, os autores apresentam outro modelo adaptado
(Figura 11) que identificam os inputs necessários para se alcançar o desempenho
inovador, em que o processo passa, a partir dos gatilhos de ativação, desde uma fase de
capacidade absortiva potencial para uma fase de capacidade absortiva realizada, essa
última dependente de mecanismos de integração social, em que o resultado de todo esse
processo será o desempenho inovador.
Figura 11: Processo de transformação do conhecimento resultando em desempenho
inovador
Fonte: Fosfori e Tribó (2008)
69
Sendo assim, os resultados apresentados por Fosfori e Tribó (2008) demonstram
que a capacidade absortiva potencial pode gerar inovação, que segundo os autores, as
empresas com níveis mais elevados de capacidade absortiva potencial podem obter
maiores vendas de produtos novos ou de produtos melhorados.
Os resultados também indicam que este efeito da capacidade absortiva na
inovação é mais forte quando os fluxos internos de informação são mais eficientes, a
exemplo do que aponta os estudos de Zahra e George (2002), corroborando no fato de
que a capacidade absortiva potencial é uma condição necessária para alcançar vantagem
competitiva em inovação, mas as empresas também precisam desenvolver a capacidade
de transformar e explorar o conhecimento externo, a fim de se beneficiar plenamente com
isso.
Ainda segundo os autores, a capacidade absortiva pode estar voltada a
“capacidade potencial de absorção”, que compreende a aquisição de conhecimento e a
assimilação de capacidades, e a “capacidade de absorção realizada”, que tem seu cerne
na transformação e na exploração do conhecimento. Para eles, a primeira fornece às
organizações a flexibilidade de adaptação e evolução em ambientes mutáveis.
Existem ainda estudos empíricos sobre a relação entre as variáveis de
capacidades de absorção e os esforços para inovação, em que há evidência de que eles
são positivamente correlatos (COHEN; LEVINTHAL, 1990; VEUGELERS, 1997;
BECKER; PETERS, 1998). Uma ênfase é dada ao fato de que a capacidade de absorção
de uma empresa no presente depende dos esforços que ela fez para inovar no passado
(COHEN; LEVINTHAL, 1990).
Neste sentido, é importante destacar que existe uma relação dinâmica que segue
uma rota sujeita aos fatores condicionantes históricos ou à dependência de trajetória
(ARTHUR, 1989), em que o desenvolvimento de uma capacidade por uma empresa pode
retratar seu passado e suas experiências adquiridas na atuação no mercado e no
desenvolvimento dos funcionários.
Ou seja, empresas que tiverem acumulado, com sucesso, sua capacidade de
absorção no passado, podem ter uma maior propensão para inovar no presente, e isso
pode ocorrer em razão delas estarem bem posicionadas para tirar maior proveito de todas
as fontes possíveis de know-how, seja interno ou externo.
Neste sentido, o conceito de capacidade absortiva nesta pesquisa representa
as ações voltadas à aquisição, transformacão, assimilação e exploração do
70
conhecimento. A organização depende também da capacidade de absorção de seus
colaboradores individuais e da forma em que ela será desenvolvida em busca de
eficiência e eficácia organizacional.
Apresentados os conceitos-chave relacionados ao desenvolvimento de
capacidade de inovação e a capacidade absortiva, a destacar desenvolvimento dessas
capacidades em empresas situadas em habitats de inovação, apresenta-se a segunda
proposição da tese: a capacidade de inovação de empresas situadas em habitats de
inovação se refere ao uso estratégico de dados, informações e conhecimentos que
permitam as empresas inovarem por meio de produtos e serviços diferenciados para
atender demandas específicas da sociedade e do mercado, de modo que a capacidade
absortiva de cada empresa é direcionadora na sua capacidade de inovar.
2.3. Capacidade de inovação
O processo de criação de um ambiente voltado à inovação é vital no
desenvolvimento das empresas e na geração de produtos e serviços que atendam o
interesse da sociedade e do mercado, entretanto, a compreensão desse ambiente passa,
num primeiro momento, pelo significado de inovação. Para Schumpeter (1997),
inovações representam novas combinações: técnicas; mercadológicas, traduzidas por
novas combinações comerciais; e organizacionais, na forma de novas organizações dos
negócios.
Logo, a inovação pode estar relacionada à exploração de oportunidades das
empresas delineando com precisão as fronteiras que delimitam o espaço de cada nicho de
mercado, para assim melhorarem e atender mercados carentes por novos serviços
(PAVITT, 2004).
Considera-se importante destacar que atualmente as variáveis - tempo e rapidez -
são elementos estratégicos para as empresas que buscam diferenciais competitivos de
atuação no mercado (produtos ou serviços diferenciados). E, considerando as pressões e
necessidades da sociedade e do mercado, são também elementos essenciais para o seu
processo de inovação, uma vez que os ciclos de vida dos produtos e o tempo de seus
71
desenvolvimentos estão cada vez mais curtos, num cenário em que os clientes esperam
serviços e produtos de pronta entrega (OECD, 2005).
Neste contexto, caracterizado por intensa concorrência e de pressões de mercado
cada vez maiores, registra-se que a intensidade da concorrência, a rápida globalização e
as constantes mudanças na área de tecnologia da informação tornam a inovação inevitável
para as empresas como forma de capturar oportunidades através do desenvolvimento de
novos produtos e do próprio mercado (HAUKNES, 1998; LOBIANCO; RAMOS, 2004;
KUBOTA, 2009).
Desta forma, para que as empresas possam ter um diferencial competitivo que as
permitam se posicionar de maneira estratégica no mercado, a inovação não poderia se
basear apenas na realização de pesquisa e desenvolvimento, mas também em iniciativas
que possibilitem essas empresas gerarem capacidades gerenciais e de mercado únicas. Ou
seja, seus processos de inovação podem estar voltados à geração de conhecimento
baseado em modelos estratégicos que consideram aspectos sociais e econômicos,
estimulando a atuação em rede, evitando-se organizações isoladas (HAUKNES, 1998;
LOBIANCO; RAMOS, 2004; KUBOTA, 2009).
Sendo assim, a inovação pode melhorar o desempenho da empresa por meio da
otimização de sua capacidade de inovar e melhorar processos gerenciais de produção,
considerando a aplicação de novas práticas organizacionais e o desenvolvimento da
capacidade empresarial em adquirir e gerar novos conhecimentos (ALVARENGA
NETO, 2004; OECD, 2005).
Neste contexto teórico, a inovação requer a promoção de criação e
compartilhamento de conhecimento, quando proporciona novas possibilidades através da
combinação de diferentes informações. O conhecimento pode ainda existir ou resultar de
um processo de busca por tecnologia, mercado ou ações de concorrência (TIDD;
BESSANT; PAVITT, 2008).
Nesta tese o conceito de conhecimento é compreendido como o uso estratégico
de dados e informações que, por meio da aplicação de metodologias e tecnologias
específicas de suporte, permite as pessoas desenvolverem produtos e serviços
inovadores, que possam ser aplicados em razão de demandas da sociedade ou em
oportunidades de mercado (VAN DE BOSCH; VOLBERBA; BOER, 1999; ZAHRA;
GEORGE, 2002; FABRIZIO, 2009). Diante da compreensão do conceito de
conhecimento, torna-se importante entender os tipos de inovação.
72
2.3.1. Tipos de inovação
O desenvolvimento de novos produtos ou serviços compreende uma importante
capacidade explorada pelas empresas, tendo em vista que o ambiente que se insere é
dinâmico e muda constantemente. Muitas empresas precisam estar preparadas para reagir
por meio da inserção de novos produtos ou serviços em relação aos seus concorrentes,
trazendo o elemento novo que permita responderem efetivamente necessidades e
oportunidades do mercado (TIDD; BESSANT; PAVITT, 2008).
Deste modo, processos de inovação envolvem a exploração de oportunidades de
produtos ou serviços novos ou melhorados, baseados no avanço da técnica ou em uma
mudança na demanda do mercado, ou ainda na combinação de ambas. Na prática,
inovação pode representar, também, um processo de adequação (TIDD; BESSANT;
PAVITT, 2008).
As inovações podem ser ainda definidas como novas criações de significado
econômico, normalmente protagonizadas por firmas (ou algumas vezes indivíduos)
(EDQUIST; HOMMEN, 1999). Elas podem ser inteiramente novas, porém
frequentemente são novas combinações de elementos já existentes. Torna-se uma questão
do que é produzido pelas firmas e como é produzido. O autor também apresenta um
diagrama da taxonomia das inovações (ver Figura 12), em que tanto "como" (o processo)
quanto o "que" (o produto) são subdivididos em suas realizações tangíveis e intangíveis.
Incorporando essas duas perspectivas, a material e a intangível.
73
Figura 12: Taxonomia das inovações
Fonte: adaptado de Edquist e Hommen (1999)
A realização de atividades inovadoras proporciona uma fonte inesgotável de
vantagens competitivas (NIETO; QUEVEDO, 2005). As empresas, conscientes disto, se
esforçam para inovar, gerando o conhecimento tecnológico necessário para o
desenvolvimento de novos produtos e processos de produção ou de melhorias dos
processos já existentes.
No entanto, a intensidade desse esforço para a inovação varia de uma empresa
para outra, em que essas variações são explicadas tanto pela análise da estrutura da
indústria dentro da qual elas competem (fatores externos) quanto com base na sua
estratégia e na sua organização (fatores internos). Outro exemplo está no esforço das
empresas em inovar considerando o volume de recursos que ela utiliza no
desenvolvimento de inovação em um determinado período de tempo (Figura 13).
Em pesquisa aplicada, o conceito de esforço para inovar é geralmente
apresentado pela utilização tanto de medições absolutas (os gastos com pesquisa e
desenvolvimento – P&D, o número de funcionários que trabalham em P&D, o número
de horas entregues ao P&D) quanto de medidas relativas (gastos com P&D/volume de
vendas, gastos em P&D/número de empregados). Ou seja, todos estes fatores têm em
comum o fato de indicarem a contribuição para o processo de inovação dentro da empresa
em forma de atividades de P&D, considerando também sua capacidade absortiva voltada
à exploração e “explotação” do conhecimento (NIETO; QUEVEDO, 2005).
74
Figura 13: Modelo sobre efeitos dos esforços para inovação
Fonte: Nieto e Quevedo (2005)
Na figura, considerando as hipóteses 1 e 2 apresentadas, a existência de certas
condições relacionadas à estrutura da indústria, envolvendo oportunidades tecnológicas e
direcionados do conhecimento, podem influenciar no nível de esforço colocado para uma
empresa inovar. No entanto, de acordo com o modelo proposto, características internas
da própria empresa, representado pela sua capacidade absortiva (hipótese 3, 4 e 5), podem
também afetar a intensidade deste esforço inovador.
Outro olhar relacionado a tipos de inovação está relacionado ao que Chesbrough
(2006) chamou de inovação fechada e inovação aberta. O conceito de Inovação Aberta
ou Open Innovation foi apresentado por esse autor em 2003, criando um novo paradigma
para a gestão da inovação no século 21. A inovação aberta pode representar a atuação
estratégica da empresa em desenvolver novos produtos e serviços, ou seja, inovar por
meio da participação conjunta de outros atores e de parcerias interempresas.
Segundo Chesbrough (2006), grande parte das evoluções tecnológicas
apresentadas entre os séculos 19 e 20 surgiram no formato conhecido como “inovação
fechada”, em que muitas empresas desenvolviam suas ideias em seus centros de P&D.
(CHESBROUGH, 2006; CHESBROUGH; APPLEYARD, 2007).
Neste sentido, considera-se que a gestão da inovação no formato fechado se
estende até meados do século 20, principalmente pela ausência de envolvimento das
universidades e governos em pesquisas que tivessem aplicações comerciais ou industriais.
Nessa época, os projetos empresariais consistiam em iniciativas pelas quais as empresas
investiam internamente em novos produtos e serviços.
Contudo, para serem competitivas no mercado, com o passar do tempo, as
empresas tiverem que buscar alternativas para manter sua base de pesquisadores por
75
muitos anos, considerando que sua propriedade intelectual poderia estar protegida, e
desse modo minimizar um possível ato de espionagem industrial, trazendo nesse aspecto
o conceito de inovação aberta (CHESBROUGH, 2006; CHESBROUGH; APPLEYARD,
2007; CHIARONI; CHIESA; FRATTINI, 2011).
No modelo de inovação aberta, o contexto formado é caracterizado no jogo de
forças competitivas e por mudanças constantes no âmbito das empresas, em que o
conhecimento representa o principal ativo estratégico. Para que empresas se “abram” para
a colaboração com outros atores, torna-se necessário uma lógica de cooperação de
sinergias e de exploração de novas ideias que contribua para o processo de inovação
continuada e ativa (CHESBROUGH, 2006).
Considera-se nesta tese o conceito de inovação aberta como a proatividade
da empresa em compartilhar o conhecimento, mostrando sua disposição em
melhorar no contexto requerido por habitats de inovação, seja com atores internos
ou atores externos (CHESBROUGH, 2006; CHIARONI; CHIESA; FRATTINI, 2011).
O conceito de inovação aberta, na perspectiva para habitats de inovação, com
empresas que desejam ser globais, volta-se a processos inovadores na descoberta de
possíveis caminhos para a geração de inovação – mais aberto ou mais fechado. Para um
habitat de inovação, o desafio pode estar na formação de uma estrutura de governança
que seja capaz de orientar as empresas na definição de modelos de inovação e aumento
do potencial de competitividade para uma atuação em escala global.
Em ambientes compartilhados, é importante também destacar que os riscos das
empresas na perda de lucros ou de exclusividade de uso sobre determinadas tecnologias
podem ser minimizados, considerando, por exemplo, um modelo de inovação aberta.
Neste aspecto, o desafio está na decisão dos gestores das empresas em relação ao
nível tecnológico que se pretende buscar: se uma empresa está à frente dos concorrentes
em processos de inovação, talvez seja de seu interesse desenvolver seus produtos e
serviços por conta própria, sem parcerias; por outro lado, se ela deseja atuar num campo
que ainda não domina, poderia buscar novos parceiros. Contudo, em ambos os modelos,
é possível desenvolver estratégias específicas para empresas situadas em habitats de
inovação, verificando para isso ação da governança.
No entanto, o grau de abertura em modelos de inovação pode ainda variar em
decorrência de fatores como a importância da tecnologia, a estratégia da empresa e as
características do setor. Sendo assim, as empresas procuram se sustentar
competitivamente, utilizando estrategicamente seus recursos e verificando como
76
desenvolver novos produtos e inovar de um modo colaborativo, considerando que as
competências essenciais (BOYATZIS, 1982; PRAHALAD; HAMEL, 1990;
MCLAGAN, 1997; ZARIFIAN 2001; KIRSCHBAUM, 2005) possam ser desenvolvidas
internamente, e com isso, venha alinhar a inovação com a estratégia.
Considerando os conceitos que retratam o modelo de inovação aberta das
empresas até o momento apresentados, sua compreensão e aplicação em habitats de
inovação podem ser efetivadas com o estímulo da capacidade absortiva como propulsora
da inovação, a exemplo do que está exemplificado na Figura 13. De modo prático,
possibilitar a troca de conhecimento integrado interempresas num contexto
compartilhado, e considerar o modelo de inovação aberta, a interação entre as empresas
pode ser a chave para o desenvolvimento do habitat e formulação de uma estrutura
proativa de governança.
Considerando também a inovação incremental, Tidd, Bessant e Pavitt (2008)
apresentam como sendo a aplicação do conhecimento de modo estratégico e gerencial,
realizada a partir de uma oportunidade identificada e que poderia ser aprimorada em prol
de demandas específicas. Portanto, o êxito na gestão da inovação, independente do
modelo e formato adotado, pode estar na capacidade da empresa em utilizar efetivamente
o conhecimento já existente para atender problemáticas específicas da sociedade e do
mercado, por meio de produtos inovadores advindos da expertise organizacional.
Em outras palavras, a geração de novas ideias por meio da criação e da exploração
do conhecimento que resulte no lançamento de um produto ou serviço inovador pode
representar um aspecto-chave no processo de desenvolvimento organizacional, que
necessariamente passa pela aquisição e aplicação de novos conhecimentos de modo
cíclico e contínuo (MADHAVAN; GROVER, 1998).
Assim, torna-se importante compreender o processo de aprendizagem que está
incorporado no ambiente das organizações na formulação do conhecimento, mais
precisamente no desenvolvimento de um determinado projeto durante as várias fases de
criação de um produto ou serviço. Desta forma, a compreensão da relação entre os
resultados da estratégia organizacional e o ambiente de pesquisa e desenvolvimento fica
mais clara.
Diferentes fases do processo de desenvolvimento podem motivar diferentes tipos
de pesquisa ou de entradas de conhecimentos específicos, neste caso definidos por
Levinthal e March (1993) como sendo a busca da empresa por conhecimento tanto em
experiências passadas ou pela exploração do novo em habilidades já desenvolvidas.
77
Outro aspecto do processo de criação do conhecimento respaldado pela
aprendizagem organizacional está na formulação de alianças estratégicas para
aprendizagem colaborativa que possibilita as empresas alavancar a velocidade do
desenvolvimento de suas capacidades e minimizar as incertezas pela aquisição e
exploração dos conhecimentos desenvolvidos por outros (GRANT; BADEN-FULLER,
1995; LANE; LUBATKIN, 1998; DUSSAUGE; GARRETTE; MITCHELL, 2000).
No processo de construção do conhecimento para a geração da inovação, é
importante compreender os conceitos-chaves que denotam a busca e a aplicação do
conhecimento: exploração representa a existência de um conjunto de recursos
exploráveis, ativos ou recursos que são de controle da empresa, e “explotação”, representa
a aplicação do conhecimento explorado, tanto a partir de novos produtos ou serviços, ou
no aperfeiçoamento ou melhoria de algo já existente (ROTHAERMEL; DEEDS, 2004).
Alguns autores ressaltam ainda que o grande problema das empresas esteja em
equilibrar os recursos destinados à busca de novos conhecimentos (exploração) e àqueles
associados ao refinamento e manutenção dos conhecimentos existentes (explotação)
(MARCH, 2006; LI et al.,1996; LEE; RYU, 2002).
Sendo assim, durante o período de descoberta de algo novo, a empresa pode
desenvolver uma pesquisa exploratória envolvendo a pesquisa básica, a invenção, a
assunção de riscos e a construção de novas capacidades, com o objetivo de desenvolver
novos conhecimentos ou capacidades que ela possa “explotar”, resultando na criação de
valor (COHEN; LEVINTHAL, 1990).
Para Rothaermel e Deeds (2004), uma alternativa estratégica de exploração do
conhecimento para a geração da inovação está na inovação surgida de relacionamentos
de investigação interempresas, os quais permitam aperfeiçoar a capacidade de empresas
na descoberta, desenvolvimento e comercialização de novos produtos ou serviços.
Este tipo de relacionamento, apontado por Rothaermel e Deeds (2004), pode ser
entendido como o almejado por empresas de um determinado habitat de inovação, na
medida em que o conhecimento prévio vai além de uma motivação para efetivar uma
possível aliança. Este necessita também buscar evidências da eficácia de uma exploração
integrada de empresas, ou seja, um sistema de alianças de investigação no contexto do
desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Contudo, em seus estudos, os autores
perceberam uma tendência na inclinação de uma empresa em se retirar da aliança na
medida em que ela se desenvolve e cresce.
78
Rothaermel e Deeds (2004) salientam que a alocação de recursos e a busca de
oportunidades podem fazer com que as empresas busquem maximizar seu desempenho
no desenvolvimento de novos produtos ou serviços. Isso ocorre por meio de um equilíbrio
entre os riscos assumidos e os possíveis benefícios advindos de uma cooperação
interempresas. Contexto esse também observado em ambiente de habitats de inovação,
em que o desafio está na identificação dos reais motivos que levam empresas a cooperar,
o qual representa um relevante gap de pesquisa que também é alvo de investigação desta
tese.
Apresentado os fundamentos e conceitos-chave que caracterizam a inovação, o
olhar volta-se para a formação de um contexto que possa estimular as empresas a inovar,
no qual o potencial de inovação está na criação de um ambiente de estímulo e direcionador
do desenvolvimento organizacional, ou seja, a inovatividade.
2.3.2. Criação de um contexto para a inovação
A palavra inovatividade (do inglês inovativeness) é normalmente utilizada como
uma medida do grau de novidade de alguma inovação (GARCIA; CALANTONE, 2002).
Damanpour (1991), Hurley et al. (1998) e Garcia e Calantone (2002) definem a ela como
a capacidade ou propensão da empresa em introduzir novos processos, produtos ou ideias
na organização.
Desta forma, a inovatividade é considerada uma das principais formas de alcançar
vantagem competitiva nas empresas (HURLEY; HULT, 1998; HULT; KETCHEN, 2001;
MARTINS; TERBLANCHE, 2003; NIETO; QUEVEDO, 2005), uma vez que ela serve
como um meio de diferenciação de uma empresa para outra. Isso pode influenciar a
escolha dos clientes no momento de compra de um produto ou serviço de determinada
empresa, e ainda pode determinar o desempenho organizacional.
Portanto, a inovatividade organizacional reflete a tendência da organização em
buscar novas ideias e, consequentemente, desenvolver novos produtos e serviços
(LUMPKIN; DESS, 1996). Ou, em outras palavras, pode significar a capacidade ou a
propensão da empresa em inovar ou desenvolver novos produtos ou serviços
(DAMANPOUR, 1991; HURLEY et al, 1998; GARCIA; CALANTONE, 2002;
ANDREASSI; SBRAGIA, 2004). Esta busca pelo novo faz parte da cultura da empresa
79
e reflete sua vontade de alcançar novas oportunidades, gerando assim, a capacidade de
inovar e de gerar inovações efetivas (SUBRAMANIAN, 1996; HURLEY; HULT, 1998).
Na literatura, segundo Garcia e Calantone (2002), são encontrados poucos estudos
referentes à inovatividade organizacional e sobre formas de mensurá-la. Dentre os estudos
que abordam formas de mensurá-la destacam-se: os estudos de Deshpandé, Farley e
Webster (1993), que utilizaram uma escala de likert de cinco pontos com cinco variáveis
para medir a inovatividade da empresa; a pesquisa de Calantone et al. (2002) e o trabalho
de Tajeddini, Trueman e Larsen (2006), que estudaram o relacionamento entre
inovatividade e desempenho organizacional, orientados para o cliente, para o concorrente
e a coordenação interfuncional. Este último estudo foi realizado com pequenas e médias
empresas na Suíça, por meio de uma escala de mensuração com cinco variáveis, com foco
no comportamento das pessoas e da empresa.
O termo inovatividade também vem sendo muitas vezes confundido e utilizado
com o mesmo sentido da palavra inovação, como destacam Garcia e Calantone (2002).
Porém, estes mesmos autores vêm tentando diferenciar estes dois termos na origem de
suas palavras, pois a inovação é normalmente definida como o resultado final, ou seja,
um novo produto que foi lançado, enquanto a inovatividade é reconhecida como uma
variável que representa a orientação da empresa, pró-atividade ou inclinação para a
inovação (HURLEY; HULT, 1998; MENGUC; AUH, 2006).
De acordo com Damanpour (1991), a inovatividade pode atuar também na
diminuição do ciclo de produção, diminuindo o preço e ainda alterando o design de um
produto. Pensando na linha da teoria das capacidades dinâmicas, a inovatividade pode ser
um valor específico da empresa, uma capacidade complexa, que não pode ser facilmente
transferível ou imitável por outras empresas (HULT; KETCHEN, 2001).
Assim, para Hurley e Hult (1998) inovatividade pode ser definida como a
disposição cultural da empresa, inclinação, propensão e prontidão para ser inovadora,
testar novas ideias, deixando para trás velhos hábitos. Manguc e Auh (2006) destacam
ainda que ela se relaciona ao fato da empresa precisar ser proativa, seguindo determinadas
rotinas e processos para explorar novas oportunidades, ao invés de simplesmente
melhorar seus recursos atuais. Desta forma, segundo McDonald (2002), a inovatividade
pode ser entendida como a disposição e habilidade da empresa em adotar novas
tecnologias, processos e ideias, oferecendo assim, produtos e serviços únicos e novos
antes dos seus concorrentes.
80
Ao analisar todas estas características da inovatividade organizacional, percebe-
se o quão é intangível, complexa e difícil de ser mensurada nas organizações. Tais
características a torna mais difícil também de ser compreendida e imitada pelas empresas
concorrentes, levando assim, as empresas que a possuem, a alcançar a vantagem
competitiva sustentável (MENGUC; AUH, 2006; WERLANG; ROSSETTO; SAUSEN,
2015).
Portanto, para a construção de uma vantagem competitiva sustentável e duradoura,
as empresas precisam constantemente reorganizar seus recursos para poder desenvolver
forças competitivas que possam criar barreiras de imitação para a empresa (REED;
DEFILLIPI, 1990).
Deschpandé, Farley e Webster (1993) afirmam que uma empresa deve ser
inovativa para adquirir vantagem competitiva sustentável e, assim, sobreviver e crescer
no mercado. Esta afirmação é baseada em uma pesquisa, realizada em Shangai com
empresas que competiam entre si, na qual os autores perceberam que o sucesso estava
intimamente relacionado com a inovatividade e um alto nível de orientação para o
mercado, assim como o clima e a cultura organizacional orientados para o mercado
externo. O mesmo fato, referente à cultura organizacional é abordado por Menguc e Auh
(2006) quando explicam que a cultura organizacional captura o espírito de inovatividade
da empresa.
No tocante à disposição cultural da empresa em buscar inovação, pode-se também
analisar um conceito de criação de um contexto de criação de conhecimento, ou seja,
ambiente ba. Entende-se também nesse ambiente que o conhecimento pode surgir do
processo de interação dentre e entre as empresas no ecossistema de negócios (NONAKA;
TOYAMA; HIRATA, 2008).
O ambiente ba representa o ambiente ideal para permitir profundas relações de
negócios e a criação conjunta de conhecimento e valor, tanto dentro da organização como
entre empresas. Esse modelo poderia representar o contexto que deveria existir, por
exemplo, num parque tecnológico, de tal modo que existisse a capacidade absortiva do
próprio parque, através de sua administração e de suas próprias ferramentas de gestão,
assim como o processo de transferência de conhecimento entre as empresas do parque.
Para esta tese, a inovatividade de um habitat de inovação representa a
formação de um contexto organizacional em que empresas possam desenvolver suas
atividades e inovar em produtos e serviços de modo dinâmico para atender
demandas da sociedade e do mercado. E para criar esse ambiente de estímulo à
81
inovação, espera-se que a estrutura de governança do habitat apresente estratégias de ação
e crie estímulos que potencializem o desenvolvmento das capacidades absortivas e de
inovação de suas empresas.
De modo aplicado, muitos estudos se propuseram a analisar a capacidade de
inovação em empresas presentes em habitats de inovação. Kenney (2001) pesquisaram
também empresas do Silicon Valley e da Route 128, ambas nos Estados Unidos da
América. Estes estudos projetaram a imagem de empreendedorismo de alta tecnologia
desenfreado e atividades rápidas de capital de risco, e constataram que esses ambientes
são catalisadores das inovações mais avançadas do mundo. Na pesquisa, os autores
perceberam que estes centros de inovação podem gerar um alto grau de concorrência
interna e um grave problema de fragmentação industrial, verificando uma triste realidade
do Silicon Valley e da Rota 128, referente à possibilidade de criação de um espaço de
concorrência severa, e por vezes, devastadora.
Os resultados da pesquisa de Kenney (2001) indicam que o Silicon Valley e a
Route 128 podem ter se destacado como símbolos do sucesso econômico e tecnológico
para os americanos, como também para países emergentes da Ásia, contudo não
revigoraram ou renovaram as indústrias tradicionais.
No caso específico de Silicon Valley, ou Vale do Silício, esse habitat de
inovação permitiu a criação de empresas inovadoras e melhores estruturadas para uma
atuação tanto em nível regional como global. Considerando o ambiente no qual essas
empresas estão inseridas, como também as atividades desenvolvidas por toda uma
estrutura de governança, isso pode resultar as empresas desenvolverem sua capacidade
de inovação e potencializar a comercialização de seus produtos em larga escala.
Cook, Uranga e Etxebarria (1997), por sua vez, destacam que a capacidade de
inovar em um habitat de inovação decorre da promoção de um aprendizado interativo
entre empresas. Ou seja, se a estrutura de governança de um habitat deseja influenciar a
melhoria da capacidadede inovar das empresas, requer também pensar em ações macro
econômicasque venham facilitar e estimular o desenvolvimento organizacional e geração
de inovação.
Quando empresas buscam processos de aprendizagem locais ou regionais, em
especial empresas situadas em habitats de inovação, as políticas mais aconselháveis são
aquelas com foco no alcance regional, ou seja, a atuação conjunto do habitat com uma
gestão política voltada à inovação das empresas (COOK; URANGA; ETXEBARRIA,
1997).
82
Lofsten e Lindelof (2003) investigaram parques científicos na Suécia, e em seus
estudos compararam empresas inseridas às não inseridas nos parques, para analisar o
valor agregado que os parques científicos oferecem às Novas Empresas de Base
Tecnológica (NEBTs). Os resultados apontados pelos autores indicam o importante papel
institucional para o desenvolvimento do parque científico com foco no “valor agregado”,
recomendando a incubação para a promoção de novas empresas de base tecnológica em
parques científicos.
Por fim, Biedenbach e Muller (2012) analisaram que as capacidades de inovação
presentes nas fases iniciais de um projeto surgem a partir de um contexto em que há
trabalho solidário, baseado em objetivos claros, espaço para criatividade, criação de uma
área voltada à pesquisa e desenvolvimento e proximidade com outras empresas de áreas
similares.
Apresentados os principais conceitos que possam contribuir para o
desenvolvimento de uma capacidade de inovação, para esta tese essa capacidade
pode representar as ações comportamentais desenvolvidas e gerenciadas pelas
empresas, que potencializadas por um ambiente estimulante, possam resultar na
criação de novos produtos, serviços ou ainda na melhoria dos processos.
Contudo, em ambientes compreendidos por habitats de inovação, alguns
princípios comportamentais podem restringir as capacidades de inovação das empresas,
e, por essa razão, as empresas também serão chamadas a desenvolver suas capacidades
de adaptação para fases iniciais. Por exemplo, na condução de um projeto, relacionado à
compreensão de novos mercados e clientes potenciais, a fim de que possam ajustar de
modo antecipado futuras demandas (BIEDENBACH; MULLER, 2012).
Finalizada a apresentação das teorias que contribuem para as análises dos dados
coletados nesta tese, buscam-se conectar essas três teorias, entendendo-se que a estrutura
de governança de habitats pode representar um fator estratégico para auxiliar as empresas
na formulação de estratégias e na geração de inovação através do compartilhamento de
conhecimentos entre diferentes stakeholders.
83
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Neste capítulo serão apresentados os procedimentos metodológicos utilizados
para a investigação dos habitats de inovação, segundo o framework teórico apresentado,
destacando-se a abordagem metodológica e a estratégia de pesquisa desenvolvida para
esta tese.
Para facilitar a compreensão sobre o método aplicado no desenvolvimento da
pesquisa, o capítulo está dividido em cinco seções: abordagem da pesquisa; estudo de
multicasos; proposições e categorias de análise; método de coleta dos dados; e
procedimento de tratamento e de interpretação dos dados.
3.1. Abordagem de pesquisa qualitativa
As principais características de uma pesquisa qualitativa em organizações,
segundo Lee (1999), consistem na pesquisa de dados empíricos que derivam das
perspectivas dos participantes da investigação; na flexibilidade para aplicação,
permitindo adaptações ao contexto organizacional; e no fato de não apresentar padrões
imutáveis ou excludentes de pesquisa, métodos de observação ou análise de dados.
Sobre as características essenciais de um estudo qualitativo, Lee (1999), Bogdan
e Biklen (1998) e Godoy (1995) apresentam elementos de pesquisa que justificam essa
abordagem, são eles:
O ambiente natural como fonte direta de dados e o pesquisador como
instrumento fundamental;
O caráter descritivo, em que se busca o entendimento do fenômeno como um
todo, e todos os dados da realidade são importantes e podem ser examinados;
A busca da compreensão do fenômeno estudado a partir da perspectiva dos
participantes; e
O não início por hipóteses estabelecidas a priori, mas munido de questões
amplas, que vão se tornando mais específicas no transcorrer da investigação.
84
A pesquisa qualitativa pode representar ainda uma atividade situada que localiza
o observador no mundo, consistindo em um conjunto de práticas materiais e
interpretativas que oferecem visibilidades até então não percebidas, usando uma série de
representações, incluindo notas de campo, entrevistas, conversas, fotografias, gravações
e lembretes (DENZIN; LINCOLN, 2006). Sendo assim, nesta pesquisa foram utilizados
apontamentos de observações realizadas nos habitats investigados; entrevistas gravadas
com gestores dos habitats e empresas instaladas; e fotografias de cada ambiente.
