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631 NUTRIÇÃO DE PLANTAS, FERTILIDADE DO SOLO, ADUBAÇÃO E A ECONOMIA BRASILEIRA Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo, Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo, Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo, Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo, Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo, adubação e a economia brasileira adubação e a economia brasileira adubação e a economia brasileira adubação e a economia brasileira adubação e a economia brasileira Os autores Os autores Os autores Os autores Os autores Eurípedes Malavolta (in memoriam) Engenheiro Agrônomo D.Sc., Professor Catedrático, Pesquisador Permissionário do CENA/USP, Bolsista do CNPq. Milton Ferreira Moraes Engenheiro Agrônomo (UFG), Mestre em Gestão de Recursos Agroambientais (IAC). Bolsista FAPESP. E-mail: [email protected] 1. Funções do agronegócio 1. Funções do agronegócio 1. Funções do agronegócio 1. Funções do agronegócio 1. Funções do agronegócio São conhecidas as funções do agronegócio, algu- mas clássicas e uma mais recente, que representa a contribuição brasileira: produção de alimento e fibra em escala cres- cente – abastecimento local e exportação; produção de energia renovável – álcool, biodiesel e outras fontes alternativas. Estas duas funções, num cenário sustentável, têm que ser exercidas em obediência à economia de mercado (leia-se sem subsídio) e sem dano irreversível ao ambiente. O fim maior das duas fun- ções é a geração de riqueza e a ocupação de mão- de-obra em todos os elos da cadeia produtiva. 2. O agronegócio no Brasil 2. O agronegócio no Brasil 2. O agronegócio no Brasil 2. O agronegócio no Brasil 2. O agronegócio no Brasil Na Tabela 2.1, aparecem os principais produtos que compõem o agronegócio brasileiro, mostrando a participação do País como produtor e o lugar que ocupa no comércio internacional (DAHER, 2006). Quantificação em 2004 Quantificação em 2004 Quantificação em 2004 Quantificação em 2004 Quantificação em 2004 Volume: R$ 534 bilhões (cerca de 30% do PIB de 1.776 bilhões); exportações: US$ 30,6 bilhões; 42% do total, 17 milhões de trabalhadores, no campo e 37% dos empregos. 3. A cadeia produtiva 3. A cadeia produtiva 3. A cadeia produtiva 3. A cadeia produtiva 3. A cadeia produtiva A cadeia produtiva é, na verdade, uma teia que pode ser mais ou menos complicada ou complexa, dependendo do produto considerado. O modelo linear seguinte é uma simplificação muito geral para os fins desta discussão, sem nenhuma outra pretensão. Note-se que todos os passos são de mão dupla, o que indica a reversibilidade dos mesmos ou, melhor dizendo, a comunicação e interação entre os participantes de todo o processo: Pesquisa Extensão Aplicação Produção Comercialização São atores ou participantes: (a) pesquisador – deve responder, por meio da experimentação e da pesquisa, às perguntas do agricultor, da empresa agrícola, da indús- tria, dos órgãos públicos envolvidos no ne- gócio exportador; o “produto da pesquisa” pode ser um cultivar melhorado, uma varie- dade transgênica, uma prática cultural, siste- ma de plantio que conserve ou melhore a fer- tilidade do solo; Tabela 2.1 - Principais produtos do agronegócio brasileiro. Produtor Exportador Produto Posição Mundial Café Açúcar Suco de laranja Carne bovina Soja e derivados Carne de frango Algodão

Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo ...nutricaodeplantas/fertiaduba.pdf · Engenheiro Agrônomo (UFG), Mestre em Gestão de Recursos Agroambientais (IAC)

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Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo,Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo,Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo,Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo,Capítulo 25 - Nutrição de plantas, fertilidade do solo,adubação e a economia brasileiraadubação e a economia brasileiraadubação e a economia brasileiraadubação e a economia brasileiraadubação e a economia brasileira

Os autoresOs autoresOs autoresOs autoresOs autores

Eurípedes Malavolta (in memoriam)Engenheiro Agrônomo D.Sc., Professor Catedrático, Pesquisador Permissionário do CENA/USP,

Bolsista do CNPq.

Milton Ferreira MoraesEngenheiro Agrônomo (UFG), Mestre em Gestão de Recursos Agroambientais (IAC). Bolsista FAPESP.

E-mail: [email protected]

1. Funções do agronegócio1. Funções do agronegócio1. Funções do agronegócio1. Funções do agronegócio1. Funções do agronegócioSão conhecidas as funções do agronegócio, algu-

mas clássicas e uma mais recente, que representa

a contribuição brasileira:

— produção de alimento e fibra em escala cres-

cente – abastecimento local e exportação;

— produção de energia renovável – álcool,

biodiesel e outras fontes alternativas.

Estas duas funções, num cenário sustentável, têm

que ser exercidas em obediência à economia de

mercado (leia-se sem subsídio) e sem dano

irreversível ao ambiente. O fim maior das duas fun-

ções é a geração de riqueza e a ocupação de mão-

de-obra em todos os elos da cadeia produtiva.