Abordagens qualitativas são predominantemente adotadas quando: as evidências
substituem informações estatísticas; para capturar dados psicológicos; e para
compreender a complexidade e a interação de elementos relacionados aos objetos de
estudo. Sua característica reside na riqueza dos detalhes e descrições, de modo a buscar
uma melhor compreensão de um determinado objeto de estudo (MARTINS;
THEÓPHILO, 2008). Os habitats de inovação necessitaram desta abordagem por se
tratarem de ambientes complexos criados para potencializar o relacionamento entre os
stakeholders e proporcionar a geração de inovações. Portanto, compreender o papel de
cada ator para analisar a contribuição da governança na capacidade absortiva e na
capacidade de inovação das empresas, e desse modo, constatar a interação de cada
personagem pretende-se que venha facilitar a compreensão do objeto de pesquisa.
Considera-se ainda que a abordagem qualitativa seja a melhor escolha para esta
pesquisa, em razão de permitir o aprofundamento e detalhamento da investigação de um
problema em estágio de evolução conceitual. Assim, foi através da pesquisa qualitativa
que se pôde aprofundar a investigação de seu campo empírico - os habitats de inovação -
com maior possibilidade de coletar evidências que subsidiem a análise em profundidade.
No aspecto epistemológico, optou-se pela abordagem interpretativista, em que o
acesso à realidade ocorre somente através de construções sociais, como linguagem,
consciência e significados compartilhados. Nesse sentido, o olhar exploratório e
descritivo é conduzido a partir da abordagem interpretativista.
O objetivo desta proposta epistemológica está na interpretação dos significados
organizacionais dos habitats de inovação, ou seja, analisar as categorias de investigação
sob as perspectivas das pessoas que atuam nesse campo (MYERS, 1997). Nesse tipo de
abordagem, o posicionamento do pesquisador resulta na construção de pressupostos
filosóficos, que representam em linhas gerais “como” o pesquisador irá aprender e “o
que” ele irá aprender com o objeto, remetendo a dimensão epistemológica adotada
(HIRSCHHEIM, 1992).
85
Assim, o interpretativismo, nesta pesquisa, está relacionado ao mundo do ponto
de vista daqueles que o vivenciam, em que o objeto de pesquisa é compreendido como
elemento a ser construído socialmente pelos atores. Ou seja, os significados são captados
e moldados a partir dos atores da pesquisa em eventos e fenômenos complexos e de
interações sociais, nas quais a abordagem escolhida pressupõe a compreensão do mundo
pelo pesquisador na interpretação de evidências. Interpretação essa que foi construída a
partir dos significados compreendidos com base nas informações e conhecimentos
advindos dos atores em estudo (SCHWANDT, 1994).
Ao se buscar a análise profunda e detalhada das práticas de gestores e de empresas
no exercício de suas atividades em habitats de inovação, a abordagem qualitativa
interpretativista, promove a compreensão profunda das experiências de indivíduos, de
modo que todos as evidências coletadas subsidiaram a análise teórica-empírica dos temas
da governança, capacidades absortiva e de inovação.
No tocante à estratégia de pesquisa qualitativa, baseando-se nas considerações de
Yin (2015), o que difere a escolha - exploratório, descritivo ou explicativo – são as
características da questão de pesquisa, a extensão do controle do pesquisador sobre o
campo pesquisado e o grau de enfoque sobre eventos contemporâneos em oposição aos
eventos totalmente históricos. Considerando essas características, este estudo pode ser
classificado como exploratório e descritivo.
Exploratório porque busca compreender um conteúdo empírico sob a perspectiva
de um novo tema conceitual, procurando identificar evidências que iluminem novos
caminhos em futuras pesquisas. Descritivo porque visa identificar a caminhada até então
verificada pelas empresas investigadas, segundo a perspectiva teórica explorada.
No entanto, como alerta Yin (2015), mesmo tendo o esclarecimento do tipo de
estratégia, isso não significa que as fronteiras entre as três serão bem definidas. Os estudos
de caso descritivos percorrem a sequência dos fatos ao longo do tempo, descobrindo os
fenômenos chaves que permitam responder à pergunta de pesquisa. Enquanto os estudos
exploratórios partem de fundamento lógico - proposições teóricas – mas com o intuito de
guiar a pesquisa em busca de novas constatações que possam confirmar ou refutar os
pressupostos assumidos teoricamente.
No âmbito desta pesquisa, caracteriza-se como descritiva e exploratória, nos
momentos em que foram coletados dados na Espanha através da descrição do Parque
Científico Cidade Politécnica da Inovação, e entrevistas com observação foram
realizadas. No Brasil, os estudos descritivos consistem na descrição das atividades do
86
Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região – INOVAPARQ e do Centro
Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas – CELTA.
Segundo Collis e Hussey (2003), em pesquisas exploratórias se buscam obter
familiaridade e ideias a respeito do assunto investigado, avaliando quais teorias e
conceitos existentes podem ser aplicados ao problema ou se novas teorias e conceitos
necessitam ser desenvolvidos.
No tocante a pesquisa exploratória, apresenta-se três aspectos principais: o
conhecimento do objeto de estudo; a ambientação do mesmo; e o confronto da teoria com
tal objeto. Ambos os processos foram realizados no Brasil, considerando nesse sentido o
fato de que na literatura pesquisada identificaram-se lacunas que foram objeto de
investigação e exemplificadas sob a forma dos pressupostos teóricos. Ainda, o
pesquisador, ao fazer uso de uma estrutura orientadora da construção do seu projeto de
pesquisa, assume uma postura epistemológica relacionada ao objeto de pesquisa e que
oriente desde os procedimentos de coleta até a análise dos dados (CRESWELL, 2003).
3.2. Estudo de multicasos
Optou-se pelo método de estudo de multicasos, corroborando com a abordagem
interpretativista utilizada neste trabalho, que considera o entendimento do significado
dessas experiências sociais contextualizadas a partir da construção social da realidade
(BERGER; LUCKMAN, 1990). Nesta mesma direção, Yin (2015) destaca que o método
de estudo de multicasos é adequado quando o foco de pesquisa está em fenômenos
contemporâneos inseridos no contexto da vida real e quando o pesquisador detém baixo
ou nenhum nível de controle sobre os mesmos.
Na elaboração de um estudo de multicasos, o autor destaca ainda que o
pesquisador precisa ter cuidado sobre o rigor metodológico, uso dos instrumentos de
pesquisa e análise dos dados, a fim de evitar vieses de pesquisa.
No caso desta tese, compreender por meio de um estudo multicasos o como a
estrutura de governança de habitats de inovação pode contribuir para o desenvolvimento
de capacidades em empresas foi a opção adotada de método de pesquisa no tocante à
aplicação do modelo teórico em dois contextos distintos. Isto permitirá analisar a
comparação de diferentes campos empíricos em relação aos pressupostos enunciados.
87
O pesquisador, em um estudo de casos interpretativo, pode assumir dois papéis
principais: ser um observador externo (não participante) ou um observador envolvido
(participante), sendo que em ambos a subjetividade do pesquisador necessita ser auto-
observada (WALSHAM, 1995). Como observador externo, o pesquisador é visto como
alguém que não tem um interesse pessoal nas várias interpretações e resultados; e a
desvantagem é que este pesquisador não estará presente em muitas ocasiões e não terá
uma impressão direta do campo, e pode também não ter acesso a documentos por ser
alguém “de fora”. Já o observador envolvido tem o mérito de obter uma visão de alguém
“de dentro”, mas a desvantagem de ser percebido como alguém que tem um interesse
pessoal nas várias visões e atividades é o fato de poder alterar o comportamento das
pessoas envolvidas com a pesquisa.
Para esta pesquisa, o pesquisador representa um agente externo no contexto dos
habitats investigados, demonstrando não ter interesse pessoal nos resultados oriundos do
objeto de pesquisa. A seguir são apresentadas as etapas de pesquisa em seus diferentes
campos empíricos.
3.2.1. Estudo exploratório de benchmarking de habitats de inovação: Parque Científico
Cidade Politécnica da Inovação
A fim de compreender o campo empírico de habitats de inovação, foi realizado
um estudo exploratório em um habitat de inovação de referência mundial, sendo
escolhido o Parque Científico Cidade Politécnica da Inovação – CPI, localizado na
Universidade Politécnica de Valência, Valência, Espanha (ANEXO E).
A escolha deste parque ocorreu em razão de ser uma referência internacional no
tocante a habitats de inovação, estando ele associado à APTE – Associação de Parques
Científicos e Tecnológicos da Espanha, e também da IASP – International Association
of Science Parks, inserindo-o nas principais discussões sobre tendências mundiais de
habitats de inovação.
Além disso, por meio da estrutura de governança formada para ampliar a
oportunidade de jovens empreendedores para a abertura de empresas, a destacar as
atividades desenvolvidas pelo Instituto IDEAS, que pode representar uma importante
empresa da CPI voltada ao desenvolvimento de startups, o parque se destaca nas ações
88
inovadoras e construtivas de desenvolvimento empresariais e acadêmicas de estudantes e
professores da Universidade Politécnica de Valência (CPI, 2015; IDEAS, 2015).
Durante a visita à CPI, foram entrevistados gestores e empresários que fazem parte
desse habitat, destacando que o processo de investigação do parque fez parte do
doutorado sanduíche deste pesquisador, realizado entre os anos de 2013 e 2014.
Cabe destacar que além das entrevistas, o pesquisador, durante o período que ficou
na Espanha, buscou conhecer toda a estrutura física pertencente a CPI, assim como outros
habitats de inovação localizados em cidades espanholas (Parque Tecnológico da
Andaluzia, em Málaga; Distrito de Inovação de Barcelona) de modo a ampliar o
conhecimento sobre diferentes estruturas de habitats.
Além da entrevista com o gestor do parque, foram entrevistados uma empresa e
um instituto de pesquisa da CPI. Ambas as entrevistas também foram realizadas através
de questionário semi-estruturado (Apêndices 1 e 2). Na empresa ECPI1 foi entrevistado
um dos proprietários da empresa, enquanto no instituto ECPI2 a pessoa entrevistada foi
o coordenador responsável pelo recrutamento e seleção de startups.
O Quadro 4 apresenta uma síntese de todo o processo de coleta de dados na
Espanha.
Entrevistados Função Setor de atuação 1º contato 2º contato 3º contato GCPI1 Coordenador
técnico ------ Data e
horário:
novembro de
2013 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data e horário:
fevereiro de
2014. Descrição:
visita ao parque
para conhecer
os espaços,
atividades e
processos
desenvolvidos
Data e horário:
maio de 2014 Descrição:
entrevista
formal.
ECPI1 Sócio
proprietário Tecnologia para
equipamentos
visuais
Data e
horário: novembro de
2013 Descrição:
coleta de
dados
secundários
Data e horário: fevereiro de
2014. Descrição:
observação
indireta para
acompanhar
atividades e
processos do
parque
Data e horário: maio de 2014 Descrição:
Agendamento
por (telefone
ou email)
ECPI2 Coordenador
de projetos Desenvolvimento
de startups. Data e
horário: Data e horário: Data e horário:
maio de 2014
89
novembro de
2013 Descrição:
coleta de
dados
secundários
fevereiro de
2014. Descrição:
observação
indireta para
acompanhar
atividades e
processos do
parque
Descrição:
Agendamento
por (telefone
ou email)
Quadro 4: Coleta dados Espanha
Fonte: elaborado pelo autor
Cabe destacar que a pesquisa realizada na Espanha foi relevante na compreensão
do relacionamento das teorias da governança, capacidade absortiva e capacidade de
inovação. Procurou-se também a partir do estudo exploratório na Espanha verificar por
meio das práticas do habitat como essas teorias poderiam estar relacionadas considerando
o resultado inovador das empresas em produtos, serviços e processos, e também
contribuir para a construção dos instrumentos de pesquisa utilizados no Brasil.
Por fim, pode-se registrar que a pesquisa no habitat CPI contribuiu na
identificação e compreensão das categorias e indicadores utilizados nos construtos
teóricos, ajudando na formatação do modelo teórico proposto para a tese.
3.2.2. Caso 1 - Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região - INOVAPARQ
Realizaram-se pesquisas em dois habitats de inovação de destaque no cenário
nacional e de Santa Catarina, e a partir da aplicação do modelo teórico, busca-se ampliar
o conhecimento com as teorias aplicadas. Investigaram-se dois casos estratégicos de
habitats de inovação: o Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região –
INOVAPARQ e o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas –
CELTA.
O INOVAPARQ é uma instituição mantida pela Fundação Educacional da Região
de Joinville – FURJ, entidade de direito privado sem fins lucrativos, e criada pela
Resolução nº 23/09 de 19 de novembro de 2009 do Conselho de Administração da FURJ.
O INOVAPARQ está localizado na cidade de Joinville, maior cidade do Estado de Santa
Catarina, e surgiu com o objetivo de oferecer ambientes propícios para a prática da
90
inovação, demanda que tem aumentado cada vez mais no norte catarinense
(INOVAPARQ, 2015).
Como estratégia de atuação, está à busca em consolidar uma rede de cooperação
para o desenvolvimento tecnológico sustentável de Joinville e região, aproximando
academia, empresas e governo de forma a estimular e apoiar o empreendedorismo
inovador. O Quadro 5 sintetiza os entrevistados na pesquisa envolvendo gestores tanto do
habitat como das empresas.
Entrevistados Função Setor de atuação 1º contato 2º contato 3º contato GIP1 Gerente ------ Data: 8 de julho
2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
das entrevistas
Data: 10 de julho
de 2015. Descrição:
recebimento via
email de dados
secundários do
parque
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
08h01. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 47
minutos. GIP2 Gerente ------ Data: dois de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: nove de
setembro de
2015 Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
10h06. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 45
minutos. GIP3 Gerente ------ Data: dois de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: nove de
setembro de
2015 Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
15 de setembro
de 2015, às
14h15 Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 40
minutos. EIP1 Proprietário Engenharia e
biotecnologia Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
09h25. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 17
minutos.
91
EIP2 Proprietário Gerenciamento de
resíduos sólidos. Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015 Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
11h00. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos. EIP3 Proprietário Têxtil Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
13h37. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 22
minutos. EIP4 Proprietário Desenvolvimento de
programas de
computador
Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
14 de setembro
de 2015, às
14h32. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 14
minutos. EIP5 Proprietário Software de
gerenciamento
ambiental
Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
15 de setembro
de 2015, às
10h18. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos. EIP6 Proprietário Software de gestão
para pecuária Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
15 de setembro
de 2015, às
10h54. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 13
minutos. EIP7 Proprietário Software de gestão
de mensagens. Data: nove de
setembro 2015
Data: 10 de
setembro de
2015.
Data e horário:
15 de setembro
de 2015, às
15h00.
92
Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 17
minutos. EIP8 Proprietário Plataforma on-line
para recrutamento e
seleção
Data: nove de
setembro 2015 Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
17 de setembro
de 2015, às
16h30. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 10
minutos. GIP – Gestor INOVAPARQ / EIP – Empresa INOVAPARQ
Quadro 5: Lista dos entrevistados no INOVAPARQ
Fonte: elaborado pelo autor
Em relação à escolha das empresas residentes que representam o habitat
INOVAPARQ, o Quadro 6 sintetiza as principais características das empresas
investigadas.
Número de
empresas/Áreas de
atuação
Desenvolvimento
de Software
Biotecnologia e
meio ambiente
Outros
Total de 20 empresas
no INOVAPARQ
12 3 5
8 empresas investigadas 5 empresas =
EIP3, EIP4, EIP6,
EIP7 e EIP8
2 empresas = EIP1
e EIP5
1 empresa =
EIP2
Quadro 6: Total de empresas INOVAPARQ e empresas investigadas
Fonte: elaborado pelo autor
Observa-se que além do critério principal da acessibilidade e concordância das
empresas de participação na investigação, buscou-se pesquisar empresas considerando
sua representatividade a partir das áreas de atuação das empresas do INOVAPARQ.
Neste, a maioria das empresas são voltadas ao desenvolvimento de software, uma parcela
menor oferece serviços de biotecnologia e meio ambiente, e outras 5 empresas realizam
outros tipos de atividades. Sendo assim, na pesquisa busca-se atender essa
93
representatividade, conforme descrito no Quadro 6, no qual se destaca que todas as
empresas do parque trabalham com serviços intensivos em conhecimento, demandando
de mão-de-obra qualificada e de qualificação constante.
Sintetizando as empresas entrevistadas no INOVAPARQ, a empresa EIP1 é a
única que trabalha no desenvolvimento de produtos, as outras sete empresas do habitat
trabalham com desenvolvimento de softwares. Registra-se ainda que as empresas EIP6 e
EIP8 são empresas não residentes, e as demais empresas são residentes. A diferenciação
de empresas residente e de não residente na estrutura de governança do INOVAPARQ é
apresentada no capítulo 4.1 das análises. O detalhamento completado das empresas está
apresentado no Apêndice E.
3.2.3. Caso 2 – Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas - CELTA
O CELTA, por sua vez, está localizado em Florianópolis, capital do Estado de
Santa Catarina e representa um centro empresarial vinculado a Fundação CERTI. O
CELTA foi criado em 1986 e representa a primeira incubadora do Brasil, considerado
hoje uma referencial nacional e internacional no processo de incubação (CELTA, 2015).
A seguir são apresentadas informações sobre os gestores e empresários
entrevistados para esta pesquisa.
Entrevistados Função Setor de atuação 1º contato 2º contato 3º contato GC1 Gerente
CELTA ------ Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 18 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
19 de novembro
de 2015, às
10h15. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 45
minutos. GC2 Gerente
Fundação
CERTI
--------- Data: 23 de
novembro
2015. Descrição:
contato por
email para
Data: 25 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
Data e horário:
27 de novembro
de 2015, às
14h00. Descrição: visita
e entrevista
Certi. Duração
94
agendamento
da entrevista agendamento da
visita aproximada: 45
minutos. EC1 Proprietário Software de
gerenciamento de
pedidos.
Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
23 de novembro
de 2015, às
14h49. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos. EC2 Proprietário Monitoramento de
mídias sociais. Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
23 de novembro
de 2015, às
15h32. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 22
minutos. EC3 Proprietário Suporte,
manutenção e
programação
voltados à
tecnologia da
informação
Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
23 de novembro
de 2015, às
16h17. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos. EC4 Proprietário Software para
gerenciamento de
pedidos on-line
Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
25 de novembro
de 2015, às
14h50. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 10
minutos. EC5 Proprietário Pesquisa e
desenvolvimento
experimental em
ciências físicas e
naturais.
Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
25 de novembro
de 2015, às
15h10. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos.
95
EC6 Proprietário Design de produto Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
25 de novembro
de 2015, às
15h44. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 21
minutos. EC7 Proprietário Captação de
imagens,
monitoramento e
mapeamento aéreo.
Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
25 de novembro
de 2015, às
16h25. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 14
minutos. EC8 Gerente
comercial Entretenimento e
jogos digitais. Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 02 de
novembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
26 de novembro
de 2015, às
15h22. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 11
minutos. EC9 Proprietário Marketing digital. Data: 16 de
outubro de
2015. Descrição:
contato por
email para
agendamento
da entrevista.
Data: 10 de
setembro de
2015. Descrição:
recebimento via
email de
confirmação do
agendamento da
entrevista
Data e horário:
26 de novembro
de 2015, às
16h05. Descrição:
entrevista
formal. Duração
aproximada: 12
minutos. GC – Gestor CELTA/ EC – Empresa CELTA
Quadro 7: Lista dos entrevistados no CELTA
Fonte: elaborado pelo autor
Em relação à escolha das empresas residentes que representam o habitat CELTA,
o Quadro 8 sintetiza as principais características das empresas investigadas.
96
Número de
empresas/Áreas de
atuação
Desenvolvimento
de Software
Desenvolvimento
de produto
Outros
Total de 28 empresas
no CELTA
10 10 8
9 empresas
investigadas
5 empresas =
EC1, EC2, EC3,
EC4 e EC9
2 empresas = EC6
e EC7
2 empresas = EC
8 e EC9
Quadro 8: Total de empresas no CELTA e empresas investigadas
Fonte: elaborado pelo autor
Observa-se que além do critério principal da acessibilidade e concordância das
empresas de participação na investigação, buscou-se pesquisar empresas considerando
sua representatividade a partir das áreas de atuação das empresas do CELTA, em que a
grande maioria das empresas desse habitat trabalham com o desenvolvimento de software
ou com o desenvolvimento de produtos, e outras 8 empresas realizam outros tipos de
atividades, voltadas principalmente a nanotecnologia. Sendo assim, na pesquisa buscou-
se atender essa representatividade, conforme descrito no Quadro 8, em que se destaca que
todas as empresas do CELTA, independentes do tipo de serviço prestado, trabalham com
serviços intensivos em conhecimento, demandando de mão-de-obra qualificada e de
qualificação constante. O detalhamento completado das empresas está apresentado no
Apêndice E.
Por fim, registra-se que ambos os habitats de inovação investigados,
INOVAPARQ e CELTA, podem ser considerados referências nacionais e internacionais
em relação a seus ambientes de inovação e do apoio voltado ao desenvolvimento
empresarial, destacando-se, por exemplo, a associação de ambos os habitats à Associação
Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores – ANPROTEC e à
International Association of Science Parks and Areas of Innovation – IASP, entidades
essas de grande expressão nacional e internacional..
3.3. Proposições e categorias de análise
97
Diante deste contexto empírico de investigação, se identifica como problema de
pesquisa: Como a estrutura de governança de um habitat de inovação pode contribuir
para o desenvolvimento da capacidade absortiva e da capacidade de inovação de suas
empresas? Foram assumidas as seguintes proposições teóricas que norteiam o
desenvolvimento desta pesquisa:
Proposição 01: a estrutura de governança de um habitat de inovação pode
contribuir para o desenvolvimento de capacidades em empresas.
Proposição 02: A capacidade absortiva de empresas em habitats de inovação
pode contribuir na sua capacidade de inovação em produtos, serviços ou processos.
Proposição 03: As capacidades absortivas e de inovação de empresas podem ser
influenciadas pelas ações propostas pela estrutura de governança de habitats de inovação.
Sobre as categorias de análise, o quadro a seguir retrata os construtos, categorias
e indicadores utilizados na investigação teórico-empírica desta tese. Contudo, para
melhor compreender o modelo teórico relacionando a estrutura da governança de um
habitat como direcionadora do desenvolvimento de capacidade absortiva e capacidade
inovativa organizacionais, construiu-se um framework teórico sintetizado a partir da
revisão teórica (BITTENCOURT, 2001), e a partir dessa revisão, identificaram-se
construtos, categorias e indicadores que nortearam toda a coleta e análise das evidências.
Construtos Categorias Indicadores Perguntas
Governança Estrutura organizacional Modelo jurídico;
Atividades do conselho e
estrutura;
Stakeholders;
Modelo de gestão.
1 a 7
Mecanismos de
crescimento
Atores internos e externos;
Desenvolvimento de
capacidades;
Estrutura física e serviços
compartilhados.
8 e 13
Tecnologia, inovação e
networking
Relacionamento com o
mercado;
Cooperação em rede;
Tecnologias e espaços
físicos;
9 a 12 e 14 a
17
98
Financiamento e alocação
de recursos.
Sustentabilidade Econômica/Financeira;
Social;
Ambiental.
17 a 20
Oportunidades de
relacionamento
internacional
Integração com mercados
globais;
Participação e realização de
eventos;
Parcerias internacionais.
21 a 24
Capacidade
absortiva
Aquisição de
conhecimento
Eventos;
Networking interno;
Redes empresariais.
1 a 3; 9 a 12
Assimilação do
conhecimento
Realizar reuniões;
Treinamento e capacitação;
Realizar benchmarking.
4 e 5; 10 a
12
Transformação do
conhecimento
Processo de inovação;
Experiências passadas;
Tecnologias.
6 e 7; 10 a
12
Aplicação do
conhecimento
Números de clientes;
Patentes;
Reconhecimento;
Pós-venda.
8 a 12
Capacidade de
Inovação
Estímulo à inovação Custos;
Editais;
Investidores;
Pesquisa e
desenvolvimento.
3; 5 e 6
Inovatividade Oportunidades de negócios;
Ambiente adequado;
Política de participação.
1 a 2; 4; 6; 8
e 9
Desenvolvimento
tecnológico
Novas tecnologias. 5; 7
Criação Novos produtos ou
serviços;
7
Oportunidades
internacionais
Acesso a novos mercados. 10 e 11
Quadro 9: Construtos, categorias e indicadores de análise – framework teórico
Fonte: elaborado pelo autor
Cabe destacar que as categorias e indicadores do construto estrutura de
governança foram desenvolvidos a partir dos autores Robeson e O’Connor (2007),
Chiochetta (2010), Giuliani (2011) e Mattor et al. (2014), os quais foram utilizados como
base da construção do questionário semi-estruturado que foi aplicado nos habitats de
inovação brasileiros.
99
Considerando as categorias e indicadores do construto da capacidade absortiva,
esses foram baseados nos autores Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002),
Fosfori e Tribó (2008) e Flatten et al. (2011).
Quanto às categorias e indicadores do construto da capacidade de inovação
foram baseados nos seguintes autores: Lichtenthaler e Lichtenthaler (2010), CHAO et al.
(2011) e Biedenbach e Müller (2012).
3.4. Método de coleta dos dados
Em uma pesquisa, pode-se utilizar uma ou mais técnicas de coleta de dados. A
escolha das técnicas a serem utilizadas está relacionada às características da pesquisa
como, por exemplo, a qualidade esperada dos dados coletados, custos da coleta ou o
período pesquisado (STRAUB; GEFEN; BOUDREAU, 2004). As técnicas de coleta de
evidências em estudo de caso, normalmente, compreendem entrevistas, material
histórico, observação participante ou não participante e pesquisa de campo.
Considerando a escolha pelo método de estudo de caso para o desenvolvimento
da pesquisa, ele direciona para três perspectivas diferentes: (1) descrever o fenômeno; (2)
construir uma teoria; ou (3) testar relacionamento e conceitos teóricos (CAVAYE, 1996).
Yin (2015) recomenda que as evidências de um estudo de casos interpretativo
provenham de múltiplas fontes: documentos; registros arquivados; entrevistas;
observação direta ou observação participativa; e artefatos físicos. Contudo, a entrevista,
segundo esse autor, é a técnica de coleta de dados mais importante, tanto no caso de um
observador externo como no caso de um envolvido. Para Walsham (1995) a questão chave
para todos os entrevistadores é procurar equilibrar uma postura entre a passividade
exagerada e o direcionamento excessivo.
Nesta tese utilizaram-se documentos secundários, entrevistas e observação direta
em que a fonte principal de coleta de dados foram as entrevistas com os gestores dos
parques e gestores de empresas residentes.
Para identificação das categorias e indicadores utilizados de cada um dos três
construtos na coleta e análise dos dados (Quadro 9), além das informações coletadas no
habitat CPI, da Espanha, que ajudou na compreesão do campo empírico e no
100
relacionamento da teoria com a prática, foram utilizados autores e bibliografias seminais
para o levantamento dessas informações
Primeiramente, considerando o construto da estrutura de governança, foram
utilizados as referências de Robeson e O’Connor (2007), Chiochetta (2010), Giuliani
(2011) e Mattor et al. (2014).
Para o construto da capacidade absortiva, foram utilizados os seguintes autores
seminais: Cohen e Levinthal (1990), Zahra e George (2002), e Lichtenthaler e
Lichtenthaler (2010), CHAO et al. (2011) e Flatten et al. (2011). E na capacidade de
inovação, foram utilizados os autores Biedenbach e Müller (2012) e Fosfori e Tribó
(2008).
Cabe registrar que todas as perguntas foram elaboradas no tocante à
compreensão do como as ações de governança do habitat poderiam influenciar no
desenvolvimento das capacidades absortivas e de inovação de empresas residentes,
buscando-se entender, por exemplo, quais os estímulos por parte dos gestores dos habitats
impactam no desenvolvimento das capacidades das empresas.
3.5. Procedimento de tratamento e de interpretação dos dados
Os processos de interpretação e de tratamento dos dados envolvem extrair
significado de textos e imagens do campo empírico. Isso requer que os dados sejam
preparados para análise, possibilitando o aprofundamento no entendimento de evidências
e interpretações abrangente de seus significados. Para tanto podem ser utilizadas
diferentes abordagens para identificar, analisar e interpretar as evidências coletadas
(MYERS, 1997).
Portanto, todos os dados primários coletados (entrevistas, anotações e
observações) e os secundários (documentos oficiais, atas, regimentos internos, e outros)
foram categorizados a partir dos construtos, categorias de análises e indicadores
apresentados no Quadro 9, de modo a estruturar a etapa seguinte referente ao uso do
Software Nvivo.
Referente ao tratamento dos dados, optou-se pela utilização do Software NVivo,
o que demandou por parte do pesquisador um envolvimento amplo com os dados
101
coletados, potencializando os resultados da pesquisa no que tange ao alcance e a
profundidade das análises.
O NVivo representa um software para o apoio de pesquisas qualitativas ou de
métodos mistos. Seu desenvolvimento considerou os processos de coleta, organização e
de análise do conteúdo de entrevistas, discussões de grupos de foco, questionários, áudios,
vídeos, páginas da internet e artigos de periódicos científicos (QSRINTERNATIONAL,
2015).
O software auxiliou o pesquisador a descobrir conexões entre as categorias
investigadas e a justificar rigorosamente os resultados encontrados. Com o NVivo, pôde-
se avaliar os dados usando funções de busca e de visualização, facilitando na extração de
resultados, conclusões e de modelos exportados do software, sendo apresentados no
capítulo das análises dos resultados.
No processo de codificação dos dados, o uso do NVivo contribuiu na identificação
dos nós, os quais foram agrupados nas categorias de pesquisa brevemente identificadas.
Para esta pesquisa, os nós ajudaram a buscar por padrões e ideias emergentes contidas
nos dados coletados, os quais foram estruturados e apresentados no capítulo de análises.
Referente aos dados primários coletados de gravações realizadas dos entrevistados
foi necessário a transcrição de todas as entrevistas, em que num segundo momento, foram
tabuladas dentro das categorias de análise definidas a partir da teoria de base utilizada na
tese, e posteriormente inseridas no Nvivo, realizando-se os cruzamentos das informações
e identificando-se os nós.
Referente à interpretação dos dados, foi utilizada a técnica de análise de conteúdo
(BARDIN, 2006), que consiste em um conjunto de técnicas de análise das comunicações
por meio de procedimentos sistemáticos para a descrição do conteúdo das mensagens.
Sendo assim, buscou-se com a análise de conteúdo a inferência de conhecimentos
relativos aos dados coletados que procurou ultrapassar as incertezas do contexto e
enriquecer a leitura.
Flick (2009) afirma também que a análise de conteúdo pode representar a análise
do material textual de modo a não importar sua origem. Contudo, o autor destaque que
na maioria dos casos os dados são originados de notas de campo, diário de pesquisa, fichas
de documentação ou transcrição de entrevistas. Ademais, o material também pode ser
documentado por meio de fotos, filmes ou áudios, e todas as formas de documentação
têm relevância no processo de pesquisa, em que o pesquisador busca uma adequada
análise do objeto de estudo.
102
A partir do uso do software Nvivo, foi realizado todo o processo de codificação e
de análise léxica dos dados, o que facilitou o processo de análise do conteúdo extraído
das entrevistas, sendo que cada informação coletada foi tabulada considerando os
construtos e categorias elaboradas a partir do framework teórico da tese, e que está
retratada a seguir.
Figura 14: Relacionamento dos construtos teóricos
Fonte: dados da pesquisa a partir do software Nvivo
Na imagem, são apresentados os três construtos com suas respectivas categorias,
a exemplo do que já foi apresentado no Quadro 9.
Apresentada a metodologia adotada na tese, na próxima seção são apresentados
os principais resultados e análises elaboradas a partir dos dados primários e secundários
coletados para o desenvolvimento da tese.
103
4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
Nesta seção serão apresentadas as principais análises desenvolvidas a partir da
coleta dos dados primários e secundários decorrentes das entrevistas e materiais
relacionados com os dois casos analisados: INOVAPARQ e CELTA.
No tópico 4.1 serão apresentadas as características-chave que exemplificam a
estrutura de governança dos dois habitats de inovação investigados. No tópico 4.2 são
identificadas ações endógenas e exógenas que ajudam a entender o papel de cada habitat
investigado para processo de inovação das empresas.
No tópico 4.3 são detalhadas características decorrentes do processo de
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação das empresas presentes em
cada habitat. Por fim, no último tópico 4.4 é apresentada a proposta de um modelo de
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação das empresas na perspectiva
da estrutura de governança para cada habitat.
4.1. Estrutura de governança dos habitats de inovação
Nesta seção serão apresentadas informações e referências que caracterizam a
estrutura de governança dos habitats de inovação INOVAPARQ e CELTA.
O conteúdo apresentado nesta seção foi organizado a partir dos dados secundários
de cada habitat analisado, como também das entrevistas realizadas com os gestores. A
partir das análises da estrutura de governança identificada em cada caso investigado,
pôde-se compreender cada ambiente de pesquisa e prosseguir com as análises
subsequentes referentes às ações de governança, e o desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação das empresas estudadas.
104
4.1.1. INOVAPARQ: caracterização do objeto de estudo
O Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região - INOVAPARQ
representa um importante habitat de inovação localizado na cidade de Joinville, no Estado
de Santa Catarina. Foi criado com o propósito de desenvolver tecnologia, economia e
aspectos sociais da região norte catarinense por meio da estruturação e gestão de um
ambiente que potencializasse as atividades de pesquisa científica e tecnológica, a
transferência de tecnologia e a introdução de inovação nos ambientes produtivo e social.
Objetivando também o favorecimento da criação e a consolidação de empreendimentos
que auxiliem no desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e processos
(INOVAPARQ, 2015).