2. O agronegócio no Brasil2. O agronegócio no Brasil2. O agronegócio no Brasil2. O agronegócio no Brasil2. O agronegócio no BrasilNa Tabela 2.1, aparecem os principais produtos que

compõem o agronegócio brasileiro, mostrando a

participação do País como produtor e o lugar que

ocupa no comércio internacional (DAHER, 2006).

Quantificação em 2004Quantificação em 2004Quantificação em 2004Quantificação em 2004Quantificação em 2004

— Volume: R$ 534 bilhões (cerca de 30% do PIB

de 1.776 bilhões);

— exportações: US$ 30,6 bilhões;

— 42% do total, 17 milhões de trabalhadores, no

campo e 37% dos empregos.

3. A cadeia produtiva3. A cadeia produtiva3. A cadeia produtiva3. A cadeia produtiva3. A cadeia produtivaA cadeia produtiva é, na verdade, uma teia que

pode ser mais ou menos complicada ou complexa,

dependendo do produto considerado. O modelo

linear seguinte é uma simplificação muito geral

para os fins desta discussão, sem nenhuma outra

pretensão. Note-se que todos os passos são de mão

dupla, o que indica a reversibilidade dos mesmos

ou, melhor dizendo, a comunicação e interação entre

os participantes de todo o processo:

Pesquisa ⇔ Extensão ⇔ Aplicação ⇔ Produção

⇔ Comercialização

São atores ou participantes:

(a) pesquisador – deve responder, por meio da

experimentação e da pesquisa, às perguntas

do agricultor, da empresa agrícola, da indús-

tria, dos órgãos públicos envolvidos no ne-

gócio exportador; o “produto da pesquisa”

pode ser um cultivar melhorado, uma varie-

dade transgênica, uma prática cultural, siste-

ma de plantio que conserve ou melhore a fer-

tilidade do solo;

Tabela 2.1 - Principais produtos do agronegócio brasileiro.

Produtor Exportador Produto

Posição Mundial

Café 1º 1º

Açúcar 1º 1º

Suco de laranja 1º 1º

Carne bovina 2º 1º

Soja e derivados 2º 1º

Carne de frango 3º 1º

Algodão 6º 3º

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(b) extensionista – “põe o homem que tem per-guntas em contato com o homem que temrespostas para causar mudanças permanen-tes de atitude”; a extensão deve ser exercidaem todos os níveis, do Palácio do Planaltoaté o campo, passando pela Câmara e peloSenado;

(c) aplicação – é feita pelo agricultor, empresaagrícola, agropecuária, agroindustrial ou pelafamília rural;

(d) produção – em quantidade e qualidade é con-seqüência do processo como um todo;

(e) comercialização – feita pelo agricultor, empre-sa, associação ou cooperativa, no mercado in-terno ou externo; é o último passo em que otrabalho do produtor é recompensado e a ri-queza aparece.

Como se vê, o governo não figura como um dosatores. Ele está, entretanto, participando de todaa cadeia:

— pesquisa – financiamento e política específica;

— extensão – valorização;

— aplicação – meios para produção e sua garan-tia; política agrícola abrangente, sem o quenão haverá produção;

— comercialização – desde infra-estrutura viária,hidroviária, ferroviária até facilidades para ex-portar.

O governo está, pois, subjacente em todos os elosda cadeia. Ele poderá robustecê-los ou torná-losmais fracos, dependendo da oportunidade da suaparticipação.

44444..... Ger Ger Ger Ger Geração de cação de cação de cação de cação de conheconheconheconheconhecimenimenimenimenimenttttto o o o o tectectectectecnológicnológicnológicnológicnológicoooooComo já foi mencionado, a geração de conheci-mento tecnológico é tarefa do pesquisador, o qualdeve estar em contato direto com o produtor ou aempresa e com o extensionista, conforme o caso.

Conhecimento tecnológico, como se viu, é um ter-mo que contempla desde uma semente melhora-da até uma prática cultural conservacionista. Istoporque a produção é função de fatores, que agem

e interagem até a colheita e, às vezes, na pós-co-lheita. É o que indica a equação seguinte:

Y = f (S, Cl, Pl, Pc, Pm...)

Onde:

Y = produção

S = solo, corretivo, fertilizante

Cl = clima

Pl = planta, espécie, cultivar

Pc = práticas culturais, sistema de plantio, aração,gradagem...

Pm = pragas e moléstias

Para a discussão presente tem-se que modificar aequação admitindo-se que a única variável, a vari-ável dependente, seja S, isto é:

Y = f (S)

[Cl, Pl, Pc, Pm...]

Em outras palavras, clima, planta, práticas cultu-rais, pragas e moléstias seriam constantes, o quepode ser verdadeiro para uma dada Pl em um dadolocal. Deve-se ter presente, por outro lado, que arelação direta, por hipótese, entre S e produção,somente é verdadeira se não houver outro fatorlimitante entre os que determinam a dita produ-ção e a qualidade do produto. A Lei do Mínimo émais geral do que se pode pensar.