Conforme apresentado em seu Estatuto (ANEXO 1), o INOVAPARQ é uma
instituição mantida pela Fundação Educacional da Região de Joinville – FURJ, entidade
de direito privado sem fins lucrativos e criada pela Resolução nº 23/09 de 19 de novembro
de 2009 do Conselho de Administração da FURJ.
Para cumprir com seus propósitos, o INOVAPARQ é composto por três órgãos
administrativos, conforme está descrito no seu estatuto: I) Comitê Gestor; II) Diretoria
Executiva; III) Conselho Consultivo.
O Comitê Gestor é composto por 1 (um) representante da FURJ, 1 (um)
representante de cada entidade cogestora (UFSC, UDESC e UNIVILLE), pelo Diretor
Executivo e pelos 3 (três) Gerentes do INOVAPARQ. Cabe destacar que o Comitê Gestor
realiza reuniões ordinárias uma vez por mês e, extraordinariamente, quando convocado
pelo diretor executivo.
Por sua vez, a Diretoria Executiva do habitat é composta por: I) Diretor executivo;
II) Gerente Administrativo; III) Gerente Técnico-científico; VI) Gerente da Incubadora
de Base Tecnológica – IBT. O diretor e os 3 (três) gerentes representam na prática os
principais atores da gestão e condução diária desse habitat.
Por fim, o Conselho Consultivo é formado pelo Presidente da FURJ; 1 (um)
representante de cada Entidade cogestora; Diretor e Gerentes do INOVAPARQ; 1 (um)
representante das empresas instaladas no INOVAPARQ; e 1 (um) representante das
empresas incubadas na IBT-INOVAPARQ. Os Membros Externos representam pessoas,
em número máximo de 5 (cinco), convidados pelo Presidente da FURJ em função de sua
expressão nas áreas acadêmica, científica, empresarial, política, econômica e/ou social.
105
Registra-se ainda, que o Conselho Consultivo se reúne ordinariamente uma vez a cada
seis meses e, extraordinariamente, quando convocado pelo seu Presidente.
Ademais, referente à pesquisa da governança, foram entrevistados todos os
membros do Comitê Gestor, no qual fazem parte também os membros da Diretoria
Executiva, totalizando 8 (oito) pessoas entrevistadas. O tempo de entrevista com cada
representante foi de aproximadamente 1 (uma) hora.
Dentre as atividades planejadas pelo comitê gestor do INOVAPARQ, previstas no
estatuto, pode-se destacar aquelas voltadas ao desenvolvimento e à inovação das
empresas, como também do sistema como um todo:
Incentivar e cultivar o empreendedorismo inovador;
Promover condições favoráveis à atração de recursos humanos qualificados;
Estabelecer ou contribuir para as cooperações e parcerias entre instituições
de ensino e pesquisa, empresas, órgãos do governo, agências e organismos
nacionais e internacionais;
Apoiar e permitir o funcionamento, em suas instalações ou fora delas, de
empreendimentos voltados à pesquisa e desenvolvimento de produtos,
processos e/ou serviços com potencial de inovação; e
Buscar a sustentabilidade ambiental em suas atividades e estimular o uso
racional dos recursos naturais e de tecnologias limpas nos empreendimentos
nele instalados.
Percebe-se a partir destas ações que, de alguma forma, podem estar relacionadas
às atividades que compreendem funções de um habitat de inovação, a exemplo do que os
teóricos abordam na literatura. Por exemplo, conforme retrata Groenewegen (2004), a
governança está relacionada à criação de mecanismos voltados ao controle dos recursos
das empresas a partir do gerenciamento dos interesses dos principais stakeholders,
considerando os recursos aplicados e retornos desejados.
No caso específico do INOVAPARQ, estes mecanismos são constatados nas
ações referentes ao estímulo e ao controle das atividades de suas empresas considerando,
principalmente, o apoio à inovação e iniciativas voltadas à promoção de relacionamentos
internos e externos na gestão desse habitat.
Veiga (2006) salienta que o processo de governança é resultado de um diálogo
constante e eficaz entre o poder público e a sociedade civil para criar espaços
institucionais de descentralização de políticas, interferindo na formação de gestores que
106
irão às empresas. No caso do INOVAPARQ, verifica-se essa percepção por meio da
composição de sua estrutura de governança e das ações planejadas no interesse de formar
parcerias e relacionamentos entre diferentes atores: poder público, associações de classe,
sociedade e empresas. Dessa forma esses stakeholders podem dialogar e trabalhar em
conjunto nas ações desenvolvidas, assim como, nos produtos e serviços desenvolvidos
pelas empresas.
Dentre os principais parceiros do INOVAPARQ, pode-se destacar o Perini
Business Park, que atualmente representa o maior condomínio multissetorial do Brasil,
abrigando dezenas de empresas nacionais e multinacionais de pequeno, médio e grande
porte, incluindo várias líderes mundiais (INOVAPARQ, 2015). O espaço físico do
condomínio tem mais de 2,8 milhões de metros quadrados e está localizado no distrito
industrial de Joinville, o qual, futuramente, pode abrigar também empresas do próprio
INOVAPARQ.
Esta parceria, na perspectiva dos gestores do INOVAPARQ, pode agregar valor
tanto às empresas do Perini quanto do próprio habitat, em razão de proporcionar o contato
direto com a pesquisa e sua aplicação e gerar diferenciais competitivos a todos. Segundo
relatado pelos próprios entrevistados (GIP1 e GIP2), a parceria com o Perini está
relacionada com a contribuição ganha através de pesquisas e estudos desenvolvidos por
profissionais do INOVAPARQ, que contribuem para o processo de inovação e o
desenvolvimento de melhores produtos e serviços das empresas instaladas no Perini.
Considerando que o objetivo principal deste condomínio é oferecer espaço físico,
com o apoio do INOVAPARQ poder-se-ia também oferecer ajuda na geração de ideias
voltadas à inovação para todas as empresas instaladas, considerando-se, por exemplo, o
INOVAPARQ como o “cérebro” das empresas do Perini.
Outros dois importantes parceiros do INOVAPARQ são a ANPROTEC e ANPEI.
A Associação Nacional de Entidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores –
ANPROTEC, que atualmente pode ser considerada a principal entidade de estudos e
pesquisas voltadas para habitats de inovação no Brasil; e a Associação Nacional de
Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia das Empresas Inovadoras – ANPEI, entidade
também criada para estudar ações voltadas ao desenvolvimento de empresas inovadoras.
Algumas empresas incubadas são residentes do espaço físico do INOVAPARQ e
outras são não-residentes. Mesmo as não-residentes recebem os mesmos serviços de
incubação, as mesmas orientações, cursos e outros tipos de ajuda a partir de um valor
cobrado mensalmente. Há, ainda, outra modalidade de empresa que o parque atende: as
107
empresas instaladas no espaço físico, mas não-incubadas. Encontram-se 20 empresas
nessa última modalidade e 17 empresas incubadas. Independente da modalidade o auxílio
dado pelo parque é similar a todas as empresas.
Para entrar no INOVAPARQ, todas as empresas precisam apresentar projetos e
concorrer aos editais de incubação. Portanto, as empresas precisam ser inovadoras e/ou
de base tecnológica no ato da inscrição e contar, em seu quadro pessoal, com profissional
de qualificação técnica que será o responsável no desenvolvimento do que foi proposto
no projeto apresentado. Os editais são apresentados periodicamente no site do habitat,
considerando espaços físicos disponíveis para alocar novas empresas (INOVAPARQ,
2015).
Importante citar que 13 cidades catarinenses irão receber apoio do Governo do
Estado de SC para a construção de Centros de Inovação para apoiar o empreendedorismo
e inovação, sendo Joinville uma das cidades escolhidas e, dessa forma, o INOVAPARQ
certamente poderá ter função estratégica no desenvolvimento desse centro e contribuir
para a gestão e a formação da estrutura de governança, devendo participar de todo o
processo.
A partir do que pode ser visto como elementos-chave da governança do
INOVAPARQ apresenta-se uma proposta referente à percepção dos elementos que
podem retratar a estrutura de governança desse habitat.
108
Figura 15: Fatores críticos de sucesso da estrutura de governança do INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Sobre a Figura 15, os elementos apresentados podem representar o olhar de
pesquisa que irá orientar todo o processo de investigação científica relativo ao
INOVAPARQ.
Inicialmente, se considera que o elemento “empresas de base tecnológica”
representa o perfil principal das empresas que estão instaladas neste habitat, empresas
estas que representam o tipo de empresa mais encontrada e incubada, parque científicos
e tecnológicos. A segunda característica notada a partir das entrevistas e dados
secundários foram as “parcerias e stakeholders” do INOVAPARQ com diferentes
relacionamentos, fator esse decisivo para o desenvolvimento e efetividade do habitat
como ambiente de referência em sua região, conforme também pode ser constatado na
literatura.
O terceiro elemento constatado foram as “metodologias e tecnologias” utilizadas
no desenvolvimento e qualificação das empresas, a destacar a metodologia CERNE,
criada pela CELTA/Fundação CERTI, que ajuda na avaliação de empresas incubadas.
O quarto elemento representa a “proatividade dos gestores” do INOVAPARQ,
fator esse indicado por várias empresas nas entrevistas e diz respeito a constante busca de
109
interação e de transferência de informações e conhecimento dos gestores para com as
empresas do habitat.
O quinto e último elemento constatado, “ambiente gerador de ideias”, que se busca
construir no INOVAPARQ, em que no entorno desse habitat estão sendo construídas
áreas de lazer, jardim botânico, áreas verdes e outros espaços físicos que possam motivar
a geração de ideias por parte das empresas.
Cabe destacar sobre a Figura 15 as características apresentadas como relacionadas
à estrutura de governança do INOVAPARQ, a elencar: as parcerias, gestores proativos e
empresas inovadoras, que são elementos evidenciados durantes as entrevistas e dados
secundários. Todos esses elementos podem contribuir para o desenvolvimento desse
habitat. A seguir, serão apresentadas informações que caracterizam a estrutura de
governança do CELTA.
4.1.2. CELTA: caracterização do objeto de estudo
A CERTI – Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras – foi
criada em 31 de outubro de 1984, em Florianópolis, capital do Estado de Santa Catarina.
Originou-se das atividades do LABMETRO – Laboratório de Metrologia do
Departamento de Engenharia Mecânica da UFSC – Universidade Federal de Santa
Catarina.
Além da própria UFSC, participaram da constituição da CERTI, como Entidades
Membro, empresas privadas e públicas e órgãos dos governos federais e estaduais. A
CERTI é administrada por uma Superintendência e por Conselhos (Ver Figura 16, a
seguir).
110
Figura 16: Organograma Fundação CERTI
Fonte: CERTI (2015)
Sendo assim, cabe destacar que como instituição de Ciência, Tecnologia e
Inovação, a CERTI nasceu direcionada para a pesquisa tecnológica aplicada, num
contexto em que o Brasil demandava saltos de qualidade e desenvolvimento de know-
how próprio e inovador, especialmente no campo da informática e das tecnologias de
ponta, incluindo particularmente a automação industrial.
Pensando nisto, a CERTI busca executar suas atividades em locais que
compreende como ambientes ou habitats de inovação, que representam espaços propícios
ao desenvolvimento contínuo de inovações. Os ambientes de inovação constituem
111
espaços de aprendizagem coletiva, intercâmbio de conhecimentos e práticas produtivas,
de interação entre os diversos agentes de inovação: empresas inovadoras, instituições de
pesquisa e agentes governamentais (CERTI, 2015). Incubadoras de empresas, parques
tecnológicos, arranjos produtivos locais (APLs), clusters industriais e empresariais,
consórcios são alguns exemplos usuais de ambientes ou habitats de inovação estudados
pela Fundação.
Assim, a Fundação CERTI, em 1986, criou a 1ª incubadora de empresas de
tecnologia do Brasil, o Centro Empresarial para Laboração de Tecnologias Inovadoras –
CELTA, na época denominada Incubadora Empresarial Tecnológica - IET. Essa
incubadora, pioneira no Brasil, busca desde seu início oferecer suporte a
empreendimentos de base tecnológica, estimulando e apoiando a criação de novas
empresas. Em dados gerais, mantém cerca de 36 empresas de base tecnológica que geram
cerca de 800 empregos diretos e o faturamento anual das incubadas alcança
aproximadamente R$ 70 milhões (CELTA, 2015).
Cabe destacar que o CELTA já colocou no mercado mais de 80 empresas que
juntas faturam mais de R$ 6 Bilhões (CELTA, 2015). Pode-se considerar ainda que o
grande sucesso do CELTA possa estar diretamente relacionado a um modelo de
gerenciamento que envolve as principais representações da sociedade, tendo como
destaque a Prefeitura Municipal de Florianópolis, Governo do Estado, Universidade
Federal de Santa Catarina e as entidades de classe do meio empresarial.
Resgatando a teoria, em que se percebe para um modelo de governança de um
determinado habitat de inovação a necessidade de um olhar voltado ao relacionamento
interno e externo para buscar desenvolvimento e inovação empresarial (CRUBELLATE,
2007; WERLE, 2011; PIPAN; GOMISCEK; MAYER, 2012; ADEGBITE, 2015). No
caso específico do CELTA isso pode ocorrer na procura em tentar gerenciar e dialogar
com diferentes atores da governança de modo que possa, a partir do diálogo, apresentar
ações construtivas voltadas à inovação de empresas incubadas.
Cabe destacar também que os números do CELTA o colocam numa posição
privilegiada, sendo considerada a maior incubadora da América Latina, em número de
empresas incubadas e em tamanho – são mais de 10.500 metros quadrados de espaço
físico disponível para as empresas (CELTA, 2015).
Registra-se que o modelo de incubadora utilizado também foi referência para
implantação de outras incubadoras no México, Argentina e Venezuela, além de várias em
todo o Brasil. Também foi a primeira a receber o prêmio de melhor incubadora do ano,
112
em 1997, conferido pela ANPROTEC (Associação Nacional de Entidades Promotoras de
Empreendimentos de Tecnologias Avançadas). Já em 2001, foi escolhida novamente pela
ANPROTEC como núcleo de referência em capital de risco, juntamente com a incubadora
da PUC do Rio de Janeiro (CELTA, 2015).
Este habitat ainda lançou um sistema de acompanhamento e de avaliação das
empresas baseado em Inteligência Competitiva e Gestão do Conhecimento. De qualquer
lugar do mundo o empresário pode acessar o site do CELTA e solicitar ou acompanhar a
sua avaliação e pode obter informações do mercado, concorrentes, clientes, produtos e
tecnologias, o que torna o sistema uma importante ferramenta no processo de tomada de
decisão das empresas incubadas.
Estas atividades desenvolvidas no CELTA ratificam o que Graham et al. (2003)
entendem como ações estratégicas de um modelo de governança organizacional, pois para
esses atores é necessário que gestores responsáveis pela governança desenvolvam
atividades voltadas ao desenvolvimento e inovação empresarial, fato esse verificado no
CELTA.
Markman et al. (2009) apresenta também um modelo de governança similar, que
para o autor poder estar pautado na identificação de interesses e incentivos voltados ao
gerenciamento de processo de transferência da tecnologia tanto pelos gestores dos
habitats como pelos empreendedores desse ambiente. Ações essas, que no caso específico
do CELTA, perfazem a busca do relacionamento dos gestores do CELTA com as
empresas existentes por meio de tecnologias desenvolvidas.
Outra informação importante é que em 2006 o CELTA ganhou o Prêmio Nacional
de Empreendedorismo Inovador, na categoria Programa de Incubação de
Empreendimentos Inovadores orientados para o Desenvolvimento de Produtos Intensivo
em Tecnologia (PTI), promovido pela ANPROTEC. O prêmio celebra a importância do
caráter inovador do empreendedorismo brasileiro e reconhece os esforços e conquistas da
inovação tecnológica e social do movimento de incubadoras e parques tecnológicos do
país (CELTA, 2015).
No tocante as atividades de destaque do CELTA, estas estão desdobradas em
quatro categorias de serviços. A primeira diz respeito aos serviços de suporte à incubação
no dia a dia, que envolvem as atividades de impacto direto e imediato às empresas
incubadas cotidianamente. Já os serviços especiais estão relacionados às atividades que
possuem impacto indireto ou não imediato às empresas incubadas e que estão
relacionados, principalmente, com P&D e parcerias institucionais.
113
Outro serviço é o de monitoração, análise e repasse de tecnologias e nesse se
enquadram as atividades relacionadas com a intermediação de negócios tecnológicos
entre as empresas incubadas e outras empresas, dentro de um enfoque de gestão da
inovação tecnológica. O quarto (e último) se refere ao serviço de seleção,
acompanhamento e avaliação de novos empreendimentos, que constitui todo o processo
de geração de competências e instrumentos que permitem uma análise mais precisa do
potencial de sucesso e risco dos empreendimentos de base tecnológica.
Cabe destacar que os serviços oferecidos pelo CELTA também estão descritos no
seu Regimento Interno, que é entregue a todas as empresas que são incubadas. Além
dessas informações, seu Regimento Interno, que está dividido em 17 capítulos, orienta as
empresas sobre os serviços oferecidos no habitat e como se comportar nesse ambiente,
informando, por exemplo: sobre a segurança; horários de carga e descarga e reformas;
garagens; corredores; indenizações sobre danos causados; anúncios e letreiros; animais;
internet; utilização da infraestrutura; deveres e proibições dos usuários e convidados;
reserva de equipamentos; tabela de preços da infraestrutura; e penalidades e multas.
Com o CELTA, a Fundação CERTI busca incentivar o empreendedorismo
inovador a partir de ações e programas focados na identificação e consolidação de
alternativas de suporte a ideias e projetos potenciais de geração de empreendimentos
inovadores. Sendo assim, são planejadas e executadas atividades voltadas ao
desenvolvimento de processos de gestão da inovação customizados às necessidades de
cada empresa, em que são aplicados métodos e ferramentas como: carteira de projetos,
mapa de parceiros, análise de viabilidade, sistema de indicadores, gestão de parcerias,
captação de recursos e gestão de projetos de inovação.
Em relação às atividades desenvolvidas pela Fundação CERTI, entidade gestora
do CELTA, nas primeiras duas décadas de existência vem expandindo sua atuação para
outras vertentes de atividade tecnológica, se tornando referência em âmbito nacional e
internacional por seus projetos, serviços e empreendimentos de vanguarda.
Atualmente a Fundação CERTI é composta por 8 (oito) centros de referência, um
deles o CELTA, que atua com foco em competências geradoras de soluções tecnológicas
inovadoras para a sociedade e o mercado brasileiro. Segue a lista dos 8 (oito) Centros de
Referência em Tecnologias Inovadoras – CRITs: Centro de Convergência Digital- CCD;
Centro de Mecatrônica- CME; Centro de Metrologia e Instrumentação- CMI; Centro de
Produção Cooperada- CPC; Centro de Empreendedorismo Inovador- CEI -; Centro
114
Empresarial para Laboração de Tecnologias Avançadas- CELTA; Centro de Economia
Verde- CEV; Centro de Energia Sustentável- CES.
A Fundação CERTI criou uma sistemática própria de desenvolvimento de
soluções em constante evolução, que foi pensada a partir de uma metodologia do
Massachusetts Institute of Technology – MIT, nos Estados Unidos, para gestão de
projetos de inovação (Figura 17).
Figura 17: Metodologia utilizada para o desenvolvimento de soluções
Fonte: CERTI (2015)
A partir da Figura 17 acima, compreende-se que o desenvolvimento de um projeto
fim a fim está desde a percepção de uma oportunidade com a realização de análise
estratégica de negócios, até a validação final da solução, após o desenvolvimento do
produto, implantação de pilotos ou do projeto de fábrica e transferência tecnológica.
Assim, unindo ao longo de todas as etapas, o negócio e a tecnologia como integrantes do
processo de inovação. Entre cada uma das fases, foram definidos ainda estágios para a
análise crítica e tomada de decisão (stage gates), reduzindo os riscos do processo de
inovação.
A CERTI se utiliza também de uma estrutura multidisciplinar e especializada em
diversas áreas tecnológicas - como desenvolvimento de mecânica, eletrônica, sistemas,
aplicativos, software embarcado, integração de sistemas e dispositivos, manufatura
avançada e produção piloto para análise da produção - para oferecer ao cliente soluções
completas.
A inovação em processos tem também um papel estratégico nos serviços
oferecidos, a partir do momento que busca elevar o nível de competitividade de uma
empresa. Seja pela adoção de métodos de produção novos, seja pela significativa
115
melhoria, que possibilite gerar produtos e serviços com relevante diferenciação em custo,
agilidade, produtividade, qualidade ou aumento da vida produtiva de equipamentos e
processos, proporcionando um diferencial competitivo no mercado (CERTI, 2015).
A CERTI, com sua experiência em gestão e operação de fábrica de produtos
eletrônicos, em gestão da qualidade e vários projetos de planejamento de parques fabris,
já executados no Brasil e exterior, é qualificada para executar projetos de
desenvolvimento/otimização de processos produtivos: desenvolvimento e transferência
de novos processos e know-how; soluções para rastreabilidade industrial e lean
manufacturing; sistemas para gestão da informação do chão de fábrica; EcoDesign e
logística reversa; ou estudo da cadeia pós-consumo para resíduos industriais. Ao longo
de seus 30 anos na prestação de serviços, a Fundação CERTI vem contribuindo com o
desenvolvimento tecnológico da indústria brasileira, atuando com qualidade,
imparcialidade e confiabilidade atestadas por avaliadores externos e clientes.
Os laboratórios da Fundação CERTI oferecem também uma ampla infraestrutura
para realização de medições e calibrações na área dimensional e geométrica. Sua versátil
configuração apresenta condições para medições das mais diversas, desde micro
geometrias, superfícies livres e complexas, medições sem contato – tudo isto com baixa
incerteza e capacidade para medição em campo. Cabe destacar que os laboratórios do
CERTI, segundo informados pelo entrevistado GC1, estão disponíveis gratuitamente para
uso das empresas incubadas no CELTA.
Destaca-se que um dos grandes diferenciais do CERTI é a forte orientação para o
mercado e a geração de negócios para os seus clientes. Para isso, mantém uma equipe
com formação multidisciplinar, que atua na fronteira entre as áreas de tecnologia e de
negócios, realizando estudos e análises de mercado, produtos e novas tecnologias para
subsidiar o desenvolvimento de estratégias empresariais e o suporte à tomada de decisão.
Para isso, esse habitat utiliza uma metodologia própria em constante evolução.
Além de adotar referências globais, através de sua rede de relacionamentos e parcerias
com centros de pesquisa e empresas ao redor do mundo, atua em projetos que envolvem:
mapeamento de ambiente; análise de tendências tecnológicas e mercadológicas;
desenvolvimento de roadmaps de tecnologia, produto e mercado; análise da cadeia de
valor, clientes e concorrentes; análise de aspectos regulatórios e riscos; identificação,
geração de oportunidades e análise de valor; construção de cenários e avaliação de
contextos de uso; modelos de negócios e viabilidade econômica; e estratégias de entrada
em novos negócios.
116
Para a CERTI, o processo de internacionalização de empresas representa também
um elemento estratégico para o desenvolvimento empresarial. Esse processo é
compreendido como sendo a inserção planejada da empresa no mercado externo,
percorrendo estágios que compreendem desde a exportação, até o investimento direto.
Sendo assim, para que seja ampliada a chance de sucesso no mercado internacional, faz-
se necessário estabelecer um plano de internacionalização que contemple desde a
pesquisa de mercado, até a estruturação da empresa, sendo essas ações, serviços também
oferecidos pela CERTI.
Por fim, os Cursos da Fundação CERTI possuem altos índices de satisfação, com
instrutores qualificados internacionalmente. Com mais de 30 anos de atuação e mais de
25 mil pessoas já treinadas, a CERTI mantém sua tradição e reconhecimento na formação
de competência através de cursos customizados, demandado por algum projeto ou para
transferência de conhecimento a públicos específicos.
Neste aspecto, o destaque está no programa Sinapse da Inovação, que visa formar
e incrementar o empreendedorismo inovador junto a pesquisadores, estudantes,
professores e outros profissionais, com a oportunidade de gerar uma nova empresa.
A metodologia da Sinapse da Inovação, programa que visa oferecer cursos para
formação e desenvolvimento do empreendedorismo inovador, foi criada pela Fundação
CERTI e é, segundo avaliação de especialistas, uma das melhores iniciativas surgidas nos
últimos anos. Sua eficácia é atestada, desde a prospecção de novas ideias consistentes e
oportunidades de negócio, até sua transformação em inovações, gerando novas empresas
ou tecnologias que podem ser transferidas a empresas existentes (CERTI, 2015).
O Sinapse da Inovação é aplicável, prioritariamente, nas universidades e centros
de pesquisas de modo, a aproveitar as potencialidades ofertadas pela produção científica
e tecnológica destas instituições, sugerindo aos pesquisadores, estudantes, professores e
outros profissionais, a oportunidade de gerar uma empresa (spin off) ou transferir estas
novas tecnologias a empresas já existentes, alinhado com o que foi concebido pela Lei da
Inovação (CERTI, 2015).
A metodologia é baseada em ferramentas interativas que permitem não somente
identificar e captar ideias consistentes, mas também oferecem uma vasta gama de
orientações para o processo de concretização dos empreendimentos e da formação de uma
cultura de inovação. Esta metodologia já foi testada em duas operações em Santa Catarina
e os resultados superaram as expectativas.
117
A CERTI tem também por fundamentos o ganho de escala, a seletividade no
processo de captação de novas ideias, além da agilidade e abrangência do processo,
possibilitadas pelo uso de ferramentas web de amplo conhecimento da comunidade
acadêmica. Após a etapa final de seleção, as empresas recebem assessoria e são auditadas
ao final de todo o processo.
Sendo assim, a CERTI defende, a partir de todas as suas atividades e princípios
norteadores, que um ambiente com características inovadoras e empreendedoras, que
estimule a criatividade, o delineamento do espírito empreendedor, e que promova a
geração e o compartilhamento do conhecimento, é essencial para um processo de
mudança e de inovação.
Neste cenário, a CERTI desenvolve sistemas personalizados de inovação,
conhecimento e empreendedorismo inovador. Grande parte desses sistemas busca
também aplicar nas empresas do CELTA, trazendo desse modo organização nos níveis
de processo, sistemas, regras e pessoas, e propondo uma solução capaz de atender
diversas aplicações, por meio de empreendimentos inovadores.
Com a incubadora e o condomínio de empresas, a CERTI busca reunir um
conjunto de competências e metodologias para o planejamento, implantação e operação
de incubadoras e condomínios empresariais. Utiliza para isso um modelo de incubação
acelerada, que se caracteriza como um programa de cooperação empresarial, avaliando e
orientando os empreendimentos de forma permanente e efetiva.
A CERTI tem também como um dos seus principais diferenciais uma forte
orientação para o mercado e a geração de negócios para os seus clientes. Para isso,
mantém uma equipe com formação multidisciplinar, que atua na fronteira entre as áreas
de tecnologia e de negócios, realizando estudos e análises de mercado, produtos e novas
tecnologias para subsidiar o desenvolvimento de estratégias empresariais e o suporte à
tomada de decisão (Figura 18).
118
Figura 18: Sistema para desenvolvimento de estratégias e tomada de decisão
Fonte: CERTI (2015)
A partir desta Figura, percebe-se que a CERTI executa projetos para desenvolver,
operacionalizar e reestruturar sistemáticas para garantia da qualidade industrial, por
entender ser um fator estratégico, pois está diretamente relacionada com a satisfação dos
clientes externos e com as perdas devido aos custos da não qualidade. Essas sistemáticas
podem ser utilizadas pelas empresas clientes desde as fases de desenvolvimento dos seus
novos produtos e processos produtivos (sistemáticas de planejamento da qualidade) até
as fases das operações rotineiras de produção industrial (sistemáticas de controle e
melhoria da qualidade).
Cabe destacar que o modelo CERNE representa um conjunto de processos-chave
para que a incubadora obtenha melhorias significativas na geração sistemática de
empreendimentos inovadores criados pelo CELTA.
A equipe do CELTA também atuou na capacitação e credenciamento de 400
consultores e gestores de incubadoras (aqueles que auxiliarão as incubadoras na
implantação do CERNE) e no suporte para seleção de 144 incubadoras brasileiras, que
receberam aporte financeiro por meio do edital do SEBRAE - ANPROTEC 02/2012 para
a implantação-piloto do CERNE.
119
Atualmente o CELTA possui 28 empresas incubadas, todas instaladas em suas
dependências físicas, as quais estão localizadas no Parque Tecnológico Alfa, em
Florianópolis, SC.
Por fim, cabe destacar ainda a participação do CERTI com o Programa
Inova@SC, programa esse concebido com o propósito de desenvolver, estruturar,
implantar e gerenciar o Sistema de Inovação e Empreendedorismo de Santa Catarina
(SIE-SC), visando promover o desenvolvimento sustentável do Estado, por meio da
vertente do conhecimento e da inovação.
Neste Programa, o CERTI, por meio do CELTA, atuou desde o planejamento do
Inova@SC e seus processos de gestão, participou da execução de várias de suas ações,
em particular o desenvolvimento detalhado dos planos de implementação de ações
mobilizadoras para 6 (seis) Centros de Inovação em Santa Catarina, de um total de 13
polos.
Como principal resultado está à busca de uma estratégia única e integrada para
promoção da inovação em Santa Catarina, discutida e compartilhada pelos diversos
setores da sociedade, assim como ações concretas que visam à atração de novos
investimentos para promoção e suporte à inovação no Estado.
A partir do que pode ser considerado como elementos-chaves da governança do
CELTA, é apresentado uma proposta referente às características para formar um modelo
de estrutura de governança desse habitat (Figura 19).
120
Figura 19: Fatores críticos de sucesso da estrutura de governança do CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Sobre a Figura 19, os elementos apontados retratam o olhar de pesquisa que irá
orientar todo o processo de investigação científica relativo ao CELTA.
Inicialmente, constata-se mais uma vez que as “empresas de base tecnológica”
representam o perfil das empresas instaladas no CELTA, as quais caracterizam o tipo de
empresa mais encontrado em incubadoras, parque científicos e tecnológicos. A segunda
característica identificada diz respeito ao “pioneirismo no processo de incubação” do
CELTA, sendo esta a primeira incubadora do Brasil, e por esse motivo, pode representar
um fator de destaque nacional no processo de incubação.
O terceiro elemento constatado foi a “metodologia CERNE para avaliação de
empresas”, que foi criada pelo CELTA/Fundação CERTI e atualmente é utilizada por
inúmeras incubadoras do Brasil.
O quarto elemento a própria “Fundação CERTI”, entidade que criou o CELTA, e
também participa no processo de gestão da incubadora, e em razão do destaque nacional
que essa fundação possui em atividades de inovação, esse fator pode contribuir para o
desenvolvimento e crescimento do CELTA.
121
O quinto elemento diz respeito à “rede de relacionamentos (networking)” que o
CELTA possui e busca construir com grandes empresas, fator esse apontado pela maioria
das empresas durante as entrevistas como sendo algo positivo nos seus relacionamentos
com o mercado e que provoca o surgimento de novas ideias.
Apresentadas as principais características que podem ajudar a formar a estrutura
de governança do INOVAPARQ e do CELTA, a seguir são apresentadas ações endógenas
e exógenas identificadas em cada habitat de inovação investigado.
4.2. Ações de governança endógenas e exógenas dos habitats de inovação
Com o objetivo de apresentar e analisar as ações endógenas e exógenas da
estrutura de governança dos habitats de inovação - INOVAPARQ e CELTA - é
necessário inicialmente resgatar o modelo de governança utilizado na tese, em que se
considera a governança estruturada em cinco categorias: estrutura organizacional;
mecanismos de crescimento; tecnologia, inovação e networking; sustentabilidade; e
oportunidade de relacionamentos internacional. Todas essas cinco categorias se
ramificam em 17 indicadores que foram utilizados na construção dos questionários
aplicados na coleta dos dados.
Figura 20: Modelo proposto de governança da tese
Fonte: dados desta pesquisa
122
Em síntese, a Figura 20 apresenta o relacionamento do construto da governança
com suas cinco categorias e respectivos indicadores utilizados na construção do modelo
teórico e que serviram de base para identificar as ações endógenas e exógenas dos habitats
de inovação pesquisado.
4.2.1. Ações endógenas e exógenas da governança do INOVAPARQ
Na coleta dos dados considerando as ações endógenas e exógenas da Governança
do INOVAPARQ, foram analisadas as entrevistas dos gestores do habitat para identificar
ações estratégicas que podem contribuir para o desenvolvimento do parque. A figura a
seguir retrata nas falas dos três gestores entrevistados (GIPQ1, GIPQ2 e GIPQ3) as
palavras mais citadas por eles.
Figura 21: Quantidade de palavras governança INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
123
Sendo assim, constata-se através da Figura 21 que as palavras mais citadas foram:
empresas, processo, inovação, pesquisa, ambiente e relação. A exceção da palavra
empresas, que em razão da pesquisa buscar retratar ações da governança que podem
contribuir na inovação, motivou em vários momentos da entrevista resgatar a palavra
empresas no contexto investigativo. As demais palavras podem contribuir na percepção
dos entrevistados sobre a importância do ambiente do habitat para a inovação das
empresas, considerando principalmente os processos existentes e a busca de
relacionamentos internos e externos do habitat com outros contextos voltados a inovação
ou mesmo com as próprias empresas.