5. A variável solo, corretivo, fertilizante5. A variável solo, corretivo, fertilizante5. A variável solo, corretivo, fertilizante5. A variável solo, corretivo, fertilizante5. A variável solo, corretivo, fertilizanteQuando se consideram as três fertilidades, que sãocompartimentos que se comunicam, a física, a quí-mica e a biológica, é dada maior atenção à segun-da. As análises de solo se concentram nos compo-nentes químicos. Entre eles, somente um, a maté-ria orgânica, está relacionado com a fertilidade bi-ológica. Análises físico-mecânicas, como a densi-dade, por exemplo, não fazem parte da rotina. Se-gue-se daí que se admite que fertilidade química éa mais limitante, ou melhor, a falta dela.

As limitações na fertilidade dos solos da AméricaTropical, na qual está parte do Brasil, estão ilus-tradas na Figura 5.1, preparada com dados de

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Sanchez e Salinas (1981). É possível que haja algu-ma diferença na ordem relativa no caso brasileiro:a deficiência de P é mais freqüente que a de N e,em seguida, viria a de S. A Tabela 5.1, reproduzidade Malavolta (1992), mostra a fertilidade químicacomparada dos solos do cerrado, da Amazônia ede um considerado “adequado” para as culturasem geral. A falta de nutrientes, macro e micro, e aacidez são evidentes, o que aponta para a neces-sidade de fertilizantes e corretivos.

A equação que define a adubação é ilusoriamentesimples:

(M) Fertilizante = [(M) fornecimento - (M) exigên-cia] f

Onde:

M = macro ou micronutriente;

fornecimento = contribuição do solo;

exigência = necessidade da cultura para completar

o ciclo de vida;

f = fator maior que 1 para compensar perdas di-

versas do adubo (volatilização, lixiviação, erosão,

fixação).

Como se percebe, a resolução da equação requer

a participação de várias disciplinas das ciências

agronômicas. Na verdade, consiste em dar resposta

uma série de perguntas, tais como:

Figura 5.1 - Estimativa da extensão da acidez e das limitações da fertilidade nos solosda América Tropical.

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(1) O que e quanto? – Qual ou quais os elementosem falta e em que doses deve(m) ser apli-cado(s)? A amostragem no campo e os resul-tados do laboratório de análise, estabelece-rão as doses de fertilizantes a serem usadas.

(2) Quando? - Em que época ou épocas o adubodeve ser aplicado? A Fertilidade ensina o com-portamento do fertilizante no solo, a Nutri-ção Mineral de Plantas, além de contribuir coma informação da exigência, mostra também osperíodos em que a mesma se manifesta maisou menos durante o ciclo.

(3) Como? – A localização do adubo em relação àsemente ou à planta em desenvolvimento ouem produção, em um dado momento, depen-de do seu comportamento no solo, é assunto

de Fertilidade; como amarrar o guiso no rabodo gato é tarefa de Adubos e Adubação.

(4) Efeito na qualidade? - Dose, época, localizaçãodevem contribuir para a qualidade do produ-to, avaliada por empresas ou particulares oupela dona-de-casa.

(5) Efeito no meio? - Dose, época, localização de-vem contribuir para garantir a qualidade doar e da água.

(6) Pagará? - como ensinou Mestre Pimentel-Go-mes, o agricultor (ou a empresa agrícola) nãoaduba para que o agronegócio cumpra as suasfunções, mas para ter lucro; para que issoaconteça, princípios de Economia Rural, co-nhecimento do mercado (saber vender) devemser conhecidos; Adubos e a Adubação devefazer f tender para 1.

Não se pode esquecer, entretanto, sob pena denão se colher os benefícios da adubação, que aacidez excessiva, como mostra a Figura 5.1, é dosfatores do solo que com maior freqüência limita aprodução. È verdadeira a afirmação: “A adubaçãocomeça com a análise do solo e da folha, continuacom a correção da acidez e termina com a aplica-ção do fertilizante”.

A Tabela 5.2, feita com dados da Associação Naci-onal para Difusão de Adubos (ANDA), mostra aevolução do consumo de adubos no Brasil. Consi-derando-se os dois extremos da estatística, vê-seque houve um aumento de 108 vezes.

A Tabela 5.3 compara o consumo de fertilizantes ede calcário nos anos 1980 a 2005. A relação variaentre o mínimo de 0,84 e o máximo de 1,84.

Esses números sugerem déficit aparente no con-sumo de calcário, necessário em doses de tonela-das por hectare, enquanto as doses de adubo nãochegam, geralmente, a mil kg de produto por hec-tare, na maioria das culturas. É procedente pen-sar-se, pois, que a acidez esteja frustrando, emparte, a resposta à adubação.

Tabela 5.1 - Comparação entre solos “adequado”, docerrado e da Amazônia.