A constatação das palavras mais citadas corrobora também com a teoria da
governança, que de acordo com Dasgupta e David (1994), em ambientes compartilhados
entre empresas, universidade e o Estado de habitats de inovação se busca criar um
contexto em que os estímulos para recompensas sejam compartilhados e beneficiados por
todos e que possam contribuir para harmonia do sistema formado.
Em outras palavras, o conhecimento criado pelos atores presentes no
INOVAPARQ, através dos processos e dos relacionamentos existentes, é estratégico para
assegurar a geração de inovações e de resultados positivos que possam ser aplicados de
modo efetivo a todos.
Considerando as palavras mais citadas, são apresentadas árvores de palavras
capturadas das falas de cada gestor entrevistado. A Figura 22 relaciona a palavra inovação
com trechos anteriores e posteriores em que é apresentada em cada fala.
124
Figura 22: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – inovação
Fonte: dados da pesquisa
Algumas falas dos gestores retratadas na figura acima são apresentadas a seguir.
Inicialmente, constata-se que o entrevistado GIPQ1 relatou que:
[...] O INOVAPARQ procura fortalecer o networking dentro de
uma realidade de todo o nosso ecossistema de inovação [...] o
grande diferencial de parques, incubadoras ou os dois, é você
estar conectado com seu ecossistema de inovação [...] o ambiente
do parque representa tudo o que queremos fazer em busca da
inovação, e a gente percebeu que existia uma preocupação das
parceiras de como podia fazer com a gestão [...]o papel do
INOVAPARQ é instigar a inovação na região, fortalecer esse
processo [...]o INOVAOARQ ajudou a escrever a lei de inovação
da cidade de Joinville [...] o condomínio empresarial Perini, de
Joinville, é um espaço de networking, de desenvolvimento e
conjunto de pesquisa e inovação, em que pretendemos efetuar um
parceria para o desenvolvimento das empresas deles [...] a ideia é
que a gente consiga mais que criar um prédio, é acima de tudo
criar e fortalecer nosso grupo para poder levar a inovação para
toda a cidade [...]
Sobre o conteúdo da entrevista do GIPQ2 correspondente a palavra inovação
pode-se destacar:
[...] buscamos manter atualizado as questões de gestão,
tecnologia, inovação. [...] os programas do poder público têm que
125
estar atentos a essa questão da inovação [...] a gente também
chamou a atenção para o Estado a discussão da importância da
cidade acolher e se preparar para inovação [...] em relação a esse
ambiente, em seu desenvolvimento, nos preocupamos
principalmente quando estamos falando em sistema de inovação
que está se estruturando [...] o INOVAPARQ tem um papel
importante nesse processo de atrair também esses outros
elementos que são importantes no processo de inovação [...] não
dá pra fazer inovação sozinha. [...] falar de internacionalização
sem inovação é complicado [...] nós somos um dos ambientes e
umas das unidades de inovação que participa da plataforma
Land2Land da ANPROTEC [...]
Analisando as entrevistas, pode-se verificar que o entrevistado GIPQ1 relatou que
o relacionamento do INOVAPARQ com outros ambientes de inovação representa um dos
principais objetivos almejados, contribuindo para potencializar a capacidade de inovação
das empresas a partir das parcerias. Por sua vez, o GIPQ2 destacou a busca de parcerias
com o setor público para se discutir proposições que otimizem o processo de inovação de
toda a cidade. Ainda para o entrevistado GIPQ2, o INOVAPARQ tem papel-chave na
atração de novos atores que possam ajudar na estruturação do ambiente de inovação que
se pretende formar no entorno do habitat.
Relacionando as entrevistas com a teoria, Knight (2002) destaca a importância dos
stakeholdesr na formação de uma estrutura de governança, em que a eficácia da
organização vai depender da atuação conjunta e colaborativa desses atores, fato esse
identificado nas entrevistas como sendo uma das prioridades do INOVAPARQ, em que
o relacionamento pode representar um elemento-chave na promoção de um ambiente
voltado à inovação.
No tocantes as entrevistas que retratam a palavra processo nas ações do
INOVAPARQ, as principais são apresentadas a seguir. Considerando o entrevistado
GIPQ1, ele destacou que:
[...] o INOVAPARQ acaba tendo que iniciar esse processo de
sensibilização, aproximação [...] procuramos também participar
do processo de levar informação às empresas [...] a gente orienta
as empresas no processo de ir ao local e participar dos editais [...]
para esses empreendedores que estão iniciando, eles recebem um
processo de mentoria e de tutoria [...] as empresas precisam
participar desse processo de 6 meses de acompanhamento
126
previsto na incubação [...] é muito importante esse processo de
aconselhar, de ver esses jovens empreendedores se estruturando
[...]
Já o entrevistado GIPQ2 relatou os seguintes aspectos correspondentes as
principais práticas de governança do parque:
[...] fazer gestão de todo esse processo, diria que no primeiro
momento é muito complicado [...] a cidade Joinville desde que
iniciamos esse processo todo no INOVAPARQ em 2009 vem
tentando nos ajudar [...] É muito importante para o sucesso desse
processo de inovação que ele também seja proativo [...] os
gestores do INOVAPARQ atuam como um dos animadores desse
processo de atração das empresas, não o único, mas ele pode ser
considerado como estratégico [...] é preciso identificar os
elementos que são mais importantes no processo de inovação das
empresas [...] todos os processos de decisão estratégia do parque
estão previstos em nosso estatuto
Para sintetizar estas falas relacionadas à palavra processo, é apresentada a árvore
de palavras (Figura 23).
127
Figura 23: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – processo
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as entrevistas que apresentam o processo como elemento de análise,
pode-se destacar a partir dos dados coletados que os entrevistados GIPQ1 e GIPQ2
consideram que INOVAPARQ representa um ator estratégico no relacionamento com os
demais atores que compõe o sistema atual do parque, podendo atuar como “animadores
estratégicos” do processo de inovação das empresas.
Resgatando a teoria, este fato pode refletir a necessidade de formação de uma
estrutura de governança que possa ser flexível (VEIGA, 2006), no intuito de poder sanar
problemas com maior agilidade e contribuir para uma integração efetiva de cada
stakeholders.
Em continuação, a segunda palavra mais citada deste tópico de análise foi
pesquisa, em que a Figura 24 resume através de uma árvore os trechos principais das
entrevistas.
128
Figura 24: Árvore de palavras governança INOVAPARQ – pesquisa
Fonte: dados da pesquisa
Apresentando dados coletados das entrevistas que relacionam a palavra pesquisa,
podem-se destacar os seguintes trechos que abordam ações da governança do
INOVAPARQ:
GIPQ1: [...] o tempo todo fazendo novas relações, novas
conexões com todos os atores que fazem parte desse nosso
ecossistema que pode ser a universidade, instituto de pesquisa,
outros parques, outras incubadoras [...] o INOVAPARQ busca
fortalecer a conexão entre as Universidades e empresas, e esse
fortalecimento pode estar baseado na pesquisa acadêmica [...]
então essas pesquisas acadêmicas é a diretriz, você não pode vir
para o parque se não tiver [...] se você não tiver uma perspectiva
de pesquisa ou se não tem um lote de pesquisa acadêmica e
científica você não pode tá instalado aqui [...] um dos modelos
que a gente usa é esse, atrair a empresa e fazer a pesquisa com
ela, mesmo que ela não esteja fisicamente aqui [...] claro que vai
ter retorno financeiro, retorno para pesquisa [...] quem sabe no
futuro não tenhamos um laboratório pronto, eu crio esse atrativo
de pesquisa e desenvolvimento.
Por sua vez, o GIPQ2 destacou que:
[...] tem essa questão agora muito clara de só fazer parcerias
técnicas mesmo de pesquisa [...] então vou fazer pesquisa com a
federal, pesquisas com a UNIVILLE mantidas pela FURJ [...]
claro, o que nos interessa aqui é o interesse de pesquisa, trabalhos
129
de desenvolvimento e pesquisa aplicada [...] nossa visão
comercial é que a gente vende o conceito de pesquisa, a gente não
vende m² [...] para nós a parceria com o condomínio Perini é para
formar um espaço de networking, de desenvolvimento e de
pesquisa voltadas à inovação [...] o recurso financeiro principal
vem desses projetos de pesquisa acadêmica que buscamos fazer
com grandes empresas [...] então vemos na universidade várias
equipes, professores, fazendo pesquisas em diferente locais, e no
INOVAPARQ vai ser um desses locais para também se poderem
fazer pesquisas [...]
Considerando as falas relacionadas a palavra pesquisa, pode-se constatar que o
GIPQ1 relatou que o relacionamento promovido dentro do INOVAPARQ ajuda a
fomentar a pesquisa acadêmica e a troca de conhecimento entre empresas e a academia.
Corroborando com esta perspectiva, o entrevistado GIPQ2 destacou as parcerias do
parque com diferentes instituições de ensino para a promoção da pesquisa aplicada, sendo
que a partir dessa pesquisa o parque pode buscar recursos financeiros que garantem sua
sustentabilidade econômica.
Considerando esta busca de relacionamento do INOVAPARQ com outros atores
com vista à promoção da pesquisa, Markman et al. (2009) destacam que é importante
identificar o interesse dos diferentes stakeholders nesse contexto de transferência de
conhecimento, buscando-se sempre que possível sanar eventuais problemas de agência
que possam existir. No caso de INOVAPARQ, esse processo pode contribuir para que
cada ator atuante no sistema desenvolva suas atividades de modo mais efetivo e
contributivo em seu espaço de atuação.
Em continuação, para poder analisar as entrevistas no tocante as ações endógenas
e exógenas do INOVAPARQ, primeiramente foi necessário categorizar todas as falas dos
gestores que poderiam se associar aos indicadores do construto da governança. A Tabela
1 apresenta o somatório de todos os trechos recortados das entrevistas referentes às ações
de governança na perspectiva dos gestores (número de referências).
Tabela 1: Quantidade de citações do construto governança INOVAPARQ
HABITAT DE INOVAÇÃO INOVAPARQ
NÓ Nº REFERÊNCIAS
Construto Governança 91
Categoria: Estrutura organizacional 25
Atividades do conselho e estrutura 13
Modelo de gestão 6
Modelo jurídico 3
130
Stakeholders 3
Categoria: Mecanismos de conhecimento 33
Atores internos e externos 4
Desenvolvimento de capacidades 18
Estrutura física e serviços compartilhados 11 Categoria: Oportunidades de relacionamentos
internacionais 10
Integração com mercados globais 7
Parcerias internacionais 3
Participação e realização de eventos 0
Categoria: Sustentabilidade 8
Ambiental 2
Social 4
Econômica/financeira 2
Categoria: Tecnologia, inovação e networking 15
Cooperação em rede 5
Financiamento e alocação de recursos 3
Relacionamento com o mercado 5
Tecnologias e espaços físicos 2
Fonte: dados da pesquisa
Sendo assim, a Tabela 1, que apresenta o quantitativo das citações correspondente ao
indicador do modelo de governança utilizado, demonstrando, por exemplo, que o
indicador desenvolvimento de capacidades registrou o maior número de citações
constatadas com as entrevistas dos gestores do INOVAPARQ.
Deste modo, buscando-se resgatar ações endógenas e exógenas que podem estar
associadas às atividades desenvolvidas pela governança do INOVAPARQ, são
apresentados os Quadros 10 a 14 que sintetizam essas ações no tocante as categorias
definidas para o construto da governança.
Cabe destacar que as ações endógenas e exógenas foram identificadas para cada uma
das cinco categorias teórica da governança para o caso do INOVAPARQ. A seguir são
apresentadas as principais ações identificadas na pesquisa.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Estrutura
organizacional
END – compartilhamento da estrutura
interna já existente do mantenedor;
Atualização constante da estrutura interna
para acompanhar tendências do mercado.
Nesta categoria
pode-se observar
que a busca de
relacionamento
131
EXÓ – parcerias com outros habitats de
inovação e instituições de ensino;
Busca de recursos com a venda de projetos;
Bom relacionamento com o poder público;
O parque como ator principal na busca de
novos parceiros.
representa uma
ação pretendida
tanto interna como
externamente.
Quadro 10: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria estrutura
organizacional – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
O Quadro 10 sintetiza as principais ações de governança considerando a categoria
estruturas organizacionais, identificada no modelo teórico, em que o indicador atividades
do conselho e estrutura de governança representou o ponto mais contributivo deste item.
Neste sentido, a busca de relacionamentos internos e externos pode representar o
interesse principal do INOVAPARQ, de modo a se otimizar os recursos internos já
existentes e aperfeiçoar sempre que possível o ambiente organizacional de modo a
acompanhar tendências do mercado. A seguir são apresentadas ações de governança
relacionadas a categoria mecanismos de crescimento.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Mecanismos de
crescimento
END – ambiente físico delimitado para
empresas voltadas a tecnologia e
inovação;
Empresas com vocação à pesquisa e
desenvolvimento;
Venda de inteligência e conhecimento
como atividade fim do parque;
Reuniões periódicas com as empresas.
EXÓ – vinculo do parque com uma
estrutura sólida e já consagrada;
Busca de soluções externas para
complementar a estrutura interna;
Empresas
diferenciadas e
competitivas, assim
como parcerias com
empresas
benchmarking
atuantes no mercado
podem resultar para o
INOVAPARQ um
ambiente
diferenciado e de
interesse de muitas
empresas.
132
Parcerias com grandes empresas e
startups já reconhecidas;
Gestores com experiências passadas.
Quadro 11: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria mecanismos de
crescimento – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
No Quadro 11 foram sintetizadas as principais ações de governança no tocante à
categoria mecanismos de crescimento, em que o indicador desenvolvimento de
capacidades representou o ponto de maior destaque pelos entrevistados.
Isto corrobora com o modelo teórico da tese no sentido de que as ações de
governança podem contribuir para o desenvolvimento das capacidades das empresas. No
caso desta pesquisa, das capacidades absortiva e de inovação, destacando-se, por
exemplo, que uma empresa do tipo startup busca constantemente o apoio de diferentes
stakeholders no seu processo de desenvolvimento e maturação (SPINA, 2012), a destacar
os investidores anjos que podem agregar valor ao novo negócio.
Sendo assim, para o INOVAPARQ a busca de parcerias com grandes empresas
unidas com gestores experientes atuantes no parque pode contribuir no aconselhamento
das empresas para um melhor posicionamento de mercado e geração de novos produtos
e serviços.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Tecnologia,
inovação e
networking
END – ações de relacionamento e
desenvolvimento realizadas no
ambiente de cada empresa;
Troca de conhecimento constante entre
cada empresa incubada.
EXÓ – ações voltadas à criação de
redes (networking) de todo o
ecossistema de inovação do parque;
Fortalecer os laços construídos com os
diferentes stakeholders;
Desenvolvimento de pesquisas sob a
tutela da mantenedora;
Redes de
relacionamento e
troca de
conhecimento
internos e externos
para construir um
habitat de inovação
forte e coeso
133
Existência de um comitê de inovação
com a participação de diferentes
stakeholders.
Quadro 12: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria tecnologia,
inovação e networking – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Referente às ações de governança correspondentes à categoria tecnologia,
inovação e networking o indicador de maior destaque pelos entrevistados foi cooperação
em rede, podendo-se nesse caso destacar o desenvolvimento de pesquisas aplicadas a
partir da orientação de uma instituição mantenedora, e especialmente para o
INOVAPARQ. Essas pesquisas são sustentadas também pela existência de um comitê de
inovação da cidade, em que atuam diferentes stakeholders, e juntos buscam trazer ideias
e soluções de inovação para todo o entorno.
A seguir são apresentadas as ações vinculadas à categoria sustentabilidade.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Sustentabilidade END – Estação de tratamento no
ambiente do parque;
Desenvolvimento e manutenção de
toda a estrutura verde no entorno do
parque;
Ações de conscientização das
empresas para manter a estrutura
utilizada no parque.
EXÓ – ações de incentivo ao
empreendedorismo nas universidades
da região;
Projetos voltados a incubadoras
sociais.
Áreas verdes que
possam estimular a
inovação e o
desenvolvimento de
projetos sociais.
Quadro 13: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria
sustentabilidade – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Sobre as ações voltadas a sustentabilidade do INOVAPARQ, os destaques estão nas
ações relacionadas à sustentabilidade social, em que o desenvolvimento de projetos
134
vinculados a incubadoras sociais e de incentivo ao empreendedorismo na região foram
alguns dos pontos apresentados pelos entrevistados. Esta busca do INOVAPARQ por um
ambiente de práticas sustentáveis pode ser compreendida no que Putnam (1993) intitula
de ações proativas, ou seja, a criação de um ambiente que possa estimular a inovação e a
criação de capacidades únicas das empresas que se encontram nesse entorno.
Por fim, são apresentadas as ações de governança relacionadas com a categoria
oportunidade de relacionamento internacional.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Oportunidades de
relacionamento
internacional
END – ações direcionadas às empresas
incubadas na busca de parcerias
internacionais.
EXÓ – ambiente homologado para enviar e
trazer empresas de diferentes países;
Parcerias com habitats de inovação de
referência internacional;
Estrutura física formada e planejada para
trabalhar com conceitos e ações
encontradas em habitats de outras regiões e
países.
Estrutura
organizacional
adequada para
a formação de
parcerias
internacionais
Quadro 14: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria oportunidades
de relacionamento internacional – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Neste último item de análise, o indicador que mais contribuiu para a compreensão
das ações desta categoria foi integração com mercados globais, a destacar a homologação
como um ambiente propício para o relacionamento com empresas internacionais. Brown
(2010) considera que a capacidade de inovar de empresas startups está na busca delas por
novos mercados, principalmente pelo fato de muitas dessas empresas já nascerem globais,
e outras rapidamente acabam exportando seus produtor e serviços.
Neste sentido, uma empresa que está situada num habitat que possui um bom
relacionamento internacional pode ser um diferencial competitivo. Interesse esse
constatado pelos entrevistados do INOVAPARQ, que buscaram destacar as parcerias
internacionais do parque como sendo um dos seus diferenciais competitivos.
135
A seguir são apresentadas as análises correspondentes as principais ações
endógenas e exógenas desenvolvidas pelo CELTA.
4.2.2. Ações endógenas e exógenas da governança do CELTA
Na coleta dos dados considerando as ações endógenas e exógenas da Governança
do CELTA, foi considerada a fala dos gestores e das empresas do habitat para identificar
algumas ações estratégicas que podem contribuir para o desenvolvimento do habitat. A
Figura 25 retrata as falas dos gestores entrevistados (GIPQ1, GIPQ2) e de algumas
empresas (EC1, EC2, entre outras), de modo a apresentar as palavras mais citadas por
eles.
Figura 25: Quantidade de palavras governança CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Sendo assim, constata-se através da Figura 25 que as palavras mais citadas foram:
empresas, sinapse, inovação, interação e incubadoras. A exceção novamente da palavra
empresas, que retrata o fato dessa pesquisa buscar identificar as ações da governança que
136
podem contribuir na inovação da empresa. Por esse motivo resultou no surgimento da
palavra empresas em vários momentos das entrevistas, as demais palavras podem
contribuir na percepção dos entrevistados sobre a importância de ações do CELTA, nesse
caso podendo-se destacar o SINAPSE no processo de inovação das empresas, assim como
a busca de interações e relacionamento para a criação de uma incubadora mais preparada
para as necessidades atuais das empresas.
A constatação das palavras mais citadas corrobora também com a teoria da
governança, que de acordo com Cook, Uranga e Etxebarri (1997a) estrutura de
governança pode representar o desenvolvimento de capacidades únicas que execem
influências sobre a inovação das empresas, e diante disso, promover o desenvolvimento
de políticas de apoio e de organização territorial.
Em outras palavras, a estrutura criada pelos atores presentes no CELTA, a
exemplo do programa SINAPSE, seu modelo de governança com a criação da
metodologia CERNE e a busca constante de interação voltada à inovação, podem ser
considerados elementos estratégicos voltados à geração de ideias e de ações construtivas
orientadas a formação de um habitat com destaque nacional.
Considerando todas as palavras mais citadas, são apresentadas árvores de palavras
capturadas das falas de cada gestor entrevistado. A Figura 26 relaciona a palavra interação
com trechos anteriores e posteriores em que ela é apresentada em cada entrevista.
Figura 26: Árvore de palavras governança CELTA – interação
Fonte: dados da pesquisa
O entrevistado EC2 destacou os seguintes aspectos que remetem a palavra
interação: “[...] essa interação acho falta nas empresas e se existe ainda não passou por
aqui.”. Já a empresa EC6 destacou que: “[...] a gente vê muito a interação partindo das
empresas e não do celta e mesmo.”
137
Por sua vez, o gestor GC1 destacou o seguinte fato: “[...] o incentivo a participação
na interação das empresas aqui não é tarefa fácil.” “[...] eles têm um espaço bom aqui
para isso, e estamos sempre estimulando essa interação”.
Analisando as entrevistas no tocante a palavra interação, as empresas EC2 e EC6
salientaram a importância da interação no seu processo de desenvolvimento e inovação,
contudo, na perspectiva delas, esse processo precisa ser mais estimulado pelo habitat
CELTA. Por sua vez, o entrevistado GC1 destacou que no CELTA existem espaços
propícios para estimular a interação entre as empresas, contudo, incentivar a interação
entre as empresas não representa uma tarefa fácil.
Guerreiro et al (2009) destaca o formato de governança participativa como
estando relacionado a integração de diferentes stakeholders para a tomada de decisão.
Neste sentido, entende-se que um estímulo maior por parte dos gestores e empresas do
CELTA no processo de interação pode contribuir no processo de inovação e na busca de
soluções rápidas para problemas existentes. A seguir são apresentadas as principais
análises correspondentes à palavra inovação.
Figura 27: Árvore de palavras governança CELTA – inovação
Fonte: dados da pesquisa
Inicialmente, no tocante à palavra inovação, os gestores do CELTA destacaram
que:
GC1: [...] o relacionamento dos diversos atores forma o
ecossistema de inovação em Florianópolis, como universidades,
a CERTI, incubadoras de empresas, parques tecnológicos,
associações e outros. O GC2 relatou que: [...] buscamos sempre
manter diálogo e unir forças para fazer com que o segmento de
tecnologia cresça sempre e que o ecossistema de inovação siga
fortalecido.
138
Sendo assim, ambos os entrevistados relataram que o relacionamento representa
um aspecto-chave na formação de um ecossistema inovador, e que a partir das trocas de
conhecimento e de informação, pode-se aumentar o potencial inovador do ambiente. Esse
relacionamento pode ainda proporcionar a formar uma governança organizacional
(GRAHAM et al, 2003), em que as atividades de cada ator podem ser definidas a partir
de um conselho de administração e, desse modo, ajudar a identificar a função de cada ator
em seu contexto de atuação.
A seguir são apresentadas as principais análises referentes à palavra sinapse.
Figura 28: Árvore de palavras governança CELTA – Sinapse
Fonte: dados da pesquisa
Outro destacaque extraído das entrevistas se refere ao programa SINAPSE, em
que o entrevistado GC1 destacou, por exemplo:
[...] O programa Sinapse da Inovação, concebido pela CERTI e
executado em parceria da FAPESC, é um grande sucesso para
Santa Catarina [...] O Sinapse é importante, pois, permite que
qualquer pessoa com vontade de empreender participe, além de
proporcionar aproximação entre a academia e a indústria para
gerar inovações para a indústria. [...] Sinapse é um exemplo de
como o trabalho em conjunto entre as diversas instituições de
C&T&I pode ocasionar resultados positivos. [...]
Por sua vez, o GC2 salientou que:
139
[...] O Sinapse que é executado pela CERTI e conta com o apoio
do SEBRAE, Governo do Estado [...] possui mais de 40 entidades
envolvidas, como universidades, instituições de pesquisa e
incubadoras, entre outras entidades de fomento a inovação.
Considerando mais uma vez as entrevistas dos gestores GC1 e GC2, pode-se
analisar que programas de incentivo a inovação e empreendedorismo, a exemplo do
Sinapse da Inovação, podem representar o estímulo necessário para uma pessoa
empreender e inovar. Os dois gestores destacaram ainda a importância do SINAPSE na
identificação de projetos diferenciados que possam gerar empresas inovadoras, e que a
integração de diferentes stakeholders envolvidos nesse processo pode contribuir para a
manutenção desse programa.
Nanda e Rhodes-Kropf (2013) destacam que o investimento em empresas novas
em mercados aquecidos pode contribuir para a redução dos custos de experimentação, ou
seja, as empresas obtendo uma fonte segura de investimento, como é o caso do Sinapse,
pode resultar em medo menor em relação ao risco, e em consequência, a busca da
inovação com menor preocupação.
Apresentados os principais relatos que podem representar ações de governança
desenvolvidas no CELTA, a seguir são apresentadas as ações endógenas e exógenas
categorizadas conforme o modelo teórico e que se relacionam à promoção e ao
desenvolvimento desse habitat.
Para isto, primeiramente foram categorizadas as entrevistas considerando as
categorias e respectivos indicadores do construto da governança, em que a Tabela 2
apresenta o número total de referências utilizadas em cada campo analisado.
Tabela 2: Quantidade de citações do construto governança CELTA
HABITAT DA INOVAÇÃO CELTA
NÓ Nº REFERÊNICAS
Construto Governança 110
Categoria: Estrutura organizacional 29
Atividades do conselho e estrutura 10
Modelo de gestão 7
Modelo jurídico 5
Stakeholders 7
Categoria: Mecanismos de conhecimento 53
Atores internos e externos 10
Desenvolvimento de capacidades 24
140
Estrutura física e serviços compartilhados 19 Categoria: Oportunidades de relacionamentos
internacionais 7
Integração com mercados globais 0
Parcerias internacionais 2
Participação e realização de eventos 5
Categoria: Sustentabilidade 7
Ambiental 1
Social 3
Econômica/financeira 3
Categoria: Tecnologia, inovação e networking 14
Cooperação em rede 7
Financiamento e alocação de recursos 1
Relacionamento com o mercado 2
Tecnologias e espaços físicos 4
Fonte: dados da pesquisa
Sendo assim, na Tabela 2 observa-se que mais uma vez o indicador
desenvolvimento de capacidades registrou o maior número de citações aferidas das
entrevistas com os gestores do CELTA, a exemplo do que ocorreu no INOVAPARQ.
Buscando-se agora identificar as ações endógenas e exógenas correspondentes às
atividades desenvolvidas pela governança do CELTA, são apresentados os Quadros 15 a
19 que mais uma vez buscam sintetizar as ações da governança no tocante as categorias
definidas no modelo teórico.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Estrutura
organizacional
END – processo de avalição das
empresas diferenciado;
Oferta de serviços compartilhados
contributivos para as empresas;
Método rigoroso no processo de
seleção de novas empresas.
EXÓ – Busca de investidores a partir
dos serviços e relacionamentos do
habitat;
Avaliação e
acompanhamento
rigoroso da empresa
de modo a qualifica-
las para o mercado e
na busca de
investidores.
141
Fundação CERTI como ambiente de
referência e de contribuição para o
desenvolvimento de ações.
Quadro 15: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria estrutura
organizacional – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as ações de governança da primeira categoria analisada, o indicador
que apresentou uma maior quantidade de informações foi atividades do conselho e
estrutura de governança.
Isto pode representar o interesse constante dos gestores do habitat na criação de
um ambiente qualificado e preparado para atender as demandas das empresas. Neste
aspecto, o CELTA busca oferecer uma variedade de serviços compartilhados que possam
ajudar as empresas no seu dia-a-dia, fazendo com que elas possam focar em sua atividade-
fim.
A seguir são apresentadas as principais ações correspondentes à categoria
mecanismos de crescimento.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Mecanismos de
crescimento
END – Serviços compartilhados
voltados a busca de novos mercados
internacionais;
Metodologia de avaliação anual das
empresas;
Envio de informações sobre eventos
através da intranet;
Espaço físico diferenciado com salas
com computadores, salas de reuniões e
de eventos para todos os associados.
EXÓ – parcerias com universidade e
institutos de pesquisa;
Fundação CERTI como ambiente de
referência no desenvolvimento de novas
parcerias;
Desenvolvimento e
qualificação das
empresas a partir
das parcerias e
serviços
compartilhados
disponibilizados
pelo habitat
142
Quadro 16: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria mecanismos de
crescimento – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Nesta categoria, o indicador que mais apresentou informações dos entrevistados foi
desenvolvimento de capacidades. Sendo assim, cabe destacar que as ações identificadas
tanto pelas empresas como pelos gestores, referentes à contribuição do CELTA no
processo de inovação das empresas. A grande parcela dessas ações está relacionada com
as parcerias construídas pelo habitat ao longo dos seus 30 anos de existência, em que a
Fundação CERTI certamente possui um papel contributivo na formalização dessas
parcerias, sejam com instituições de ensino como com grandes empresas.
A teoria demonstra que no relacionamento diário entre empresas, instituições de
ensino e o governo é preciso planejar normas e diretrizes capazes de apresentar propostas
efetivas para que decisões sejam bem tomadas (DASGUPTA; DAVID, 1994), e sendo
assim, a estrutura apresentada pelo CELTA parece ter contribuído no relacionamento
entre esses atores e no fomento ao processo de inovação das empresas.
A seguir, são apresentadas as ações de governança relacionadas a categoria
tecnologia, inovação e networking.
Categoria Ações endógenas (END) e exógenas
(EXÓ)
Observações
Tecnologia,
inovação e
networking
END – serviços compartilhados e
espaço físico apropriado para o
relacionamento e a formação de redes;
diferentes fontes de financiamento
internas para fomentar a inovação nas
empresas
EXÓ – parcerias com grandes
empresas e importantes instituições de
ensino; editais específicos que podem
contribuir no desenvolvimento das
empresas
Ambiente físico
diferenciado, ampla
variedade de
serviços
compartilhados e
importantes
parcerias podem
contribuir no
desenvolvimento de
capacidades únicas
das empresas do
habitat
143
Quadro 17: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria tecnologia,
inovação e networking – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Na categoria tecnologia, inovação e networking os indicadores mais referenciados
pelos entrevistados foi cooperação em rede, e nesse sentido, pode-se destacar o interesse
constante do habitat, supervisionado e orientado pela Fundação CERTI, na construção de
parcerias e na formação de redes sólidas que possam contribuir para o desenvolvimento
inovador das empresas. Este contexto favorável ao processo de inovação pode ser
confirmado ainda com a constatação dos autores Shan, Walker e Kogut (1994) referente
à maior facilidade de financiamento de empresas de tecnologia, considerando o
relacionamento que essas empresas podem possuir em sua rede de contatos. Em
particular, a partir do CELTA, essa rede de relacionamento das empresas é potencializada
com os contatos e parcerias construídas pelo habitat.
A seguir, são apresentadas as principais ações endógenas e exógenas de
governança do CELTA referentes à categoria sustentabilidade.
Categoria Ações endógenas (END) e
exógenas (EXÓ)
Observações
Sustentabilidade END – uso de tecnologias para
aproveitamento da água e energia;
busca de sustentabilidade
econômica considerando os
recursos advindos da própria
estrutura
EXÓ – estímulo ao
empreendedorismo a partir de
editais específicos
O estímulo ao
empreendedorismo nas
universidades e
consequente atração de
novos modelos de
negócios representam
fatores competitivo do
habitat
Quadro 18: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria
sustentabilidade – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
A categoria sustentabilidade representa o assunto menos reportado nas entrevistas,
identificando-se somente sete trechos das entrevistas. Isso pode ser explicado em razão
da localização do habitat, em um condomínio empresarial com uma grande quantidade
de empresas, no qual a incubadora está localizada e não é responsável por ações de
144
sustentabilidade do condomínio. Sendo assim, ações voltadas à sustentabilidade
ambiental do entorno podem ser difíceis de serem aplicadas, considerando que o
condomínio possui uma gestão própria e independente, e neste sentido, práticas voltadas
a sustentabilidade social e econômica são predominantes na visão dos entrevistados.
A seguir são apresentadas as ações de governança da última categoria analisada:
oportunidades de relacionamento internacional.
Categoria Ações endógenas (END) e
exógenas (EXÓ)
Observações
Oportunidades de
relacionamento
internacional
END – serviços compartilhados
que apoiam o processo de
internacionalização das empresas;
constante participação dos
gestores em missões e congressos
internacionais
EXÓ – parcerias com grandes
multinacionais, associações
internacionais e instituições de
ensino consagradas
Uma orientação
qualificada para as
empresas, juntamente
com a participação de
redes internacionais,
podem contribuir para o
desenvolvimento e
competitividade das
empresas
Quadro 19: Ações de governança endógenas e exógenas para a categoria oportunidades
de relacionamento internacional – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Nesta última categoria, o indicador de destaque nas entrevistas foi a participação
e realização de eventos, em que a maiorias das ações endógenas e exógenas de governança
desenvolvidas pelo CELTA apontam para o interesse constante do habitat em aproximar
as empresas com experiências internacionais bem sucedidas e, para isso, busca-se realizar
constantes eventos e promover parcerias.
Neste sentido, o relacionamento internacional promovido por um habitat de
inovação, potencializado com as parcerias de livre comércio do país para criar zonas de
livre comércio (YEUNG, 1999), podem ajudar as empresas a buscar novos mercados e
melhorar sua competitividade considerando seu nicho de atuação.