(1) Média ponderada LA, LVA e PVAd; (2) Mehlich 1; (3)Água quente.

Característica Adequado Cerrado Amazônia(1)

N (%) 0,13 – 0,16 0,09 0,13

pH (H2O) 6,0 – 6,5 5,0 4,5

P disponível (ppm)(2)

10 – 15 0,4 1,6

S-SO4 (ppm) 10 – 15 7 ?

Trocáveis (meq/100 ml)

K+ 0,20 – 0,30 0,08 0,10

Ca+2 3 – 4 0,25 0,48

Mg+2 1 – 1,5 0,09 0,23

Al+3 < 0,6 0,6 0,5

% T

K+ 3,0 – 5,0 1 1

Ca+2 50 – 60 10 6

Mg+2 10 – 15 10 3

V (%) 50 – 70 30 10

Saturação em Al < 30 59 44

B ppm(3) 0,5 – 1 0,10 ?

Cu(2) 0,8 – 1,6 0,6 ?

Fe(2) 30 – 40 32 ?

Mn(2) 10 – 20 8 ?

Zn(2) 1 – 5 0,6 ?

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Tabela 5.2 - Consumo aparente/fertilizantes entregues*.

Comunicação particular, Dr. Eduardo Daher, ANDA, São Paulo, SP.

Ano Nitrogênio Fósforo Potássio

NPK

Toneladas

Produto Fórmula Média (%)

N P2O5 K2O N P K TOTAL

1950 14.187 50.836 23.523 88.546 6,5 22,6 10,3 39,4 224.600 1951 18.561 73.569 28.709 120.839 6,5 22,6 10,3 39,4 306.500 1952 10.605 46.923 15.347 72.875 6,5 22,6 10,3 39,4 184.900 1953 20.579 64.816 31.226 116.621 6,5 22,6 10,3 39,4 295.800 1954 17.762 77.389 28.348 123.499 6,5 22,6 10,3 39,4 313.300 1955 22.951 88.575 49.523 161.049 6,5 22,6 10,3 39,4 408.500 1956 30.238 93.559 41.632 165.429 6,5 22,6 10,3 39,4 419.700 1957 28.558 118.689 60.189 207.436 6,5 22,6 10,3 39,4 526.200 1958 41.390 143.349 65.082 249.821 6,5 22,6 10,3 39,4 633.600 1959 44.785 124.005 57.425 226.215 6,5 22,6 10,3 39,4 574.300 1960 66.760 131.591 106.146 304.497 8,6 16,9 13,6 39,1 776.600 1961 54.810 116.363 73.004 246.177 7,8 16,8 10,4 35,0 703.200 1962 50.879 117.519 68.447 236.845 7,4 17,0 9,9 34,2 691.800 1963 65.212 156.818 92.015 314.045 7,3 17,5 10,3 35,0 896.600 1964 50.808 135.052 69.504 255.364 6,6 17,5 9,0 33,0 773.700 1965 66.569 120.097 99.732 286.398 7,6 13,7 11,4 32,6 878.700 1966 71.134 116.648 93.337 281.119 8,1 13,3 10,6 31,9 880.300 1967 103.382 204.606 136.937 444.925 8,0 15,9 10,6 34,5 1.288.100 1968 144.320 273.094 184.295 601.709 8,9 16,9 11,4 37,2 1.618.700 1969 164.430 265.667 200.290 630.387 10,1 16,4 12,3 38,8 1.623.700 1970 275.936 415.938 306.692 998.566 10,1 16,4 12,3 38,8 2.573.600 1971 278.324 535.854 350.846 1.165.034 9,5 18,4 12,0 40,0 2.916.100 1972 411.605 875.184 459.984 1.746.773 9,8 20,8 10,9 41,5 4.205.100 1973 346.102 804.512 528.532 1.679.146 8,6 19,9 13,1 41,6 4.037.200 1974 389.183 914.151 521.302 1.824.636 9,0 21,2 12,1 42,3 4.317.000 1975 389.232 993.718 511.256 1.894.206 8,5 21,7 11,2 41,4 4.572.500 1976 481.542 1.285.378 697.984 2.464.884 8,0 21,3 11,6 40,9 6.030.700 1977 688.623 1.569.928 927.165 3.185.716 9,3 21,2 12,5 43,0 7.415.400 1978 702.243 1.530.992 989.151 3.222.386 9,4 20,5 13,2 43,1 7.472.900 1979 778.653 1.685.012 1.103.374 3.567.039 9,4 20,2 13,2 42,8 8.331.400 1980 905.560 1.968.486 1.306.573 4.200.619 9,3 20,3 13,4 42,9 9.784.700 1981 667.840 1.319.243 766.646 2.753.729 9,8 19,3 11,2 40,3 6.827.500 1982 643.613 1.198.475 876.382 2.718.470 9,7 18,0 13,2 40,9 6.644.700 1983 553.141 991.829 727.063 2.272.033 9,1 16,3 12,0 37,4 6.075.700 1984 823.936 1.554.534 1.076.038 3.454.580 10,5 19,8 13,7 43,9 7.862.900 1985 751.314 1.257.056 1.060.196 3.068.566 9,4 15,6 13,3 38,5 7.978.568 1986 895.234 1.500.896 1.276.003 3.672.133 9,3 15,6 13,2 38,1 9.651.334 1987 880.805 1.503.815 1.302.307 3.686.927 9,1 15,6 13,5 38,2 9.645.544 1988 814.952 1.507.351 1.406.285 3.728.588 8,4 15,4 14,4 38,2 9.765.386 1989 832.256 1.296.202 1.263.689 3.383.147 9,4 14,8 14,4 38,6 8.758.849 1990 779.315 1.185.793 1.183.182 3.148.290 9,5 14,4 14,4 38,3 8.222.474 1991 781.526 1.217.375 1.205.987 3.204.888 9,2 14,3 14,2 37,7 8.492.968 1992 865.466 1.346.087 1.372.814 3.584.367 9,3 14,5 14,8 38,6 9.277.463 1993 1.014.779 1.546.066 1.589.414 4.150.259 9,6 14,7 15,1 39,4 10.541.334 1994 1.176.940 1.744.467 1.810.878 4.732.285 9,9 14,6 15,2 39,6 11.944.479 1995 1.134.645 1.494.953 1.679.201 4.308.799 10,5 13,8 15,5 39,8 10.839.371 1996 1.197.357 1.707.763 1.941.318 4.846.438 8,6 13,8 15,9 39,6 12.247.600 1997 1.302.201 1.947.996 2.241.710 5.491.907 9,4 14,1 16,2 39,7 13.834.064 1998 1.455.429 2.128.639 2.261.182 5.845.250 9,9 14,5 15,4 39,9 14.668.570 1999 1.393.049 1.966.966 2.2078.873 5.438.888 10,2 14,4 15,2 39,7 13.689.482 2000 1.668.195 2.337.855 2.561.929 6.567.979 10,2 14,3 15,8 40,1 16.392.216 2001 1.639.915 2.482.260 2.715.901 6.838.076 9,6 14,5 15,9 40,1 17.069.214 2002 1.815.741 2.806.942 3.058.512 7.681.195 9,5 14,7 16,0 40,2 19.114.268 2003 2.223.075 3.414.281 3.811.816 9.449.172 9,8 15,0 16,7 41,5 22.796.232 2004 2.244.710 3.457.109 3.910.624 9.612.443 9,9 15,2 17,2 42,2 22.767.489

Total 34.281.357 58.034.281 52.405.500 144.721.138 9,5 16,1 14,5 40,1 360.785.105

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ILIZ

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TABI

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636

Tabela 5.4 - Balanço de nutrientes na agricultura bra-sileira.

Fonte: Yamada e Lopes (1999); Yamada (1994, 2004).

A adubação procura satisfazer a exigência da plantapara a formação da colheita complementando acontribuição do solo. Para manter a fertilidadequímica, a adubação deve, pelo menos, compen-sar as quantidades de macro e micronutrientes ex-portadas como produto colhido e mais aquelas ir-remediavelmente perdidas na erosão e na enxur-rada. A Tabela 5.4 é uma estimativa do balanço demacro e micronutrientes nas culturas de algodão,arroz, batata, cacau, café, cana-de-açúcar, citros,feijão, mandioca, milho, soja e trigo.

A cultura de soja exporta 1.502,7 mil t de N. Admi-tindo-se que 100% venham da fixação simbióticae da mineralização da matéria orgânica, o déficitdeste elemento se reduziria a 527 mil t. Os cálculos

subestimam o balanço: a exigência das culturas con-siste no contido no produto e mais o consumidopara formar a colheita; a eficiência de adubaçãonão é de 100%, visto que o fator f é menor que 1;como foi mencionado perdas diversas, como ascausadas pela erosão, não entraram na saída e aerosão “saiu” do campo. O balanço favorável doCa e do Mg é devido principalmente ao calcárioaplicado.

Mas o calcário aplicado estaria neutralizando aacidez e criando um ambiente favorável para a raize a própria planta? Seja uma área de 57,6 milhõesde hectares. Se cada ha recebesse anualmente unsmodestos 500 kg de calcário por ha, seria neces-sário aplicar 28,8 milhões de toneladas todos osanos. Mas, como mostra a Tabela 5.3, o consumoanual é de 17 milhões. Há, portanto, um déficit dequase 12 milhões de toneladas que deve estar con-tribuindo para que f fique maior que 1 e se tenhaque usar mais adubo dando como resultado a ob-tenção de menos lucro de cada real investido emfertilizante. É o que se pode ver nas Figuras 5.2 e5.3, devidas, respectivamente, a Malavolta (1985)e Yamada e Borkert (1991). Pode-se concluir queadubo e corretivo devem andar juntos noagronegócio.