Apresentas e analisadas as principais ações endógenas e exógenas do
INOVAPARQ e do CELTA a partir das entrevistas realizadas, no tópico a seguir serão
analisadas as principais ações que podem auxiliar a compreender o processo de
145
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação dos habitats de inovação
investigados.
4.3. Desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação dos habitats de
inovação
Considerando as ações voltadas ao desenvolvimento das capacidades absortiva e
de inovação dos habitats de inovação INOVAPARQ e CELTA, torna-se necessário,
primeiramente, resgatar os modelos de capacidade absortiva e de capacidade de inovação
utilizados nesta tese, em que se considera a capacidade absortiva dividida em quatro
categorias: aquisição; absorção; transformação; e aplicação. Cabe salientar que essas
quatro categorias se ramificam em 13 indicadores que foram utilizados na construção dos
questionários aplicados na coleta dos dados.
Figura 29: Modelo teórico da Capacidade Absortiva
Fonte: elaborado no Nvivo, 2015
Por sua vez, o modelo teórico da capacidade de inovação utilizado na tese se
estrutura a partir de cinco categorias, sendo elas: criação; oportunidades internacionais;
estímulo de inovação; inovatividade; e desenvolvimento tecnológico. Em continuação,
essas cinco categorias se ramificam em outros dez indicadores, conforme apresentado na
Figura 30.
146
Figura 30: Modelo teórico da Capacidade de Inovação
Fonte: elaborado no Nvivo, 2015
Apresentados os modelos de Capacidade Absortiva e de Capacidade de Inovação
utilizados na tese, são apresentadas a seguir ações voltadas ao desenvolvimento dessas
capacidades na perspectiva das empresas do INOVAPARQ e do CELTA.
4.3.1. Capacidade absortiva do INOVAPARQ
Para poder identificar e analisar o desenvolvimento da capacidade absortiva no
INOVAPARQ buscou-se inicialmente retratar as palavras mais citadas pelas empresas
durante a entrevista.
147
Figura 31: Quantidade de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Através da Figura 31, constata-se que as palavras mais citadas foram: empresa,
negócio, mercado e INOVAPARQ. A palavra ‘estamos’ foi desconsiderada por se tratar
de um verbo.
Sendo assim, a exceção da palavra empresa, que em razão do contexto de
investigação remeter as ações geradoras da capacidade absortiva das empresas, e por isso
ter resultado no aparecimento em várias ocasiões da palavra durante as respostas dos
entrevistados, as demais podem contribuir na percepção dos entrevistados sobre fatores
gerados de sua capacidade absortiva. Contudo, foi analisa também a palavra processo
uma vez que se consideram importantes os conteúdos das entrevistas que apresentaram
essa palavra em relação com a teoria utilizada na tese.
Registra-se que o destaque está nas palavras negócio e mercado, em que muitas
das ações desenvolvidas pelas empresas podem estar relacionadas ao desenvolvimento de
novos negócios e busca de novos mercados.
Relacionando com a teoria da capacidade absortiva, o resultado de todo o processo
de aquisição, absorção, transformação e aplicação do conhecimento (ZAHRA; GEORGE,
2002) pode estar relacionado com este interesse constante das empresas em buscar novos
negócios e novos mercados para poder aumentar sua competitividade e lucratividades.
Sendo assim, o desenvolvimento da capacidade absortiva pelas empresas pode
proporcionar a elas novas oportunidades de mercado, de modo que elas possam oferecer
produtos e serviços diferenciados no mercado (LICHTENTHALER;
148
LICHTENTHALER, 2010), podendo esse processo ser potencializado com ações
proativas e contributivas de um habitat de inovação.
Considerando cada palavra selecionada para análise, são apresentadas a seguir
árvores de palavras capturadas das falas de cada gestor entrevistado. A Figura 32
relaciona a palavra mercado com trechos anteriores e posteriores em que essa palavra é
citada.
Figura 32: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – mercado
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as falas dos entrevistados relacionadas a palavra mercado, pode-se
destacar:
EIP1: [...] não temos uma rotina de benchmark, de buscar o
mercado e ver como é que está. [...] EIP5: [...] não acredito muito
no modelo academia/mercado que a gente usa aqui no
INOVAPARQ [...], pois a academia não tem a velocidade que o
mercado tem [...] EIP7: [...] fizemos nossas atividades atropeladas
para conseguir ir logo para o mercado, e isso realmente nossa
empresas precisa corrigir [...] EIP2: [...] primeiro temos que botar
no mercado o produto, criar a marca, estabilizar, estruturar e
validar o negócio [...]
Analisando as falas dos entrevistados EIP1, EIP2, EIP5 e EIP7, pode-se destacar
que existe uma preocupação por parte das empresas em acompanhar o mercado a fim de
que elas possam criar produtos e serviços diferenciados, contudo, nem sempre essas ações
de acompanhamento são sustentadas ou orientadas por ações da governança. Cabe
149
destacar que esse acompanhamento do mercado por impactar numa reformulação dos
recursos internos das empresas (TEECE; PISANO; SHUEN, 1997), uma vez que é a partir
dos recursos internos que as empresas podem desenvolver suas capacidades estratégicas
e gerar produtos ou serviços inovadores.
Neste sentido, pode ser interessante que o habitat de inovação possa contribuir no
processo de reformação dos recursos internos das empresas a fim de que elas adequem a
necessidade de mercado e possam ser mais competitivas.
Em relação às entrevistas EIP6 e EIP1, os principais pontos destacados das
entrevistas são apresentados a seguir:
EIP6: [...] Concorrentes nesse mesmo mercado fazendo a mesma
coisa que nós encontramos somente duas empresas internacionais
fortes [...] foi importante participar da feira do RS por ser a maior
do Brasil, e pretendemos participar de outras feiras que possam
estar relacionadas ao que fazemos [...] EIP1: [...] aqui no
INOVAPARQ podemos testar os modelos de negócio desde o
começo, e assim poder atender a expectativa de mercado
[...]vimos à necessidade de fazer dois ajustes que foi o mercado
que nos disse [...] achamos que estar no mercado é fundamental,
é como diz o ditado: bota o avião pra voar e a rota você acerta lá
em cima. [...]
Analisando as entrevistas acima, pode-se destacar que as empresas buscam
também realizar benchmarking para adequar seus modelos de negócios de acordo com o
interesse do mercado, de modo que o habitat pode contribuir como um ambiente de
laboratório para se avaliar e testar possíveis modelos que poderão ser aplicados no
mercado.
A seguir são apresentadas as análises correspondentes à palavra negócio,
identificada nas entrevistas realizadas.
150
Figura 33: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – negócio
Fonte: dados da pesquisa
Destacando os principais aspectos apontados pelos entrevistados, pode-se
destacar:
EIP5: [...] agora se eu estou aqui e tenho um negócio “capenga”
e tem outro lá fora com um negócio “bom”, ele vai investir no
cara de lá [...] EIP2: [...] primeiro temos que botar no mercado,
criar a marca, estabilizar, estruturar e validar o negócio [...] o
nosso software talvez nem consiga patentear, talvez não se
enquadre, vamos tentar talvez a lógica [...] EIP6: [...] então nessa
parte de modelagem de negócio acabamos fazendo só a validação
[...] saber se o modelo de negócio foi aprovado, se estava ok ou
coisa parecida [...] o networking que cada um desenvolve aqui são
fundamentais, pois podemos identificar dicas fenomenais para
nosso negócio [...]
Em relação às análises dos entrevistados EIP2, EIP5 e EIP6, pode-se destacar que
o acompanhamento do mercado, juntamente com a troca de experiências promovidas no
ambiente interno, pode contribuir para a estruturação e validação do modelo de negócio.
Essa troca de experiências e constante monitoramento do mercado podem contribuir para
o surgimento de capacidades dinâmicas (WINTER, 2003), em que o autor destaca que o
surgimento desta capacidade pode estar na facilidade de adaptação da empresa decorrente
da variação do mercado, fato esse apresentado pelas empresas e que pode ser
151
potencializado, no tocante à promoção de redes de relacionamento internas promovidas e
estimuladas pelo habitat.
Destacando agora os entrevistados EIP1 e EIP8 no tocante seus depoimentos
relacionamento a palavra negócio, pode-se destacar:
EIP1: [...] somos startup de negócio mesmo com meta, objetivo
forte, modelo de negócio já estruturado [...] vai ter a possibilidade
de testar os modelos de negócio desde o começo para o próximo
modelo [...] então tem que estar no mercado, pois é aquele
negócio “bota o avião pra voar e a rota você acerta lá em cima.
[...] EIP8: [...] no INOVAPARQ tem um site deles que você se
inscreve e tem um modelo de negócio onde você escreve todo teu
negócio ali e também é muito bom porque você consegue
estruturar bem e ter uma noção boa o projeto”
Analisando as entrevistas acima, pode-se destacar o papel do habitat na avaliação
do modelo de negócio apresentado pelas empresas, processo esse que pode contribuir no
desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas, em que a partir da avaliação do
modelo de negócio, as empresas podem acessar essa informação e internalizar todo o
conhecimento gerado (ZAHRA, GEORGE, 2002), potencializando sua capacidade de
inovação e geração de novas ideias.
Considerando neste momento as entrevistas relacionadas a palavra processo, a
seguir são apresentadas as principais análises que relacionam essa palavra nos dados
coletados.
Figura 34: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – processo
Fonte: dados da pesquisa
Destacando os principais aspectos apontados pelos entrevistados, pode-se
destacar:
152
EIP1: [...] é nesses editais que conseguimos criar esse processo de
inovação [...] EIP5: [...] o parque nos incentivou a participar de
uma seletiva da Apex entidade do governo federal de
internacionalização das empresas participou de um processo que
foi indicado pela INOVAPARQ [...] EIP 7: [...] mesma logo,
depois desse processo com certeza vamos pelo menos registrar a
marca [...] EIP6: [...] agora estamos no processo de reuniões, de
traçar metas dentro da incubadora [...] começar a trabalhar nesse
processo. [...] EIP3: [...] estar incubado aqui é um projeto e não
um processo é um projeto com começo, meio e fim e isso é o
principal objetivo até para aquela salinha ter outra empresa.
Analisando as entrevistas das empresas acima, pode-se destacar que o habitat
pode contribuir na identificação de oportunidades de fomento a inovação, como editais e
entidade de apoio, apoiados por processo de acompanhamento a partir de reuniões
periódicas. Esse apoio na identificação de atores estratégicos que possam contribuir no
fomento de novos produtos e serviços pode potencializar também o desenvolvimento da
capacidade absortiva das empresas, ajudando a reconhecer e explorar novas
oportunidades empreendedoras (VAN DEN BOSCH et al., 1999).
Por fim, são apresentadas as análises correspondentes à palavra INOVAPARQ
identificadas nas entrevistas.
Figura 35: Árvore de palavras capacidade absortiva INOVAPARQ – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Destacando os principais pontos retratados pelos entrevistados, pode-se destacar:
153
EIP5: [...] mas eu não acredito muito no modelo e não do
INOVAPARQ, não acredito muito do modelo academia/mercado
[...] é muito mais amplo do que criticar o INOVAPARQ, a
academia não tem a velocidade que o mercado tem [...] já
participamos de uma seletiva da Apex entidade do governo
federal de internacionalização das empresas participou de um
processo que foi indicado pela INOVAPARQ [...] EIP6: [...]
então essa comunidade que tem aqui na INOVAPARQ e a gente
vê que existe acho que isso é o que mais conta agora. [...] EIP8:
[...] a própria estrutura aqui na INOVAPARQ oferece ajudar para
na avaliação do modelo de negócios [...] quando vamos nos
submeter à avaliação no INOVAPARQ tem um site deles que
você se inscreve e tem um modelo de negócio onde você escreve
todo teu negócio ali.
Analisando as entrevistas acima, percebe-se o papel estratégico do INOVAPARQ
na avaliação dos modelos de negócios estruturados e apresentados pelas empresas, de
modo que essa avaliação possa potencializar o processo de inovação das empresas e
contribuir para uma maior competitividade e lucratividade, decorrente dos produtos e
serviços apresentados ao mercado.
Neste processo de avaliação, o habitat pode analisar os modelos de negócios das
empresas a partir de duas perspectivas: ações relacionadas à capacidade potencial e ações
relacionadas à capacidade realizada das empresas (ZAHRA; GEORGE, 2002; FOSFORI;
TRIBÓ, 2008), a fim de identificar quais ações podem contribuir para aumentar o
potencial de inovação das empresas, e quais ações podem gerar vantagem competitiva
para as empresas.
A seguir, são apresentadas a Figura 36 e Tabela 3 que identificam quais os
indicadores de cada categoria que foram mais destacados a partir dos dados coletados nas
entrevistas.
154
Figura 36: Quantidade palavras por categoria da capacidade absortiva – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
A partir da Figura 36, constata-se que a categoria aquisição de conhecimento
apresentou a maior quantidade de referências, 16, e por sua vez, a categoria transformação
do conhecimento apresentou o indicador com maior quantidade de referências, processo
de inovação, que registro 10 referências. A Tabela 3 apresentada a quantidade total de
referências de cada categoria e indicador do modelo teórico utilizado para o construto da
capacidade absortiva coletados a partir das entrevistas.
Tabela 3: Quantidade de citações do construto capacidade absortiva INOVAPARQ
HABITAT DE INOVAÇÃO INOVAPARQ
NÓ Nº REFERÊNICAS
Construto Capacidade absortiva 57
Categoria: Aquisição de conhecimento 16
Networking interno 7
Eventos 5
Redes empresariais 4
Categoria: Assimilação do conhecimento 15
Realizar benchmarking 6
Treinamentos e capacitação 5
Realizar reuniões 4
Categoria: Transformação do conhecimento 11
Processos de inovação 10
Tecnologias 1
Categoria: Aplicação do conhecimento 15
Patentes 5
Reconhecimento 8
Pós-vendas 1
155
Número de cliente 1
Fonte: dados da pesquisa
Apresentadas as principais análises correspondentes ao desenvolvimento da
capacidade absortiva na perspectiva das empresas do INOVAPARQ, a Figura 37 sintetiza
os fatores críticos de sucesso relacionados ao desenvolvimento desta capacidade no
habitat investigado.
156
Legenda: Categoria: Aq. Con. – Aquisição de conhecimento. Indicadores: EV – Eventos / NI – Networking interno / RE – Redes empresariais. Categoria: Ass. Con. –
Assimilação do conhecimento. Indicadores: RR – Realiza reuniões / TC – Treinamento e capacitação / RB – Realiza benchmarking Categoria: Tr. Con. – Transformação do
conhecimento. Indicadores: PI – Processo de inovação / EP – Experiências passadas / TE – Tecnologias. Categoria: Ap. Con. – Aplicação do conhecimento. Indicadores: NC
– Número de clientes / PT – Patentes / R – Reconhecimento / PV – Pós-vendas
Figura 37: Fatores críticos de sucesso de capacidade absortiva do INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
157
De acordo com a Figura 37, pode-se verificar que o desenvolvimento da
capacidade absortiva do INOVAPARQ, considerando os fatores críticos de sucesso
investigados, está relacionado aos diferentes indicadores estruturados a partir do modelo
teórico. Neste sentido, pode-se destacar, por exemplo, que as orientações e parcerias
promovidas pelo INOVAPARQ; as reuniões realizadas no contexto do habitat e a
participação constante em eventos divulgados ou promovidos pelo INOVAPARQ podem
contribuir para aumentar o potencial de aquisição do conhecimento por parte das
empresas.
Por sua vez, o treinamento desenvolvimento pelas próprias empresas; o
monitoramento da concorrência; e as reuniões voltadas à melhoria do modelo de negócio
podem contribuir no processo de assimilação de conhecimento das empresas.
Considerando as ações que podem potencializar o processo de transformação de
conhecimento das empresas, pode-se destacar a partir da Figura 37 a busca de novas
tecnologias, apoiadas nos relacionamentos externos e o uso de metodologias de avaliação
do modelo de negócios. Por fim, para estimular o desenvolvimento das ações relacionadas
à aplicação do conhecimento, pode-se destacar a procura de novos clientes no momento
considerado ideal pela empresa; o apoio do habitat em processo de patenteamento; e a
credibilidade do INOVAPARQ como elemento competitivo na busca de novos clientes
pelas empresas.
Cabe destacar que o indicador experiências passadas não foi identificado nas
entrevistas realizadas.
Analisando todas estas ações, a ação coordenada delas pode representar o
desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas, em que o resultado de todo esse
processo pode ser visto na geração de vantagem competitiva das empresas a partir de uma
maior inovação ou um desempenho diferenciado (ZAHRA; GEORGE, 2002).
Além disto, o relacionamento promovido dentro do INOVAPARQ pode
potencializar a realização de pesquisas científicas aplicadas que estimulariam a integração
de diferentes stakeholders que juntos poderiam apresentar ações construtivas em prol de
um desempenho inovador das empresas (FOSFORI; TRIBÓ, 2008).
Analisados os principais fatores relacionados ao desenvolvimento da capacidade
absortiva das empresas do INOVAPARQ, a seguir são apresentadas as análises
relacionadas ao desenvolvimento da capacidade de inovação deste habitat na perspectiva
de suas empresas.
158
4.3.2. Capacidade de Inovação do INOVAPARQ
A fim de identificar e analisar o desenvolvimento da capacidade de inovação no
INOVAPARQ se buscou inicialmente retratar as palavras mais citadas pelas empresas
durante a coleta dos dados.
Figura 38: Quantidade de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Através da Figura 38, constata-se que as palavras mais citadas foram: empresa,
negócio, mercado e INOVAPARQ. As palavras mais citadas são similares as encontradas
na capacidade absortiva, o que pode demonstrar relacionamento das ações voltadas à
capacidade absortiva e capacidade de inovação. Mais uma vez a palavra ‘estamos’ foi
desconsiderada por se tratar de um verbo.
Deste modo, a exemplo do que já ocorreu nas palavras mais citadas da capacidade
absortiva, se pode justificar do mesmo modo o aparecimento em várias ocasiões da
palavra empresa durante as respostas dos entrevistados, e assim sendo, as demais palavras
destacadas novamente podem contribuir na percepção dos entrevistados sobre fatores
gerados de sua capacidade de inovação.
Portanto, o destaque novamente está nas palavras negócio e mercado, em que
grande parte das ações de inovação desenvolvidas pelas empresas pode estar relacionada
159
à busca de novos negócios e mercados para melhorar sua competitividade a aumentar as
receitas.
Analisando as palavras mais citadas com a perspectiva teórica, pode-se destacar
que a constatação delas corrobora também com a teoria da capacidade de inovação, uma
vez que a busca por novos negócios ou mercados pode estar relacionada a geração de
inovação considerando, por exemplo, a exploração de oportunidades pelas empresas a
partir do delineamento preciso das fronteiras que delimitam o espaço de cada nicho de
mercado, de modo que elas possam melhorar e atender clientes carentes por serviços ou
produtos inovadores (PAVITT, 2004).
Em outras palavras, a empresa que busca oferecer produtos e serviços inovadores
em mercados com grande potencial na realização de bons negócios pode potencializar a
capacidade de inovação das empresas e resultar em maior competitividade e lucratividade
de empresas consideradas inovadores, e sendo assim, a presença das empresas em
habitats de inovação pode viabilizar e potencializar a formalização desses novos
negócios, considerando o auxílio proporcionado por gestores qualificados e das parcerias
promovidas pelo habitat.
Considerando cada palavra mais citada, são apresentadas a seguir árvores de
palavras capturadas das falas de cada gestor entrevistado. A Figura 39 relaciona a palavra
negócio com trechos anteriores e posteriores de cada fala das entrevistas.
Figura 39: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – negócio
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as entrevistas que retratam a palavra negócio, a seguir são
apresentados alguns depoimentos dos entrevistados da pesquisa:
160
EIP5: [...] não tem nada a vê com nosso negócio então é difícil
trocar ideias sobre business com outras empresas aqui, até existe
um relacionamento bom, mas no nível pessoal. [...] estar aqui é o
diferencial, agora se eu estou aqui e tenho um negócio “capenga”
e tem outro lá fora com um negócio “bom”, ele não vai investir
na gente [...] EIP2: [...] o INOVAPARQ auxilia na elaboração do
plano de negócio para ser incubado, mas depois disso na verdade
é que se pedir um auxílio eles auxiliam [...] EIP4: [...]
eventualmente você vê sendo aprovados projetos extremamente
inferiores, então não chega ser um problema ou culpa do parque,
mas participar de editais a gente não acredita [...] EIP3: [...] somos
uma startup de negócio mesmo com meta, objetivo forte, modelo
de negócio já estruturado [...] nosso serviço ele é bastante amplo,
só que é aquele negócio: o ótimo é inimigo do bom [...]
infraestrutura isso é um custo escondido às vezes você se vicia
nisso e não coloca no seu valor de negócio [...]
Analisando os depoimentos dos entrevistados, pode-se destacar que mesmo o
habitat oferecendo auxílio para o desenvolvimento das empresas, é importante na visão
de alguns entrevistados que a empresa tenha capacidade de desenvolver um negócio
competitivo e superior em relação aos concorrentes, uma vez que os clientes ou
investidores tendem a buscar o melhor negócio para eles, independente da localização
dessas empresas.
Em outras palavras, em um contexto de muita concorrência e pressões de mercado,
a exemplo do que pode ser identificado na indústria de TI, somado a rápida globalização
e constantes mudanças de tecnologias, que tornam a inovação inevitável para que as
empresas possam se manter competitivas (OECD, 2005), qualquer estímulo ou
contribuição é necessário para o desenvolvimento de bons negócios. Destacando-se, por
exemplo, ações de governança de um determinado habitat de inovação, podem envolver
essas empresas a buscarem novos negócios e as tornarem mais competitivas a partir da
potenciação de sua capacidade de inovar.
A seguir são apresentados os principais destaques extraídos das entrevistas das
empresas, referente à palavra mercado.
161
Figura 40: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – mercado
Fonte: dados da pesquisa
No tocante as entrevistas que retratam a palavra mercado, a seguir são
apresentados depoimentos relevantes dos entrevistados:
EIP5: [...] acho importante e acredito muito na integração da
academia com o mercado [...] é muita burocracia, muito lento,
então temos investimento, mas é do mercado, participamos de
eventos de maneira geral [...] movimentos de mercado, mas
pouquíssimos de origem estatal e acadêmica por achar que a
entrega desses caras está longe do que eu preciso [...] EIP7: [...]
A nossa ideia é o mais rápido possível é atingir o mercado global
[...] início do ano que vêm nós estar partindo para o mercado
internacional [...] EIP2: [...] a ideia é internacionalizar o sistema,
é rodar, validar, deixar o mercado e fazer o sistema dar certo [...]
EIP6: [...] no nosso caso o maior mercado do mundo é o Brasil
[...] EIP1: [...] a nossa plataforma não é atendimento só Brasil
então tem um mercado internacional [...]
Analisando os principais destaques dos entrevistados no tocante a palavra
mercado, pode-se destacar que um dos diferenciais apresentados pelas empresas,
referente a estar em um habitat de inovação, diz respeito à integração academia e
mercado, em que um habitat pode potencializar a realização de pesquisas aplicadas a
partir do relacionamento entre universidades ou instituições de pesquisa e empresas.
Outro destaque foi o grande interesse das empresas em buscar mercados
internacionais, em que a dificuldade apontada pode estar em apresentar um modelo de
negócio que seja competitivo em uma concorrência global.
Este interesse em se internacionalizar pode estar relacionado na geração de novas
ideias e na exploração do conhecimento que resulte no lançamento de produtos e serviços
inovadores, e para que isso possa acontecer, Madhavan e Grover (1998) consideram que
os processos de aquisição e aplicação de novos conhecimentos desenvolvidos pelas
162
empresas precisam ser cíclicos e contínuos, de modo que elas possam constantemente
estar apresentando ideias novas para poder se manter ou buscar novos mercados de
atuação.
A seguir, é apresentada Figura 41 que sintetiza as principais entrevistas que
destacam a palavra INOVAPARQ em seu conteúdo.
Figura 41: Árvore de palavras capacidade de inovação INOVAPARQ – INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
Abaixo são apresentados os principais destaques dos entrevistados no tocante a
palavra INOVAPARQ:
EIP5: [...] aí você diz para o cara eu já estou incubado no
INOVAPARQ que é da universidade e isso traz credibilidade,
mas o INOVAPARQ não traz investidores diretamente [...] EIP3:
[...] com fornecedor, com a própria indústria que a gente entra em
contato, “estamos localizados no INOVAPARQ”, então já somos
reconhecidos [...] EIP8: [...] somos não residentes então podemos
usar salas, cursos que a INOVAPARQ oferece e toda assessoria
que a gente pode utilizar [...] INOVAPARQ está sendo muito
bom mesmo ele oferece cursos, eles está sempre mandando e-mail
[...]
A partir das entrevistas, pode-se analisar que o grande diferencial apresentado
pelas empresas por elas estarem localizadas em um habitat de inovação, neste caso o
INOVAPARQ, estar relacionado à credibilidade e o reconhecimento que esse habitat
pode proporcionar a elas, podendo contribuir na busca de investidores e na geração de
novos negócios.
163
Para empresas novas, como é o caso da maioria das empresas incubadas, essa
credibilidade e reconhecimento transmitidos pelo habitat pode potencializar ainda mais a
capacidade de inovar dessas empresas, podendo-se considerar também o papel da
governança em disponibilizar um contexto que propicie (BIEDENBACH; MULLER,
2012) o trabalho solidário baseado em objetivos claros, espaços para criatividades,
criação de áreas voltadas à P&D e a procura em aproximar empresas para que elas possam
trocar informações e conhecimentos, e consequentemente, aumentar o seu potencial de
inovação.
Apresentadas as principais análises considerando as palavras mais citadas pelas
empresas entrevistadas no tocante a capacidade de inovação do INOVAPARQ, a seguir
é apresentada através da Figura 42 e da Tabela 4 os indicadores mais citados considerando
o construto da capacidade de inovação aplicado no caso de INOVAPARQ.
Figura 42: Quantidade palavras por categoria da capacidade de inovação - INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
A partir da figura acima, pode-se identificar que o indicador ambiente adequado,
o qual está relacionado à categoria inovatividade, foi o conteúdo mais explorado pelos
entrevistados, com um total de 24 referências. A tabela a seguir apresenta o número total
de referências correspondentes a todos os indicadores do construto capacidade de
inovação aplicado no caso do INOVAPARQ.
Tabela 4: Quantidade de citações do construto capacidade de inovação INOVAPARQ
164
HABITAT DE INOVAÇÃO INOVAPARQ
NÓ Nº REFERÊNICAS
Construto: Capacidade de inovação 69
Categoria: Inovatividade 37
Ambiente adequado 24
Oportunidades de negócio 9
Política de participação 4
Categoria: Estimulo à inovação 20
Editais 8
Custos 7
Investidores 3
P&D 2
Categoria: Criação 4
Novos produtos e serviços 4
Categoria: Oportunidades internacionais 6
Acesso a novos mercados 6
Categoria: Desenvolvimento tecnológico 2
Novas tecnologias 2
Fonte: dados da pesquisa
A partir da Tabela 4, pode-se aferir que a categoria inovatividade, e o indicador
ambiente adequado, foram os temas mais explorados pelos entrevistados, com um total
de 37 e 24 referencias, respectivamente.
Este fato pode estar relacionado com a importância do habitat de inovação em
proporcionar, a partir de um ambiente adequado para atender as necessidades das
empresas, o estímulo a inovatividade.
Sendo assim, considerando esse conceito, que para esta tese representa a formação
de um contexto organizacional em que empresas possam desenvolver suas atividades e
inovar em produtos e serviços de modo dinâmico para atender demandas da sociedade e
do mercado (MCDONALD, 2002; HULT et al., 2004; MENGUC; AUH 2006), pode-se
constatar que esse contexto organizacional pode contribuir para a geração de
inovatividade para as empresas.
Sendo assim, ações de governança direcionadas para melhor atender as
necessidades das empresas podem contribuir para uma maior inovatividade, considerando
principalmente que o ambiente criado no habitat pode estimular para uma maior
disposição cultural, inclinação, propensão ou prontidão no processo de inovação das
empresas (HURLY; HULT, 1998).
165
Analisados os principais conteúdos das entrevistas referentes ao construto
capacidade de inovação do caso do INOVAPARQ, a Figura 43 sintetiza os fatores críticos
de sucesso observados.
166
Legenda: Categoria: INO – Inovatividade. Indicadores: AA – Ambiente adequado / ON – Oportunidades de negócios / PP – Políticas de participação. Categoria: OI –
Oportunidades internacionais. Indicador: ANM – Acesso a novos mercados. Categoria: DT – Desenvolvimento tecnológico. Indicador: NT – Novas tecnologias. Categoria:
CR – Criação. Indicador: NPS – Novos produtos e serviços. Categoria: EI – Estímulos à inovação. Indicadores: CU – custos / ED – Editais / IN – investidores / P&D – Pesquisa
e desenvolvimento
Figura 43: Fatores críticos de sucesso da capacidade de inovação do INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
167
De acordo com a Figura 43, pode-se verificar que o desenvolvimento da
capacidade de inovação do INOVAPARQ analisando os fatores críticos de sucesso pode
estar relacionado, por exemplo, na busca de inovatividade a partir de entrada de
investidores, políticas de incentivos para os funcionários e de um ambiente diferenciado
proporcionado pelo habitat.
Além disto, estes fatores podem contribuir no potencial de inovar das empresas
considerando também os relacionamentos gerados pelas parcerias promovidas pelo
habitat e na realização de pesquisa aplicadas que o ambiente gera a partir da aproximação
universidade-empresas.
Neste sentido, a inovatividade gerada nas empresas presentes em habitats de
inovação pode resultar em sua maior vantagem competitiva, uma vez que pode influenciar
na escolha dos clientes no momento de compra de um produto ou serviço por optarem em
empresas que possuam um maior potencial de inovação e de diferenciação no mercado.
Considerando agora a capacidade de inovar das empresas do INOVAPARQ nas
perspectivas teóricas relacionadas às oportunidades internacionais, desenvolvimento
tecnológico e criação, essas podem estar relacionadas, respectivamente, ao grande
interesse das empresas em buscar mercados internacionais; na oferta de produtos e
serviços diferenciados para atender os clientes; e no monitoramento no marcado para
apresentar soluções adequadas às necessidades dos clientes.
Todas estas características corroboram com a teoria da capacidade de inovação,
em que a sustentabilidade das empresas pode estar pautada na apresentação de novos
modelos de negócios e no uso de estratégias para desenvolver novos produtos e serviços
e de inovar de modo colaborativo (ZARIFIAN, 1999; KIRSCHBAUM, 2010). Sendo
assim, para que as empresas possam desenvolver competências essenciais, elas precisam
alinhas inovação com estratégia e diversificar tecnologias para buscar novos mercado, em
que o ambiente de um habitat de inovação, a exemplo do que foi investigado no
INOVAPARQ, pode potencializar essa capacidade de inovar das empresas considerando
as ações de governança que possam orientar as empresas no monitoramento do mercado
e na avaliação dos modelos de negócios.
Por fim, os destaques apresentados com os conteúdos das entrevistas referentes à
categoria estímulos para inovação vão ao encontro de um maior potencial de inovação
combinado com fatores como: orientação e supervisão constante dos gestores do habitat
na identificação e divulgação para as empresas sobre editais de fomento; buscar de
168
parcerias externas realizadas pelas empresas; e no baixo custo de instalação e manutenção
no habitat.
Estes elementos podem se relacionar a teoria na perspectiva, por exemplo, da
inovação aberta (CHESBROUGH, 2006). Para o autor, inovação aberta pode estar
relacionada com a iniciativa das empresas em trocar experiências e conhecimentos com
outros atores, buscando-se uma cooperação de sinergias e de exploração de novas ideias
que possam contribuir para um processo de inovação continuado e ativo.
Sendo assim, no momento que o habitat se disponibiliza a auxiliar as empresas na
avaliação e desenvolvimento de planos de negócios, e também no momento que as
empresas buscam outras parcerias fora do habitat para a realização de pesquisas
aplicadas, isso pode demonstrar que elas estão dispostas a receber apoio colaborativo no
desenvolvimento dos seus negócios e a criar, de modo compartilhados, novas ideias,
produtos e serviços que possam ser aplicados de modo efetivo no mercado.
Analisados os principais fatores relacionados ao desenvolvimento da capacidade
de inovação das empresas do INOVAPARQ, a seguir são apresentadas as análises
relacionadas ao desenvolvimento da capacidade absortiva investigadas no caso do habitat
de inovação CELTA.
4.3.3. Capacidade Absortiva CELTA
Para poder identificar e analisar o desenvolvimento da capacidade absortiva no
CELTA, inicialmente se buscou retratar as palavras mais citadas pelas empresas a partir
das entrevistas realizadas.
169
Figura 44: Quantidade de palavras capacidade absortiva CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Através da Figura 44, constata-se que as palavras mais citadas foram: produto,
empresas, mercado e incubadora. Excetuando-se a palavra empresas, que a exemplo do
que ocorreu nas entrevistas realizadas as empresas do INOVAPARQ, o contexto de
investigação pode ter mais uma vez ter resultado no surgimento em várias ocasiões da
palavra empresas nas respostas, sendo que as demais palavras mais citadas podem
contribuir na percepção dos entrevistados sobre fatores gerados de sua capacidade
absortiva.
Deste modo, o destaque, diferente do que ocorreu no caso do INOVAPARQ, está
nas palavras produto, mercado e incubadora, demonstrando, por exemplo, que grande
parte das ações desenvolvidas pelas empresas pode estar relacionada ao desenvolvimento
de novos produtos para atender novos mercados sustentados num ambiente construtivo
promovido pela incubadora.
Neste caso, o modelo teórico de capacidade absortivo utilizado nesta tese pode
contribuir no relacionamento das palavras mais destacadas nas entrevistas com o
desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas, uma vez que as ações
relacionadas à capacidade absortiva potencial e capacidade absortiva realizada (ZAHRA;
GEORGE, 2002; FOSFORI; TRIBÓ, 2008) podem indicar que um ambiente promotor de
cooperação e de realização de pesquisas aplicadas voltadas ao uso colaborativa do
170
conhecimento, como é o caso das incubadoras, podem contribuir na criação de produtos
e serviços diferenciados e na busca de novos mercados.
Em outras palavras, o habitat de inovação do CELTA pode ter um papel
estratégico através de ações de governança que possam fomentar novas ideias por parte
das empresas e gerar a elas negócios sustentáveis e como alto poder de penetração em
novos mercados.
Considerando as palavras mais citadas, são apresentadas a seguir a árvores de
palavras estrutura a partir das entrevistas. Inicialmente, na Figura 45 é relacionada à
palavra incubadora com trechos anteriores e posteriores em que essa palavra aparece nas
falas dos entrevistados.
Figura 45: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – incubadora
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as falas sintetizadas na figura acima, pode-se destacar que:
EC1: [...] então eu já sabia como a incubadora pode ajudar,
agregar o crescimento de uma empresa de base tecnológica [...]
antes de entrarmos na incubadora aqui nós passamos por um
processo de aceleração que pode nos ajudar a buscar investimento
financeiro [...] EC7: [...] Nosso produto está em processo de
patente é tudo desenvolvido pela gente, a incubadora está só como
um ambiente. [...] não tem muito a ver com a incubadora é mais
para nosso mercado [...] esse tipo de coisa que é legal aqui na
incubadora, tem essa tangente, essa rede que aparece aí e sobe
dois andares [...] EC9: [...] a coisa o mais importante e bacana de
estar dentro de uma incubadora são os relacionamentos que você
faz aqui dentro [...] na incubadora tem contato constante com
diversas empresas de diferentes mercados, maturidade [...]
171
Analisando as falas dos entrevistados EC1, EC7 e EC9, pode-se destacar que os
relacionamentos e a rede promovidos pelo habitat podem contribuir diretamente para o
desenvolvimento das empresas.
Por outro lado, o entrevistado EC7 destaca que o sucesso de sua empresa está mais
relacionado com seus produtos e patentes do que necessariamente seu vínculo com a
incubadora. Sendo assim, pode-se destacar que incubadora pode ter um papel estratégico
no desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas, podendo contribuir para que
elas possam reconfigurar e realinhar suas capacidades de gestão do conhecimento para se
adaptar as mudanças do mercado (LANE; KOKA; PATHAK, 2006). Em outras palavras,
a incubadora pode ajudar as empresas no alinhamento do conhecimento externo e interno
exercendo um papel de coordenação e de orientação dessas empresas, proporcionando
para as empresas um maior potencial de gestão integrada do conhecimento (LANE;
KOKA; PATHAK, 2006; LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010).
A seguir são apresentadas as análises correspondentes a palavra produto
identificada nas entrevistas realizadas.
Figura 46: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – produto
Fonte: dados da pesquisa
Destacando os principais aspectos indicados pelos entrevistados, pode-se
destacar:
172
EC1: [...] inclusive nós estávamos precisando de um produto que
uma empresa fornece e tal e precisamos de um auxílio, como
somos pequenos não conseguimos fazer investimento muito alto.
[...] as sugestões de melhorias e mudança do nosso produto é feito
pelo mercado [...] EC2: [...] depois desse período que encerrou a
gente com o plano de negócio e o produto procuramos apresentar
ao CELTA [...] estamos agora com reformulações de um produto,
até é uma coisa que estamos reestruturando [...] EC3: [...] não
pode sair com apenas um produto, na verdade tem que criar teu
ciclo [...] aí você fica sustentável não sai daqui apenas com um
produto, tem que arranjar formas de se recriar [...] você só vai sair
nesse momento quando conseguir criar teu produto [...] EC6: [...]
por esta aqui dentro de uma forma muito rápida que acelerou e
conseguimos esse produto em quatro patentes [...] nós vamos
tentar internacionalizar esse produto [...] EC7: [...] nosso produto
está em processo de patente é tudo desenvolvido pela gente, a
incubadora está só como um ambiente. [...]
Em relação às análises dos entrevistados, pode-se destacar que a avaliação e o
acompanhamento do habitat dos planos de negócios desenvolvidos pelas empresas
podem contribuir diretamente no desenvolvimento de sua capacidade de absorção, nas
quatro etapas apresentadas por Zahra e George (2002).
Neste sentido, a constante troca de informações e conhecimentos entre gestores
do habitat e empresas nos processos avaliativos realizados podem contribuir para que as
empresas possam adquirir informações mais precisas e alinhadas a seus negócios;
absorver conhecimentos que realmente possam ser aplicados e transformados em
produtos e serviços que possuam maior potencial de penetração no mercado e que
resultem em negócios sustentáveis.
Em continuação, a Figura 47 relaciona a palavra mercado com as entrevistas
realizadas nas empresas do CELTA.
Figura 47: Árvore de palavras capacidade absortiva CELTA – mercado
Fonte: dados da pesquisa
173
Considerando aspectos-chaves do conteúdo das entrevistas relacionados a palavra
mercado, pode-se destacar que:
EC1: [...] É uma atividade mais interna, escutamos muito que o
mercado diz [...] todas as sugestões de melhorias e mudança do
nosso produto é feito pelo mercado [...] EC3: [...] tem que arranjar
formas de se recriar, é uma exigência do mercado e eles
acompanham isso [...] EC3: [...] então é um indicativo que tua
empresa cresceu e está pronta para sair daqui, então estarei
preparado para ir para o mercado. [...] EC6: [...] somos
especializados em analisar concorrência, fazemos a partir de
pesquisa de mercado [...] EC7: [...] Sempre estamos monitorando
esses concorrentes, como nesse mercado meio que todos se
conhecem e são poucos [...] EC8: [...] O CELTA contribui muito
com rede de relacionamento, principalmente o gerente, além de o
espaço ser mais barato que no mercado [...] EC9: [...] estamos
tentando sempre ficar muito próximo dessas instituições para
gente comentar e ajudar o mercado a crescer [...]
Analisando as falas dos entrevistados EC1, EC3, EC6, EC7, EC8 e EC9, pode-se
destacar que a principal preocupação apresentada por essas empresas está no
acompanhamento do mercado como, por exemplo, um processo de aquisição de
conhecimento que contribua na criação de produtos e serviços diferenciados, em que o
habitat, através de suas avaliações, pode ajudar a orientar as empresas num melhor
posicionamento de mercado.
Cabe destacar que o acompanhamento do mercado pode ainda impactar
diretamente na reformulação dos recursos internos das empresas (BARNEY, 1991;
TEECE; PISANO; SHUEN, 1997), uma vez que é a partir dos recursos internos que as
empresas podem desenvolver suas capacidades estratégicas e gerar produtos ou serviços
inovadores. Considerando o papel do habitat nesse processo de reformulação dos
recursos, isso pode contribuir para que as empresas possam atuar em ambientes de grande
incerteza e tomem decisões corretas que garantam um desempenho superior a elas
(MACIEL; SATO; KATO, 2012).
Em outras palavras, pode-se dizer que o interesse das empresas em estarem
situadas em habitats de inovação está na contribuição desse ambiente no seu processo de
reformação dos recursos internos a fim de que possam com maior agilidade adequar-se
às necessidades de mercado e serem mais competitivas.
Analisando as entrevistas acima, pode-se destacar ainda que as empresas
procuram realizar benchmarking para poder adequar seus modelos de negócios alinhados
174
com a necessidade do mercado. De modo que o habitat contribua como um ambiente
diferenciado e proativo, tanto a partir de seus relacionamentos como de suas ferramentas
de gestão que ajudam na adequação dos modelos de negócios e no surgimento de recursos
valiosos, raros, de difícil imitação e que são corretamente explorados (BARNEY;
HESTERLY, 2008).
A seguir, são apresentadas a Tabela 5 e a Figura 48 que sintetizam as referências
dos indicadores de cada categoria correspondente ao modelo teórico de capacidade
absortiva aplicados na coleta dos dados do CELTA.
Tabela 5: Quantidade de citações do construto capacidade absortiva CELTA
HABITAT DE INOVAÇÃO CELTA
NÓ Nº REFERÊNICAS
Construto: Capacidade absortiva 86
Categoria: Aquisição de conhecimento 30
Networking interno 14
Eventos 9
Redes empresariais 7
Categoria: Assimilação do conhecimento 26
Treinamentos e capacitação 14
Realizar benchmarking 9
Realizar reuniões 3
Categoria: Transformação do conhecimento 22
Processos de inovação 12
Experiências passadas 6
Tecnologias 4
Categoria: Aplicação do conhecimento 11
Patentes 6
Reconhecimento 4
Pós-vendas 1
Fonte: dados da pesquisa
De acordo com a Tabela 5, constata-se que a categoria aquisição do conhecimento
representou o item que mais apresentou referências, 30, e os indicadores networking
interno e treinamento e capacitação foram aqueles que mais apresentaram referências, 14.
A Figura 48, abaixo, ilustra a quantidade de referências de cada categoria e
indicador a partir dos quantitativos apresentados na Tabela 5.
175
Figura 48: Quantidade palavras por categoria da capacidade absortiva – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Apresentadas as principais análises correspondentes ao desenvolvimento da
capacidade absortiva na perspectiva das empresas do CELTA, a Figura 49 sintetiza
fatores críticos de sucesso desta capacidade no habitat investigado.
176
Legenda: Categoria: Aq. Con. – Aquisição de conhecimento. Indicadores: EV – Eventos / NI – Networking interno / RE – Redes empresariais. Categoria: Ass. Con. –
Assimilação do conhecimento. Indicadores: RR – Realiza reuniões / TC – Treinamento e capacitação / RB – Realiza benchmarking Categoria: Tr. Con. – Transformação do
conhecimento. Indicadores: PI – Processo de inovação / EP – Experiências passadas / TE – Tecnologias. Categoria: Ap. Con. – Aplicação do conhecimento. Indicadores: NC
– Número de clientes / PT – Patentes / R – Reconhecimento / PV – Pós-vendas
Figura 49: Fatores críticos de sucesso de capacidade absortiva do CELTA
Fonte: dados da pesquisa
177
De acordo com a Figura 49, pode-se constatar que o desenvolvimento da
capacidade absortiva do CELTA a partir dos fatores críticos de sucesso observados a
partir das empresas investigadas está relacionado aos diferentes indicadores estruturados
a partir do modelo teórico. Neste sentido, pode-se indicar, por exemplo, que a constante
participação das empresas em eventos locais promovidos pelo habitat; a interação entre
elas a partir de encontros promovidos; e a rede de relacionamentos incentivada pelo
habitat, ajudando as empresas a buscar investidores e de parceiros comerciais podem
potencializar o processo de aquisição do conhecimento por parte das empresas.
Por sua vez, o processo de avaliação diferenciado e o uso de editais específicos
apresentados pelo habitat; o monitoramento constante da concorrência; e as reuniões
realizadas com cada empresa para avaliar seu estágio de maturação podem contribuir no
processo de assimilação de conhecimento das empresas.
Considerando as ações que podem potencializar o processo de transformação de
conhecimento das empresas, destaca-se na Figura 49: conhecimento adquirido ao longo
de sua trajetória e utilizado como fator decisivo para a entrada no habitat; produtos e
serviços diferenciados e aperfeiçoados a partir da orientação do habitat; e monitoramento
do mercado para identificar produtos e serviços que possam ser criados. Por fim, para
estimular o desenvolvimento das ações relacionadas a aplicação do conhecimento, pode-
se destacar a busca de patentes em processos externos ou internos ao habitat; e a
existência de empresas diferenciadas, com inúmeras premiações, desenvolvidas a partir
da credibilidade do CELTA tornando esse um fator competitivo para as empresas
poderem buscar novos clientes.
Cabe destacar que o indicador número de clientes não foi identificado nas
entrevistas realizadas.
Analisando todas estas ações, o desenvolvimento combinado delas pode gerar o
incremento da capacidade absortiva das empresas do CELTA, em que o resultado desses
quatro processos (aquisição, absorção, transformações e aplicação do conhecimento)
pode ser constatado na geração de uma vantagem competitiva diferenciada das empresas
(ZAHRA; GEORGE, 2002), ou ainda num desempenho inovador (FOSFORI; TRIBÓ,
2008).
Além disto, a rede de relacionamentos construída pelo CELTA com grandes
empresas e serviços compartilhados diferenciados, pode ainda potencializar a busca de
novos mercados e de parcerias que permitam as empresas trocar conhecimento e
informações de um modo ativo e dinâmico, resultando na aplicação de conhecimento
178
através de novos conhecimentos técnicos, científicos ou organizacionais e produtos,
serviços ou propriedade intelectual (LANE; KOKA; PATHAK, 2006).
Analisados os principais fatores relacionados ao desenvolvimento da capacidade
absortiva das empresas do CELTA, a seguir são apresentadas as análises relacionadas ao
desenvolvimento da capacidade de inovação deste habitat na perspectiva de suas
empresas.
4.3.4. Capacidade de Inovação CELTA
A fim de identificar e analisar o desenvolvimento da capacidade de inovação no
CELTA buscou-se inicialmente retratar as palavras mais citadas pelas empresas durante
a fase de coleta dos dados.
Figura 50: Quantidade de palavras capacidade de inovação CELTA
Fonte: dados da pesquisa
Através da Figura 50, constata-se que as palavras mais citadas foram: produto,
mercado, SEBRAETEC e empresas. As palavras mais citadas são semelhantes às
encontradas na capacidade absortiva das empresas do CELTA, o que demonstra um
179
possível relacionamento das ações voltadas à capacidade absortiva e de capacidade de
inovação desse habitat.
Sendo assim, a exemplo do que já ocorreu nas palavras mais citadas da capacidade
absortiva, pode-se justificar do mesmo modo o aparecimento em várias ocasiões da
palavra empresas durante as respostas dos entrevistados. As demais palavras destacadas
mais uma vez podem contribuir na percepção dos entrevistados sobre fatores gerados de
sua capacidade de inovação.
Deste modo, o destaque agora está nas palavras mercado, produto e
SEBRAETEC, em que grande parte das ações de inovação desenvolvidas pelas empresas
pode estar relacionada à busca de novos mercados através de produtos ou serviços
inovadores sustentados com consultorias desenvolvidas por profissionais qualificados, a
exemplo do que ocorre nas atividades realizadas através do SEBRAETEC.
Relacionando as palavras mais citadas com a teoria da capacidade de inovação,
registra-se que para as empresas poderem ter um diferencial competitivo que permita a
elas se posicionarem de maneira estratégica no mercado, a inovação não pode ser baseada
somente na realização de pesquisas e desenvolvimento, mas em iniciativas que
possibilitem a elas gerar capacidades gerenciais e de mercado únicas (HAUKNES, 1998;
LOBIANCO; RAMOS 2004; KUBOTA, 2009). Nesse sentido, a promoções de ações de
governança relacionadas ao uso de editais que possam orientar e desenvolver as empresas,
a exemplo do SEBRAETEC, podem auxiliar na geração de produtos e serviços
inovadores e que atendem ao interesse do mercado.
Considerando as palavras mais citadas, são apresentadas a seguir árvores de
palavras identificadas a partir das entrevistas com as empresas do CELTA. A Figura 51
relaciona a palavra produto com trechos anteriores e posteriores de cada entrevista.
180
Figura 51: Árvore de palavras – produto
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as entrevistas que retratam a palavra produto, a seguir são
apresentados alguns depoimentos dos entrevistados da pesquisa:
EC1: [...] então todas as sugestões de melhorias e mudança do
nosso produto é feito pelo mercado [...] EC2: [...] Estamos agora
com reformulações de um produto, até é uma coisa que estamos
reestruturando [...] estamos num momento que estamos crescendo
em termo de produto [...] então temos um produto que é muito
bom que a gente vê crescendo em cima de quem já testou [...]
EC3: [...] você não pode sair com apenas um produto, na verdade
tem que criar teu ciclo que ai você fica sustentável [...] não sai
daqui apenas com um produto, tem que arranjar formas de se
recriar, é uma exigência do mercado [...] EC6: [...] estamos com
uma linha de produtos próprios que estamos criando, tem bastante
segmento que a gente está abrangendo [...] por esta aqui dentro,
foi possível acelerar o processo de patentes dos produtos [...] nós
vamos tentar internacionalizar esse produto, mas existem duas
barreiras [...] EC7: [...] tem outra que veio atrás da gente uma
empresa grande que vende produtos e equipamentos importados
[...]
Analisando os depoimentos dos entrevistados, pode-se destacar que o habitat pode
contribuir para a maturação das empresas auxiliando no desenvolvimento do modelo de
negócio. Evidenciou-se que o habitat não permite que as empresas saiam da incubadora
com produtos de baixo potencial inovador e com pouca variedade de negócios, fatores
esses que estão diretamente relacionados com a capacidade de inovação das empresas,
uma vez que essa capacidade deve estar relacionada, segundo Tidd, Bessante e Pavitt
181
(2008), na reação das empresas às mudanças do mercado com a inserção de novos
produtos e serviços que possam atender de modo rápido essas mudanças.
Em outras palavras, em um contexto em que existe muita concorrência e grandes
pressões de mercado, uma governança que possa estimular ou contribuir no
desenvolvimento de bons produtos ou serviços podem ajudá-las a buscarem novos
negócios e as tornarem mais competitivas mediante uma maior capacidade de inovar.
A seguir são apresentados os principais destaques extraídos das entrevistas das
empresas, referente à palavra mercado.
Figura 52: Árvore de palavras – mercado
Fonte: dados da pesquisa
Considerando as entrevistas que retratam a palavra mercado, a seguir são
apresentados alguns destaques dos entrevistados:
EC1: [...] escutamos muito que o mercado diz como já temos
clientes utilizando [...] então todas as sugestões de melhorias e
mudança do nosso produto é feito pelo mercado [...] temos
perspectivas como o México, EUA até a própria China são
mercados que são aderentes ao nosso modelo [...] EC2: [...]
estamos num momento que estamos crescendo em termo de
produto, condicionamento no mercado [...] EC3: [...] teu ciclo que
ai você fica sustentável não sai daqui apenas com um produto,
tem que arranjar formas de se recriar, é uma exigência do mercado
[...] EC5: [...] a avaliação do CELTA é um indicativo que tua
empresa cresceu, está indo bem, e você pode sair daqui, então
estarei preparado para ir para o mercado [...] EC7: [...] Estamos
querendo entrar no mercado latino americano [...] o CELTA
apresenta pessoas interessada e que está de olho no mercado e
vem conversar conosco [...]
182
Analisando os principais destaques dos entrevistados no tocante a palavra
mercado, pode-se destacar que um dos diferenciais apresentados pelas empresas
referentes a estar em um habitat de inovação diz respeito ao relacionamento do habitat
com atores externos, podendo contribuir nas formações de parcerias e na busca de novos
mercados.
Outro destaque foi a vontade das empresas em buscar mercados internacionais,
tanto da América Latina como Estados Unidos e China, em que o potencial em se alcançar
esses novos mercados está no processo de avaliação do habitat em analisar o status do
modelo de negócio e indicar possíveis melhorias para atendes esses novos mercados.
Este interesse em se internacionalizar pode estar relacionado na geração de novas
ideias e na exploração do conhecimento que resulte no lançamento de produtos e serviços
inovadores. Baseando-se no modelo de Nieto e Quevedo (2005), pode-se considerar o
método de avaliação promovido pela governança do CELTA, somado ao relacionamento
construído com grandes empresas e instituições de ensino, podem auxiliar nesse processo
de fomento a inovação e a troca de conhecimentos.
A seguir, é apresentada Figura 53 que sintetiza as principais entrevistas que
destacam a palavra SEBRAETEC em seu conteúdo.
Figura 53: Árvore de palavras – SEBRAETEC
Fonte: dados da pesquisa
Abaixo são apresentados os principais destaques dos entrevistados no tocante o
SEBRATEC:
EC1: [...] o CELTA tem um fundo específico para as incubadas,
então se nós tivemos que buscar o SEBRAETEC sem o fundo a
gente não conseguiria. [...] EC2: [...] mas sempre tem as
183
notificações de coisas que estão acontecendo e tem também
SEBRAETEC que são incentivos para conseguir recursos para
consultorias [...] EC6: [...] aí conseguimos o SEBRAETEC por
esta aqui dentro de uma forma muito rápida [...] EC7: [...] o
SEBRAETEC o qual temos direito a dois por ano no valor de 30
ou 60 mil [...] EC9 [...] já conversamos com eles lá atrás um
pouquinho e programa assim tipo SEBRAETEC e programas de
auxilio nos ajudaram sim [...]
A partir dos entrevistados EC1, EC2, EC6, EC7 e EC9 identifica-se que um dos
diferenciais das empresas localizadas no CELTA está na apresentação de edital específico
SEBRAETEC que pode contribuir na qualificação e desenvolvimento das empresas a
partir de consultoria específica.
Para empresas novas, como é o caso da maioria das empresas incubadas, essa
ajuda pode representar um diferencial competitivo para essas empresas, principalmente
quando relacionada a empresas do tipo startups, que a partir de consultorias específicas
para melhorar o modelo de negócios, isso pode potencializar a capacidade de inovar
dessas empresas considerando a melhoria do seu processo de aprendizagem
organizacional (DUSSAUGE; GARRETTE; MITCHELL, 2000).
Rothaermel e Deeds (2004) destacam que uma estratégia de exploração do
conhecimento para geração de ideias está na inovação surgida de relacionamento de
investigação que permitam otimizar a capacidade das empresas em descobrir,
desenvolver e comercializar novos produtos e serviços, e neste sentido, uma orientação
específica que possa demonstrar os melhores caminhos para a inovação, a exemplo do
que pode ocorrer com o SEBRAETEC, pode gerar um diferencial competitivo para as
empresas do CELTA.
Apresentadas as principais análises considerando as palavras mais citadas pelas
empresas entrevistadas no tocante a capacidade de inovação do CELTA, a seguir é
apresentada através da Tabela 6 e Figura 54 os indicadores mais citados considerando o
construto da capacidade de inovação aplicado nesse estudo de caso.
Tabela 6: Quantidade de citações do construto capacidade de inovação CELTA
184
HABITAT DE INOVAÇÃO CELTA
NÓ Nº REFERÊNICAS
Construto: Capacidade de inovação 84
Categoria: Inovatividade 48
Ambiente adequado 31
Oportunidades de negócio 15
Política de participação 2
Categoria: Estimulo à inovação 14
Editais 6
Custos 4
Investidores 4
Categoria: Criação 11
Novos produtos e serviços 11
Categoria: Oportunidades internacionais 7
Acesso a novos mercados 7
Categoria: Desenvolvimento tecnológico 4
Novas tecnologias 4
Fonte: dados da pesquisa
Figura 54: Quantidade palavras por categoria da capacidade de inovação – CELTA
Fonte: dados da pesquisa
A partir da figura acima, pode-se identificar que o indicador ambiente adequado,
o qual está relacionado à categoria inovatividade, a exemplo do que aconteceu no estudo
de caso de INOVAPARQ, foi o conteúdo mais explorado pelos entrevistados, com um
total de 31 referências. Considerando a Tabela 6, pode-se identificar que a categoria
inovatividade, e o indicador ambiente adequado, foram os temas mais explorados pelos
entrevistados, com um total de 48 e 31 referencias, respectivamente.
Como exemplo do que ocorreu no caso do INOVAPARQ, esta constatação pode
estar relacionada com a contribuição do CELTA em poder gerar maior inovatividade, a
partir de um ambiente adequado para atender as necessidades das empresas.
185
Quanto à inovatividade, a tese representa a formação de um contexto em que as
empresas possam desenvolver suas atividades e inovar em produtos e serviços de modo
dinâmico para atender demandas da sociedade e do mercado (MCDONALD, 2002;
HULT et al., 2004; MENGUC; AUH 2006), e no caso do CELTA, este ambiente pode
ser estimulado a partir dos relacionamentos gerados, método de avaliação utilizado e a
credibilidade que o habitat possui no mercado
Sendo assim, ações de governança voltadas a um melhor atendimento das
necessidades das empresas podem contribuir para uma maior inovatividade, considerando
principalmente que o ambiente criado no habitat pode estimular para uma maior
disposição cultural, inclinação, propensão ou prontidão nos seus processos de inovação
(HURLY; HULT, 1998).
Analisados os principais conteúdos das entrevistas referentes ao construto
capacidade de inovação aplicada no caso do CELTA, a Figura 55 sintetiza os fatores
críticos de sucesso observados e analisados a partir dos conteúdos das entrevistas.
186
Legenda: Categoria: INO – Inovatividade. Indicadores: AA – Ambiente adequado / ON – Oportunidades de negócios / PP – Políticas de participação. Categoria: OI – Oportunidades
internacionais. Indicador: ANM – Acesso a novos mercados. Categoria: DT – Desenvolvimento tecnológico. Indicador: NT – Novas tecnologias. Categoria: CR – Criação. Indicador:
NPS – Novos produtos e serviços. Categoria: EI – Estímulo à inovação. Indicadores: CU – custos / ED – Editais / IN – investidores / P&D – Pesquisa e desenvolvimento
Figura 55: Fatores críticos de sucesso da capacidade de inovação do CELTA
Fonte: dados da pesquisa
187
De acordo com a Figura 55, pode-se verificar que o desenvolvimento da
capacidade de inovação no CELTA a partir da análise das principais atividades percebidas
pelas empresas investigadas pode estar relacionado, no tocante a inovatividade, com as
orientações e estímulos promovidos pelo habitat no alcance de novos mercados pelas
empresas; incentivos ofertados pelas empresas as ideias apresentadas pelos funcionários;
e o notório reconhecimento nacional do habitat como um diferenciado.
Considerando a capacidade de inovar das empresas do CELTA nas categorias
relacionadas às oportunidades internacionais, desenvolvimento tecnológico e criação,
essas são constatadas, respectivamente, na constante procurar das empresas por novos
mercados internacionais e na participação de eventos no exterior; no acompanhamento
constante do mercado nacional e internacional para o desenvolvimento de novos produtos
e serviços; e na revisão das principais práticas e processos internos.
Estas ações se confirmam como práticas relevantes para o desenvolvimento da
capacidade de inovação, em que a sustentabilidade das empresas pode estar pautada na
apresentação de novos produtos e serviços e no uso de estratégico do conhecimento para
desenvolver competências essenciais (ZARIFIAN, 1999; KIRSCHBAUM, 2010), em
que a exemplo do que foi investigado nas empresas do CELTA, o constante
monitoramento do mercado e revisão das práticas de gestão podem potencializar essa
capacidade de inovar das empresas.
Por fim, os destaques apresentados com os conteúdos das entrevistas referentes a
categoria estímulos para inovação vão ao encontro do uso do SEBRAETEC como fonte
de informação para melhorar processos, produtos e serviços; o custo baixo de instalação
no habitat; e o alto investimento em alguns produtos e serviços desenvolvidos. No
indicador P&D não foi identificada referências nas entrevistas.
Considerando o estímulo à inovação das empresas a partir do SEBRAETEC, este
processo pode ajudar a fomentar o ambiente conhecido como ba (NONAKA; TOYAMA;
HIRATA, 2011), em que a existência de um ambiente favorável à criação do
conhecimento pode contribuir para o relacionamento entre as empresas e o ecossistema
de negócios, gerando processos de transferências de conhecimentos e de inovação aberta
(CHESBROUGH, 2006).
No tocante a inovação aberta, essa pode estar relacionada com a ação de
governança voltada à avaliação dos modelos de negócios, como também a troca
experiências e conhecimentos em encontros informais promovidos pelas próprias
188
empresas, buscando-se uma cooperação de sinergias e de exploração de novas ideias que
possam contribuir para um processo de inovação.
Sendo assim, no momento que o habitat busca auxiliar as empresas na avaliação
e desenvolvimento de planos de negócios, e também no momento que as empresas
buscam parcerias com os relacionamentos gerados pelo habitat, isso pode resultar numa
troca de informações e de conhecimento de modo ativo e contributivo no
desenvolvimento de novos negócios, permitindo a essas empresas estarem competitivas
na busca de novos mercados.
Apresetados e analisados os principais fatores críticos de sucesso relacionados ao
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação na perspectiva das empresas
entrevistadas nos casos do INOVAPARQ e do CELTA, a seguir são apresentados os
fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação
de empresas nestes dois casos investigados a partir de um framework.
4.4. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento de capacidades
absortiva e de inovação em empresas
Considerando o framework teórico utilizado para esta tese, que considera a
estrutura de governança como fator de estímulo ao desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação em empresas de habitats de inovação, é importante identificar e
relacionar quais fatores críticos de sucesso da governança podem contribuir para o
desenvolvimento dessas capacidades.
Sendo assim, fatores críticos de sucesso da estrutura de governança relacionados
a estrutura organizacional; mecanismos de crescimento; tecnologia, inovação e
networking; sustentabilidade; oportunidade de relacionamento internacional podem
contribuir no desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas, refletido nos
processos de aquisição, assimilação, transformação e aplicação do conhecimento; e por
sua vez, essa capacidade absortiva pode influenciar no desenvolvimento da capacidade
de inovação das empresas, sendo essa capacidade desenvolvida através dos estímulos à
inovação; inovatividade; desenvolvimento tecnológico; criação; e oportunidades
internacionais.
189
A seguir é apresentado o framework de fatores críticos de sucesso do
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação de empresas na perspectiva da
estrutura de governança do INOVAPARQ.
4.4.1. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades:
modelo aplicado INOVAPARQ
Apresentadas a estrutura de governança, as ações de governança e o processo de
desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação das empresas do habitat de
inovação INOVAPARQ, elaborou-se um framework de desenvolvimento dessas
capacidades considerando ações planejadas pela estrutura de governança do habitat.
Destaca-se que as principais ações selecionadas para os três construtos teóricos
correspondem aos dados analisados das entrevistas dos gestores e das empresas desse
habitat.
Assim como ocorreu nas demais seções analisadas, os dados das entrevistas foram
categorizados e analisados considerando as categorias e os indicadores dos construtos
estrutura de governança, capacidade absortiva e capacidade de inovação, de modo que o
processo de seleção das principais ações identificadas foi construído a partir dos seguintes
critérios: número de referências registradas para cada indicador; e importância qualitativa
aferida das ações diante da análise dos conteúdos realizada com os dados das entrevistas.
A partir destes critérios, buscou-se num segundo momento relacionar ações
correspondentes aos indicadores da estrutura de governança, da capacidade absortiva e
da capacidade de inovação do INOVAPARQ, em que a partir de uma análise profunda
das ações e da teoria que sustentava cada construto teórico, são apresentados através da
Figura 56 possíveis “caminhos” que gestores juntamente com as empresas no
INOVAPARQ podem utilizar num desempenho diferencial nas empresas.
190
Legenda: Estrutura de Governança: Categoria: EO – Estrutura Organizacional / Indicador: ACE – Atividades do Conselho e Estrutura. Categoria: MC – Mecanismo de
Crescimento/ Indicador: DC – Desenvolvimento de capacidades. Categoria: ORI – Oportunidades de relacionamentos internacionais/ Indicador: IMG – Integração com
mercados globais. Categoria: TIN – Tecnologia, inovação e networking / Indicador: CR – Cooperação em rede. Capacidade Absortiva: Categoria: AQC – Aquisição de
conhecimento / Indicador: RE – Realização de eventos. Categoria: TC – Transferência de conhecimento / Indicador: PI – Processos de inovação. Categoria: ASC – Assimilação
do conhecimento / Indicador: RB – Realizar benchmarking. Categoria: APC – Aplicação do conhecimento / Indicador: RC – Reconhecimento. Capacidade de Inovação:
Categoria: IN – Inovatividade / Indicador: ON – Oportunidades de negócio. Categoria: EI – Estímulo à inovação / Indicador: INV – Investidores. Categoria: CR – Criação /
Indicador: NPS – Novos produtos e serviços. Categoria: OI – Oportunidades internacionais / Indicador: ANM – Acesso a novos mercados
Figura 56: Framework de fatores cíticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades do INOVAPARQ
Fonte: dados da pesquisa
191
De acordo com a Figura 56, pode-se verificar que o desenvolvimento das
capacidades absortiva e de inovação no INOVAPARQ pode ocorrer a partir de fatores
críticos relacionados, por exemplo, a incentivos e direcionadores promovidos pela
estrutura de governança do habitat.