Tabela 5.3 - Consumo Brasil (em 1.000 t/ano) - Fertili-zante x Calcário.

Fontes: (1) ANDA, (2) ABRACAL.

M = máxima, m = mínima

Ano Fertilizantes(1) Calcário(2) Relação

C/F

1980 10.272 9.140 1,12

1981 7.197 7.080 0,98

1982 7.022 6.500 0,93

1983 6.357 ND -

1984 8.155 11.846 1,45

1985 7.708 11.929 1,55

1986 9.651 14.166 1,47

1987 9.646 15.537 1,61

1988 9.765 16.608 1,70

1989 8.759 14.477 1,65

1990 8.222 11.598 1,41

1991 8.493 10.525 1,24

1992 9.277 15.624 1,68

1993 10.541 19.390 1,84 M

1994 11.944 20.457 1,71

1995 10.839 12.245 1,13

1996 12.248 14.763 1,21

1997 13.834 17.432 1,26

1998 14.669 16.285 1,11

1999 13.689 15.768 1,15

2000 16.392 19.305 1,18

2001 17.069 17.090 1,00

2002 19.114 22.439 1,17

2003 22.796 26.467 1,27

2004 22.767 26.320 1,56

2005 20.195 16.987 0,84 m

Entrada Saída Balanço Nutriente

1.000 toneladas

N 1.053,10 3.092,73 -2.029,63

P2O5 1.514,78 871,60 643,17

K2O 1.634,4 1.557,33 77,06

Ca 3.344,40 163,47 3.180,92

Mg 1.300,60 231,25 1.069,35

S 538,80 240,74 298,06

toneladas

B 5.063,00 2.893,40 2.169,60

Cu 3.029,70 2.098,30 931,40

Fe 89.391,80 19.120,70 70.271,10

Mn 23.145,30 6.926,90 16.218,40

Mo 485,00 218,60 266,40

Zn 20.908,00 6.897,10 14.010,90

637

NUT

RIÇÃ

O D

E PL

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S, F

ERTI

LIDA

DE D

O S

OLO

, ADU

BAÇÃ

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LEIR

A

6. Relação ent6. Relação ent6. Relação ent6. Relação ent6. Relação entre consumo de adubos ere consumo de adubos ere consumo de adubos ere consumo de adubos ere consumo de adubos ecorretivos, prodcorretivos, prodcorretivos, prodcorretivos, prodcorretivos, produtividade e produçãoutividade e produçãoutividade e produçãoutividade e produçãoutividade e produçãoJustus von Liebig, o pai da Nutrição Mineral de

Plantas, por volta de 1840, como corolário de sua

Lei do Mínimo, propôs que a colheita deveria cres-

cer linearmente em função da dose de adubo, o

que era verdadeiro até certo ponto. A curva de

resposta geralmente obedece a uma equação

exponencial que descreve a Lei dos Rendimentos

Decrescentes ou Lei de Mitscherlich: uma reta ini-

cial, correspondente às doses mais baixas, é suce-

dida por uma assíntota que, por sua vez, pode ser

seguida por um segmento que tende para valores

menores de y, colheita, quando a dose é excessi-

va. As duas leis, entretanto, têm um denominador

comum: a produção e a produtividade aumentam

em resposta à adubação, o que é demonstrado

nos níveis experimental ou local, regional, nacio-

nal, continental e mundial (MALAVOLTA, 1992).

A Tabela 6.1 resume dados de 4.691 experimentos

de adubação, realizados por iniciativa da ANDA, e

que foram analisados estatisticamente pelo Mes-

tre Frederico Pimentel-Gomes, e é auto-explicativa.

Note-se que se trata de colheitas econômicas má-

ximas (CEM) – as que dão o maior lucro. A Tabela

6.1 foi preparada por Malavolta e Rocha (1981).

Tabela 6.1 - Resumo dos resultados obtidos em ensaiose demonstrações realizadas no Brasil Central (1969-1976).

As Figuras 6.1 e 6.2, preparadas, respectivamen-

te, com dados da FAO (1981) e da MANAH (1991),

mostram, em escala mundial e brasileira, a relação

direta entre consumo de adubo e produção. O

prolongamento da tendência, ou melhor, a cons-

tância da tendência no Brasil será vista no item 8.

Figura 5.2 - Em solo ácido de cerrado o efeito do fósforoé pequeno quando não se faz calagem.

Figura 5.3 - Efeito do K2O em presença e ausência da

calagem na soja.

Cultura Ensaios Nº

Média Local

Colheita econômica

máxima

Média da

relação

Kg/ha Kg produto/ Kg NPK

Arroz 1676 1282 2783 8,3

Milho 1417 1400 4853 19,1

Soja 850 1060 1793 4,1

Feijão 756 500 1153 3,6

(1) Dose média de adubo: 45 kg N + 90 kg P2O5 + 45 kg K2O

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RT

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AN

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S:

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RO

IND

ÚS

TR

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SU

ST

EN

TA

BIL

IDA

DE

638

devido ao fornecimento de Ca e Mg pelo calcário e

de Ca e S pelo gesso. Exemplos são apresentados

nas Figuras 6.3 e 6.4, elaboradas com dados, res-

pectivamente, de Silva (1983) e Quaggio (1991). O

efeito no algodoeiro foi particularmente notável.