Sendo assim, a fim de exemplificar os direcionadores promovidos pela estrutura
de governança que mais contribuem para o desenvolvimento das capacidades absortiva e
de inovação das empresas do INOVAPARQ, esses foram relacionados da seguinte
maneira (Figura 56):
1. O incentivo promovido pelo INOVAPARQ para o desenvolvimento de suas
empresas por intermédio de gestores qualificados pode contribuir para a
formação de uma rede de relacionamento diferenciada construída a partir da
interação das próprias empresas, ou delas com outros stakeholders, e como
resultado dessa interação, potencializar o surgimento de novas oportunidades
de negócios considerando o acompanhamento do mercado pelas empresas e
a supervisão constante do habitat sobre as atividades que estão sendo
realizadas;
2. O relacionamento das empresas do habitat com grandes organizações e
instituições de ensino incentivado por gestores do INOVAPARQ podem
contribuir na orientação e aplicação de teses nos modelos de negócios
apresentados pelas empresas resultando na facilitação do acesso a
investidores e novos negócios a partir da credibilidade conferida para o
próprio habitat;
3. Promover um ambiente que seja autorizado para se relacionar e receber
empresas de outros países pode contribuir que as empresas do INOVAPARQ
possam estar constantemente monitorando o mercado e a concorrência, em
especial a internacional, de modo que esse processo possa potencializar o
relacionamento das empresas com outros stakeholders, e desse modo, facilitar
a criação ou melhoria dos produtos ou serviços que estão sendo
desenvolvidos; e
4. O incentivo conferido pelo INOVAPARQ para a promoção de
relacionamentos internos para a troca constante de informações e
conhecimentos entre suas empresas pode contribuir para que as empresas
buscar novos mercados considerando a credibilidade existente no habitat em
razão de ser um ambiente diferenciado e facilitador para essas empresas, e
192
dessa forma, o habitat poder ajudar na indicação e orientação das empresas
para que elas possam ter novas experiências internacionais e de
relacionamentos externos.
Destaca-se ainda que todos os processos identificados na Figura 56, os quais
foram mapeados a partir das análises de evidências encontradas no INOVAPARQ,
referem-se a ações representativas que podem, em última análise, ocorrer
simultaneamente, o que numa perspectiva teórica significa que a capacidade absortiva das
empresas do INOVAPARQ pode resultar numa maior capacidade de inovação (ZAHRA;
GEORGE, 2002; NIETO; QUEVEDO, 2005; FOSFORI; TRIBÓ, 2008). No momento
em que o ambiente o qual essas empresas se inserem possa contribuir para o
desenvolvimento das capacidades a partir de ações estratégicas da governança.
Na literatura é possível constatar que a capacidade absortiva contribui para o
surgimento de inovação a partir do conhecimento explorado (FOSFORI; TRIBÓ, 2008).
Essa contribuição pode ser potencializada e direcionada na ajuda de gestores e
stakeholders de um habitat de inovação na promoção de relacionamentos internos e
externos e na aplicação de metodologias específicas de avaliação das empresas.
Sendo assim, a atribuição da governança em ambientes compartilhados pode ser
confirmada pela literatura apresentada na tese (PUTNAM, 1993; KNIGHT 2002;
KAUFMANN; KRAAY; MASTRUZZI, 2006; VEIGA, 2006), em que o sistema criado
e gerado dentro e fora do habitat pode ser capaz de promover o relacionamento ativo de
stakeholders presentes e, fundamentalmente, que as empresas interessadas em estar nesse
ambiente possam ter interesse em se apropriar dos benefícios.
Por fim, também é importante destacar os sentidos das setas na Figura 56, que por
estarem indo e voltando, podem representar que ações desenvolvidas e aprimoradas pelas
empresas no tocante a suas capacidades podem representar elementos de análise e de
incentivo a serem utilizados pela governança do INOVAPARQ. Em outras palavras, uma
vez que os gestores desse habitat, a partir do acompanhamento e supervisão referentes às
demandas das empresas, eles podem desenvolver e estruturar melhor as ações de
governança no intuito de poderem ser aplicadas em contribuição do saneamento de um
modo rápido e dinâmico de possíveis problemas encontrados nas empresas.
Analisados os processos de desenvolvimento das capacidades absortiva e de
inovação, na perspectiva da estrutura de governança do INOVAPARQ, a seguir é
apresentado esse mesmo processo aplicado ao caso do habitat de inovação CELTA.
193
4.4.2. Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades:
modelo aplicado CELTA
Como já apresentado para o caso do INOVAPARQ, destaca-se nesta seção o
framework dos fatores cíticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades absortiva
e de inovação considerando fatores críticos de sucesso da estrutura de governança do
CELTA.
Mais uma vez, destacam-se que os conteúdos das entrevistas foram categorizados
a partir das categorias e indicadores dos três construtos aplicados na tese, em que o
processo de seleção das principais ações baseou-se no número de referências de cada
indicador e da importância qualitativa das ações, considerando a análise dos conteúdos
das entrevistas.
A partir destes critérios, buscou-se num segundo momento relacionar novamente
cada ação correspondente ao indicador da estrutura de governança, da capacidade
absortiva e da capacidade de inovação do CELTA, em que a partir de uma análise
profunda das ações e da teoria utilizada para a construção do framework a seguir, que foi
sintetizado a partir da Figura 57 com os possíveis “caminhos” que gestores e empresas
do CELTA podem seguir para buscar um desempenho diferencial.
194
Legenda: Estrutura de Governança: Categoria: EO – Estrutura Organizacional / Indicador: ACE – Atividades do Conselho e Estrutura. Categoria: MC – Mecanismo de
Crescimento/ Indicador: DC – Desenvolvimento de capacidades. Categoria: ORI – Oportunidades de relacionamentos internacionais/ Indicador: PRE – Participação e realização
de eventos. Categoria: TIN – Tecnologia, inovação e networking / Indicador: CR – Cooperação em rede. Capacidade Absortiva: Categoria: AQC – Aquisição de
conhecimento / Indicador: NI – Networking interno. Categoria: TC – Transferência de conhecimento / Indicador: PI – Processos de inovação. Categoria: ASC – Assimilação
do conhecimento / Indicador: TC – Treinamento e capacitação. Categoria: APC – Aplicação do conhecimento / Indicador: PT – Patentes. Capacidade de Inovação: Categoria:
IN – Inovatividade / Indicador: AA – Ambiente adequado. Categoria: EI – Estímulo à inovação / Indicador: ED – Editais. Categoria: OI – Oportunidades internacionais /
Indicador: ANM – Acesso a novos mercados. Categoria: DT – Desenvolvimento tecnológico/ Indicador: NT – Novas tecnologias Figura 57: Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades do CELTA
Fonte: dados da pesquisa
195
De acordo com a Figura 57, verifica-se que o desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação no CELTA também pode ocorrer a partir de incentivos e
direcionadores promovidos pela estrutura de governança desse habitat. Sendo assim, é
preciso analisar fatores críticos de sucesso da estrutura de governança que mais
contribuem no processo de desenvolvimento das capacidades identificadas nas empresas
do CELTA, considerando-se os possíveis reflexos desses fatores com o desenvolvimento
das capacidades das empresas:
1. Os processos de seleção e de avaliação das empresas realizados pelo CELTA
seguem critérios rigorosos durante as fases de entrada, permanência e saídas
das empresas, em que esses critérios podem contribuir para que as empresas
possam desenvolver produtos e serviços diferenciados, considerando também
a atuação delas no monitoramento constante do mercado, e ao final, o
resultado dessas ações pode representar a promoção de um relacionamento
constante das empresas com diferentes stakeholders orientado pela
supervisão e orientação do habitat;
2. A oferta pelo CELTA de serviços compartilhados e de editais específicos
voltados ao desenvolvimento das empresas podem contribuir na melhoria dos
modelos de negócios apresentados por elas, uma vez que consultorias
específicas podem ajustar e adequar os modelos propostos, e o resultado
dessas ações pode estar no uso constante das empresas de editais que
potencializem a geração de produtos e serviços demandados pelo mercado;
3. A realização de eventos pelo CELTA e a busca de atração de importantes
organizações para compartilhar experiências e conhecimentos podem
contribuir no interesse das empresas em trocar experiências em momentos
formais e informais, e a partir desses relacionamentos, contribuir para que as
empresas possam buscar novos mercados, principalmente aqueles localizados
no exterior; e
4. O relacionamento promovido pelo CELTA com grandes organizações e
universidades e a aplicação de programas específicos para atração de novos
empreendedores podem contribuir no aumento de interesse das empresas em
gerar produtos e serviços que possam ser patenteados e, por sua vez,
potencializar os negócios gerados considerando os requisitos demandados
pelo mercado no desenvolvimento de novas tecnologias, produtos e serviços.
196
Como foram destacados no caso do CELTA, todos os processos identificados na
Figura 57, que foram mapeados a partir das análises das entrevistas dos gestores e das
empresas do CELTA, referem-se a fatores críticos de sucesso que podem em última
análise, ocorrer simultaneamente, o que numa perspectiva teórica significa que a
capacidade absortiva das empresas desse habitat de inovação pode contribuir para a sua
maior capacidade de inovação (ZAHRA; GEORGE, 2002; NIETO; QUEVEDO, 2005;
FOSFORI; TRIBÓ, 2008), e que podem ser potencializadas pelo ambiente o qual essas
empresas se inserem em virtude das ações estratégicas promovidas pela governança.
Na literatura constata-se que a capacidade de inovação das empresas pode ser
resultado das ações de capacidade absortiva (NIETO; QUEVEDO, 2005). Contudo, o
desenvolvimento dessas duas capacidades, em um ambiente compartilhado por diferentes
stakeholders (empresas, Estados, instituições de ensino) pode ser potencializado no
momento em que ações são desenvolvidas por uma estrutura de governança criada, em
que os gestores de um habitat de inovação, a exemplo do que pode ser encontrado no
CELTA, buscam promover diferentes relacionamentos e criar ferramentas específicas
para orientar as empresas na formação de novos negócios e na formalização de parcerias
(KNIGHT 2002; KAUFMANN; KRAAY; MASTRUZZI, 2006).
No caso específico do CELTA, considerada primeira incubadora do país, é
possível identificar evidências sobre a procura constante de seus gestores em construir
relacionamentos com grandes organizações e universidade nacionais e internacionais, em
que muitas dessas ações são viabilizadas a partir da supervisão por sua entidade gestores,
nesse caso, a Fundação CERTI.
Em relação à metodologia criada para avaliação das empresas, intitulada de
CERNE, é aplicada periodicamente pelos gestores do CELTA para acompanhamento do
estágio de maturação das empresas, de modo a identificar o momento certo de graduar
uma empresa incubada. Cabe registrar que o CERNE foi desenvolvido pelo CELTA e
atualmente é aplicado por inúmeras incubadoras no Brasil e no exterior, inclusive pelo o
outro habitat de inovação investigado nesta pesquisa, o INOVAPARQ.
Cabe destacar que nos dois casos apresentados é possível identificar a influência
da capacidade de inovação das empresas na estrutura de governança desses habitats,
sendo essa influência constatada na literatura e proposta no framework teórico da tese.
Finalizada a etapa de apresentação dos principais resultados alcançados por esta
pesquisa a partir da análise dos casos do INOVAPARQ e do CELTA, a saber:
caracterização da estrutura de governança; apresentação e análise das ações endógena e
197
exógena da governança; identificação e análise do desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação das empresas dos habitats; e apresentação de um modelo de
desenvolvimento das capacidades das empresas na perspectiva da estrutura de governança
dos habitats, no capítulo seguinte é apresentado uma proposta de framework geral que
considera o desenvolvimento da capacidade absortiva e da capacidade de inovação em
empresas de habitats de inovação promovidas a partir da estrutura de governança e sob o
olhar dos fatores críticos de sucesso de cada um dos elementos analisados.
Cabe registrar que esta proposta pode representar uma orientação para empresas
e gestores de habitats de inovação que desejam desenvolver suas ações na busca de criar
um sistema de inovação coeso e que seja contributivo do alcance de um desempenho
diferencial pelas empresas.
198
5. FRAMEWORK DE FATORES CRÍTICOS DE SUCESSO PARA HABITATS DE
INOVAÇÃO
A pesquisa qualitativa permite identificar elementos específicos de cada caso
investigado. Sabe-se que esses elementos são estruturantes para esses casos investigados,
entretanto, dependendo do caso que está sendo analisado, ele pode ser revelador na
medida em que tenha representatividade, ou seja, represente um benchmarking.
Considera-se que os casos identificados nesta tese permitem avançar em uma proposição
teórica. Reconhece-se que essa proposição ainda não pode ser generalizada. Desta forma,
assume-se uma proposição teórica na qual ainda deverá ser investigada através de mais
pesquisas qualitativas. Estas pesquisas darão condições para que sejam elaboradas
investigações quantitativas que confirmem o modelo proposto.
O framework de fatores críticos de sucesso desta tese leva em consideração fatores
críticos de sucesso identificados nas investigações realizadas nos casos do INOVAPARQ
e do CELTA como campos empíricos, além do estudo exploratório no habitat CPI,
buscando-se apresentar algumas ações e processos-chaves que aplicados no contexto de
habitats de inovação podem proporcionar um desempenho diferencial das empresas. A
seguir é apresentado e detalhado o framework.
199
Legenda: Estrutura de Governança: Categoria: EO – Estrutura Organizacional / Indicador: SH – Stakeholders. Categoria: MC – Mecanismo de Crescimento/ Indicador:
DC – Desenvolvimento de capacidades. Categoria: TIN – Tecnologia, inovação e networking / Indicador: CR – Cooperação em rede. Categoria: SU – Sustentabilidade /
Indicador: SO – Social. Categoria: ORI – Oportunidades de relacionamentos internacionais/ Indicador: IMG – Integração com mercados globais. Capacidade Absortiva:
Categoria: AQC – Aquisição de conhecimento / Indicador: NI – Networking interno. Categoria: ASC – Assimilação do conhecimento / Indicador: TC – Treinamento e
capacitação. Categoria: TC – Transferência de conhecimento / Indicador: PI – Processos de inovação. Categoria: APC – Aplicação do conhecimento / Indicador: RE –
Reconhecimento. Capacidade de Inovação: Categoria: EI – Estímulo à inovação / Indicador: INV – Investidores. Categoria: IN – Inovatividade / Indicador: ON –
Oportunidades de negócios. Categoria: DT – Desenvolvimento tecnológico/ Indicador: NT – Novas tecnologias. Categoria: CR – Criação/ Indicador: NPS – Novos produtos
e serviços. Categoria: OI – Oportunidades internacionais / Indicador: ANM – Acesso a novos mercados
Figura 58: Framework de fatores críticos de sucesso do desenvolvimento das capacidades para habitats de inovação
Fonte: dados da pesquisa
200
De acordo com a Figura 58, pode-se verificar que fatores críticos relacionados à
estrutura de governança de habitats de inovação, assim como as ações realizadas pelas
empresas no desenvolvimento de suas capacidades absortiva e de inovação, podem
ocorrer de modo sistemática e relacionadas entre si.
Numa visão global, pode-se propor com as análises realizadas nos dois casos
estudados que as contribuições apresentadas por cada habitat de inovação indicam que
ações de governança estruturadas e bem aplicadas podem potencializar o
desenvolvimento das capacidade absortiva e de inovação de empresas, fato esse que vem
ao encontro do que foi apresentado pela literatura (ROBESON; O’CONNOR, 2007;
MATTOR ET AL., 2014; ZAHRA; GEORGE, 2002; FOSFORI; TRIBÓ, 2008;
LICHTENTHALER; LICHTENTHALER, 2010; BIEDENBACH; MULLER, 2012).
Além disto, a Figura 58 retrata que esse framework não representa um sistema
fechado, pois os resultados alcançados podem ser utilizados como feedback pelos gestores
do habitat, para estruturar novas ações e reformar àquelas já existentes.
Também nesta figura, procurou-se apresentar fatores críticos de sucesso de todas
as 14 categorias desenvolvidas a partir dos três construtos teóricos, em que para cada
categoria definida no modelo teórico, identificaram-se ações representativas de um
determinado indicador.
Por exemplo, para a categoria mecanismo de crescimento do construto estrutura
de governança, foi apresentada uma ação referente ao indicador desenvolvimento de
capacidades, ou seja, as atividades de acompanhamento e de avaliação realizadas por
habitats de inovação.
Cabe registrar que nas ações selecionadas para o framework considerou-se a
análise conjunta dos dois casos investigados, e partir disso, identificar ações
representativas para ambos os casos. Ou seja, tanto para o INOVAPARQ, como para o
CELTA, por exemplo, o relacionamento promovido com diferentes stakeholders pode
contribuir para o desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas.
Outro fato importante da Figura 58, que a diferencia das Figuras 56 e 57, as quais
se referem ao modelo proposto para o INOVAPARQ e para o CELTA, respectivamente,
é que não foram apresentadas setas que relacionem diretamente uma ação de governança
com uma determinada ação da capacidade absortiva da empresa. E também não foram
apresentadas setas que relacionem uma atividade da capacidade absortiva com uma ação
voltada ao desenvolvimento da capacidade de inovação das empresas.
201
Isto foi proposital para este framework geral proposto em razão de se considerar
nesse caso que toda ação apresentada pela estrutura de governança de um determinado
habitat de inovação pode estar relacionada a qualquer atividade realizada pelas empresas
no tocante ao desenvolvimento de sua capacidade absortiva. Da mesma forma, ações da
capacidade absortiva podem estar relacionadas a qualquer atividade voltada ao
desenvolvimento de sua capacidade de inovação.
Em outras palavras, por exemplo, a formação de redes nacionais e internacionais
promovidas por habitats de inovação podem contribuir para a troca de experiências das
empresas, como também podem fortalecer a credibilidade do habitat e, desse modo,
auxiliar as empresas no desenvolvimento de novos negócios e na busca de novos
mercados.
Apresentado o framework de fatores críticos de sucesso para habitats de inovação
a partir dos casos investigados nesta tese, a seguir são apresentadas as principais
considerações finais desenvolvidas a partir das análises dos dados primários e secundários
coletados dos casos e das teorias investigadas.
202
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apresentadas as principais análises conferidas a partir da aplicação do modelo
teórico proposto para esta tese nos casos investigados do INOVAPARQ e do CELTA,
incialmente são resgatadas as três proposições construídas a partir do framework, as quais
serviram de sustentação para as análises dos casos e para a compreensão do pesquisador
em relação a aplicação do modelo teórico.
Referente ao framework teórico apresentado na Figura 4, ele é apresentado
novamente a fim de facilitar a compreensão do leitor sobre a constatação das proposições
em cada caso investigado.
Figura 4: Framework teórico com o uso da estratégia
Fonte: dados da pesquisa
Sendo assim, a proposição 01 considera que a estrutura de governança de um
habitat de inovação pode contribuir para o desenvolvimento de capacidades em empresas.
Esse fato fica evidenciado considerando, por exemplo, a identificação de ações
promovidas por ambos os habitats voltadas a gerar relacionamentos com diferentes
stakeholders; no desenvolvimento de processos de acompanhamento e de avaliação
constante nas empresas; na formação de redes nacionais e internacionais; nas práticas
203
voltadas ao estímulo de inovação a partir de editais específicos; e no relacionamento com
organizações e instituições de ensino estrangeiras.
Considerando a proposição 02, está relacionada ao fato de que a capacidade
absortiva de empresas em habitats de inovação pode contribuir na sua capacidade de
inovação em produtos, serviços ou processos, que novamente pode ser constatada a partir
das análises apresentadas em ambos os casos investigados. Nesse sentido, foram
identificadas que ações relacionadas a trocas de experiências entre as empresas; o uso das
informações conferidas pelas avaliações para o desenvolvimento empresarial, e também
do monitoramento do mercado como indicativo para inovação; e a credibilidade dos
habitats de inovação como fator de reconhecimento das empresas pelo mercado, podem
contribuir no desenvolvimento da capacidade de inovação dessas próprias empresas.
Por fim, considerando a proposição 03, em que as capacidades absortivas e de
inovação de empresas podem ser influenciadas pelas ações propostas pela estrutura de
governança de habitats de inovação, pode ser evidenciada a partir da análise conjunta das
proposições 01 e 02. A partir das ações de governança identificadas na 01, e das ações de
capacidade absortiva identificadas na 02, o resultado dessas duas proposições no modelo
geral proposto está no desenvolvimento da capacidade de inovação das empresas,
conferido nas ações de busca por essas empresas de novos investidores supervisionado
pelo habitat; na realização de novos negócios a partir dos relacionamento com diferentes
stakeholders; no desenvolvimento de novas tecnologias considerando o acompanhamento
do mercado e o apoio do habitat; na criação de novos produtos e serviços gerados a partir
dos relacionamento existentes; e nos processos de internacionalização proporcionados
pelos habitats.
Em continuação, são resgatados os objetivos: geral e específicos apresentados
para a tese, os quais serão analisados individualmente. Primeiramente, são considerados
os principais resultados e análises conferidos a cada objetivo específico proposto.
Referente ao mapeamento da estrutura de governança de habitats de inovação, o
resultado nas análises da pesquisa demonstram que para o caso do INOVAPARQ as
características principais percebidas em suas estruturas são: a existência de empresas de
base tecnológica; a promoção de parcerias com diferentes stakeholders; o uso de
metodologias e tecnologias para o desenvolvimento das empresas; a formação de gestores
proativos no intuito de poderem administrar seu habitat de inovação; e a formação de um
ambiente gerador e promotor de ideias.
204
Considerando a percepção dos elementos de formação da estrutura de governança
do CELTA, eles foram apresentados da seguinte forma: existência de empresas de base
tecnológica; o pioneirismo do habitat no processo de incubação; o uso de método
específico para avaliação das empresas; o apoio e a supervisão conferida pela Fundação
CERTI; e a promoção de networking com grandes empresas.
Em relação ao segundo objetivo específico, trata da identificação das ações de
governança endógenas e exógenas presentes nos habitats de inovação INOVAPARQ e
CELTA. Quanto ao caso do INOVAPARQ, os principais resultados identificados foram:
na categoria estrutura organizacional observa-se a busca da promoção de relacionamentos
internos e externos; na categoria mecanismos de crescimento constata-se o interesse do
habitat em possuir empresas diferenciadas e competitivas e que possam ser estimuladas
no desenvolvimento de suas capacidades a partir das parcerias promovidas pelo
INOVAPARQ; e na categoria sustentabilidade, o INOVAPARQ busca criar áreas verdes
que possam estimular o processo de inovação nas suas empresas.
Quanto ao CELTA, as principais ações analisados demonstram que na categoria
tecnologia, inovação e networking esse habitat busca criar um ambiente físico
diferenciado, com ampla variedade de serviços compartilhados e parcerias que possam
ajudar no desenvolvimento de suas empresas; e na categoria oportunidades de
relacionamento internacional, o habitat utiliza-se de uma orientação qualificada para suas
empresas no tocante ao estímulo da participação em redes internacionais que possam
contribuir em sua competitividade.
Em continuação, buscando-se verificar o desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação nos habitats de inovação - INOVAPARQ e CELTA - na
perspectiva de suas empresas incubadas, são apresentadas as principais ações
identificadas e analisadas para cada capacidade nos dois casos investigados.
Sobre a capacidade absortiva das empresas do INOVAPARQ, seu
desenvolvimento pode estar relacionado as seguintes atividades:
1. Participação em eventos nacionais e internacionais;
2. Orientações e parcerias do habitat como fatores de estímulos a formação de
redes de relacionamento;
3. Monitoramento constante da concorrência para o desenvolvimento de novos
produtos e serviços;
4. Uso de metodologias específica para melhorar o modelo de negócio; e
5. Realização de processos de patenteamento supervisionados pelo habitat.
205
Referente à capacidade de inovação do INOVAPARQ, as principais ações
identificadas no desenvolvimento das empresas foram:
1. Reconhecimento das empresas pelo mercado em razão de estarem localizadas
no habitat;
2. Criação de produtos e serviços diferenciados para atender a demanda;
3. Grande interesse na busca de mercados internacionais;
4. Busca de parcerias externas que possam contribuir na realização de pesquisas
aplicadas; e
5. Custo baixo de instalação no habitat.
Em relação às empresas do CELTA, o desenvolvimento da capacidade absortiva
pode estar relacionado às seguintes constatações:
1. Interação dos principais gestores das empresas em eventos informais
organizados por elas mesmas;
2. Constante monitoramento e conhecimento dos principais concorrentes;
3. Produtos e serviços diferenciados desenvolvidos ou aperfeiçoados a partir da
orientação do habitat; e
4. Empresas diferenciadas com inúmeras premiações nacionais.
Considerando o desenvolvimento da capacidade de inovação das empresas do
CELTA, as principais ações constatadas a partir das análises das entrevistas foram:
1. Incentivos não-estruturados promovidos pelas empresas a partir da
apresentação de ideias pelos funcionários;
2. Revisão constante das práticas e processos internos como mecanismo para a
criação de novos produtos e serviços;
3. Uso do SEBRAETEC pelas empresas como prática de desenvolvimento
empresarial; e
4. Alto custo das empresas no desenvolvimento de novos produtos e serviços, o
que pode dificultar a atração de investidores.
Por fim, no intuito de apresentar um framework de análise dos fatores críticos de
sucesso para o desenvolvimento das capacidades absortiva e de inovação em empresas
localizadas em habitats de inovação na perspectiva da estrutura de governança, foi
estruturado um framework para cada caso investigado, além de um framework geral para
206
que em pesquisas futuras possa ser validado em habitats de inovação no Brasil e no
exterior.
Considerando que o framework geral proposto foi estruturado a partir das
constatações simultâneas de ações identificadas para ambos os casos (INOVAPARQ e
CELTA) esse último objetivo específico será analisado a partir do framework geral.
Sendo assim, constata-se que as ações da estrutura de governança dos habitats de
inovação investigados, que nessa tese representam fatores críticos de sucesso analisados
nos casos, representam: o relacionamento promovido com diferentes stakeholders; a
formação de redes nacionais ou internacionais; e as práticas de estímulo à inovação a
partir de editais específicos, que podem contribuir no desenvolvimento da capacidade
absortiva das empresas considerando o estímulo da governança na promoção das
seguintes ações: troca de experiências com outras empresas; uso das informações das
avaliações no processo de inovação; e a credibilidade do habitat como fator de
reconhecimento das empresas pelo mercado.
Por fim, as ações relacionadas ao desenvolvimento da capacidade absortiva das
empresas podem contribuir no desenvolvimento de sua capacidade de inovação,
constatadas na procura constante por novos investidores; nas novas tecnologias criadas a
partir do acompanhamento do mercado e supervisão do habitat; e nos processos de
internacionalização proporcionados e estimulados pelo habitat.
Em última análise, considerando a constatação dos quatro objetivos específicos
apresentados para essa tese, pode-se verificar que o objetivo geral de analisar como a
estrutura de governança de habitats de inovação pode contribuir para o desenvolvimento
da capacidade absortiva e da capacidade de inovação de suas empresas, ele poderia ser
respondido a partir das seguintes análises:
1. O processo constante de acompanhamento e de avaliação realizado pela
governança de habitats de inovação pode contribuir para que as empresas
possam utilizar as informações geradas dessas avaliações no
desenvolvimento de novos produtos e serviços;
2. O relacionamento promovido por habitats de inovações com diferentes
stakeholders pode contribuir na troca de experiências das empresas com
diferentes atores e, desse modo, proporcionar novos negócios; e
3. A parceria promovida pelo habitat com grandes organizações e
instituições de ensino no Brasil e no exterior pode contribuir na sua
credibilidade, podendo desse modo facilitar o reconhecimento das
207
empresas pelo mercado, permitindo às empresas a busca de mercados
internacionais.
Estas principais constatações auxiliaram a compreender como a estrutura de
governança em habitats de inovação contribui para o desenvolvimento das capacidades
absortiva e de inovação das empresas, baseado nos dois casos investigados contributivos
e representativos no tocante ao conhecimento sobre o tema investigado.
Por fim, buscando-se relacionar os casos investigados com a perspectiva
estratégica apresentada para essa tese, são analisadas ações que possam se relacionar ao
contexto, conteúdo e processo em habitats de inovação (PETTIGREW, 2012).
Considerando a perspectiva referente ao contexto, o relacionamento do habitat
com diferentes stakeholders; o monitoramento constante do mercado realizado pelas
empresas; e o networking interno e externo também executados pelas empresas e
estimulados pelos habitats podem ser considerados como elementos de contexto que
podem levar a mudanças na gestão por melhores resultados do habitat, assim como
representar forças que podem interferir na formulação estratégica das empresas.
Referente ao aspecto conteúdo apresentado por Pettigrew (2012) na formulação
estratégica das empresas, os elementos constatados na investigação de cada caso podem
estar relacionados a geração de inovação (desenvolvimento de novos produtos e serviços),
considerando-se, por exemplo: as novas demandas exigidas pelo mercado; as informações
geradas a partir do acompanhamento e avaliação do habitat nas empresas; e a rede de
relacionamentos construída pelas empresas que podem ajudar a identificar tendências do
mercado e gerar novos negócios.
Por fim, considerando o processo, na compreensão de como mudanças podem
ocorrer nas empresas, ele pode ser constatado na contribuição de uma determinada ação,
por exemplo, da governança, no desenvolvimento da capacidade absortiva das empresas
constatado em uma ação específica dessa capacidade. Ou ainda na contribuição de uma
ação da capacidade absortiva no desenvolvimento da capacidade de inovação das
empresas.
Em outras palavras, o processo pode ser averiguado a partir da investigação e
constatação de que, por exemplo, a troca de experiências e informações entre as empresas
pode ocorrer a partir do relacionamento com diferentes stakeholders gerado pelo habitat;
que a credibilidade do habitat utilizada pelas empresas no reconhecimento pelo mercado
208
pode ocorrer a partir da formação de redes nacionais e internacionais construídas pelo
habitat; e que processos de internacionalização realizados pelas empresas surgem a partir
da avaliação pelo habitat considerando a aplicação de ferramentas específicas. A seguir
são apresentadas as principais limitações da pesquisa.
6.1. Limitações da pesquisa
Na construção desta pesquisa foi necessário assumir alguns limites de pesquisa,
os quais são imperativos para permitir a investigação específica e restrita a determinado
campo de conhecimento. Além disso, o modelo teórico proposto para a investigação
apresenta os limites da própria definição do modelo, no qual se simplificam certas
condições para poder observar e averiguar outras de maior interesse.
Em relação aos limites impostos para o método de estudo de caso, salienta-se a
restrição imposta da consequente redução do número de empresas pesquisadas (YIN,
2015). Por outro lado, o nível de detalhamento e peculiaridade do campo de pesquisa
gerado pelo método do estudo de caso contribuiu para uma melhor compreensão e relato
do fenômeno investigado.
Considerando os limites impostos pela pesquisa, observa-se que:
Analisaram-se os dois casos, principalmente, no contexto interno de cada
habitat de inovação investigado, desconsiderando-se, por exemplo, o
papel de outros importantes stakeholders que também participam da
governança de cada habitat;
A análise dos casos foi realizada a partir de modelo teórico estruturado a
partir de três construtos teóricos principais, limitando assim o uso de outras
teorias na análise dos casos; e
A própria metodologia utilizada não permite fazer generalizações, na
medida em que os resultados são específicos das unidades pesquisadas.
Mesmo assim, foi apresentada uma proposição de modelo de análise para
contribuir com o objeto de pesquisa e facilitar a compreensão geral dos
resultados obtidos.
209
Apresentadas as principais limitações constatadas nesta pesquisa, a seguir são
indicadas sugestões para estudos futuros.
6.2. Sugestões para estudos futuros
Considerando os aspectos principais apresentados nesta investigação científica
sobre os temas da governança, capacidade absortiva e capacidade de inovação abrem-se
inúmeras oportunidades de pesquisa, com os mais variados desdobramentos em função
das características do objeto, do contexto e do processo em questão. Concentrando-se,
especificamente, na construção do modelo proposto, vislumbram-se os seguintes estudos
futuros na continuidade deste trabalho, a destacar:
Investigar o modelo proposto em outros habitats de inovação, sejam
habitats situados no Estado de Santa Catarina, como também em outros
Estados do Brasil ou, mesmo, em outros países;
Validar o modelo proposto a partir uma pesquisa quantitativa em uma
amostra válida de habitats e empresas, baseando-se na elaboração de um
questionário estruturado a partir das perguntas utilizadas nesta tese;
A pesquisa sobre governança envolvendo o aspecto econômico pode ser
uma alternativa de pesquisa que venha complementar os achados desta tese
no campo comportamental; e
Relacionar e aplicar o modelo proposto com outras teorias que poderiam ser
suportadas no contexto dos habitats de inovação, a destacar a teoria
institucional.
Finalmente, acredita-se que o esforço deste trabalho, principalmente no plano
conceitual, pode contribuir para o avanço da pesquisa sobre indicadores de estímulo da
inovação nas organizações. No plano aplicado, espera-se que esta tese possa contribuir
para o desenvolvimento inovador das empresas, principalmente no cenário de criação dos
centros de inovação em Santa Catarina, a partir do surgimento e otimização das
210
capacidades estratégicas das empresas, ou seja, indo ao encontro do fortalecimento dos
ativos de conhecimento requeridos para obter resultados diferenciais.
211
REFERÊNCIAS
ACKERMANN, F.; EDEN, C. Strategic management of stakeholders: theory and
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38, N. 1, pp. 77-85, 2009.
YEUNG, M. T. Regional trading blocs in the global economy: The EU and ASEAN.
Cheltenham: Edward Elgar, 1999.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e método. 5. ed. Porto Alegre: Bookman,
2015.
YLI-RENKO, H.; AUTIO, E.; SAPIENZA, H. J. Social capital, knowledge acquisition,
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ZAHRA, S. A.; GEORGE, G. Absorptive Capacity: A review, Reconceptualization and
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ZEN, A. C. A articulação e o desenvolvimento dos parques tecnológicos: O caso do
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ZOUAIN, D. M. Contribuições para o planejamento de parques tecnológicos urbanos.
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ZOUAIN, M.; PLONSKI, A. Parques Tecnológicos – Planejamento e Gestão.
ANPROTEC: SEBRAE; Brasília: 2006.
231
APÊNDICES
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO APLICADO AO GESTOR DO HABITAT DE INOVAÇÃO CIDADE
POLITÉCNICA DA INOVAÇÃO - CPI
1. Quais as tecnologias ou ferramentas administradas pelo Parque CPI estão
disponíveis às empresas e podem ser compartilhadas com toda a comunidade do
Parque e Universidade?
2. Existe alguma iniciativa desenvolvida pelo parque CPI que envolva os integrantes
do Parque Tecnológico (empresas, professores, centros de investigação)? Quais?
3. Como ocorre a comunicação entre empresas dentro do habitat?
4. Quais as ações principais desenvolvidas pelo Parque CPI que contribuem na troca
de experiências e compartilhamento de conhecimento entre empresas,
comunidade acadêmica e mercado? Que outras ações poderiam ser
desenvolvidas?
5. De que modo o governo contribuiu para o desenvolvimento do Parque? Aponte
algumas iniciativas importantes desse desenvolvimento?
232
APÊNDICE B
QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS DO HABITAT DE INOVAÇÃO
CIDADE POLITÉCNICA DA INOVAÇÃO - CPI
1. De que modo o parque tecnológico colabora com sua empresa de modo que ela
possa ter uma maior capacidade de obter informações sobre oportunidades do
mercado, concorrência externa e novas tecnologias que estão sendo
desenvolvidas?
2. Quais as ações principais desenvolvidas pelo Parque CPI que contribuem na
troca de experiências e compartilhamento de conhecimento entre empresas,
comunidade acadêmica e mercado? Que outras ações poderiam ser
desenvolvidas?
3. Como o Parque CPI contribui para a formação e qualificação dos funcionários
da empresa?
4. Como o ambiente do Parque contribui na troca de informações entre
funcionários e estimula para a criação de novas ideias?
5. Existem iniciativas promovidas pelo Parque CPI que contribuem para a empresa
acompanhar tendências de mercado e na troca de experiências com outras
empresas?
6. O parque CPI estimula ou ajuda a empresa para buscar novas tecnologias ou
novos processos de trabalhos? De que forma?
7. De que modo o Parque CPI contribui para que a empresa responda de forma
rápida as mudanças do ambiente, se adaptando as novas tendências?
8. Existem iniciativas ou algum estímulo pelo parque para que a empresa esteja
sempre inovando e gerando novas ideias? Quais?
9. Quais as razões principais da empresa hoje estar integrada ao Parque? Que
facilitadores (serviços, produtos, processos) oferecidos pelo Parque você
destacaria?
233
APÊNDICE C
QUESTIONÁRIO APLICADO AOS GESTORES DOS HABITATS DE INOVAÇÁO
BRASILEIROS
A) Perguntas sobre o construto da estrutura de governança
1. De que forma os stakeholders (conselho consultivo) contribuem à gestão do
habitat?
2. Qual a estrutura de relacionamento existente entre comitê gestor, diretoria
executiva e conselho consultivo no tocante as práticas de gestão do habitat?
3. Considerando o modelo jurídico do habitat, quais os fatores críticos de sucesso?
4. Comente sobre barreiras, dificuldades ou gargalos existentes a partir do modelo
jurídico do habitat no tocante ao desenvolvimento de ações estratégicas?
5. Qual o modelo de gestão do parque e como ele foi planejado?
6. De que forma acontece dentro da estrutura de governanças o processo de busca de
melhorias ou de reformulações das normas ou regulamentos que regem o habitat?
7. Quais atividades principais são realizadas pelo Comitê Gestor, Diretoria
Executiva e Conselho Consultivo para o desenvolvimento das empresas?
8. De que forma fatores/atores externos influenciam no desenvolvimento e
crescimento do habitat?
9. Cite exemplos de ações desenvolvidas para relacionamento do habitat com o
mercado? Quais tecnologias ou iniciativas foram utilizadas e de que forma é
estruturado o relacionamento entre o habitat e o mercado?
10. Como as parcerias promovidas pelo habitat podem contribuir no desenvolvimento
das empresas? Qual o critério utilizado para fomentar e escolher uma nova
parceria?
11. Comente sobre as iniciativas promovidas entre o habitat e atores institucionais
(associações, universidades, empresas) no tocante ao desenvolvimento de ações
estratégicas para a maturação e desenvolvimento das empresas.
12. Quais os espaços existentes criados para o desenvolvimento das empresas? Como
eles foram planejados? Existe algum ambiente físico diferenciado para o
desenvolvimento das empresas?
234
13. De que forma os serviços compartilhados oferecidos pelo habitat contribuem para
o desenvolvimento das empresas? Comente como eles foram escolhidos e
planejados?
14. Existe alguma política de modernização referente a tecnologias e modelos de
gestão adotados pelo habitat? Como elas contribuem para o desenvolvimento das
empresas?
15. Quais as principais tecnologias utilizadas pelo habitat para o desenvolvimento das
empresas? Como elas foram selecionadas?
16. Existe algum setor ou profissional no habitat responsável pela captação de
recursos? Como ocorre o processo de captação de recursos?
17. Quais as principais fontes de recursos do parque e qual o critério de alocação de
recursos?
18. Poderia apresentar algum exemplo de ações/capacidades desenvolvidas pelo
habitat direcionadas a sua sustentabilidade financeira/econômica? De que forma
foram desenvolvidas essas ações/capacidades?
19. Referente à sustentabilidade social, quais ações são realizadas pelo habitat? Quais
os principais projetos e como eles são selecionados?
20. Referente à sustentabilidade ambiental, quais ações são realizadas pelo habitat?
Quais os principais projetos e como eles são selecionados?
21. Quais ações globais são realizadas pelo habitat (parcerias, acordos de
cooperação)?
22. De que forma essas ações ou outras atividades específicas contribuem para o
processo de internacionalização de suas empresas?
23. Existem iniciativas ou apoio promovidos pelo habitat referente a participação dos
gestores em eventos internacionais? Quais podem ser destacados?
24. De que forma a promoção ou participação em eventos nacionais e internacionais
contribui para o desenvolvimento do habitat e de suas empresas?
235
APÊNDICE D
QUESTIONÁRIO APLICADO ÀS EMPRESAS DOS HABITATS DE INOVAÇÃO
BRASILEIROS
A) Perguntas sobre o construto da capacidade absortiva
01- De que forma a empresa interage com as outras empresas dentro do habitat de
modo a buscar novos conhecimentos? Como o habitat contribui nesse sentido?
02- Existe algum processo formalizado para a escolha de novas tecnologias, e se
existe, como é realizada a operacionalização desse processo?
03- De que forma o habitat contribui para a empresa na prática de ações voltadas a
absorção/assimilação de novas tecnologias e inovações?
04- Como a empresa em sua gestão realiza a absorção/assimilação de novos
conhecimentos? Existem processos formalizados e como eles foram planejados?
Como o habitat contribui nesse sentido?
05- De que forma ocorre o benchmarking dentro da empresa, ou seja, o processo de
assimilação de novos conhecimentos e de tecnologias-chave a partir de
experiências de sucessos? Como o habitat contribui nesse sentido?
06- De que forma a empresa incentiva a transferência de informações científicas e
tecnológicas entre as pessoas? Como o habitat contribui nesse sentido?
07- A empresa utiliza tecnologias de informação para compartilhar experiências
vivenciadas na elaboração e implantação de novos produtos/serviços? Como o
habitat contribui nesse sentido?
08- De que forma acontece o acompanhamento do pós-venda? Como o habitat
contribui nesse sentido?
09- A empresa participa de concursos, congressos ou editais para reconhecimento de
suas ações? Qual o critério utilizado na escolha desses eventos? Como o habitat
contribui nesse sentido?
10- Como ocorre o processo criativo e de desenvolvimento de habilidades na criação
de novas ideias, tecnologias ou melhorias de processos? Descreva um processo
criativo dentro da empresa e como o habitat contribui nesse sentido?
11- Quais as atividades desenvolvidas pela empresa para estimular nas pessoas a
criatividade e a inovação? Como ocorre o planejamento destas atividades e como
o habitat contribui nesse sentido?
236
12- Quais os programas formais de treinamento ou de qualificação para os
funcionários? Como ocorre o planejamento destes programas e como o habitat
contribui nesse sentido?
B) Perguntas sobre o construto da capacidade de inovação
01- Quais as ações utilizadas pela empresa na obtenção de informações estratégicas,
sejam informações internas do habitat ou do ambiente externo? Qual o critério
utilizado para a seleção dessas ações? Como o habitat contribui nesse sentido?
02- Como as ações desenvolvidas para o monitoramento das tendências de inovação
contribuem para o desenvolvimento da empresa? Como o habitat contribui nesse
sentido?
03- Como ocorre o processo de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) na empresa
voltado a busca de soluções de inovação? Como o habitat contribui nesse sentido?
04- De que forma acontece a aplicação dos conhecimentos adquiridos pela empresa a
fim de atender rapidamente os interesses do mercado? Como o habitat contribui
nesse sentido?
05- Como ocorre a busca e execução de inovações com o propósito de ampliar o
portfólio de produto/serviços e soluções de melhorias ofertadas? Como o habitat
contribui nesse sentido?
06- Como ocorre a busca de informações no ambiente externo para acompanhar o
desempenho da empresa no mercado? Como o habitat contribui nesse sentido?
07- Quais os produtos ou serviço desenvolvidos nos últimos três anos considerados
diferenciais competitivos da empresa? Eles foram patenteados? Como o habitat
contribui nesse sentido?
08- Existe na empresa alguma política de avaliação e remuneração para geração de
novas ideias? Como o habitat contribui nesse sentido?
09- Como a empresa estimula os funcionários a tomarem decisões em suas atividades
e setores? Existe alguma ferramenta ou metodologia utilizada para
acompanhamento desse processo? Como o habitat contribui nesse sentido?
10- A empresa exporta ou possui relacionamento internacional? Como ocorreu o
processo de internacionalização? Como o habitat contribui nesse sentido?
11- Cite exemplos relacionados a experiências internacionais e como o habitat
contribui nesse para o desenvolvimento de relacionamentos internacionais?
238
APÊNDICE E
LISTAGEM DAS EMPRESAS ENTREVISTADAS NOS HABITATS DE INOVAÇÃO
BRASILEIROS
EMPRESAS INSTALADAS NO CELTA
EC1 – Empresa Celta 1
Área de atuação: Tecnologia e Inovação
Data de criação: 05/05/ 2014
Número de funcionários: 6
Histórico: a empresa nasceu de um envolvimento dos sócios em um projeto para o
mercado de aplicativos para smartphone e tiveram uma péssima experiência. A ideia
surgiu quando se percebeu que o calor de Florianópolis SC era forte e o galão de água do
escritório estava vazio. Sabendo que o dia de trabalho seria intenso, eles resolveram
comprar água para manterem a hidratação em dia.
Após ligarem para mais de oito números e seis distribuidores de água mineral, eles quase
desistiram. Até que, na nona ligação, eles encontraram alguém que entregasse no local e
pudesse aceitar cartões. Após isso, eles ainda tiveram que esperar mais de duas horas até
que o galão fosse entregue e pudessem tomar água tranquilamente. E com esse cenário
veio a pergunta: Por que não desenvolver um aplicativo para quem só quer o seu galão de
água mineral? E o resultado dessa pergunta foi a criação da empresa.
Produtos, serviços e processos de inovação: a empresa desenvolve tecnologia da
Tripivot Tecnologia e Inovação. Está sediada em Florianópolis SC e possui escritório em
Porto Alegre RS e com atuação em todo o Brasil.
EC2 – Empresa Celta 2
Área de atuação: Monitoramento de mídia sociais - Desenvolvimento e licenciamento
de programas de computador não-customizáveis
Data de criação: 14/11/2006
Número de funcionários: 6
Histórico: A empresa é uma empresa voltada para o desenvolvimento de plataformas
web, com experiência em desenvolvimento de soluções nas áreas mobile, plataformas de
billing e web crawling.
239
Atualmente estamos focados em soluções de monitoramento em tempo real da web que
permite a qualquer empresa: captar, processar e interagir com seus clientes.
Produtos, serviços e processos de inovação: Plataforma de monitoramento de mídias
sociais chamado Brandviewer que permite as empresas mensurar suas ações, conhecer e
interagir com seus clientes nas mídias sociais.
EC3– Empresa Celta 3
Área de atuação: Suporte Técnico, Manutenção e Outros Serviços Em Tecnologia da
Informação
Data de criação:04/04/2011
Número de funcionários: 8
Histórico da empresa: Tivemos apoio da fundação CERTI onde eu trabalhava antes
daqui e teve um incentivo para incubar, a ideia era esse processo de acompanhamento e
com isso utilizar a infraestrutura que o celta oferece para conseguir tocar melhor o
negócio e acelerar
Produto, serviços e processos de inovação: plataforma que se chama Exib.me que é
uma rede social para criativos, área moda, música, cinema, arte e designe, profissionais
criativos que tem portfólios para serem exibidos e para contato com empresas,
basicamente cria esse elo entre profissionais e empresa. Na empresa nossos
programadores fazem pleno uso da tecnologia mais recente, permitindo a criação de
interfaces com altos níveis de interatividade que podem se adaptar a todas as plataformas
moveis. HTML 5, Jquery, Ajax, CSS 3, Mootools, CMS's e outras poderosas tecnologias
que juntas criam multifacetas para criação de novos programas e funcionalidades,
preocupando-se com alto desempenho e acessibilidade. O cuidado em construir códigos
em linguagens inteligentes, garante eficácia para manutenção e otimização de toda
arquitetura dos projetos.
EC4 – Empresa Celta 4
Área de atuação: Desenvolvimento de programas de computador sob encomenda
Data de criação:25/08/2011
Número de Funcionários: 8
Histórico da empresa: A 8 anos iniciamos o projeto então como uma startup autônoma.
Procurávamos um lugar e o celta para o momento que a gente estava era o mais adequado
240
pelo que ele fornecia, pela sua contribuição com as outras empresas, mais um fundo de
uma empresa que apoiou a gente para tornar a empresa autônoma, então era o melhor
acesso para o pessoal e esse foi um dos motivos da escolha. Quando viemos para cá nossa
empresa já estava estruturada (CNPJ), faz 4 anos que estamos aqui temos o foco como
recomendação com migração internacional, mas é o mesmo produto em volta do mesmo
produto de trabalho.
Produto, serviços e processos de inovação: Somos uma comunidade de recomendações
de produtos reais, operamos com diversas lojas de e-commerces, então o usuário
encomenda o produto que ele gostou e ele recomenda esse produto para algum amigo dele
ou qualquer usuário que visitar o parque, se ele gera uma venda com esse produto ele é
responsável por essa venda, então o premiamos com pontos, uma moeda digital que
usamos que é a ec-point com essa moeda ele acumula pontos e pode trocar por outros
produtos (café, entrada de cinema), esse é o fluxo é uma comunidade de recomendações
pagamos as pessoas com produtos que elas gostam.
EC5 – Empresa Celta 5
Área de atuação: Pesquisa e desenvolvimento experimental em ciências físicas e
naturais
Data de criação:30/5/2011
Número de funcionários:7 (2 e 5 funcionários)
Histórico da empresa: Surgiu como uma empresa nascente dentro da Universidade
Federal de Santa Catarina, durante o ano de 2007 comecei a trabalhar num laboratório de
pesquisa dentro do departamento de química da UFSC onde tive o contato, a ideia de
tecnologia de plasma, então fui um dos pioneiros a desenvolver essa tecnologia dentro do
laboratório e começamos do zero e com o tempo e resultados interessantes que foram
surgindo, publicações a nível acadêmico eu fui tomando gosto pela coisa e 2010/2011 eu
queria empreender em alguma coisa, sempre quis empreender em alguma coisa voltada à
parte de meio ambiente e eu via na tecnologia de plasma mais precisamente de plasma
frio um grande trunfo para fazer algo inovador, usar o plasma frio como uma ferramenta
aplicada no tratamento de efluentes líquidos, um nicho de mercado que carece de
atualizações e no mercado nacional principalmente, então eu decidi aliar o conhecimento
técnico com o que eu tinha, com meu sonho, minha vontade de empreender um negócio,
então fundei a empresa a via ela é fluído da Sinapse de inovação programa de inovação
tecnológico movido pela FAPESC e Fundação CERTI.
241
Produto, serviços e processos de inovação: Fabricamos geradores de ozônio e sistemas
de tratamento para efluentes líquidos e gasosos através da tecnologia de plasma frio. A
proposta, é essa fazer máquinas baseadas na tecnologia de plasma para prover o melhor
tratamento de efluentes líquidos e gasoso hoje no mercado nacional.
EC6 – Empresa Celta 6
Área de atuação: design de produto
Data de criação:02/04/2009
Número de funcionários: 10 (1 contratado, 5 sócios e 4 representantes)
Histórico: - empresa de 6 anos, que trabalha com o desenvolvimento de produtos
plásticos, máquinas e equipamentos, trabalhamos com parte do projeto, designe do
produto e na parte de plástico fabricamos os moldes de injeção e injeta peças plásticas e
hoje estamos multissegmentos ainda não temos um foco em específico, temos desde
acessórios para hospital a geladeiras, estamos com uma linha de produtos próprios que
estamos criando, tem bastante segmento que a gente está abrangendo.
Produto, serviços e processos de inovação: Estamos aqui no celta hoje porque nós
temos uma proposta de criar um site, uma plataforma digital em que vários profissionais
que tenham sinergia com o que trabalhamos, possam se cadastrar nessa plataforma e nós
trabalhar com essas pessoas online para criar produtos com inovação. A empresa já tem
6 anos e a startup que estamos criando é um site de co-criação de produtos plásticos,
temos um produto que é um pneu flexível para carrinho de mão, um pneu que não fura,
que representa o primeiro produto dessa startup, e é esse o perfil de produto que se
pretende criar, um produto feito para o cotidiano do brasileiro só que com algum grau de
inovação, seja em materiais, designe ou estilo
EC7 – Empresa Celta 7
Área de atuação: Aluguel de outras máquinas e equipamentos comerciais e industriais
não especificados anteriormente, sem operador.
Data de criação:03/02/2014
Número de funcionários: 3
Histórico da empresa: Montamos a empresa faz dois anos, somos três sócios erámos
colegas de faculdade na UFSC e a partir dos programas de inovação nós entramos, fomos
contemplados e montamos a empresa, desenvolvemos o protótipo em 2014 e em 2015
virou operacional, e começamos a produzir e a vender o produto.
242
Produtos, serviços e processos de inovação: Soluções em captação de imagens,
monitoramento e mapeamento aéreo por meio de aeronave autônoma não tripulada.
Produção de voos aéreos não tripulados é um avião que irá circular grandes áreas e fazer
o mapeamento aéreo, serve para topografia, agricultura, fazer mapeamento com
topografia
EC8 – Empresa Celta 8
Área de atuação: software de entretenimento
Data de criação:10/05/2008
Número de funcionários: 40 funcionários e 3 sócios
Histórico da empresa: A empresa é uma desenvolvedora e publicadora de games, 100%
nacional e com renome no mercado. Após sua fundação em 200, a empresa tornou-se
referência no desenvolvimento e publicação de jogos free-to-play, formando profissionais
que fomentam e contribuem com a sua expertise para fortalecimento da indústria
nacional. Ao focar-se em produção criativas e na relação de respeito com os seus
jogadores, a EC8 é hoje a maior e mais importante empresa de jogos do Brasil.
Produtos, serviços e processos de inovação: Desenvolvimento de jogos para
computadores on-line
EC9 – Empresa Celta 9
Área de atuação: software de mídias sociais
Data de criação: 16/12/2010
Número de funcionários: 250
Histórico da empresa: Ao começar a trabalhar no mercado de marketing digital, o
fundador da EC9 encontrou dificuldades: o marketing tradicional propunha apenas
grandes campanhas e custos altos, enquanto o marketing artesanal apresentava
dificuldades para compreender e atuar sobre o fluxo das múltiplas redes sociais e outros
canais de comunicação necessários, como sites e e-mails. Então, ao pesquisar técnicas
para se promover sem gastar tanto encontrou o conceito de inbound marketing, ou seja, a
atração de visitantes a partir da produção de conteúdo que em tese interesse genuinamente
ao usuário, em vez de usar a “intrusão” do marketing tradicional. Saem as peças de mídia
que atravessam a timeline do Facebook, a programação da televisão ou as páginas da
revista e entram conteúdos que o usuário se interesse em consumir, quando quiser
consumir.
243
Produtos, Serviços e processos de inovação: Software de marketing digital, trabalhando
principalmente com pequenas e médias empresas. Tem como objetivo ajudar empresas
de todos os portes a entenderem e aproveitarem os benefícios do Marketing Digital,
conseguindo assim resultados reais e permanentes para os seus negócios. Os resultados
chegam por meio do software RDStation, de uma metodologia própria e serviços de
consultoria complementares.
EMPRESAS INSTALADAS NO INOVAPARQ
E1P1 – empresas INOVAPARQ 1
Área de atuação: Engenharia e Biotecnologia Ambiental
Data de criação: 08/08/2014
Número de funcionários: 3 sócios
Histórico da empresa: empresa que nasceu da vontade de desenvolver projetos
inovadores na área de tratamento de efluentes com a aplicação dos conceitos de
biotecnologia, para a disposição e/ou reuso de água tratada.
Produtos, serviços e processos de inovação: A empresa atua desde em projetos de
concepção e execução de Estações de Tratamento de Efluentes (ETE's), bem como em
laboratórios de análise de efluentes e em projetos de desenvolvimento científico e
tecnológico.
E1P2 – empresas INOVAPARQ 2
Área de atuação: Gestão ambiental de resíduos sólidos
Data de criação: ainda não constituída
Número de funcionários: 8 colaboradores
Histórico da empresa: Ainda não temos CNPJ estamos na categoria startup e estamos
desenvolvendo nosso modelo de negócio.
Produtos, serviços e processos de inovação: é uma plataforma integrada de
gerenciamento de resíduos e meio ambiente capaz de solucionar os problemas de
destinação incorreta de resíduos e fazer a análise de fornecedores e otimização dos
recursos naturais, melhorando, assim, a sociedade e o meio ambiente por meio de uma
experiência excepcional, onde os clientes, além de contribuírem com o planeta, podem
até gerar receita com seus resíduos.
244
E1P3 – empresas INOVAPARQ 3
Área de atuação: Tecnologia da Informação e Comunicação.
Data de criação: 2012
Número de funcionários: 4
Histórico da empresa: O mundo evoluiu muito nos últimos anos, a moda e a forma de
comprar roupas também. Unindo tecnologia e o desejo de ajudar as pessoas a comprar
roupas pela internet, nasceu em 2012 a empresa, uma startup catarinense localizada
entre os principais polos têxteis e de tecnologia do Brasil.
Produto, serviços e processos de inovação: A empresa criou um software de
recomendação de vestuário a partir de medidas corporais, o qual pode ser utilizado em
lojas on-line e físicas e auxiliar na demonstração de como ficam as roupas ao serem
vestidas por cada tipo de corpo. Através da nossa plataforma, os consumidores podem
encontrar e escolher o tamanho correto de suas roupas, a indústria conhecer melhor o
perfil de medidas e comportamento de seu público e o e-commerce a atender melhor seus
usuários, vendendo mais e reduzindo o número de trocas ou devoluções.
E1P4 – empresas INOVAPARQ 4
Área de atuação: DESENVOLVIMENTO DE PROGRAMAS DE COMPUTADOR
SOB ENCOMENDA
Data de criação:13/01/2003
Número de funcionários: 3 sócios
Histórico da empresa: A E1P4 nasceu com o propósito de rastreabilidade industrial
gerenciamento de produtividade e da produção.
Produto, serviços e processos de inovação: Desenvolve hardware de coleta de dados e
software web para monitoramento do chão de fábrica, distribuindo a solução no modelo
SaaS de computação em nuvem.
E1P5 – empresas INOVAPARQ 5
Área de atuação: Serviços Ambientais
Data de criação: 2012
Número de funcionários:5 funcionários e 2 sócios investidores
Histórico da empresa: Desde o início da empresa, busca-se trazer ao mercado projetos
ambientais inovadores que possam gerar aos clientes soluções completas para neutralizar
o impacto ambiental de suas operações.
245
Produtos, serviços e processos de inovação: a empresa vem trazendo ao mercado
projetos ambientais inovadores levando para as empresas uma solução completa para
neutralizar suas emissões de CO2 e o impacto de suas operações no meio ambiente, além
de promover o ganho de imagem de seus clientes como protetores ambientais. Atuamos
na elaboração de inventários de emissão de CO2, comercialização de créditos de carbono
REDD+ e projetos ambientais corporativos.
E1P6 – empresas INOVAPARQ 6
Área de atuação: Pecuária – Sistema online de gestão para pecuária de corte
Data de criação: 10/06/2015
Número de funcionários: 2
Histórico da empresa: Com um histórico de participação em grandes empresas de
tecnologia, o fundador da startup junto a um amigo tiveram a ideia de abrir um negócio
de agronegócio. A ideia em seu primeiro ano não deu certo, porém agora está se
consolidando.
Produtos, serviços e processos de inovação: somos uma startup que busca integrar
eletronicamente a cadeia da produção pecuária, fornecendo soluções de tecnologia de alto
valor agregado, permitindo assim uma produção de carne com qualidade e
sustentabilidade.
Nosso objetivo é transformar a gestão pecuária para o pequeno produtor.
E1P7 – empresas INOVAPARQ 7
Data de criação:11/04/2014
Número de funcionários: 3
Histórico da empresa: O projeto já existia a dois anos e meios, e dentro do
INOVAPARQ estamos a um ano. Foram dois anos e pouco desenvolvendo o projeto sem
a empresa constituída, e no final do ano passado (2014) conseguimos nos consolidar.
Após essa fase, pensava-se em já faturar, porém um atraso no projeto fez com que as
receitas somente se iniciassem a partir de março de 2015.
Produtos, serviços e processos de inovação: Auxilia no crescimento de micro e
pequenas empresas, produzindo e compartilhando materiais sobre gestão estratégica e
oferecendo uma única plataforma para gerenciar e-mails e favorecer o trabalho em equipe.
246
E1P8 – empresas INOVAPARQ 8
Área de atuação: software para gestão de pessoas
Data de criação: empresa ainda não constituída
Número de funcionários: 2 colaboradores
Produtos, serviços e processos de inovação: Plataforma online de recrutamento
profissional.
Histórico da empresa: A empresa está a pouco tempo no INOVAPARQ, e ela surgiu de
uma ideia entre os dois fundadores. Não temas ainda um lugar físico no parque, pois
entramos na categoria de não residentes, mas mesmo assim pode-se participar de todas as
atividades existentes.
247
APÊNDICE F
PUBLICAÇÕES REFERENTES AOS QUATRO ANOS DE DOUTORADO
Periódicos
GONÇALO, C. R.; CASSOL, A.; MORÉ, R. P. O.; BORGES, M. L. Storytelling para a
Identificação de Estratégia como Prática. Revista Iberoamericana de Estratégia, Vol. 12,
pp. 131, 2013.
MORÉ, R. P. O.; VARGAS, S. M. L.; GONÇALO, C. R. Interfaces of Absorptive
Capacity in an Organizational Perspective, Revista Inova Ação, Vol. 3, pp. 30-52, 2014.
MORÉ, R. P. O.; GONÇALO, C. R. CANOS-DAROS, L.; MASCARELL-
SANTANDREU, C. Absorptive capacity and innovativeness in technological
environments: an analysis in the light of theory, Journal of Business Management and
Applied Economics (JBMAE), Vol. 3, pp. 5-26, 2014.
MORÉ, R. P. P.; GONÇALO, C. R.; CANOS-DAROS, L.; MASCARELL-
SANTANDREU, C. A inovação em ambientes tecnológicos: uma análise a luz da teoría.
Revista Internacional de Economia y Gestion de las Organizaciones, Vol. 3, pp. 15-28,
2014.
MORÉ, R. P. O.; GONÇALO, C. R.; VARGAS, S. M. L.; BUCCIOR, E. R.;
CEMBRANEL, P. Capacidade absortiva no contexto da inovação: Um estudo
bibliométrico, Desenvolve - Revista de Gestão do Unilasalle, Vol. 3, pp. 113-126, 2014.
MORÉ, R. P. O.; MARINO, A.; GONÇALO, C. R. O SINAES à Luz da Criação e
Transferência de Conhecimento. International Journal of Knowledge Engineering and
Management, Vol. 4, pp. 43-64, 2015.
MORÉ, R. P. O.; GONÇALO, C. R.; CANOS-DAROS, L.; MASCARELL-
SANTANDREU, C. . La internacionalización de empresas a luz de la teoría de gestión
del conocimiento y de la innovación. Revista de Ciências da Administração
(CAD/UFSC), 2015.
248
Eventos
COELHO, T. T.; MORÉ, R. P. O.; GONÇALO, C. R.; BIANCHI, I. S. A prática do
administrador no ambiente hospitalar sob a epistemologia de coletivos de pensamento,
Congresso de Administração, Sociedade e Inovação, Volta Redonda, RJ, 2012.
GONÇALO, C. R.; MORÉ, R. P. O.; BRAUN, A. L.; COELHO, T. T. Avaliação
institucional de cursos a distância no SINAES no âmbito da criação e transferência de
conhecimento. Colóquio de Gestão Universitária, Cidade do México, 2012.
MORÉ, R. P. O.; GONÇALO, C. R.; CANOS-DAROS, L.; MASCARELL-
SANTANDREU, C. A capacidade absortiva e inovatividade em ambientes tecnológicos:
uma análise a luz da teoria. X Congreso Internacional de Tecnología, Conocimiento y
Sociedad, Madrid, Espanha, 2014.
MORÉ, R. P. O.; TEIXEIRA, C. S.; GONÇALO, C. R. O CANVAS aplicado na seleção
e no acompanhamento de empresas startups espanholas. Anais do 25 Conferência
Anprotec, Cuiabá, 2015.
249
ANEXOS
ANEXO A
RESOLUÇÃO Nº29/14 - ESTATUTO DO PARQUE DE INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA DE JOINVILLE E REGIÃO - INOVAPARQ
O Conselho de Administração da Fundação Educacional da Região de Joinville – FURJ,
no uso de suas atribuições estatutárias e regimentais e, tendo em vista o deliberado em
sessão realizada no dia 27 de novembro de 2014,
RESOLVE:
Art.1º Aprovar o Estatuto do Parque de Inovação Tecnológica de Joinville e Região –
Inovaparq.
250
ANEXO B
OCUPAÇÃO DE ESPAÇOS FÍSICOS DO HABITAT CIDADE POLITÉCNICA DA
INOVAÇÃO
Convocatoria de adjudicación de espacios a empresas en el parque científico de la
Universitat Politècnica de València, Ciudad Politécnica de la Innovación,
A LA ATENCIÓN DEL VICERRECTORADO DE INVESTIGACIÓN,
INNOVACIÓN Y TRANSFERENCIA
(ÁREA PARA LA CIUDAD POLITÉCNICA DE LA INNOVACIÓN)
IMPRESO DE SOLICITUD
DATOS DE LA ENTIDAD SOLICITANTE
Nombre de la Entidad:
CIF:
Representante Legal:
Cargo:
Teléfono/fax:
Correo electrónico:
Dirección postal completa:
Superficie solicitada: Indíquese con los dígitos 1 y 2, en las casillas
correspondientes a la superficie aproximada, hasta dos
opciones priorizadas:
Firma del representante legal y sello de la entidad
41,58 m2
86,95 m2
17,16 m2
252
ANEXO D
RESOLUCIÓN DEL RECTOR POR LA QUE SE CONVOCA LA ADJUDICACIÓN
DE OCUPACIÓN TEMPORAL DE ESPACIOS A EMPRESAS EN EL PARQUE
CIENTÍFICO DE LA UNIVERSITAT POLITÈCNICA DE VALÈNCIA, CIUDAD
POLITÉCNICA DE LA INNOVACIÓN
La Ciudad Politécnica de la Innovación es un espacio de cooperación creado por la
Universitat Politècnica de València con el objeto de potenciar las relaciones entre el
sistema de investigación de esta Universitat y las empresas, facilitar la creación y
asentamiento de nuevas iniciativas empresariales y, en general, contribuir al
fortalecimiento de la competitividad y a la renovación del tejido productivo de la
Comunitat Valenciana a través de la innovación tecnológica.
253
ANEXO E
IMAGENS DO HABITAT DE INOVAÇÃO ESPANHOL CIDADE POLITÉCNICA DA
INOVAÇÃO – CPI
Vista panorâmica dos prédios da CPI
Entrada principal de prédio N
255
ANEXO F
IMAGENS DO HABITAT DE INOVAÇÃO BRASILEIRO INOVAPARQ
Vista lateral do prédio das empresas
Placa de inauguração INOVAPARQ
257
ANEXO G
IMAGENS DO HABITAT DE INOVAÇÃO BRASILEIRO CELTA
Lista de Empresas Graduadas
Corredor com as salas das empresas