Não se dispõe, no caso dos corretivos, de uma sé-

rie de dados como os correspondentes à Figura 6.2.

São muito abundantes os dados experimentais, a

partir do fim do século XIX, mostrando a resposta

das culturas temporárias e perenes à calagem. Nos

últimos 30-40 anos, começaram a aparecer dados

sobre a resposta ao gesso. Tanto na calagem quan-

to na gessagem é possível que, em alguns casos

pelo menos, o efeito seja corretivo e nutricional,

Figura 6.1 - Relação entre consumo de adubo e produ-ção mundial de cereais. Figura 6.2 - Relação entre consumo de fertilizantes e

produção agregada de 16 culturas no Brasil.

Figura 6.4 - Resposta das quatro primeiras colheitas dalaranjeira ao calcário dolomítico.

Figura 6.3 - Efeito de doses de calcário na produção dealgodão no cerrado de SP.

VERALESS
Stamp

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S, F

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DE D

O S

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, ADU

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77777..... P P P P Parararararticticticticticipação do adubo no aipação do adubo no aipação do adubo no aipação do adubo no aipação do adubo no aumenumenumenumenumentttttoooooda produção e nos ganhos de produti-da produção e nos ganhos de produti-da produção e nos ganhos de produti-da produção e nos ganhos de produti-da produção e nos ganhos de produti-vidadevidadevidadevidadevidadeComo foi visto no item 4, solo, adubo e corretivosão fatores de produção. Quando todos os ou-tros fatores forem constantes e nenhum deleslimitante, aumentos de produção e produtividadedevidos ao fator S podem ser medidos.

Entretanto, há dados que mostram a participaçãorelativa do fertilizante e de outras práticas, como,por exemplo:

(1) a Figura 7.1, preparada com dados deWilliams e Coustow (1962, p.24-25), mostrao efeito comparado de vários fatores na pro-dução de milho, nos EUA, no período 1946-1955; “o uso de adubos minerais represen-tou o fator individual mais importante con-tribuindo com cerca de 50% nos aumentosna produtividade e mais de 20% da produ-ção agrícola adicional”;

(2) os dados da Figura 7.1, na parte inferior, mos-tram que a contribuição do fertilizante para aprodução de cereais em um dos planos quin-zenais foi de cerca de 40%;

(3) dados de Stewart et al. (2005), Figuras 7.2,7.3 e 7.4, mostram, em ensaios de longa dura-ção, que o fertilizante mineral, contribuiu, emmédia, com 40, 62 e 57%. É estimado que hoje,nos EUA, 30 a 50% da produção de grãosdeve-se à adubação mineral;

(4) nas centenas de demonstrações e ensaios deadubação de iniciativa da ANDA, em colabo-ração com várias agências nacionais e inter-nacionais, os adubos, em média, aumenta-ram a produção em 34% as colheitas obti-das, quando todas as outras práticas e fato-res, inclusive semente melhorada, estavampresentes.

Figura 7.1 - Participação de vários fatores de produção no aumento da colheitade milho nos Estados Unidos (A) e de cereais na Índia (B).

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8. Adubo, corretivo e economia de terra8. Adubo, corretivo e economia de terra8. Adubo, corretivo e economia de terra8. Adubo, corretivo e economia de terra8. Adubo, corretivo e economia de terraEscreveu Swift, o contador de histórias para crian-ças, no século XIX: “Aquele que produzir duas es-pigas de milho ou duas folhas de pasto onde antessó se produzia uma, terá feito um benefício maiorpara a humanidade do que toda a raça de políticosjuntos”. Se escrevesse hoje, ele teria explorado oaspecto ecológico ou ambiental da afirmação, já quea conseqüência do feito seria cultivar metade daárea. Entretanto, o papel do adubo e do corretivo,na economia de área, não era do conhecimento deSwift e nem as questões ambientais.

É fácil entender e demonstrar com números que:

+ adubo + corretivo = - área cultivada,

o que, do ponto de vista aritmético, é um absur-do. Mas o adubo e o corretivo, não sabem mate-mática, e a igualdade se realiza na prática. É o queserá demonstrado em seguida, em vários níveis: asoma de dois fatores de produção causa a dimi-nuição de outro.

A Figura 8.1 mostra o efeito combinado do aduboe do calcário num ensaio de longa duração feitopor Sanchez (1985), na Amazônia peruana. A somadas 19 colheitas sucessivas dá 7 t no tratamentosem insumos e 51 t no que recebeu fertilizante ecorretivo. Em média, cada tratamento produziu,por cultivo, 0,37 e 2,68 t/ha. A relação entre osdois números é 2,68/0,37 = 7,2. Isto quer dizer quecada ha corrigido e adubado produziu tanto quan-to 7,2 ha sem calcário e sem fertilizante. Olhandode outra maneira:, calcariar e adubar 1 ha naque-las condições da Amazônia peruana (a brasileiradeve ser parecida) significa uma economia de 7,2ha de floresta que deixariam de ser derrubadosou queimados, contribuindo assim para atranqüilidade ambiental, motivo de tanta preocu-pação do mundo inteiro voltada com lentes deaumento para a Bacia Amazônica.

A Figura 8.2, em escala nacional, mostra que osdiversos fatores de produção, com destaque parao fertilizante, promoveram aumento de 283% naprodução, enquanto a área cultivada cresceu51,6%. O aumento de produtividade (142%) per-mitiu que se poupassem 80Mha.

Figura 7.4 - Produção contínua de milho atribuível a N,P, K e calcário durante 46 anos, nas parcelas de Morrowda Universidade de Illinois.

Figura 7.2 - Colheita de trigo atribuível ao N e ao P, noperíodo 1930 a 2000, nas parcelas de Magruder da Uni-versidade Estadual de Oklahoma.

Figura 7.3 - Colheita de trigo atribuída à adição de nu-trientes, de 1889 a 1998, nas parcelas de Sanborn daUniversidade de Missouri.

Porcentagem da colheita atribuída aos nutrientes

Porcentagem da colheita atribuída ao NP

Porcentagem da colheita atribuída ao NPK + calcário

641

NUT

RIÇÃ

O D

E PL

ANTA

S, F

ERTI

LIDA

DE D

O S

OLO

, ADU

BAÇÃ

O E

A E

CON

OM

IA B

RASI

LEIR

A

Com respeito à calagem são interessantes dadosde Lopes e Guilherme (1991), contidos na Tabela8.1, que são projeções de resultados experimen-tais: o Brasil poderia, no cerrado do Centro-Oeste,obter 12,5 milhões de t de grãos adicionais de duasmaneiras: expandindo a área em quase 8 milhõesde ha, sem o benefício da calagem, ou mantendoa mesma área, mas fazendo calagem. A segundaalternativa custaria 5,5 vezes menos que a primei-ra. A primeira tardaria uns 10 anos para realizar-se. A segunda, de 1 a 2 anos. A primeira represen-taria um desperdício de 0,5 bilhão de dólares e deterra.

Os vários instrumentos que tocam na sinfonia daprodução, sob a batuta do homem, foram os res-ponsáveis por esses resultados impressionantes:tecnologia = - terra. Com todos os coroláriosambientais e socioeconômicos esperados.

É tentador procurar responder à pergunta:

Qual a participação do fertilizante + corretivo naeconomia de 80 milhões de ha?

Os dados anteriores autorizam a admitir que osdois insumos em questão contribuíram com 25%do aumento na produtividade, ou seja,

0,25 (3,3 – 1,4) = 0,47 t/ha.

Uma regra de três simples e direta dá o seguin-te:

(3,3 – 1,4): 80 :: 0,47 : x

x = 20 milhões de hectares;

ou seja, fertilizantes + corretivos participaram comum quarto da economia de terra.

É tentador também definir: “Agricultura é a artede economizar terra” (com aplicação datecnologia).

Fonte: Sanchez, 1985.

Figura 8.1 - Efeitos da correção da acidez e da adubaçãona produção de grãos na Amazônia Peruana.

Figura 8.2 - Produção, produtividade e economia deterra.

Custo Aumento na

produção

Aumento na área sem calagem

Sem calagem

Com calagem

Cultura

103t 103ha U$ 106

Milho 7650 4100 240,0 42,0

Trigo(1) 95 58 3,6 -

Feijão 286 530 30,0 14,7

Arroz 1520 804 60,0 11,2

Soja 2697 2265 145,0 20,0

Total 12500 7757 478,6 87,9

Tabela 8.1 - Alternativas para aumentar a produção degrãos no Brasil Central.

(1) Efeito residual da calagem para a soja.

-

-

-

--

-

-

-

-

-

T ha ANO-1 -1

TOTAL (T)

50(51 )

25

(7)

0

a = arrozp + amendoimr = rotação amendoim-soja

+ CALCÁRIO E ADUBO

- CALCÁRIO E ADUBO

0

3

6

1 3 5 7 9 1 1 1 3 1 5 1 7 1 9

CULTIVOS SUCESSIVOS

FERT

ILIZ

AN

TES:

AG

ROIN

STRI

A E

SU

STEN

TABI

LID

AD

E

642

Referências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficasReferências bibliográficasDAHER, E. 2006. Mercado de Fertilizantes – Situa-

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NotaNotaNotaNotaNota1 Este capítulo é uma homenagem ao Engenhei-

ro Agrônomo Sênior (ESALQ, Fernando Pente-

ado Cardoso.